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ALIANÇAS DE DEUS NA BÍBLIA

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Hans K. LaRondelle

Mensagens apresentadas ao vivo em P. Alegre – RS (2003)

ÍNDICE

INTRODUÇÃO GERAL................................................................5
I. ALIANÇAS DE DEUS COM A HUMANIDADE....................7
1. Aliança da Criação....................................................................7
2. Aliança de Graça.......................................................................9
3. Aliança com Noé: Aliança de Preservação.............................10
4. Aliança com Abraão: Aliança de Promessa............................10
5. Aliança com Israel: Aliança do Torah....................................11
6. Aliança com o Rei Davi: Aliança Messiânica.........................12
7. A Nova Aliança.......................................................................12
(A) Promessas da Nova Aliança no Antigo Testamento.........12
(B) Aliança de Cristo: o Torah do Messias.............................13
(C) A Nova Aliança na Epístola aos Hebreus.........................14
(D) A Nova Aliança em 2 Cor. 3 e Gál. 4...............................14
(E) O Apocalipse de João: A Consumação de Todas
as Alianças.........................................................................15

II. A TEOLOGIA DO SÁBADO.................................................17


1. A Origem do Sábado – da Criação, não de Israel...................17
2. Homem e Mulher Criados à Imagem de Deus........................19
3. O Sábado Implícito no Relacionamento de Aliança...............20
4. O Sábado Protege da Idolatria................................................22
O Israel de Deus na Profecia 2
5. Lei e Sábado Entregues a Israel Após Saírem do Egito..........23
6. A Renovação da Aliança.........................................................25
7. Cristo e o Sábado....................................................................26
8. A teologia do domingo e a teologia do sábado.......................28

III. A RELAÇÃO ENTRE AS ALIANÇAS................................32


Introdução: O Dispensacionalismo de Scofield..............................32
1. Primeiro Personagem: Abraão....................................................33
a) O Nome do Deus da Aliança...................................................35
b) Justificação pela Fé e Sua Raiz no AT...................................36
2. Segundo Personagem: Moisés.....................................................39
a) Aliança com Moisés, Continuação da Aliança com Abraão...39
b) Amor: a Motivação do Relacionamento com Deus................41
3. Terceiro Personagem: Davi.........................................................43
a) A Confissão de Davi no Salmo 32..........................................43
b) Em Sua Teologia, Paulo em Romanos 4 Cita o Salmo 32......47
4. A Promessa de uma Nova Aliança..............................................50
a) Explicação dos textos: Jer. 31:31-34; Ezeq. 36:26-28............51
b) Amor e Obediência.................................................................57

IV. NOVO TESTAMENTO.........................................................60


1. Mateus.........................................................................................61
a) Quatro grupos: fariseus, saduceus, essênios e zelotes............61
2. Personagens do NT......................................................................63
(1) João Batista............................................................................63
(2) JESUS....................................................................................64
a) Jesus, o Filho do Homem....................................................64
b) Jesus Veio para Servir.........................................................66

V. COMO JESUS SE RELACIONOU COM O TORAH.........68

VI. CARTAS PAULINAS.............................................................73


O Israel de Deus na Profecia 3
1. Carta aos Hebreus........................................................................73
a) Conexão com o AT: Salmo 110..............................................76
b) A Mudança de Sacerdócio e da Lei: Heb. 7:12......................80
c) A Nova Aliança em Hebreus 8:8-12.......................................81

VI. O RELACIONAMENTO DE PAULO COM A LEI...........85


1. Objeção baseada em Gál. 2:21....................................................86
a) A Lei e Seu Propósito.............................................................87

IV. PERGUNTAS E RESPOSTAS..............................................89


1. Pr. LaRondelle, fale algo sobre o Decreto Dominical.................89
2. Aceitar que Jesus quebrou e anulou o sábado não seria dar
razão aos escribas, sacerdotes e fariseus, Seus inimigos?...........90
3. Quantos tipos de aliança ainda temos em nossos dias?
E se a lei cerimonial fazia parte da aliança?................................90
4. Jesus Cristo veio ao mundo com que natureza – natureza de
Adão antes da Queda, depois da Queda ou como, devido
a Seu relacionamento com o Pai?................................................92
5. Por que os pecados dos israelitas eram transferidos e por que
os nossos, mesmo após serem confessados e perdoados,
ainda permanecem registrados no livro celestial para o dia
do juízo investigativo?................................................................93
6. Por que não há promessa de restauração para as tribos do
Norte, enquanto que as duas tribos do Sul a receberam?............95
7. No contexto de justificação, quando devemos batizar
as pessoas – antes ou após estarem obedecendo?.......................96
8. O que é a lei em Hebreus 7:12? Refere-se à lei cerimonial?.......97
9. Qual é a relação da inspiração que Ellen White teve?
Não foi semelhante à dos profetas e apóstolos?..........................98
10. O senhor afirmou que o trono de Deus sempre esteve no
lugar santíssimo. Maxwell mencionou Daniel 7:13 como
uma evidência que o trono de Deus não estava lá até
O Israel de Deus na Profecia 4
22 de outubro de 1844. Ele defende a mobilidade do
trono de Deus. Explique melhor sua afirmação..........................99
11. É possível sermos obedientes sem atos pecaminosos já neste
mundo no contexto do plano da salvação?................................102

TEOLOGIA DA ALIANÇA BÍBLICA.....................................105


(Material impresso, do autor, em inglês, tradução de: Carlos Biagini)

I. O Propósito das Alianças de Deus.............................................105


II. Balanço Geral das Alianças de Deus........................................106
III. A Primeira Promessa da Aliança Messiânica..........................107
IV. A Aliança de Preservação com Noé........................................108
V. A Aliança Abraâmica da Promessa..........................................109
VI. A Aliança Mosaica: O Torah de Yahweh...............................112
1. Estrutura das alianças Orientais............................................114
2. O Significado do Torah de Yahweh......................................116
VII. A Aliança Davídica: O Coração da Nova Aliança................117
VIII. A Experiência da Nova Aliança na História da Salvação
no AT....................................................................................117
IX. A Experiência da Nova Aliança no Antigo Testamento.........120
X. A Interpretação Messiânica de Jesus do Torah........................121
1. Jesus e o Sábado....................................................................124
2. Cristo, Aquele que Inaugurou e Cumpriu a Nova Aliança...126
XI. Paulo, a Lei e a Nova Aliança.................................................128
1. A Teologia de Paulo sobre a Lei e a Graça...........................130
2. A declaração problemática de Paulo em Romanos 6:14.......134
XII. O Derramamento pessoal do Espírito de Deus......................137
O Israel de Deus na Profecia 5

INTRODUÇÃO GERAL

Alegro-me muito de estar aqui com vocês. Eu vim de muito longe,


da Flórida, América do Norte. Eu estou feliz de estar aqui em Porto
Alegre. Espero que possamos ter uma boa compreensão da Bíblia ao
estudarmos juntos. E às 12 horas (meio-dia) daremos a oportunidade
para que vocês façam perguntas. E vocês deveriam tomar nota das coisas
que serão escritas no quadro, porque é muito fácil a gente esquecer
aquilo que ouve, e alguns se sentirão entristecidos por não terem tomado
nota.
Cada dia procuramos entender a Bíblia melhor, e é por isso que
muitas vezes podemos encontrar um processo, um método novo de
abordagem doutrinário. Usamos a Bíblia para ensinar nossas doutrinas
bem como nossa mensagem. Mas há outros métodos de nos
aproximarmos da Bíblia e não é a abordagem doutrinária, mas é um
método que usa a Bíblia em si.
A Bíblia originalmente é um Livro de história. E então esse método
pode ser chamado o método da história da salvação. Isso quer dizer que
devemos seguir a revelação progressiva que Deus deu à humanidade.
Desde que Deus criou o Paraíso Deus tem caminhado como que através
da história, dando cada vez maiores revelações do Seu caráter e da Sua
vontade. A Bíblia não caiu do céu num único dia. No decurso de séculos
Deus foi gradualmente agregando livro após livro até totalizá-lo.
Portanto, nosso método será seguirmos o nosso fiel Criador nos passos
nos quais estabeleceu a história.
Uma das coisas que queremos fazer é nos concentrar nas alianças
sucessivas que Deus fez com a humanidade. Assim seguiremos a
abordagem histórica das alianças. Este é um método bastante novo de
olharmos para a Bíblia. Isto quer dizer que devemos ler mais nossa
Bíblia. Não deveríamos prosseguir naquele método antigo de isolar
O Israel de Deus na Profecia 6
certos textos e juntá-los para demonstrar uma doutrina, mas devemos
tomar a Bíblia novamente como um livro de história. Agora, temos que
ler capítulos inteiros e livros completos, e precisamos considerar a
conexão entre dada uma das alianças de Deus. Vamos nos concentrar
particularmente no relacionamento entre a antiga e a nova aliança.
Às vezes parece que uma substitui a outra, mas em muitos casos
parece haver apenas uma adição aos sinais da aliança. E cada vez
devemos perguntar à Bíblia o que ela está ensinando.
Um dos maiores problemas na teologia cristã é o relacionamento
entre o Antigo e o Novo Testamento. Nenhuma igreja, nenhum teólogo
jamais conseguiu a fórmula exata do relacionamento entre os dois
Testamentos. Algumas tradições religiosas enfatizam as diferenças entre
os dois Testamentos. E o mais popular sistema agora – o de Scofield –
se chama dispensacionalismo. Ele liga os dois Testamentos, porém em
termos de contrastes. E esse sistema está se tornando cada vez mais bem
estabelecido nos EUA, mas também está invadindo a América do Sul.
Este sistema estabelece, entre outras coisas, que o domingo foi
estabelecido para substituir o sábado. E essas pessoas,
dispensacionalistas, se tornam nossos grandes inimigos, porque eles
crêem que o domingo é o domingo sabático.
Algumas outras denominações e sistemas religiosos pregam a
continuidade entre o Antigo e o Novo Testamento. E isso também pode
ser exagerado. Sempre houve esses pensamentos extremistas. E
precisamos um equilíbrio ideal. Mesmo em nossa igreja mundial
encontramos pessoas que seguem um extremo da esquerda e outro
extremo da direita. Portanto, nosso plano durante os próximos dias é
buscarmos e encontrarmos um equilíbrio entre o relacionamento dos dois
Testamentos. Temos que nos guardar de chegar ao ponto de fazer uma
Bíblia menor, mais concentrada para nós mesmos.
Todas as heresias se concentram no esquema de uma Bíblia
condensada ou reduzida. Requer-se sabedoria divina para podermos
O Israel de Deus na Profecia 7
aceitar a Bíblia como um todo e nos agarrarmos a uma revelação
progressiva de Deus a nós.

I – ALIANÇAS DE DEUS COM A HUMANIDADE

Bem, vamos fazer um balanço geral a respeito das alianças de Deus


nos dois Testamentos. Vamos fazer aqui um pequeno diagrama a
respeito do Antigo e Novo Testamento:
Aqui [lado esquerdo] temos o Antigo Testamento. E aqui [à direita]
temos o Novo Testamento.
A palavra Testamento é uma palavra tradicionalmente antiga. Não é
uma expressão bíblica. É uma palavra que foi cunhada por um dos Pais
eclesiásticos – Orígenes. Ele tentou simplificar as coisas chamando o
texto da Bíblia Hebraica a antiga aliança. Mas a própria Bíblia jamais
fala sobre o Antigo Testamento, mas fala de antiga aliança. Mas isso não
é idêntico ou não significa a mesma coisa que as Escrituras Hebraicas.

1. ALIANÇA DA CRIAÇÃO

Qual foi a primeira aliança que Deus fez? Nem sempre a palavra
aliança é usada. Mas quando Deus fez Adão e Eva, Ele os criou à
imagem de Deus, e isso por si só estabeleceu um relacionamento
religioso-ético moral. E Deus estabeleceu como o relacionamento seria.
Havia mandamentos. Houve estipulações de vida e morte. Mesmo antes
de a humanidade pecar havia uma aliança na Criação. Deus estabeleceu
uma aliança com Adão e Eva.
No Antigo Próximo Oriente, alianças eram coisas muito comuns,
isso foi descoberto há apenas 30 anos atrás.
O Prof. Mendenhall [clique aqui] em Chicago, escreveu um ensaio
sobre as alianças no Antigo Próximo Oriente, que está revolucionando o
pensamento global do cristianismo em relação às alianças. Porque este
professor descobriu, através dos achados arqueológicos escritos em
O Israel de Deus na Profecia 8
tabletes cuneiformes, que já nos dias de Abraão 2.000 anos A.C. eram
feitas alianças entre nação e nação e entre soberanos e seus súditos nas
cortes de justiça. E isso fez com que muitos bons teólogos começassem a
escrever livros sobre alianças.
E no mundo protestante, na área das igrejas calvinistas, muitos
livros foram publicados sobre as alianças na Bíblia. E por isso meu
propósito é dar-lhes uma ajuda, uma compreensão atualizada a respeito
das alianças de Deus.
Eu fui convidado a participar de uma reunião de pastores na cidade
de Denver, Colorado, EUA, no último mês de janeiro (2003) foi
chamada a reunião da Associação em Rocky Mountain; o secretário
ministerial da Divisão me convidou a apresentar uma série de palestras
sobre as alianças, porque me disse que alguns pastores têm problemas
seríssimos quanto às alianças. Na Califórnia a igreja perdeu vários
pastores porque não mais podiam continuar concordando com a nossa
teologia tradicional. Porque muitas vezes como adventistas temos sido
muito fortes em pregar o continuísmo entre as alianças, mas esses
pastores chegaram à idéia de que deviam estudar e chegar a conclusões
sobre os contrastes entre as alianças. E para encurtar uma longa história,
eles chegaram à conclusão de que a ênfase adventista com relação à Lei
de Deus não é mais um ponto tão importante, que não é bíblico. E eles
crêem e estão ensinando que o Espírito Santo substituiu a Lei de Deus. e
é por isso que abandonaram a Lei e com ela o sábado. E eles não estão
mais entre nós.
E eles me chamaram para apresentar estas palestras porque a
Divisão não queria mais perder um maior número de pastores. Então
preparei uma série de 8 palestras sobre as alianças, e depois de
apresentá-las em Rocky Mountain, em casa eu melhorei e acrescentei
mais dados até que meus estudos se tornaram em 10 grandes capítulos.
Então escrevi um livro sobre o assunto e enviei à Review and Herald
(nossa publicadora americana) para que eles decidissem se desejam
O Israel de Deus na Profecia 9
imprimir, publicar este livro. E agora os redatores da Review estão
analisando o livro para ver se não está cheio de heresias.
E um outro questionamento que estão fazendo é o seguinte: Será
que os membros da igreja, acostumados com outro tipo de raciocínio,
serão capazes de assimilar e aceitar esse novo enfoque? Portanto, ainda
não tenho certeza de que esse livro será publicado. Mas o Brasil é um
grande amigo meu. E agora acabaram de publicar mais um de meus
livros Boas Novas Sobre o Armagedom [publicado pela CPB]. Eu me
sinto muito feliz com o Brasil.

Bem, agora chegou o tempo de, com essa introdução, fazermos um


levantamento sobre as alianças da Bíblia.
A primeira aliança de Deus com o homem está contida em Gênesis
1 e 2.

2. ALIANÇA DE GRAÇA

E depois chegamos à época da Queda. E Deus fez agora uma


aliança de graça com a humanidade. E em Gên. 3:15 encontramos a
promessa divina de um Redentor. Sem dúvida, era uma promessa de
graça. Portanto preste atenção: imediatamente após a Queda, Deus
estabeleceu uma aliança da graça.
A aliança da graça não começou no Novo Testamento, iniciou-se
imediatamente após a Queda. Esta é uma conclusão importantíssima,
porque o Criador imediatamente passou a ser também o Redentor. Deus
não esperou retendo a Sua graça por 4.000 anos. A graça de Deus se
demonstrou logo que surgiu o pecado. Assim que houve pecado, houve
um Redentor. Isso fala a respeito do caráter de Deus. Podemos declarar
que o Deus Redentor é também o Deus Criador. Mas as pessoas
pensavam que não precisavam de graça. Eles precisavam de amor. O
Criador era o Deus do amor, do amor e misericórdia, mas depois da
Queda Se manifestou como o Deus da graça.
O Israel de Deus na Profecia 10

3. ALIANÇA COM NOÉ: Aliança de Preservação

Mais tarde Deus fez uma aliança com Noé. É a primeira vez que a
palavra aliança surge no Antigo Testamento: Gên. 6:18. Essa aliança
pode ser chamado aliança da preservação. E como Deus sempre
estabelece Suas alianças com sinais ou promessas, Ele deu o símbolo
desta aliança de preservação – o arco-íris.
Este sinal é válido ainda hoje. Toda vez que vemos um arco-íris no
céu, que é o resultado da iluminação da luz do sol e gotículas de chuva,
podemos saber que Deus relembra Sua aliança com Noé: de que Deus
jamais irá destruir a Terra toda por um Dilúvio de águas. O arco-íris da
graça de Deus é o fator predominante.
Deus estabeleceu um sinal de aliança com a humanidade antes da
Queda.
Qual foi o sinal da aliança de Deus na Criação? O sábado. Toda vez
que o sábado retorna à Terra e viaja ao redor do mundo, Deus Se lembra
que Ele determinou uma presença de comunhão com a humanidade que
Ele próprio criou. E este sinal da aliança de Deus na Criação é válido
ainda hoje.
Após o Dilúvio Deus fez outras alianças.

4. ALIANÇA COM ABRAÃO: Aliança de Promessa

Deus fez uma aliança com Abraão, e essa aliança foi repetida
várias vezes. Essas alianças com Abraão podem ser chamadas alianças
de promessa. E essas aliança são encontradas nos capítulos 12, 15 e 17
do livro de Gênesis.
E para Abraão Deus deu também um sinal, símbolo da Sua aliança.
Que sinal foi esse? Circuncisão.
O Israel de Deus na Profecia 11
Então junto com as alianças, estamos percebendo que Deus
estabeleceu sinais.

5. ALIANÇA COM ISRAEL: Aliança do Torah

Após isso Deus fez uma aliança com um povo, Israel – Aliança do
Torah, ou da Lei. Em particular foi feita e encontramos em Êxo. 19 a 24
e inclui o Decálogo, os Dez Mandamentos.
Com Israel, qual foi o sinal com relação ao Torah? E não era um
novo sinal ou diferente. Deus combinou o sábado e a circuncisão – os
dois sinais. Isto dá a impressão de continuidade, e isso é importantíssimo
que lembremos.
Que significa a palavra Torah? É uma palavra hebraica. É
comumente traduzida como Lei, mas os especialistas na língua hebraica,
aqueles cristãos judeus, dizem que esta palavra traduzida Lei para Torah
é uma palavra não apropriada. Eles dizem que Torah originalmente
significa ensinamentos divinos ou orientação divina. Portanto a
expressão Torah abrange mais do que simplesmente mandamentos. E
quando estudamos, observamos que Deus deu a Israel muito mais do que
os Dez Mandamentos morais. Deus deu a Israel também orientações
sobre o sistema sacrifical realizado no antigo santuário. E isso falava a
respeito de graça expiatória, como receber o perdão, como encontramos
descrito em Levítico caps. 4 e 16 sobre sacrifícios de perdão diário bem
como o Dia da Expiação. Todo o sistema levítico era uma demonstração
da graça divina. Assim Torah inclui tanto a Lei como também a graça.
Esta é uma descoberta revolucionária. Porque se você fizer um
contraste entre Lei e Graça, uma contra a outra – aí estudando a língua
hebraica, você perceberá que é impossível haver um contraste, porque
Torah inclui Lei e Graça. Portanto não existe uma oposição básica. Mas
quando nós divorciamos (separamos) a Lei da Graça, então criamos um
contraste de oposição. E isso merece uma maior atenção.
O Israel de Deus na Profecia 12
Quem sabe deveríamos gastar uma hora inteira para desenvolver
esse assunto. Mas vocês podem ver que progressivamente estamos
chegando a temas importantíssimos.

6. ALIANÇA COM O REI DAVI: Aliança Messiânica

E há mais uma aliança especial que Deus fez no Antigo


Testamento, e todas elas já se demonstram inclusivas. Foi a aliança feita
com o rei Davi. É a chamada aliança davídica. Uma aliança messiânica.
E essa aliança começa a ser descrita a partir de 2 Samuel cap. 7.
Deus prometeu a Davi que o Messias seria um Davi maior no futuro. E
naturalmente, esta aliança, é uma continuação da aliança após o pecado
em Gênesis 3, verso 15. Assim a promessa em Gênesis 3:15 tem sua
continuidade na promessa a Abraão em Gênesis 12 bem como ela se
torna mais expandida na aliança feita com o rei Davi em 2 Sam. 7:12-17.
A aliança com Davi é a aliança mais importante e também é a mais
citada em o Novo Testamento pelo próprio Jesus em particular.

7. A NOVA ALIANÇA

(A) Promessas da Nova Aliança no Antigo Testamento


Mas antes de deixarmos o Antigo Testamento eu preciso escrever
(no quadro) alguma coisa mais. Houve muitas promessas feitas pelos
profetas a respeito de uma NOVA ALIANÇA. E vocês provavelmente
sabem de cor os profetas que mencionaram o surgimento de uma nova
aliança.
Que profeta foi esse? Eu sei que alguns, eu pude ouvir,
mencionaram Jeremias. Jeremias 31:31-34. Mas ele teve um profeta
contemporâneo que profetizou o mesmo, e esse foi o profeta Ezequiel. E
ele também no cap. 36:26-28 ele fala sobre esta mesma aliança da qual
falou Jeremias. Esses profetas viveram durante o exílio babilônico de
Israel. Eles estavam olhando e aguardando um novo Israel após o exílio.
O Israel de Deus na Profecia 13
E essas profecias prometiam que Israel voltaria à sua terra. Prometiam
um novo templo. Quando Israel saísse do cativeiro tudo seria renovado:
novo templo, nova terra e um novo rei viria.
Mas nunca surgiu um novo rei. O Israel pós-exílio nunca mais teve
um rei davídico. Mas a profecia declarava que o Messias viria como um
rei da linhagem de Davi. Isto seria a nova aliança. Foi uma orientação
visando o futuro.
Bem, quando observamos este quadro geral reconhecemos que há
uma porção abundante de alianças feitas com Deus no Antigo
Testamento. E isto nos traz um desafio interessante para examinarmos,
estudarmos e então chegarmos a um ponto de compreendermos qual é a
interação entre todas elas. Naturalmente, ainda estamos estudando as
Escrituras Hebraicas.

(B) Aliança de Cristo: o Torah do Messias


Mas agora vamos deixar de ser judeus e vamos nos tornar cristãos.
E por isso temos um Novo Testamento. E temos então que compreender
o que Deus fez por meio de Jesus Cristo.
A ALIANÇA DO SENHOR JESUS CRISTO.
Quando Ele fez uma nova aliança com Seu povo? Na Última Ceia.
Mateus 26:28. Tomem, comam este pão que representa o Meu
corpo, tomem deste suco da vida que representa o Meu sangue, que é
derramado por vocês; porque será derramado para o perdão de muitos.
Este é o sangue da nova aliança. E aqui nós então encontramos uma
nova aliança. Jesus já havia falado sobre o mesmo tema bem antes, no
Sermão da Montanha, nos caps. 5 a 7 de Mateus. Estes capítulos são
chamados o Torah do Messias ou os Ensinamentos Divinos do Messias.
Aqui há temas importantíssimos sobre a aliança.
Quando estudamos reconhecemos que o Novo Testamento ao tratar
da nova aliança feita por Cristo, sempre a revela em conexão com a
antiga aliança do Antigo Testamento. Compreender o que Jesus tem feito
por nós e o novo relacionamento de sangue com Seu povo e também
O Israel de Deus na Profecia 14
com Deus, ocasiona uma mudança de compreensão em relação à antiga
aliança. Não é que tudo tenha mudado, mas alguns modelos de adoração
mudaram. Desde a morte de Jesus os cristãos não mais sacrificam
animais para que vertam o seu sangue, não mais se reúnem
exclusivamente em um único lugar ou templo de Jerusalém, porque
agora os cristãos possuem templo no céu. E não mais aceitam o
sacerdócio levítico ou qualquer outro sacerdócio, porque Cristo é o único
Sumo Sacerdote. Estas são conseqüências do sacrifício de Cristo.

(C) A Nova Aliança na Epístola aos Hebreus


Onde no Novo Testamento existe um capítulo específico que fala
desta exposição teológica? Há apenas um livro, ou melhor uma carta no
Novo Testamento que trata desse sacerdócio específico – é a carta escrita
aos Hebreus. Por estranho que pareça, esta importante carta é anônima.
Muitos especulam sobre quem a escreveu. Mas se Deus não nos
concedeu o nome do autor, então o que seria mais importante em relação
à epístola? A mensagem, o conteúdo. É um sermão inspirador, porque
esta carta é o sermão mais longo dos tempos apostólicos. E é por isso
que merece uma atenção cuidadosa, especialmente dos caps. 4 ao 10. É a
parte central dessa carta. E foi escrita especificamente para judeus-
cristãos. Mas nós como gentios cristãos também podemos obter
benefício dela.
Agora, a igreja cristã primitiva não era uma unidade em termos de
interpretação, vivência e conhecimento das doutrinas. Havia também
partidos, conflitos e lutas entre eles. Especialmente o apóstolo Paulo
encontrou grande resistência ao apresentar o evangelho da graça
independente da lei. Ele teve que apresentar uma tese, esclarecendo o
assunto da nova aliança.

(D) A Nova Aliança em 2 Cor. 3 e em Gál. 4.


Escreveu especificamente sobre isso em Gálatas 4:21-31, e também
escreveu aos coríntios em 2 Coríntios 3, o relacionamento entre a antiga
O Israel de Deus na Profecia 15
e a nova aliança, o que era passado e o que era válido, o que havia sido
ab-rogado e o que havia sido confirmado. E então ele descreveu a
continuidade e a descontinuidade sobre as duas alianças.
Estes capítulos são profundamente teológicos, e eles podem ser
compreendidos por aqueles que avançam e mergulham em profundidade.
Estes dois capítulos descrevem um assunto muito complexo e não
admira que os dispensacionalistas põem o seu foco central nestes dois
capítulos, de que nós não somos mais obrigados a obedecer à Lei nem ao
sábado. Assim esses capítulos são muito importantes para os pastores.

(E) O Apocalipse de João: A Consumação de Todas as Alianças


Agora, há muito mais no Novo Testamento a respeito das alianças.
E naturalmente, estou me referindo ao último livro da Bíblia, o livro do
Apocalipse.
Será que o Apocalipse contém material sobre a aliança de Deus? O
livro do Apocalipse como um todo é a consumação de todas as alianças
de Deus. Lá encontramos uma conexão que se liga à aliança da Criação.
Porque em ambos os livros encontramos o início e a conclusão do plano
de Deus para a humanidade.
No Apocalipse encontramos o Paraíso restaurado, e encontramos a
árvore da vida restaurada. Apocalipse 2 diz que o vencedor, o que
perseverar até o fim terá o acesso à árvore da vida.
Voltando à aliança da criação, onde havia também uma árvore da
vida, que foi dada para perpetuar a vida numa vida imortal, mas por
causa do pecado, Deus não permitiria pecadores eternos, por isso em Sua
misericórdia e em Seus juízos Ele expulsou os pecadores do Paraíso para
que não tivessem acesso à árvore da vida. Mas através de Jesus Cristo,
Ele nos conduz de volta à árvore da vida. Porque Ele próprio é em
princípio a Árvore da Vida. Ele próprio, que é o Descanso, nos concede
o descanso do sábado. Espiritualmente nós podemos agora entrar no
Paraíso e já saborear o gosto da árvore da vida.
O Israel de Deus na Profecia 16
Todas as promessas de Deus contidas na Bíblia são como folhas da
árvore da vida. Mas é apenas um antegozo, porque mais está para vir. E é
sobre isso que trata o livro do Apocalipse. Então as promessas feitas a
Abraão se cumprirão. Então surgirá a cidade da Nova Jerusalém, a
cidade que Abraão aguardava. Ele vivia morava em tendas que tinham
que ser armadas aqui e acolá – ele nunca habitou em algo permanente,
um edifício. Uma tenda não tem fundamentos. Assim Deus disse: Vou
dar a você uma cidade que tem fundamentos. 12 fundamentos e nesses
fundamentos 12 nomes.
Quais são os nomes contidos nos 12 fundamentos? Apocalipse 21,
há 12 fundamentos. Uma cidade que vai permanecer por toda a
eternidade, e nesses fundamentos estão escritos nomes. Que nomes estão
escritos nos fundamentos? Apóstolos.
Apóstolos? Como é que pode ser isso? Será que Deus Se enganou?
Porque os apóstolos vieram depois dos filhos de Israel. Se nós fôssemos
colocar nomes nos 12 fundamentos, poríamos os nomes das 12 tribos de
Israel, e provavelmente nas portas colocaríamos os nomes dos apóstolos.
Mas o livro do Apocalipse reverte: nos fundamentos – nomes dos
apóstolos. E nas portas – que nomes estão lá? – e nós teremos que entrar
por estas portas, até mesmo nós os gentios – os nomes das 12 tribos de
Israel. Isso nos leva a pensar. Mas Deus não comete erros. Nós temos
que mudar nossos pensamentos. Nós temos que aceitar os pensamentos
de Deus. “Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os
últimos.” E todos se constituirão num só rebanho e haverá m só Pastor.
Cada um que deseja entrar na Nova Jerusalém tem que entrar como
um israelita espiritual. Mas a cidade está fundada sobre os nomes dos
apóstolos do Messias. Cristo é a Rocha verdadeira sobre a qual os
apóstolos são edificados. Todos serão salvos tão-somente pelo sacrifício
expiatório do Messias Jesus. Aqui no livro do Apocalipse todas as
promessas do Paraíso, do Redentor, do arco-íris, da fidelidade divina,
todas as promessas das alianças com relação à terra de Israel, tão
popularizadas hoje na política do Oriente Médio. De quem é esta terra?
O Israel de Deus na Profecia 17
Dos palestinos ou dos judeus? O livro do Apocalipse diz que é a terra de
Deus. Ninguém possui terra. O Salmo 24 diz que a terra pertence ao
Senhor e Ele a dá àqueles a quem Ele escolheu. E então todas as
promessas feitas a Abraão e a Israel e também o reino do rei Davi
restaurado.
Qual é o nome do Messias no livro do Apocalipse? E ocorre 28
vezes. É o título dominante na descrição de Jesus no Apocalipse. É a
palavra Cordeiro. O Cordeiro é agora o Pastor, e Ele conduzirá todo o
Seu rebanho ao trono de Deus, de onde brota a água da vida, e de ambos
os lados deste rio está a árvore da vida.
Este é o cumprimento final, a consumação de todas as alianças de
Deus. Apocalipse 22 declara que contemplaremos o rosto de Deus. Esta
maravilhosa visão é o clímax máximo do plano da aliança de Deus.
Vocês estão vendo como é gostoso estudar a Bíblia numa nova
perspectiva? Não estudando especificamente o sábado ou esta ou aquela
doutrina, mas sobre a história da salvação. É uma nova abordagem
adventista. A própria Sra. White tentou fazer isso, e o fez ao escrever 5
livros: Patriarcas e Profetas, Profetas e Reis, O Desejado de Todas as
Nações, Atos dos Apóstolos e então O Grande Conflito. Neles
encontramos um estudo progressivo da salvação. E esta é a maneira pela
que precisamos ler e compreender a Bíblia. E como fazer isso? Podemos
fazê-lo por meio das alianças.
Bem, isto foi apenas uma introdução para nossos próximos estudos.

II. A TEOLOGIA DO SÁBADO

Nesta parte de nosso estudo vamos concentrar o nosso estudo sobre


A Teologia do Sábado. Isso é uma continuação da aliança da Criação e
a aliança feita na Redenção.

1. A Origem do Sábado – da Criação, não de Israel


O Israel de Deus na Profecia 18
Se procurarmos a primeira referência ao sábado, teremos que voltar
na Bíblia a Gên. 2:2,3 onde lemos que Deus utilizou três coisas para criar
o sábado.
O que é que Deus fez em primeiro lugar? Ele descansou no sétimo
dia da semana da Criação. E o que Ele fez a seguir? Ele abençoou o
sétimo dia. E então o que fez? Ele santificou o sétimo dia. Três coisas
separadas. E talvez a mais importante foi a primeira: Ele descansou,
porque Ele conectou o Seu descanso ao dia de sábado. Então este
descanso de Deus torna-se um motivo de luz através de toda a história da
redenção. E o livro de Hebreus no cap. 4 insiste com cada cristão para
que entre no descanso de Deus, e declara que ainda resta um descanso de
Deus que nos aguarda no Paraíso futuro. Portanto o descanso de Deus
interliga toda a história. Não é cessa por causa dos pecados humanos. Ele
foi, é e será. O descanso de Deus acrescenta um significado redentor ao
sábado. Assim o sábado é provavelmente a mais importante bênção dada
por Deus à humanidade.
O sábado é retratado no Gênesis como uma parte integrante da
semana da Criação original. É também apresentado como uma ordenança
dada na Criação. Por isso jamais poderá ser ab-rogado pela igreja ou por
decretos humanos, porque é parte da Criação original. O sábado não é
uma instituição judaica no tempo de Moisés. A origem do sábado é de
importância crucial.
O sábado é uma ordenança judaica ou vem da Criação? Agora você
compreende porque a maioria dos cristãos gosta de denominar o sábado
como sendo uma instituição judaica. E o que eles fazem com o Gênesis?
Eles crêem que Gênesis 1 e 2 foi resultado do pensamento teológico dos
judeus durante o exílio babilônico, que projetaram os escritos mosaicos
para atrás, à Criação – uma imaginação criativa judaica. E portanto isto
mina e destrói a inspiração divina de Gênesis 1 e 2.
Por isso é que é importante saber o que Jesus cria, porque cristãos
nominais aceitam a autoridade de Jesus. Será que Jesus fala a respeito de
Gênesis 1 e 2? Sim, Ele falou a respeito do sábado e também do
O Israel de Deus na Profecia 19
casamento, e em ambas as ocasiões declarou que temos que reconhecer
como isto era no princípio.
Lemos isto em Mateus 19, Marcos 2:28. Jesus disse: “O sábado foi
feito por causa” de quê? “do homem”. Ele disse: “O sábado foi feito por
causa dos judeus”? Ou disse: “foi feito por causa do homem”? Portanto,
Ele disse que o sábado foi estabelecido para benefício da humanidade.
Adão era judeu? Claro que não! Ele foi o protótipo original de toda
a humanidade. Assim como não podemos declarar que Adão era judeu,
não podemos declarar que o sábado é para os judeus.
Então, em primeiro lugar, por que então Deus criou o sábado para a
humanidade?
Por que é que Deus descansou? Deus cansado? Não! O Deus Todo-
poderoso jamais Se cansa. Mas então por que é que Deus descansou?
Em Êxodo cap. 31 a Bíblia usa uma expressão de que Deus Se
restaurou, a palavra refrescou é usada no original. Ele havia concluído a
obra da Criação em seis dias. E agora Ele próprio está observando tudo o
que havia criado. Ele faz uma avaliação de toda a Sua obra, e então Ele
pronuncia Sua declaração de satisfação. E o que Ele disse? “Eis que tudo
era muito bom.” É a avaliação de Deus sobre Sua própria obra, em
especial a criação do homem. Mas por esta hora Ele não tinha ainda feito
a mulher.

2. Homem e Mulher Criados à Imagem de Deus


E é por isso que algumas pessoas declaram que Deus ao olhar a
Criação, Ele disse: Ah, Eu posso melhorar isso um pouco. Eu posso
fazer ainda melhor. E então criou a mulher! Bem, muitas vezes as
mulheres são mais sensíveis do que os homens, elas possuem talentos e
dons que os homens não têm. Algumas vezes uma mulher pode aumentar
a utilidade de um homem. Devemos respeitar a mulher, porque ela
também foi criada à imagem de Deus. Portanto ambos – homem e
mulher – refletem a Deus.
O Israel de Deus na Profecia 20
Mas por que o próprio Deus descansou? Qual o benefício de Seu
descanso para a humanidade? O que significa ser criado à imagem de
Deus, como lemos em Gên. 1:26? Ser criado à imagem de Deus é mais
do que sermos parecidos com Deus. Significa o relacionamento de pai
para filho ou filha.
Você pode ler a conexão com isso em:
Gên. 5:3 – “Viveu Adão cento e trinta anos, e gerou um filho à sua
semelhança, conforme a sua imagem, e lhe chamou Sete.”
Como Sete é descrito com relação a Adão? Ele era filho à
semelhança de Adão e também à sua própria imagem. Então que
relacionamento existia entre Adão e Sete? Qual era o relacionamento
entre Adão e Sete? Pai e filho. Então voltemos para o capítulo 1, temos a
mesma expressão entre Deus e Adão. Então o que significa o
relacionamento Deus-Adão em Gênesis 1? De que Adão é o filho de
Deus. Este relacionamento Pai-filho é o relacionamento da aliança.
Aliança sempre é envolve relacionamento. Não é um pedaço de
papel preparado por um advogado, não é simplesmente um contrato. Na
Bíblia uma aliança é sempre um relacionamento entre pelo menos duas
pessoas. Então é um relacionamento que envolve amor e respeito e
também obediência, e gratidão. Este é o início da humanidade.

3. O Sábado Implícito no Relacionamento de Aliança


Por que Deus nunca ordenou por lei que Adão e Eva guardassem o
sábado? Não há nenhum mandamento para guardar o sábado no livro de
Gênesis. Alguns gostam de capitalizar em cima dessa ausência. Mas
seria uma conclusão superficial. Porque não havia sábado no Gênesis
porque não havia mandamento sobre o sábado.
O que ocorre num relacionamento de aliança, como num bom
casamento? Ficamos apenas olhando um para o outro? Isso não é
relacionamento. Nós começamos a comunicar-nos, começamos a falar. E
Deus fala com Adão. Deu-lhes uma tarefa: eles deveriam reproduzir-se e
cultivar a terra até que o mundo todo se tornasse um Jardim do Éden. E
O Israel de Deus na Profecia 21
Deus falou com Adão a respeito dos alimentos que ele podia comer e o
que não poderia comer. E Deus lhe disse: Adão esta é a árvore da vida,
esta é a árvore do conhecimento do bem e do mal – desta árvore você
não deve comer. Se você comer do fruto dessa árvore, você morrerá.
Em resumo, todos os elementos de uma aliança estão em Gênesis 1
e 2. Esta é uma muito importante ligação com o sábado. Imagine: Que
dia Adão foi criado? No sexto dia. Lembre-se que Adão não foi criado
no sétimo dia. Adão está na posição número 6 – isso aconteceu na sexta-
feira. O que aconteceu no término da sexta-feira? Começou o quê? O
sétimo dia. E então, à tardinha, no pôr-do-sol Deus fala com Adão.
Nós não temos um registro da conversa, mas podemos reconstruir
aquela conversa. Um teólogo tentou fazê-lo. Ele escreveu um livro sobre
a teologia do sábado, o mais belo livro que eu já li. É conhecido – Karl
Barth – como o maior de todos os teólogos do século XX.
Em seu livro Church Dogmatics ele tem um amplo capítulo sobre o
sábado. É o capítulo mais maravilhoso e desafiador que alguém poderia
ler sobre o sábado. Vou resumir em minhas próprias palavras:
Deus, o Criador, na sexta-feira à tarde se aproxima de Adão. Ele
diz: “Adão, você é meu filho. Adão, o próximo dia – amanhã – será um
dia muito especial. Você até agora é a coroa da Criação. Mas para torná-
lo plenamente operativo nós teremos que andar juntos através da vida. E
amanhã começaremos esta caminhada, porque amanhã é dia de descanso,
o dia de sábado. Sábado significa que Eu cessei de trabalhar e agora no
sábado Eu estarei descansando. E este descanso que Eu possuo, quero
partilhar com você, Adão.”
Adão pode ter-se perguntado: Por que é que eu preciso descansar?
Eu não tenho nem um dia de idade, eu não trabalhei e por que preciso
descansar?
Deus disse: “Adão, escute, você descansará para celebrar a obra
perfeita da Criação, você celebrará isso comigo. Adão, nós estaremos
comemorando não o que você fez mas o que Eu fiz.”
O sábado foi estabelecido para celebrar a perfeita Criação de Deus.
O Israel de Deus na Profecia 22
“Adão, você deve fazer o que Eu faço. Eu vou guardar e vou
celebrar o sábado, e porque Eu o farei e você é Meu filho, você deve
seguir o seu Pai.”
E é por essa razão que Deus não deu um mandamento para Adão,
dizendo: “Guarde o sábado.” Porque num Paraíso sem pecado o exemplo
de Deus tinha tanto poder como um mandamento. Assim Adão seguiu e
imitou o exemplo de Deus, seu Pai. Deus criou o sábado como um
santuário no tempo. Santo ao Senhor para prover um espaço para
adoração. O sábado é o santuário no qual adoramos o Criador. E quando
nós adoramos o Criador compreendemos que nós não somos o Criador,
que somos criaturas, uma parte da Criação e reconhecemos nossas
limitações. E devemos ser gratos a Alguém que nos criou, que nos deu
vida, e alegria e gozo e também uma tarefa.
O Criador deu significado à nossa vida. No sexto dia Adão não
tinha significado nenhum. No sexto dia o homem sem Deus é apenas
666. Mas no sétimo dia, ele recebe significado, relacionamento com
Deus e ele começa a adorar, exaltar e louvar esse Deus. Agora o homem
é completo – ele é agora totalmente um ser humano – porque ele entrou
num relacionamento de aliança com Deus. O sábado é parte inseparável
da criação do homem.
Este é o início do conhecimento a respeito do sábado. E isso é tudo
o que precisamos conhecer.

4. O Sábado Protege da Idolatria


Quando o homem começa a se rebelar contra o seu Criador, ele
também começa a perder o sábado e então ele começa a buscar
substitutos para essa perda, e isso é o início da idolatria. Sem o sábado o
homem cai na idolatria. O sábado nos previne da idolatria. Porque se
adoramos ao nosso Criador, então sabemos que aquilo que foi criado não
é Deus e não deveria ser louvado nem adorado. Então se a humanidade
houvesse guardado o sábado em todo o tempo não teria surgido a
idolatria.
O Israel de Deus na Profecia 23
Mas nos últimos dias como em Israel e com Moisés havia naquele
tempo nações que adoravam muitos deuses e eles eram produto de sua
própria imaginação, eles começaram a enaltecer os poderes da natureza,
a humanidade começou a adorar o sol, a lua e as estrelas. De fato, todas
as nações de toda a Terra eram adoradoras do sol, e todas elas também
adoravam os poderes da natureza – eles eram chamados baalins, os
baalins da terra. Apenas um povo exclusivo não adorava o sol, a luz e a
natureza, e esse povo era Israel – eles eram exclusivos e únicos no meio
de toda a humanidade.
Como podiam eles em meio a tanta idolatria ainda permanecer
adorando o Criador? Porque Deus havia feito uma aliança especial com
Moisés e com o povo de Israel.

5. Lei e Sábado Entregues a Israel Após Saírem do Egito


Mas quando é que Deus deu a Israel os Dez Mandamentos e o
sábado? Quando eles estavam no Egito? Ou quando saíram do Egito?
Mas por que não no Egito? Por que Deus não disse a Israel: “Se vocês
guardarem o sábado, então vocês vão provar que são obedientes a Mim,
e Eu vou libertar vocês da escravidão do Egito.”
Alguns judeus sugeriram que isso aconteceu e ensinam isso até
hoje: Se o povo judeu guardar um único sábado de modo perfeito, então
o Messias virá.
Como e por que Deus o faz de modo diferente? Porque Deus não
recompensa a nossa obediência com a Sua graça. Deus não usa essa
ordem de fatores OBRAS e então GRAÇA. Deus tem a ordem reversa.
Deus oferece em primeiro lugar Sua graça, Sua graça redentora e então
Ele pede obediência como uma resposta de gratidão à Sua graça.
Agora, percebam como Deus o fez. Ele disse a Moisés que todo o
povo de Israel aplique o sangue de cordeiro nos batentes e nas vigas
superiores das portas de suas casas, porque o anjo do juízo passará sobre
o Egito, e ele verá o sangue, e em Êxodo 12: “Quando eu vir o sangue
Eu passarei por cima.” Deus não diz: “Quando eu vir um guardador do
O Israel de Deus na Profecia 24
sábado.” Ele disse: “Quando eu vir o sangue.” Isso representava o
sangue do Cordeiro de Deus. Representava o sacrifício expiatório de
Cristo.
Deus olha para cada lar e para indivíduo para ver o sangue de Cristo
então Ele passa por cima sem condenar, e assim o será também no juízo
investigativo.
Vamos olhar cuidadosamente a condição: Eles tinham que
obedecer, mas não eram os Dez Mandamentos. Não era a guarda do
sábado. Eles deviam aplicar o sangue do cordeiro. Não era obras
meritórias. Não era uma virtude individual, era um sinal de submissão,
era um sinal de fé. Então Deus libertou Israel da escravidão egípcia.
Mas o filho do próprio Faraó morreu. Parecia que era uma questão
de ou o filho de Faraó ou o Filho de Deus. E Deus deu o Seu Filho de
modo que nós não precisamos morrer.
E então Israel marchou para fora do Egito após terem sido
redimidos pelo poder de Deus. As dez pragas haviam caído sobre o Egito
e condenaram todos os falsos deuses do Egito. Então Israel caminhou
através do deserto.
E a primeira coisa que Deus restaurou em Êxodo 16 foi o sábado do
sétimo dia. Antes dos Dez Mandamentos, Deus restaurou o sábado como
o sinal de Sua graça de que Ele iria prover o alimento e não lhes era
permitido recolher o alimento no sétimo dia. E então vemos que Deus
estabeleceu uma ordem: primeiro REDENÇÃO e então OBEDIÊNCIA.
E em Êxodo 19 Deus diz: Se vocês querem ser Meu povo, porque
Eu os escolhi, porque todos os povos Me pertencem, Eu sou o Deus da
humanidade no Universo – Deus criou toda a humanidade – mas Ele
escolheu os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó para ser Seu povo
especial, o povo da aliança. E ele confiou-lhes a Sua sabedoria e deu-
lhes participação no processo da graça redentora. E eles foram libertados
da idolatria, não repentinamente. Pouco tempo depois eles estavam
dançando diante do bezerro de ouro.
O Israel de Deus na Profecia 25
Não é fácil partir da escravidão para a liberdade, há recaídas. E
Deus ficou desapontado com eles, mas Moisés os levanta de novo, e
então Moisés implora: Senhor, lembra-te, por favor – Tu começaste um
bom trabalho, e agora o povo quer saber como vais completar a obra.
Não abandones a obra de Tuas próprias mãos. E então Deus renova a
aliança.

6. A Renovação da Aliança
Podemos ler isso em Êxodo 34, pela segunda vez Ele reescreve a
Sua vontade, os Dez Mandamentos em tábuas de pedra. E Ele diz a
Moisés: Eu sou o Deus da graça, o Deus compassivo, o Deus que
perdoa pecados, a rebelião, mas se eles não se arrependerem Eu vou
mantê-los como culpados.
Essa é uma tensão que existe dentro da aliança de Deus. Ele perdoa,
mas a outros Ele não perdoa. É o relacionamento de aliança. E o povo
em aliança se torna responsável. Eles têm que ser agradecidos e amar a
Deus em resposta.
Por que o livro de Deuteronômio é chamado o “livro do amor”?
Porque Deuteronômio resume o relacionamento da aliança. Ele resume a
essência do relacionamento de Deus.
Em Deuteronômio 6:5 – “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de
todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força”
Portanto a aliança feita por Deus com Israel é uma aliança de amor.
Esse era o ideal de Deus para o Seu povo Israel. E quando esse ideal não
foi cumprido, por causa da apostasia, Deus disse: Farei uma nova
aliança, mas esta aliança que será feita nova será nada mais nada menos
que uma renovação da antiga aliança, porque Deus renova o Seu plano.
Como foi na Criação.
Todos as alianças feitas por Deus após a Queda com a humanidade
tinham um único propósito: restaurar o relacionamento original da
aliança como era no Paraíso. Cada aliança era um passo para restaurar a
aliança original.
O Israel de Deus na Profecia 26
Cristo veio a esta Terra, e Ele veio para restaurar todas as coisas. A
palavra-chave encontrada em Cristo era restaurar todas as coisas.
Quando Ele encontrou um homem com a mão ressequida Cristo lhe
disse: “Estende teu braço!” E Ele restaurou o braço. Restauração do
corpo e da alma e do espírito. E então perdoou os seus pecados. Havia
um paralítico, e Cristo restaurou o seu corpo e então perdoou os seus
pecados. A restauração externa era simplesmente um símbolo da
restauração interna.

7. Cristo e o Sábado
E como Cristo Se relacionou com o sábado? Este é um assunto
muito importante. Será que Jesus aboliu o sábado?
Havia e há um famoso teólogo neotestamentário na Suíça, dizendo
– seu nome Oscar Cullmann [clicar aqui] – grandemente respeitado
como um erudito em Novo Testamento, até o próprio Papa o respeita;
Oscar Cullmann argumentou assim: “Porque Jesus Cristo estava
desrespeitando os regulamentos judaicos com relação ao sábado e de
acordo com os judeus Jesus quebrava o sábado, devemos concluir que
Jesus anulou a lei do sábado.” É uma declaração chocante!
Ora, há mais eruditos bíblicos que exclusivamente Oscar Cullmann.
E agora como ele faleceu e outros se levantaram, eles fizeram um
julgamento mais apropriado. Em vários livros nós podemos ler isso:
Jesus quebrou apenas as regulamentações sabáticas – o halakôt – dos
judeus [clicar aqui]. Halakôt significa as instruções orais da tradição
judaica que podemos encontrar no Mishná. O tratado sobre o sábado
proíbe 39 tipos de trabalho no sábado. Você não pode semear nem uma
única semente. Você não deve escrever dois sinais. Muitas coisas triviais
foram escritas. E Jesus desconsiderou estas coisas.
Mas ao Jesus desconsiderar o halakôt sabático os eruditos agora
reconhecem que Ele está fazendo uma distinção tão clara entre os
ensinos humanos e o quarto mandamento.
O Israel de Deus na Profecia 27
Será que Jesus fez distinção nítida entre os mandamentos de Deus e
a tradição judaica?
Leio, por exemplo, Mateus 15. Ele perguntou aos rabinos: “Por que
vocês transgridem os mandamentos de Deus e seguem as próprias
tradições?” Jesus fez clara distinção entre os mandamentos de Deus e as
tradições desenvolvidas pelos judeus. Portanto quando Jesus rejeitou
tradições humanas Ele não rejeitou os mandamentos de Deus. E esta é a
opinião de eruditos bíblicos hoje. E isto tem sido um apoio fantástico
para a posição adventista. Oscar Cullmann está morto, totalmente morto
e agora outros falam mais alto e melhor.
Temos que relembrar que o sábado foi feito por causa do homem.
Deus convida os homens a partilhar com Ele o descanso sabático.
O que é que mudou desde que Cristo veio?
Em Mateus 11:28 ouvimos Jesus dizer: “Vinde a Mim todos os que
estais cansados e sobrecarregados e eu vos darei descanso para as vossas
almas.” Este é o descanso do sábado que Deus prometeu a Adão e Eva
no Paraíso, que Ele prometeu a Israel sob a liderança de Moisés. E em
todas estas épocas a humanidade não entrou no completo descanso de
Deus até que veio Jesus. E Ele declara: Eu vim até vós, e porque vim do
céu, posso novamente oferecer-lhes o descanso de Deus.
O descanso de Cristo é o descanso de Deus. Portanto o descanso do
sábado agora é acessível por meio de Jesus Cristo. Não é suficiente
apenas guardar o sétimo dia. Agora que o Messias chegou o descanso
sabático também é o descanso messiânico. Somente poderemos observar
o dia de sábado através de Jesus Cristo.
Jesus disse: “Lembrai-vos de como foi no princípio.” Ali está o
modelo para o casamento e para o sábado. E Deus estabeleceu o sábado
antes da Queda.
Agora tenho uma pergunta para vocês.
Se o sábado foi estabelecido para o homem em sua perfeição, sem
pecado, seres pecadores precisam mais ou menos do sábado? É claro que
agora o homem é pecador, ele necessita muito mais do sábado.
O Israel de Deus na Profecia 28
E o que significa o sábado antes e após a Queda em relação ao
caráter de Deus? O Criador concedeu o sábado no princípio para seres
sem pecado; após a Queda o mesmo Criador restaura o sábado agora
para seres pecadores. O sábado é contínuo.
Mas o sábado não era um sinal da Criação, da perfeita Criação? E
agora após o pecado, o que o sábado significa para nós? Que o Criador é
fiel às Suas criaturas e promete levar de volta a humanidade ao Paraíso.
O fato de que o sábado é restabelecido revela que o Deus Criador está
buscando vindicar Sua Criação e restaurá-la à sua beleza original.
Pergunta: Necessitamos de dois sábados diferenciados – o sábado
do sétimo dia para o povo judeu e o dia de domingo para os gentios
cristãos?

8. A Teologia do Domingo e a Teologia do Sábado


Como é que os teólogos cristãos defendem essa idéia? Eles têm o
seguinte raciocínio: O sábado é o sinal da velha criação, e Ele criou
Israel, conduzindo-os para fora do Egito; portanto a libertação da
escravidão do Egito era o ponto focal máximo da antiga aliança no
Antigo Testamento. Mas agora um Moisés muito superior veio na Pessoa
de Jesus. E esse Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos no domingo
pela manhã e este é o maior de todos os sinais do evangelho, é o dia do
nascimento de uma igreja, e o Espírito Santo também desceu no
domingo. E Cristo fez um apelo e apareceu para os Seus apóstolos no
domingo. O domingo agora é o sinal da nova aliança, porque o Redentor
é maior do que o Criador. Esta é a teologia circulando hoje.
Agora a minha resposta é a teologia do sábado. Se nós temos uma
diferente construção de um Deus Criador e um Deus Redentor, então
estaríamos criando dois deuses diferentes.
Isto aconteceu nos dias de Paulo com o gnosticismo cristão: eles
criam que o Criador era um Deus inferior e imperfeito, um Deus da
guerra, mas que Cristo Jesus era um Deus superior porque Ele era um
Deus do amor, da graça, do perdão.
O Israel de Deus na Profecia 29
Este é o sistema do Dispensacionalismo, em que se declara que o
Antigo Testamento é inferior ao Novo Testamento, e portanto o domingo
substituiu o sábado.
Quando voltamos ao livro de Gênesis e também ao livro de Salmos,
nós lemos acerca de um Criador perfeito, que ao mesmo tempo é o
Redentor de Israel. Assim o Criador e o Redentor é o mesmo e o único
Deus. E Jesus Cristo veio apenas para representar Deus o Pai. Ele disse
em João capítulo 12: Eu só falo o que o Pai me ensinou; eu só faço o
que o Pai me determinou. (João 12:49) Jesus, portanto, Se revela aqui
como sendo parte do Criador. E nós lemos em o Novo Testamento de
que Jesus é o Co-Criador.
Leiam, por exemplo, João 1: “No princípio era o Verbo, . . . e o
Verbo era Deus. ... Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle. ...
E o Verbo Se fez carne.” Se Cristo é Co-Criador de toda a Criação, então
Cristo também fez o sábado. Cristo declarou de Si mesmo que Ele é o
próprio Senhor do sábado. Isso significa que Ele é o Criador e o
Intérprete do sábado. E desta forma entendemos que o sábado honra
tanto o Criador como o Redentor com força igual. A guarda do sábado é
um reconhecimento de que o Criador não é inferior ao Redentor, que o
Criador é também o Redentor. Vindica o caráter de Deus, de que Deus é
fiel à Sua Criação e que Deus será plenamente vindicado quando Ele
restabelecer o Paraíso que foi criado.
O sábado não é apenas um símbolo da perfeita Criação no passado,
mas é também um sinal que o Paraíso será restaurado. O sábado inclui a
promessa de que a Terra e o céu finalmente serão reunidos.
E lemos em Hebreus 4:4 e 11 que ainda resta um descanso sabático
[grego sabatismo] no futuro para o povo de Deus. O sábado é a garantia
de que o Criador e vai recriar um novo céu e uma nova Terra. O sábado é
o sinal de que saímos marchando para Sião, de que haverá uma Nova
Jerusalém e de que nós entraremos e fruiremos o eterno descanso
sabático. E então o Criador estará plenamente satisfeito de que em
primeiro lugar Ele fez uma ótima Criação e de que não precisou destruí-
O Israel de Deus na Profecia 30
la, e que Ele pôde redimir e restaurar em maior perfeição aquilo que já
era perfeito no princípio.
Portanto, Hebreus 4 é o elo de união, porque apresenta a conexão
entre o passado, o presente e o futuro. E o livro de Hebreus conclui no
cap. 13, verso 8 – “Jesus Cristo é o mesmo ontem” – lá no tempo antigo
na Criação – “hoje e para sempre” no futuro. A continuidade é garantida:
do Paraíso Perdido ao Paraíso Restaurado. Cristo é a garantia. E Ele
honra a Seu Pai. E isso demonstra que a obra unida do Pai, Filho e
Espírito Santo foi bom e ao ser restaurado será perfeito novamente. E no
futuro, o Paraíso Restaurado será ainda melhor que o Paraíso original,
porque na Terra feita nova o trono de Deus estará estabelecido nesta
Terra, e nós O veremos face a face.
Por isso tenho desejo de estar lá. E vocês, gostariam de estar
naquele Paraíso Restaurado? Deus viu as suas mãos erguidas. Deus
atenda ao seu pedido. Amém.*

Estou muito feliz de voltarmos aqui, temos um bocado de trabalho a


realizar de modo que possamos saber dez vezes mais do que o nosso
povo normal nas igrejas.**
Não existe um tempo final para podermos compreender a
mensagem da Bíblia. Estou aposentado há 12 anos (2003), aprendi mais
estudando a Bíblia depois de me aposentar do que antes, porque agora eu
posso estudar 8 horas por dia. E durante meu tempo de aposentadoria
escrevi 7 livros, e nas revistas Ministério Adventista uma série de artigos.
Quero que vocês partilhem comigo algumas de minhas descobertas.
Nos EUA temos tido constantemente problemas teológicos.
Algumas pessoas começaram a contestar alguns dos nossos princípios
básicos e atualmente havia lá uma contestação com relação à antiga e
nova aliança. Alguns pastores que estão se tornando evangélicos, eles
estão insistindo em que há um contraste muito grande entre a antiga e a
*
Esta primeira apresentação foi para os anciãos e pastores (ASR), inclusive as 4 primeiras perguntas.
**
Daqui em diante os temas foram apresentados só aos pastores (ASR) no Concílio de Pastores.
O Israel de Deus na Profecia 31
nova aliança, e chegaram à conclusão de que o Espírito Santo substituiu
a lei de Deus. Alguns pastores abandonaram os Dez Mandamentos e o
sábado e também a igreja. E agora um destes que abandonou a igreja está
escrevendo uma série de livros contra a igreja adventista. E isso se
transformou num grande desafio para nós. E vocês sabem que aquilo que
acontece no hemisfério norte mais cedo ou mais tarde chega aqui no
hemisfério sul. Portanto, eu posso de fato preparar vocês para isso.
Eu fui chamado a trabalhar lá em Rocky Mountain, em Denver, no
Colorado, na Associação, numa reunião de pastores. E fui convidado a
falar sobre As Alianças de Deus, especialmente a antiga e a nova
aliança, o relacionamento entre elas, a continuidade e a descontinuidade.
Eu nunca tinha prestado tanta atenção referente às alianças, porque
muitas vezes olhamos à Bíblia apenas sob o ponto de vista doutrinário.
Nós escolhemos uns textos aqui e ali, nós os reunimos para provar
nossas doutrinas. E podemos chamar isto como nosso método de
abordagem. Mas a Bíblia não nos foi dada com este propósito. Podemos
ser levados a um uso errôneo da Bíblia. Por isso lhes sugiro que prestem
muita atenção ao método bíblico histórico. E este pode ser chamado
Caminhar Com Deus Através da História, numa compreensão de que
a Bíblia foi sendo revelada gradualmente através dos séculos.
Deus não revelou toda a verdade no princípio de uma única vez.
Portanto na Bíblia encontramos uma revelação progressiva da verdade. E
esse método é chamado Método da História da Salvação. Isso exige
que tenhamos um conhecimento mais profundo da Bíblia. Nesse método
não podemos mais pegar textos isolados da Bíblia. Temos que estudar
capítulos inteiros bem como livros inteiros da Bíblia. E não há substituto
para o estudo da Bíblia. E nós somos desafiados a voltar à fonte e então
somos chamados a entrar em trânsito e caminhar através da história. E
então entenderemos melhor o significado das diferentes alianças de Deus
com a humanidade.
Aos pastores reunidos em Rocky Mountain eu apresentei 8 estudos.
Depois pensei: Eu posso fazer melhor do que isso. Então voltando à casa
O Israel de Deus na Profecia 32
durante 3 meses trabalhei e escrevi um novo livro sobre as alianças. Bem
a partir de agora quero passar a vocês alguns desses pontos interessantes
que descobri nesse estudo.

III. A RELAÇÃO ENTRE AS ALIANÇAS

O ponto em foco é que nós estamos vivendo sob a nova aliança e


não mais na antiga aliança. A sugestão que surge comumente é de que
então não precisamos mais observar o sábado. Portanto a essência de
nosso estudo é compreendermos a relação entre as alianças de Deus.

Introdução: O Dispensacionalismo de Scofield


É claro que vocês já ouviram falar sobre o Dispensacionalismo. A
famosa Bíblia de Scofield que possui as suas próprias referências.
O dispensacionalismo consiste basicamente em contrastar as
dispensações.

Moisés Cristo
LEI GRAÇA
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Assim, ele diz que desde Moisés até Cristo nós temos a dispensação
da LEI. Ele diz que somente desde Cristo na Sua ressurreição nós temos
a dispensação da GRAÇA.

Mas o protestantismo histórico e o adventismo do sétimo dia têm


outra abordagem. E o ensino básico é: do Paraíso Perdido até o Paraíso
Restaurado lei e graça andam de mãos dadas, lado a lado.

LEI e GRAÇA
O Israel de Deus na Profecia 33

___________________________________________

E alguns adventistas estão indo agora para este esquema


dispensacionalista, como se a antiga aliança fosse uma aliança baseada
unicamente na lei; e de que a nova aliança fosse baseada na graça bem
como no Espírito Santo. Portanto, chego à conclusão de que o E. Santo
veio para substituir a lei.

LEI GRAÇA
antiga aliança nova aliança (E. Santo)
_________________________________________________

Então, analisando este problema, podemos chamar o testemunho de


três pessoas do Antigo Testamento. Vamos perguntar se conheciam algo
sobre salvação pela graça.
Vamos primeiro perguntar a Abraão, vamos perguntar a Moisés e
perguntar ao rei Davi. Todos eles pertenceram à antiga aliança, e por
isso temos que ouvir o testemunho deles.

1. Primeiro personagem: Abraão


Será que Deus fez uma aliança com Abraão? Gên. 12:1-3. É
repetida a aliança com Abraão em Gên. 15:6.
Vamos abrir nossa Bíblia e vamos examinar estes versículos.
Gên. 12:1-3: “...”
Agora, esta é uma aliança que Deus faz com Abraão. Abraão é
escolhido por Deus para receber a herança, mas não para proveito
próprio. São escolhidos para uma missão universal de serem uma bênção
a todas as famílias da Terra. Portanto, Deus abençoa a Abraão e a seus
filhos para que eles sejam uma bênção para toda a humanidade.
O Israel de Deus na Profecia 34
Mas aqui encontramos a continuidade de uma promessa anterior.
Uma promessa feita por Deus a Adão e Eva em Gênesis 3:15. Deus
prometeu ao casal que de um descendente deles viria um Redentor, que
iria destruir o seu inimigo, a serpente. Seria um Redentor sobre-humano.
E Ele iria restaurar o Paraíso à humanidade. Desde os primórdios, desde
o início Deus tinha um plano de redenção global.
Deus nunca escolhe alguém para proveito próprio. Deus escolhe
pessoas para que se tornem uma bênção ao povo. E essa primeira
promessa de Gênesis 3 é o início da aliança da graça. Aqui se inicia uma
aliança não de lei mas da graça. Tão logo surgiu o pecado também houve
um Salvador. Portanto Deus não esperou para oferecer Suas promessas
de graça até que fossem necessárias.
Esta promessa de Gênesis 3:15 é muito abrangente. Não pôde ser
plenamente entendida. Mas Deus começou a revelar-Se e a revelar
gradualmente mais a respeito de Sua aliança da graça. Deus começou
gradualmente a revelar que o Redentor viria da descendência de Noé
através de seu filho Sem. E um dos filhos de Sem foi Abrão. Podem ler
isto em Gênesis 11. E então Deus diz que o Redentor viria do clã ou da
descendência de Abraão.
Mas Abraão não tinha filho. Não podia ter filho através de sua
esposa Sara. Agora, como Deus podia prometer-lhe um filho, quando ele
não tinha filhos? Será que Deus está tentando nos ensinar algo disto? De
que o Redentor viria sem nossa cooperação pessoal, de que seria tudo
obra de Deus?
Em agora em Gênesis 12:1-3 nós temos um desenvolvimento desta
promessa original feita em Gênesis 3:15. Gênesis 12 contém uma
promessa messiânica que foi gradualmente melhor entendida mais tarde.
Vocês podem ler isso também em Gálatas 3. A bênção de Abraão é
também a bênção do Messias.
Agora temos que avançar até Gênesis 15 e ver como Deus revela
mais a respeito da Sua promessa a Abraão. Nós deveríamos considerar
primeiro os 6 versículos, mas deixem-me resumir para vocês.
O Israel de Deus na Profecia 35

a) O Nome do Deus da Aliança


Deus Se revela a Abraão como sendo o SENHOR. A Palavra
hebraica para SENHOR é YHWH. Ninguém sabe como pronunciá-la
corretamente, e no Israel antigo somente o sumo sacerdote conhecia
como pronunciá-la e ele a pronunciava uma única vez no Dia da
Expiação. Nem os próprios rabinos judeus pronunciavam este nome
sagrado. Até hoje eles não o pronunciam. Os judeus usam a palavra
substituta ADONAI que significa Senhor ou Mestre. E quando
combinamos estas duas palavras encontramos uma distorção, e então
achamos a palavra Jeová. Mas isso agora tem sido rejeitado por todos os
eruditos tanto judeus como cristãos, porque agora eles descobriram que
Jeová é uma amálgama de duas palavras diferentes. E então hoje eles
reconhecem que a pronúncia mais apropriada seria YAHWEH.
Havia muitos deuses que no hebraico eram chamados
genericamente elohim. Deus declarou: “Não terás outros elohim diante
de Mim.” Mas o nome YAHWEH é o nome pessoal de Deus. E Deus
explica o Seu nome dizendo: “EU SOU o que sou.” E quando Deus
enviou Moisés a Faraó Ele disse: Você vai porque Eu serei fiel à Minha
promessa.
Então, YAHWEH é também o nome do Deus da aliança. Assim,
lembre que ao você ler SENHOR em letras maiúsculas, não está dizendo
Elohim mas diz YAHWEH. E sempre se refere ao Deus que promulgou
uma aliança dentro do esquema das alianças.
Olhemos a Gênesis 15:1: “Depois destes acontecimentos, veio a
palavra do SENHOR a Abrão, numa visão.”
Aqui encontramos a palavra YAHWEH, porque Deus já fez
alianças antes – em Gênesis 3 com Adão e Eva, e depois com Abraão em
Gênesis 12. E o Senhor o conduz para fora na noite escura, e Deus
perguntou a Abraão: Você está vendo todas estas estrelas? Quantas são,
Abraão? Quantas estrelas você pode contar com os seus olhos?
O Israel de Deus na Profecia 36
Se sua visão for boa, você pode contar cerca de 5.000 estrelas a
olho nu, mas sabemos que há muitas mais. Há mais do que trilhões de
estrelas. Com o rádio-telescópio mais moderno, eles estão descobrindo
galáxias como a nossa Via-Láctea e constelações no infinito dos céus
não antes penetrado. Até o presente o número total de estrelas,
constelações, quazars e corpos celestes conhecidos não foi numerado.

E Deus disse a Abraão: “Será assim a tua posteridade.” E então nós


lemos o versículo 6: “Abrão creu em YAHWEH, e isso lhe foi creditado
como justiça.” (Gên. 15:6, NVI).
Este texto é um dos mais importantes de toda a Bíblia, porque este
texto nos revela como nós poderemos ser reconciliados e até salvos por
Deus. Mostra-nos como podemos ter paz com Deus. É a abordagem
básica de chegarmos a Deus. Não por qualquer coisa que façamos ou
obedeçamos mas como Abraão creu na promessa, crendo na palavra de
Deus, teve que resposta da parte de Deus?
Vamos ler a segunda parte do versículo 6: “E isso lhe foi creditado
como justiça.”
Que quer dizer isso? Justificação pela fé. É justificação pela fé.

b) Justificação pela Fé e Sua Raiz no AT


Quando vocês entenderem o apóstolo Paulo coloca a sua âncora
nestas palavras, ele diz: Este é o Evangelho de Jesus Cristo, e este é o
meu próprio Evangelho. Não temos outro método de salvação. O método
de Abraão é a coluna mestra do cristianismo. E aí está a unidade entre os
hebreus e o mundo cristão. E o apóstolo Paulo desenvolve isso em
Romanos 4.
Vamos ler e vejamos com nossos próprios olhos o que Paulo
destaca. Eu quero que vejam o que eu estou vendo.
Comecemos com o versículo 1 [NVI]: “Portanto, que diremos do
nosso antepassado Abraão?”
O Israel de Deus na Profecia 37
Versículo 2: “Se de fato Abraão foi justificado pelas obras, ele tem
do que se gloriar, mas não diante de Deus. 3Que diz a Escritura?
“‘Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça.’ ”
Que texto Paulo está citando? Gênesis 15:6. E ele usa o exemplo de
Abraão como um cristão ou um gentio assim como um judeu encontra
justificação.
E o que é justificação? Deus credita a nossa fé como se fosse a
própria justiça. Só que agora a nossa fé é fé em Cristo. É a mesma fé, a
mesma confiança e está centralizada numa promessa em uma Pessoa,
Jesus Cristo. Fé em Cristo é abraçar a Cristo. É abraçar uma Pessoa e
não uma doutrina. É um relacionamento pessoal, é um relacionamento de
aliança.
A aliança de Deus não é um pedaço de papel. Deus não é um
Advogado, Ele é o Criador e o Redentor, e Ele declara: Se você aceitar a
Minha promessa, nós nos tornaremos amigos, você se tornará Meu filho
novamente, você andará comigo enquanto viver, e você também andará
como Enoque comigo por toda a eternidade. No momento em que você
aceita as promessas de Deus em Jesus Cristo você é justificado. Eu
prometo.
Isto é garantia de salvação. Escreva isto! Justificação pela fé é
certeza de salvação. Escreva isto, por favor, porque você precisa passar
isso adiante. Por isso eu repito: Justificação pela fé traz a segurança de
nossa salvação pessoal.
Nós, como pastores adventistas, cremos nisso, não é verdade?
Vamos contar isso aos nossos filhos, vamos contar aos interessados que
vêm a nós para estudar a Bíblia. Vamos pregar isso em nossos sermões.
Porque muitos na congregação estão perturbados e inseguros. Muitos dos
jovens adventistas nos EUA não têm certeza de sua salvação. Porque
todo o mundo anda preocupado com normas e regras e princípios sobre
santificação, e nós confundimos as pessoas: “Faça!” e “Não faça!” Eles
pensam: “Se eu não fizer o suficiente, eu vou perder a vida eterna.” Em
O Israel de Deus na Profecia 38
Seus corações paira uma grande dúvida: “Será que eu sou bom o
suficiente para enfrentar o juízo?”
Que nós voltemos à promessa total de Deus. Você não é aceito
diante de Deus porque você obedece, você tão somente é aceito quando
crê em Deus. A obediência não é a raiz, ela é apenas o fruto da nossa
salvação. E muitos pensam que a obediência é a raiz e que salvação é o
fruto.
E você perguntaria agora: O que isso tem a ver com a velha aliança?
Não deveríamos mais então falar sobre Moisés e a lei? Mas poderíamos
nós desligar Moisés de Abraão? Ou deveríamos então começar com
Moisés? Não, Moisés veio depois de Abraão. Temos que começar com
Gênesis 3:15, e então caminhar na história até Abraão, em Gênesis 12 e
15. E assim como Abraão foi salvo assim também nós o seremos.
Vamos olhar mais uma vez a Romanos 4, versos 23-25: “...”
E isto não seria uma aplicação apropriada para hoje? Nós até
podemos concluir que Gênesis 15:6 é a coluna mestra da fé cristã. Que
nós voltemos sempre para esta coluna mestra, e vamos demonstrar que
nossa fé possui raízes antigas – não começa com Jesus Cristo – ela
começou com YAHWEH e Abraão.
E se você tiver na congregação judeus ouvindo a mensagem, eles se
sentirão preocupados: Ah, a fé hebraica, ainda está em funcionamento.
Isto constrói pontes para pregarmos ao povo judeu. É a chave para a
evangelização dos judeus. E Deus deseja também ter em cada igreja um
conjunto de crentes judeus carnais.
Se nós não fizermos o nosso trabalho para a conversão dos judeus,
Jesus não voltará – assim declarou a Sra. White. Você pode desgastar-se
tentando conquistar Porto Alegre, mas se você não trabalhar para a
conversão dos judeus, você vai retardar a vinda do Senhor Jesus. Deus
está conclamando dentre vós alguns que vão trabalhar pelo povo judeu.
A Associação Geral publicou um pequeno livro contendo todas as
citações de Ellen White referente à evangelização dos judeus. Nós temos
O Israel de Deus na Profecia 39
que voltar às nossas raízes hebraicas. A fé cristã é o desenvolvimento e a
ampliação da fé hebraica.
Agora vocês podem ver que a ênfase que declaramos no princípio
se torna cada vez mais forte porque a dispensação da lei, da graça, elas
andam juntas desde o Paraíso Perdido até o Paraíso Restaurado.
Quem justificou Abraão?
Não foi um sacerdote, não foi Melquisedeque, foi o próprio Deus; e
esta é a garantia de salvação. Deus colocou Abraão num relacionamento
correto com Si mesmo. Qual foi o resultado?
Gênesis 26:5 – “Abraão me obedeceu e guardou meus preceitos,
meus mandamentos, meus decretos e minhas leis.”
Portanto a ordem é: justificação e então santificação. Justificação é
a raiz; santificação é o fruto; e a glorificação é a consumação. E nesta
ordem, no livro de Gênesis: justificação, santificação, glorificação. Sim,
Enoque andou com Deus e foi glorificado. Está tudo isso no livro de
Gênesis, e assim será também hoje.

2. Segundo Personagem –Moisés


Mas como isso aconteceu lá na aliança mosaica? Com Moisés foi
feita a aliança mosaica.
Lemos isto no livro de Êxodo 19-24, 34, e o livro todo de Levítico,
especialmente os caps. 4 e 16.

a) Aliança com Moisés, Continuação da Aliança com Abraão


O que é que Deus revelou a Moisés? Um método diferente de
salvação? Não! Deus nunca muda o método de salvação. A aliança de
Deus com Moisés veio depois de Sua aliança com Abraão. Será que a
aliança com Moisés substituiu a aliança com Abraão? Aí está uma
pergunta crítica.
Vamos agora a Gálatas cap. 3. O apóstolo também lutava com esses
assuntos.
O Israel de Deus na Profecia 40
Gálatas 3:21: “É, porventura, a lei contrária às promessas de Deus?
De modo nenhum!”
Nós vemos que no pensamento do apóstolo Paulo, a aliança com
Abraão entrava em continuidade com a aliança com Moisés. A aliança
de Deus com o povo Israel: o povo tinha que se aproximar do sacerdote
levítico lá no santuário. Isto está descrito em Levítico 4. Então eles
apresentavam o seu sacrifício de sangue, confessavam os seus pecados.
E o que fazia o sacerdote? Ele aspergia o sangue diante da Presença ou
do shekinah. E o que significa esta aspersão de sangue? Aquele ritual
significava graça expiatória. Então o sacerdote pronunciava o
significado: “Os seus pecados estão perdoados.”
Justificação pela fé.
Aquilo que Deus fez diretamente com Abraão em Gênesis 15:6 – o
que Ele fez? – Ele creditou a favor dele a Sua justiça, e o mesmo modo
de salvação agora prossegue através de sacerdotes levitas. E aí está a
função exercida pelo sacerdote como um ungido.
Mas nós muitas vezes podemos interpretar mal isto. Alguns
sacerdotes eram muito rápidos em perdoar, e outros eram relutantes em
conceder o perdão. E então Deus enviava um profeta para reprovar o
sacerdote. Assim Deus utiliza profetas e sacerdotes para complementar
um ao outro para que Israel pudesse encontrar o seu caminho apropriado
através da fé. Isso demonstra que a aliança com Moisés também estava
baseada na justificação pela fé.
O sacerdote falava com autoridade, com autoridade de Deus: “Os
seus pecados lhe são perdoados.” Eles jamais diziam como os sacerdotes
católicos declaram: “Eu te absolvo!” Não, os sacerdote levitas jamais
diziam: “Eu te absolvo!” Eles declaravam: “Os seus pecados lhe são
perdoados.” Ele pronunciava o perdão de Deus. E esta é a compreensão
protestante também. O sacerdote ou o pastor pode declarar: “Você está
perdoado.” Mas não podemos advogar para nós mesmos que temos o
poder de perdoar pecados. Esta é a obra do anticristo, e é a própria
essência do anticristo: usurpar o poder do perdão.
O Israel de Deus na Profecia 41
Somente Deus pode perdoar. E nisso é que consiste a segurança de
salvação. Então a aliança mosaica é uma continuidade da aliança com
Abraão.

b) Amor: a Motivação do Relacionamento com Deus


Agora vamos ver Deuteronômio 6. Como Moisés explica o
relacionamento com Deus.
Deut. 6:5 e 6: "Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu
coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que,
hoje, te ordeno estarão no teu coração."
Aí nós encontramos que a obediência nunca foi meritória para a
salvação.
Qual é a motivação apresentada neste texto? "Amarás, pois, o
SENHOR, teu Deus." Com o coração parcial? Não, de todo o teu
coração, de toda a tua força.
Mas o amor não pode ser um mandamento ordenado. Como é que
pode se declarar: "Você precisa me amar!" Se você exigir de sua
namorada, quando você era jovem: "Você deve me amar!", ela dirá: "Eu
não quero amá-lo."
O amor não pode ser forçado. Como, então, poderemos amar a
Deus?
A Bíblia de vocês começa com o livro Deuteronômio? Gênesis,
Êxodo. Primeiro vem estes outros livros.
O que aconteceu com Israel no livro de Êxodo? O que Deus fez por
uma nação que estava em destroços por causa da mão poderosa de
Faraó? Faraó declarou: Todos os bebês masculinos serão jogados no rio
Nilo. Israel vivia debaixo de um decreto de morte. Uma nação sem
meninos não pode sobreviver. Então Deus os libertou da morte. E após
dez pragas, Deus levou o Egito à humilhação. Mas quando eles foram
perseguidos pelo exército de Faraó, esse exército foi submergido no Mar
Vermelho. Isso está em Êxodo 14.
O Israel de Deus na Profecia 42
Agora, tendo sido remido de maneira tão extraordinária, qual seria a
reação normal de um povo? O que Deus esperava deles após a
libertação? Do que trata Êxodo 15? O que eles começam a cantar? O
cântico de Moisés. Êxodo 15 devia ser memorizado porque nós iremos
cantar esse cântico no céu. E é claro cantaremos também o cântico do
Cordeiro. Vamos cantar em harmonia com os hinos hebreus – eles vão
cantar o baixo e os cristãos o tenor – e vamos cantar em uma harmonia
sinfônica o cântico de Moisés e o cântico do Cordeiro.
Será que um substitui o outro? Ou ambos se complementam? O
cântico de Moisés é complementar e ampliado pelo cântico do Cordeiro.
Mas lemos na carta de João: “Nós O amamos porque Ele nos amou
primeiro.” (1 João 4:19 – KJV, RC).
Quem toma a iniciativa para nossa salvação? Vocês não estão
tomando a iniciativa para sua salvação. Mas vocês dirão: “Não, mas eu
comecei a procurar, eu comecei a orar.” Mas isso não é o começo, isto é
a resposta ao poder e chamado de Deus. O Espírito Santo atrai todas as
pessoas, e aqueles que não resistem serão atraídos e amarão a Deus pelo
que Ele fez por eles.
Agora nós podemos entender melhor Deuteronômio 6:5. Aconteceu
depois da sua libertação no êxodo.
E então lemos no versículo 6: “Estes mandamentos que hoje lhes
concedo estarão sobre o seu coração.” (New International Version).
Onde deveriam estar os mandamentos de Deus? Nas mãos? Nos
pés? Ou no coração? Deus não Se agrada de que haja um ajustamento
externo com a Sua vontade. Deus quer que nós Lhe obedeçamos a partir
do nosso coração. Deus quer obediência que provém do coração.
Mas vocês dirão: “Pr. Hans, parece que o tempo todo você está
falando sobre a nova aliança.” Então eu lhes digo isso: A nova aliança é
apenas a renovação da antiga aliança. Nós não deveríamos buscar a
ênfase em contradições, contrastes, mas a continuidade.
Claro que há um desenvolvimento, há um avanço. Nós encontramos
em Cristo a promessa e a lei concretizada. Jesus não substituiu a lei dos
O Israel de Deus na Profecia 43
Dez Mandamentos. Ele incorporou os Dez Mandamentos. Ele disse em
João 15:10: “Eu tenho obedecido a todos os mandamentos de Meu Pai.”
Então quando pessoas dizem: “Eu fico com Cristo; você fica com
Moisés e a lei!” nós já podemos perceber que estamos ali tratando com o
dispensacionalismo.
Vocês precisam ser doutores em teologia. Vocês percebem o
sintoma da doença e o diagnóstico. Qual é o remédio? Jesus incorporou a
lei em Si mesmo.
Por que você guarda o sábado do sétimo dia? Você diz: “Está aqui –
Êxodo 20!” Eu jamais faria isso. Eu diria: “Porque Jesus é o meu
Exemplo, Ele guardou o sábado. Ele apenas rejeitou o halakôt, ou seja,
as regulamentações rabínicas.”

3. Terceiro Personagem: Davi


Passaremos agora a estudar a terceira testemunha sobre o método de
justificação e santificação na antiga aliança.

a) A Confissão de Davi no Salmo 32


Vamos ler abrir o Salmo 32. É um salmo de Davi. É considerado
por unanimidade que a base deste salmo está em 2 Samuel 11 – a
experiência de Davi com Bate-Seba e seu marido hitita Urias. Nós
conhecemos bem a história e também é muito apropriado lermos o que a
Sra. White escreveu a respeito, e é um bom assunto para pregar. Temos
que entrar no espírito de arrependimento, e que veio só após o profeta
Natã chegar a Davi e convencê-lo de que ele realmente havia pecado.
Quanto tempo demorou para que Davi se arrependesse após ter
cometido esse adultério e homicídio de Urias? Quanto tempo demorou
até que ele se arrependesse? Alguém já sabe? Um ano.
Sim, resposta exata, um ano, depois que o bebê nascesse.
Deus possui uma longa paciência. E Deus precisou usar um profeta
especial para trazer Davi à realidade.
O Israel de Deus na Profecia 44
Agora, quando Davi foi quebrantado, ele se arrependeu de fato.
Como podemos saber? Porque ele escreveu sua confissão pessoal em
dois salmos: Salmo 32 e 51.
E por que estes salmos estão na Bíblia? Para termos pena de Davi?
Para sabermos que ele foi um fracasso total? Ou existe por trás dos
salmos um propósito mais elevado?
Será que Deus queria que esta confissão fosse gravada para se
tornar uma inspiração ou uma confissão inspirada para que todas as
gerações posteriores até nós, até mim, pudessem receber a inspiração?
Para que adúlteros e assassinos soubessem que ainda há esperança? Estes
salmos foram escritos para que nós nos identifiquemos totalmente com
esta condição de pecadores, para que possamos dizer: “Este sou eu.”
Talvez você não tenha uma oportunidade de adulterar e de matar,
mas você está intrinsecamente nesta mensagem.
Então vamos agora examinar cuidadosamente este Salmo 32. Este é
um dos 7 salmos denominados salmos penitenciais usados nos rituais do
templo pelo povo judeu, e eram recitados pelos corais, especificamente
no Dia da Expiação para inspirar todo o Israel para conseguirem a
obediência do mesmo modo como Davi a conseguiu.
“Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada, cujo pecado é
coberto. Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui
iniqüidade e em cujo espírito não há dolo.”
Onde está o arrependimento aqui? Eu não estou vendo muito de
arrependimento neste versículo. Eu vejo mais alegria. A tradução pode
ser: "Feliz o homem aquele cujo pecado foi perdoado." Mas esse é o
resultado final do perdão, é a fruto do verdadeiro arrependimento. É o
estilo judaico de escrever. A conclusão maior vem no início de uma
declaração.
Cada salmo é construído de uma maneira espetacular como uma
poesia, na qual o início e o fim se correspondem mutuamente. Portanto
cada salmo possui uma estrutura chamada quástica que une o conteúdo
total do salmo numa unidade indivisível. Ao pregarmos sobre os salmos
O Israel de Deus na Profecia 45
exige-se uma pregação do salmo como um todo. Não é bom tomarmos
um verso isolado de um salmo e pregar. Isto é trabalho de amadores,
leigos, mas para profissionais – pastores – eles tomam o salmo como um
todo. E é por isso que Deus deixou 150 sermões prontos para você.
Cada salmo grita pra você: "Por favor, pregue-me, pregue-me!"
Mas é o livro mais difícil da Bíblia de ser pregado, porque nós
precisamos primeiro reconstruir a parte histórica. E não há nenhum outro
livro da Bíblia como os salmos que tenha enfrentado tantas novas e
revolucionárias descobertas.
Eu tenho na minha biblioteca um conjunto de comentários sobre os
salmos daqui até a tela. É uma mina de ouro. Alguns são melhores do
que outros, e eu estou-lhes dando o melhor. E então eu entrego a vocês
os tesouros que encontrei. Exige muito trabalho. Mas é por isso que
recebemos o nosso pagamento todos os meses.
Cada pastor deveria estudar pelo menos 3 horas por dia, porque ele
precisa alimentar as almas não apenas de pessoas ignorantes, mas de
pessoas com acuidade mental elevada.
O Salmo 32 enfatiza 3 vezes o assunto do perdão. Os crentes
hebreus sempre diziam duas vezes a mesma coisa. É o estilo literário
chamado paralelismo. E precisamos entender as regras hermenêuticas
para podermos interpretar a Bíblia corretamente. Porque cada coisa é dita
com uma variação de palavras. A linha seguinte explica a anterior.
Mas agora é importante que nesse Salmo 32 nós encontrarmos isso
três vezes. Aqui nós encontramos 3 vezes. E em cada vez seguinte há
uma variação. "Transgressão", depois "pecado", e então o terceiro termo
para pecado: "iniqüidade". Três palavras diferentes para significar
pecado. Três palavras: pecado, transgressão, iniqüidade. Isso significa
que não há pecado de nenhuma espécie que não possa ser perdoado.
Mesmo aqui a palavra mais forte para o pecado, que é paixão está
incluído. Em Daniel 8 o chifre pequeno comete rebelião. Está incluído
no princípio de perdão. Até mesmo pecados voluntários e planejados
O Israel de Deus na Profecia 46
podem ser perdoados. Mas qual é a condição do perdão? Agora isso
transparece nos próximos versos.
Verso 3 e 4: "Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os
meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão
pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de
estio."
Estes versos foram escritos depois dos versos 1 e 2, mas aconteceu
antes. E é assim que a história começa de fato. Ele conta com sinceridade
que não tinha a coragem de arrepender-se e de confessar.
O que está à raiz nesta disposição de não confessar? Justificação
própria. Este é o nosso problema. Não queremos demonstrar nossa face
real, podemos esconder dos homens mas diante de Deus Ele vê o
coração. E Ele espera uma confissão sincera. Se não confessamos a Deus
nos tornamos doentes. E Ele declara isto: "envelheceram os meus ossos".
A Psicologia e a Psiquiatria moderna confirmam isto. Se você tem
ansiedade, amargura e ódio em seu coração, você poderá desenvolver
úlcera e causar morte prematura.
E Davi estava como que se consumindo, sentia em sua consciência
a condenação da ira de Deus. Ele disse: "a tua mão pesava dia e noite
sobre mim". Isso é explicado no Salmo 38:2 e 3.
O que acontece no verso 5? "Confessei-te o meu pecado e a minha
iniqüidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas
transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado." (Sal. 32:5)
Este é o coração deste salmo. Este é o único lugar na Bíblia que
declara explicitamente que podemos alcançar perdão somente após a
confissão. Isto é muito importante. Ele declara: "Confessei-te o meu
pecado." Depois de um ano inteiro ele chegou à realidade e declarou:
"Senhor, eu pequei." O próprio Deus gostou, Deus finalmente ficou feliz.
Quando confessamos os nossos pecados quanto tempo demora para
recebermos o perdão? Quanto você tem que esperar? Mais de um ano?
Quanto tempo?
O Israel de Deus na Profecia 47
Eu tenho perguntado a algumas pessoas que estão à beira da morte:
"Quanto tempo você precisa esperar para receber o perdão?" Eles dizem:
"Não sei."
Vamos ler 1 João 1:9: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é
fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça."
Este é um outro texto que corresponde a este. Lembrem, a velha
aliança e a nova aliança trabalham em cima do mesmo processo de
perdão. A velha e a nova aliança em união uma com a outra. E aí está o
coração do evangelho.

b) Em Sua Teologia, Paulo em Romanos 4 Cita o Salmo 32


Vocês sabem onde no Novo Testamento o Salmo 32:1 e 2 é citado?
Vocês precisam saber disso para poderem ensinar. Romanos 4. Bem, nós
já vimos algo dele um pouco antes. Romanos 4 é contém tesouros
também.
Vamos lá. Qual foi o primeiro pilar que ele mencionou sobre o
evangelho no livro de Gênesis? Ele citou Gênesis 26 a Abraão. Ele está
citando para a igreja cristã que a mensagem que a mensagem que ele
apresenta agora é basicamente a mesma mensagem dada por Deus a
Abraão. Porque para Paulo perdão de pecados era idêntico a justificação
pela fé. Mas justificação é mais do que perdão, é mais do que um acerto
de contas. Justificação tem duas transações, e isso se torna mais claro na
experiência de Davi no Salmo 32.
Agora vamos nos assentar aos pés do apóstolo Paulo e leiamos
Romanos 4:4-8: “...”
Vejam que ele apela não somente para Abraão, mas agora ele cita e
apela também para Davi. O apóstolo Paulo para o seu próprio evangelho
tinha duas grandes testemunhas: Abraão, justificado pela fé somente e
agora o rei Davi, que caiu em profundo pecado, mas encontrou
reconciliação com Deus que tinha perdoado aqueles profundos pecados.
E o que significa isto?
Salmo 32:1 e 2: "..."
O Israel de Deus na Profecia 48
O verbo hebraico significa são tomados e jogados fora. O fardo da
culpa é removido.
"o pecado é coberto". É outro símbolo para o sangue expiatório.
Deus cobre porque Ele não deseja mais ver estes pecados. Ele não Se
lembrará mais dos seus pecados. É claro que Deus pode Se lembrar, mas
Ele não quer trazê-lo de volta novamente. Nem mesmo no dia do juízo.
Nunca! Nem mesmo durante o milênio. E por toda a eternidade eles são
lançados nas águas e cobertos para sempre. O perdão de Deus é sempre
absoluto. É algo sobre o que precisamos refletir.
Porque nisso podemos encontrar uma tensão entre os ensinos
adventistas com relação ao juízo investigativo. Deus está de novo
olhando nos livros os seus pecados. Isso pode causar problemas mentais.
Quem sabe Deus não me perdoou de fato. Tudo é condicional. Mas para
Davi perdão era o mesmo que purificação, é erradicar do coração.
Podem ler isso no Salmo 51. Ele identifica perdão com purificação.
Junte os dois salmos, e então Davi percebe que ele foi colocado numa
relação correta ideal com Deus.
Como é que Paulo explica isso? Vamos olhar de novo para
Romanos 4:6, Davi declara a mesma coisa. O que ele diz então? Davi no
Salmo 32 diz a mesma coisa que o apóstolo Paulo prega em suas cartas.
Portanto Davi nos salmos já possuía o próprio evangelho. Assim, tanto a
antiga aliança como a nova aliança possuem o quê? O mesmo evangelho.
Há uma continuidade. Isso é muito mais importante que colocarmos uma
descontinuidade entre ambas. A continuidade está contida na substância,
e a descontinuidade está contida nas formas de adoração. Na antiga
aliança refere-se à adoração no santuário à morte de animais
substituintes e também na forma do sacerdotes levíticos.
Agora vamos ler a próxima linha em Romanos 4:6 – "E é assim
também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus
atribui justiça, independentemente de obras."
Compare isto com o Salmo 32:1 e 2. Você vê uma diferença e uma
progressão, um desdobramento. Davi não fala de justificação, ele declara
O Israel de Deus na Profecia 49
apenas no Salmo 32: "Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR
não atribui iniqüidade." Davi fala de uma bênção no aspecto negativo.
Ele diz: "Não atribui" – é um aspecto negativo de descrever. "Não
atribui" – mas já é uma bênção. Mas Paulo toma a frase e a apresenta de
modo positivo. Paulo diz que isto é o mesmo que aquilo que Deus fez
com Abraão. Ele credita justiça em vez de creditar pecado. Paulo vê os
dois lados da moeda. Remover sua culpa e então substituí-la pela justiça.
Eu uso a ilustração de Zacarias 3, onde o profeta Zacarias vê o
sumo sacerdote Josué se apresentando com roupas sujas. O diabo
declara: "Ele não é digno de receber as Tuas bênçãos." E o que Deus
diz? "Eu o escolhi."
A nossa própria salvação não depende de nossa própria justiça. Não
está baseada em nossa bondade, não está baseada em nossa sinceridade,
não está baseada em nossas virtudes. Deus simplesmente declara: "Eu
escolhi você."
Aí está a essência da graça de Deus. Deus escolhe você. E isto é
extraordinário. Perguntamos: Por que Ele me escolheu? Não sabemos.
Mas Deus declara: "Eu amo você. Eu o fiz. Eu não quero abandonar a
você. " Ele é o Criador fiel. "Eu vou escolher novamente você."
E então Ele declara: "Removam estas vestes sujas." Isto é perdão.
Ele está perdoado.
Mas como uma pessoa é quando está sem roupa? Alguns podem ter
uma boa aparência; outros, uma aparência horrível. A maioria não tem
boa aparência quando estão nus. Nós não somos atraentes sem roupa.
E Deus declara que a nudez ainda permanece como um símbolo de
suas culpas. Portanto não existe nenhuma melhora removendo roupa
suja.
E o que Deus diz imediatamente? "Ponha nele roupa nova e um
turbante novo, onde está escrito: Santo ao Senhor." Isto é justificação
pela fé. Este é o sentido mais profundo do perdão. Este é o evangelho
completo. O apóstolo Paulo diz: "Eu não o inventei."
O Israel de Deus na Profecia 50
Jesus não nos deu um novo evangelho. Abraão já o possuía. Davi o
experimentou. Em Jesus Cristo nós temos a certeza como jamais poderia
ter sido dada anteriormente. E Cristo então diz: "Teus pecados te foram
perdoados." E também diz: "Vai e não peques mais."
Algumas pessoas ficam tão entusiasmadas com o perdão, e eu
gostaria que todos nós ficássemos mais entusiasmados com o perdão,
porque essa mensagem é a que todos os que vêm aos cultos no sábado
mais precisam ouvir. Jamais preguem uma mensagem sem incutir o
evangelho nela. Não comecem pregando sobre santificação. Jamais
comecem um sermão dizendo o que eles precisam fazer. Comecem
sempre como a Bíblia o faz, como as cartas dos apóstolos ensinam, como
no dia do Pentecostes – primeiro falem a respeito do que Deus, e então
como resultado o que nós faremos. Primeiro justificação, e depois
santificação.
E então justificação e santificação. Lembrem sempre da raiz.
Primeiro a raiz. Sem raiz, não há fruto. E é verdade que a raiz não
precisa ser vista, a raiz está escondida mas está firme sob o solo, mas os
frutos são visíveis para todos.
Quando vocês querem mais fruto, vocês não falam com a árvore:
"Você precisa produzir mais fruto!", porque a árvore não se impressiona
com sua fala. E a árvore diz: "Então você quer mais fruto? Me dê melhor
alimento para as minhas raízes, e automaticamente eu vou produzir
fruto." A cura está na raiz. Levem as pessoas a amarem e terem gratidão
para com Deus, e eles serão mudados. Agora podemos ver como Abraão,
Moisés e Davi, todos eles possuíam em essência o mesmo evangelho de
Deus.
Agora precisamos passar para um novo tema e entrar nele.

4. A Promessa de uma Nova Aliança


Agora a promessa de uma nova aliança no Antigo Testamento. Nós
temos então a promessa de uma nova aliança.
O Israel de Deus na Profecia 51
a) Explicação dos textos: Jer. 31:31-34; Ezeq. 36:26-28
Lemos em Jeremias 31 e Ezequiel 36:26-28, e poderíamos falar
também de Daniel 9.
Agora este tema é muito importante, porque ele complementa o
nosso tema.
Que necessidade tem Deus de fazer uma nova aliança com Seu
povo? Agora podemos chegar a uma tremenda conclusão. Poderemos
dizer: Por que a antiga aliança não era suficientemente boa? E então nós
culpamos a Deus, dizendo: Senhor, não podes fazer um trabalho melhor?
Seria uma conclusão errônea dizermos que Ele precisava melhorar. A
antiga aliança feita com Abraão, Moisés era uma aliança muito boa.
Continha tanto a lei de Deus como o perdão. E tudo estava lá dentro do
santuário de Israel. Na arca sagrada estava a lei. Era uma caixa dentro da
qual estava a lei da aliança, e sobre ela estava o propiciatório ou trono da
misericórdia.
Vejam que a lei estava debaixo da mesa e o sumo sacerdote
espargia o sangue da expiação sobre o propiciatório. E aí você pode ver
que há uma conexão entre a lei e a graça. Sem lei não há necessidade de
graça. Os egípcios não possuíam a graça. Os babilônios não conheciam
nada a respeito de perdão. Somente Israel possuía um Deus que perdoava
pecados e conduzia o povo de volta em harmonia com os Seus princípios
sagrados.
Tão logo Deus escreveu os Dez Mandamentos em Êxodo 20, como
o povo reagiu quando Moisés permaneceu 40 dias no monte? Deus havia
declarado: “Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito,
da casa da servidão.” Portanto os Dez Mandamentos foram promulgados
pelo Redentor, e foram concedidos a um povo redimido.
O sábado é para um povo redimido. Primeiro você precisa ser
redimido para depois poder observar o sábado. E Deus declara: “Não
terás outros deuses diante de mim.”
O Israel de Deus na Profecia 52
Quanto tempo demorou depois da promulgação da lei para Israel
estar adorando um bezerro de ouro? Não demorou 6 semanas, dentro de
40 dias. A apostasia pode ocorrer muito rapidamente.
Agora Deus foi verdadeiramente desapontado. Deus foi magoado.
Ele ficou surpreso, de que o Seu próprio povo poderia ser tão fixado e
preso à idolatria egípcia. E Moisés se ergueu e suplicou por uma nova
oportunidade. E ele então disse: “Senhor, lembra-te da Tua aliança.” E
Deus disse: “Moisés, vem cá, eu vou novamente escrever a Minha lei.”
Isto está em Êxodo 34.
Deus fez duas alianças no monte Sinai. E a segunda aliança feita lá
era mais cheia de graça, era ampliada.
E Êxodo 34:6 e 7 constitui um dos textos mais importes da Bíblia.
Deus diz quem Ele é no Seu coração, Deus declara quem Ele próprio é.
É a expressão máxima sobre o caráter do próprio Deus e o que Deus
declarou a respeito de Si mesmo. “Eu sou o Deus da graça, da
compaixão e da misericórdia.”
Isso é a antiga aliança. É o mesmo Deus Jesus Cristo. E Deus
declarou: Se o povo não se arrepender eles terão a simples condenação e
permanecerão sob a culpa.
Nós encontramos aqui uma tensão dentro do próprio caráter de
Deus. Deus, por um lado, promete: “Eu perdoarei todos os vossos
pecados e a vossa rebelião”, mas por outro lado: “Também trarei a vós a
condenação e a punição.” E a condição essencial é: “Se não vos
arrependerdes.”
Qual foi o problema quando a aliança foi quebrada? Não porque
Deus tivesse promulgado uma aliança inferior, não porque Deus tivesse
mudado a Sua idéia somente, mas foi Israel que falhou e quebrou. Foi a
mente e o coração de Israel que estava entregue ao pecado e à idolatria
pecaminosa.
E você pensa que isso só aconteceu durante os 40 dias que Moisés
esteve lá? Não, aconteceu repetidamente. E toda vez que havia essa
recaída Israel necessitava ter a sua aliança restaurada. E por isso é que
O Israel de Deus na Profecia 53
Deus atuava anualmente na Páscoa e no Dia da Expiação. Estas festas
eram renovações da aliança de Deus.
Nós necessitamos de reavivamento de tempo em tempo. Você e eu
precisamos reavivamento. O nosso povo necessita desesperadamente de
reavivamento. Especialmente quando o povo está diante do juízo precisa
de reavivamento de reavivamento.
Qual foi no Antigo Testamento o juízo mais severo que Deus
colocou sobre o Seu povo? Primeiro Ele deu às 10 tribos no Reino do
Norte, e cerca de 10 anos depois para as duas tribos restantes em
Jerusalém. Qual foi esse duplo juízo de condenação e quanto tempo
durou?
E aqui está o centro da história do Antigo Testamento. Se nós não
compreendermos esta parte central, nós não iremos entender o Antigo
Testamento como um todo. Assim, quais foram esses juízos divinos?
Devem saber. Eu vou contar a vocês. Está em cada um dos exílios do
Antigo Testamento.
Dez tribos levadas para a Assíria no ano 722-721 a.C. E vocês
diriam: “Bem, então as duas tribos restantes aprenderam a lição.” Mas
não aprenderam. Portanto, no ano 605 a.C. Judá, Benjamim e os levitas
foram levados cativos para Babilônia. E Deus usou Nabucodonosor para
castigar em sua melhor natureza ao Seu próprio povo. Mas desta vez
Deus disse quanto tempo eles permaneceriam no cativeiro babilônico.
Quanto tempo? 70 anos. Todos nós sabemos: 70 anos. Em Jeremias
25 e 29 Deus disse que o cativeiro duraria 70 anos. Isso envolve quase
duas gerações.
O que é que os pais desobedientes diriam aos seus filhos? “Nós
estamos muito entristecidos porque estamos em Babilônia e teremos que
permanecer aqui durante muito tempo. Mas quem sabe vocês é que
retornarão. E os nossos netos – os seus filhos – com certeza retornarão
para Jerusalém.” Mas Jeremias 29 declara: “Vocês precisam buscar ao
Senhor de todo o coração para que isso aconteça.” Porque Deus disse:
O Israel de Deus na Profecia 54
“Eu quero um novo povo em uma nova aliança quando retornar a
Jerusalém.”
Então encontramos a promessa contida em Jeremias 31:31-34. E
esta é o única passagem que menciona explicitamente a expressão “nova
aliança”.
“Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança
com a casa de Israel e com a casa de Judá.”
Aqui vem a pergunta: Qual é o significado da nova aliança e
quando começaria? Qual é o conteúdo? Qual é a diferença? Qual é a
semelhança? Um monte de perguntas e precisamos obter respostas a
todas elas.
Pastores superficiais apresentam respostas simplistas. E é por isso
que temos visto muitos abandonarem. Onde está o problema? “Ah, ele
não crê mais nisso!” Por que não? Ele crê na nova aliança. O que é isso?
Será que não teve treinamento? Não, porque estava sempre visitando, ele
nunca estudava. Ele foi embora porque não tinha rampa, ele pegava um
pedaço de texto aqui, um pedaço ali.
Isso precisa mudar! Nós precisamos voltar à Bíblia e estudá-la. Nós
temos que abandonar estas construções doutrinárias baseadas em textos
isolados, temos que caminhar com Deus através da história, temos que
pisar nas pegadas de Deus, temos que perceber a continuidade do plano
divino da redenção, temos que pensar em salvação em termos de história.
Vocês vejam aqui em Jeremias 31. Eu fiz uma introdução histórica
para vocês. Como quem foi Jeremias, quando ele viveu, onde Israel
estava, e então podemos penetrar nas emoções e nas necessidades.
Porque eles estavam no cativeiro babilônico. O povo está sedento de
receber estas informações adicionais.
Um grande e bom pregador sempre é um bom contador de histórias.
Ele sempre conta o fato como ele ocorreu historicamente. Também usa
os livros de Ellen White Patriarcas e Profetas, Profetas e Reis. Usem
estes livros para obter dados tornar os seus sermões mais vívidos e
realistas. As pessoas sempre se interessaram em outras pessoas. As
O Israel de Deus na Profecia 55
pessoas ficam contentes quando nós dizemos: “Ah, aquele lá fez errado;
aquele lá também errou, e ela também estava errada!” Daí eles se abrem.
Mas se você disser: “Você está errado!”, eles se fecham.
Como é que Davi foi convencido pelo profeta Natã? O profeta
disse: “Davi, eu tenho uma história para lhe contar. Há um homem no
seu reino muito rico, com abundância de gado, mas tem um vizinho
muito pobre: tem apenas um cordeiro. E ele foi ao seu vizinho, matou o
seu cordeiro para saboreá-lo.” O que disse Davi como resposta? Davi
disse: “Esse homem deve morrer!” Agora, o que ele estava fazendo era
pronunciar a seu própria condenação; e não sabia.
Este é o método de abordagem indireta. Este é o método pastoral.
Contem a história de Israel. Cada judeu, cada cristão vai dizer: “Isto é
um fato, é a história.” Então permitam que o Espírito Santo conduza o
povo a conclusões sábias. “Você é esta pessoa, mas também há a mesma
esperança para você como houve para tantos.”
Elias declarou a Israel: “O Senhor diz: Farei uma nova aliança, e
vocês voltarão. A sua antiga terra será uma nova terra. E Eu vou dar-lhes
um novo templo em que poderão adorar. E então o Messias virá e o
Paraíso será restaurado.” E então a nova aliança recebe uma dimensão
escatológica. A nova aliança é para novo Israel espiritual.
Jeremias 31:32 – “Não conforme a aliança que fiz com seus pais,
no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito;
porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver
desposado, diz o SENHOR.”
Este versículo pode também levar a conclusões errôneas. Então se
declara: “A velha aliança mosaica está no passado! Agora temos uma
nova aliança!”
Mas Deus promete uma nova aliança mas não uma nova lei. Eu vou
repetir isso: Deus prometeu uma nova aliança para Israel, mas Ele não
prometeu uma nova lei. Então este é o ponto. O ponto é que tendo a
antiga aliança falhado porque Israel quebrou essa aliança, então qual é o
problema da velha aliança? Estava com a aliança? Estava com Deus?
O Israel de Deus na Profecia 56
Estava com a lei? Onde estava o problema? Estava no coração humano. e
ainda é o problema hoje. A nova aliança é uma promessa de receber um
novo coração que não quebrará a aliança, que não será mais
desobediente, mas que guardará a lei de Deus a partir do amor a Deus.
Então leiamos o versículo 33: “Porque esta é a aliança que firmarei
com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente,
lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu
serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. 34Não ensinará jamais cada
um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao
SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior
deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus
pecados jamais me lembrarei.”
Muito disso já se cumpriu em Abraão e Davi.
A primeira exigência é que pratiquemos exegese, interpretação do
texto. Esta é a única autoridade. Para que possamos refutar objeções
errôneas primeiro nós precisamos concentrar-nos na verdade antes de
podermos trabalhar com o erro. Deus declara: “Farei algo no coração
humano.”
O que Ele prometeu fazer no coração? Ele disse: “Vou colocar amor
no seu coração”? Não, Ele não declara isso. Ele diz: “Colocarei” o que
em seu coração? Ele não disse: “a lei”, mas: “a Minha lei”. Isto é muito
importante. É a lei de Deus que vai ser implantada no coração. Deus
colocará em nossa mente, isto é, em nossa razão, e em nosso coração,
nossa vontade de praticar. É claro que isto implica em amor, mas é amor
inteligente – é o amor da obediência.
Este é um ingrediente essencial da nova aliança.
Agora eu tenho uma pergunta: Deus não fez isso para Abraão ou
para Davi? Qual é a diferença aqui com a aliança mosaica? Será que a
aliança mosaica não possuía isto? Aqui está o ponto crítico. Vamos ver
isto preto e branco? Mas o que estudamos em toda esta manhã?
O Israel de Deus na Profecia 57
Abraão foi justificado pela fé somente mas como conseqüência ele
obedeceu aos Dez Mandamentos. Gênesis 26:5. No cap. 22 ele esteve
disposto a sacrificar Isaque como um sacrifício, obedecendo.
E Davi? Moisés? Todos eles já possuíam isto. Então qual é a
diferença? Eram pessoas isoladas que possuíam esse espírito. A
diferença é que na nova aliança Deus declara: “Eu quero que cada
indivíduo experimente esta experiência sem exceção, do menor ao maior,
cada um deve fruir esta experiência de relacionamento com Deus.”

b) Amor e Obediência
Agora, este é um novo elemento, porque cada israelita pertence ao
Israel espiritual – cada um iria fruir a experiência do perdão de pecados.
Que tipo de tempo é este? Este é o tempo quando o Espírito Santo
será derramado. Não se esqueçam de Joel 2:28 e 29. Também é
promessa de uma nova aliança. Mas aí não é a lei que está no centro mas
o Espírito Santo ou o Espírito de YAHWEH que toma a preeminência.
Portanto na nova aliança nós temos a lei de Deus em nosso coração e o
Espírito Santo será derramado sobre toda a carne.
Poderemos nós voltar e decidir qual deles nós preferimos: Podemos
declarar que os adventistas têm a lei, os pentecostais têm o Espírito
Santo?
Vamos ler outro contemporâneo de Jeremias. Viveram na mesma
época e podemos dizer que eles eram amigos. Jeremias viveu em
Jerusalém e Ezequiel era um cativo em Babilônia. E Ezequiel falou ao
mesmo povo a quem falou Jeremias. Todos estavam sofrendo a
condenação dos filhos de Deus no cativeiro babilônico.
Leiamos Ezequiel 36:26: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro
de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei
coração de carne.”
Verso 27: “Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis
nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.”
O Israel de Deus na Profecia 58
Eu quero que vocês agora juntem isso. Como é que podemos juntar
as mensagens de Jeremias e Ezequiel? Agora nós chegamos a um nível
mais elevado de teologia. Agora começamos a olhar com ambos os
olhos. Agora vamos unir Jeremias e Ezequiel para termos uma visão do
cumprimento da nova aliança.

Jeremias Minhas LEIS no coração


Ezequiel Meu Espírito no coração

Eu pergunto a vocês: O que é que Jeremias disse que Deus ia pôr no


coração? Deus prometeu através de Jeremias: “As Minhas leis no
coração”. E o que é que Ezequiel declara em Ezequiel 36 verso 27? “O
Meu Espírito no coração”.
Assim nós temos a lei de Deus bem como o Espírito de Deus dentro
do coração. Isso é revolucionário. É a solução, porque um não substitui o
outro. Tanto a lei como o Espírito vivem em perfeita harmonia,
coexistem no coração. Esta é uma solução explosiva para o nosso
coração porque o Espírito é o poder motivador para produzir o amor e a
obediência. E nisto nós encontramos uma harmonia adequada entre a lei
de Deus e o Espírito de Deus. Portanto quanto mais tivermos do Espírito
Santo tanto mais nós nos submeteremos e obedeceremos a lei de Deus.
Porque o Espírito Santo não substitui a lei de Deus.
Há um texto em Efésios 6:17, dizendo que a Palavra de Deus é a
Espada do Espírito. Assim nós encontramos que a Palavra de Deus é o
instrumento do Espírito Santo. O Espírito Santo produziu a Bíblia. O
Espírito não é contra a Bíblia mas Ele a produziu. Ele produz uma
melhor compreensão da Palavra de Deus e Ele nos estimula a submeter-
nos e a desfrutar a obediência.
E isso podemos compreender melhor lendo os Salmos 1, 19 e 119.
Ele diz: “Oh, quanto amo a tua lei em todo o tempo.” Este é o legítimo
israelita espiritual. Todos os salmos foram escritos por israelitas
espirituais. Eles tinham renascido e eles testificaram de seu amor para
O Israel de Deus na Profecia 59
com a lei de Deus, especialmente no Salmo 119. É o salmo preferido de
Jesus. Ele podia recitá-lo quando era um adolescente, de acordo com O
Desejado de Todas as Nações.
Assim podemos ver que Jesus amava os Salmos, especialmente os
Salmos da sabedoria – 1, 19, 119. Os salmos nunca falam a respeito de
justificação de maneira isolada.
Para concluir vamos voltar ao Salmo 32. E então vamos entender
como existe um equilíbrio muito bonito.
Versículo 8: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves
seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho. 9Não sejais como o
cavalo ou a mula, sem entendimento.”
Depois de falar tanto sobre o perdão e justificação, talvez nós
terminaríamos o sermão com o verso 7. Agora, você podem ir, vamos
rejubilar em nosso perdão. O salmista diz: Não, ainda não. Vocês
ouviram falar de justificação; agora vamos falar sobre a vida santificada.
Ele trata agora de uma nova obediência. Agora fala da obediência à
lei, à vontade de Deus. E o salmista não tinha quis usar a palavra lei aqui
e ele começa a falar sobre o conselho. E este conselho divino para ele era
o fruto do Espírito. Ele queria ser ensinado. Ele recebeu um espírito
passivo de ser ensinado, ele queria aprender, conhecer e saber mais sobre
a vontade e o caráter de Deus. E Deus disse: “Muito bem, Eu lhe ensino;
não seja como o cavalo que precisa ser forçado a obedecer.”
Vocês sabem como eles fazem com os cavalos, que forçam a
sofrimento os cavalos. E Deus diz: “Você não deve ser como um cavalo.
Você deveria praticar obediência inteligente, obediência voluntária.
E o último texto desta manhã é Isaías 1:18. Deus diz: “Vinde, pois,
e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como
a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve.” E é isto que nós
geralmente citamos neste texto.
Agora vejam o versículo 19: “Se vocês estiverem dispostos a
obedecer, comerão os melhores frutos desta terra.” (NVI)
O Israel de Deus na Profecia 60
Exatamente como no Salmo 32: justificação em primeiro lugar
seguida pela santificação. E qual é a conexão? Um novo coração para
um relacionamento orgânico. Você não pode ter um sem o outro. Assim
como os dedos aparecem a partir da mão, a santificação flui a partir da
justificação. E este é o ensino do Antigo Testamento, da antiga aliança.
Algumas coisas mais podem ser ditas a respeito deste assunto. Mas
agora vocês já receberam um crédito importante. Mas amanhã [a seguir]
vamos concentrar a atenção no Novo Testamento. E vamos notar como
Paulo estava lutando com estes fariseus e com os legalistas cristãos.

IV. NOVO TESTAMENTO

Bom dia queridos amigos, eu espero que tenham tido uma boa noite
de repouso, que não vão dormir agora, porque temos coisas
importantíssimas para discutir.
Pergunto-lhes: Têm certeza de que o assunto de ontem ficou claro
para vocês?
Agora vamos entrar no Novo Testamento. Quem sabe seja um
terreno mais conhecido. Mas nós só podemos compreender o Novo
Testamento, tendo a luz que vem do Antigo Testamento. E somente
poderemos conhecer cada livro dentro do seu contexto histórico.
Quantos anos existem no período entre o Antigo e o Novo
Testamento? Mais do que 400 anos. É de um modo especial um tempo
bastante longo.
Qual foi a história de Israel nesse período? É a velha história dos
Macabeus. Precisamos saber isso. Por isso é recomendado que se leia os
livros dos Macabeus. E assim conhecendo esses tempos dos Macabeus
conheceremos melhor o que aconteceu quando Jesus veio. E saberemos
por que eles festejavam a chamada festa haliká – a dedicação do templo,
a rededicação, a purificação do templo. E eles criam que era um
cumprimento da profecia de Daniel 8:14.
O Israel de Deus na Profecia 61
Os Macabeus resolviam os problemas especialmente em cima das
epifanias. Os Macabeus haviam purificado o santuário. E é uma festa que
eles comemoram até o dia de hoje, também chamada a Festa das Luzes.

1. Mateus
Agora vamos chegar ao livro de Mateus. Para quem Mateus
escreveu o seu Evangelho? Quem era a sua audiência? Precisamos saber
essas coisas para realizarmos exegese correta das Escrituras. Cada
escritor de cada Evangelho tinha em mente uma audiência especial,
especialmente focalizando o povo judeu. E por isso ele cita tantas vezes
as Escrituras Hebraicas, mais de 100 vezes “para que se cumprisse o que
foi dito” e citava. Isto se tornava numa citação de autoridade para os
judeus. O povo judeu não estava unificado em uma única opinião.
Durante aqueles 400 anos eles desenvolveram diferentes pontos de
vista e diferentes grupos. Assim como no cristianismo nós temos
protestantes, católicos romanos, ortodoxos orientais, e dentro de cada
grupo nós temos a ala da direita, a ala da esquerda.

a) Quatro grupos: fariseus, saduceus, essênios e zelotes


Dentro do judaísmo foi desenvolvido um partido chamado os
fariseus, conduzidos pelos rabinos. Estes eram descendentes dos
Macabeus, eram fundamentalistas. Eles criam que eles eram o fiel
remanescente de Israel. Eram muito estritos. Eles criam que deveriam
viver estritamente dentro de toda a lei. Mesmo os leigos deveriam viver
estritamente dentro dos livro das leis que eles possuíam.
Eles eram um bom exemplo dos adventistas do sétimo dia.
Devolviam um dízimo ou um duplo dízimo. E na minha família tenho
um membro que devolve um duplo dízimo. E agora, é claro, ele não
pode voltar atrás e devolver um dízimo somente. Isto seria para ele
apostasia. Então agora ele está forçado a pagar os dois dízimos o resto da
sua vida para não apostatar.
O Israel de Deus na Profecia 62
E por que as pessoas fazem isso? Alguns possuem motivação
diferente, mas eu suspeito que uma das motivações seja a de ser melhor.
Se você faz mais do que o próprio Deus pediu Deus poderá conceder
uma bênção adicional. Você está garantindo com mais segurança a sua
salvação eterna. Bem, nós condenaríamos isto, sem dúvida.
Então, os fariseus denominavam-se a si próprios “os separados”,
porque o nome fariseu significa “separado”.
Agora, havia outro partido dentro do judaísmo, na maioria
composta de sacerdotes, que se chamava saduceus. Eles eram
descendentes do sumo sacerdote Zadoque. Eles eram os intelectuais. E
geralmente os intelectuais têm uma mente mais liberal. E eles então eram
críticos ao extremo sobre a sua própria guarnição. Eles analisavam muito
mais as Escrituras. E eles diziam: “Somente os livros de Moisés possuem
autoridade. Todos os livros escritos pelos profetas são tradição.” E como
conseqüência, eles negavam a ressurreição dos mortos, não criam em
anjos. Eles até mesmo criam na filosofia grega da dicotomia entre corpo
e alma por ocasião da morte. Os saduceus eram os mais poderosos nos
dias de Jesus. Jesus declarou-lhes: “Vocês não conhecem as Escrituras
nem o poder de Deus.”
Mas havia outros partidos. E havia um partido que tanto para os
fariseus como para os saduceus era considerado corrupto. E um dos
sacerdotes havia se separado do templo de Jerusalém e disse: “Nós não
podemos manter contato com estes judeus impuros.” Eles saíram e foram
para o deserto e se estabeleceram junto ao Mar Morto. E eles construíam
as suas casas em cavernas, e criam: “Nós é que somos o verdadeiro
remanescente de Israel.”
Então, dentro do judaísmo havia esta competição real sobre quem
era o verdadeiro remanescente. E cada grupo buscava viver uma vida
mais estrita do que o outro. Esse terceiro grupo é mencionado pelo
historiador Flávio Josefo como os essênios. E parte deste grupo dos
essênios vivia na região de Qumran. Os eruditos os chamam de os
essênios de Qumran.
O Israel de Deus na Profecia 63
Como todos nós sabemos esses lugares do Mar Morto foram feitos
após a Segunda Grande Guerra e são os Rolos de Qumran. Eu precisei
estudar estes rolos para minha dissertação doutoral.
Mas além desses três havia mais um partido. Eram os ativistas
militantes políticos, eram os chamados zelotes. Eles foram inspirados a
tomar armas e planejavam matar soldados romanos, e eram muitas vezes
inescrupulosos. E por causa de suas convicções eles chegaram ao
extremo de assaltar outros judeus.
Agora, todos estes quatro grupos estão representados em Mateus.
Quanto mais conhecermos detalhes a respeito desses quatro grupos tanto
melhor poderemos ilustrar os sermões dentro de uma produção de
sermões. Pastores precisam recriar o esquema histórico dentro dos seus
sermões. Pastores precisam ser bons contadores de história. Eles
precisam pintar diante dos olhos da audiência um quadro indicando o
que aconteceu. E é por isso que eles precisam conhecer a história dos
tempos da Bíblia.

2. Personagens do NT
(1) João Batista
Nós temos também no Novo Testamento em primeiro lugar João
Batista. Alguns declaram que ele surgiu dos Essênios. Mas isso não é
algo que possa ser comprovada. O que se pode dizer é que ele era um
solitário que vivia sozinho. Mas ele surgiu de repente com uma
mensagem revolucionária. E também foi ao deserto. A sua mensagem
era: “Arrependei-vos porque o Messias está no dobrar a esquina. E quem
se arrepender deve ser batizado como se fosse um gentio.”
A circuncisão não é boa o suficiente e isso naturalmente era
ofensivo aos judeus. Porque para os judeus piedosos eles já eram os
filhos de Deus. Se você era circuncidado, você não quereria ser tratado
como um gentio. Portanto somente os que precisavam de arrependimento
e que se arrependiam poderiam passar pelo ritual do batismo. E claro, o
O Israel de Deus na Profecia 64
batismo tinha um significado muito simples: era o lavar e o perdão de
seus pecados.
O apóstolo Paulo confere ao batismo um significado muito mais
ampliado porque concentra em Jesus. Ele disse: “Se vocês foram
batizados no batismo de João precisam ser rebatizados no batismo de
Cristo.”
João Batista criou em torno de si um grupo de seguidores, e eles
acreditavam que eram os verdadeiros remanescentes. E nessa ocasião
eles estavam certos porque Jesus aceitou João Batista e seus seguidores
como o verdadeiro povo remanescente. O próprio Jesus desejou ser
batizado.

(2) JESUS
(a) Jesus, o Filho do Homem
Marcos 10:45 – “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”
O que significa isto? Se eu não sei nada a respeito eu vou perguntar:
O que isto quer dizer? Então vou continuar. Sempre temos que
perguntar: O que isto quer dizer? E assim, conhecendo, podemos melhor
comunicar a mensagem.
Como Jesus Se chama a Si mesmo? “Filho do Homem”. Por que
Ele disse isso? Por que Ele não disse: “O Messias”? Por que Ele disse:
“O Filho do Homem”? Ele inventou este título? Ou Ele adotou esse
nome das Escrituras? Onde nas Escrituras encontramos esta expressão?
De Daniel. Daniel 7:13-14.
É certo que Daniel em visão viu o Messias celestial, que não era
chamado O Filho do Homem, mas descrito como alguém parecido como
o filho do homem, porque no céu se assemelhava a um ser humano.
Portanto, originalmente isso não era o título messiânico, mas tornou-se o
título do Messias nos lábios do próprio Cristo.
E mesmo o livro hebraico – o Livro de Enoque – descreve o último
juízo como do Filho do Homem.
O Israel de Deus na Profecia 65
O que é que este ser celestial, parecido com o filho do homem,
recebe como sua missão em Daniel 7? Ele recebe o reinado para todo o
planeta Terra. Ele recebe toda a honra, e todo o poder e toda a glória de
toda a humanidade, e recebe durante o período do juízo celestial. E por
essa razão Ele precisava deixar o céu, vir à Terra para Se tornar o Rei.
Uma hoste total dos anjos O conduz a Deus o Pai como se fosse
uma carruagem real, declarando a expressão: “Ele veio ao Pai como
numa nuvem.” Não eram nuvens como temos aqui na Terra, mas como
nuvens descritas de anjos. E esta é a expressão: “Cristo está voltando
com as nuvens dos céus.” Porque quando Ele vier a segunda vez dos
céus à Terra, Ele virá com nuvens de anjos. Isso não significa nuvens de
chuva. É a mesma nuvem de anjos que foi descrita a primeira vez lá no
céu. Mas eu creio que vocês já sabiam de tudo isso.
Em Daniel 7:13 não há sofrimento para o filho do homem, há
somente glória e poder. E agora nesse texto que lemos quando Jesus
declara de Si mesmo que Ele é o Filho do Homem, isto traria à mente
dos judeus uma impressão muito grande: “E onde está a Sua glória de
Rei? Onde está a nuvem dos anjos? Por que Você parece tão simples –
um carpinteiro? E por que Você está seguindo o caminho do sofrimento
e da cruz?”
Vocês estão entendendo as perguntas? Jesus não queria chamar-Se
a Si mesmo o Messias, porque o conceito de Messias para os judeus
estava politizado – o Messias era uma figura política. Poderão ver isso
nos escritos apócrifos dos judeus, nos Cânticos de Salomão que eles
possuíam: seria um Messias como no Salmo 2, que viria com espada e
com vitória para conquistar o império todo. “Esta vez – declarou Ele –
tenho uma missão diferente.”
Vamos ler agora, tendo o conhecimento:
“Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido” como
um rei, “mas Eu vim “para servir”.
O Israel de Deus na Profecia 66
b) Jesus Veio para Servir
Vamos parar por um momento. Agora estamos no 2º ponto: Ele
veio para servir. O que significa isso? Será que quer dizer que Ele veio
estabelecer o LaRondelle? Não, não significa isso. Ele veio para um
servir muito mais importante.
Agora, qual é o contexto histórico do Antigo Testamento para
servir? Onde o Messias é chamado Servo, Servo de YAHWEH?
Isaías 53 é o contexto original. Agora encontramos uma nova
perspectiva. Ele percebe a Sua própria missão total na Terra como
cumprimento da profecia dada por Isaías no capítulo 53. Desde o seu
batismo o Pai declarava: “Este é o Meu Filho amado!”, que eram as
próprias palavras de Isaías 42:1. Jesus percebeu que Ele poderia tornar-
Se o cumprimento deste Servo de YAHWEH, como está apresentado em
Isaías 42-53. Estes capítulos são uma unidade inquebrantável.
Assim estas pequenas indicações provêm de um conjunto no
contexto do Antigo Testamento, especialmente de Isaías e formam como
seria o Servo do Senhor. Todos nós sabemos que o Servo de YAHWEH
viria para sofrer e morrer. Seria como um “homem de dores, rejeitado
pelos homens”. Ele entregaria a Sua alma à morte para que muitos
pudessem ser justificados.
Isso é a altura máxima a que chega o Antigo Testamento. E isso
explica o porquê da morte de cordeiros, de touros, de bodes e o que estes
sacrifícios apontavam e para Quem. E esse é o único lugar onde os
sacrifícios feitos no santuário são explicados. É o clímax máximo da
soteriologia (doutrina da salvação) no Antigo Testamento.
E Jesus cita este texto em outro lugar: Lucas 22:37.
Jesus compreendia que em Isaías 53 estava o padrão, o modelo do
porquê Ele havia vindo a este mundo. E tudo está incluído na explicação
de servir que Jesus deu: “Vou dar a Minha vida como resgate.” E outra
palavra para “resgate” é substituto.
Jesus Cristo veio como um Sacrifício expiatório para cumprir todos
os sacrifícios dos rituais do templo. E isso foi a surpresa. O divino Filho
O Israel de Deus na Profecia 67
do Homem o que fez Ele? O que é que Jesus fez com Daniel e Isaías?
Ambos eram profetas messiânicos, mas nenhum rabino jamais havia
combinado a ambos os profetas. Jesus foi o primeiro no judaísmo que
uniu o Messias celestial com o Messias-Servo.
Nem os próprios discípulos de Jesus entenderam isso. E mesmo
quando Ele morreu ainda assim os discípulos não entenderam, e eles
disseram: “Nós pensamos que Ele viria para remir a Israel!” Mas todas
as suas esperanças se desvaneceram quando Jesus foi sepultado no
túmulo de José de Arimatéia.
Agora vocês podem compreender esse gênio revolucionário de
Jesus? Ele disse: “O Filho do Homem precisa em primeiro lugar de
servir e se transformar num Servo.” Ele primeiro precisa sofrer para
depois poder ascender em glória. Assim como está no Salmo 2.
O mesmo podemos dizer da vida de Davi. Davi foi rejeitado – até
pelo próprio Samuel. Mas depois Deus disse para Samuel: “Você deve
ungi-lo.” E Davi foi perseguido por Saul, e ele precisava viver escondido
em cavernas como um animal, mas depois disso ele foi ungido três vezes
para tornar-se rei. E ele descreve esse movimento que é a humilhação e a
exaltação. Isto está no Salmo 22. É um maravilhoso salmo para pregar.
Porque nós temos em Davi um quadro histórico do que aconteceria com
o Messias.
A primeira parte do Salmo 22 fala de dor, perseguição, sofrimento.
Ele declara: “Os meus perseguidores venderam as minhas roupas, e eles
estavam ferindo as minhas mãos.” Mas no verso 22 diz que veio a
libertação para ele. E então das profundezas da morte Davi é erguido
triunfalmente para a glória e soberano rei sobre Israel e todas as nações.
Esta história do Salmo 22 é uma história dramática. Mas você tem
que apanhar o salmo como uma unidade indivisível. E Jesus lia o Salmo
22. O que é que Ele citou literalmente do Salmo 22? “Meu Deus, Meus
Deus por que me abandonaste?” Mas Jesus não cria somente no verso 1,
isto era apenas uma citação importante. Ele quando citou isso, o salmo
inteiro estava na sua mente. Por isso na cruz, em Seu coração, Jesus não
O Israel de Deus na Profecia 68
estava em desespero. Ele confiava que Deus cumpriria a segunda parte
do salmo nEle, que Ele ressurgiria como o glorioso Filho de Deus.
Portanto, Jesus possuía um tremendo conhecimento bíblico. Jesus
encontrou a Sua própria identidade nas Escrituras. Ele denominou-Se a
Si mesmo usando palavras e termos bíblicos.

V. COMO JESUS SE RELACIONOU COM O TORAH

Agora surge uma pergunta: Como é que Jesus Se relacionou com o


Torah ou a lei? Porque nosso assunto é também: Como Jesus Se
relacionou com o sábado e a lei, os Dez Mandamentos?
Torah é uma palavra usada na Bíblia, no Antigo Testamento, que é
traduzida geralmente como lei. Mas tanto eruditos judeus como eruditos
cristãos declaram que essa tradução da palavra Torah não é adequada,
porque a palavra lei no grego é NOMOS, e isto significa um código
moral. Os Dez Mandamentos são muito mais que um código moral.
No topo de tudo isso, Deus revelou muito mais do que normas e
regulamentos. A palavra Torah originalmente significava ensinamentos
de Yahweh. Os ensinamentos de Yahweh contêm muito mais do que
apenas o Decálogo. Até as cerimônias do santuário estavam incluídas no
Torah.
E o que é que Deus estava ensinando no santuário? A Sua graça, o
Seu perdão, a expiação. Portanto os ensinos de YAHWEH incluíam a lei
e a graça no santuário..
Ensinos de YAHWEH

LEI GRAÇA
Agora você tem o Torah num sentido mais amplificado. O Torah
possui dois braços: Lei e Graça.
O que ocorre se você vê no Torah apenas a lei? Você joga longe a
graça de Deus. Isso não é certo. Isso não é permissível. Então essas
O Israel de Deus na Profecia 69
pessoas, especialmente os evangélicos que falam: “A lei é ultrapassada.
A lei foi abolida!” essas coisas todas, eles não sabem nem o que significa
a palavra lei, porque eles não estudaram hebraico. E quando eles
começam a fazer isso, eles se tornam apóstatas.
E há um problema em cada um de nós que pode nos tornar um
apóstata, se não conhecemos o significado de algumas palavras
hebraicas. Precisamos saber o que é Torah, Shalom, Selakah. Nós
precisamos conhecer alguns conceitos de hebraico. O grego do Novo
Testamento precisa ser interpretado à luz dos conceitos hebraicos do
Antigo Testamento. Se não for assim, você vai entender o conceito de lei
apenas como um código moral com regulamentação de relacionamento.
E isso conduz ao nomismo ou legalismo. Porque você tem um conceito
muito pobre da palavra Torah.
Mas Deus jamais falou apenas em lei. Deus concedeu o Torah, no
qual a Sua lei e misericórdia estão incluídos. A tradução judaica do AT
traduz sempre Torah como ensinamentos. Eles sabem isso, mas os
cristãos são ignorantes. Por isso nós precisamos captar o verdadeiro
sentido teológico dos Evangelhos. O problema deles em colocarem em
oposição lei e graça não é bíblico. Na parte seguinte em nosso estudo
hoje vamos estudar Paulo em relação com a lei. Mas isso já se iniciou no
tempo de Jesus.
Os fariseus começaram a pensar legalisticamente. Eles não mais
possuíam o conceito verdadeiro de Torah. Torah é apresentado
especialmente nos Salmos 1, 19 e 119. E em nenhum desses salmos é
dito exclusivamente a lei. Todos estes capítulos falam sobre Torah.
Encontramos uma centena de vezes a palavra Torah. Porém nunca diz
simplesmente Torah., porque sempre diz Teu Torah. O Torah de
YAHWEH. Não proclama um estatuto, uma lei isolada, independente,
mas sempre como uma expressão pessoal de Deus, na qual Deus está
presente.
Diz no Salmo 19:7: “Torah YAHWEH anima”. “A lei do SENHOR
restaura a alma.” “A lei (Torah) do SENHOR é perfeita.”
O Israel de Deus na Profecia 70
A lei é perfeita porque tem essa dinâmica de restaurar a alma. Mas
isto só pode ocorrer quando o Espírito de Deus está envolvido no Torah.
Vamos abrir Isaías 59 para vermos como a lei e o Espírito
pertencem um ao outro.
Isaías 59:21: “Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o
SENHOR: o meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus
na tua boca, não se apartarão dela, nem da de teus filhos, nem da dos filhos
de teus filhos, não se apartarão desde agora e para todo o sempre, diz o
SENHOR.”
O que está sempre unido na aliança de Deus? E vimos isso na
segunda parte da última parte de nosso estudo anterior. O que é que unia
Jeremias e Ezequiel? O Espírito Santo. O Espírito de Deus unido à lei. É
uma unidade indissolúvel. A Bíblia chega até nós com o Espírito, dentro
dela, ao redor dela e por meio do Espírito.
Quando você estuda a Bíblia e percebe o seu conteúdo, o Espírito
está em ação para reavivar você. Quando você prega a Palavra de Deus o
Espírito atua no coração dos ouvintes para reavivá-los. E então você se
torna um instrumento nas mãos de Deus para tomar pessoas mortas e
trazê-las de volta à vida através da Palavra. Portanto remova
gradualmente sua própria idéia, seus próprios ensinamentos. Tome
menos tempo para ler mais sobre suas próprias idéias e dê mais espaço
para a Bíblia, como que a parte histórica da Bíblia. Ilustre os seus
sermões com histórias do Antigo e do Novo Testamentos. Comece com
o AT e conclua com o NT. Demonstre como Jesus era o cumprimento e a
manifestação destas coisas. Jesus conhecia o AT de cor. Ele podia citar
do AT e de todos os lugares.
Certa ocasião um fariseu estava testando a Jesus – Mateus 22. Um
fariseu se aproximou de Jesus e disse-Lhe: “Qual é o grande
mandamento no Torah ?”
O que vocês diriam? Bem, sabem o que Jesus disse? Vamos ler.
Mat. 22:37-39: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus,
de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.”
O Israel de Deus na Profecia 71
O que é que sobrou para você? Não sobrou nada para você. Você
ama ao Senhor de todo o seu coração, de toda a sua alma, de toda a sua
mente. Isso é parte da teologia. O teólogo ama ao Senhor com toda a sua
mente, o pastor ama a Deus com o seu coração. Agora tente ser o pastor
e o teólogo e você se tornará um grande pregador, porque você vai
atingir também coração e mente. Não conte só histórias de emoção, e
não ensine apenas verdades abstratas. Envolva o ser humano inteiro.
Jesus declarou: Ame a Deus totalmente, perfeitamente, com um
coração não dividido. Agora, é preciso orar para alcançar isso.
Jesus disse: “Este é o grande e primeiro mandamento.” Mas Ele
disse: Espere um pouco. Tenho algo mais a dizer a você. Há um
segundo, que é semelhante a este: “Amarás o teu próximo como a ti
mesmo.”
O homem ficou mudo! Ninguém jamais havia unido estes dois
conceitos. E Jesus não estava fabricando estes mandamentos. O amor a
Deus e o amor ao próximo não eram novidade – já estavam contidos no
Torah. Estão contidos em Deuteronômio 6:5 e Levítico 19:18. E Jesus
uniu os dois conceitos – amor supremo a Deus e amor ao semelhante –
juntou estes dois conceitos e o colocou em nível de igualdade. Isto era
algo novo na teologia judaica.
E vocês podem ver que os dois novos mandamentos de Jesus não
substituem os Dez Mandamentos. Por que não? Porque Moisés
apresentou os dois mandamentos da lei. Para Moisés eles estavam unidos
aos Dez Mandamentos.
Como estes dois mandamentos de amor se relacionavam aos Dez
Mandamentos? Há alguns pastores que não sabem responder isso. Agora,
se eles não sabem, como é que o nosso pobre povo saberá? Assim agora
eu estou perguntando: Como é que os dois mandamentos de amor estão
relacionados com os Dez Mandamentos? Vamos ler as últimas palavras
de Jesus.
Mat. 22:40: “Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os
Profetas.”
O Israel de Deus na Profecia 72
Aqui está a resposta. Agora explique. Você sempre tem que
perguntar: O que é que isso quer dizer? Pergunte às pessoas de sua
igreja: O que isso significa? Eles olham para você. Eles não têm a
resposta. Eles não foram ensinados a pensar. Muitos deles vêm do
catolicismo. Espera-se que eles não devem pensar. O sacerdote, o bispo,
o cardeal, o papa é que pensam. E o povo não sabe. Agora você tem que
ensiná-lo. E você pede que eles compreendam.
Muitos dizem: “Não, eu não preciso entender nada, eu só quero
obedecer.” Isto não é bom. Pessoas que simplesmente obedecem as
normas da igreja não são salvos. E você repentinamente pode perdê-los.
Não tragam simplesmente pessoas para dentro da igreja. Conduzam-nos
para dentro da Escritura e ponham as mãos deles unidas às mãos de
Jesus. Ensinem-nos a estudar corretamente a Bíblia. Desafiem os seus
membros. Perguntem a eles: “Vocês entendem o que estão lendo?” E
então expliquem a eles.
Portanto, no verso 40, o que é que Cristo quer dizer? Destes dois
mandamentos de amor penduram-se todos os demais.
Use ilustrações agora. Toda a porta tem duas dobradiças. Poderia
ser usada uma porta sem as dobradiças? Não, a porta ficaria fechada ou
aberta. As duas dobradiças são o amor a Deus e o amor ao semelhante.
Então estes dois conceitos são o poder que motiva a obediência aos Dez
Mandamentos. Eles se relacionam. Amar a Deus está revelado nos
quatro primeiros mandamentos do Decálogo. Como é que você ama os
seus semelhantes? Pelos seis últimos mandamentos.
Agora, vocês podem ver como ambos se relacionam.
E o que diríamos para pessoas que lhe dizem: “Nós não temos mais
Dez Mandamentos porque eram apenas para os judeus, nós temos dois
mandamentos conforme Cristo ordenou.” Vocês podem dizer isto:
“Vocês não estão entendendo o assunto. O amor nunca é uma lei por si
mesmo. O amor jamais substitui a lei. O amor cumpre, honra, respeita,
exalta a lei.”
O Israel de Deus na Profecia 73
VI. CARTAS PAULINAS

É claro que poderíamos estender muitas horas mais estudando. Não


teremos nem tempo para entrar no livro do Apocalipse. Mas vamos
reservar isso para algum tempo no futuro.
Nesse período quero falar sobre as Cartas Paulinas.

1. Carta aos Hebreus


Eu vou começar com a Carta aos Hebreus. Eu sei que os eruditos
teólogos não aceitam que Hebreus seja uma carta paulina, porque a carta
em si mesma é uma carta anônima. O que é que Deus está nos dizendo
numa carta anônima? Não fale sobre o autor, fale sobre a mensagem. A
Carta aos Hebreus é um sermão inspirado. Ali você encontra um perfeito
e completo sermão do tempo apostólico. Só o estudo desta carta, para
iniciar o seu estudo tomaria três dias. Vamos tentar abranger um pouco
em meia hora. E portanto escolhi nela alguns textos que se relacionam de
modo principal com o AT.
Escolhi discutir com vocês dois textos-chave ao AT contidos em
Hebreus.
O primeiro texto: Salmo 110:1 e 4, que são várias vezes citados e
se faz alusão a eles. Também o Salmo 110 é o salmo mais citado pelos
lábios de Jesus e também o texto mais citado em todo o NT. Em parte ou
totalmente ele é mencionado 26 vezes. Portanto este texto é de
importância crucial para a teologia do NT.
E o outro texto também de enorme importância é Jer. 31:31-34. E
nós já discutimos este texto anteriormente em conexão com Ezequiel 36.
Mas o nosso foco principal é: Qual foi o propósito da Carta aos
Hebreus? A quem foi escrita a carta? Quem eram os hebreus?
Aparentemente não eram gentios. Judeus cristãos. Provavelmente foi
escrita aos cristãos hebreus que moravam em Roma durante o terrível
reinado de Nero, que estava perseguindo os cristãos. O reinado de Nero
ocorreu no início dos anos 60 de nossa era.
O Israel de Deus na Profecia 74
O pensamento da carta estava dirigido principalmente para os
hebreus cristãos de Roma. E então nos dá uma visão geral sobre como
viviam os cristãos do início da era cristã. É uma carta apostólicas que era
dirigida a cristãos que eram não apenas perseguidos mas que poderiam
morrer sob as ordens de Nero, o imperador.
Portanto, aparentemente o templo em Jerusalém ainda não havia
sido destruído. Assim a destruição do templo no futuro seria um grande
choque tanto para os hebreus como para os cristãos.
Os cristãos em Jerusalém ainda estavam indo para o templo. O
sacerdócio levítico ainda era respeitado até mesmo pelos próprios
cristãos de Jerusalém. E a Carta aos Hebreus enfatiza todos estes
assuntos e perguntas. Muitos dos cristãos daquela época ainda eram
zelosos pelo Torah e pelas leis cerimoniais. Portanto naquela época o
cristianismo ainda não se havia separado do antigo judaísmo.
Agora, a Carta aos Hebreus começa falando sobre a superioridade
do ministério sacerdotal de Jesus sobre todos os outros intermediários
que havia. Abrindo o livro de Hebreus, vemos que nos primeiros versos
apresenta a revelação progressiva de Deus, partindo de Moisés e os
Profetas. Vamos ler os primeiros dois ou três versos.
Heb. 1:1-4: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas
maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho,
a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o
universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser,
sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a
purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas,
tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome
do que eles.”
Ele começa partindo de um ponto de vista comum a todos os judeus
a respeito da aliança de Deus.
Para a primeira sentença cada judeu podia dizer: Amem. Qual é a
primeira sentença? No passado Deus falou a nossos ancestrais muitas
vezes e em diferentes tempos. Ele faz uma conexão de continuidade
sobre as revelações de Deus através de todo o AT. É uma abordagem
O Israel de Deus na Profecia 75
psicológica muito boa – dizermos coisas para as quais o povo diga: Sim.
Reconhecer as boas coisas que Deus fez por eles no passado. E isso vai
causar confiança naquilo que você dirá depois.
E o que é que Ele diz depois?
Verso 2: “Nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem
constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.”
Agora os judeus não podiam dizer Amém para o segundo verso.
Agora eles precisavam dar um passo à frente. Porque agora, o autor
dizia, o Deus de Abraão, de Isaque de Jacó e de Moisés tinha falado ao
Seu povo por meio de Jesus. O mesmo Deus havia falado de novo mas
por meio de Jesus. E nesse passo à frente, ele faz a ponte entre o
judaísmo e o cristianismo. Ele não declara que Jesus é outro profeta, ele
não declara: “Maomé virá como o último profeta.” Ele diz: Jesus é
único. Ele é o Filho de Deus.
Para o judeu, quem era filho de Deus em particular? Havia um
membro oficial do povo de Israel que era chamado o filho de Deus.
Quem era ele? Você precisa saber disso, e é por isso que eu vou contar
para você. Era o rei. Salmo 2. Hoje Eu te tornei o Meu filho.
Cada vez que um rei da linhagem de Davi era entronizado recebia a
unção do Espírito como também Davi havia recebido. E ele então se
transformava num instrumento especial que seria usado por Deus para
governar todo o reino divino na Terra.
Portanto aqui temos uma conexão com o Salmo 2. Uma das dez
conexões com o AT contidas apenas no primeiro capítulo da Carta aos
Hebreus. Quando Jesus é considerado como um Rei da linhagem de Davi
Ele é mais do que um rei descendente de Davi, porque Ele não está
assentado em Jerusalém.
Onde Ele está assentado? Vamos olhar de novo.
Verso 3: “Assentou-se à direita da Majestade, nas alturas.”
Aquele que “depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-
se à direita da Majestade, nas alturas”.
O Israel de Deus na Profecia 76
a) Conexão com o AT: Salmo 110
Que conexão é feita aqui com o AT? Onde no AT encontramos a
predição de que o Messias Se assentaria à direita de Deus? Temos que
saber isto. No Salmo 110.
Sal. 110:1 – e este é o texto-chave para toda a Carta aos Hebreus:
“Disse o SENHOR ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu
ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.”
Vocês já leram isso antes, não leram? E Jesus também leu. E Ele
disse: Esta é a Minha missão. Porque Davi está falando sobre dois
senhores nos céus. E Jesus citou isso em Mateus 22. E a Carta aos
Hebreus se refere a este texto várias vezes. É um dos poucos textos que
apresenta a dualidade da Divindade no céu.
Esse é um texto muito apropriado quando fazemos evangelismo
com os judeus. E Deus diz: “Assenta-te à minha direita.”
O que significa “mão direita”? Será que não há um lugar do lado
esquerdo? Este texto possui significado simbólico no AT: “à direita”
significa um lugar de honra e de representatividade. Deus governa
através de Sua mão direita. Cristo é o co-Criador e o co-Regente com
Deus.
Quando Jesus cumpriu esta profecia? Não quando ainda estava na
Terra; mas ao ressurgiu dentre os mortos, Ele disse: Devo retornar ao
Meu Pai. E o que aconteceu no dia do Pentecostes? Quem derramou o
Espírito de Deus?
Pedro explica isto em Atos 2, e ele cita o Salmo 110. Ele disse:
Aqui está a prova de que vocês crucificaram o Messias, porque Ele
ressurgiu e ascendeu ao trono do céu, e Ele derramou o Espírito Santo
sobre nós, e agora vocês podem ver e ouvir a manifestação. Vocês não
podem negar que nós agora estamos falando em outras línguas.
Ninguém pode ver o que aconteceu no céu, mas nós temos a prova
de que Cristo foi entronizado e é o Rei lá no céu. Ele tem poder como
Rei mas é também Sacerdote. Porque lemos no versículo 4 [Sal. 110:4]
de que Ele seria também sacerdote: “O SENHOR jurou e não se
O Israel de Deus na Profecia 77
arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de
Melquisedeque.”
Então o que Se tornou Jesus quando Ele ressurgiu da tumba?
Pergunta: Era Ele Rei ou Sacerdote? Ambos. Muito bem, e quando Ele
vier a 2ª vez, Ele será o Rei e o Juiz. Mas sempre é Rei. E isto é bom
para nós, porque um sacerdote pode perdoar, mas um rei pode comunicar
poder. Nós precisamos justificação e santificação e a glorificação.
A Carta aos Hebreus começa exaltando a Cristo como a revelação
máxima de Deus e da Sua vontade. E nós jamais tornemos Ellen White e
seus escritos uma revelação maior do que esta. Cristo permanece como a
grande Luz. Cristo é a mais completa revelação da vontade de Deus para
a humanidade.
Que nós nos apeguemos ao princípio: “A Bíblia e a Bíblia só.” E é
por isso que falamos tanto sobre a Bíblia, porque a Bíblia é a completa
revelação de Deus, porque a Bíblia se explica a si mesma. Nós não
precisamos do papa para explicar o que a Bíblia contém. Nós não
precisamos ir ao Livro dos Mórmons para entender o que a Bíblia diz.
Nós não precisamos ir buscar o conhecimento na Torre de Vigia dos
testemunhas de Jeová para sabermos o que a Bíblia diz. E a Sra. White
disse que se estudássemos criteriosamente a Bíblia não precisaríamos
dos seus escritos, do Espírito de Profecia. Ellen White não nos foi dada
para interpretar a Bíblia para nós. Os escritos de Ellen White não foram
dados para substituir a Bíblia. Os escritos de Ellen White foram dados
porque nós não estudamos a Bíblia. Ela declara de si mesma que era uma
“pequena luz” para nos conduzir à “Luz maior”. Onde está a Luz maior?
Aqui, na Bíblia está a Luz maior. Ellen White é como a luz da lua; a
Bíblia é o sol. E quando você vai ao sol, você não precisa da lua.
Vamos lembrar disso. Até o ponto em que nós não conhecemos a
Bíblia por nós mesmos, precisamos usar os escritos de Ellen White como
muletas. Quando menos conhecermos a Bíblia tanto mais dependeremos
de Ellen White. Agora, julguem por vocês mesmos.
O Israel de Deus na Profecia 78
Quando eu me tornei um ministro adventista do sétimo dia, eu
pregava de Ellen White, e o meu presidente disse: “Venha cá. Isto não é
bom. Não pregue Ellen White.” Eu pensei: “Este tipo é um papo furado.”
Eu até vendi a minha aliança de casamento porque Ellen White diz. A
minha devoção para com ela era total. Eu era vegetariano total. Na
Holanda eu era o pregador da irmã White. Eu sei, eu estava lá. E eu até
hoje tenho o máximo respeito ao dom profético que Deus concedeu a
Ellen White. Eu leio os livros dela cada dia. Mas tenho aprendido muito
mais de exegese ao estudar as Escrituras em si mesmo. Então descobri
algo: Não há substituto para a Bíblia, não há substituto para o estudo da
Bíblia.
Aqui está a fonte da qual nós devemos beber. E então poderei
avaliar os escritos de Ellen White. Assim eu posso saber o modo como
ela usa a Bíblia. E há diferentes métodos de avaliar a Bíblia, mas Ellen
White não é uma erudita interpretadora do texto bíblico. Ela usa a Bíblia
num sentido evangelístico, como um evangelista. Temos que nos lembrar
continuamente que os seus escritos não são suficientes para substituir a
Bíblia. Mas isto que eu estou falando para vocês faz parte da minha
experiência pessoal, e cada um possui uma experiência diferente. Por
favor, não sigam extremos – não rejeitem os escritos de Ellen White e
não substituam a Bíblia por seus ensinos – procurem o equilíbrio. Mas
mantenham prioridades. Sempre a Bíblia em primeiro lugar, e então os
comentários e as aplicações que ela fez. Digam sempre: “Assim diz o
Senhor”, “Está escrito”. Isso vai trazer a vocês convicções profundas.
Eu fiz uma outra experiência. Eu me tornei em uma experiência
centralizada na igreja de um pensamento do povo adventista como o
remanescente, me transferi para um cristão mais centralizado em Deus e
em Jesus. E esse é um desenvolvimento muito importante.
Que nós não tenhamos vergonha de dizer: “Esta igreja não pode nos
salvar para a eternidade.” Ser membro da igreja adventista não é garantia
total e certeza de salvação para a eternidade. Deus diz: Você precisa se
refugiar em Mim. E Deus quer transformar e tornar cada adventista desta
O Israel de Deus na Profecia 79
maneira. Deus quer transformar cada indivíduo da igreja numa pessoa
que possui um relacionamento de nova aliança com Ele, que aceita um
único Mediador entre você e Deus.
Mas isso não é um sacerdote levítico e também não é um profeta
terrestre. Quem é o único Sacerdote que é todo-suficiente? Este é o
propósito da Carta aos Hebreus.
Agora vamos a Hebreus 1:13: “Ora, a qual dos anjos jamais disse:
Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado
dos teus pés?”
Que texto foi citado aqui? Salmo 110:4.
Vocês podem perceber que a Carta aos Hebreus começa com o
Salmo 110:1 e termina com o verso 4. E aqui nós temos uma plataforma
para sustentar a fé. Nós não precisamos mais de sacerdócio terrestre.
Então tira o judeu do seu templo, tira o católico do sacerdócio católico,
tira os mórmons do seu sacerdócio aarônico. Nós também temos que sair
de onde estamos e tocar pessoalmente este único Sacerdote.
Agora vamos ao capítulo 7 versículo 11.
Heb. 7:11: “Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o
sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que
necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a
ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de
Arão?”
Onde está baseado este argumento? Onde está a promessa de que
um novo sumo sacerdote surgiria, mas não da casa de Levi, mas surgiria
da linhagem de Melquisedeque? Mais uma vez na parte final do Salmo
110:4. Mesmo no AT havia a predição de que o sacerdócio levítico teria
um ponto final e de que ele seria substituído por um sacerdócio
descendente da linhagem de Melquisedeque.
Este é um poderoso argumento para alcançar o povo judeu. Mas
para isso precisamos conhecer o AT. Por que é que temos evangelismo
relacionado aos judeus tão pequeno? Porque o conhecimento dos
adventistas sobre o AT tem sido pobre, somente sabem argumentar a
partir do NT. Mas o AT é a raiz do NT.
O Israel de Deus na Profecia 80
Então digamos que a fé cristã é o fruto. Então encontramos a raiz e
o fruto juntos. Então nós temos a Bíblia inteira. Então nós temos as duas
testemunhas – a palavra de Deus no AT e o testemunho de Jesus no NT.

b) A Mudança de Sacerdócio e da Lei: Heb. 7:12


Agora Heb. 7:12 declara: “Pois, quando se muda o sacerdócio,
necessariamente há também mudança de lei.”
Se você tomar este texto fora do contexto você tem um verso-chave
para provar que os Dez Mandamentos foram cancelados. Diz que há uma
mudança de lei, porque houve mudança de sacerdócio.
E agora, como é que você argumenta?
Provavelmente você vai dizer: “Pelo contexto exige que apliquemos
esta expressão à lei cerimonial. É a lei a respeito do sacerdócio. O
sacerdócio levítico foi abolido, porque temos um novo Sumo Sacerdote
que não é da tribo de Levi, mas é da tribo de Judá.”
Por isso é necessário estudar o texto em seu contexto. Aqui está o
segredo para uma correta interpretação do texto bíblico. Analisem
sempre o contexto imediato, isto é, todo o livro. E então entramos no
contexto maior e isso inclui o AT. Assim sempre temos que buscar o
contexto imediato e o mais amplo. E então por isso compreendemos que
Cristo em Heb. 7:25 é suficiente: “Por isso, também pode salvar
totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles.”
Heb. 7:25.
Heb. 4:14-16.
Heb. 10:19-22.

Estes são alguns dos textos que são centralizados em Cristo na


Carta aos Hebreus. Estes textos revelam que o nosso Sumo Sacerdote
que está nos céus é suficiente e eficiente.
Vejam o versículo 25: Ele “pode salvar totalmente os que por ele se
chegam a Deus”.
O Israel de Deus na Profecia 81
Onde está Cristo agora no céu de acordo com a Carta aos Hebreus?
No local do trono de Deus, portanto Ele está no lugar santíssimo.
Ninguém pode aproximar-se mais de Deus do que no lugar santíssimo. É
onde está o trono de Deus. O trono de Deus nunca está no lugar santo,
mas sempre no santíssimo. E por isso podemos dizer que Deus o Pai e
Deus o Filho nunca foram separados. E Cristo pode perdoar os nossos
pecados, Cristo pode enviar o Espírito Santo. Portanto Cristo é Quem
concede a você vitória sobre tudo.
Quando Cristo voltar para ressuscitar a nós dentre os mortos, nós
teremos muita coisa conhecer. Porque em Cristo nós somos totalmente
restaurados ao Paraíso renovado.

c) A Nova Aliança em Hebreus 8:8-12


Agora na Carta aos Hebreus há um outro texto do AT que é citado
em sua totalidade.
Hebreus 8:8-12 nós encontramos a citação de Jer. 31:31-34. É a
mais longa citação do AT no NT, e é parcialmente repetida no cap. 10.
Vamos concentrar-nos em Heb. 8:8-12. E aqui encontramos uma
lição importante para nós. Qual é o método correto quando encontramos
no NT uma citação do AT? Você volta ao AT e o lê em seu contexto.
Você tem uma Bíblia com referências na margem ou no centro?
Algumas Bíblias têm referências abaixo, outras no centro – são
chamadas referências cruzadas. Não são inspiradas mas podem ser uma
boa ajuda aos estudiosos da Bíblia.
Vocês têm usado as referências cruzadas? Por muitos anos eu não
as usei – usava a memória por muito tempo. Agora eu uso as referências
cruzadas.
Vocês sabem por que nós temos dois braços? Esquerdo e direito?
Deus nos deu o braço esquerdo para lermos o AT e o braço direito para
lermos o NT. Não sabiam disso? Você deve sempre usar as duas mãos. E
se você puder usar as duas mãos você se torna um erudito bíblico. Este é
um livro mais elevado de estudar de novo.
O Israel de Deus na Profecia 82
Há exceções. Eu estou dizendo que Deus deu habilidade para
pessoas que têm um só braço e podem usá-lo melhor do que muitos que
têm dois braços.
Esta é uma ilustração, e as ilustrações nem sempre são perfeitas.
Mas vocês estão percebendo o ponto de vista que eu estou colocando.
Quando nós lemos o texto de Hebreus 8:8-12 nós vemos que já
havia este texto lá em Jeremias. Mas qual é o significado aí na citação?
Hebreus diz que agora este texto foi totalmente cumprido. Agora se
tornou realidade. No AT temos um cumprimento parcial, porque na nova
aliança apresentada no AT o Israel não era totalmente espiritual. Eles se
tornaram um povo apóstata. Mas após o cativeiro babilônico o povo que
saiu do cativeiro mais uma vez com o tempo tornou-se o povo da antiga
aliança. Eles tiveram uma orientação centralizada na lei.
O apóstolo Paulo no início de sua vida era centralizado na lei.
Lembrem-se do que ele mesmo declarou: De acordo com a lei eu era
irrepreensível. Filip. 3. Mas Paulo centrou sua vida em Cristo. No
caminho rumo a Damasco próximo da cidade Jesus Se apresentou a Ele e
disse: “Eu sou o Senhor.”
Cada adventista do sétimo dia começa com uma centralização na
lei: “tem que fazer isso”, “siga a lei assim”, “viva desse modo”, “tire a
sua aliança – é pecado”, e assim uma porção de coisas mais. Pastores
têm uma missão solene de que eles próprios se tornem centralizados na
vida de Cristo, centralizados na mensagem do Evangelho. E então sua
responsabilidade é conduzir a sua congregação passo a passo para que se
transformem no povo da nova aliança. Começa com Hebreus 8.
Vamos abrir Hebreus 8, lendo os dois primeiros versos: “Ora, o
essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo sacerdote,
que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus, como ministro do
santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhyor erigiu, não o homem.”
Aqui se faz uma declaração que é a declaração mais importante de
toda a carta. Os 7 primeiros capítulos são uma introdução. Agora ele está
chegando ao tema. Agora é apresentado um tema do Evangelho. Então
O Israel de Deus na Profecia 83
ele sai do judaísmo e se move para o cristianismo. Ele diz: Não temos
mais sacerdotes levíticos, não necessitamos mais deles, eles não são mais
legítimos, porque agora nós temos um Sumo Sacerdote que jamais
morre, que tem o poder do Deus todo-poderoso, que dia e noite está
ouvindo a cada um de nós, e que nos liberta do pecado e Satanás. Então
o autor declara: Isto é o cumprimento da promessa feita em Jeremias:
Farei com a casa de Judá e com a casa de Israel uma nova aliança.
Mais uma vez Deus faz uma nova aliança, mas desta vez é muito
mais eficiente. Todas as alianças anteriores de Deus com o homem eram
parcialmente eficientes. Somente Abraão, Isaque e Jacó e poucos outros
se ergueram com um relacionamento quase ideal nas alianças feitas com
eles. Mas não podemos dizer que cada pessoa em cada época ou cada
grupo estava envolvida numa situação de aliança num sentido espiritual.
E houve muitíssimos judeus que não conheciam a Deus de coração. Mas
agora que Deus estava derramando o Seu Espírito sobre toda a carne
cada pessoa podia receber o toque de Jesus e andar com Jesus. Isto é a
igreja.
Cada um que é batizado na água também recebeu o batismo do
Espírito Santo. Quando você batiza uma pessoa você ergue uma de suas
mãos. Por que você levanta a sua mão para o alto? Não tem outro lugar
para levantar a sua mão? É porque você está batizando aquela pessoa
também em nome do Espírito Santo. Água e Espírito se relacionam. E
então através disso cada batizando é promovido a um filho e filha de
Deus. Cada um é ungido com o Espírito Santo. Cada um individualmente
está tocando a Deus e deve ser ensinado por Deus. Este, sem dúvida, é
um de nós.
Mas em nossa igreja, como em qualquer outra igreja, isso não é
completamente entendido. A nova aliança explicada em Hebreus 8 e em
Jeremias 31 possui uma dimensão apocalíptica, quando será cumprida de
modo perfeito e sem pecado por ocasião da Segunda Vinda de Jesus. E
então é por isso que o Apocalipse diz que no Paraíso nós seremos o povo
da aliança de Deus totalmente livre do pecado.
O Israel de Deus na Profecia 84
Portanto podemos ver que na promessa do AT de uma nova aliança
encontramos o cumprimento em Cristo e na Igreja, que se chama um
cumprimento cristológico e também na igreja chamado eclesiológico.
Portanto aí estamos falando sobre a teologia do NT. É em primeiro lugar
centralizada em Cristo, e então centraliza-se também no povo de Deus,
que é a Igreja.
Escrevi tudo isso num livro chamado Israel na Profecia, e agora
esse livro está traduzido em português. Eu gostaria que cada um de vocês
comprasse este livro. E ele está à disposição através da Editora do Centro
Universitário – UNASP. E eu gostaria de ter uma caixa cheia deles para
dar a cada um de vocês uma cópia.
Quando pela primeira vez foi publicado, 30 anos atrás, ele chegou
até a sede do Dispensacionalismo na cidade de Dallas, no Texas. E 11
estudantes com nível doutoral daquele seminário dispensacionalista, que
possuía mais alunos do que os seminários adventistas possuem.
Começaram a estudar o meu livro. E disseram: “Nós nunca vimos isso
antes.” E disseram uns aos outros: “Os nossos mestres estão nos
ensinando teologia errônea.”
Eles me chamaram para que eu lhes falasse. Tivemos uma mesa
onde se reuniram comigo 11 estudantes de nível doutoral. E eu me
assentei à cabeceira. E alguém me perguntou: “Você é de fato
LaRondelle?” Eu disse: “Sim. Mas por quê?” “Nós pensávamos que viria
um velhinho aqui.” Há 30 anos atrás!
Então disseram: “Nós temos que fazer uma confissão para o senhor.
Nós durante um ano inteiro estudamos o seu livro e chegamos a uma
conclusão. Descobrimos que a Bíblia não se centraliza em Israel como
fomos ensinados, mas de que a Bíblia está centralizada em Cristo. Em
nosso seminário jamais fomos ensinados sobre isso. E queremos
agradecer ao senhor, e nós abandonamos o dispensacionalismo. E dois
de nós que já eram pastores foram demitidos e perderam seus empregos,
e queremos a partir de agora centralizar nossa vida em Cristo.”
O Israel de Deus na Profecia 85
Eu fui tocado profundamente. Ali estavam pessoas sofrendo porque
se tornaram mais centralizados em Cristo. E algumas de suas igrejas não
mais os aceitaram. A profecia e a interpretação profética ensinada por
eles era mais importante do que a mensagem dos profetas.
Eu contei a vocês esta história para que possamos aprender algo.
Nós não deveríamos tornar nossa interpretação profética de Daniel e
Apocalipse mais importante do que a mensagem do Evangelho. Que
jamais venhamos a formar dogmas sobre interpretação profética de
coisas que ainda não se cumpriram. Que possamos reconhecer de que o
Evangelho de Jesus Cristo, que é o testemunho do próprio Jesus irá
julgar todas as nossas interpretações. O Evangelho é o nosso juiz.
Que possamos portanto estabelecer como prioridade a salvação.
Somente pessoas que são salvas agora serão salvas. Adventistas que não
têm certeza de salvação não possuem absolutamente esperança para
salvação no futuro. Que nós não percamos tanto tempo falando sobre o
que vai acontecer no futuro, mas que nos tornemos pastores,
responsáveis pelo rebanho, que guiemos cada ovelha para as águas vivas.
E quando o povo agora possui um relacionamento redentivo com
Jesus Cristo, quando eles desenvolvem um relacionamento salvador e
santificador com Deus eles se tornarão felizes em Cristo, e eles já
possuirão de fato o céu em seus corações. Não se sentirão mais
miseráveis e tão apavorados com o futuro.
Este deve ser o nosso fardo maior como pastores. Deus tomará
conta do futuro.
Agora tenho uma palavra final. É o relacionamento do apóstolo
Paulo com a lei.

VII. O RELACIONAMENTO DE PAULO COM A LEI

Agora vamos observar rapidamente como Paulo se relacionou com


a lei.
O Israel de Deus na Profecia 86
1. Objeção baseada em Gál. 2:21
Eu vou começar com três textos que são usados por outros grupos
religiosos contra os adventistas.
Gál. 2:21.
Gál. 3:10.
Gál. 5:4.

Vamos abrir a Bíblia no livro de Gálatas:


Gál. 2:21: “Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a
lei, segue-se que morreu Cristo em vão.”
As pessoas dizem algumas vezes para nós: “Os adventistas querem
ser justificados pela lei, mas nós somos justificados pela graça.”
Vocês já ouviram isso? Pessoas muitas vezes já me disseram isso.
Como explicaremos a verdade para elas? Vejam o que eles dizem: A lei
foi para o AT e a graça para o NT.

Lei Graça

Isto é dispensacionalismo. Eles dizem que Gálatas 2:21 dá apoio


para isso.
Onde está a falácia nesse raciocínio? Será que Paulo está fazendo
um contraste entre Lei e Graça? Vamos ler novamente:
Gál. 2:21: “Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a
lei, segue-se que morreu Cristo em vão.”
Está ele contrastando Lei e Graça? Não, ele não está fazendo isso.
O que ele está contrastando é: Justiça pela Lei e Justiça pela Graça.
O Israel de Deus na Profecia 87
Contrasta:

Justiça pela Lei Justiça pela Graça


AT NT

Ele declara: Se a justiça fosse pela lei, então você estaria negando a
graça de Deus. Então, ele na verdade está contrastando com um falso
modo de salvação, porque jamais houve eficácia na justiça obtida pela
lei. O próprio AT ensinava a justifica pela graça. Nós podemos relembrar
nosso estudo anterior, onde tivemos Abraão, Moisés e Davi como
testemunhas.
Abraão Gên. 15:6.
Moisés Deut. 30.
Davi Sal. 32.
Lembram? Gên. 15:6. Paulo usa o texto de Deut. 30 e Salmo 32.
Todo o livro de Salmos fala sobre justificação pela graça.
Como é que Paulo contrasta o método verdadeiro com o falso
método? Quem possuía esse método legalista? Se não vem da Bíblia, de
onde veio? De onde Paulo obteve o método legalista de salvação?
Filipenses 3, especialmente o verso 6: “quanto ao zelo, perseguidor
da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.”
De onde ele obteve isso? Do farisaísmo. E o farisaísmo é bíblico? É
uma distorção, é uma construção humana, é uma expressão egoísta da
natureza humana: nós não aceitamos a graça de Deus, nós queremos
obtê-la, é o mau uso dos Dez Mandamentos.

a) A Lei e Seu Propósito


Com que propósito foi dada a lei? Para salvação? Isto é farisaísmo.
Para que objetivo foi dada a lei dos Dez Mandamentos em Êxodo 20?
Como começam os Dez Mandamentos? Nos EUA muitos dizem: “Não
O Israel de Deus na Profecia 88
terás outros deuses diante de mim.” E nas paredes têm os Dez
Mandamentos e começam: “Não terás outros deuses diante de mim.”
Eles quase sempre se esquecem do preâmbulo.
Os Dez Mandamentos não iniciam com os mandamentos. Primeiro
Deus diz: Eu vou contar a vocês quem Eu sou – Eu sou o seu Redentor.
Os Dez Mandamentos foram dados pelo Redentor para um povo
que havia sido redimido. O povo não precisava ser salvo do Egito porque
eles já haviam sido salvos do Egito. Por isso que os Dez Mandamentos
dizem seguidamente: Não farás isso, Não farás aquilo. A expressão
“Não farás isso” não está promovendo uma obra, está proibindo uma
obra: “Não farás isso”. Por que não? Porque você não deve perder a
salvação que você já tem. Proteja a salvação já obtida. Não busque obter
salvação.
Os Dez Mandamentos jamais foram dados para alcançar ou efetuar
salvação. Os Dez Mandamentos foram apenas dados como modelo ou
guia de instruções de como andar com Deus, porque você já encontrou
seu Salvador.
Agora, por que as pessoas tentam guardar a lei para se tornarem
aceitáveis a Deus? É um uso inadequado da lei de Deus. A lei é usada no
sentido oposto. É um mau uso da lei. A lei foi dada para mostrar os
nossos erros, os perigos que podemos enfrentar. E esta é a maneira como
o apóstolo Paulo prega sobre os Dez Mandamentos.
Portanto, se você é justificado pela graça por que você ainda
necessita da lei? Por que você não pode viver sem lei? Porque a graça
não substitui a lei. Porque a graça oferece também o Espírito Santo para
levar-nos em harmonia com a lei de Deus. E é por isso que precisamos
lembrar sempre de Jeremias 31 e Ezequiel 36. Lá está explicada a nova
aliança: “Colocarei a Minha lei em seus corações” e também: “Colocarei
o Meu Espírito em seus corações”.
Uma não substitui a outra. Ambas estão em harmonia. E é por isso
que precisamos de ambas. Isso é o que torna a vida da nova aliança numa
O Israel de Deus na Profecia 89
vida renovada. E para essas pessoas num relacionamento perfeito na
nova aliança a lei não tem condenação.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Bem, agora dedicaremos algum tempo às Perguntas e Respostas, e


eu pediria que as perguntas fossem conforme combinado, entregues ao
Pr. X.
1. Pr. LaRondelle, fale algo sobre o Decreto Dominical. Sendo
que o senhor é cidadão da nação que, segundo a profecia irá impor
este decreto, como o senhor vê e sente isto?
Nesse assunto estamos tratando de profecia ainda não cumprida.
Em coisas ainda não cumpridas jamais deveríamos ser dogmáticos. E
com relação a isso a própria igreja cometeu erros relacionados à
profecias não cumpridas. E por isso eu quero relembrar a todos vocês
que adquiram o livro Boas Novas do Armagedom. Porque durante mais
de cem anos a igreja adventista ensinou profecia falsa. Nunca se tornou
uma doutrina estabelecida da igreja mas foi um ensino. Porque sempre
fomos envolvidos de modo sensacionalista com os fatos que estavam
ocorrendo em determinados lugares.
Eu quando evangelista jovem também ensinei que o Armagedom
iria ocorrer na planície de Megido. Como muitos ainda hoje, como
também fora da nossa igreja, mantêm essa idéia. E nós agora sabemos
que o Pr. Urias Smith cometeu um grave erro nesse assunto, e os seus
ensinos têm de ser revisados, porque Ellen White no livro O Grande
Conflito apresentou uma interpretação oposta à dele sobre esse cenário.
Portanto, surgiu um grande conflito entre Ellen White e Urias Smith com
relação ao futuro.
Portanto, temos que declarar aqui que no passado a igreja adventista
em sua teologia não é infalível. Constantemente devemos estudar e
reconsiderar se estamos seguindo o curso correto da Bíblia. E quando eu
O Israel de Deus na Profecia 90
passei a estudar eu fui forçado a mudar a minha opinião, e agora eu estou
feliz porque a minha própria posição é centrada em Cristo.
Agora a pergunta é sobre a Lei Dominical e o futuro. Existe sempre
a possibilidade de que as leis dominicais já existentes na América sejam
revalidadas, mas estamos vendo que a urgência de que isso se faça
apenas por trás dos bastidores. Não existe ainda nada de concreto
ocorrendo em termos de legislação que conduza a essa decisão. Há cem
anos atrás nos EUA havia mais leis dominicais do que hoje. Mas temos
que manter uma observação quanto aos movimentos que são executados
pelo papado. E também pelas tendências da ala radical da direita do
protestantismo. Em todas as religiões está ocorrendo um reavivamento
das tradições ortodoxas e precisamos estar sempre vigilantes em estado
de alerta porque há possibilidade de as leis dominicais serem reativadas.
O papa que está atualmente ocupando o poder deseja que seja
estabelecida uma teologia dominical que seja reforçada. E no mundo
protestante temos agora uma tendência de que há uma observância
dominical reforçada por lei. Mas ninguém sabe até agora se isso ocorrerá
em breve ou se vai demorar. Falando teologicamente, a lei dominical
poderia ser o cumprimento total das nossas interpretações proféticas,
mas ainda não sabemos quão próximos e também como isto será
cumprido. Devemos permanecer alertas.

2. Aceitar que Jesus quebrou e anulou o sábado não seria dar


razão aos escribas, sacerdotes e fariseus, Seus inimigos?
Oscar Cullmann afirmaria: “Bem, é assim.” Por isso nós temos que
ser esclarecidos e fazer distinção entre a tradição oral judaica – halakôt –
como Ele declarou e a própria lei, a lei de Deus.

3. Quantos tipos de aliança ainda temos em nossos dias? E se a


lei cerimonial fazia parte da aliança?
Para entender o relacionamento entre as alianças de Deus temos que
consultar o Novo Testamento e descobrir o que o NT explica. Porque
O Israel de Deus na Profecia 91
não é importante o que eu estou dizendo, mas exatamente o que a Bíblia
diz. Então a pergunta é: O que o NT declara? O NT fala em várias,
especialmente no livro aos Hebreus caps. 4 a 10 – fala sobre as alianças
de Deus e sua continuidade e descontinuidade.
Em Heb. 10:9 o autor chega a uma conclusão, devemos abrir nossa
Bíblia e ler. Começa apresentando a citação de um salmo – o Salmo 40 –
talvez a melhor maneira é começarmos com Heb. 10:1 – “Ora, visto que
a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas,
nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos
sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem.”
Aqui surge uma grande pergunta: De que lei está falando aqui? O
contexto do livro inteiro é sobre a lei cerimonial. É importante vermos
isso também no cap. 7, verso 12: “Havendo mudança de sacerdócio é
necessário também haver mudança na lei.” É claro, se percebe que não
se está tratando dos Dez Mandamentos, é a lei a respeito do sacerdócio, é
a lei dos rituais ou lei cerimonial. E aqui [10:1] diz que esta lei era uma
sombra das coisas boas que viriam. Portanto, possuíam uma
característica de serem sombras. A sombra aponta para outra realidade.
Cada sacerdote levita era uma sombra de Cristo. Cada cordeiro, bode
sacrificados também eram sombras daquilo que haveria de vir. Então,
percebemos ao estudar o livro de Hebreus de que ali está falando que os
símbolos, os rituais do AT iriam passar, e iriam desaparecer quando o
antítipo encontrasse o tipo, a sombra deixou de existir porque a realidade
chegou.
Então Heb. 10:5 explica o que Cristo fez. Portanto, quando Cristo
veio a este mundo, Ele disse: “Sacrifício e oferta não quiseste” e então
no verso 7 diz: “Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu
respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade.”
De onde vem esta citação? Como é que Cristo cumpriu o Salmo 40?
E agora temos que voltar ao Salmo 40, e ler esses versos na fonte
original. E o próximo verso no Salmo 40 diz: “Sim, ó Deus, a Tua lei
está dentro do meu coração.”
O Israel de Deus na Profecia 92
Mas agora no Salmo 40 não se fala da lei cerimonial, mas fala da lei
de Deus, a Sua vontade moral. A lei cerimonial não é implantada no
coração; e portanto, nesse caso estamos tratando agora de duas leis –
moral e cerimonial – em conjunto.
Então vamos agora ler o verso 9. Então o escritor da carta aos
Hebreus chega à seguinte conclusão: “então, acrescentou: Eis aqui estou
para fazer, ó Deus, a tua vontade. Remove o primeiro para estabelecer o
segundo.” Esta é a conclusão do autor.
Cristo veio para cumprir e satisfazer a lei cerimonial e estabelecer a
lei moral. Portanto este verso que lemos (Heb. 10:9) é de importância
capital. E responde a pergunta de que não vivemos mais sob as
condições da lei cerimonial. A nova aliança de Cristo Jesus somente
possui duas cerimônias: o batismo por imersão e a Ceia do Senhor. E é o
que todas as igrejas cristãs dizem. Mas os adventistas possuem uma
terceira, e esta cerimônia é o sábado. Os outros todos esqueceram disso.
Porque o sábado jamais cessará. O sábado é elo de união desde o Paraíso
Perdido até o Paraíso Restaurado. O sábado é o sacramento que confirma
a nova aliança.

4. Jesus Cristo veio ao mundo com que natureza – natureza de


Adão antes da Queda, depois da Queda ou como, devido a Seu
relacionamento com o Pai?
Esta pergunta é bastante desafiadora, vou tentar respondê-la em
dois minutos, é o tempo que temos, e eu sei que isso não vai satisfazer
ninguém porque em dois minutos não podemos fazer um milagre, mas
vou dizer algo.
(1) Se Jesus tivesse vindo ao mundo com uma natureza pecaminosa,
então Ele precisaria ter o Seu próprio Salvador, então todos nós
precisaríamos de outro Salvador.
(2) O segundo ponto é: Antes que Jesus nascesse o anjo Gabriel
veio à sua mãe, de acordo com Lucas 1 e disse à Maria: “O Ente que de
ti nascerá será santo”, e isso jamais poderá ser dito de qualquer outro ser
O Israel de Deus na Profecia 93
humano. Ninguém neste mundo nasce sem pecado e moralmente santo.
Todos nascemos como se declara no Salmo 51:5 – “Em pecado me
concebeu minha mãe.” Portanto Jesus não precisava Se arrepender de
nada absolutamente. Mas então por que é que Ele foi batizado? Porque
Ele é o nosso Representante. Nossos pecados foram transferidos a Ele, e
é por isso que Ele morreu. Ele não precisava morrer por Seus próprios
pecados, pois não pecou.
E no livro de Hebreus cap. 9 que encontramos a idéia que Ele Se
sacrificou a Si mesmo como uma obra do Espírito Santo e como é dito
em Isaías 53 Ele foi insultado mas Ele permaneceu em total harmonia
com o Pai. E Ele veio tão-somente para morrer por nós, em nosso lugar.
(3) E agora o último ponto. Jesus não é em primeira instância o
nosso Exemplo – isso leva ao moralismo. Poderíamos raciocinar assim:
Se Jesus tentou, tentou mesmo, conseguiu – e agora nós podemos tentar
e conseguir também. Nós precisamos nos apegar ao verdadeiro ensino
bíblico e às origens dos ensinos protestantes ortodoxos.
Cristo veio ao mundo primariamente como Substituto. Isaías 53
explica isso claramente. Marcos 10:45 reafirma: Ele veio em primeiro
lugar para ser o nosso Substituto. Em 2º lugar Ele veio como o nosso
Exemplo. E nós só venceremos se estivermos ligados a Ele. Precisamos
conservar a sua própria ordem: primeiro vem o sacrifício expiatório
substituinte, é a graça salvadora de Deus, e então vem a obediência
moral. E é por isso que os 144.000 seguem o Cordeiro aonde Ele vai,
eles andam com Cristo num relacionamento de aliança.
E isso foram os dois minutos em que respondi a pergunta.

5. Por que os pecados dos israelitas eram transferidos e por que


os nossos, mesmo após serem confessados e perdoados, ainda
permanecem registrados no livro celestial para o dia do juízo
investigativo?
A antiga aliança feita a Israel possuía um santuário terrestre, assim
como a nova aliança possui um santuário celestial. Ambas as alianças
O Israel de Deus na Profecia 94
estavam e estão centralizadas num sacerdócio. A obra de um sacerdote é
essencial no plano da redenção. No início Deus era um sacerdote. Ele
declarou a Abraão: “Teus pecados estão perdoados.” Gradualmente Deus
desenvolveu que o Messias possuiria três ofícios: Sacerdote, Profeta e
Rei.
Para Israel Deus concedeu o santuário como uma lição objetiva, um
livro de estudo. A lição primordial do santuário era ensinar de que o
pecado não apenas produz culpa mas também decomposição. É por isso
que Deus instituiu o Yom Kippur (Dia da Expiação) que fazia uma
conclusão sumária do processo de perdão de pecados para o ano todo.
Cada pecado cometido era partilhar culpa com Satanás. E o que o
santuário ensinava no serviço diário e anual era de que o grande inimigo,
Satanás, seria levado à juízo condenador. Isto era representado pelo
trabalho dos dois bodes: um para YAHWEH e o outro para Azazel. Esse
é o maior propósito do santuário.
Cada pecado confessado e perdoado através do ministério do
sangue aspergido mantinha um registro como um ativo da culpa de
Satanás. No dia do juízo os pecados acumulados coletivamente eram
removidos e colocados sobre o bode Azazel, mostrando a condenação
final de Satanás.
O plano de Deus não se concentra em indivíduos, o plano de Deus
envolve a humanidade e todo o Universo. O plano de Deus no santuário
tinha uma dimensão apocalíptica, apontando para a solução final para o
problema da culpa do pecado. Quando as pessoas abandonavam o perdão
que lhes fora concedido e volviam à sua apostasia, então os seus pecados
eram registrados e relembrados mesmo quando não foram trazidos ao
santuário. Porque Deus não apenas registra os pecados perdoados mas o
santuário podia também ser contaminado por pecados de rebelião.
Muitas vezes nós nos concentramos muito de um lado só – sobre
pecados perdoados – mas também há uma dimensão maior sobre o
pecado não perdoado. Então tudo isso compõe uma visão mais total
sobre o trabalho do santuário. Encontramos em Apocalipse 20 que Deus
O Israel de Deus na Profecia 95
Se preocupa em estar insistindo sobre Satanás, o dragão-serpente. O
perdão aos nossos pecados não resolve o problema do pecado. É por isso
que o livro do Apocalipse apresenta o milênio e Satanás permanecerá
vivo durante todo o milênio e finalmente será julgado. Esta é a
interpretação do Yom Kippur.
A esta altura são os pontos que eu quero trazer à luz. Há muitas
outras perguntas envolvidas neste tema. Mas dentro do esquema de
poucos minutos que temos eu quero simplesmente ampliar os olhos de
vocês de que o santuário e seus serviços tinha em mente não apenas o
indivíduo e o perdão e a liberação, mas a total solução para o problema
do pecado no Universo envolvendo Satanás e a justiça de Deus.

6. Por que não há promessa de restauração para as tribos do


Norte, enquanto que as duas tribos do Sul a receberam?
A condição antes do cativeiro era inaceitável para com Deus. Israel
foi dividido em dois reinos. Dez tribos, com o seu próprio santuário e o
seu reino, tiveram 20 reis e nenhum deles foi correto. E no Reino do Sul
houve vários reis, como Josias e Ezequias, que foram homens íntegros,
buscando a Deus. Quando Deus puniu o Reino do Norte, conduzindo-os
para além de Damasco, na Síria para a Assíria Deus também deu a esse
povo também promessas de retorno, mas não como uma nação
independente, somente poderiam retornar com as duas tribos que
voltariam de Babilônia. Mas a maioria do povo das 10 tribos se perdeu
porque houve uma amálgama com nações pagãs, mas mesmo entre as 10
tribos do Norte sempre houve remanescentes fiéis. Quando Ciro, o rei da
Pérsia, promulgou o decreto de que todos os que quisessem poderiam
voltar a Jerusalém, representantes de todas as 12 tribos retornaram, mas
voltaram como uma nação. Eles nunca receberam a promessa de retorno
como uma nação independente. Isto está prometido em Ezequiel 37.
O profeta Ezequiel apresenta uma ilustração vívida e ele diz: Olha
os dois membros de Israel era como se fossem dois troncos: um foi
primeiro para a Assíria, outro foi para Babilônia. Mas quando vier o
O Israel de Deus na Profecia 96
Messias os dois troncos serão reunidos como um reino inseparável, o
reino do Messias. E também ali apresenta a ressurreição dos mortos, o
vale dos ossos secos – todos serão ressuscitados – mas uma nação
enorme. Isso vai ser lido também em Amós.
Amós foi escrito para as 10 tribos do Norte. E o que Amós declara
em seus 9 capítulos? Sereis severamente punidos. E como termina o
livro? Capítulo 9. Deus vai restaurar a raiz que foi quebrada de Davi.
Quando todos eles saíssem do cativeiro eles teriam um novo rei, somente
um rei. Este será o Davi Maior, e então a nova aliança seria estabelecida.

7. No contexto de justificação, quando devemos batizar as


pessoas – antes ou após estarem obedecendo? Ex. o povo que saiu do
Egito.
O batismo foi estabelecido como um sacramento cristão. Nisso o
Novo Testamento deve ser o nosso guia. Nós podemos ver em Atos 2
como as pessoas foram batizadas. Todas estas pessoas já pertenciam à
aliança de Deus. A verdade presente para eles não era o sábado. Eles já o
possuíam, eram circuncidados. A nova verdade para eles era Jesus de
Nazaré é o verdadeiro Messias de Israel. E então eles foram batizados.
Três mil deles.
Agora, em Atos 8 nós lemos como os samaritanos foram batizados.
E expressamente o etíope, o tesoureiro, e vemos que ele foi batizado
rapidamente. Ele não teve tempo de obedecer.
Eu creio que nesses casos nós deveríamos ser conscienciosos e
procurar um equilíbrio. Algumas vezes podemos praticar o batismo
rapidamente; algumas vezes demoramos demais. Isto requer sabedoria
pastoral. Não há regras normativas divinas para isso. Temos que ter
sabedoria e tato, especialmente uma visão psicológica das coisas.
Ninguém é o mesmo. Alguns vivem uma vida moral por excelência e
podem rapidamente ser batizados; alguns são dependentes de álcool, de
drogas, de mulheres e aí o caso é outro. Primeiro eles precisam
permanecer firmados, ao menos um pé, porque eles precisam avaliar o
O Israel de Deus na Profecia 97
custo do que é seguir a Jesus. E precisamos dizer-lhes o que significa
seguir a Cristo.
O batismo é de fato um alistamento que fazemos para compor o
exército de Cristo. Digo que para cada caso precisamos ter uma visão
iluminada. Mas não podemos impor-lhes santificação total como
condição para o batismo. Não podemos exigir que as pessoas comecem
primeiro a pagar o dízimo, fazer isso, não fazer aquilo – mas em alguns
casos devemos esperar. Existem aberrações de condicionamentos de
pessoas que possuem uma tendência tremenda a certas coisas e aí
precisamos ter sabedoria para sabermos decidir em cada situação o que é
mais apropriado. E nisso não podemos julgar uns pelos outros nessas
decisões.

O mais importante é que se leve as pessoas a terem um


relacionamento redentivo com Cristo. A vida cristã significa um
crescimento em santificação. E não podemos exigir dos novos conversos
que eles atinjam uma santificação máxima ao estarem apenas iniciando.
Então que quero dizer que em certos casos teremos que dizer Não
ao candidato a ser batizado. Primeiro conhecer o seu passado, o estilo de
vida do candidato e avaliar para poder batizá-lo.

8. O que é a lei em Hebreus 7:12 em referência a 7:18? Refere-


se a que, à lei cerimonial?
A resposta está no contexto, que se refere à lei que regulamentava o
sacerdócio levítico. Portanto, nada tem a ver com a lei moral, fala apenas
sobre a lei cerimonial ou ritual. Porque Cristo é agora o sacerdote, não é
da tribo de Levi, como poderia ser sacerdote? Ele nem veio da tribo de
Levi, Ele é da tribo de Judá. Mas quando Ele agora é promovido à
função de Sumo Sacerdote, então a partir deste ponto Deus mudou a lei
levítica. Portanto a resposta é clara e não se refere à lei moral.
O Israel de Deus na Profecia 98
9. Qual é a relação da inspiração que Ellen White teve? Não foi
semelhante à dos profetas e apóstolos?
Queridos, há apenas um único Espírito Santo. Ele pode conceder
diferentes dons como podemos ler em 1 Coríntios 12 e 14. Portanto é a
mesma inspiração comunicada pelo Espírito Santo a todos os profetas.
Mas há uma diferença em missão. Nem todos os profetas escreveram
livros contidos no cânon da Escritura Sagrada. Apenas uma pequena
porção dos profetas inspirados está contida na Bíblia. Lemos na Bíblia
profetas cujos livros são mencionados mas não contidos nas Escrituras.
São profetas extrabíblicos. A missão deles era mais local, territorial.
Porque na Bíblia estão os livros escritos pelos profetas para a igreja de
todas as eras.
Agora a pergunta é: O cânon bíblico está fechado, ou poderíamos
acrescentar no final da Bíblia os escritos da irmã White? Ellen White diz
Não. Ela diz na introdução do Grande Conflito: Deus encerrou o cânon
das Escrituras Sagradas. Apenas o teólogos liberais declaram: A Bíblia
ainda não foi encerrada, como Frederick Schleiermacker na Alemanha,
que declarou: “Cada um poderá escrever a sua própria Bíblias” Mas a
posição protestante é de que o cânon bíblico está encerrado e Ellen
White esta posição.
Eu agora tenho uma citação de Ellen White:
“Não devem os Testemunhos substituir a Palavra. ... Provem todos a
própria atitude por meio das Escrituras e fundamentem pela Palavra de Deus
revelada todo ponto que vindicam ser verdade.” (Ev. 256).
Está no livro Evangelismo pág. 256.
Ela escreveu para o Dr. Pauling Meiben: “Por favor, não cite a irmã
White. Eu não quero que você jamais cite a irmã White até que você
possa chegar a um ponto vantajoso de saber o que você é e onde você
está. Cite a Bíblia, fale sobre a Bíblia.”
Esta é a posição da própria irmã White.
Agora vem outra citação que também está no livro Grande Conflito:
O Israel de Deus na Profecia 99
“Mas Deus terá sobre a Terra um povo” – no tempo do fim – “que
mantenha a Bíblia, e a Bíblia só, como norma de todas as doutrinas e base
de todas as reformas.” – GC, 595.
Assim, mais uma vez ela reafirma aquela velha plataforma da
Reforma de Sola Scriptura.
Mas agora vem a pergunta: Se ela recebeu o mesmo Espírito Santo?
Ela possuiu uma função diferente da função dos profetas da Bíblia. Ela
nunca recebeu uma missão canônica. É errado dizer que os escritos da
irmã White são o terceiro testamento. No juízo jamais seremos julgados
pelos escritos de Ellen White. Seremos julgados pelo que está escrito no
AT e no NT – a Palavra de Deus e o Testemunho de Jesus.
O Testemunho de Jesus é o NT, é o Evangelho de Jesus Cristo. Este
é o significado da expressão “testemunho de Jesus” no Apocalipse.
Eu escrevi três artigos sobre este assunto, está na revista Ministry
deste ano (2003). Um mês sim e um mês não: janeiro, março e maio.
Estes artigos explicam a expressão em Apocalipse 12:17 de que a igreja
remanescente será fiel à Palavra de Deus e ao Testemunho de Jesus. E o
que significa isso no livro do Apocalipse? Eu expliquei isso em três
artigos.
Então vocês podem perceber que há muito mais a ser dito sobre
isso. Mas sem dúvida Ellen White recebeu o dom espiritual como o dom
do Espírito de Profecia.

10. O senhor afirmou que o trono de Deus sempre esteve no


lugar santíssimo. Mervyn Maxwell mencionou Daniel 7:13 como
uma evidência de que o trono de Deus não estava lá até 22 de
outubro de 1844. Mervyn Maxwell defende a mobilidade do trono de
Deus, que o seu trono não era estático. Explique melhor sua
afirmação, fale sobre ela.
Mervyn Maxwell foi meu colega como professor no seminário, eu o
conheço muito bem, eu sei do que ele sabe. Ele nunca obteve um
treinamento profundo em exegese. Ele só tem história da igreja na
O Israel de Deus na Profecia 100
cabeça. Ele fez algumas declarações bem extremistas. Ele até mesmo
publicou uma declaração como esta:
“A fé em Deus e em Jesus Cristo como no passado não é mais
suficiente para nós, aquilo era fé na ressurreição. Nós temos que ter fé na
trasladação. Isso é diferente, é mais elevado. Isto é seguir todos os
conselhos de Ellen White. Então nos tornaremos sem pecado antes que
Cristo encerre a Sua obra de expiação. E chegaremos a um ponto em que
não precisaremos mais nem orar a oração do Senhor: ‘Perdoa os nossos
pecados’.”
Ele ensinava o perfeccionismo. Ele não era um erudito em exegese.
Portanto isso tem pouco valor. Se nós começarmos a citar outras pessoas
isso se tornará de pouca valia.
Agora nesta pergunta existe outra pergunta, e sobre este assunto eu
me sinto entusiasmado: Daniel 7 e isto é digno e válido de ser
considerado. Será que Daniel 7 fala de que o trono de Deus se move de
um para o outro departamento no céu, do santo para o santíssimo? Não
existe 2.300 tardes e manhãs em Daniel 7, nem 1844 está sugerido em
Daniel 7. Isso vem a partir de Daniel 8 mas ele tem aqui apenas Daniel 7.
Agora, o que é que se move em Daniel 7? Quem se move, Deus o
Pai ou Deus o Filho? O Filho é transportado por uma nuvem de anjos e
chega até aonde? Ao trono de Deus. Portanto o argumento de Mervyn
Maxwell é inútil.
Mas digam-me uma coisa: E o trono de Deus não tem rodas? E
onde estava o trono que se move – no céu ou em Jerusalém? Ele está
tratando sobre o templo que seria destruído. Deus tem dois lugares: Ele
está no céu e está na Terra, que não é o mesmo trono. Portanto que não
especulemos sobre aquilo que não entendemos para justificar uma
doutrina que nós mesmos tentamos construir.
Agora, eu consigo avançar e entender o que Maxwell quer
desenvolver. Ele aceita a idéia de que Pai e Filho jamais se separaram.
Ele não declara como alguns adventistas dizem que até 1844 o Pai estava
num lugar e Cristo estava no outro. Ele não é culpado desta heresia,
porque ele lê no NT que Jesus está assentado à direita do Pai e sempre.
O Israel de Deus na Profecia 101
Agora descobriu uma outra maneira de justificar esta idéia. Ele declara:
Por causa disso o Pai em primeiro lugar mudou para o lugar santo para
que Jesus pudesse Se assentar ao lado direito dEle no lugar santo. E
então em 22 de outubro de 1844 os dois Se mudaram para o lugar
santíssimo para continuar juntos.
Bem, isso é uma construção puramente humana e não tem apoio
bíblico. Eu sei que Ellen White gostou desta idéia. Mas vocês precisam
fazer suas decisões pessoais e ainda poderão continuar sendo bons
adventistas, seja qual for a sua escolha. Mas vocês gostariam de tratar
apenas com pessoas tolas e ignorantes? Ou vocês gostariam de discutir a
Bíblia com pessoas que conhecem profundamente a Bíblia?
Vocês sabem que têm uma missão importante para alcançar outros
pastores de outras igrejas? De que têm uma missão elevada de falar com
sacerdotes católicos e têm um dever de falar com rabinos? Então você
poderá usar somente argumentos bíblicos.
Agora, estamos falando sobre tipologia. O que vocês responderiam
se um padre, ou um pastor evangélico, ou um rabino dissesse para vocês:
“Eu nunca ouvi a respeito da doutrina adventista. Interessante. Mas
espere um momento. Você está declarando que o antítipo é igual ao tipo?
Mas como acontecia no santuário terrestre ou no templo de Jerusalém de
que o trono de Deus jamais foi colocado no lugar santo, permanecia fixo
no lugar santíssimo. E agora você diz que no original, no antítipo este
trono se move de lugar? Isto não está de acordo com o tipo.”
E o que nós responderíamos?
Ellen White teve uma visão. Aí está a diferença. Se vocês basearem
a sua doutrina numa visão, de Daniel 7, ou de Ellen White, então você
poderá ainda ser um bom adventista, mas você nunca irá ganhar uma
pessoa de outros grupos religiosos, que vai dizer: “Você é inconsistente.”
E vai dizer isto para você.
O que aconteceu no templo quando Jesus morreu? Nós diremos: “O
véu do templo se rasgou de alto a baixo.” O que significa isso? Você diz:
“Ah, nós podemos ter um acesso imediato a Deus.” Ele diz: “O tipo é
O Israel de Deus na Profecia 102
semelhante ao antítipo?” Não temos resposta porque nunca discutimos
isso no adventismo. Mas ele dirá: “Por favor, seja consistente. Se o
antítipo é semelhante ao tipo, então lá no céu também tem que ter uma
cortina que se rompe. E se há somente um grande santuário no céu?” A
gente diz: “É, mas isto não está em nossos livros.”
Nós temos que considerar sempre estas objeções. Mas somente
poderá fazê-lo se você decidir que a argumentação será baseada na
Bíblia somente, a tipologia bíblica; e então você poderá avaliar melhor
os escritos de Ellen White.
Bem, eu creio que isto pode se transformar numa idéia bem
chocante para vocês. Mas lembrem-se: o Evangelho vai julgar a
escatologia que você escolher. É claro que teremos estudado um critério
de Daniel 7, 8 e 11, e eu me sinto impressionado a fazer isto.
Eu tenho 74 anos de idade [2003], tenho sido adventista por 54
anos, fui pastor, evangelista, professor teólogo. Eu nunca tive muito
tempo para fazer meus estudos pessoais, mas agora na minha
aposentadoria comecei a fazê-lo: estudar mais a Bíblia. Eu leio Ellen
White também, eu lei comentários bíblicos e suplico em oração uma
compreensão especial. Eu não tenho toda a luz, vocês não precisam
aceitar a minha interpretação, eu não foi enviado aqui pela Associação
Geral, presidente me chamou para eu vir da minha casa. Eu sou um
adventista individual, mas eu lhes dei o meu testemunho, você não
precisa aceitá-lo, porque eu ainda continuo crescendo e mudando, porque
eu me agarro às três mensagens angélicas como a base dos adventistas.
Eu prego sobre isso cada sábado.

11. É possível sermos obedientes sem atos pecaminosos já neste


mundo no contexto do plano da salvação?
Esta é uma pergunta interessante. Mervyn Maxwell diria: “Sim, é
possível você chegar a um ponto da vida sem pecado e perfeito.”
Agora vejam, ele também foi professor e no mesmo seminário que
eu lecionei. E eu diria para o Mervyn: “Você está totalmente errado. Esta
O Israel de Deus na Profecia 103
é uma posição herética.” E felizmente a Associação Geral iria concordar
comigo, e eles diriam: “A posição de Mervyn Maxwell é uma posição
extrema.” E foi inaugurada esta idéia com o Pastor Andreasen de que
haverá no final uma geração sem pecado. A minha dissertação doutoral
foi sobre este assunto e o livro chama-se Perfection and Perfectionism
(Perfeição e Perfeccionismo). Alguns têm este livro.
Assim eu tenho convicções profundas sobre este assunto. E ensinei
isto no seminário por 25 anos, e aqui estou representando a posição
central, oficial da Igreja Adventista: Perfeição isenta de pecado é apenas
um presente apocalíptico na ressurreição dos justos. Isto você pode
encontrar estudando 1 Coríntios 15: “O aguilhão da morte é o pecado”. E
quando esse aguilhão será removido? Paulo diz que é por ocasião da
ressurreição e da trasladação.
Agora eu tenho uma palavra final: Se você deseja se sentir santo ou
perfeito, você está cometendo pecado. Tentar sentir-se santo é contra o
plano da salvação, porque nós cantaremos para sempre: “Tu somente és
Santo!” Como nós nos sentiremos ao nos tornarmos mais santos? Quanto
mais nos aproximarmos de Deus mais nos sentiremos pecadores.
Portanto aqueles que desejam sentir-se santos são mais semelhantes a
Satanás. Eles querem se sentir santos sem Deus, porque se você mantiver
contato com o Santo você vai se sentir como Isaías: “Ai de mim, porque
estou perdido!” Vai se sentir como Pedro: “Afasta-te de mim, Senhor,
porque sou pecador!” Esta é a diferença entre pecados e natureza
pecaminosa.
Nós temos que perceber de que vencer o pecado, nós podemos
vencer o comportamento pecaminoso, podemos até vencer os hábitos
pecaminosos, mas nossos corações serão sempre egocêntricos, porque o
pecado habita em nossa natureza pecaminosa. Mas também Cristo e o
Espírito Santo querem habitar em nossos corações. Isto traz um conflito
à nossa alma até o dia de nossa morte. E quando ressuscitarmos com
corpo novo, teremos também um corpo espiritual e não teremos mais as
O Israel de Deus na Profecia 104
tentações de nossos próprios desejos. Eu quero esse tipo de vida. E é por
isso que eu sou um adventista. Amém.

“Nosso gracioso e bondoso Pai celestial. Nós viemos nos apresentar


em humildade diante de Ti, porque sentimos nossa grande necessidade
de recebermos o Teu Espírito Santo. Nós Te agradecemos por dar tanto à
Tua igreja. E nós Te agradecemos porque Tu nos guiaste até aqui.
Conserva-nos junto de Ti e fiéis a Ti. Que possamos ser verdadeiros
seguidores do Cordeiros. Nós suplicamos este privilégio para nós
mesmos e para a nossa família. Que Tu nos transformes em bons
pastores e professores para a Tua igreja, que Tu abençoes todo o nosso
trabalho. Que possas corrigir os nossos erros e purificar-nos cada vez
mais. No nome maravilhoso de Jesus. Amém.”
O Israel de Deus na Profecia 105
TEOLOGIA DA ALIANÇA BÍBLICA

O PROPÓSITO DAS ALIANÇAS DE DEUS

Introdução
Muitos têm escrito sobre as alianças de Deus na Bíblia. A primeira
contribuição que vale a pena foi feita pelo reformador da igreja João
Calvino no 16º século, em seu livro Institutos da Religião Cristã (II, 10-
11). A Sra. White escreveu um capítulo útil em Patriarcas e Profetas,
cap. 32, "A Lei e os Concertos". Podem ser achadas alguns ensaios sobre
as Alianças no ISBE e no Ev. Dictionary of Theology (Elwell, ed.;
Baker). Tais estudos são em essência tratados teológicos sistemáticos.
O que nós precisamos agora, porém, são estudos exegéticos
cuidadosos de cada passagem sobre a aliança em sua própria moldura
histórica da vida, primeiro na história longa de Israel, e então das
passagens do Novo Testamento sobre a nova aliança, como encontrado
no Sermão da Montanha de Jesus, de Paulo em 2 Coríntios 3 e Gálatas 4,
e sobretudo na Carta aos Hebreus. Não se deve negligenciar o livro do
Apocalipse que traz todas as alianças de Deus – do Paraíso Perdido ao
Paraíso Restaurado – junto com uma gloriosa consumação Messiânica.
Nossa abordagem presente será seguir os passos de nosso fiel
Criador ao longo da história da salvação, cobrindo o tempo da aliança da
criação de Deus com Adão até A Sua recriação do Paraíso na Terra feita
nova. Esta perspectiva histórica redentora é freqüentemente perdida em
uma simples abordagem doutrinal da Bíblia. Muitos de nós somos
alheios ao desdobramento histórico gradual, progressivo das alianças de
Deus. Nós precisamos de um novo olhar ao plano de redenção de Deus
lentamente revelado na Bíblia. A relação teológica entre os dois
Testamentos é de importância crítica, um tema que permanece uma
questão desconcertante para muitos hoje.
De fato, os adventistas do sétimo dia não são imunes a esta questão
desafiadora. Alguns de nossos pastores na América nos deixaram
O Israel de Deus na Profecia 106
recentemente, porque eles já não puderam concordar com nossa
convicção básica relativo à "nova aliança". Eles desistiram da Lei e do
Sábado como não mais requeridos pela nova aliança. É claro, nós
precisamos dar uma olhada a nossa teologia da relação entre a antiga e a
nova aliança. Servir-nos-á melhor considerar o tema das alianças de
Deus na varredura total da história inteira da salvação na Escritura.

BALANÇO GERAL DAS ALIANÇAS DE DEUS

É útil fazer um balanço geral das principais alianças de Deus com o


homem em sua sucessão cronológica. Tal avaliação ajuda a ver como
Deus desenvolveu as revelações de Sua aliança com o passar do tempo.
Nós escolheremos tratar mais a fundo, porém, só com o mais pertinente
para nós: a antigo e a nova aliança.

ANTIGO TESTAMENTO NOVO TESTAMENTO


A aliança da criação. Com Cristo: o Torah do Messias.
A aliança da graça. A Nova Aliança: na Carta aos
Com Noé: de preservação. Hebreus.
Com Abraão: de promessa. A Nova Aliança: em 2 Coríntios 3
Com Moisés: o Torah de YHWH. e Gálatas 4.
Com o Rei David: do Reino. O Apocalipse de João: Todas as
Promessas da Nova Aliança. Alianças Consumadas.

Vamos tocar os princípios básicos de cada nova aliança e


estabelecer como elas estão relacionadas entre si na história progressiva
da redenção.
Nós temos sempre que começar com a primeira aliança que Deus
fez com homem no Paraíso que alguns têm chamado A Aliança da
Criação ou a Aliança Edênica. Em Gênesis 1 e 2 nós aprendemos que já
antes da Queda do homem, o Criador fez uma aliança importante com o
homem sobre como governar a Terra como o representante de Deus,
O Israel de Deus na Profecia 107
com uma responsabilidade para com Ele, e como adorar o Criador em
companheirismo dependente e renovando e crescente com Ele.
O Criador deu ao homem o dia de Sábado e seu descanso divino
como o sagrado “santuário no tempo” para encontrar-se com Deus livre
de todos os fardos de trabalho. O Sábado foi criado pelo Criador como o
sinal da aliança de intimidade com Deus, para lembrar ao homem de sua
posição de criatura e reconhecer sua gratidão pelo amor do Criador e
sabedoria para com homem no Paraíso: Gên. 1:26-28; 2:2-3.

A PRIMEIRA PROMESSA DA ALIANÇA MESSIÂNICA


Depois da Queda, Deus fez uma promessa de aliança a Adão e Eva,
para prover um Redentor da humanidade que conquistaria o arqui-
enganador do homem:
Gên. 3:15. Esta é a primeira promessa Messiânica na Bíblia, porque
o Redentor prometido terá o poder real de julgar e executar o próprio
Satanás. Neste momento nós precisamos interromper um momento e
refletir sobre esta significativa promessa do Criador. Será que o Seu
plano de salvação foi uma reflexão tardia ou Ele foi preparado parra a
Queda eventual do homem? Aqui nós temos que captar a visão maior,
levando em consideração toda a Bíblia. Nós aprendemos do NT que o
Criador tinha projetado Seu plano de salvação antes da criação deste
mundo:
Efés.. 1:4; 1 Ped. 1:20, e Heb. 13:20, "a eterna aliança".

EGW oferece este profundo discernimento, “Deus não ordenou a


existência do pecado. Previu-a, porém, e tomou providências para
enfrentar a terrível emergência. Tão grande era Seu amor pelo mundo,
que concertou entregar Seu Filho unigênito ‘para que todo aquele que
nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna’. ” (DTN 22).

Depois da Queda do homem, Deus não aboliu o elo de ligação entre


o céu e a Terra, nem mudou o sinal de Sua aliança da criação: o dia de
O Israel de Deus na Profecia 108
Sábado com seu descanso divino permaneceu intacto e acrescentou a
nova dimensão da graça. Agora a comunicação com o Criador devia ser
com um Criador benevolente e misericordioso. A obra de Deus na
criação e na redenção forma uma unidade inquebrantável. O Criador não
abandonará a obra de Suas mãos! Esta unidade Criador-Redentor é
afirmada vigorosamente na Carta aos Hebreus do NT (capítulo 4).
Nós concluímos portanto que a promessa divina de um Redentor em
Gênesis 3:15 é o começo histórico da aliança da graça para toda a
humanidade.

A ALIANÇA DE PRESERVAÇÃO COM NOÉ


Algumas gerações depois, o homem tinha apostatado tão
profundamente do Criador que “a maldade do homem se havia
multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu
coração; então, se arrependeu o SENHOR de ter feito o homem na
terra, e isso lhe pesou no coração” (Gên. 6:5, 6). Não obstante, Deus por
Sua graça escolheu um homem, Noé, para representar Sua vontade
redentiva para preservar a humanidade. Ele salvou Noé e sua família de
Seu juízo retributivo do dilúvio (6:8). Interessante é o relatório em Gên.
6:9, o “Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos;
Noé andava com Deus.”
Aqui nós temos que fazer uma pausa e perguntar o que significam
estas palavras. Como as noções de "justiça" e "integridade" ou
"perfeição" são aqui definidos? Como estão relacionados à descrição de
que Noé "andava com Deus"? Será que o "andar com Deus" está
condicionado à perfeição impecável ou é o outro lado da moeda: o seu
andar com Deus santificou e transformou Noé, de forma que foi
capacitado a viver uma vida aprovada por Deus entre pessoas pecadoras?
O segredo da justiça de Noé foi sua fé em Deus e em Sua palavra (veja
Heb. 11:7).
A palavra "aliança" [berit] foi pela primeira vez proferida por Deus
a Noé em Gên. 6:18. Ele "estabeleceria" ou "manteria" Sua aliança com
O Israel de Deus na Profecia 109
Adão em Gên. 3:15 agora com Noé e sua família. Noé adorava a Deus
por meio de animais sacrificiais, até mesmo quando seu significado não
é aqui explicado (8:20, 21). Deus também colocou Noé sob Sua ordem
de preservar toda a vida humana (9:5-6). Deus fez a promessa auto-
imposta de que Ele jamais destruiria novamente o homem por meio de
um dilúvio sobre a Terra. Como sinal de Sua nova promessa da aliança,
Ele deu o arco-íris no céu quando a chuva unir-se-ia com os raios solares
(9:12-17). Deus prometeu: “O arco estará nas nuvens; vê-lo-ei e me
lembrarei da aliança eterna entre Deus e todos os seres viventes” (9:16).
O sinal de arco-íris assim garante à humanidade que a eterna
misericórdia de Deus para viver é estendida a todos os povos.

A ALIANÇA ABRAHÂMICA DA PROMESSA


Mais tarde na história, nos dias de Abrão na Mesopotâmia, o
Criador tomou outra iniciativa para assegurar ao homem Seus propósitos
de graça de abençoar a humanidade por meio de enviar um Salvador para
todos os povos em: Gên. 12:1-3, 7.
Nós temos que nos relembrar da continuidade e unidade das
promessas de Deus quanto a um Redentor como dada em primeiro lugar
em Gên 3:15. Quando Deus escolheu Abrão como o Seu instrumento
para abençoar a outros, este chamado implicou numa renovação da
promessa Messiânica de Gên. 3:15. Não obstante, a bênção de Abrão foi
ainda uma surpresa, devido ao fato de que o homem foi colocado pelo
Criador sob uma tríplice maldição: após a Queda na Terra, em Caim, e
sobre a humanidade no dilúvio. Estes juízos justificados não é nada
menos que a pura graça de que este Deus estava disposto a passar por
cima de Suas justas maldições por Sua misteriosa misericórdia a favor de
Suas criaturas.
Gênesis 12 é claramente o começo de uma nova era de esperança
Messiânica renovada para todos os homens. Nós aprendemos aqui
revelações novas:
O Israel de Deus na Profecia 110
1) O nome de Deus é YHWH, pronunciado aproximadamente como
Yahweh, um nome que é dado ao Criador em primeiro lugar em
Gênesis 2:4. Isto nos ensina que o Criador do homem também é o
benevolente Deus da aliança.
2) A promessa de Deus de "abençoar" virá pela linha ou "semente"
de Abraão; será assim uma bênção abraâmica;
3) A bênção estende-se não obstante a "todas as famílias da Terra" e
é assim de extensão universal;
4) A bênção renova a promessa de Gên. 3:15 e inclui a promessa
Messiânica, como interpretado cristologicamente no Novo
Testamento (veja Gál. 3:8, 16; Atos 3:25-26);
5) A promessa também inclui território ou terra para viver como
uma renovação do Paraíso (12:7, renovada em 13:14-17; etc.),
mais tarde expandida para um novo céu e uma nova terra através
de Isaías (65:17).

Em Gênesis 15 Yahweh renovou Sua promessa a Abrão de uma


descendência incontável, apontando às miríades de estrelas no céu
escuro (15:5), acrescentando novamente uma promessa territorial para a
sua descendência (15:7).

Neste momento, nós temos que fazer uma pausa para uma lição
monumental na doutrina da salvação para Abrão, uma lição que contava
não só com Abrão mas também com todos os homens na Terra: 15:6.
Leia também: Rom. 4:20-25.
Aqui nós aprendemos como Deus aceita uma pessoa que crê em
Deus e confia em Suas promessas. Este exemplo da fé e confiança de
Abrão sobressai como talvez o maior monumento da graça de Deus na
história humana. Paulo faz deste texto de Gên. 15:6 também o pilar
principal da fé cristã (Rom. 4:3; Gál. 3:6). Aqui nós aprendemos como
Abrão é o pai de todos os crentes! Como Abrão creu e obedeceu a Deus,
O Israel de Deus na Profecia 111
assim nós todos deveríamos nos relacionar com o mesmo Deus da graça
e esperança.

Naquele ponto do tempo, Abrão e Sara estavam muito velhos e


ainda sem filhos, de modo que ele pede a Deus alguma certeza de tão
grande promessa: Gên. 15:8.
A resposta de Deus à pergunta de Abrão é de extrema importância
para a teologia da aliança bíblica. O Criador ordena a Abrão a seguir o
costume legal de sua própria cultura em como fazer uma aliança por
meio de matar e partir em partes alguns animais: Gên. 15:9, 10.
O significado de tal cerimônia de sangue era evidente para todos:
infidelidade para com as promessas da aliança requereria a retribuição da
morte do infiel, da mesma maneira que o animal estava cortado em
pedaços. O significante aqui é em particular que o próprio Deus aparece
e Se move entre as duas filas de pedaços de animais como uma "tocha
ardente" (15:17, 18). O próprio Deus é o ativo Fabricante da aliança,
enquanto que Abrão é o passivo.
O sacrifício pertencia ao coração da aliança divina, até mesmo
quando seu mais profundo significado devia ser revelado só mais tarde
na cruz de Cristo. Deus estava disposto levar sobre Si Mesmo a
obrigação de ser fiel até a morte. Esta cerimônia em Gênesis 15 implicou
então já a morte de Cristo no Calvário!
Veja EGW em PP 137.

Logo depois, Deus Deus acrescentou um sinal específico de Sua


aliança com Abrão: Sua ordem para circuncidar os menininhos em seu
oitavo dia: Gên. 17: 9, 10, 13.
Finalmente, nós aprendemos em Gênesis 22 que Deus pôs Abraão à
prova de sua fé, ordenando-lhe que fosse ao Monte Moriá e sacrificasse
lá o seu filho Isaque, o filho da promessa. Essa era a máxima prova de fé
e confiança! Abraão estava preparado para obedecer implicitamente,
quando Deus o deteve do sacrifício da criança atual que também os
O Israel de Deus na Profecia 112
deuses pagãos requereriam. O importante são as palavras de aprovação
de Deus: “Agora sei que temes a Deus” (Gên. 22:12).
Deus acrescentou o Seu juramento sagrado à Sua promessa a
Abraão. A fé de Abraão é o principal exemplo de verdadeira fé em total
confiança e obediência total. Abraão não só creu na promessa de Deus
mas igualmente na ordem de Deus!
No NT ambos Paulo e Tiago recorrem a Gênesis 15 e 22, para
estabelecer a fé salvadora e santificadora para os cristãos. Enquanto
Paulo acentuou a fé de Abrão na promessa (Rom. 4 e Gál. 3), Tiago
acentuou as obras de fé de Abrão em Gênesis 22 (Tia. 2:21-23). A
unidade de fé e obras é a marca da fé apostólica.

A ALIANÇA MOSAICA: O TORAH DE YAHWEH

Por que Deus fez outra aliança com as doze tribos de Israel no
Monte Sinai? E qual é sua relação com a aliança abraâmica?
Em primeiro lugar nós temos que estabelecer que o Deus de Moisés
e Israel era igual ao Deus dos patriarcas: Êxo. 6:2-8. Moisés não
apresentou um novo Deus a Israel, mas o fiel Deus de Abraão, que
mantém a aliança: Deut. 7:8, 9.
O Deus da aliança do povo de Israel é o Deus da aliança de lealdade
ou "o amor constante" [de hesed]! O livro de Êxodo assim continua a
história de Gênesis. Só desenvolve a teologia da aliança com novos
aspectos de cumprimento que era desconhecida antes: Êxo. 2:24.
Deus gradualmente revelou mais completamente para o Israel as
partes essenciais de Sua aliança eterna de salvação. Isto aconteceu em
duas fases: primeiro no cordeiro de Páscoa para libertar Israel do Egito
por seu sangue sacrifical (Êxo. 12:13, “Quando eu vir o sangue, passarei
por vós”), e então na entrega da Lei no Monte Sinai em Êxodo 20, para
entrar em uma relação de aliança permanente com Israel.
Nós precisamos tomar conhecimento desta seqüência de revelações
divinas: primeiro Deus revelou Sua graça salvadora no cordeiro de
O Israel de Deus na Profecia 113
Páscoa, e só então Ele revelou Sua lei moral para Israel. Essa é também a
ordem do evangelho no NT, como nós veremos.

P: Por que então a apostasia de Israel em adorar o bezerro de ouro


fim não terminou com a fidelidade de Deus a Suas promessas?
Por causa da vontade misericordiosa e redentiva de Yahweh para
todos os homens: Êxo. 34:6, 7.

P: Qual era então o propósito da aliança de Deus com Israel?


Leia: Êxo. 19:5-6.
Israel foi escolhido para ser uma nação real e sacerdotal, com a
missão de ser uma luz salvadora e moral a todas as nações gentílicas.
Com este propósito missionário Deus tinha feito uma aliança com Israel,
um berit ou acordo com um propósito redentivo para Israel e todos os
outros povos sobre a Terra. Note a extensão universal!
Israel recebeu coletivamente uma experiência salvadora como uma
lição objetiva de sua redenção espiritual da escravidão do pecado. Agora
Israel foi escolhido a permanecer dentro deste relacionamento redentivo
da aliança de Deus no Sinai.
Deus esperava de Israel a mesma fé e obediência que Abraão tinha
demonstrado: Deut. 6:4-5.
Isto implica que um Israelita seria salvo da mesma maneira que
Abrão foi aceito e salvo por Deus: por meio da fé na promessa de Deus
(Gên. 15:6) e foi igualmente obrigado obedecer a ordem de Deus como
Abrão o foi (Gên. 22).
Evidentemente, Deus esperava de Israel obediência de coração, e
não apenas conformidade externa com a letra da lei. Deus esperava amor
agradecido em resposta à Sua benevolente libertação de Israel da
escravidão egípcia. A história completa da feitura da aliança mosaica é
descrita em Êxodo 19-24.
O Israel de Deus na Profecia 114
Estrutura das alianças Orientais
É iluminador aprender da pesquisa arqueológica moderna que a
cultura do tempo de Moisés estava bem familiarizada com alianças
legais entre nações, ou entre um poderoso senhor e os seus vassalos. Isto
foi documentado por George E. Mendenhall da América do Norte em
seu ensaio feito na época: Law and Covenant in Israel and the Ancient
Near East (1950).
Ele estabeleceu que há seis elementos característicos encontrados
na estrutura da aliança dos textos dos tratados hititas:
1) O Preâmbulo identifica o criador da aliança, dando seus títulos e
atributos; 2) o “prólogo histórico” descreve as ações benevolentes que o rei
hitita executara para o benefício do vassalo. Esta importante característica
enfatiza os favores recebidos como as razões por que o vassalo é obrigado
à perpétua gratidão para com o grande rei; 3) as “estipulações” da aliança
descrevem com detalhes as obrigações impostas ao vassalo e aceitas por
ele; exigia-se do vassalo que aparecesse diante do rei hitita uma vez por
ano; 4) a provisão para depósito no templo do estado vassalo e a leitura
pública periódica do documento; 5) a lista de deuses como testemunhas e
os que impõem a aliança; 6) o pronunciamento de maldições e bênçãos para
os guardadores da aliança.

A aliança de Deus feita com Israel mostra uma notável estrutura


paralela aos costumes legais no tempo de Moisés. Também YAHWEH
em primeiro lugar menciona o que Ele fez ao Egito e “como vos levei
[Israel] sobre asas de águia e vos cheguei a mim” (Êxo. 19:4) antes de
Ele falasse as palavras " dele do Decálogo para eles. O Preâmbulo do
próprio Decálogo começa com uma breve lembrança de Seu ato
redentivo de libertar Israel da escravidão egípcia, para estabelecer Sua
identidade e a razão para a obediência de Israel para com este Deus
Redentor: Êxo. 20:2.
As estipulações da aliança são bem explicadas no Decálogo em
Êxodo 20, completadas por leis sociais em Êxo. 21-23. Três vezes Israel
fez um compromisso de obedecer a tudo o que o SENHOR disse (Êxo.
O Israel de Deus na Profecia 115
19:8; 24:3, 7). A aliança foi cerimonialmente ratificada com o aspergir
do sangue sacrifical (Ex. 24:4-8). Dentro do Decálogo estão contidas
maldições e bênçãos (20:4-6, 11, 12), e foram pronunciadas
explicitamente de duas montanhas, Ebal e Gerizim (Deut. 27-28).
Também há menção específica do livro da aliança que foi lido ao povo
durante a criação da aliança (24:7). As tábuas de pedra, porém, tiveram
que ser depositadas dentro da “arca do Testemunho” (Êxo. 25:21, 22),
enquanto que o “Livro da Aliança” seria colocado “ao lado da arca da
aliança” (Deut. 31:26).
O mesmo procedimento também caracteriza as periódicas
renovações da aliança de Israel sob Moisés na planície de Moabe em
Deut. 29-30, sob Josué em Siquém em Jos. 23-24, e depois nos dias dos
reis davídicos Joás, Ezequias, e Josias.
Pode ser aprendida uma verdade básica desta comparação: a lei de
Deus não deve ser dissecada de sua moldura histórica durante a vida. A
Lei de Israel, o culto sacrifical, e história redentiva estão reunidos em
uma unidade inquebrantável. Essa é a essência do TORAH de Yahweh.
Ele une a lei e a graça em uma e a mesma aliança.
P: Qual é então o relacionamento entre a aliança mosaica e a
aliança abraâmica?
Eles são opostos ou substituindo um ao outro, como se Deus
substitui lei com raça, ou se agracia com lei? Nos deixe escutar à
instrução de Paulo em: Gálatas 3:17, 19, 21.
Paulo está dizendo que a lei de Deus não é oposta à Sua graça, ou
que Sua graça não é oposta à Sua lei. Paulo assim rejeita o contraste
simplista entre os dois, ou a teoria de substituição de uma pela outra,
como está sendo ensinado pelo Dispensacionalismo moderno em suas
duas dispensação sucessivas, uma seguida pela outra:

LEI GRAÇA
_______________________ ________________________
O Israel de Deus na Profecia 116
P: Qual era o ensino da aliança Mosaica?
Lembre-se do Preâmbulo da Lei em Êxo. 20:2, que declara que a
libertação benevolente de Deus precedeu a lei moral. Para que propósito
foi dada a lei a Israel se eles já tinham recebido a aceitação benevolente
de Deus? A lei foi dada a um povos redimido por seu Redentor para que
Israel pudesse andar com Deus como o seu divino Rei Redentor e não
perder sua salvação por estilos de vida pecaminosos! A lei moral nunca
foi dada para nossa salvação mas exclusivamente para nossa vida
santificada.
Lembre-se também que a aliança mosaica inclui a aliança
abraâmica! Este é o argumento de Paulo aos Gálatas. Nós podemos ver
esta continuidade no culto sacrifical que continuou os rituais de Páscoa e
abriu a porta à graça perdoadora de Deus por meio do sacerdócio levítico
(veja Lev. 4 e 16).

O Significado do Torah de Yahweh


O que Deus deu a Israel no Monte Sinai não foi uma lei abstrata em
si mesma, mas a Sua instrução ou os Seus conselhos orientadores para o
povo da aliança: como andar com Deus e com os nossos semelhantes:
Êxo. 24:12. O Torah estava mostrando a Israel o modo de como ordenar
a sua vida redimida e adoração!
O Torah incluía todas as instruções de Deus para Israel, incluindo
todas aquelas para receber Sua graça perdoadora por meio do sangue de
um sacrifício animal no santuário de Deus. Assim todos os livros de
Moisés foram chamados o Torah de Yahweh. Mais tarde até mesmo os
livros proféticos e o inspirado livro de Salmos foram acrescentados ao
Torah divino (veja João 10:34; 1 Cor. 14:21). Portanto, o Torah pode
reavivar a alma, porque é a base onde Deus revela a Sua misericórdia ao
pecador: *Ps. 19:7.
O Torah é assim mais do que exigências legais.
O Israel de Deus na Profecia 117
O Torah também mantém dois sinais das anteriores alianças de
Deus: o Sábado da aliança da criação, e a circuncisão da aliança
abraâmica. Estes sinais provam por si mesmos que todas as alianças de
Deus formam em essência uma unidade espiritual.
O Sábado participa explicitamente tanto da aliança da criação de
Deus como da aliança mosaica: compare Êxo. 20:8-11 e Deut. 5:15!

III. A ALIANÇA DAVÍDICA: O CORAÇÃO DA NOVA


ALIANÇA
pode ser achado em 3 páginas de um SS Lesson study (03/08/03).

A EXPERIÊNCIA DA NOVA ALIANÇA


na história de salvação do Antigo Testamento

Durante o exílio babilônico de Israel, Jeremias ficou extremamente


pessimista sobre a capacidade humana de obedecer a lei e a vontade de
Deus. Ele usou esta metáfora para descrever a incapacidade de Israel
para guardar os mandamentos de Deus: “Pode, acaso, o etíope mudar a
sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem,
estando acostumados a fazer o mal.” Assim como poderia jamais Israel
agradar a Deus com tal inclinação para fazer o mal?
O sentimento de Jeremias sobre o desespero da tendência natural
para o eu é o antecedente que contrasta com a nova promessa do Criador
de que Ele vai “escrever” Sua lei novamente nas tábuas do “coração”, da
mesma maneira que Ele tinha feito no Paraíso da Criação, e como Ele
tinha feito quando Moisés recebeu Sua lei, escrita pelo dedo de Deus em
tábuas de pedra: Jer. 31:31-34.
O que era novo nesta “nova aliança” para Israel, comparado com a
sua vontade rebelde e alienação de coração em conhecer a Deus? A
promessa era de que a lei de Deus seria interiorizada em cada pessoa
individual, de forma que cada um conhecesse pessoalmente o Senhor em
O Israel de Deus na Profecia 118
uma relação redentiva. Tudo isso viria com um novo perdão dos seus
pecados e uma reconciliação dos membros da aliança.
Foram prometidos os mesmos dons de perdão dos pecados e uma
coração disposto um século antes por Isaías: Isa. 1:18, 19.
Especialmente Jeremias deve ter sido surpreendido, quando Deus
disse: Apesar dos corações teimosos e indispostos de Israel, Eu renovarei
seus corações e mentes, se eles estiverem dispostos a ser feitos dispostos
e Me buscarem. Jeremias acentuou que o ponto não era principalmente
tentar guardar a lei, mas buscar o próprio Senhor "de todo o vosso
coração" (Jer. 29:13, 14). Em Jer. 31, Jeremias enfatizou que o propósito
da nova aliança é “conhece o SENHOR” até que eles “todos me
conhecerão” (31:34) como maneira de experimentar a Sua graça
perdoadora. A nova aliança assim provê conhecimento individual e
salvador de Deus e um coração disposto a obedecer-Lhe como seu
Senhor!

P: Que promessa de Ezequiel, o sacerdote-profeta, deve ser unida


com a profecia da nova aliança de Jeremias para um quadro mais
completo?
Ezeq. 36:26-27; cf. 37:14; 39:29

“O coração de pedra” significa um coração insensível que


permanece surdo ao apelo de Deus à obediência e ao arrependimento,
Veja também Ezeq. 18:30-32. Ezequiel declara explicitamente que o
Criador criará um “coração novo” “de carne” e um espírito novo no
homem, isso é, um coração disposto que recebe o Espírito de Deus, de
forma que a alma é “movida” a obedecer cuidadosamente a vontade de
Deus! Enquanto para Jeremias a palavra-chave é “uma nova aliança”,
para Ezequiel é o “coração novo”.
As promessas de Jeremias e de Ezequiel juntas, constituem as
promessas da nova aliança que profetizam um relacionamento perfeito
de Israel e o seu Deus Criador, como era planejado para homem desde o
O Israel de Deus na Profecia 119
começo no Paraíso. O plano de Deus de criação e o Seu plano de
redenção é em essência o mesmo. A experiência da nova aliança é a
restauração de uma relação redentiva com o Criador no qual nós O
reconhecemos como o Senhor e Governante acima de nós e andamos
humildemente com o nosso Deus (cf. Miq. 6:8). Nós poderíamos dizer
que “andar com Deus” é o termo do AT para um relacionamento
salvador e santificador com nosso Criador. Isto é o que Enoque, Noé, e
Abraão, e outros santos experimentaram antes do advento de Cristo.
P: O que prometeu Deus colocar dentro dos arrependidos corações
de Israel, quando eles receberam o Seu divino perdão de pecados? Que
dois presentes inseparáveis?
Jer. 31:33 ("Minha lei") e Ezeq. 36:27 ("Meu Espírito").

Ambos serão unidos dentro do novo homem e como ambos


funcionarão na experiência da nova aliança de Israel?

P: O que deveríamos aprender desta ordenada união da lei de Deus


e o Espírito de Deus? Como deveríamos conceber seu relacionamento?
Nós não devemos assumir uma harmonia básica entre a Lei e o Espírito,
desde que tanto um como o outro são dons do mesmo Deus?
♦ Isaías expressou esta unidade de espiritual em Isa. 59:21.
♦ Isaías também prometeu que a bênção futura da aliança de
paz de Deus será: “Todos os seus filhos serão ensinados pelo
SENHOR. . .” (54:13, Nova Versão Internacional).
♦ Que profetas insistem em predizer que Deus derramará o Seu
Espírito sobre todo o Israel? Joel 2:28.
Aqui nós temos que aprender que a Palavra ou Torah de Deus
permanece normativo para qualquer novo ensino do Espírito: a palavra
de Moisés permaneceu a regra de orientação que serve de norma
(“norming norma”). Veja: Isa. 8:20.
O Israel de Deus na Profecia 120
A EXPERIÊNCIA DA NOVA ALIANÇA NO ANTIGO
TESTAMENTO

P: Quão nova é esta experiência redentiva na história da salvação?


Foi esta experiência salvadora e santificadora só disponível para o Israel
pós-exílico? O que dizer sobre Israel pré-exílico Israel? Vamos escolher
um exemplo da Lei de Moisés e um exemplo dos Profetas.
P: Já havia tal experiência do coração com Deus em Abraão, de
acordo com livro de Gênesis, e em Moisés de acordo com o livro de
Deuteronômio, e em David e outros israelitas piedosos, de acordo com
os seus testemunhos no livro de adoração, os Salmos?

Vamos considerar as três principais personalidades de Israel que


são mencionado no NT como os principais exemplos da verdadeira
experiência da nova aliança na igreja cristã. Nós os escolhemos do
alcance inteiro de Moisés e os Profetas.
Como Abrão teve uma experiência redentiva com Deus? Quem
tomou a iniciativa em cada nova situação da vida de Abraão e como? E
como Abraão respondeu? Gên. 15:6; 26:5.
Como Moisés expressou a experiência redentiva de Israel com Deus
em Deut. 6:6 e 30:6, 14? (como uma “circuncisão do coração”!)
Como o Rei David testificou de sua relação redentiva com a aliança
de Israel Deus no Salmo 51:10-12?
David testifica sobre a experiência de sua nova aliança redentiva no
Salmo 40 em condições mais positivas: * Sal. 40:6-8.
O testemunho de David no Salmo 40 tornou-se um dos Salmos
Messiânicos centrais na Epístola aos Hebreus. [veja sob “Hebreus”,
abaixo]

P: Outros israelitas piedosos tiveram esta mesma experiência


salvadora e estavam eles submetendo sua vontade à vontade de Deus
sob a aliança Mosaica?
O Israel de Deus na Profecia 121
O Livro de Salmos foi escrito por israelitas inspirados, espirituais
que experimentaram o relacionamento da nova aliança com Deus. Eles
provaram uma delícia interna no Torah e amaram a lei de Deus com
todos seu coração e alma. E ninguém é hipócrita em seus prazeres!!
Sal. 1:2; 19:7, 10; 37:31 e Sal. 119:11, 33-40, 66, 111, 133.

A INTERPRETAÇÃO MESSIÂNICA DE JESUS DO TORAH

Jesus não invalidou o Torah de Moisés, mas antes intensificou suas


exigências. Ele radicalizou cada mandamento de Deus ao colocá-lo na
luz da intenção original de Deus. No Evangelho de Mateus um fariseu
tentou testar o conhecimento de Jesus sobre o Torah perguntando,
“Mestre, qual é o maior mandamento na Lei?” Jesus respondeu:
“Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu
coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e
primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei
e os Profetas.” (Mat. 22:37-40).

Jesus citou dois mandamentos de Moisés, um em Deuteronômio 6:5


e outro em Levítico 19:18, ambos os quais exigindo a motivação de amor
para o cumprimento do Torah. Jesus portanto não inovou os dois
mandamentos de amor, mas os citou do Torah. Ele surpreendeu os
fariseus, não obstante, colocando estes dois requerimentos de amor em
um nível igual, e então elevando-os como os mandamentos principais
que expressam a intenção divina do Torah inteiro: “Destes dois
mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas!” Só por meio do amor
divino a lei e os profetas alcançariam seu máximo alvo. Esta era a nova
interpretação de Jesus sobre o Torah. Sua nova perspectiva funciona
como o Seu programa hermenêutico para entender-se toda a Lei e os
Profetas.
Desde o começo, o Jesus negou categoricamente a noção enganada
sobre Si mesmo, de que Ele tinha vindo “revogar a Lei ou os Profetas;
O Israel de Deus na Profecia 122
não vim para revogar, vim para cumprir” (Mat. 5:17). Isto expressou a
plena e firme lealdade de Jesus ao Torah de Moisés. Ele sublinhou Sua
declaração com estas palavras de autoridade Messiânica: “Em verdade
vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais
passará da Lei, até que tudo se cumpra.” (Mat. 5:18). Acima disso, Ele
acrescentou que os mandamentos do Torah devem ser ensinadas e
praticadas inalteráveis para ter a aprovação de Deus (v. 19). Jesus então
colocou Sua afirmação das obrigações de Torah contra a tradição
prevalecente, declarando: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não
exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino
dos céus” (v. 20).
Esta seção unificada do endosso de Jesus de ao Torah (Mat. 5:17-
20) serve como o programa guia para interpretar os seguintes seis
contrastes do Seu ensino (versos 21-48) que começam com as palavras,
“Ouvistes o que foi dito. . . Eu, porém, vos digo” (vv. 21,27,31,33, etc).
Estas seis assim chamadas “antíteses” não são contrastes com o Torah
absolutamente, mas contrastes com os ensinos e práticas farisaicas, como
o verso 20 claramente indica. Donald A. Hagner esclarece o assunto dos
aparentes contrastes: “As correções de Jesus sobre as compreensões
enganadas envolvem a apresentação do verdadeiro significado do
Torah, não o seu cancelamento como poderia parecer ser o caso a
princípio.” 1
Jesus entendeu as exigências de Torah, mencionadas em Mateus 5,
não como leis de casuísticas abstratas, mas como expressões do caráter e
vontade de um Pai amoroso. Cristo resumiu a meta do Torah de Moisés
como: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste”
(Mat. 5:48). A palavra “portanto” indica que a declaração de Jesus era o
resumo e conclusão de Suas palavras prévias nos versos 43-47. Lá Jesus
apontou à “perfeição” do amor incondicional e imparcial de Seu Pai para
com todos os homens, porque Deus dá Sua chuva e raios de sol
igualmente aos bons e maus (v. 45). Em Sua liberdade soberana como
Messias, Jesus ampliou o mandamento de amor de Moisés que declarou
O Israel de Deus na Profecia 123
“Amarás o teu próximo” para “Amai os vossos inimigos e orai pelos que
vos perseguem” (v. 44). Jesus praticou o que pregou. Enquanto estava
sendo pregado numa cruz, Ele orou por Seus inimigos: “Pai, perdoa-lhes,
porque não sabem o que fazem.” (Luc. 23:34). Cristo não aboliu o Torah
mas antes intensificou-o revelando o amor redentivo de Deus no Torah.
O amor supremo de Cristo para Deus e Sua atitude misericordiosa
para Seus membros da raça humana demonstrou o verdadeiro significado
dos requerimentos do Torah. Cristo até mesmo salvou o criminoso que O
tinha insultado na cruz em sua última hora (Mat. 27:44; Luc. 23:43). Ser
“perfeito” no Torah é amar de todo o coração, isto é, com um coração ou
vontade não dividida, ser de uma só mente na devoção ao único Deus de
Israel e não mais servir a outros deuses (veja Deut. 6:4-6; 18:13). Moisés
mencionou Enoque, Noé, e Abraão como homens que eram “perfeitos”,
não porque eles eram sem pecado mas porque eles “andaram com Deus”
em obediência (Gên. 5:22, 24; 6:9; 17:1; 26:5). A perfeição deles era
uma perfeição em ação, recebendo um perdão perfeito em um
relacionamento transformador com o Deus da aliança.
Jesus explicou que Deus como o “Pai” da humanidade é “perfeito”
em Seu amor imparcial para com todos os homens! Pelo fato de estender
o amor irrestrito de Deus aos outros, os discípulos de Jesus refletiriam
aquele amor divino e assim fazer mais do que os gentios (Mat. 5:47).
Mateus formulou nossa “perfeição” em termos de amor incondicional, da
mesma maneira que nosso Pai estende o Seu incondicional amor para
com todas as pessoas. Lucas formula o mesmo tipo de “perfeição” em
termos de “misericórdia”: “Sede misericordiosos, como também é
misericordioso vosso Pai.” Lucas 6:36. Só então Israel poderia ser o “sal
da terra” e “a luz do mundo”, brilhando o amor de Deus que motivará os
homens a glorificarem “a vosso Pai que está nos céus” (Mat. 5:13-16).

Jesus e o Sábado
Alguns eruditos têm tomado a posição de que Jesus rejeitou a lei de
Moisés com referência ao Sábado, embora alguns eruditos judeus não
O Israel de Deus na Profecia 124
2
encontram nenhuma brecha significativa da lei feita por Jesus. Nós
lemos no Evangelho de João que Jesus em um dia de Sábado curou
milagrosamente um inválido por trinta e oito anos (cap. 5).
Sendo chamado a responder por isto, “Jesus lhes respondeu: ‘Meu
Pai está trabalhando até agora, e eu estou trabalhando’. Por isso, pois, os
judeus estavam procurando matá-lo, porque não somente quebrava o
sábado, mas também chamava Deus seu próprio Pai, fazendo-se igual a
Deus.” (João 5:17-18, New American Standard Bible).
E novamente: “Alguns dos fariseus diziam: ‘Esse homem não é de
Deus, porque não guarda o sábado’.” (João 9:16). Problemática parece
ser a própria declaração de Jesus: “O sábado foi estabelecido por causa
do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mar. 2:27, 28).
Oscar Cullmann concluiu destas passagens que Jesus ensinou a
“não-observância do Sábado” que portanto “justifica a desobediência” ao
mandamento do Sábado.3 Em seu contexto, a reivindicação de Jesus de
ser o “Senhor do Sábado” não sugere uma ab-rogação do mandamento
do Sábado para defender Seus discípulos famintos pelo ato deles de
colher “espigas”, mas antes o oposto: Jesus fez a reivindicação
Messiânica que Ele tinha autoridade para interpretar corretamente o
mandamento do Sábado. Jesus até mesmo desafiou os líderes judeus:
“Não vos deu Moisés a lei? Contudo, ninguém dentre vós a observa. . . .
no sábado circuncidais um homem. E, se o homem pode ser circuncidado
em dia de sábado, para que a lei de Moisés não seja violada, por que vos
indignais contra mim, pelo fato de eu ter curado, num sábado, ao todo,
um homem?” (João 7:19, 23).
Leon Morris comenta:
Se eles tivessem entendido o significado do que eles estavam fazendo
eles teriam visto que uma prática que anulava o Sábado para prover as
necessidades cerimoniais de um homem justificava o passar por cima do
Sábado para prover a cura de um homem completo. . . Ele não estava
simplesmente discutindo que uma lei repressiva fosse liberada. Nem adotou
uma atitude anti-sabática, opondo-se à instituição inteira. Ele mostrou que
O Israel de Deus na Profecia 125
Sua ação cumpriu o propósito da instituição original. . . Atos de misericórdia
como os que Ele fez não eram meramente permissíveis mas obrigatórios.4

Sanders também avaliou as histórias de cura no Sábado (o Homem


com a mão ressequida. Mat. 12:9-14; a Mulher possessa de um espírito
de enfermidade. Luc. 13:10-17; a cura de um Homem com hidropisia.
Luc. 14:1-6), e concluiu que estes “não revelam em nenhuma instância
que Jesus transgrediu a lei do Sábado” porque nenhum trabalho foi
realizado.5
Jesus antes acusou os fariseus de interpretar mal a vontade de Deus
referente ao mandamento do Sábado pela condenação deles aos Seus
discípulos que tinham arrancado algumas espigas em um Sábado porque
tinham fome (Mat. 12:1). Eles tinham agido por necessidade, da mesma
maneira que Davi teve fome e entrou no santuário para comer o pão da
Presença (1 Sam. 21:1-6). Se Davi como um tipo Messiânico pôde
transgredir o mandamento do Sábado por necessidade, quanto mais
podia Jesus como o Messias subordinar as tradições do Sábado à Sua
causa Messiânica. Jesus defendeu os Seus discípulos declarando que as
necessidades dos discípulos famintos eram mais urgentes que seguir a
letra dos regulamentos deles quanto ao Sábado.
Mateus além disso acrescentou uma referência à lei de Moisés que
permitiu os sacerdotes no templo executar suas tarefas apesar do
mandamento de descansar no Sábado (12:5-7). Isto estabeleceu o
princípio de que em casos especiais era legal quebrar o Sábado e
permanecer inocente. Jesus explicitamente apelou a Oséias 6:6 para
explicar que a misericórdia vale mais que sacrifícios, um princípio-chave
que os fariseus não aplicaram em sua denúncia contra os discípulos de
Jesus (Mat. 12:7). Eles não entenderam que Jesus, como o Messiânico
Filho do Homem, também era “o Senhor do Sábado”, quer dizer, o
verdadeiro Intérprete do mandamento do Sábado e o Doador do divino
descanso da graça (12:8; 11:28-29).
O Israel de Deus na Profecia 126
Na história da cura do homem com uma mão ressequida, os fariseus
perguntaram: “É lícito curar no sábado?” (Mat. 12:10). Jesus respondeu:
“Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado,
esta cair numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali? Ora, quanto
mais vale um homem que uma ovelha? Logo, é lícito, nos sábados, fazer
o bem.” (Mat. 12:11-12). Aqui Jesus expôs a natureza superficial dos
muitos regulamentos (halakôt) dos fariseus (veja The Mishah, Oxford
University Press, 1967, “Sabbath,” 99-121).
Em seu estudo meticuloso do Evangelho de Mateus, David C. Sim
conclui que para Mateus “a lei de Sábado é válida e deve ser obedecida,
mas ela que pode ser anulada em circunstâncias especiais.” Com base em
Mateus 24:20 ele deduziu que “a comunidade judaica de Mateus
observava o Sábado fielmente”, porque os cristãos judeus “criam que a
vinda de Jesus não tinha de modo algum invalidado as antigas leis de
Moisés. . . O próprio Jesus tinha provido a chave definitiva para a
interpretação da lei ao enfatizar os mandamentos de amor a Deus e amor
ao próximo.”6
Também A. Boring assume que “a igreja de Mateus ainda é
observadora do Torah” (em NIB sobre Mat. 24:20). Os judeus cristãos
guardaram o Sábado, porém, não de acordo com as tradições judaicas
mas como Jesus tinha exemplificado. Não portanto justificado dizer que
o Jesus Se opôs ou rejeitou o mandamento do Sábado que Ele deu, antes
a Sua interpretação Messiânica como a intenção divina original.

Cristo, Aquele que Inaugurou e Cumpriu a Nova Aliança


Como foi na aliança Sinaítica (Êxodo. 19:4-6; 20:2), assim também
na inauguração da nova aliança o assunto crucial é a identificação do
Doador da aliança. Os Evangelhos Sinóticos anunciam por unanimidade
que Jesus era o Messias prometido que renovou a aliança eterna com
Israel. Ele cumpriu as ações benevolentes para Israel que tinha sido
anunciado pelos profetas (compare Isa. 35:5-6; 61:1; com Luc. 4:16-21;
Mat. 11:2-6). Jesus fez o que o Deus de Israel tinha prometido que Ele
O Israel de Deus na Profecia 127
faria. Mais que isso, Ele enviou a Cristo como o Seu Servo para “servir”
a Israel, dando Sua vida “como resgate de muitos”, cumprindo assim a
profecia de Isaías dos sofrimentos expiatórios e morte do Servo Messias
em Isaías 53 (veja Mar. 10:45). Este auto-sacrifício de Cristo em
obediência ao Pai foi a ação benevolente decisiva executada pelo Criador
da nova aliança (veja Rom. 5:19; Filip. 2:8).
Jesus formalmente inaugurou a nova aliança pela instituição da
Ceia do Senhor, quando Ele tomou o cálice da Páscoa e declarou: “Este
é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós.”
(Luc. 22:20). O Evangelho de Mateus declara a maior extensão: “Isto é o
meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos,
para remissão de pecados.” (Mat. 26:28). Esta formulação da nova
aliança estabelece uma conexão formal com a profecia da “nova aliança”
em Jeremias 31, onde o perdão de pecados é o ato supremo de
benevolência mencionado. O auto-sacrifício de Cristo estabeleceu uma
relação eterna entre Deus e a comunidade Messiânica: libertação do
controle do pecado e da morte pelo sangue do verdadeiro Cordeiro
Pascoal.
A igreja apostólica reconheceu que com a morte do verdadeiro
Cordeiro Pascoal também foi criado um povo do novo Êxodo: a igreja de
Jesus foi estabelecida como a nova comunidade Messiânica, Sua
ekklêsia, com o Torah Messiânico como a interpretação autorizada do
Torah Mosaico. Seus apóstolos tinham recebido as “chaves do reino”
para construir a nova comunidade de santos, independente do judaísmo
(Mat. 16:15-19; 18:15-20; Efés. 2:20). Eles tiveram que ir a Cristo “fora
do arraial” (Heb. 13:13), indicando o seu dever “de cortar os laços
emocionais e sociais com a comunidade judaica.” 7
A igreja de Cristo celebra a Ceia de Senhor como uma confirmação
de que o companheirismo salvador com Deus foi estabelecido pelo
sangue do Cordeiro de Deus. Os seguidores de Cristo entendem que a
nova aliança ainda não foi consumada. O aspecto da glória visível no
O Israel de Deus na Profecia 128
reino de Deus ainda se projeta “até que ele venha” (Mat. 26:29; 1 Cor.
11:23-26; Rom. 8:18-23).
Portanto a escatologia desempenha um papel significante em o
Novo Testamento, porque as máximas bênçãos e maldições esperam o
juízo final (veja Mat. 25:31-46).

Referências:

2. E. P. Sanders, Ib., 400.


3. The Christology of the New Testament. Westminster Press, 1963,
152; also Early Christian Worship. SCM Press, 1969, 92.
4. The Gospel According to John. Eerdmans, 1977, 408-409.
5. Ib., 266.
6. D.C. Sim, The Gospel of Matthew and Christina Judaism. Clark
1998, 137, 138.
7. W.L. Lane, Hebrews 9-13. WBC 478 [1991], 545.

PAULO, A LEI E A NOVA ALIANÇA

O tema clássico de toda a teologia cristã é a relação de lei e graça.


Já o Evangelho de João distinguiu ambos: “Porque a lei foi dada por
intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus
Cristo.” (João 1:17).
Quis João colocar estas duas expressões do mesmo Deus como
contrastes fundamentais da vontade de Deus?
Ensina o Novo Testamento uma substituição de Moisés por Cristo,
de forma que a lei de Deus não é mais obrigatória, tendo servido seu
propósito agora que Cristo veio? Temos nós que assumir que o antigo
Israel foi salvo pela guarda da lei, mas que Deus mudou o modo de
salvação para os cristãos como salvação pela fé em Cristo? Será que a
graça de Deus em Cristo anulou Sua lei moral que foi acrescentada ao
O Israel de Deus na Profecia 129
coração humano mas foi apagada em grande parte da consciência
humana?
A terminologia "Velho Testamento" e "Novo Testamento" não é
usada com referência às Escrituras pelos autores bíblicos e não tem
nenhuma autoridade apostólica. Foi inventada por Orígenes no terceiro
século para indicar convenientemente os períodos principais da antiga e
nova aliança. Mas esta divisão em compartimentos das alianças de Deus
conduziu a um engano difundido sobre a natureza dos dois Testamentos,
como se os livros do Antigo Testamento não são nada além de livros da
Lei ou um "tutor" para levar a Cristo, e portanto irrelevante para os
cristãos.
David H. Roper expressou o problema eloqüentemente: "O ponto
crucial deste assunto inteiro é uma falsa equação do Velho Testamento e
a lei", de forma que os dois testamentos "são postos em descontinuidade
quase total entre si. Lei e graça são vistas como princípios antitéticos,
adversários. O Velho Testamento é lei; o Novo Testamento é graça. 1
Esta má concepção do "Velho" Testamento conduziu muitos cristãos a
construir lei e a graça em dois distintos e sucessivos períodos de
dispensação: para Israel só lei, para a igreja só graça.

LEI GRAÇA
_______________________ ________________________

Porém, a teologia protestante clássica defendeu que a lei e a graça


são temas que correm juntos do Gênesis até o Apocalipse.

LEI _________________________________________________
GRAÇA _______________________________________________
O Israel de Deus na Profecia 130
Os dois diagramas visualizam o assunto fundamental.

A Teologia de Paulo sobre a Lei e a Graça


A relação da lei de Deus para com a justificação pela fé era uma
preocupação principal de Paulo. O seu tratamento polêmico da lei
desenvolveu-se do seu antecedente como fariseu e o seu zelo anterior
pela lei. Ele testemunhou aos Filipenses que ele era "hebreu de hebreus;
quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à
justiça que há na lei, irrepreensível." (Filip. 3:5, 6; grego: en nomôi,
"justiça na lei" como na NKJV).
C.E.B. Cranfield enfatiza que "a língua grega dos dias de Paulo não
possuía nenhuma palavra que correspondesse ao nosso 'legalismo' ”, e
assim “foi seriamente dificultado no trabalho de esclarecer a posição
cristã com respeito à lei.” 2 Paulo explicou que, como fariseu, ele estava
buscando uma “justiça própria, que procede de lei” (v. 9). Ele assim
contrastou nitidamente o seu zelo farisaico pela lei com sua fé cristã,
tendo “a justiça que procede de Deus, baseada na fé”.

P: Será que Paulo culpou a lei de Deus por seus esforços em


alcançar uma justiça legalística, ou sua própria tradição farisaica era
culpada de um mau uso fundamental da lei? Este é o ponto crítico!
Paulo escreveu declarações aparentemente contraditórias sobre a
lei. No mesmo capítulo declara ele que nós fomos “lançou da lei” por
“morrendo ao que uma vez nos saltou” (Rom. 7:6), e também que a lei é
“santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom ... a lei é espiritual” (7:12,
14). Aparentemente, Paulo não culpa a lei de Deus por sua anterior
escravidão à lei. Ele confessa que ele próprio teve que morrer à lei, não
que a lei teve que morrer à ele (v. 6)!
Ele força este ponto novamente em Romanos 7, “Acaso o bom [a
lei de Deus] se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário,
o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa,
O Israel de Deus na Profecia 131
causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse
sobremaneira maligno” (7:13).
Aqui nós temos a declaração explícita de Paulo de que o problema
não está com a lei, mas com a sua natureza humana pecadora que não se
conhece a si mesma à luz de Deus, e portanto precisa ser despertada à
sua pecaminosidade através da confrontação com a lei de Deus e assim
ser feita responsável diante de Deus (veja Rom. 3:20). É como se Paulo
estivesse olhando num espelho espiritual para reconhecer a sua
verdadeira condição diante de Deus (veja Tia. 1:23-24).
Ele define o propósito espiritual da lei claramente: “Visto que
ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que
pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rom. 3:20). A lei de
Deus assim pretende revelar que nossa transgressão de seus
mandamentos é culpa diante de Deus. Isso é para Paulo uma função da
lei ordenada por Deus, para que o homem possa entender mais
plenamente sua necessidade da graça de Deus no dom de Cristo. Paulo
explica a relação entre a lei e a graça em Rom. 5.
“A lei foi acrescentada [à promessa, Gál. 3:19] para que a
transgressão aumentasse. Mas onde aumentou o pecado, mais aumentou
a graça, a fim de que, da mesma maneira que pecado reinou na morte,
também a graça reine pela justiça para trazer vida eterna por meio de
Jesus Cristo nosso Senhor” (Rom. 5:20-21, New International Version).
Usar a lei moral, porém, como um termômetro de nosso própria
guarda da lei diante de Deus é um sério mau uso da lei, até mesmo outro
pecado, porque rejeita a necessidade da graça soberana de Deus para
nossa justificação. A rejeição da graça de Deus é igualmente tanto
pecado quanto a rejeição da lei de Deus!
Paulo também usou o termo “lei” no sentido mais amplo do Torah
de Moisés, como em Romanos 3:21, onde ele fala da "Lei e os Profetas".
Paulo considera a lei de Moisés em sua totalidade como uma preparação
para o evangelho da graça redentora de Deus, quando ele declara: “O fim
[alvo] da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” 10:4).
O Israel de Deus na Profecia 132
O erudito adventista do Novo Testamento Robert Badenas conclui
que Paulo usa nomos [“lei”] em Romanos 10:4 “no sentido do Torah
como representando a Escritura: o AT, não como algo ‘velho’ que foi ab-
rogado por Cristo mas antes como a viva palavra de Deus [..], sempre
verdadeiro em si (9,6) e, portanto, sempre válido e novo” (148).
Paulo viu o Antigo Testamento como testemunhando de Cristo,
para que “Cristo seja o cumprimento e o clímax da revelação de Deus à
humanidade” (149). Para Paulo Cristo Se tornou a chave para uma nova
hermenêutica. Ele leu o Torah à luz de Cristo. Ele já não pôde ver a lei
como um fim em si mesma mas como um meio para conduzir a Cristo.
Romanos 10:4 é amplamente reconhecido como uma das teses
fundamentais da teologia de Paulo relativo à relação de Cristo e a lei.3
Paulo foi convencido pela própria experiência que o seu contemporâneo
Israel tinha entendido mal a lei de Moisés, porque “não se sujeitaram à
justiça de Deus” (Rom. 10:3). Ele portanto apela ao livro de
Deuteronômio de Moisés para provar que o propósito ordenado por Deus
do Torah estava desde o começo a “justiça que é pela fé”: “ ‘a palavra
está perto de ti, na tua boca e no teu coração’; isto é, a palavra da fé que
pregamos” (Rom. 10:8, citando Deut. 30:14). Paulo dá às palavras de
Moisés em Deuteronômio 30 um conteúdo cristocêntrico, por encher a
“boca” com a confissão de que Jesus é o Senhor [Kyrios]”, e o “coração”
com a convicção que “Deus o ressuscitou dentre os mortos”. Paulo assim
aplicou as palavras de Moisés à sua verdade evangélica de que o crente
em Cristo está agora sendo “salvo” através da justificação pela fé em
Cristo (Rom. 10:9-10).
Esta função preparatória do Torah demonstra que a salvação não
pode vir da observância da lei. Paulo declara isto categoricamente: “Por
obras da lei, ninguém será justificado” (Gál. 2:16); e até mais forte:
“Todos os que confiam nas obras da lei estão debaixo de maldição” (Gál.
3:10, New International Version). Ele argumenta: “Se tivesse sido dada
uma lei que pudesse conceder vida, certamente a justiça teria vindo da
O Israel de Deus na Profecia 133
lei” (Gál. 3:21, New International Version). Paulo expressou sua teologia
da lei e graça mais vigorosamente para os gálatas, declarando:
“Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei,
segue-se que morreu Cristo em vã” (Gál. 2:21).

Q: Qual foi o contraste absoluto que Paulo fez aqui? Foi realmente
o contraste entre lei e graça? Ou foi a antítese irreconciliável da justiça
pela lei e a justiça pela graça de Deus em Cristo? Paulo definitivamente
não declara que a graça de Deus pôs de lado a lei de Deus, mas antes pôs
de lado a prevalecente tradição de “prevalecente pela lei”. A teologia de
Paulo colocou dois diferentes meios de salvação em oposição um ao
outro: salvação ou pela lei ou pela graça de Deus! Paulo explicou aos
Gálatas: “Vocês, que procuram ser justificados pela Lei, separaram-se de
Cristo; caíram da graça” (Gál. 5:4, NVI). Tal era a polêmica da teologia
de Paulo de justificação pela graça mediante a fé em Cristo. Aos
Romanos ele declarou isto positivamente: “Pois sustentamos que o
homem é justificado pela fé, à parte da obediência da Lei” (Rom. 3:28,
New International Version). O assunto é claramente sobre o mau uso da
lei no judaísmo como o meio de obter salvação, como Paulo o havia
experimentado pessoalmente dentro do judaísmo farisaico (veja Filip.
3:6-9).
Sobre a base de justificação pela graça, Paulo continua a mencionar
os frutos da justificação: paz com Deus, alegria no novo acesso a Deus,
esperança em compartilhar a glória de Deus, e a experiência do Espírito
do Deus de amor:
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de
nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente
acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na
esperança da glória de Deus. . . . Ora, a esperança não confunde, porque o
amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos
foi outorgado. (Rom. 5:1, 2, 5).
Aos crentes justificados Paulo apresenta agora uma função positiva
da lei: a sabedoria da direção da lei de Deus para os que são conduzidos
O Israel de Deus na Profecia 134
pelo Espírito de Deus. Aos crentes justificados escreveu Paulo que o seu
amor a Deus e ao próximo “cumpre” a lei, porque “o amor é o
cumprimento da lei” (Rom. 13:10). E novamente: “Mas, se sois guiados
pelo Espírito, não estais sob a lei.” (Gál. 5:18).
Alguns concluíram que amor substituiu a lei, mas Paulo não disse
isso. Ele disse explicitamente que o amor cumpre a lei, e: “Porque toda a
lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a
ti mesmo.” (Gál. 5:14). Ele não disse que “Amor” é uma lei em si
mesmo, fazendo a lei de Deus supérflua! Esse é o engano fundamental
que alguns estão cometendo em sua própria mente. Paulo requer amor,
porque nisto repousa o cumprimento da lei de Deus! Amor foi a divina
intenção da lei, da mesma maneira que Jesus tinha explicado em Sua
interpretação Messiânica da lei em Seu sermão no Monte.
Cranfield afirma que
“para Paulo, a lei não é ab-rogada por Cristo. . . Para Paulo, a
concessão do Espírito é o estabelecimento da lei... na vida do crente... O
Espírito Santo torna-o livre para a obediência, capacitando-o a começar a
chamar Deus de ‘Pai’ sinceramente, sobriamente, inteligentemente, e ir
fazendo cada vez mais consistentemente.” 4

A declaração problemática de Paulo em Romanos 6:14


Romanos 6:14 merece atenção especial, porque este verso é
freqüentemente mal interpretado na literatura evangélica popular:
“Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo
da lei, mas debaixo da graça” A palavra introdutória “porque” indica
que Paulo tira uma conclusão de sua declaração prévia: “Portanto, não
permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais,
fazendo que vocês obedeçam aos seus desejos” (Rom. 6:12, NVI). Esta
exortação está baseada na experiência transformadora do “batismo em
Cristo Jesus”, do crente como explicado em Romanos 6:1-7.
Todo este capítulo 6 é a resposta de Paulo à pergunta desafiadora:
“Continuaremos pecando para que a graça aumente?” (Rom. 6:1, NVI).
O Israel de Deus na Profecia 135
Para Paulo o assunto aqui é: Que papel desempenha a lei de Deus
em relação à graça de Deus na vida cristã? O assunto aqui assim não é
o papel da lei para nossa justificação; esse assunto já foi estabelecido em
Romanos 3-5.
A questão em Romanos 6 é o papel da lei em nossa vida santificada!
Há realmente algum uso da lei de Deus após a justificação, depois de a
lei nos ter condenado diante de Deus e nós termos sido unidos a Cristo
pelo batismo? Estamos nós em Cristo ainda “debaixo da lei” em seu
domínio como senhor que condena, por causa de nossa escravidão ao
pecado e seu aviltante poder? Paulo diz: Não “porque o pecado não terá
domínio sobre vós [kyrieusei, “ser senhor sobre vós”], pois não estais
debaixo da lei” ou condenação (Rom. 6:14). Em seu batismo você
aceitou a Cristo como seu novo Mestre.
Cranfield esclarece bem o assunto:
O pecado não será mais o seu senhor, porque outro senhor tomou
posse deles, isto é, Cristo. Isso não significa que o pecado não terá nenhum
poder sobre eles [veja 7:14];... eles nunca ficarão novamente desamparados
ao poder do pecado. 5

Paulo continua a contrastar agora o reino da lei contra o reino da


graça. Ele declara, “não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça”.
Muitos têm tomado esta frase para significar uma abolição da autoridade
da lei sobre o crente cristão. Se divorciado de seu contexto, pode ser
interpretado dessa maneira. Mas em seu contexto literário, a antítese de
Paulo de estar “debaixo da lei” ou de estar “debaixo da graça” indica
antes estar debaixo do poder da condenação pelos que estão fora de
Cristo, ou estar debaixo do reino da justificação para os que estão em
Cristo Jesus. Esta compreensão está em perfeita harmonia com Romanos
8:1, onde Paulo conclui: “Portanto, agora já não há condenação para
os que estão em Cristo Jesus.”
Estar “debaixo da graça” significa para Paulo estar debaixo do reino
de Cristo para viver uma vida em “justiça”, como declarou antes em 5:21
O Israel de Deus na Profecia 136
(“assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna,
mediante Jesus Cristo, nosso Senhor”).
Estar “debaixo da lei” significa para Paulo o oposto de estar
“debaixo da graça”, isto é, estar debaixo do domínio do pecado em
nossa vida.

É instrutivo comparar as declarações paralelas de Paulo em Romanos e Gálatas:


Porque o pecado não será seu mestre, Mas se sois guiados pelo Espírito
porque não estais debaixo da lei, não estais debaixo da lei (Gál. 5:18)
mas debaixo da graça (Rom. 6:14).

Comparando ambas as declarações, nós vemos que para Paulo estar


“debaixo da graça” é sinônimo de ser “conduzido pelo Espírito”. O
conceito de Paulo de ser “conduzido pelo Espírito” implica, uma
obediência guiada pelo Espírito ao Redentor. Ele insiste com os crentes
que percebam que eles tiveram mudança de “senhores” em sua
conversão e batismo em Cristo. Eles agora já não são os “escravos do
pecado” mas feitos “escravos da obediência que leva à justiça” (Rom.
6:6, 15-19).
Estar “em Cristo” significa para Paulo estar “debaixo da lei de
Cristo” (1 Cor. 9:21) que é equivalente a “guardar os mandamentos de
Deus” (1 Cor. 7:19), para que “as justas exigências da Lei fossem
plenamente satisfeitas em nós, que não vivemos segundo a carne, mas
segundo o Espírito” (Rom. 8:4, NVI). Esta é a experiência de nova
aliança através do ministério do Espírito Santo de Cristo.

O Derramamento pessoal do Espírito de Deus


O derramamento do Espírito Santo no Pentecoste em Atos 2 não
pretendia substituir a lei de Deus pelo dom do Espírito. Antes, o Espírito
Santo cumpriu a promessa da nova aliança dos profetas de Israel, de
modo que agora a lei moral de Deus seria escrita de novo efetivamente
nos corações e mentes do povo de Cristo (veja Sal. 40:6-8; 51:10-12;
O Israel de Deus na Profecia 137
143:10; Ezeq. 36:26; 39:29). Como resultado, os apóstolos cheios do
Espírito receberam coragem para testemunhar diante do Sinédrio: “É
preciso obedecer antes a Deus do que aos homens!” (Atos 5:29, NVI).
Paulo informa a igreja que agora cada crente tem o privilégio de
experimentar um Pentecoste “individual” depois de estar primeiramente
justificado pela fé em Cristo (veja Rom. 5:1, 5). Todo crente tem que
receber o Espírito de Cristo para pertencer a Cristo, como Paulo escreve:
“E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo”
(Rom. 8:9, NVI).

O Espírito de Cristo, porém, não substitui a lei de Deus mas antes


torna a lei espiritualmente ativa para descobrir o pecado mais
plenamente em nossa “mente pecadora”, porque “a mente pecadora é
hostil a Deus. Não se submete à Lei de Deus, nem pode fazê-lo” (Rom.
8:7, New International Version). Assim o Espírito motiva o pecador
perdoado a ordenar a sua vida em harmonia com a santa lei de Deus. O
Espírito e a lei de Deus então ficam tão unidos que a lei de Deus se torna
o “espada do Espírito” (cf. Efés. 6:17). Tal é o ensino de Paulo de seu
ministério evangélico. Amor nunca é uma lei em si mesmo, porém o
cumprimento da lei de Deus. Falar de “a lei do amor” pode ser aceito
como um princípio geral de abençoar a outros, mas é mau uso quando é
dissecado da real “lei da liberdade” de Deus e da justiça (veja Tia. 2:12).
Então tal slogan representa mal o pleno evangelho apostólico.
Dietrich Bonhoeffer insistiu corretamente: “Só é quando alguém se
submete à lei que pode falar da graça.”6 O Espírito Santo não é um novo
Legislador e não substitui a Palavra escrita de Deus. O Espírito é enviado
para acompanhar, iluminar e autorizar a Palavra de Deus. Deus sempre
envia Seu Espírito para unir-se à Sua Palavra como uma parte integrante
de Sua aliança da graça, como Isaías ensinou com clareza surpreendente:
“Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o SENHOR: o meu
Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca,
O Israel de Deus na Profecia 138
não se apartarão dela . . . desde agora e para todo o sempre, diz o
SENHOR.” (Isa. 59:21).
Paulo rejeita o “modo velho” de administrar o “código escrito”,
quer dizer, a lei sem o Espírito. O apóstolo sustenta que ele agora “serve
a Deus conforme o novo modo do Espírito” (Rom. 7:6, NVI). Esse novo
ministério do Espírito significa para Paulo “confirmar a lei” de Deus
(veja Rom. 3:31), para que “as justas exigências da Lei fossem
plenamente satisfeitas em nós, que não vivemos segundo a carne, mas
segundo o Espírito” (Rom. 8:4, NVI). Tais cristãos espirituais não estão
“debaixo da lei” (Gál. 5:18). Paulo declara que ele não está “sem a lei
[anomos] de Deus”, porque ele está agora no esquadro da lei de Cristo
[ennomos Christou ou, “debaixo da lei de Cristo”], e em harmonia com a
lei de Deus por causa de Cristo (1 Cor. 9:21; 7:19).

Bonhoeffer expressou isto em condições pastorais:


“O cristão não vive simplesmente pela lei moral. Os cristãos também
vivem pela graça de Deus e pela influência do Espírito Santo. . . isso torna
nossa ação uma justiça mais alta que simplesmente o literal cumprimento da
lei. Porque o amor não conhece nenhum limite, ele sempre cumpre a lei.”7

Referências:
1. New Covenant in the Old Testament. Waco, TX: Word Books,
1976, 11, 12.
2. Cranfield, The Epistle to the Romans. ICC. Edinburg: Clark,
vol. 2 [1979], 853.
3. Cranfield, 16, 2:515-520, 848.
4. Cranfield, Ib., 2.852, 951.
5. Cranfield, 16, 1:319.
6. In Letters and Papers from Prison.
7. Quoted in Seize the Day, by C.R. Ringama. Piñon Press, 2000,
April 10.

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