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Um comunicado preliminar também pediu por novos controles sobre o urânio altamente
enriquecido e o plutônio separado - componentes-chave de armas nucleares - ao mesmo
tempo em que reconheceu que as medidas de segurança não devem infringir o direito
dos Estados de desenvolverem a energia nuclear para fins pacíficos.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse às delegações dos 47 países
presentes à cúpula que agora é o momento de uma ação global coordenada para travar
os materiais nucleares dispersos e afirmou que, se a Al Qaeda obtivesse uma arma
atômica, seria uma "catástrofe para o mundo".
O comunicado, cuja cópia foi obtida pela Reuters, estabelece uma série de
compromissos gerais nos quais os países prometem reforçar a proteção dos materiais
nucleares que estão sob seu controle.
A classe política polonesa, que perdeu parte de sua elite na tragédia aérea que vitimou o
presidente do país, tem pouco tempo para se reorganizar para uma eleição presidencial
antecipada iminente.
Como estabelece a Constituição polonesa, uma eleição presidencial antecipada deve ser
realizada na Polônia antes do final de junho. O presidente da Dieta (câmara baixa do
Parlamento), Bronislaw Komorowski, encarregado interinamente dos poderes de chefe
de Estado, anunciou que deseja fixar a data desta eleição na quarta-feira.
A eleição regular estava prevista para outubro. O falecido presidente conservador Lech
Kaczynski deveria enfrentar Komorowski, candidato oficial dos liberais. Os dois
disputariam um segundo turno, segundo as pesquisas, e Komorowski era o grande
favorito.
O partido conservador Direito e Justiça (PiS), fundado pelos irmãos gêmeos Kaczynski,
foi o mais duramente atingido pelo acidente.
"O PiS sofreu perdas colossais. Perdeu as personalidades que desempenhavam papéis
importantes", ressalta na Gazeta Wyborcza o sociólogo Jerzy Szacki.
"O futuro desse partido depende das escolhas pessoais de Jaroslaw Kaczynski",
considerou a cientista política Lena Kolarska-Bobinska, do Instituto de Relações
Públicas, entrevistado pela AFP.
Para ela, assim como para Szacki e outros analistas, ele poderá ser o candidato "natural"
para substituir seu irmão, como representante do partido na campanha presidencial.
Assolado pela perda de seu irmão gêmeo e de vários de seus melhores amigos "Jaroslaw
Kaczynski não tem cabeça para política" hoje, indicou nesta terça- feira o porta- voz do
PiS Adam Bielan.
"Isto poderá durar até o funeral", previsto para domingo, considera Kolarska-Bobinska.
Depois, Jaroslaw Kaczynski poderá ter que tomar as rédeas do partido. De acordo com
ela, duas hipóteses se apresentam. Ou ele tirará uma lição do passado, quando seu
radicalismo trouxe problemas, e suavizará suas posições, ou adotará uma atitude de
"fortaleza cercada", que vê inimigos por todos os lados, considera Bobinska.
"Em tempos normais, esta é uma época de conflito político, mas, na situação atual, os
eleitores pedem apenas a trégua e a reconciliação. Qualquer traço de agressividade
causará descontentamento", considerou.
Bônus grego passa pela 1ª prova nos mercados com alta no preço
da Efe, em Atenas
O leilão aconteceu dois dias depois que os países da zona do euro concordaram em
conceder à Grécia créditos em um valor total de 30 bilhões de euros (US$ 40,77
bilhões) a 5% ao ano em caso de necessidade.
Hoje, a Grécia pôde leiloar esses dois bônus por um valor total de 1,564 bilhão de euros
(US$ 2,125 bilhões), embora as licitações superem os 8,5 bilhões de euros (US$ 11,5
bilhões), ou seja, sete vezes mais que os 1,2 bilhão de euros (US$ 1,63 bilhão)
projetados inicialmente.
As taxas de juros aplicadas aos dois novos bônus oscilam entre os 4,55% e 4,85% ao
ano.
O ministro das Finanças da Grécia, Yorgos Papaconstantínu, declarou nesta terça- feira
no Parlamento que o país seguirá "solicitando créditos no mercado, sem obstáculos,
como até agora" e acrescentou que seu governo "não pediu para ativar o mecanismo
europeu de ajuda, apesar de ele estar disponível".
O otimismo oficial sobre a reação dos mercados depois da declaração de apoio europeia
segue contrastando com a crua realidade que a Grécia enfrenta. O país teve que pagar
juros entre dois e três vezes mais altos que em janeiro por suas emissões de dívida.
Hoje foram cobrados pelos bônus a um ano de vencimento 3,925 bilhões de euros (US$
5,33 bilhões), 6,5 vezes mais que a subscrição, que foi finalmente de 782 milhões de
euros (US$ 1,06 bilhão), com um juro anual de 4,85%.
Em janeiro, quando Grécia já estava em plena crise financeira, a taxas de juros anuais
oferecida por esses bônus foram de 2,2%.
A licitação de hoje pelos bônus a seis meses foi de 4,620 bilhões de euros, 7,7 vezes
acima da quantidade absorvida pelo mercado, também com um valor final de 782
milhões de euros e um juro de 4,55% ao ano, frente aos juros de 1,38% de janeiro.
"Pela mesma quantidade de bônus de 52 e 26 semanas, a Alemanha teria pago dez vezes
menos do que a Grécia tem que pagar", comentou hoje em Atenas o economista grego
Yorgos Bitros.
O analista considerou a emissão de hoje bem-sucedida como "uma prova pequena sobre
as intenções dos mercados internacionais. Estes bônus têm um grau de risco mínimo".
A Grécia tem que emitir novos bônus do Tesouro a três meses no dia 20 abril.
Após o otimismo expressado ontem, com uma alta de 3,5%, a Bolsa de Valores de
Atenas caiu hoje pela tarde em torno de 1,5%, após serem conhecidos os detalhes das
emissões.
O diferencial entre o bônus grego a dez anos e o alemão se manteve por horas nos 350
pontos básicos e para às 14h locais (8h, Brasília) se colocava em 345 pontos básicos.
Bitros interpretou as reservas dos investidores no pregão ateniense com "a falta de
confiança nos resultados das medidas anunciadas pelo Governo para corrigir o
desperdício fiscal".
Além disso, ele considerou chave o relatório do Eurogrupo, previsto para o próximo 15
de maio, sobre os progressos alcançados na Grécia na implementação de seu pacote de
economia e reformas estruturais.
“Qualquer pessoa pode procurar o hospital de campanha, que está à disposição, com
atendimento de excelência em pediatria e clínica médica para todos os moradores da
região do Jardim Catarina. Mas também atendemos moradores de outros locais que
precisarem”, disse a major.
“A casa da minha sogra começou a inundar durante a chuva e então a gente foi para o
terraço. Tivemos que dormir no chão e no frio. A gente pegou muita friagem. Depois
disso, ele [o filho] começou a ficar resfriado e teve febre. Ele está tossindo muito e não
está conseguindo respirar direito”, conta.
O hospital do Jardim Catarina, que começou a funcionar às 10h de ontem (12), fica
aberto 24 horas. Outro hospital de campanha do Exército foi montado na comunidade
vizinha do Salgueiro.
Washington, (EFE).- O Governo dos Estados Unidos disse hoje que agora é o momento
de aprovar sanções contra o Irã, apesar da oposição do Brasil e da Turquia.
"Achamos que é a hora de atuar", disse o porta- voz do departamento de Estado, P.J.
Crowley. "Pode haver debate sobre as sanções específicas que se deveriam ser
adotadas", acrescentou Crowley, em entrevista coletiva no Centro de Convenções de
Washington onde termina hoje a Cúpula de Segurança Nuclear convocada pelos Estados
Unidos.
Brasília e Ancara propõem que o Irã envie parte de seu urânio levemente enriquecido à
Turquia e que este país o troque por combustível nuclear que receberia dos países
ocidentais e que depois mandaria a Teerã, explicou hoje um alto funcionário do
Ministério de Assuntos Exteriores do Brasil.
A fonte disse que essas duas delegações tentariam conseguir um encontro do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, e do primeiro- ministro turco, Recep Tayipp Erdogan, com o
governante americano, Barack Obama, para lhe explicar a proposta.
Obama uma reunião bilateral com Erdogan prevista, enquanto sua secretária de Estado,
Hillary Clinton, se encontrará com o chanceler brasileiro, Celso Amorim.
Crowley reiterou que o Irã não cumpriu com suas obrigações internacionais e rejeitou as
ofertas de diálogo dos Estados Unidos.
"Após mais de um ano no qual tentamos por todos os meios negociar com o Irã, tem que
haver consequências para a incapacidade de Terrã de satisfazer à comunidade
internacional a respeito de seu programa nuclear", disse o porta-voz.
Brasil também faz parte do Conselho atualmente, mas como não é um membro não-
permanente carece da capacidade para bloquear a resolução.
Ataque aéreo mata pelo menos 73 civis no Paquistão
da BBC Brasil
O incidente teria ocorrido no sábado (10), mas a notícia só foi divulgada nesta terça-
feira devido ao acesso difícil à região.
Um porta-voz militar havia dito anteriormente que o bombardeio tinha como alvo
militantes islâmicos.
O avião que atingiu o grupo de civis estava envolvido em operações contra membros do
Taleban perto de outra região tribal, de Orakzai. Muitas pessoas morreram em ataques
aéreos na região nos últimos 18 meses.
Os militares paquistaneses insistem que a maioria dos mortos nos últimos meses são
militantes islâmicos, mas fontes independentes dizem que muitos civis também foram
mortos.
Inocentes
"Todos os que foram mortos eram civis inocentes", disse uma autoridade local à BBC
sobre o último ataque. "Entre os mortos estão mulheres e crianças. Dezenas de pessoas
também ficaram feridas."
De acordo com a autoridade da região, o avião teria se afastado da zona de conflito e
cometido um erro ao julgar que o vilarejo era um complexo onde estavam militantes.
Os feridos foram levados para hospitais da cidade de Peshawar e estão sendo tratados
sob vigilância. A polícia impediu que um correspondente da BBC entrevistasse os
feridos e outros jornalistas também tiveram o acesso negado aos pacientes.
Moradores de outro vilarejo relataram que outro ataque, realizado por um míssil
americano ativado por controle remoto, matou outras 13 pessoas na segunda-feira.
De acordo com correspondentes, o Exército paquistanês está sob forte pressão por parte
dos Estados Unidos para atacar militantes do Taleban e da Al Qaeda no noroeste do
país.
O Exército relata, de forma regular, mortes de militantes em ataques aéreos, mas nega
que seja responsável por mortes de civis.
Prefeito do Rio avalia que reconstrução da cidade deve custar até R$ 250 milhões
ITALO NOGUEIRA
da Sucursal do Rio
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), afirmou nesta terça-feira que a reconstrução
da cidade em decorrência das fortes chuvas dos últimos dias deve custar entre R$ 200
milhões e R$ 250 milhões. O valor não inclui os custos com as novas habitações
previstas pelo governo.
Já a afirmação desta segunda aconteceu após a entrega dos laudos que condenam oito
áreas, onde a prefeitura pretende remover parte de favelas do Rio, ao presidente do
Tribunal de Justiça do Rio, o desembargador Luiz Zveiter.
Durante o encontro, o prefeito destacou ainda que é "importante que o juiz tenha noção
do que está sendo feito" para o caso de futuras ações contra o município. Paes ainda
afirmou que foram apresentados, além do laudo, todos os detalhes do procedimento que
está sem feito em favor das famílias removidas.
"Informamos todos os procedimentos que estamos adotando para tratar essas pessoas
com o máximo de respeito e cuidado", disse ele. Dentre as medidas que acompanham as
desocupações está o pagamento da bolsa aluguel emergencial de R$ 400 para todas as
famílias retiradas de suas casas.
Após o encontro, o presidente do TJ-RJ, Luiz Zveiter, afirmou que o judiciário "tem que
ser prático" e acrescentou que "se a necessidade de demolição foi visível nós [a
instituição] vamos aceitar".
Remoção
Paes já assinou o decreto que determina que autoridades poderão "penetrar nas casas,
mesmo sem o consentimento do morador, para prestar socorro o u para determinar a
pronta evacuação das mesmas". O documento ainda acrescenta que esses mesmos
agentes serão responsabilizado no caso de comprometimento da 'segurança global da
população".
Já o governador Sérgio Cabral (PMDB) deve receber até amanhã (14) a conclusão do
Plano Diretor de Remoção, que vai mapear todas as áreas de risco em todo o Estado. De
acordo com os dados, ele deve assinar um decreto para a retirada à força de famílias que
estejam em áreas consideradas de altíssimo risco.
Para mulhe res, pílula anticoncepcional melhora vida sexual, diz pesquisa
Do UOL Ciência e Saúde
Em São Paulo
Uma em cada três mulheres diz que o uso do anticoncepcional fez com que elas
aumentassem a frequência das relações sexuais, e o mesmo número se mostra mais
satisfeita quando faz sexo.
“A libido feminina depende de muitos fatores, não é tão simples como a do homem.
Tem a influência da testosterona, mas também é muito importante como a mulher se
sente. E as pílulas têm outros benefícios, além de proteger contra a gravidez,
aumentando a autoestima da mulher, com a melhora da pele e cabelo e menores
variações de humor, por exemplo”, explica o ginecologista Gerson Lopes, presidente da
Comissão Nacional de Sexologia da Febrasgo.
A pesquisa ouviu 500 mulheres entre 15 e 45 anos de cinco capitais do país (São Paulo,
Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre), em maio de 2009.
Pode-se perceber aspectos regionais como o tempo de uso da pílula. No Rio de Janeiro e
Porto Alegre a maior parte das mulheres usa o contraceptivo por mais de 10 anos, já em
São Paulo, Recife e Belo Horizonte, o uso se concentra em até 5 anos.
Os candidatos serão Antônio Ibañes (PT), Aguinaldo de Jesus (PRB), Luiz Filipe
Coelho (PTB), Messias Souza (PCdoB), Nilton Reis (PV), Rogério Rosso (PMDB) e
Wilson Lima (PR), que é o atual ocupante do cargo. As inscrições das chapas do PRTB
e da coligação PSL e PTN foram rejeitadas por falta de documentação. Ontem, PSDC
retirou a candidatura por falta de apoio. O DEM, ex-partido do governador anterior,
José Roberto Arruda, não disputará.
“Foi feita uma consulta ao TRE-DF (Tribunal Regional Eleitoral) e ao MPE (Ministério
Público Eleitoral) e chegou-se a conclusão de que poderia ser flexibilizada a questão da
filiação e desincompatibilização dos candidatos”, afirmou o presidente da Câmara, Cabo
Patrício (PT), por meio de sua assessoria. Na prática, essa decisão permite que os
mesmos que concorrem nessas eleições indiretas também poderão disputar as eleições
de outubro, estas diretas.
A votação que vai eleger o novo governador do DF começará às 15h deste sábado (17).
A princípio, um ato anterior da Mesa Diretora havia estipulado votação às 10h, mas
houve um pedido da deputada distrital Eurides Brito (PMDB), que é adventista, para
que a votação fosse às 17h30. “Procuramos um meio termo”, justificou o parlamentar
petista.
No sábado, a votação será nominal e aberta. Os 24 distritais escolherão entre quem irá
governar o Distrito Federal até o dia 31 de dezembro.
O deputado distrital suplente Geraldo Naves, que foi libertado da prisão ontem, assim
como outras quatro pessoas ligadas ao ex-governador do DF José Roberto Arruda (sem
partido, ex-DEM), também poderá votar, uma vez que ele ocupa a vaga em aberto com
a renúncia do ex-deputado Júnior Brunelli (PSC). Basta Naves se apresentar na Câmara
para que se confirme a posse do cargo.
Com a cassação de Arruda, e da renúncia do vice-governador Paulo Octávio (que
também era do DEM), a Câmara Legislativa do DF acabou optando por mudar a Le i
Orgânica para adequar as regras locais com a Constituição Federal. Assim, seria
possível promover uma sucessão por meio de eleições indiretas para um "mandato-
tampão" de oito meses.
Candidatos
O deputado distrital Lima, que se tornou governador em meio ao escândalo, é tido como
próximo a Arruda, que foi envolvido em um esquema de repasses de dinheiro ilegal
vindo de empresas beneficiadas em licitações. O candidato do PRB, Aguinaldo de
Jesus, também é próximo do ex-governador. Jesus foi eleito deputado distrital nas
últimas eleições, mas se licenciou do cargo para assumir a Secretaria de Esportes na
gestão Arruda.
O petebista Luiz Filipe Coelho foi presidente da seção candanga da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) entre 1995 e 1997. Seu partido passou a integrar a base
governista após a eleição de Arruda, mas se afastou depois do início da crise no DF.
O espanhol Ibañes, candidato pelo PT, foi reitor da UnB (Universidade de Brasília). O
comunista Souza era até semanas atrás assessor especial do Ministério da Fazenda e foi
secretário de Desenvolvimento Social do DF na gestão de Cristóvam Buarque (PDT).
Reis, do PV, é administrador de empresas.
Mas depois de cerca de 850 entrevistas, Kelley, que já escreveu biografias contando
intimidades sobre a família Bush, Frank Sinatra e Nancy Reagan, diz que concluiu que
Winfrey, que é noiva de Graham desde 1992, simplesmente não se interessa por
ninguém.
"Ela tem 56 anos e pode quase ser descrita como 'assexual', porque investiu toda sua
energia sexual em seu trabalho, sua carreira e a construção de seu império, e as
recompensas financeiras que conseguiu são realmente suficientes para satisfazê- la",
disse Kelley à Reuters.
Oprah Winfrey se negou a ser entrevistada para o livro de Kelley, e sua porta-voz,
Angela DePaul, disse que a apresentadora não tem declarações a dar sobre o livro ou
qualquer uma das afirmações de Kelley. No passado, Oprah negou ter um
relacionamento lésbico com King.
Mas "Oprah: A Biography" é um dos livros mais aguardados nos EUA este ano
precisamente porque Kelley já ganhou milhões de dólares vendendo fofocas. O Crown
Publishing Group, pertencente à Random House, da Bertelsmann, imprimiu uma
tiragem inicial de 550 mil exemplares.
Oprah Winfrey tornou-se uma influência cultural poderosa nos EUA depois de
converter o programa que comanda há quase 25 anos, "The Oprah Winfrey Show," em
um empreendimento tremendamente lucrativo e acumular uma fortuna estimada pela
revista Forbes em 2,3 bilhões de dólares.
A biografia, que tem 525 páginas, cobre a infância de Winfrey na zona rural do
Mississippi. Ela teve um bebê aos 15 anos de idade.
De acordo com Kelley, o traço mais marcante de Oprah é sua natureza ambiciosa.
"Oprah tem garra e pique tremendos. Ela nunca para de trabalhar, e sua carreira e seu
império são as prioridades em sua vida", disse ela.
A influência que Oprah exerce é tão grande que Kelley, que contou ter recebido
ameaças de morte depois de publicar sua biografia de Nancy Reagan, disse que teve
dificuldade em encontrar uma editora, "porque todas são tão dependentes dela".
EDUARDO ARRUDA
EDUARDO OHATA
RODRIGO MATTOS
da Reportage m Local
Há poucos dias, porém, Teixeira indicou que abriria mão de organizar o Brasileiro e
apoiaria os clubes a formar uma liga, desde que isso fosse conduzido por Leite.
Como foco no mesmo público que o iPad, tablet recém- lançado nos Estados Unidos
pela Apple, a empresa alemã Neofonie desenvolveu o WePad. O computador portátil se
inspirou claramente no modelo da empresa de Steve Jobs, mas promete uma tela
multitoque maior (11,6 polegadas contra 9,7 polegadas do iPad) e características que o
iPad não tem. Entre elas, uma webcam de 1,3 megapixel e portas USB. O lançamento
está previsto para julho.
Além das duas portas USB, que permitem conexão com outros tipos de
eletrônicos e pen drives, o WePad tem ainda entrada para cartões.
A novidade chegará às lojas da Alemanha entre julho e agosto por preço inicial
de US$ 600. O iPad com as mesmas características -- 16 GB de capacidade de
armazenamento e conexão Wi-Fi – sai por US$ 500 nos EUA. A outra alternativa do
WePad será o modelo com 32 GB e conexão 3G, por cerca de US$ 770.
WePad deve ser lançado na Alemanha em meados do ano por preço inicial de US$ 600
da Reuters, em Pequim
A China reafirmou nesta terça- feira seu compromisso em dar tratamento preferencial e
isenções tributárias a investidores estrangeiros, desde que seus projetos não sejam em
setores poluentes ou sobrecarregados.
Conforme as diretrizes emitidas pelo Conselho de Estado (gabinete), empreendimentos
com verbas estrangeiras têm o direito de se beneficiar de políticas especiais destinadas a
revitalizarem certos setores, como o siderúrgico, o automobilístico e o têxtil.
Belém - O promotor Edson Cardoso pediu a pena máxima para o fazendeiro Vitalmiro
Moura, o Bida, acusado de mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang, em
fevereiro de 2005, em Anapu, no centro do Pará. A tese de Cardoso e do assistente de
acusação, Ato Fon Filho, é de homicídio triplamente qualificado, com promessa de
recompensa, motivo torpe e uso de meios que impossibilitaram a defesa da vítima.
Segundo Cardoso, a vítima era tida como uma ameaça para os fazendeiros da região em
virtude das atividades sociais que exercia, principalmente na região Transamazônica.
"Ao chegar ao Brasil, em 1966, a irmã Dorothy naturalizou-se brasileira e passou a lutar
pelas populações carentes, buscando dignidade de vida para todos", observou o
promotor. Ele mostrou aos jurados as cartas escritas por Elizabeth Cunha - mulher de
Amair Feijoli, o Tato, condenado em julgamento anterior como intermediário do crime -
endereçadas a seu marido, e vice-versa. Elisabeth expõe, em uma das cartas, as pressões
que estaria sofrendo para que o acusado assumisse a culpa e inocentasse Bida,
afirmando que o fazendeiro nada tinha a ver com o assassinato.
Na carta escrita por Amair, o réu também coloca a situação de pressão para que
"mentisse" no processo a fim de beneficiar Bida. No depoimento ao juiz Raimundo
Flexa, o fazendeiro negou que tenha qualquer envolvimento na morte da missionária.
Durante 40 minutos de interrogatório, Bida se declarou "vítima" no processo,
acrescentando que foi acusado de maneira "infundada" como mandante do crime.
RICARDO GALLO
da Reportage m Local
A Polícia Federal vai abrir um inquérito para investigar a atuação do Instituto Gomes
Pimentel, que usava o nome do Ministério da Educação para vender um certificado de
qualidade a instituições de ensino.
Foi o MEC que pediu a abertura de inquérito à direção- geral da PF. O ministério
solicitou a apuração de eventuais crimes de formação de quadrilha e falsidade
ideológica, segundo Mauro Chaves, consultor jurídico do MEC.
A ação deve ser ajuizada nos próximos dias. O ministério pedirá à Justiça também que
as instituições devolvam os certificados do Instituto Gomes Pimentel --onde se lê "um
reconhecimento do MEC, Inep, Saeb" ao lado do brasão da República e do logotipo do
governo federal ("Brasil, um País de Todos"). Nem MEC nem Inep (órgão do
ministério) reconhecem o prêmio; o Saeb é avaliação, não instituto.
Esquema
Ontem, Luís Nogueira, dono do Instituto Gomes Pimentel, disse que, por conta da
reportagem da Folha, cancelou a edição 2010 do prêmio. O preço neste ano subiu:
chegou a superar R$ 3.000.
O sindicato das escolas particulares do Estado criticou as escolas que aderem a prêmios
do tipo. "Escola séria não precisa disso", disse o presidente Benjamin Ribeiro da Silva.
CENSURA À INTERNET
Google fecha as portas na China comunista
José Renato Salatiel*
Especial para a Pedagogia & Comunicação
Além da Grande Muralha real,
a China conta também com
uma muralha virtual
A decisão do Google de encerrar as atividades do serviço de busca na China
comunista, em razão da censura imposta pelo governo chinês à internet, resulta de um
embate entre gigantes que deve alterar as relações de poder no mundo globalizado.
No lado oposto, a China, que em 2010 deve tornar-se a segunda maior potência
econômica, ultrapassando o Japão e atrás somente dos Estados Unidos. Apesar de seguir
a economia de mercado, o país é governado pelo Partido Comunista Chinês há mais de
60 anos e o regime mantém censura aos meios de comunicação, persegue dissidentes
políticos e restringe as liberdades civis.
A internet representa a maior revolução social desde a invenção dos tipos móveis, de
Gutenberg, no século 15. Diferente de outros meios de comunicação, a tecnologia não
possui um centro hierárquico de comando, o que dificulta o controle. Por isso, governos
autoritários como a China desenvolveram complexos sistemas de bloqueio para filtrar o
conteúdo da rede.
Ataque de hackers
Após quatro anos de atividades, o Google anunciou, no dia 22 de março de 2010,
que não aceitaria mais a censura imposta às buscas de usuários chineses no site. Com
isso, o serviço foi redirecionado para Hong Kong, um dos mais importantes centros
financeiros do planeta.
A China é um dos únicos países no mundo em que o Google perde para um concorrente
local, o Baidu, que detém 60% do mercado.
Ranking
A China possui o maior número de usuários da rede, com 360 milhões de
internautas (26,9% da população), de acordo com dados do Internet World Stats. Em
nove anos - de 2000 a 2009 - o crescimento foi de 1.500%.
Segundo relatório recente da ONG Repórteres Sem Fronteiras, os países que mais
violam a liberdade de expressão na internet são: Arábia Saudita, Birmânia, China,
Coreia do Norte, Cuba, Irã, Uzbequistão, Síria, Tunísia, Turcomenistão e Vietnã.
Outros países avançam com propostas de teor restritivo, como a Austrália, que, sob a
alegação de combater a pedofilia e o tráfico de drogas, quer proibir não só o acesso a
alguns sites, mas também o anonimato na rede.
Legislação
A internet se tornou palco de lutas pelo poder político, envolvendo interesses de
Estados e de empresas, bem como os direitos de expressão e de livre acesso a
informações da sociedade. A disputa possui dois pólos bem distintos: num deles está a
censura por governos autoritários, seja por meio de mecanismos sofisticados, como na
China, ou utilizando imposições de ordem econômica, como em Cuba. No outro está o
conteúdo livre a que qualquer pessoa tem acesso, inclusive para prática de crimes
virtuais.
Há, no entanto, uma terceira opção, que é a definição de regras de uso que, ao mesmo
tempo em que garantam a liberdade, também prescrevam medidas punitivas para os
crimes em rede.
Os tremores de terra atingiram sete das 15 regiões do Chile, matando 800 pessoas,
danificando mais de 500 mil imóveis, pontes e viadutos, e afetando cerca de 2 milhões
de pessoas, o que corresponde a um oitavo da população de 16,6 milhões de habitantes.
O litoral chileno também foi devastado por tsunamis - ondas gigantes que se formam
após um abalo sísmico.
A cidade mais afetada foi Concepción, importante centro comercial e industrial do país,
capital da segunda maior província chilena, Biobío, composta de 12 comunas (cidades),
com quase 900 mil habitantes.
Após o primeiro tremor, dezenas de outros abalos em escala menor - chamados réplicas
- foram sentidos no Chile, a maior parte nas regiões de Maule e Biobío.
Outro efeito foi uma onda de 2,34 metros de altura que devastou a cidade litorânea de
Talcahuano, na província de Concepción. O alerta de tsunami foi dado em outras ilhas
do Pacífico.
Prejuízos
Estima-se que a tragédia tenha dado prejuízos da ordem de US$ 30 bilhões, ou
quase 15% do Produto Interno Bruto (PIB) do Chile, uma das maiores economias da
América Latina.
Megaterremoto
O Chile tem um longo histórico de terremotos. Em 22 de maio de 1960, um
tremor de magnitude 9,5 destruiu a cidade de Valdivia e matou 1.655 pessoas. Foi o
maior terremoto já registrado na história desde a invenção de modernos instrumentos de
sismologia, no começo do século 20.
Isso acontece porque o Chile está situado entre duas placas tectônicas: a Nazca, no
Oceano Pacífico, e a Sul- Americana.
A crosta da Terra é formada por placas tectônicas separadas que deslizam lentamente
sobre o manto terrestre. Esse movimento causa os terremotos. Os abalos sísmicos
acontecem nas franjas entre duas placas, chamadas falhas. As placas deslizam em
direções opostas, abrindo fendas, ou em movimentos verticais ou horizontais.
Terremotos de magnitude 8.0 são raros e acontecem em média uma vez ao ano. Eles são
chamados de "megadeslizamentos" e acontecem quando uma placa tectônica se afunda
sobre a outra.
O terremoto chileno não foi mais forte que o de Sumatra, na Indonésia, em 2004, que
chegou à marca de 9.1 na escala Richter e foi mais destrutivo porque o tremor provocou
um tsunami que matou 230 mil pessoas em 14 países. No Chile, o alerta de ondas
gigantes, dado com antecedência, permitiu que a população litorânea nas ilhas do
Pacífico fosse avisada, o que não ocorreu no caso de Sumatra, no Oceano Índico.
Haiti
O terremoto no Chile foi também 100 vezes mais potente que o ocorrido no
Haiti, em 12 de janeiro de 2010, que registrou 7.0 graus na escala Richter e matou
aproximadamente 230 mil pessoas.
Mas por que, mesmo menor, o evento provocou mais destruição no Haiti? Primeiro,
pelo fato de o terremoto no Chile ter ocorrido no mar, a 35 km de profundidade,
enquanto que o haitiano teve o epicentro a 10 km da superfície, bem debaixo de centros
urbanos, e a 25 km da capital, Porto Príncipe.
Em segundo lugar, o Chile é um país preparado para lidar com terremotos. Localizado
em um dos lugares do mundo mais propensos a atividade sísmica, com grandes
tremores a intervalos regulares de dez anos, o Chile possui prédios construídos com
tecnologia anti-sísmica.
Além disso, a população é orientada sobre o que fazer em caso de emergência e existem
equipes preparadas para agir após o colapso. Já o Haiti não sofria uma catástrofe desse
tipo há dois séculos.
Terminou após cinco dias um dos julgamentos mais importantes da história recente do
país. Sem a confissão dos réus ou testemunhas, o Ministério Público conseguiu provar,
com base em provas técnicas da perícia criminal, que Isabella Nardoni, 5 anos, foi
morta na noite de 29 de março de 2008 pelo pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna
Carolina Jatobá.
O júri popular aceitou a tese da acusação de que a menina foi asfixiada por Anna
Carolina e atirada pelo próprio pai, ainda com vida, do 6º andar do edifício London,
zona norte de São Paulo. A defesa alegava que havia uma terceira pessoa no
apartamento, o que não foi comprovado. O julgamento durou cinco dias - de 22 a 26 de
março - e atraiu uma multidão ao Fórum.
Alexandre Nardoni foi condenado a 31 anos, 1 mês e 10 dias de prisão e Anna Carolina,
a 26 anos e 8 meses, ambos em regime fechado. As penas foram aumentadas pelos
agravantes da vítima ter menos de 14 anos e, no caso de Nardoni, de ele ser o pai.
Também foi acrescentada à condenação 8 meses de prisão em regime semiaberto, para
cada um, pelo crime de fraude processual, em razão de eles terem tentado limpar a cena
do crime.
De acordo com a sentença proferida pelo juiz Maurício Fossen, o assassinato foi
motivado pelo "desequilíbrio emocional" do casal, que demonstrou uma "frieza
emocional e uma insensibilidade acentuada."
Outros casos
No dia 12 de março de 2010, o cartunista Glauco Villas Boas e seu filho, Raoni,
foram mortos pelo estudante Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, que confessou o crime e
foi preso. Em outubro de 2008, Lindemberg Fernandes Alves matou Eloá Cristina
Pimentel, 15 anos, depois de invadir um apartamento e fazer reféns por mais de 100
horas, em Santo André, no ABC paulista.
Outro crime famoso envolveu Suzana von Richthofen, que em outubro de 2002 tramou
a morte dos pais junto com os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos. Os pais foram
mortos a pauladas enquanto dormiam, em uma mansão na cidade de São Paulo. Os três
foram condenados a pena de até 39 anos de prisão em regime fechado.
Nos anos 1990, a morte da atriz Daniela Perez chocou os brasileiros. Ela foi assassinada
pelo também ator Guilherme de Pádua, com ajuda da mulher, Paula Thomaz. O casal foi
condenado a 19 anos de prisão.
Depois do julgamento, a mãe de Daniela, a autora de novelas Glória Perez, iniciou uma
campanha que fez com que o homicídio qualificado fosse incluído na lei dos crimes
hediondos, em 1994.
Jurados
O julgamento do casal Nardoni evidenciou o papel do Tribunal do Júri. No
Brasil, casos de homicídios dolosos são levados a júri popular. Isso significa que quem
dá o veredicto a respeito da inocência ou culpabilidade dos acusados são pessoas
comuns, pré-selecionadas e escolhidas por sorteio para compor o júri. Ao juiz cabe
conduzir os trabalhos e determinar a sentença.
A origem do júri popular remonta a tradições gregas e romanas. O júri moderno foi
estabelecido na Inglaterra, em 1215, quando o Concílio de Latrão aboliu as Ordálias ou
Juízes de Deus. Logo depois, foi adotado na França, como forma de contestar a
monarquia absolutista.
A Justiça brasileira acolheu o padrão francês. Uma das diferenças, em relação ao inglês,
é que a decisão é por maioria simples, não unânime.
O modelo atual vigora desde a Constituição de 1946, que estabelece, entre outras
funções, a exclusividade para julgar crimes dolosos contra a vida (homicídios simples e
qualificado, infanticídio, aborto e incentivo ao suicídio), sendo que o júri precisa ser
composto por número ímpar de membros e a votação deve ocorrer em sigilo. A lei
também garante, constitucionalmente, a soberania do veredicto do júri.
O Tribunal do Júri é composto por um juiz de direito, que preside o julgamento, e sete
jurados, que compõem o Conselho de Sentença.
Os jurados não podem ter antecedentes criminais nem parentesco com os demais
integrantes do tribunal, como juiz, promotor, advogados, além do(s) réu(s) e vítima(s).
Os jurados não podem conversar entre si sobre o caso e ficam confinados, sem contato
externo, até o final do julgamento (que pode durar uma semana, como no caso Isabella).
Eles também não recebem nenhuma compensação financeira pelo serviço.
Passo a passo
O julgamento é público, mas, nos casos em que há risco de perturbação da
ordem, pode ser realizado a portas fechadas e limitando o acesso de pessoas. A defesa
dos réus é feita por um advogado, e a acusação, por um integrante do Ministério
Público.
Pouco antes do julgamento, os jurados recebem cópias do p rocesso para ler. Com o
início dos trabalhos, são ouvidos depoimentos de testemunhas convocadas pela defesa e
pela acusação; e, em seguida, os réus são interrogados. Os jurados também podem fazer
perguntas por meio do juiz.
Na sequência, ocorrem os debates, em que acusação e defesa têm uma hora para
exporem seus argumentos, com direito a réplica e tréplica de uma hora cada. Se houver
mais de um réu, o temo é acrescido em uma hora e dobrado para a réplica e a tréplica.
Por fim, o júri se reúne na sala secreta onde responde a um questionário formulado pelo
juiz. O voto de cada jurado é secreto. Eles recebem cédulas contendo as palavras "sim"
e "não", que são depositadas em urna.
Se os réus forem absolvidos, deixam o Fórum livres, caso não estejam presos por outros
motivos. Sendo considerados culpados, o juiz fixa a pena de acordo com o Código
Penal e manda prender os réus ou os devolve à prisão.
Libertação
Por conta da legislação racista, a África do Sul sofreu sanções políticas e
embargos comerciais de países membros da Organização das Nações Unidas (ONU). O
país, por exemplo, foi banido dos Jogos Olímpicos durante 21 anos, por determinação
do Comitê Olímpico Internacional.
O ato mais simbólico foi a libertação de Mandela, aos 71 anos de idade. Ele estava
preso há 27 anos, condenado à prisão perpétua pelos crimes de traição, sabotagem e
conspiração contra o governo. Uma vez fora da prisão, o movimento dos negros sul-
africanos ganhou uma voz de expressão internacional.
Presidência
De Klerk e Mandela eram duas figuras antagônicas que a história se encarregou
de unir. De Klerk foi o último presidente branco do país, um africâner oriundo das
classes mais tradicionais. Mandela, primeiro presidente negro, pertencia a uma
linhagem real da etnia dos xhosas; era de esquerda e defendia a luta armada contra o
apartheid. Pelos esforços para derrubar o regime racista, ambos dividiram, em 1993, o
prêmio Nobel da Paz.
Desigualdade social
Desde a eleição de Mandela, o Congresso Nacional Africano (CNA) mantém
maioria na Assembleia Nacional e elege presidentes. O mais recente é Jacob Zuma,
líder do partido e eleito em maio do ano passado. A vitória foi polêmica, em razão de
Zuma ser alvo de denúncias de corrupção.
A estabilidade política garantiu que a África do Sul continuasse sendo o país com
maiores taxas de crescimento no continente africano. Apesar disso, a maior parcela da
população negra não conseguiu deixar a pobreza e sofre com altos índices de
desemprego e baixa escolaridade. Estima-se que mais da metade da população de 49
milhões de habitantes vive abaixo da linha da pobreza, com taxa de desemprego em
torno de 24%.
Quase duas décadas depois do fim do apartheid, os negros, maioria absoluta na África
do Sul, conquistaram o poder, mas continuam sendo segregados no âmbito econômico.
TRAGÉDIA NO HAITI
Terremoto arrasa país mais pobre das Américas
José Renato Salatiel*
Especial para a Pedagogia & Comunicação
Estimativas apontam entre 150 e 200 mil mortos. Setenta e cinco mil já foram
enterrados em valas comuns, segundo o governo haitiano. Entre os mortos estão 20
brasileiros: 18 militares que atuavam na missão de paz, Luiz Carlos da Costa, a segunda
maior autoridade civil da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, e a
fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns.
Três milhões de pessoas, quase um terço da população, foram afetadas pelo terremoto.
Muitas estão deixando o país, revivendo a migração de refugiados do período de
ditadura.
Setenta por cento dos prédios de Porto Príncipe foram destruídos, incluindo o pa lácio
presidencial. A infraestrutura da cidade, que já era precária, ficou comprometida,
prejudicando os serviços de ajuda humanitária e socorro aos feridos. A Organização
Mundial de Saúde (OMS) emitiu um alerta para risco de epidemias como hepatite A,
difteria, tuberculose, meningite e gripe suína.
Tremores
A República do Haiti situa-se na Hispaniola, uma das maiores ilhas do Caribe, e
faz fronteira com a República Dominicana. Numa área de 27,7 quilômetros quadrados -
pouco maior que o Estado de Sergipe, que possui 22 quilômetros quadrados - vivem 9
milhões de habitantes. O idioma oficial é o francês e o crioulo. A religião predominante
entre os haitianos é a católica (80%), mas quase metade da população pratica o vodu,
religião nativa.
O país é um dos mais pobres do mundo, com 80% da população vivendo abaixo da
linha da pobreza, com menos de US$ 2 (R$ 3,5) por dia. Também possui índices
recordes de mortalidade infantil, desnutrição e contaminação por Aids. Em 2008, mais
de mil pessoas morreram e 800 mil ficaram desabrigadas devido a furacões que
devastaram a região, com prejuízos de US$ 1 bilhão.
O terremoto que atingiu o país às 16h53 locais registrou grau 7 na escala Richter,
considerado "muito forte". Os tremores ocorreram a 10 km da superfície, o que
contribuiu para aumentar os estragos nas cidades. Eles foram causados pelo movimento
de placas tectônicas do Caribe e América do Norte. O Haiti fica exatamente sobre uma
das falhas (espaço entre as duas placas), o que faz com que registre abalos sísmicos com
certa frequência.
Tremores de terra dessa magnitude causariam danos em qualquer país, mas as condições
históricas que tornam o Haiti uma nação carente de quase todo amparo social
contribuíram para piorar a catástrofe.
Nação de ex-escravos
Em 1804, o Haiti foi o segundo país das Américas a conquistar independência
das colônias europeias, atrás somente dos Estados Unidos (1776). Foi também a
primeira nação negra livre do mundo e a primeira a libertar os escravos, servindo como
exemplo de luta abolicionista para o restante do mundo, inclusive o Brasil.
Na época em que era colônia da França, no século 17, o Haiti era rico, responsável por
75% da produção mundial de açúcar. A luta pela independência começou em 1791,
liderada pelo escravo Toussaint L'Ouverture, que venceu as tropas de Napoleão.
Ao término das guerras pela independência (1791-1804), toda estrutura agrária montada
pela França estava destruída e não havia como substituir a mão de obra escrava nos
campos. Os haitianos, escravos libertos mas analfabetos, sem experiência alguma em
economia ou política, tiveram que construir uma nação.
Outro fato que dificultou a formação do Estado foi o isolamento do resto do mundo.
Como os impérios da época temiam a influência dos negros revolucionários do Haiti,
não reconheceram a independência e se recusaram a manter relações comerciais. Além
disso, a França cobrou uma indenização pesada da ex-colônia, que o país levaria um
século para pagar.
Um dos piores períodos corresponde às três décadas sob a ditadura Duvalier, primeiro
de François Duvalier, o "Papa Doc", que governou o país de 1957 a 1971. Ele aboliu os
partidos políticos, se autoproclamou presidente vitalício e impôs um regime de medo,
torturando e matando dissidentes, chegando a um saldo de, estima-se, 30 mil mortos e
15 mil desaparecidos. Papa Doc foi sucedido pelo filho, Jean-Claude Duvalier, o "Baby
Doc", que ficou no poder de 1971 a 1986, até ser deposto por uma junta militar.
Brasileiros
O primeiro presidente do Haiti, o ex-padre católico Jean-Bertrand Aristide, foi
eleito em 1991. Mas ficou pouco tempo no cargo. O governo foi derrubado no ano
seguinte por um golpe. Com apoio militar dos Estados Unidos, Aristide voltou ao poder
em 1994, apenas para concluir o mandato e passar o comando para o ex-premiê René
Préval, na primeira transição democrática da história haitiana.
Em 2001, Aristide foi reeleito, mas mais uma vez não conseguiu concluir o governo.
Ele renunciou em 2004, pressionado por violentas revoltas nas ruas e sob acusação de
corrupção e fraudes eleitorais.
Com a iminência de uma guerra civil, o Conselho de Segurança da ONU criou, em abril
de 2004, a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah, na sigla
em francês). O objetivo era desarmar os grupos guerrilheiros e assegurar a realização de
eleições, para trazer estabilidade política e financeira ao país.
O Brasil, que até então nunca havia liderado uma missão de paz da ONU, ficou
encarregado do comando militar. Dos 7.100 mil soldados de 17 nações que compõem a
força de paz no Haiti, 1.266 são brasileiros. Eles foram responsáveis por pacificar as
favelas de Porto Príncipe, controlada por gangues armadas. O trabalho da missão
garantiu a realização das eleições de 2006, que devolveram ao cargo o ex-presidente
René Préval.
INTERNET NO BRASIL
Desigualdades sociais dificultam inclusão digital
José Renato Salatiel*
Especial para a Pedagogia & Comunicação
Relatório do IBGE sobre
acesso à Internet no Brasil
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no
dia 11 de dezembro de 2009, aponta que o número de brasileiros que acessam a internet
aumentou 75,3% nos últimos três anos, mas que as desigualdades sociais ainda são
obstáculo à inclusão digital no país.
Segundo essa pesquisa, 56,4 milhões de pessoas com idade de 10 anos ou mais
acessaram a internet pelo menos uma vez em 2008. Em 2005, eram 31,9 milhões. Os
avanços são positivos, pois o acesso a tecnologias é um importante fator de
desenvolvimento. Porém, a pesquisa também mostra que pobreza e falta de escolaridade
são entraves à democratização do acesso à internet.
Estudantes
De acordo com a pesquisa do IBGE, o acesso à rede mundial de computadores
cresce conforme aumenta o grau de escolaridade e de renda. No Brasil, entre as pessoas
com 15 anos ou mais de estudo, 80,4% usavam a internet. Esse número decresce à
medida que o tempo de estudo diminui, chegando a 7,2% entre aqueles com menos de
quatro anos de instrução.
Lan houses
Uma importante constatação do levantamento, em relação ao anterior, feito em
2005, diz respeito às lan houses. Pela primeira vez, elas aparecem como o segundo
lugar de onde mais se acessa a internet (35,2%), perdendo para o acesso doméstico
(57,1%). Em 2005, o segundo lugar era ocupado pelo local de trabalho, que ficou em
terceiro lugar em 2008 (31%). Contudo, nas regiões Norte e Nordeste, as lan houses já
lideram o ranking de locais de acesso, com, respectivamente, 56,3% e 52,9%.
O estudo aponta que as lan houses - hoje, cerca de 100 mil em todo país - promovem a
inclusão digital nas comunidades mais carentes, desempenhando uma função que,
teoricamente, caberia aos governos. Em recente artigo publicado no jornal Folha de S.
Paulo (indicado abaixo), o jornalista Gilberto Dimenstein afirma que, a partir dessa
constatação, as lan houses poderiam oferecer mais do que o simples acesso à web. "Um
pequeno investimento poderia transformar esses locais em centros culturais e
tecnológicos, com um custo muitíssimo menor do que colocar banda larga em cada
casa", diz o articulista.
Outro dado que mudou nos últimos três anos foi a finalidade do acesso à internet. Em
2008, 83,2% das pessoas ouvidas pela pesquisa disseram que usam a rede para se
comunicar com outras pessoas, o que pode demonstrar o avanço das redes sociais -
Orkut, Facebook, Twitter etc. - e dos comunicadores instantâneos, como MSN e Skype.
Em 2005, essa era a terceira maior finalidade declarada.
Banda larga
Já a conexão por banda larga praticamente dobrou em cinco anos, passando a
primeiro lugar em forma de acesso. Em 2008, 80,3% das pessoas que acessaram a
internet em casa o fizeram somente por banda larga, seguido por conexão discada (18%)
e das duas formas (1,7%). Em 2005, a banda larga era a conexão de 41,2% das pessoas
com acesso domiciliar.
A pesquisa do IBGE, no entanto, não diz nada sobre a qualidade dos serviços de banda
larga prestados no país, que estão entre os mais lentos e caros do mundo. De acordo
com um estudo da consultoria IDC, realizado a pedido da empresa Cisco, a maioria das
conexões do país tem menos de 1 megabit por segundo (Mbps) de velocidade. Esse
patamar sequer é considerado banda larga pela União Internacional de
Telecomunicações (UIT). Em relação ao preço, o Brasil apresenta os mais altos valores
cobrados, quando comparados a oito países. Na França, por exemplo, paga-se US$ 0,32
por 1 Mbps, enquanto o brasileiro gasta até US$ 22,27.
Representantes de 192 países signatários da 15ª Conferência das Partes (COP 15)
participam do evento, incluindo o Brasil. O acordo de cooperação entre países foi
firmado em 1992 durante a Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro. Três anos
depois foi realizada a reunião inaugural do grupo.
O Protocolo de Kyoto foi o primeiro conjunto de metas de redução de gases
responsáveis pelo efeito estufa. O documento foi redigido em 1997 na Conferência de
Kyoto, no Japão, e entrou em vigor em fevereiro de 2005, com a ratificação de 163
países.
Porém, a relutância dos Estados Unidos em assinar o tratado limitou o alcance das
propostas para diminuir o aquecimento do planeta. Na época, o presidente George W.
Bush alegou que as mudanças prejudicariam a economia americana. Os Estados Unidos
e a China são considerados os países mais poluentes do mundo.
Efeito estufa
Questões relativas ao meio ambiente entraram na pauta dos governos mundiais
nos anos 1980, quando cientistas divulgaram estudos relacionando o aumento da
emissão de gás carbônico, decorrente da industrialização e urbanização, ao aquecimento
global e às mudanças no clima da Terra.
O efeito estufa é um fenômeno natural e necessário para a vida no planeta, pois permite
que a Terra retenha o calor. O problema é que, com o aumento da poluição a partir do
século 19, houve um desequilíbrio nesse processo, o que provocou o aquecimento
global.
Segundo o relatório IPCC, o cenário pode ser evitado se 0,12% do Produto Interno
Bruto (PIB) mundial for, a cada ano, destinado a investimentos em tecnologia limpa e
retração do consumo. É um valor considerado baixo em comparação aos danos
provocados pelos efeitos do aquecimento sobre o desenvolvimento das nações.
Brasil
De acordo com o estudo "Economia da Mudança do Clima no Brasil: custos e
oportunidades", divulgado este mês, estima-se que, em função das mudanças climáticas,
o PIB brasileiro deverá cair entre 0,5% e 2,3% em 2050, o que corresponde a perdas
entre R$ 719 bilhões e R$ 3,6 trilhões. Isso equivaleria a desperdiçar pelo menos um
ano inteiro de crescimento pelos próximos 40 anos.
Propostas
Metas de cortes na emissão de gases causadores do efeito estufa confrontam
interesses econômicos imediatos dos países desenvolvidos. Governos enfrentam
também pressões internas de setores industriais e empresariais, que não querem ficar em
desvantagem no comércio internacional. Por isso, será difícil obter consenso na
Conferência de Copenhague e, mais importante, garantir o cumprimento das regras
estabelecidas para os próximos anos.
A proposta apresentada pela Dinamarca, que deve servir de base para a COP 15, fala em
50% de redução das emissões de gases até 2050, em comparação com os níveis de 1990.
Os países ricos devem responder por 80% desses cortes, para impedir que a temperatura
global aumente 2°C neste século.
O portão de Brandenburgo, na
linha divisória entre as duas
Alemanhas, foi tomado pela
população
Há 20 anos, a queda do Muro de Berlim (1961-1989) abriu caminho para a
reunificação da Alemanha, acelerou o fim dos regimes comunistas no Leste Europeu,
colocou um ponto final na Guerra Fria (1945-1989) e foi um dos fatores que
contribuíram para o surgimento do mundo globalizado.
Durante 28 anos, o muro foi o maior símbolo da divisão do planeta em dois blocos, o
capitalista e o socialista. A disputa entre os Estados Unidos e a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS) envolveu quase todo o mundo em guerras, golpes de
Estado, corrida armamentista e ameaças de conflito nuclear.
Por fim, o colapso dos regimes comunistas abriu espaço para reformas e protestos
populares. O ápice desse processo foi a derrubada do Muro de Berlim na noite de 9 de
novembro de 1989. Os próprios berlinenses ajudaram a demolir a construção, que
representava a opressão dos governos totalitários do século 20.
Cortina de Ferro
Tudo começou no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A Alemanha
foi dividida em duas zonas políticas, econômicas e ideológicas distintas. Em 1949, as
áreas controladas pelos Aliados (Estados Unidos, França e Reino Unido) formaram a
República Federal da Alemanha, ou Alemanha Ocidental. No outro lado, sob domínio
da URSS, foi instaurada a República Democrática da Alemanha (RDA), a Alemanha
Oriental. A capital, Berlim, também foi separada em Ocidental e Oriental.
Os guardas tinham ordens para atirar e matar qualquer pessoa que se arriscasse a romper
a barreira. Pelo menos 192 foram mortos ao tentar pular o muro. Mil morreram na
tentativa de atravessar outros pontos da fronteira. O muro também cortou redes de
transportes, comunicação e esgotos. Famílias inteiras ficaram separadas por 28 anos,
sem terem o direito a viajar para se reencontrarem.
Quando chegou ao poder, Gorbatchev viu que o regime não tinha mais condições de
arcar com os altos custos da Guerra Fria. Os gastos militares consumiam as riquezas do
país, cujas indústrias estavam tecnologicamente defasadas, e os bens de consumo eram
inacessíveis à maior parte do povo.
A única saída era a abertura, que ficou conhecida por dois nomes: a glasnost
(transparência), de âmbito político, e a perestroika (reestruturação), na esfera
econômica. O conjunto de medidas levaria, em 1991, à dissolução da URSS.
A posição do Kremlim foi decisiva para as mudanças, uma vez que todas as revoltas
anteriores contra os Estados comunistas - Berlim (1953), Budapeste (1956), Praga
(1968) e Varsóvia (1981) - foram esmagadas com ajuda das tropas soviéticas. Com o
Exército Vermelho fora do jogo, a história seria diferente.
Eleições
O primeiro movimento em direção à abertura aconteceu na Polônia. Naquele
final dos anos 1980 o país estava em crise, com inflação crescente e um terço da
população vivendo na pobreza.
O resultado das urnas foi claro: os poloneses repudiavam os comunistas. Além disso, o
pleito foi considerado limpo e a vitória da oposição foi aceita pelo Partido Comunista.
Isso possibilitou a formação do primeiro governo não comunista na Europa Oriental
pós-guerra.
A Polônia provara para aos europeus que era possível derrubar ditaduras por vias
democráticas, inclusive negociando com o inimigo.
Piquenique
Mas na Hungria, que passava por situação econômica e política semelhante à
Polônia, os abalos seriam causados por forças internas. Partiu do próprio governo, mais
especificamente do primeiro- ministro Miklós Németh (1988-1990) e seus aliados, a
proposta de desmantelar o sistema comunista abrindo as fronteiras.
No dia 2 de maio de 1989, o governo húngaro anunciou que, por motivos financeiros,
não poderia mais manter a cerca eletrificada em sua fronteira com a Áustria. Foi o
primeiro "buraco" aberto na Cortina de Ferro, pelo qual os alemães orientais poderiam
escapar. Mesmo assim, não ocorreu a fuga em massa esperada.
Os húngaros fizeram então uma nova tentativa com a promoção de um piquenique pan-
europeu, na fronteira com a Áustria, em 19 de agosto do mesmo ano. Mais de 600
refugiados atravessaram as barreiras levantadas, no período de três horas em que
ocorreu o evento. Políticos húngaros cortavam pedaços da cerca de arame farpado e
distribuíam como souvenirs.
Revolta popular
O abandono diário de milhares de cidadãos da Alemanha Oriental (25 mil num
único final de semana) ameaçou o funcionamento de serviços básicos e acabou gerando
uma crise no país. Os comunistas contra-atacaram bloqueando a passagem na fronteira
com a antiga Tchecoslováquia. Parte dos alemães buscou refúgio na embaixada da
República Federal da Alemanha em Praga, capital tcheca.
Egon Krenz, o segundo homem no partido, assumiu o poder e decidiu conceder passes
livres para todos alemães da RDA que quisessem viajar ao exterior. O plano era liberar
os passaportes a partir de 10 de novembro. Porém, o porta-voz do governo, Günter
Schabowski, em pronunciamento na TV no final da tarde do dia 9, disse por engano que
as novas regras valeriam "de imediato".
Foi o suficiente para milhares de berlinenses correrem para o muro e exigirem a
abertura dos portões. Então, por volta das 23h, guardas desorientados e sem ordens do
alto escalão sobre como controlar o caos cederam à pressão dos manifestantes. O povo
alemão comemorou, então, a vitória depois de 40 anos de bloqueio.
Desse modo, foi derrubada a primeira peça do dominó socialista da Europa Oriental,
que mudaria por completo o traçado geopolítico do mundo
PRÊMIO NOBEL
Por que Obama ganhou o Nobel da Paz de 2009?
José Renato Salatiel*
Especial para a Pedagogia & Comunicação
O anúncio coincide também com um momento crítico para Obama, que deve decidir se
envia ou não mais 40 mil soldados para a Guerra do Afeganistão, aumentando para 108
mil o efetivo militar. Pesam sobre a decisão a aprovação de apenas 40% dos americanos
e a divisão interna entre republicanos, que defendem a proposta, e democratas, que
querem a redução do contingente.
Contexto
Desde 20 de janeiro de 2009 na Casa Branca, o primeiro presidente negro dos
Estados Unidos enfrenta queda de popularidade entre os americanos, por conta não
somente das guerras, mas também do plano de reforma da saúde, em discussão no
Congresso. Não era assim quando assumiu o cargo. Na época, havia expectativa para
que resolvesse a pior crise econômica no país desde o crack na Bolsa de 1929 e
recuperasse o prestígio da nação, abalada por oito anos de governo de George Walker
Bush.
Nobel da Paz
O Prêmio Nobel foi idealizado por Alfred Nobel, industrial sueco que inventou a
dinamite. O objetivo era reconhecer contribuições de valor à humanidade em cinco
áreas distintas: física, química, medicina, literatura e trabalhos pela paz. A premiação
ocorre desde 1901 na cidade de Estocolmo - capital da Suécia e sede da Fundação
Nobel -, com exceção da entrega do Nobel da Paz, que acontece em Oslo, capital da
Noruega.
E estava certo. Foi uma escolha política do Comitê, uma maneira de os europeus
ratificarem sua liderança, popularidade e, mais do que isso, o que Obama representa em
relação ao governo anterior, em pelo menos três pontos: política externa, desarmamento
nuclear e meio ambiente.
Diplomacia
Primeiro, ele abriu diálogo com países mulçumanos antes vistos como
"inimigos" da democracia americana. Em discurso na Universidade do Cairo, capital do
Egito, em 4 de junho de 2009, o presidente afirmou que os Estados Unidos "nunca
esteve nem estará em guerra contra o Islã", e que os países deveriam unir forças contra o
terrorismo.
Estas iniciativas inauguraram uma nova política externa dos Estados Unidos, antes
pautada pelo unilateralismo, quer dizer, a adoção de decisões sem levar em conta o
papel de órgãos mediadores, como a Organização das Nações Unidas (ONU).
Outra medida importante envolveu negociações com a Rússia para cumprir ambiciosas
metas do programa de redução de armas nucleares, objetivando tornar o mundo mais
seguro. No dia 17 de setembro de 2009, a Casa Branca anunciou a desistência do
projeto de escudo antimísseis no Leste Europeu, desenvolvido no governo Bush, que
Moscou considerava uma ameaça à segurança. No lugar, propuseram um novo sistema
de defesa, em conjunto com Rússia e Organização do Tratado do Atlântico Norte
(Otan).
Por isso, a presença dos Estados Unidos é considerada vital para a reunião em
Copenhague, em dezembro próximo, em que se tentará definir o acordo climático que
vai substituir o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012 e do qual o país não é
signatário.
Mesmo que a maior parte destas propostas não tenha tido ainda resultados práticos,
como justificam os críticos da escolha do Nobel, elas assinalam avanços que foram
reconhecidos pela comunidade internacional. Neste sentido, o prêmio é considerado, ao
mesmo tempo, como estímulo e reconhecimento pelo que Obama representa para o
mundo hoje, e um sinal de que Estados Unidos e Europa estão mais próximos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita a Cuba no dia seguinte à morte de
Zapata, foi criticado por não se solidarizar com os presos políticos, comparando-os a
presos comuns. Foi a primeira morte de um dissidente cubano desde 25 de maio de
1972, quando o poeta Pedro Luis Boitel não sobreviveu a 53 dias ingerindo apenas
líquidos.
Outro opositor ao regime castrista, Guillermo Fariñas, 48 anos, iniciou greve de fome
no dia 24 de fevereiro de 2010, em homenagem ao companheiro morto e para pedir a
libertação de 26 prisioneiros políticos doentes. Ele está hospitalizado em estado grave.
Cuba possui 64 dissidentes presos, cumprindo penas que variam de 10 a 27 anos de
prisão.
A greve greve de fome é um método de resistência pacífica, por meio do qual a pessoa
deixa de consumir alimentos e até líquidos (como no caso de Fariñas), até que suas
reivindicações sejam atendidas. É uma das principais estratégias utilizadas por presos
políticos para pressionar autoridades, empregada, ao longo da história, por religiosos,
políticos e ativistas de todo mundo.
Para que o jejum funcione, é preciso que haja publicidade do ato, ou seja, que o público
tenha conhecimento do protesto. Mas é uma escolha de alto risco: são grandes as
chances de morrer de inanição ou contrair doenças incuráveis durante a abstinência.
Ocorreram casos em que governos recorreram à força para alimentar os grevistas.
Irlanda
A tradição da greve de fome é antiga. Ela remonta ao século 8, quando, na
Irlanda, as pessoas cobravam dívidas e reparações de injúrias jejuando na porta do autor
da ofensa. A partir de 1917, republicanos e, anos mais tarde, o Exército Republicano
Irlandês (IRA, na sigla em inglês), grupo católico que lutava pela separação da Irlanda
do Norte do Reino Unido, adotaram a tática contra o governo britânico.
O caso mais famoso na Irlanda do Norte foi a morte de dez presos, em 1981, que
jejuaram por um período que variou de 46 até 73 dias (ver filmes indicados abaixo).
Eles se rebelaram, em 1976, contra a revogação, pelo governo do Reino Unido, da
categoria especial em que se incluíam os presos políticos.
Um dos detentos, Bobby Sands, ex-comandante do IRA, chegou a ser eleito para a
Câmara dos Comuns durante a greve, mas ele morreu após 60 dias de jejum e virou um
mártir da causa.
Gandhi
A Índia é outro país com histórico de greve de fome. O mais famoso líder
político a praticar jejum foi o Mahatma Gandhi(1869-1948), primeiro contra a
colonização britânica e pela independência da Índia e, em seguida, pela união de hindus
e muçulmanos.
Para Gandhi, a abstenção era uma forma de exercer a desobediência civil e a não
violência como caminho para a revolução. Os ingleses temiam a repercussão
internacional que a morte do líder indiano causaria, mas Gandhi nunca jejuou por mais
de 21 dias.
Ficaram famosas também as greves das sufragistas no começo do século 20. Elas
lutavam pelo direito ao voto das mulheres no Reino Unido e nos Estados Unidos.
Muitas morreram ao serem alimentadas à força nas prisões.
Ditadura
No Brasil, durante o período da ditadura (1964-1985), presos políticos
amotinaram-se em favor da anistia. Uma das greves de fome mais simbólicas da época
aconteceu em 1979 e envolveu dezenas de prisioneiros em todo país (ver livro indicado
abaixo).
A greve durou 32 dias e terminou com a aprovação da Lei de Anistia pelo Congresso
Nacional, em 22 de agosto do mesmo ano.
Em dezembro de 2007, o bispo de Barra (BA), dom Luís Flávio Cappio, ficou 24 dias
em jejum contra o projeto do governo federal de transposição do rio São Francisco. Em
novembro de 2009, o italiano Cesare Battisti ficou 10 dias sem comer para contestar
uma eventual extradição do país. O caso, aliás, julgado pelo Supremo Tribunal Federal,
que foi favorável à extradição, aguarda decisão do presidente da República.
Agonia
Mas quanto tempo o corpo humano suporta a falta de alimentos? A resistência
depende de dois fatores: a quantidade de gordura corporal da pessoa e as técnicas usadas
pelos grevistas. Alguns, como no caso dos irlandeses, em 1981, conseguiram suportar o
suplício por mais tempo, ingerindo água e uma colher de sal.
Em geral, depois de três ou cinco dias o jejum começa a oferecer riscos à saúde. O
corpo humano, na falta de glicose, passa a consumir a gordura corporal para produzir
energia. No processo, o organismo gera maior quantidade de cetona, um composto
tóxico. Uma característica evidente dessa condição é o hálito adocicado.
Em média, o jejum é fatal depois de 60 dias após o início. Alguns grevistas, no entanto,
sobrevivem por mais de 100 dias, mantendo uma dieta que inclui vitaminas, líquidos,
sal e açúcar não refinado.
Por essa razão, um dos principais agravantes no caso da estudante Ge isy Arruda foi ele
ter ocorrido dentro de uma universidade, ambiente que, como diz o próprio nome,
deveria ser "universal" tanto na aquisição de saberes quanto no acolhimento das
diferenças.
A aluna chegou a ser expulsa da Uniban, mas a reitoria revogou a decisão depois de ser
pressionada pela opinião pública e pela repercussão na imprensa mundial (Estados
Unidos, Europa e Ásia).
Geisy foi hostilizada por colegas, no dia 22 de outubro de 2009, nos corredores da
faculdade em São Bernardo do Campo (SP), por usar um minivestido rosa.
O que chama atenção no incidente na Uniban é o fato de ter ocorrido em pleno século
21, décadas após os jovens ocidentais terem promovido a revolução dos costumes nos
anos 1960. E, também, pelo fato de o Brasil ser conhecido mundialmente pelo clima
liberal e descontraído do Carnaval.
Trajes inadequados
A Uniban anunciou a expulsão da estudante no dia 7 de novembro, depois de
realizar uma sindicância interna para apurar os fatos. Outros alunos envolvidos foram
suspensos temporariamente.
Ensino superior?
Dados do censo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep) indicam o aumento no número de faculdades privadas no Brasil.
De acordo com o último balanço, divulgado em 2007, o país possui 2.281 instituições
de ensino superior, sendo 89% privadas e 11% públicas. O número de alunos inscritos
passou de dois milhões, em 1991, para cinco milhões, em 2007 (79,8% em faculdades
particulares).
Ocorre que o rápido crescimento das instituições privadas foi impulsionado pela queda
nos valores da mensalidade e pelo corte dos custos, o que prejudicou a qualidade do
ensino. Assim, parte dessas faculdades se tornou um balcão de venda de diplomas. E o
foco do ensino passou a ser agradar o "cliente", ao invés de formar cidadãos e
profissionais éticos.
Nesse contexto, em que, por vezes, a necessidade de gerar lucros entra em choque com
a promoção do conhecimento, fica mais fácil entender por que estudantes
protagonizaram cenas que a universidade entendeu como "defesa do ambiente escolar".
ANISTIA - 30 ANOS
A lei que marcou o fim da ditadura
José Renato Salatiel*
Especial para a Pedagogia & Comunicação
O problema é que a lei também conferiu autoanistia para militares acusados de crimes
de violação dos direitos humanos. Esta interpretação é contestada judicialmente e a
decisão - se a Lei da Anistia perdoa ou não abusos da ditadura - ficará a cargo do
Supremo Tribunal Federal (STF).
Antecedentes históricos
Depois do período mais duro da repressão, sob vigência do Ato Institucional nº 5
(dezembro de 1968, ao final dos anos 1970), o governo militar iniciou uma abertura
política lenta e gradual no Brasil.
Contribuíram para isso as manifestações populares que tomavam conta do país, bem
como uma crise interna no regime devido aos assassinatos do jornalista Vladimir
Herzog e do metalúrgico Manuel Fiel Filho, ocorridos sob tortura no DOI-CODI - órgão
de repressão do governo - em 1975.
Pela primeira vez eram feitas abertamente denúncias de tortura e mortes. Crescia
também a pressão pela anistia, com apoio de entidades como a Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Em 1978, foi criado no Rio de Janeiro o CBA (Comitê Brasileiro pela Anistia), com o
objetivo de pressionar o governo para que concedesse o perdão a pessoas acusadas de
crimes políticos, de modo a permitir que presos fossem soltos e exilados voltassem ao
país.
Ele é citado nos versos da música "O Bêbado e o Equilibrista", de João Bosco e Aldir
Blanc, gravada por Elis Regina em 1979: "Meu Brasil (...) que sonha com a volta do
irmão do Henfil / com tanta gente que partiu num rabo-de-foguete / Chora a nossa
pátria, mãe gentil / choram Marias e Clarisses no solo do Brasil". A música se tornou
símbolo da luta pela anistia.
Votação tumultuada
Em meio ao clima de redemocratização, o presidente João Baptista Figueiredo
elaborou o projeto de Lei da Anistia e encaminhou ao Congresso Nacional. Figueiredo
foi o último presidente da ditadura brasileira e governou o pa ís de 1979 a 1985.
Seis dias depois, a lei foi finalmente sancionada e, na época, foi comemorada como uma
importante vitória contra a ditadura.
Pouco mais de dois meses depois de aprovada, a Lei da Anistia teve como efeito
permitir o retorno ao país de políticos como Leonel Brizola, ex- governador do Rio de
Janeiro e duas vezes candidato à presidência pelo PDT, e Carlos Minc, atual ministro do
Meio Ambiente.
Intelectuais como Darcy Ribeiro e Paulo Freire, que estavam exilados do país por conta
de seus ideais políticos, também retornaram com a anistia.
Anistia x justiça
Em razão da pressão política pela anistia aos exilados e aos presos que sofriam
torturas nos órgãos de repressão, a lei foi vista como um golpe contra o regime militar.
Mas não foi bem assim. O Estado a dosou na medida certa e, com o fim da ditadura, a
lei foi usada para impedir que crimes de tortura e assassinato de presos políticos fossem
a julgamento.
Entendeu-se que a anistia beneficiava, além das vítimas do golpe militar, militares
responsáveis por torturas, mortes e desaparecimentos de opositores do regime.
Com isso, diferente de países que também viveram sob ditadura, como a Argentina e o
Chile e que julgaram os seus torturadores, no Brasil, apenas o militar reformado Carlos
Alberto Brilhante Ustra foi processado por crimes de tortura. Ele chefiou o
Destacamento de Operações de Informações (DOI) de São Paulo, de 1970 a 1974.
Ustra foi declarado culpado pela Justiça comum no ano passado, mas o processo foi
suspenso na Justiça Federal até que se chegue a um consenso sobre a Lei de Anistia.
A dúvida se refere ao artigo primeiro da lei, que diz: "É concedida anistia a todos
quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979,
cometeram crimes políticos ou conexo com estes (...)".
Para quem defende a punição dos militares, a Lei de Anistia perdoa somente crimes
políticos cometidos por pessoas vítimas de perseguições do governo militar.
Já outros acreditam que a Lei da Anistia perdoou tanto pessoas que praticaram crimes
políticos, quando militares que cumpriam ordens superiores num regime de exceção.
Tortura, dessa forma, estaria incluída em "conexo" aos crimes políticos.
Palavra final
A decisão a respeito de como a lei deve ser interpretada está a cargo do órgão
máximo da Justiça no país, o STF, que deve julgar em breve uma ação mo vida pela
OAB. A decisão da Suprema Corte servirá de base para os julgamentos, dando um rumo
às ações paradas, como a movida contra o coronel Ustra, e permitindo a abertura de
outros processos.
Este acerto de contas com o passado no Brasil deverá servir mais para que o governo
preste esclarecimentos para casos de desaparecimentos, como os mortos da guerrilha do
Araguaia, e permitir que mais famílias entrem com pedidos de indenizações na Justiça.
CRISE ECONÔMICA PRÓXIMA DO FIM?
As lições da crise, um ano depois
José Renato Salatiel*
Especial para a Pedagogia & Comunicação
A questão de como será feito esse controle é justamente um dos pontos de divergência
da cúpula do G-20, grupo dos países ricos e emergentes. Eles se reúnem no final deste
mês de setembro nos Estados Unidos para chegar a um acordo sobre como sair da crise.
Quase um ano depois, o consenso é que o pior já passou e que os efeitos, contrariando
os mais pessimistas, foram menos catastróficos que o esperado. De acordo com o FMI
(Fundo Monetário Internacional), a previsão é de recuo em 1,3% da economia global
este ano - contra a estimativa anterior de 1,4% de retração - e recuperação somente no
final de 2010.
Brasil
O mundo pós-crise que surgiu dessa manobra trouxe também um novo rearranjo
no tabuleiro da geopolítica mundial. Os Estados Unidos elegeram o primeiro presidente
negro de sua história, Barack Obama, com a promessa de reerguer a maior potência
econômica do planeta.
Desde o início da recessão, o país viu desaparecer 6,9 milhões de vagas e amarga a pior
taxa de desemprego em 26 anos. O americano está endividado e sem poder de consumo,
o que deve retardar ainda mais a recuperação da economia doméstica.
Aliás, são os países que compõe o chamado Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), grupo
das economias emergentes, que saem fortalecidos da crise, com maior poder político e
de atração de investimentos.
No Brasil, a recessão durou exatamente dois trimestres, contra o dobro em nações mais
ricas, como Estados Unidos, França e Alemanha. Para este ano, a estimativa de
crescimento é de quase 2%, contrastando com as taxas negativas em outros países.
Contribuiu para isso uma economia estável e um mercado financeiro com pouca
alavancagem - termo usado para quando uma empresa investe aquilo que não tem. Foi
esse tipo de operação de risco que deu início ao período de recessão.
Bolha imobiliária
No final de 2008, instituições financeiras promoviam uma verdadeira "roleta
russa" com as economias de pessoas comuns. Havia juros baixos e crédito farto para
operações de alto risco e lucro incerto.
De uma hora para outra, empresas se viram cobertas de títulos "podres" dos quais
precisavam se livrar o mais rápido possível, antes que se desvalorizassem mais ainda. A
situação era o que os especialistas chamam de estouro da "bolha".
A volta do Estado
Daí por diante, foi um efeito dominó. Com a confiança abalada no mercado,
créditos deixaram de ser concedidos e os investidores se afastaram. Sem crédito, houve
queda de produção e as fábricas fecharam, como aconteceu com a indústria
automobilística.
Mas por que a crise não foi prevista? Por que não se adotaram mecanismos para impedir
que isso acontecesse?
Controles existem, mas são frágeis: um dinheiro investido em uma ação da Bolsa
atravessa o mundo em questão de segundos, enquanto as agências que controlam as
transações financeiras, como os bancos centrais, ficam restritas às fronteiras de cada
país.
Além disso, nos últimos 50 anos a crença dominante entre economistas era de um
mercado autorregulado, aquilo que Adam Smith (1723-1790), pai da economia
moderna, chamava de "mão invisível". Quando menos o Estado interviesse, melhor.
A doutrina da "mão invisível" saiu abalada com a crise e hoje se fala em reconstrução
do papel do Estado na economia global. O problema dessa história é que o Estado está
fazendo isso contraindo dívidas que podem ser o germe da próxima depressão.
Os Estados Unidos, que gastaram US$ 12 trilhões em pacotes para salvar bancos e
indústrias, a previsão é terminar o ano com déficit de 11% do PIB (no Brasil, estima-se
em torno de 3%).
Enquanto isso, os grandes bancos que antes estavam à margem do abismo comemoram
a saída do vermelho. Voltaram a faturar. Melhor do que isso, saíram da crise com uma
espécie de salvo-conduto: a garantia de que, a despeito das especulações de risco,
poderão ser ajudados novamente pelo governo.
Não se sabe quando ocorrerá a nova crise. A única certeza é que, a menos que sejam
implementadas medidas mais enérgicas de controles das finanças internacionais, ela
virá. E nem é preciso ser economista para saber quem vai pagar a conta novamente.
NEUROCIÊNCIA
Desvendando os segredos do cérebro
José Renato Salatiel*
Especial para a Pedagogia & Comunicação
Para levar ao grande público um pouco destas recentes descobertas, São Paulo recebe
até dia 25 de outubro de 2009 a mostra Cérebro: O mundo dentro da sua cabeça, no
Pavilhão da Bienal no Parque do Ibirapuera.
Nada mais justo para aquele que, pesando em média um quilo e meio, é o mais
complexo e nobre dos órgãos humanos. Graças ao cérebro, percebemos o mundo, nos
movimentamos, lembramos das coisas, sentimos emoções e lemos este artigo.
Tudo isso é possível porque essa massa gelatinosa opera numa rede com mais de 100
bilhões de células, chamadas neurônios. Os neurônios, por sua vez, se comunicam entre
si por meio das sinapses e de substâncias químicas - os neurotransmissores.
Ganhando neurônios
Até o final do século 20, acreditava-se que o cérebro adulto era um computador
que não podia ser atualizado. Diferente de outros órgãos humanos - como a pele, que se
renova constantemente -, supunha-se que o cérebro manteria as mesmas células desde o
nascimento.
Hoje sabemos que não é bem assim. Ganhamos e perdemos neurônios ao longo de
nossas vidas. E porque o cérebro possui a capacidade de gerar novos neurônios, ele
pode autorreparar danos provocados por acidentes ou doenças.
Explicando a violência
Outro importante avanço da neurociência foi o mapeamento do cérebro em áreas
específicas, responsáveis por diferentes funções. Já foram identificadas 47 áreas
corticais onde se processam a memória, as emoções, os movimentos, a linguagem, a
fome, o sono e o prazer, entre outras atividades.
A inteligência seria, deste modo, um fator genético? Em parte sim, herdamos certas
habilidades do patrimônio genético de nossos antepassados. Mas os estímulos que
recebemos na escola e em família contam bastante para desenvolver a inteligência.
Mesmo assim, ainda é cedo para dizer que as novas gerações, superestimuladas por
informações nos meios de comunicação, internet e games, serão adultos mais espertos
que nossos pais. Será preciso observar o tempo entre uma geração e outra, em média 20
anos, para se chegar a alguma conclusão.
Este mito tem origem, ao que parece, numa leitura equivocada do filósofo e psicólogo
norteamericano William James (1842-1910), que afirmou que o raciocínio lógico tem
emprego limitado em boa parte de situações da vida humana. O que ele queria dizer, na
verdade, é que agimos muito por instinto.
Dois cérebros?
O córtex cerebral é dividido em dois hemisférios que desempenham funções
distintas. O lado esquerdo é racional, concentra a linguagem e o pensamento lógico,
enquanto o direito, especializado em reconhecimento espacial e visual, é intuitivo.
Daí surgiram técnicas que prometem ativar o lado mais criativo, relegado a segundo
plano pelos ocidentais.
Ocorre que os hemisférios são unidos por um feixe de fibras chamado corpo caloso, que
os mantém em constante interação. Por essa razão, em atividades diárias, ambos os
lados estão em mútua atividade, como quando ouvimos uma música ao mesmo tempo
em que lemos a letra.
Máquinas pensantes
Talvez o fato mais curioso é o de sermos o único animal que usa o cérebro para
compreender o próprio cérebro, isto é, somos conscientes de nossa própria consciência.
Não obstante todo conhecimento acumulado sobre a anatomia cerebral, ainda não se
sabe como a mente consciente surge de processos neurológicos.
Uma metáfora recorrente compara o cérebro humano com o computador: a mente seria
o programa (software) e o cérebro, a parte física (hardware). Mas é uma visão simplista,
que não explica muita coisa e despreza o fato da consciência envolver muito mais que
lidar com símbolos e linguagem.
A hipótese que evita esse dualismo diz que a consciência é uma propriedade emergente
do cérebro. Quer dizer, é uma característica que surge da interação de todas as funções
neuronais, mas que não se reduz a nenhuma delas especificamente.
Isso abre o debate para questões como a da inteligência artificial: máquinas mais
complexas poderão, um dia, tornarem-se conscientes
ELEIÇÕES 2010
As regras do jogo para a inte rnet
José Renato Salatiel*
Especial para a Pedagogia & Comunicação
A propaganda eleitoral na web está hoje restrita aos sites dos candidatos, destinados à
campanha, com a terminação can.br, de acordo com o Capítulo 4 da resolução
22.718/2008 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A resolução tem como base a lei
eleitoral vigente, de número 9.504/1997.
Isso não impediu que, nas eleições de 2008, os políticos usassem blogs, Twitter
(microblog com espaço para escrita de até 140 caracteres), perfis no Orkut e outras
redes sociais para pedir votos. Os debates entre candidatos também não são proibidos na
internet.
Se a reforma eleitoral for aprovada, a campanha será permitida em sites - gerados pelos
próprios candidatos, partidos ou coligações - e em blogs, redes sociais e serviços de
mensagens instantâneas, com material produzido por qualquer pessoa, a partir de 5 de
julho do ano da eleição.
A propaganda eleitoral paga ou gratuita ficará proibida na internet para sites oficiais (de
Estados, prefeituras, etc.) e de empresas (com ou sem fins lucrativos). A pena para
quem infringir a lei é multa de R$ 5 a R$ 30 mil, aplicadas ao provedor e serviço de
hospedagem. A Justiça Eleitoral ainda poderá determinar a suspensão do acesso a todo
conteúdo na internet por um período de 24 horas.
Mesmas regras da TV
As mudanças podem criar situações absurdas no país. Um jornal ou uma revista
que exponham sua preferência por determinado político em editorial ou que aceitem
publicidade em suas páginas, o que é permitido por lei, não poderão veicular o mesmo
conteúdo na versão online das publicações, sob o risco de serem punidos.
Outra norma que também valerá para a rede é o direito de resposta. O candidato que se
sinta injuriado com alguma crítica ou brincadeira feita em um blog poderá pedir na
Justiça direito de resposta, em espaço proporcional, e a retirada do material considerado
ofensivo no site.
Mas como cercear o debate num ambiente de fluxo constante de ideias e diálogos,
marcado pela irreverência e sem o compromisso com a imparcialidade que caracteriza a
imprensa? Além disso, o "direito de resposta" na internet é quase instantâneo com os
recursos interativos que o meio oferece, diferente dos demais veículos de comunicação.
Era Obama
O ministro tem razão. A internet é hoje um novo espaço público de discussão
política, da mesma forma que a TV foi para o século passado e continua sendo até hoje,
exercendo grande influência.
Para atingir o eleitorado mais jovem, que passa mais tempo na frente do computador do
que da TV, Obama recorreu a sites como YouTube, Myspace, Facebook e Twitter, com
a vantagem do custo quase zero dessas plataformas. Ele também dispensou o
financiamento público e arrecadou US$ 650 milhões (R$ 1,280 bilhão) em doações
voluntárias, boa parte feita online, por meio do site de sua campanha.
No Brasil, 62,3 milhões de pessoas, com idades de 16 anos ou mais, têm acesso à web -
incluindo acessos em casa, no trabalho, na escola e em LAN houses -, segundo pesquisa
do Ibope Nielsen Online. O número corresponde a 32% da população brasileira, hoje
estimada em 191,4 milhões de habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Transparência
Se, por um lado, a reforma eleitoral limita a liberdade dos meios digitais, por
outro beneficia os próprios políticos e não apresenta avanços no quesito transparência,
essencial para evitar casos de corrupção e melhorar o sistema político brasileiro.
Pelo texto aprovado na Câmara, deixam de ficar inelegíveis os candidatos que tiveram
as contas de campanhas nas últimas eleições reprovadas pelos TREs (Tribunal Regional
Eleitoral) ou pelo TSE, afrouxando o "filtro" nas candidaturas.
Outro item praticamente oficializa as doações ocultas de verbas, que são feitas por
empresas aos partidos, para depois serem repassadas aos candidatos. Um total de 60%
das doações realizadas nas eleições passadas foram feitas por meio desse recurso.
Assim, o eleitor não terá como saber quem financia a campanha do seu candidato.
Saber quem paga a campanha do político é importante porque muitas empresas, como
grandes empreiteiras, fazem doações visando obter benefícios durante os mandatos, por
exemplo, vantagens em licitações de serviços públicos, o que é ilegal.
Como o projeto chegará ao Senado debaixo de muitas críticas, ainda há chance de sofrer
novas alterações, contemplando sugestões que incorporem à democracia brasileira a
inovação trazida pela internet, como ocorreu nos Estados Unidos. Mas denúncias de
irregularidades envolvendo o senador José Sarney (PMDB-AP), presidente da Casa,
podem prejudicar os trabalhos.
CRISE ECONÔMICA
GM e o pesadelo americano
José Renato Salatiel*
Especial para a Pedagogia & Comunicação
O declínio da indústria automobilística nos Estados Unidos chegou a uma
situação dramática no último dia 1º de junho quando a General Motors (GM), símbolo
empresarial da maior potência econômica do planeta, pediu concordata para evitar a
falência.
Encolhidas pela crise econômica mundial, as "Três Grandes de Detroit" - GM, Ford e
Chrysler -, antes sinônimos da indústria norte-americana no século 20, hoje mais
parecem dinossauros diante da revolução dos carros "verdes" asiáticos, mais baratos e
menos poluentes.
Das três companhias, somente a Ford, segunda maior montadora do país, ainda não
enfrenta o fantasma da extinção. A terceira, a Chrysler, já havia pedido concordata em
abril e, agora, vai ser comprada pela italiana Fiat.
A queda do império das montadoras começou em 2008 com a crise financeira que
afetou o crédito e o consumo nos Estados Unidos. Sem dinheiro no bolso e não
conseguindo mais financiamentos, o americano deixou de comprar carros, provocando
queda nas vendas.
Reduções no faturamento
Segundo o último balanço, em maio deste ano as vendas na GM caíram 30% em
relação ao ano anterior, enquanto a Chrysler e a Ford tiveram reduções em 47% e 24%
no faturamento, respectivamente.
Para evitar que fossem à falência, o Tesouro norte-americano injetou quase US$ 30
bilhões (R$ 58 bi) dos contribuintes na GM e na Chrysler, ao mesmo tempo em que
estabeleceu um prazo para que se recuperassem.
A falência traz risco de perda de milhares de empregos (até 2,5 milhões somente nos
Estados Unidos), queda na arrecadação de impostos e o colapso de inúmeras fabricantes
de autopeças e revendedoras de automóveis.
Mas a sangria nos cofres públicos não impediu a quebra de ambas as companhias. Na
situação atual, as fábricas continuam operando - alimentadas pelo soro de Washington -,
mas não passam de uma mera lembrança dos tempos em que reinavam soberanas.
Quando Henry Ford (1863-1947) criou a Ford em 1903, inovou com a linha de
montagem, em que cada grupo de funcionários fabricava uma peça, acelerando a
produção de carros simples e baratos para a classe média. O carro tornou-se o sonho de
consumo da família americana.
Nos anos de 1990, o mundo já dava sinais de que o cenário não seria mais favorável
para o modelo de negócios que a GM representava. O aumento do preço do petróleo, o
caos no tráfego nas grandes cidades e, principalmente, os danos causados pelo
aquecimento global, exigiram mudanças drásticas no setor automotivo.
O destino da GM
O pedido de concordata da General Motors é considerado, historicamente, a
terceira maior quebra de uma empresa nos Estados Unidos. Fica somente atrás do quarto
maior banco norte-americano, o Lehman Brothers Holdings, que também pediu
concordata em 2008, e da segunda maior empresa de telecomunicações, a WorldCom
Inc., que decretou falência em 2002 depois de uma fraude financeira.
Concordata é um recurso jurídico que uma empresa pede quando não tem dinheiro para
pagar suas dívidas e, por isso, entra em processo de falência. O juiz então determina que
os credores aceitem prazos maiores, dando à indústria um tempo para se reestruturar. Se
mesmo assim não honrar seus compromissos, então é decretada a falência.
A GM já havia recebido US$ 19 bilhões (R$ 36,8 bi) do pacote aprovado pelo
Congresso norte-americano. E, sob concordata, receberá mais US$ 30,1 bilhões para se
reerguer. Em contrapartida, o governo terá o controle inicial de 60% da companhia,
podendo inclusive nomear seus principais executivos. Nesse doloroso processo, é
previsto o fechamento de fábricas e demissões.
Neste início do século 21, a indústria automotora, e com ela o próprio capitalismo,
passam por profundas mudanças. Países emergentes e a busca de soluções mais criativas
para o mercado, ao que tudo indica, irão turbinar os motores da nova economia