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PROJETO
Resumo
Justificativas
1
ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Editora Martins Fontes. Traduzido por Antônio de
Pádua Danesi. 3ª edição. São Paulo, SP. 1996. Doravante citado apenas como “Contrato”.
2
ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Livro I, capítulo VI, página 20.
Vê-se, pois, o objetivo principal do pacto. Porém, o cumprimento do pacto é de
suma importância para que a sociedade se mantenha organizada e para que não haja
descontentamento por parte dos contratantes, pois, caso fosse possível a organização da
sociedade de modo satisfatório sem o cumprimento do pacto, este não se faria
necessário. Qualquer modificação que seja feita no pacto o torna desnecessário, vão, e
lhe tira qualquer efeito. E para que esse contrato seja cumprido é necessária a alienação
total de cada contratante, e aqui, o termo alienar significa vender. Essa alienação deve
ser feita de tal maneira que nenhum associado possa reclamar, pois não há mais direitos
particulares, se houvesse e cada um passasse a defender a si próprio, a associação seria
tirânica ou vã. Porém, se cada associado tem o mesmo direito que os outros, nenhum
terá direito sobre nenhum. Serão equivalentes na sociedade que formaram.
O pacto então reduzir-se-ia a alguns termos, estabelecidas tais condições: “Cada
um de nós põe em comum sua pessoa e todo seu poder sob a suprema direção da
vontade geral, e recebemos, coletivamente, cada membro como parte indivisível do
todo3”. Eis um breve resumo do que é o pacto social e do que deve ser feito para que
este seja mantido.
Depois de elucidada e noção de pacto social, inicia-se a questão fundamental do
presente estudo, a saber, o problema da força dentro de uma sociedade regida pelo
pacto. Então, a princípio, é necessário esclarecer a noção força no contrato.
A força é, antes de mais nada, um atributo, comumente, físico. Ser mais forte
que outra pessoa é ter um poder físico maior que ela. Ter um exército mais forte que
outro Estado é ter um poder maior, logo, ter mais força que alguém é ter mais poder.
Porém, este poder não deve ser tratado como um poder meramente físico, ou melhor,
deve-se abandonar a dimensão física que o conceito de força dá a palavra poder, pois,
embora essa dimensão exista, não é dela que trataremos. Aqui, o poder se restringe ao
campo político e a força é uma força política, a força de um Estado contra outro e até
mesmo de um Estado contra aqueles que nele habitam e que, pela lógica do contrato
deveriam ser seus soberanos, mas aí há um problema relativo a essa força, quando a
soberania do povo é ameaçada. Portanto, podemos agora retirar a noção de força apenas
do campo físico, pois a palavra força também pode ser traduzida como poder político.
Também podemos explorar os problemas que esse poder político quando retirado da
soberania popular pode causar.
Então, a força, dentro do contrato social, tem o sentido basicamente de poder
político, muito embora em alguns momentos, como o próprio autor revela, ela pareça
estar presente apenas no seu aspecto físico, como neste trecho, por exemplo:
3
ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Livro I, capítulo VI, página 22.
4
ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Livro I, capítulo VI, página 12
Mas, este mesmo trecho apresenta a possibilidade de a força ultrapassar o campo
físico e entrar no campo moral. Porém, deve ser claro que aqui a força não pode ser um
direito, pois tudo que é previsto deve ser para o bem comum, visto que as mesmas
pessoas que devem respeitar as leis também a fizeram, e não se pode admitir que
alguém faça uma lei que seja nociva a si mesmo. Acerca disso, diz Rousseau: “Pois, tão
logo seja a força que gera o direito, o efeito muda com a causa; toda força que sobrepuja
a primeira há de sucedê-la nesse direito5”. Fica evidente como a força não pode se
tornar um direito, pois, se isso acontecesse, não haveria necessidade de uma primeira
lei, já que a força que primeiro fosse empregada se tornaria a primeira lei e essa lei só
cairia quando outra força a sobrepujasse. Entretanto, posto que a força não é um direito,
mas sim uma degradação deste, pois não é prevista pelas leis e tem como objetivo burlá-
las, como pode alguém, através do uso da força, legitimar seu poder? A hipótese mais
evidente é a de que existem convenções que podem fazer com que o uso da força venha
a se tornar legitimo mesmo não sendo em si um direito. Mas, o que são essas
convenções?
No pacto social existe um acordo entre os contratantes ou associados, acordo
este que determina as leis, as posses, como a sociedade será regida, como escolherá um
representante, entre outras coisas. Tudo isso faz parte do contrato, um comum acordo.
Porém, no decorrer do tempo, se alguma coisa muda nesta sociedade regida pelo
contrato, e esta mudança não está prevista, e mesmo assim essa mudança, benéfica ou
não, é aceita pelos contratantes, chamam-na convenção.
Contudo, as convenções devem ser aceitas tacitamente, e não após uma luta, pois
uma luta descaracterizaria uma convenção, visto que se algo é, de alguma forma,
imposto ou mesmo sugerido a uma sociedade e ela luta contra a imposição, mas não
obtêm êxito em sua luta, aquilo que se torna uma nova lei não se tornou por convenção,
mas sim por imposição pela força.
Todavia, quando algo de diferente acontece na sociedade, seja uma nova lei que
foi formulada por um só homem ou apenas por uma parcela dos contratantes, seja o uso
do poder político que este homem ou esta parcela dos contratantes venha a ter para
conseguir algo em seu benefício próprio e para nenhum beneficio aos outros associados,
e esse novo fato é aceito pela sociedade sem uma luta qualquer, ou seja, tacitamente, se
trata de uma convenção.
Para exemplificar uma forma de convenção, usaremos aqui aquilo que Rousseau
define como a primeira das convenções, a família. Um homem nasce livre, e enquanto
não atinge a idade da razão6 fica sob a responsabilidade de seus pais, mas apenas para
sua conservação e atingida a idade da razão, o homem é livre, e se continua vivendo
com seus pais, é apenas por convenção, pois já não necessita mais deles para conservar-
se. A família então, seria a primeira forma de sociedade, e também a primeira
convenção: “e a própria família só se mantém por convenção7”. E para estabelecer um
paralelo entre a sociedade familiar e a sociedade civil, Rousseau diz, no primeiro livro
do “Contrato Social” que o amor que os pais têm pelo filho quando o conservam não
existe num governante em relação a seu povo ou seu Estado, mas é substituído pelo
prazer de governar.
5
ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Livro I, capítulo VI, página 12 e 13.
6
ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Livro I, capítulo VI, página 10.
7
ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Livro I, capítulo VI, página 10.
Essa conclusão aponta que as convenções são uma contraposição da força, posto
que a força é algo ilegítimo e a convenção é algo que foi incorporado como lei pela
sociedade, que para ser o que é tem a necessidade de uma aceitação conjunta. Como
pode, então, um oposto legitimar outro? Como a convenção se torna o aval da força?
Nada melhor que o processo de escravização de povos para responder a essa questão e é
sobre este processo que seguiremos com a pesquisa doravante. A começar pela guerra
que, geralmente, culmina na escravatura.
No histórico das guerras e conquistas existe uma primeira convenção de que o
conquistador tem o direito de matar os habitantes do território conquistado. Quando não
o faz, escraviza-os, e eis então uma forma de convenção, pois, se o direito é matar e não
se faz isso e sim escraviza-se um povo, e essa escravidão é aceita por este povo, só pode
sê-lo por meio de uma convenção. Porém, há dois problemas nisso: o primeiro é que, se
nenhum homem tem direito sobre a vida de outro, matar os conquistados é ilegítimo.
Posto que isso acontece e já foi aceito pelas leis de guerra, existe ainda o segundo
problema, se o direito é matar, mas ao invés disso se escraviza um povo, não se
caracteriza nesse ato uma troca da vida pela liberdade? E ainda mais, entregar vida e
liberdade nas mãos de outra pessoa que não a si mesmo, quem é dono e senhor de sua
própria vida e liberdade?
A partir disso, ao falar sobre escravidão, o autor inicia seu texto com a seguinte
passagem:
Neste trecho, entende-se que tanto o ato de matar quando de escravizar seriam
aceitos apenas se a autoridade fosse legitimada por uma convenção. Mas, atenhamo-nos
apenas a escravidão e não a morte em uma conquista.
Quando se escraviza um povo, só se faz isso porque quem o fez se sentiu no
direito de subjugar um povo com suas ordens e usá-los para se manter, e é muito mais
fácil aproveitar-se de um povo que já está no território conquistado e não tem para onde
ir do que colonizar tal território. O senhor que escraviza, oferece em troca da vida dos
escravos uma liberdade cerceada, impondo-lhes limites e se comprometendo a dar-lhes
subsídios para viver. Porém “Longe de prover a subsistência de seus súditos, o rei
apenas tira a sua dele9”, e então, pensar que deixar de matar um povo para escravizá-lo é
um ato de bondade seria um ato de ignorância.
Entretanto, é ilegítimo escravizar um povo não só pelo seu direito a vida, pois, se
este povo estiver sob as leis do pacto social, está então vivendo de forma coletiva numa
sociedade, num Estado. Quando este Estado entra em guerra com outro, não é cada
pessoa que entra em guerra com outro Estado, e sim todo o Estado, coletivamente, que
entra em guerra com outro, também coletivamente. O próprio autor diz, a seguir, que
8
ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Livro I, capítulo VI, página 13.
9
ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Livro I, capítulo VI, página 14.
um Estado não pode ter como inimigos os cidadãos de outro Estado, mas sim um outro
Estado como um todo. Seriam confrontos políticos e não individuais:
A guerra não é, pois, uma relação de homem para homem, mas uma
relação de Estado para Estado, na qual os particulares só são inimigos
acidentalmente, não como homens, nem mesmo como cidadãos, mas
como soldados; não como membros da pátria, mas como seus
defensores. Enfim, cada Estado só pode ter por inimigos outros
Estados, e não homens, porquanto não se pode estabelecer nenhuma
relação entre coisas de diversa natureza.10
Se o homem não é inimigo do Estado que declarou guerra ao seu, quando seu
Estado é conquistado, além de deixar de ser um defensor, deixa de ser membro da sua
sociedade, pois o Estado que construíra agora já não existe mais, assim como suas
obrigações de cidadão, logo não deve obedecer a ninguém, mas se o faz é porque foi
forçado, porque admitiu sê-lo, pois o conquistador não tem direito algum sobre o
conquistado.
Portanto, não se pode escravizar um povo qualquer que seja, se isso acontece é
por aceitação deste mesmo povo, que o faz de forma forçada ou apenas para manter-se
vivo. Essa aceitação não é uma lei, pois não se apóia em direito algum, é sim uma
convenção e se apóia na força do que detém o poder e na covardia dos que por ele são
sobrepujados.
Então, verificada uma possibilidade de a convenção legitimar a força, seria
possível tomarmos esta análise como válida em qualquer caso dentro de uma sociedade
regida pelo Contrato Social? Claramente, dizer que isto é válido em qualquer situação é
analisar a questão da convenção e da força de forma indutiva, visto que em qualquer
momento que a força não puder ser legitimada pela convenção verificar-se-ia um erro,
uma invalidade na proposta aqui apresentada. Para tanto, no decorrer do projeto, este
será o desafio a ser enfrentado: Existe a possibilidade de a força ser sempre legitimada
pelas convenções?
10
ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Livro I, capítulo VI, página 16.
11
ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Livro I, capítulo VI, página 17.
Objetivos
Metodologia
Referências
FORTES, Luiz Roberto Salinas. Rousseau: o bom selvagem. São Paulo: FTD, 1989. [2.
ed. Prefácio de Milton Meira do Nascimento. São Paulo: Discurso; Humanitas, 2007.]