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Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS Oi Pessoal, A parte de servigos publicos sempre foi tranquila! “Sempre” do verbo a partir de agora as coisas esto diferentes... Os concursos publicos atuais estéo mais interessantes. Outrora a concorréncia era entre vocé € outro candidato. Hoje, a concorréncia é entre vocé e a banca organizadora. Por isso, preparei uma aula do tipo jogo de xadrez, cercando por todos os lados. N&o deixei qualquer chance de surpresa por parte da i. banca organizadora. Ah! Esta parte é sé de servigos puiblicos e concessdes comuns. Havera outro bloco para tratarmos das PPPs e dos Consércios Piblicos. vov! Cyonil Borges. oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 2 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS Sumirio 1. Nogdes Gerais, 3 2. Conceito. 3. Classificagdes 4. Competén 5. Formas de Prestagao e Meios de Execugao. 24 6. Coneess6es de Servigos Piblicos 26 6.1. Principios core DB, 6.2. Direitos e Obrigacies. 36 6.2.1. Poder Concedente - 37 6.2.2.Concessionéria a 38 6.2.3. Usuarios 6.3. Formas de Remuneragio ¢ Politica Tarifiiria....... 6.4. Permissiio X Concessio X Autorizagio 6.5. Subconcessao, 6.6. Formas de Extingio 6.7. Intervengio 6.8. Licitagdes ¢ Contratos ...... oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 2 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS SERVICOS PUBLICOS 1. Nocées Gerais Segundo entendimento doutrinario dominante, a atividade em si nao permite concluirmos se um servico € ou nao puiblico, uma vez que hé atividades essenciais, como a educacgéo, que séo desempenhadas por particulares, independentemente de delegacao pelo Poder Publico. Por outro lado, hd servicos totalmente dispensaveis, a exemplo das loterias, de titularidade do Estado e reconhecidos como servigos publicos. 0 Direito Administrativo nao é um dos mais digeriveis, especialmente em raz&o de ser sé parcialmente codificado, distintamente do que ocorre com as matérias de Direito Constitucional, de Direito Penal, de Civil e tantas outras em que ha uma reuni&o sistematizada das regras em um Unico texto. Nesse contexto, nem a Constituicao Federal e sequer outras normas infraconstitucionais trazem o conceito do que é servi¢o publico. No entanto, o conceito de servigo puiblico, atualmente, néo é s6 de fundo doutrindrio, tendo o Decreto Federal 6.017/2007 (ato infralegal) trazido a seguinte definig&o (inc. XIV do art. 2°): “atividade ou comodidade material fruivel diretamente pelo usudrio, que possa ser remunerado por meio de taxa ou prego piiblico, inclusive tarifa”. Na verdade, pouco importa se a doutrina nao caminha em uma tinica diregéo ou se a jurisprudéncia é discordante, a respeito do conceito que ora se trata. Para os concursos ptiblicos, 0 que vale é o pensamento das bancas organizadoras, e, nesse ponto da disciplina, os examinadores costumam ser bem literai Ressalvada a definic&io do Decreto Federal 6.107/2007, conclui-se que nao ha, efetivamente, uma definicéo infraconstitucional ‘ou constitucional para servicos piiblicos. E, nesse ponto, o texto constitucional “andou bem”, pois 0 que hoje é servico ptiblico pode néo ser amanha. E instituto em constante mutagao. ‘QF-1 - Analista - TCU - Cespe - 2007 - A Constituicdo Federal nao traz expresso, em seu texto, 0 conceito de servico ptiblico, nem tampouco as leis 0 fazem, no Brasil. Assim, a conceituaco do servico puiblico deve ser buscada na doutrina. (Certo/Errado)! Comentarios: © conceit do que é servico publico nao é dado pela Constituicao ou por qualquer Lei. Fica o registro da existéncia, na esfera federal, de defini¢éo em Decreto. Profe,Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 2 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS Nesse instante, a cabega do concursando lampeja: afora o Decreto Federal, onde encontrar a definigéo de servicos publicos? O conceito € essencialmente doutrindrio, como boa parte do Direito Administrativo. Antes da apresentac&o dos critérios doutrinarios para a definicao de servigos ptiblicos, serado explorados alguns detalhes constitucionais e legais sobre a disciplina. A Constituicéo ¢ de onde brotam todas as sementes dos demais ramos do Direito. E do texto constitucional, mais precisamente do art. 175, que se encontra uma primeira previséo quanto aos servicos puiblicos. © segundo normativo fundamental para o assunto é a Lei 8.987/1995, a qual traca as regras gerais em matéria de concessées e permissées de servicos publicos, sem que, no entanto, seja apresentada qualquer conceituagéio para servicos publicos. Tome Nota! A Lei 8987/1995 foi editada pela Unido dentro de sua competéncia privativa para estabelecer normas gerais, sendo, portanto, vélida para todos os Entes da Federacéo. Porém, a lei néo se aplica aos servicos de radiodifusao sonora e de sons e imagens (o art. 41). No que se refere a prestacao efetiva dos servicos ptblicos, dentro de um critério formal, a Constituicdo Federal (art. 175) dispde que o Estado é 0 titular dos servicos publicos (sem abrir qualquer ‘excecéio). No entanto, a execucéio de tais servigos no precisa ser necessariamente a partir do proprio aparato estatal. Em outros termos, a prestagSo pode ser indireta, por meio de concess4o ou permissao, sempre precedidas de licitag3o. A seguir, o dispositivo constitucional que fundamenta a afirmaga Art. 175. Incumbe ao Poder Publico, na forma da ei, diretamente ou sob regime de concess&o ou permissio, sempre através de licitagdo, a prestacdo de servicos publicos. Parégrafo Unico. A let dispora sobre: I - 0 regime das empresas concessiondrias e permissiondrias de servicos publicos, 0 caréter especial de seu contrato e de sua prorrogacéo, bem como as condicées de caducidade, fiscalizagéo e rescisio da concesséo ou permisséo; oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 4 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS II - os direitos dos usuérios; III - politica tariféria; IV - a obrigago de manter servico adequado. Da leitura do art. 175 da CF/1988, podem ser extraidas algumas conclusdes. A primeira é a de que a mencdo a Poder Publico inclui tanto a Administragéo Direta como Indireta. Alguém duvida que a Empresa de Correios e Telégrafos preste servicos puiblicos, embora detenha a natureza de empresa pliblica? Claro que, nesse caso, 0 Estado outorga os servigos ptiblicos mediante lei, transferindo-se, além da execucéo material, a titularidade do servicos. A prestacdo continua sendo DIRETA, porém, com a_ participagio da Administragéo INDIRETA. Tome Nota! Na outorga (prestagao direta), a descentralizacéo dos servicos ocorre mediante lei, transferindo-se a titularidade e 2 execugéo; enquanto na delegacao (prestacao indireta), precedida da celebracao de ato ou contrato, transfere-se apenas a execugao. No entanto, esclareca-se que essa é uma lic&o puramente doutrindria. Na Lei 8,987/1995, fala-se, expressamente, em OUTORGA de servicos piiblicos para concessionérias. ‘QF-2 - SEAD/AP - FGV - 2010 - Na prestagao de servico publico, é caracteristica do servigo outorgado: a) a transferéncia do servigo por prazo certo. b) a transferéncia do servico via lei. c) a execugdo transpassada a tel ) a possibilidade de ser anulado por ato administrativo. e) a presungo de transitoriedade.* ‘Comentarios: As delegagdes podem ser legais ou negociais. As legais sio chamadas, doutrinariamente, de outorga (servico outorgado). As negociais, por sua vez, so denominadas delegacao (servico delegado). Enquanto a outorga da-se por lei, transferindo-se titularidade e execucéo (caréter mais permanente); a delegacao viabiliza-se por contrato ou ato administrative (natureza mais transitéria), transferindo-se unicamente a execucéo dos servicos. ito: letra Prof. Cyonil Borges saustatslasonsunes come toe Curso Teérico de Direito Administrative fafEstratégia Prof. cyonil Borges Como observado, apesar da distingSo doutrindria entre servigo outorgado e delegado, a Lei 8.987/1995 menciona, em mais de um momento, 0 termo “OUTORGA” para se referir as concessdes. Vejamos: Art. 5? O poder concedente publicard, previamente 20 edital de licitacso, ato justificando a conveniéncia da outorga de concessdo ou permissao, caracterizando seu objeto, érea e prazo. Art. 16. A outorga de concessso ou permisséo n&o teré cardter de exclusividade, salvo no caso de inviabilidade técnica ou econémica Justificada no ato a que se refere o art, 5 desta Lei. EntSo, diante desta disparidade entre “delegacio” e ‘outorga”, como proceder em prova? Facil! Se a questdo versar expressamente sobre servico outorgado e delegado, vocé deve se lembrar da distinc&o de fundo doutrinario. Agora, se 0 enunciado faz registro genérico Lei 8.987/1995, esqueca-se que outorga se dé por lei. QF-3 - FUB - Cespe - 2008 - Servico puiblico é a prestacao que a administracao efetua de forma direta ou indireta para satisfazer uma necessidade de interesse geral. (Certo/Errado)” Comentarios: A Constituicéo dispde que o Estado é titular dos servicos publicos (sem abrir qualquer excecSo), no entanto, a prestagdo ndo precisa ser necessariamente direta, ou seja, no hd necessidade de o Estado se socorrer dos proprios érgaos e agentes. Em outros termos, a prestagao pode ser indireta, sendo neste Ultimo caso efetuada por meio de concesséo ou de permissao. Outra importante observacio € a de que, além das concessées e permissées, o Estado pode prestar indiretamente servicos pUblicos mediante autorizacao. Esta nao esta prevista no art. 175 da CF/1988, sendo prevista, por exemplo, no inc. XII do art. 21 da CRFB. Graficamente, a disposig&o constitucional pode ser assim sintetizada: Profe,Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 6 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS Poder Publico Administracao Indireta (outorga, transferindo a Prestacao Titularidade e Execucéo) de Servico Publico Concessao, Permissdo e Autorizacao (Delegacao, transferindo APENAS a Execucéo) De antemao, assinala-se que as autorizagées de servicos ptiblicos séo formalizadas, de reara, por ato administrativo, diferentemente das concessées e permissées, celebradas por contratos administrativos. Além disso, a CF/1988 dispée que apenas as concessées e as permissdes seréo precedidas de licitacéo, ou seja, as autorizagées dispensam, de reqra, procedimento prévio de licitacao.* QF-4- PMP - INSS - Cespe - 2010 - A delegacdo do servico publico pode ser feita sob as modalidades de concessdo, permisséo ¢ autorizacao. (Certo/Errado)” ‘Comentarios: Apesar da divergéncia doutrindria sobre a natureza da autorizacdo, perceba que a banca organizadora considerou a autorizac30 uma das formas de delegacao de servicos puiblicos do Estado a particulares. Por fim, perceba que as concessées e permissées séo sempre precedidas de licitag3o. Sobre o tema, o STF declarou a inconstitucionalidade (ADI 3521) de lei estadual que pretendia prorrogar indefinidamente os contratos administrativos, a seguir: 1, O artigo 42 da lei complementar estadual afirma a continuidade das delegacdes de prestacao de servicos publicos praticadas a0 tempo da instituico da agéncia, bem assim sua competéncia para reguld-las e fiscaliza-las. Preservacéo da continuidade da prestac3o dos servicos puiblicos. Hipétese de no violagdo de preceitos constitucionais. 2, 0 artigo 43, acrescentado 3 LC 94 pela LC 95, autoriza a manutencao, até 2.008, de “outorgas vencidas, com caréter precério" ou que estiverem em vigor com prazo indeterminado. Permite, ainda que essa prestagao se dé em condigées irregulares, @ manutenc3o do vinculo estabelecido entre as empresas que atualmente a ela prestam servicos publicos e a Administracao estadual. Aponta como fundamento das prorrogacées 0 § 2° 40 inc. XII do art. 2° da Lei 12.815/2013 (Lei dos Portos) dispée que @ autorizacdo é outorga de direito & exploragéo de instalagéo portudria localizada fora da area do porto organizado e formalizada mediante contrato de adesdo. 5 Gabarito: CERTO. Proft.Cyonil Borges smunv.satsginsonsunos comb Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS do artigo 42 da Lei federal n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1.995. Sucede que a reproduc do texto da lei federal, mesmo que fiel, néo afasta a afronta 4 Constituic¢ao do Brasil. 3. 0 texto do artigo 43 da LC 94 colide com o preceito veiculado pelo artigo 175, caput, da CB/88 --- "[iJncumbe ao poder puiblico, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessao ou permissao, sempre através de licitag3o, a prestago de servicos publicos". 4. No ha respaldo constitucional que justifique a prorrogacéo desses atos administrativos além do prazo razodvel para a realizacio dos devidos procedimentos licitatérios. Seguranca juridica nao pode ser confundida com conservagao do ilicito. 5. Acdo direta julgada parcialmente procedente para declarar inconstitucional o artigo 43 da LC 94/02 do Estado do Parand. Ent3o quer dizer que os contratos administrativos para a prestaclo de servicos publicos s4o “sempre” precedidos de licitago? N50 hs excesses? No se Ihes aplicam as contratagées diretas por dispensa ou inexigibilidade de licitagao? Vamos por partes. Dispde o inc. XXI do art. 37 da CF/1988: XXI - ressalvados os casos especificados na legislag3o, as obras, servicos, compras e alienacées serio contratados mediante processo de licitag3o publica que assegure igualdade de condicées a todos os concorrentes, com cléusulas que estabelecam obrigacées de pagamento, mantidas as condi¢ées efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirs as exigancias de qualificag3o técnica e econémica indispensaveis 3 garantia do cumprimento das obrigacées. Perceba que se trata de norma de eficacia contida, ou seja, aquela em que os efeitos podem ser restringidos por normatizacéo futura. Sobre o tema, a Lei 8.666/1993 prevé nos arts. 17, 24 e 25 situag6es de contratagado direta, em que n&o ha a realizagao prévia de modalidades de licitag&o, como a concorréncia e a tomada de precos. Todavia, essa ressalva é ausente na Lei 8.987/1995, e, bem por isso, s8o inaplicdveis as hipdteses de licitagdo dispensavel do art. 24 da Lei 8.666/1993. Apesar disso, em caso de inviabilidade de competicao, ha ligéo doutrinaria que sustenta a contratac&o direta por ine: lade de licitagéo0. Hd, igualmente, fundamento juridico que faculta a contratagSo direta, por inexigibilidade de licitagao, a seguir: oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 8 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS Lei 9.472/1997 Art. 91. A licitacdo serd inexigivel quando, mediante processo administrativo conduzido pela Agéncia, a disputa for considerada inviével ou desnecesséria. § 1° Considera-se inviavel a disputa quando apenas um interessado puder realizar 0 servico, nas condicées estipuladas. § 2° Considera-se desnecessaria a disputa nos casos em que se admita a exploracdo do servico por todos os interessados que atendam 4s condices requeridas. § 3° O procedimento para verificacio da inexigibilidade compreendera chamamento piblico para apurar o niimero de interessados. QF-5 — TRE/BA — Cespe — 2009 - Nao é admitida a dispensa de licitacao na concessao de servico pliblico, ainda que nas hipéteses de dispensa previstas na Lei de Licitagdes.° ‘Comentarios: Como sobredito, as contratagdes diretas por dispensa de licitago ndo se aplicam aos contratos de concessio ou permissdo de servicos publicos. Logo, correta a assertiva ao afirmar que “no ¢ admitida a dispensa de licitagao na concessao de servico publico’ ‘QF-6 — Analista Processual - MPE-PI — Cespe - 2042 - Embora a concessio de servico ptiblico exija a prévia realizagao de procedimento licitatério, é admitida a declaragdo de inexigibilidade quando hd a demonstragio da inviabilidade de competicao. (Certo/Errado)” Comentarios: Segundo a CF/1988, a licitacdo é obrigatéria para concesséo ou permissio de servicos publics. Ocorre que, eventualmente, poderia acontecer de nao haver condicdes competitivas para determinado servico publico 2 ser concedido. Nesse contexto, estaria armado 0 cenério para a inexigibilidade de licitacéo, a qual tem exatamente tal razéo: inviabilidade de competitividade, ante 0 que estabelece o art. 25 da Lei 8.666/1993, que é de aplicacio subsidiéria as licitagdes para concessées/permissées de servicos publicos. 2. Conceito Reforga-se que ndo ha uma definic&o constitucional ou legal para servigos plblicos. O que ha é a definicgéo em Decreto do Poder Executivo Federal e de natureza doutrindria. © Gabarito: CERTO. Cabe ressalvar a Lei 9.472/1997, que, no §20 do art. 23, autoriza a concessdo sem licitagdo, no caso, em face da auséncia de participantes (a licitagao deserta ou frustrada).. ? Gabarito: CERTO. ft. Cyonil Borges saustatslasonsunes come 2 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS Tratando-se de conceito eminentemente doutrindrio, existem critérios e correntes doutrindrias para a definiggo de servicos publicos. Vejamos os principais: a) Subjetiva ou organica: 0 nome em si ja nos informa - 0 servigo publico € aquele prestado de forma direta pelo Estado. Critica: ora, 0 Estado também pode prestar os servicos de forma indireta por particulares, exemplo das concessionarias, logo, 0 presente critério néo estabelece uma boa definicéo de servico publico. Por esse motivo, & pouco aceito nos dias atuais. b) Material ou essencialista: de acordo com tal critério, é a natureza da atividade que determina o enquadramento de uma atividade como servico ptiblico. Serd ptiblico todo servico que tenha por objetivo a satisfagao de necessidades coletivas essenciais e n4o secundarias. Esse 6 0 critério adotado pela corrente essencialista, a qual se propée identificar um nucleo relativo a natureza da atividade que leve a classificagdéo de uma atividade como servico publico. De acordo com tal critério, pouco importa se 0 servico esta previsto ou néo em norma, prevalecendo o contetido. Critica: embora a corrente essencialista conte com fortes defensores, socorre-se de conceito muito restrito de servico publico, deixando de lado, por exemplo, os trabalhos internos realizados pelos servidores e os servicos das loterias. Mesmo os services nao essenciais (os ditos secundarios) e os servicos administrativos (os internos a Administraco) podem ser clasificados como servigos pubblicos. £ tudo uma questéo de escolha politica, como seré visto a seguir. c) Formal: por este critério, o Estado é o responsdvel por estabelecer quais atividades devem ou ndo ser reconhecidas como servicgos ptiblicos. O Estado é que enquadra a atividade dentro de um sistema exorbitante do comum, cercada por normas de Direito Publico. E 0 critério adotado pela corrente formalista, e que prevalece no Brasil. Critica: atualmente, nem todo servico publico 6 regido exclusivamente por normas de Direito Publico. Ha servicos prestados em carater essencialmente privado por meio de concessionarias, como € 0 caso da energia elétrica e fornecimento de gas canalizado, havendo apenas derrogagées (interferéncias parciais) pelo Direito Publico. E 0 que a Prof. Cyonl Borges smiuclsgiasonsunoacombr 20 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS doutrina costuma chamar de sistem tanto privado). ibride (um tanto publico, outro Ressalte-se, ainda, a existéncia de servicgos de interesse publico e que, apesar de prestados por particulares, néo sido propriamente servicos publicos. Nao s’o sequer delegados pelo Estado. Logo, nao so cercados por normas de Direito Puiblico, nem mesmo em carater hibrido, embora sejam servicos de utilidade publica, a exemplo da satide e do ensino. Sao servigos autorizados pelo Estado, cabendo a este exercer o Poder de Policia sobre tais atividades. A seguir, quadro-resumo sobre os critérios para a definigéo de servigos publicos: Subjetivo ou Organico Material ou Essencialista Visa a satisfagéo de _ necessidades Definic&o de | Prestado coletivas Servigo diretamente |essenciais e ndo | 777 (normas pelo Estado | secundarias; ire , de Direito Previsto ou néo|Cc Publico) em normas Previsdo em lei e com regime exorbitante do Ha servigos publicos prestados por particulares, € regidos parcialmente por normas de Direito Privado Servigos Admite-se a | essenciais execucao administrativos indireta sao servigos publicos Agora que ja vimos os critérios doutrindrios para a definigéo de servicos publicos, passa-se & reproducdo, por ilustrative, do conceito do autor Celso Anténio Bandeira de Mello: Servico publico é toda atividade de oferecimento de _utilidade Qu__comodidade __material___fruivel___diretamente___pelos smiuclsgiasonsunoacombr 1 Curso Teérico de Direito Administrative fafEstratégia Prof. yoni Borges administrades, prestado pelo Estado ou por quem lhe faca as vezes, sob um regime de Direito Publico - portanto, Fi i 6, especiais ~ instituido pelo Estado em favor dos interesses que houver definido como préprios no sistema normative. Como vocé identificaria o critério formal no texto em itdlico? Ent&o, 0 que foi falado, até agora, sobre critério formal? E aquele que estabelece o regime juridico de Direito Publico para os servigos publicos. Com outras palavras, o regime juridico dos servigos pliblicos é diferenciado e especial (“consagrador de prerrogativas de supremacia e restrigdes especiais...”). De acordo com o critério formal, é servico ptiblico todo aquele prestado sob o regime de direito pGblico, total ou parcialmente. Por fim, que tal utilizarmos todos os critérios e suas respectivas criticas para apresentar um conceito valido de servigos publicos? Vamos ao desafio: Servico publico é toda a atividade prestada pelo Estado ou por quem the faca as vezes, regida predominantemente por normas de Direito Piblico, destinando-se a necessidades coletivas essenciais ou secundrias, usufruidas diretamente ou no pelos usuérios, remunerados por taxas ou tarifas, conforme 0 caso. 3. Classificagées Antes das classificagdes propriamente ditas, deve ser destacado que © servico ptiblico é atividade inconfundivel com poder de policia, obra publica e intervencao. 0 servico ptiblico diferencia-se do poder de policia pelo fato de ser atividade positiva (o Estado oferece uma utilidade ao cidad&o). Ja © poder de policia é atividade eminentemente negativa (o Estado limita e restringe os direitos e as atividades dos cidadaos). O servigo ptiblico nao se confunde com obra ptiblica, pois esta é de natureza estatica. De sua parte, o servico ptiblico é atividade dinamica (transportar, realizar ligagées telefénicas e prover sinal de televiséo). Por fim, 0 servico ptiblico nao se identifica com a intervengao. Relativamente ao regime juridico, o servico publico se sujeita a um conjunto de principios e de normas predominantemente de Direito Puiblico, como a continuidade, a modicidade das tarifas, a Profe. Cyonil Borges munu.sstategiasoncusoscombr 1 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS eficiéncia, a universalidade e a cortesia. Por sua vez, a atividade econémica se desenvolve sob a observancia dos comandos constitucionais primariamente do Direito Privado e da ordem econémica, como os principios da livre iniciativa, da propriedade privada e da livre concorréncia. Quanto a forma de atuag&o, o Poder Ptiblico é titular do servico publico, podendo presté-lo direta ou indiretamente, neste caso, sob 0 regime de concesséo e permisso. Na intervengSo, por sua vez, o Poder Publico atua subsidiariamente em paralelo ao sistema capitalista, s6 podendo explorar a atividade econémica nos casos de monopélio, de imperativo de Seguranca Nacional e de relevante interesse publico. Na intervengao direta no dominio econémico, as empresas governamentais ficam sujeitas ao regime proprio das empresas privadas, inclusive quanto as obrigacées trabalhistas e tributarias; 0 que, no entanto, nao alcanga integralmente as empresas estatais que prestam servicos publicos. Tome Nota! Os servicos publicos foram tradicionalmente concebidos como atividade fora da livre-iniciativa e, consequentemente, & concorréncia, pressupondo-se via de regra apenas um prestador, fosse ele o Estado ou um delegatério seu. Todavia, a partir da década de noventa do século passado, fortaleceu-se a caracteristica do servico piblico como espécie de atividade econémica, propugnando-se a instalacéo da concorréncia. Inclusive, 0 art. 16 da Lei 8.987/1995 dispée que a outorga de concesséo ou permisséo ndo teré caréter de exclusividade, salvo no caso de inviabilidade técnica ou econémica justificada. Portanto, ndo hd, como regra, 0 monopélio na prestacdo (por Alexandre Santos de Aragao). Ven mos o estudo das classificagées dos servicos ptblicos. Tratando-se de concursos publicos, exceg&o feita 4 aprovacéio, nada € certo, como é 0 caso das classificagées de servicos publicos. Apesar disso, a seguir ser&o expostos os majoritérios entendimentos doutrinarios, haja vista 0 nosso objetivo maior: a adequada e certeira preparacio dos candidatos a cargos e empregos publicos. De acordo com algumas concepgdes doutrinérias, os servicos podem ser: Y Coletivos (uti universi - universais) e singulares (uti singuli); Y Administrativos, econémicos, e sociais; oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua » Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS Y Propriamente ditos e de utilidade publica; ¥ Servigos Exclusivos e nao exclusivos; v Préprios e impréprios; Y Privativos e comuns. > Coletivos e Singulares Esta primeira classificagao apresenta a divisdo em termos de generalidade, de alcance de destinatarios. Neste aspecto, os servigos podem ser uti universi e uti singuli. Os servigos uti universi ou gerais séo os prestados a grupos leterminados de individuos, a toda a coletividade, nao se distinguindo os potenciais usuarios. Séo servigos indivisiveis e universais. Nao é possivel medir de modo exato sua utilizagdo pelos usuarios (“per capita”), devendo ser financiados pelos impostos, quando for o caso, dado o caréter nao contraprestacional de tal tributo, como a seguranca publica, a satide, a iluminacg&o publica e o saneamento basico. J4 os servicos uti singuli, individuais ou singulares, s&o os servicos que se dirigem a destinatdrios individualizados, sendo possivel mensurar, caso a caso, quanto do servico esté sendo consumido. Logo, so servicos medidos “per capita’. Quando postos em operacéio, constituem verdadeiro direito individual, desde que em condigées técnicas adequadas para o recebimento na drea de prestagao do servico. Distintamente dos servicos ut/ universi, os uti singuli, pelo fato de admitirem mensuragao lualizada, dao ensejo 4 cobranga da espécie tributaria taxa, caso o servico seja prestado pelo Estado (caput do art. 77 do Cédigo Tributario Nacional: "servico publico especifico e divisivel, prestado ao contribuinte ou posto 4 sua disposic&0"}, ou tarifa (espécie do género preco public, cobrado por particulares, como € 0 caso do gas canalizado prestado por concessionérias). Sobre o tema, dispde a Sumula Vinculante 19: A taxa cobrada exclusivamente em razéo dos servicos publicos de coleta, remogao e tratamento ou destinacao de lixo ou residuos provenientes de iméveis nao viola 0 artigo 145, II, da Constituigdo Federal. Para © STF, sendo especificos e divisiveis, os servicos publicos de coleta, remogdo e tratamento ou destinagdo de lixo ou residuos provenientes de iméveis podem ser remunerados por taxas, desde que essas atividades sejam completamente dissociadas de outros oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua % Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS servigos pliblicos de limpeza realizados em beneficio da populagéo em geral (uti universi) e de forma indivisivel, tais como os de conservagéo e limpeza de logradouros e bens publicos (pracas, calcadas, vias, ruas e bueiros). Taxas e tarifas séo formas de pagamento de natureza contraprestacional, constituindo o que os tributaristas costumam chamar de prestagdes sinalagmaticas (0 usudrio sé pode exigir a continuidade da prestagéo quando estiver cumprindo regularmente sua obrigagéo). Porém, s&o inconfundiveis entre si. As taxas decorrerem de Jel, e, por serem tributos, tem carater obrigatorio (diz 0 Codigo Tributdrio - tributo é toda prestagéo compulséria (...) - art. 4°). Assim, ainda que os servigos nao sejam utilizados, 0 administrado nao tem a faculdade de deixar de quitar o débito junto ao Estado. Logo, os servigos individuais remunerados mediante taxa caracterizam-se pela obrigatoriedade, pois o contribuinte nao tem a ops3o de escolha de uso, porque, mesmo que dele nao se utilize, é obrigado a remunerd-lo, e pela continuidade, mesmo ocorrendo a inadimpléncia do usudrio, é dever do Estado a prestago dos servicos. Trava-se, entdo, entre o contribuinte e o Poder Publico, uma relagéo administrativo-tributaria, solucionada pelas regras do Direito Administrativo (Resp 460271-SP - STJ). Por sua vez, as tarifas sero cobradas no caso de utilizagao efetiva de servigos publicos, como os de energia elétrica e fornecimento de agua. O regime das tarifas nao é tributdrio, de modo que mero Decreto do Executivo podera aumentar o valor das tarifas, sem a observancia, por exemplo, ao principio da anterioridade anual. Afirma-se, ainda, que as tarifas sé podem ser cobradas pela prestacao de servicos uti singuli, 0 que, s6 de certa forma, é verdadeiro. "Sé de certa forma verdadeiro” porque, na Lei 9.074/1995, garante-se a execug&o de determinados servicos por meio de concessdo e de permisséo, sem que, no entanto, tais servigos detenham o carter individual. Sdo exemplos: saneamento basico e limpeza urbana (art. 2°, caput) (servicos uti universi). Entéo, aprenda algo: separe regra de exceg&o, a vida do concursando é sempre assim! Para os concursos publicos, a regra & que apenas servicos uti singuli admitem a entrega a particulares por meio de concessées de servicos publicos. > Administrativos, Econémicos e Sociais oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS A segunda classificaggo 6 a de que os servigos podem ser administrativos, econémicos e sociais. Os servicos administrativos sd os que a Administracéo executa para atender a suas necessidades internas ou para preparar outros servicos que serao prestados ao ptiblico, tais como os de imprensa oficial (impressao de didrios) e das estacdes experimentais. Os econémicos, também denominados de industriais ou comerciais, sao os servicos que produzem renda (lucro) para quem os presta. A regra 6 que a remuneracdo dos prestadores de servigos ‘econémicos se faca por tarifas, a serem fixadas pelo Estado. Por fim, destacam-se os servigos ptiblicos sociais, executados pelo Estado para atendimento dos interesses sociais bdsicos, e representam ou uma atividade propiciadora de comodidade relevante, ou servicos assistenciais e protetivos. Como registra José dos Santos Carvalho Filho, tais servigos so, em regra, deficitarios, e © Estado os financia por meio de recursos obtidos junto & comunidade, sobretudo pela arrecadagao de tributos. Sao exemplos: a assisténcia a crianga e ao adolescente, a assisténcia médica e hospitalar e educacéo.® > Propriamente Ditos (indelegaveis) e de Utilidade Publica (delegaveis) Os servigos ptiblicos podem ser clasificados, ainda, em propriamente ditos e de utilidade ptiblica. Para José dos Santos Carvalho Filho, so clasificados, nessa ordem, em servicos indelegaveis e delegaveis. Para Hely Lopes Meirelles, os servicos de relevancia publica séo os que a Administracéo presta diretamente & comunidade, sem delegagéo a terceiros, por reconhecer sua essencialidade e necessidade para a sobrevivéncia da populacao e do préprio Estado, como a defesa nacional. S&o considerados servigos pro- comunidade, por se destinarem ao atendimento a necessidades gerais da sociedade. Por sua vez, os servigos de utilidade pUblica sao aqueles em que a Administracéo reconhece a conveniéncia, mas no sua necessidade e essencialidade, ¢, por isso, ou os presta * Marcal Justen Filho cita, ainda, os servigos culturais, assim entendidos os que satisfazem as necessidades culturais, envolvendo o desenvolvimento da capacidade artistca e 0 préprio lazer, como rmuseus, cinemas e teatro, Profe,Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 6 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS diretamente & sociedade ou os delega para que sejam executados por terceiros (concessiondrios e permissiondrios, por exemplo). Séo exemplos: transporte coletivo, energia elétrica e telefonia. S80 considerados, por sua vez, servigos pré-cidadao, por propiciarem facilidades diretamente aos cidadaos. ‘QF-7 — PMP — INSS - Cespe — 2010 - Os servicos publicos propriamente ditos S80 aqueles em que a administrago publica, reconhecendo sua conveniéncia para 0s membros da coletividade, presta-os diretamente ou permite que sejam prestados por terceiros, nas condigdes regulamentadas e sob seu controle. (Certo/Errado)? ‘Comentarios: Perceba que a banca sé fez inverter 0s conceitos de servicos ptiblicos propriamente ditos com os de utilidade publica, dai a ineorrecdo do quesito. > Exclusivos e Exclusivos Ao lado de servicos publics exclusives do Estado (incs. XI e XII do art. 21 da CF/1988, por exemplo), prestados direta ou indiretamente por concessao, permissao e autorizacdo, em que se pressupée 0 uso de atos de império, destacam-se os servicos ptiblicos nao privativos. A diferenca é que aos particulares é licito 0 desempenho de _tais servicos, independentemente de delegacio do Poder Publico. E quais seriam os servicos nao privativos do Estado? Conforme a CF/1988, podem ser citados pelo menos quatro servicgos em que o Estado néo detém a titularidade na prestacdo: ‘educacéo, previdéncia social, assisténcia social e sade: - Satide (CF/1988 Art. 199. A assisténcia a satide é livre a iniciativa privada. No caso de servicos de satide prestados por particular nao se fala em delegaco. Ha outros requisitos estabelecidos em leis especificas, 0 que n&o vem ao caso para as provas de Direito Administrativo. Observe-se que, embora nao sejam servicos delegados pelo Estado, ficam sujeitos ao controle deste, por meio do exercicio regular do poder de policia. Inclusive, ha Agéncia Reguladora federal com competéncia para normatizar e fiscalizar os servigos de saude (Agéncia Nacional de Saude Suplementar - ANS). arto: ERRADO. yoni Borges manvsaatslasonsarss sua ” Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS ‘QF-8 - Analista - Camara dos Deputados - Cespe — 2012 - De acordo com critério de classificaco que considera a exclusividade ou néo do poder piiblico na prestacao do servico, 0 servico postal constitui um exemplo de servico puiblico no exclusivo do Estado.!? ‘Comentarios: A autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece que servico piiblico é toda atividade que a Administracdo Publica executa, direta ou indiretamente, para satisfazer 4 necessidade coletiva, sob regime juridico predominantemente puiblico. Abrange atividades que, por sua essencialidade ou relevancia para a coletividade, foram assumidas pelo Estado, com ou sem exclusividade. Para a autora, na Constituiggo encontram-se exemplos de servicos piiblicos exclusives, como o servico postal (dai a incorrecde do quesito), 0 correio aéreo nacional (inc. X do art. 21), os servicos de telecomunicagées (inc. XI do art. 21), os de radiodifusdo, energia elétrica, navegacéo aérea, transportes e demais indicados no artigo 21, inc. XII, e 0 servico de gés canalizado (§20 do art. 25), este de competéncia dos Estados-membros. Essa, inclusive, é a jurisprudéncia do STF (ADPF 46). Para a autora, com relacao aos servicos nao exclusivos do Estado, pode-se dizer que sao considerados servicos publicos préprios, quando prestados pelo Estado; e podem ser considerados servicos puiblicos impréprios, quando prestados por particulares, porque, neste caso, ficam sujeitos a autorizagéo e controle do Estado, com base em seu poder de policia. Enfim, ‘s30 considerados servigos publicos, porque atendem a necessidades coletivas; mas impropriamente publicos, porque falta um dos elementos do conceito de servico publico, que é a gestéo, direta ou indireta, pelo Estado. > Préprios e Impréprios Na viséo de parte da doutrina administrativista, como é 0 caso da Maria Sylvia Zanella Di Pietro, os servigos préprios sao aqueles que, atendendo a necessidades coletivas, 0 Estado assume como seus € os executa diretamente (por meio de seus érgdos e agentes) ou indiretamente (por meio de concessionarias e permissionérias). Ja os servicos impréprios ou virtuais, embora atendam necessidades coletivas, nao sao de titularidade do Estado e nem por ele executados. Porém, nao refogem ao poder de policia, pois devem ser autorizados, regulamentados e fiscalizados. Nao deixam de ser, portanto, verdadeiras atividades privadas controladas pelo Estado. Para boa parte da doutrina, os servicos impréprios sequer deveriam ser reconhecidos em sentido juridico como servigo piiblico. Como °° Gabarito: FRRADO. Profe.Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua ® Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS exemplos de tais servigos podem ser citados os prestados por instituigdes financeiras e os de seguro e previdéncia privada. Essa ultima classificacéio, para o autor Hely Lopes Meirelles, aparece como servigos ptiblicos autorizados: servicos de taxi, de despachantes, de pavimentagdo de ruas por conta dos moradores e de guarda particular de estabelecimentos e de residéncias. Apesar dos ensinamentos de Hely Lopes Meirelles, esclarega-se que, para fins de concursos pliblicos, as bancas organizadoras costumam seguir a classificag&o dos servigos ptiblicos em préprios ou impréprios da autora Maria Sylvia Di Pietro. O mais dificil no é fazer 0 concurso publico, em si, é ter de contar com a “boa-vontade” do examinador em adotar entendimentos unanimes ou, pelo menos, majoritérios na doutrina ou na jurisprudéncia. Mas tudo bem, vamos fazer nosso papel ~ que é passar logo no concurso! Deixe as ‘confusées’ de lado e estude, entao! > Privativos e Comuns Para José dos Santos Carvalho Filho, os services privativos séo aqueles atribuidos a apenas uma esfera da federacéo, como a emisséo de moeda e o servico postal, os quais sao privativos da Unido (incs. VII e X do art. 21 da CF/1988), a distribuigéo de gas canalizado de competéncia dos Estados e do Distrito Federal (§2° do art. 25 da CF/1988) e o transporte coletivo intramunicipal, reservado aos Municipios (inc. III do art. 30 da CF/1988). Nesse contexto, é ilegitimo, por exemplo, que leis estaduais disponham sobre o transito e transporte, bingos, energia elétrica e telefonia, por serem matérias privativas da Unido. A nao ser que Lei Complementar Federal delegue aos Estados-membros competéncia para legislar sobre pontos especificos (paragrafo Unico do art. 22 da CF/1988). Por sua vez, 0s servigos comuns so os que podem ser prestados concorrentemente por duas ou mais pessoas federativas. Sobre o tema, a CF/1988, no art. 23, enumerou os servigos comuns, como a proteao ao meio ambiente e a preservacao das florestas. Assim, finalizamos as principais classificagdes. A seguir, como jé é de praxe, quadro-resumo para a fixag&o dos diversos conceitos. Servicos Pablicos | Essenciais e necessarios a sobrevivéncia do Propriamente Ditos grupo social e do Estado, no podendo ser delegados a particulares, como, por exemplo, defesa nacional. Prof Cyan Borgen nvsaatsiassnsarss sua » faEstratégia CouCuRsOS Curso Teérico de Direito Administrativo Prof. Cyonil Borges Servicos de —Utilidade | <=, 9 cervicos que a Administracdo, reconhecendo sua conveniéncia, mas nao a sua necessidade _essencialidade, _presta-os, diretamente a sociedade ou delega sua prestagdo a terceiros, exemplo. das. concessionarias. Servigos Prestados pelo Estado com relagdo de Proprios/Indelegaveis supremacia, sem a possibilidade de delegacao a particulares. ‘*) Servigos ‘Aqueles que satistazem os interesses da Impréprios/Delegaveis _| coletividade, com a possibilidade de delegacao, ‘como, por exemplo, energia elétrica. Servicos Administrativos ‘Sao 05 servicos prestados para atendimento a5 necessidades internas do Estado, para compor melhor sua organizagéo, como, por exemplo, Imprensa Nacional. Servicos Sociais Servis dirigidos 5 satisfagoes basicas da coletividade, como, por exemplo, assisténcia médica e educacional. ‘So 0s geradores de renda/lucro, como, por exemplo, telefonia e transporte coletivo. ©) igos Singuli/Singulares Usuarios determinados, com mensuracao per capta, como, por exemplo, fornecimento de agua. Servigos Uti Universi UsustiesIndeterminades, de natareza indivisivel, como, por exemplo, iluminacdo publica. Servicos Exclusives ‘Aqueles de titularidade exclusiva do Estado, como, por exemplo, _gés._canalizado, telecomunicagées, ¢ servico postal. Servigos ndo exclusives Podem ser prestados pelo Estado ou por particulares, por meio de autorizacdes, como, por exemplo, satide e educagio. (1) Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, os servigos préprios sdo aqueles Profs. Gyonil Borges em que o Estado é titular, seja a prestagio direta ou indireta (concessionérias e permissionérias, por exemplo). E os impréprios, por sua vez, sao as atividades privadas que atendem a necessidade geral, sendo apenas autorizados pelo Estado, como a previdéncia privada. (2) Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, os servicos industriais ou comerciais seguem o rito do art, 175 da CF/1988. Por sua vez, 0 art. 173 da Constituigéo refere-se a atividades estritamente econémicas, exercidas em carter subsidiario pelo Estado. (3) Servigos exclusivos no se confundem com servicos indelegaveis. Por exemplo: 0 servico local de gas canalizado & monopélio dos Estados & Distrito Federal, enfim, sao servicos de titularidade exclusiva do Estado, porém podem ser prestados por particulares, no caso, as concessionarias. Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges Coucunsos 4. Competéncia Inicialmente, vamos recorrer ao Direito Constitucional, em que se estabelece que a reparticio de competéncias entre os entes federativos segue o principio da predominancia do interesse. A Unido tem competéncia para prestar e regulamentar assuntos de interesse Nacional; os Estados, de interesse regional; os Municipios, de interesse local; ¢ o Distrito Federal (em razao de seu hibridismo), cumulativa ou multipla (Local + Regional, isto é, assuntos de interesse Municipal e Estadual). Nesse contexto, compete privativamente: - A Unido a prestacdo de _servicos de telecomunicacgées, de energia elétrica, de transporte interestadual ou internacional, fuséo sonora e de imagens (competéncia enumerada, - Aos Estados a prestacao dos servicos de interesse regional. Os servigos do Estado so encontrados por exclusdo, ou seja, de forma remanescente (rol_exemplificativo). No entanto, essa ¢ uma regra que comporta excecées, é 0 caso do servigo de gas canalizado ¢ dos servicos prestados nas_ regiées metropolitanas, nas aglomeragées urbanas e nas microrregiées, como estabelece 0 §3° do art. 25 do texto constitucional: § 3° - Os Estados poderao, mediante lei complementar, instituir regiées metropolitanas, aglomeragées urbanas e microrregiées, constituidas por agrupamentos de municipios limitrofes, para integrar a organizagao, 0 planejamento e a execugdo de fungées publicas de interesse comum. Talvez nao tenha ficado claro o significado de competéncia remanescente. Vamos detalhar um pouco mais. Responda répido: a quem compete prestar servicos de transporte coletivo intermunicipal? Unido? Nao, pois compete a Unio o servico de natureza interestadual ou internacional. Municipios? No, afinal s&o responsdveis pelo servico intramunicipal. Logo, em razéio do que sobra (remanesce), a competéncia sé pode ser do Estado-membro, o que, inclusive, foi considerado oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS constitucional pelo STF na ADI 2.349. Sobre o tema, dispde 0 §1° do art. 25 da CF/1988: Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituicées e lels que adotarem, observados os principios desta Constituico. § 10 - Sao reservadas aos Estados as competéncias que nao thes sejam vedadas por esta Constituicao. Alerte-se que existem, excepcionalmente, servicos intramunicipais de competéncia dos Estados. Por exemplo: 0 Metré de Sao Paulo é uma Sociedade de Economia Mista prestadora de servico ptiblico de transporte urbano coletivo, porém, do Estado de Sao Paulo e ndéo do Municipio. E do Estado porque é uma Companhia METROPOLITANA. E cabe ao Estado a organizagao dos servigos situados nas regides metropolitanas, nos termos do §3° do art. 25 da CF/1988. E os servigos de gés? Isso mesmo. Segundo a CF, de interesse local, sendo, no entanto, monopélio dos Estados- membros. a prestagao de servigos de transporte coletivo urbano (leia-se: intramunicipais), ensino infantil e fundamental e até funerérios. Este ultimo servigo merece destaque, uma vez que no consta expressamente do texto constitucional, o que evidencia que a enumeracéo dos servicos na CF/1988 é€ meramente exemplificativa para os Municipios e os Estados. Assim, podem os entes federados (exceto Unio, rol taxative) criar outros servigos, em observancia ao principio da predominancia do interesse. Para Hely Lopes Meirelles, o servico funerdrio &é da competéncia municipal, por dizer respeito a atividades de precipuo interesse local, quais sejam, a confecg&o de caixdes, a organizacéio de velério, o transporte de caddveres e a administracio de cemitérios. Esse, inclusive, 6 0 entendimento do STF (RE 387.990). - Ao Distrito Federal a prestacao de servigos de competéncia dos Estados e dos municipios, em raz3o da competéncia cumulativa ou miultipla. No entanto, nem todos os servicos de competéncia estadual séo mantidos e organizados pelo DF. Vamos 4 leitura dos incs. XIII e XIV do art. 21 da CF/1988: XIII - organizar e manter 0 Poder Judiciério, 0 Ministério Publico e a Befenserta—PebHer do Distrito Federal e dos Territérios; Proft. Gyonil Borges miu sstategiaconcunos. combs 2 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS XIV = organizar e manter a policia civil, a policia militar e 0 corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assisténcia financeira ao Distrito Federal para a execugao de services publicos, por meio de fundo proprio; Note que nem todos os servicos dos Estados so de competéncia do Distrito Federal. ‘QF-9 - AUFC - TCU - Cespe - 2007 - O DF deve prestar os servicos ptiblicos previstos como de competéncia dos estados e dos municipios, cumulativamente."? Comentarios: O gabarito preliminar deste item fol certo. Entretanto, com os recursos, a banca organizadora teve de mudar para ERRADO no definitivo. Observe a justificativa apresentada pelo Cespe: “alterado de C para E, pois a assertiva n&o contempla as excecées existentes no ordenamento constitucional, quais sejam, a manutenc&o dos servicos de Ministério Public, Justica e Befenserie—Pibties pela Unido dentro do Distrito Federal”. Aproveitando a passagem do item acima, cabe chamar a ateng&o para um detalhe. Com a EC 69/2012, a Defensoria do DF, antes mantida e organizada pela Unido, passou competéncia legislativa e material do DF. Assim, da justificativa do Cespe, retiramos a mengdo a Defensoria. Até aqui tivemos contato com a competéncia privativa quanto & prestagéo de servigos ptiblicos. Ocorre que o Constituinte também previu a competéncia comum dos Entes Politicos para determinados servigos plblicos. Segundo disposto no art. 23 da CF/1988, é competéncia comum da Unido, do Distrito Federal e dos Municipios. Para a doutrina, a competén comum é€ de natureza administrativa e, diga-se de passagem, garantidora do exercicio concomitante por todos os Entes Federados, de modo que os servicos ptiblicos seréo prestados de forma paralela, em condicées de igualdade, sem relacdo de subordinagao (hierarquia) entre os entes federativos. Em sintese: a atuag4o (ou omiss4o) de um ente da federacdo nao impos: a atuagdo do outro. Tome Nota! * Gabarito: FRRADO. Profe.Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 2 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS © exercicio da competéncia comum nao esta sujeito 4 regulamentacao do servico publico exclusivamente pela esfera federativa de nivel mais elevado, Ou seja, mesmo que a Unido nao regulamentasse a matéria, isso nao impediria de um Estado 0 prestar, por exemplo. Continuemos. Dos servigos decorrentes da competéncia comum, podem ser citados exemplificativamente: T - cuidar da sadde e assisténcia publica, da protecdo e garantia das pessoas portadoras de deficiéncia; V - proporcionar os meios de acesso 4 cultura, 4 educagao e & ciéncia; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; IX - promover programas de construgéo de moradias e a melhoria das condigées habitacionais e de saneamento basico; XII - estabelecer e implantar politica de educacéo para a seguranga do transito. Por fim, atente-se para a alterag&o pela EC 53/2006. No paragrafo Unico do art. 23 da CF, houve a insergao de leis complementares no lugar de “lei complementar", para se evitarem os conflitos no ambito da competéncia comum ou, ainda, evitar a prestacdo duplicada. A seguir, a nova redag&o: Pardgrafo Unico. Leis complementares fixarao normas para @ cooperacao entre a Unido e os Estados, o Distrito Federal e os Municipios, tendo em vista 0 equilibrio do desenvolvimento e do bem-estar em dmbito nacional. 5. Formas de Prestacdo e Meios de Execugéo Os servicos ptiblicos préprios sao de titularidade do Poder Publico, que pode presta-los diretamente, por meio da Administracéo Direta ou da Indireta (autarquias e empresas ptiblicas, por exemplo), ou indiretamente, por concessdes e permissées, sempre precedidas de licitag3o. A prestacio direta dos servicos publicos é efetuada pela propria maquina estatal, centralizada ou descentralizadamente. E muito comum os concursandos confundirem © conceito de prestagao direta com o de Administracg&o Indireta, para concluir, equivocadamente, que se esté diante da Administrac&o Indireta a prestagao é indireta. Como esclarece Gustavo Scatolino, a prestagio direta corresponde a prestag&o por meio de sua prépria estrutura, seja por seus érgaos ou oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua = Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS entidades da Administrag&o Indireta. E 0 caso do servigo postal, prestado pela Uniao, com carater de exclusividade por meio da Empresa Brasileira de Correio e Telégrafos (empresa publica vinculada ao Ministério das Comunicagées), ou do servigo de infraestrutura aeroportuéria, por meio da Infraero (empresa ptiblica vinculada a Secretaria de Aviacao Civil). Nessa ordem, teremos o servigo ptblico centralizado ou descentralizado. © servico centralizado se confunde com o conceito de Administrag&o Direta (Ministérios e Secretarias, por exemplo), em que os servicos s&o prestados pelos préprios érgaos da estrutura da pessoa politica (Unido, Estados, Distrito Federal e Municipios). Ja o servico descentralizado é todo aquele em que o Poder Publico transfere a titularidade e execucéo por lei, ou, tio somente, a execug&o por contrato ou ato administrativo a outras pessoas juridicas. Traduzidas, respectivamente, em Administracdo Indireta (ou Descentralizacao por Outorga, em termos doutrinarios), e em Administragao por Colaboracéo ou Descentralizacéo por Delegagao (também em expresso empregada pela doutrina). Citam-se, ainda, a descentralizac&o territorial ou geografica, em que se outorga a capacidade genérica administrativa as autarquias territoriais, e a descentralizacao social, em que os servicos passam a ser prestados com 0 auxilio de entidades integrantes do Terceiro Setor, como é 0 caso das Organizacées Sociais e Oscips. Abre-se um paréntese para esclarecer que o sel descentralizado nao se confunde, igualmente, com o servico desconcentrado. Na desconcentracao, os servicos so prestados por uma Unica pessoa (reparticéo publica), porém, as atribuicSes sao distribuidas entre dois ou mais érgaos da pessoa juridica. Esté-se diante de verdadeira técnica administrativa, por simplificar a prestacéo dos servigos, 0 que, inclusive, diferencia-a da descentralizacéo, esta pautada no principio da especializagdo, em que os servigos s&o retirados do centro e transferidos para outras pessoas, garantindo-se maior eficiéncia. Por fim, os servigos centralizados, _descentralizados e desconcentrados podem ser executados direta ou indiretamente. Enquanto na execucéo direta, os servicos sdo prestados aos usuarios pela pessoa competente com os préprios instrumentos (equipamentos e funciondtios); na execucao indireta, o responsavel pela prestacao contrata com terceiros a execug&o de servicos delegaveis, exemplo das obras contratadas por autarquias, sob a modalidade de oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 35 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS empreitada global. Estas informagées podem confundir 0 concursando no dia derradeiro. Por isso, fagamos um breve exercicio para a fixacdo: 1? 3 Como se classifica a prestagdo e a execugao de servicos ptiblicos por Ministério com a propria forca de trabalho? 222 Classifique a prestacSo de servicos por empresa publica, entidade integrante da Administracdo Indireta, e com a personalidade juridica de Direito Privado. 3° Como se classifica 0 servigo prestado pelo INSS (Autarquia Federal), no Estado do Acre, com a terceirizacao de servicos? 4? Servicos prestados por érgaos de Secretaria Estadual com © auxilio de terceiros? Vamos as respostas: 12> A forma de prestacéo por Ministério ¢_centralizada, Ao se utilizar dos préprios meios, esté-se diante da execucéo direta (Servico Centralizado por Execugao Direta). 283 A forma de prestacio por Empresa Publica & descentralizada (Servico Descentralizado). 32> O INSS é& Autarquia Federal, logo é servico descentralizado. A execucéo, com auxilio de terceiros, é indireta (Servigo Descentralizado por Execugao Indireta). 42 A criagéo de drgos dentro da Secretaria Estadual é 0 processo de desconcentrac&o. A execugdo sem o préprio aparato & indireta (Servico Desconcentrado por Execucéo Indireta). 6. Concessées de Servicos Piiblicos Nos termos do art. 175 da CF/1988, 0 Poder Publico é sempre o titular dos servigos publicos, mas a execucéio pode ser feita por particulares (descentralizagéo por colaboragéo ou negocial). Na descentralizagao por colaboracéio, o Estado repasse a mera execucaio a particulares, formalizando-se permissées e concessdes de servicos. As concessées de servigos publicos podem ser comuns e especiais. As comuns estdo disciplinadas pela Lei 8.987/1995, nas espécies: “servigos ptblicos” e “servigos publicos precedidos de obra publica”. Por sua vez, as concessdes especiais surgiram com a Lei 11.079/2004, conhecida vulgarmente como Parceria Ptblico-Privada (PPP). oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 36 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS As concessdes comuns e especiais so formalizadas por contratos administrativos. E, em matéria de contratos e licitagdes, compete privativamente & Unido legislar sobre normas gerais para toda a Administragéio Publica (Unido, Estados, DF e Municipios) (inc. XXVII do art. 22 da CF/1988). Nesse contexto, para regulamentar o art. 175 da CF/1988 (as concessées comuns), a Unido editou a Lei 8.987/1995, alterada, posteriormente, pelas Leis Federais 9.074/1995; 11.196/2005, 11.445/2007; e 12.767/2012. A seguir, o art. 1° da Lei de Concessées comuns, que nos reforca o seu carater geral: Art. IAs concessées de servicos puiblicos e de obras publicas e as permissées de servicos publicos reger-se-ao pelos termos do art. 175 da Constituica0 Federal, por esta Lei, pelas normas legais pertinentes e pelas cléusulas dos indispensdveis contratos. Pardgrafo Unico. A Unido, os Estados, o Distrito Federal e os Municipios promoverdo a reviséo e as adaptacées necessérias de sua legisiacdo as prescricdes desta Lei, buscando atender as peculiaridades das diversas modalidades dos seus servicos. Esclareca-se que a Lei 9.074/1995 enumerou services publicos federais sujeitos ao regime das concessdes, e, quando for 0 caso, das permissées. Sao eles: I - vias federais, precedidas ou nao da execugao de obra publica; II - explorag&o de obras ou servigos federais de barragens, contencées, eclusas, diques e irrigacées, precedidas ou no da execucao de obras publicas; III - os servigos postais. No entanto, nem todo os servigos precisam ser delegados formalmente pelo Poder Publico. Foram excluides do sistema os seguintes servicos: Art. 29. (...) () § 2° Independe de concess&o, permisséo ou autorizagéo o transporte de cargas pelos meios rodoviario e aquaviario. § 3% Independe de concessao ou permissao 0 transporte: I - aquaviério, de passageiros, que néo seja realizado entre portos organizados; II - rodovidrio e aquavidrio de pessoas, realizado por operadoras de turismo no exercicio dessa atividade; oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 7 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS III - de pessoas, em caréter privativo de organizagées publicas ou privadas, ainda que em forma regular. A seguir, vamos avangar pelas diretrizes basicas do Estatuto das Concessées comuns, reservando para t6pico especial o tratamento das PPPs. 6.1. Principios Por serem destinados a coletividade, os servigos ptiblicos sob a incumbéncia do Estado ou de seus agentes delegatdrios devem ser prestados com observancia de determinados padrées. O servico pUiblico prestado aos cidadados-usudrios deve ser adequado. Em tradug&o aos requisitos do servigo adequado, previstos no art. 69 da Lei 8.987/1995, a doutrina costuma apontar multiplos principios inerentes a prestaco dos servicos ptiblicos. Os mais exigidos nos concursos ptiblicos sdo a seguir elencados. Também denominado de Principio da Permanéncia, é sempre um forte item de prova. Pelo principio da continuidade, os servicos publicos néo podem sofrer interrupgao. E dizer, n’o devem sofrer solucio de continuidade em sua prestacdo, a no ser em situagées excepcionai Nesse contexto, ndo caracteriza descontinuidade a interrupgao da prestagao do servigo: v Em razéo de situagéo emergencial (exemplo de Apagao devido queda de raio na Central Elétrica), e v APOS AVISO PREVIO, quando: a) motivada por razdes de ordem técnica ou de seguranga das instalacées; e b) por inadimplemento do usuério, considerado o interesse da coletividade. Para o STF, 0 Estado-membro n&o pode interferir nas relagdes juridico-contratuais entre o Poder Concedente Federal e as empresas concessionérias, para dispor, por exemplo, sobre a proibicéio de corte de servigos essenciais por falta de pagamento do usuério (ADI 3.729). Mais a frente, veremos que, em nome do principio da continuidade, € permitido ao Estado o resgate (encampacao Prof. cyan Borges smiuclsgiasonsunoacombr 28 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS ou retomada) do servico ptiblico concedido antes de vencido o prazo contratual, em atendimento ao interesse da coletividade. Por fim, ainda como aplicag&o do principio em andlise, registra-se a inaplicabilidade da “exceptio non adimpleti contractus” (excecéo do contrato nao cumprido) contra o Poder Publico. Nos acordos entre particulares, a regra é que o descumprimento por uma das partes abre espago para que outro polo da relag&o deixe de cumprir a obrigag&o assumida. Por sua vez, nos contratos de servicos publicos, o descumprimento pelo Poder Concedente nao autoriza que a concessionéria interrompa a execugao dos servicos. Nos termos da Lei 8.987/1995, a interrupcéo dependeré de sentenca judicial transitada em julgado. Enfim, nao é oponivel ao Poder Concedente a excecéio do contrato néo cumprido. € muito importante que o candidato n&o confunda a regra dos servigos ptiblicos com a prevista na Lei 8.666/1993. Nos contratos administrativos regidos pela Lei de Licitagdes, depois de 90 dias de inadimpléncia do Estado-contratante, faculta-se a interrupgdo dos servicos contratados. QF-10 - Cartério — T3/AP - FCC - 2011 - E INCOMPATIVEL com os principios inerentes aos servigos piiblicos aplicacéo plena da “excecéo do contrato n&o cumprido” contra a Administragao Publica.” Comentarios: Nos termos da Lei 8987/1995, a interrupcéo dos servicos publicos dé-se por sentenca judicial transitada em julgado, quando a inadimpléncia decorre do Poder Concedente. Portanto, néo hd aplicacéo plena da excecSo do contrato néo cumprido. Ateng&o! 0 tratamento com os usudrios é diverso, sendo possivel verificar a interrupg#o em caso de inadimpléncia destes. A nao oposigéo da exces&o do contrato ndo cumprido é restrita ao Poder Concedente! No entanto, é digno de nota que nem sempre os servicos prestados ao usudrio inadimplente poderéo ser _interrompidos. Na jurisprudéncia do STJ, colhemos excelentes exemplos de nao interrupc&io. Para a Corte Federal, ¢ i/egitimo o corte no fornecimento de energia elétrica em raz8o de débito irrisério (R$ 0,85), por Gabarito: CERTO. Profe.Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 2 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS configurar abuso de direito e ofensa aos principios da proporcionalidade e da razoabilidade, sendo cabivel, inclusive, indenizagdo do consumidor por danos morais (Recurso Especial 811690). Para o STJ, 0 corte de energia elétrica pressupde o inadimplemento de conta relativa ao més do consumo, sendo invidvel a suspens&o do abastecimento por débitos antigos. A seguir, trecho da decis&o (Recurso Especial 865.841): Nao € licito & concessiondria interromper o fornecimento de energia elétrica por diferenga de tarifa, a titulo de recuperagao de consumo de meses, em face da essencialidade do servico, posto bem indispensével 4 vida. E que resta cedigo que a 'suspenséo no fornecimento de energia elétrica somente & permitida quando se tratar de inadimplemento de conta regular, relativa ao més do consumo, restando incabivel tal conduta quando for relativa a débitos antigos nao pagos, em que ha os meios ordindrios de cobranga, sob pena de infringéncia ao disposto no art. 42 do Cédigo de Defesa do Consumidor. Claro que a vedacao de suspens&o dos servicos nao diz respeito ao desvio do servico de forma fraudulenta (0 vulgo “gato”). Mas, nesse caso, 0 débito decorrente de suposta fraude no medidor nao pode ser apurada unilateralmente pela concessionaria, sob pena de ser ilegitima a suspensdo do fornecimento, pelo fato de nado se garantir ao usuario o exercicio da ampla defesa e do contraditéri Recurso Especial 941613 E ilegitimo o corte no fornecimento de energia elétrica quando 0 débito decorrer de suposta fraude no medidor de consumo de energia, apurada unilateralmente pela concessionéria. Ainda, em termos doutrinarios, 0 amigo concursando deve saber distinguir servigos compulsérios de servigos facultativos. Tratemos, pois, de tal distingdo. Os servigos facultativos sao os regidos pela Lei 8.987/1995, em que a remuneracaéo é formalizada por tarifa (0 cidadéo usa se € quando quiser). Nesse caso, pela inadimpléncia do usuario, a oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 2» Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS concessionéria pode suspender a prestagdo do servico. Inclusive, esse é 0 entendimento do STJ (RESP 510478-PB). Ja os servigos compulsérios sao os impostos de forma coercitiva pelo Estado e cobrados mediante TAXA (exemplo das taxas de incéndio e judicidria), mao podendo sofrer solugdo de continuidade, pois a Fazenda Publica conta com instrumentos habeis de cobranga, como a inscrigéo em divida ativa para futura ‘execugiio do devedor. Nesse contexto, seria cabivel 0 corte do fornecimento de 4gua? Sim, é possivel. © Supremo Tribunal Federal (STF) sinalizou que a cobranga de agua pode ser remunerada por prego ptiblico, logo, nao ha, necessariamente, caréter tributdrio. Para afastar quaisquer duividas, ressalte-se que 0 entendimento do STF é acompanhado pelo STJ em diversos julgados (RESP 363.943-MG e RESP 337.965-MG). Uma questéo intrigante é saber como fica se 0 inadimplente for uma pessoa juridica de Direito Piiblico. No Recurso Especial 649746, o STJ fixou o entendimento de que, tratando-se de pessoa juridica de Direito PUblico, prevalece a tese de que o corte de energia é possivel, desde que n&o acontecga indiscriminadamente, preservando-se as unidades publicas essenciais, como hospitais, delegacias, prontos-socorros, escolas ptiblicas e creches. Aplica-se, por analogia, a Lei de Greve (Lei 7.783/1989), a qual prevé situagdes que, n&o atendidas, colocam em perigo a sobrevivéncia, a satide ou seguranca da populacéo. Em conclusdo, seria plenamente licito @ concessionéria interromper o fornecimento de energia elétrica se, apés aviso prévio, determinada pessoa estatal devedora nao solvesse a divida oriunda de contas geradas pelo consumo de energia, desde que nao de forma indiscriminada. No RE 649746, o STF entendeu que a suspens&o do fornecimento de energia elétrica de alguns trechos de ruas e nao de um bairro ou todo o municipio, ndo se qualifica como suspensio indiscriminada. Por forca dos principios da generalidade ou da universalidade, os servigos ptblicos devem ser prestados, sem discriminagéo, a todos que satisfagam as condicées para sua obtencdo, sendo frofa,Cyonl Borges smvsaatsinssnsars sua 2 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS imprescindivel a observancia de um padrdo uniforme em relagéo aos administrados (principio da igualdade ou neutralidade). Nota-se, assim, um duplo sentido quanto ao principio. De um lado, os servigos ptiblicos devem ser prestados ao maior nimero possivel de usuarios, é dizer, deve ter 0 maximo de amplitude. Por outro lado, a prestagéo de servico publico nao deve conter discriminagées, quando, é claro, as condigées entre os usuarios sejam técnica e juridicamente idénticas. Como jé dizia o filésofo Aristételes, devemos tratar os iguais na medida de suas igualdades e os desiguais na medida em que se desigualam. Assim, a existéncia de faixas distintas de tarifas e a gratuidade aos maiores de 65 anos nos transportes coletivos urbanos (§2° do art. 230 da CF/1988) nao ofendem o principio da universalidade. Os servigos ptiblicos devem ser continuamente atualizados, assimilando novas tecnologias e tendéncias, evitando-se a obsolescéncia. A doutrina costuma denomind-lo de princi do aperfeicoamento ou da adaptabilidade ou da mutabilidade. Tal requisito guarda estreita relagéo com o principio da eficiéncia, como se vé, mas com ele néo se confunde. Dos requisitos de servico adequado é 0 tinico que tem definigao na Lei 8.987/1995 (§2° do art. 6°)! A atualidade vem a ser uma das aplicacdes do principio da eficiéncia, pois o progresso da qualidade das prestacées ao usuério deve ser considerado como um dos direitos do cidadao, de modo que 0 Estado, ao assumir um servico como pubblico, tem o dever correlato de zelar pelo seu aperfeigoamento, para que os frutos da ciéncia e da tecnologia sejam distribuidos. A doutrina patria reconhece, na atualidade, a cldusula do progresso. Vejamos o que nos ensina Diogo de Figueiredo: Neste sentido, tida como ¢ldusula de progresso, 0 principio da atualidade vem a ser um corolario do principio da eficiéncia, no sentido de que o progresso da qualidade das prestacdes a0 usuério deve ser considerado um dos direitos do cidadao, de modo que o Estado, ao assumir um servico como publico, impée-se também o correlato dever de zelar pelo seu oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 2 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS aperfeigoamento, para que os frutos da ciéncia e da tecnologia sejam distribuidos 0 mais répido e amplamente possivel. A presenga da cldusula do progresso abre espaco para que o Poder Concedente possa alterar unilateralmente as disposicées contratuais regulamentares, e confira aos usuérios melhores € modernas tecnologias, néo cabendo a estes ou & concessionaria exigir a manutengéo do regime juridico anterior (auséncia de direito adquirido!).”° © prestador do servigo ptiblico deve ser remunerado de maneira razoavel. Contudo, os usuarios néo devem ser onerados de maneira excessiva. Com efeito, o Poder Publico, ao fixar a remuneragao das prestadoras, deve aferir o poder aquisitivo dos usuarios, para que estes no sejam afastados do universo de beneficiarios. Inclusive, o legislador prevé as chamadas receitas alternativas ou complementares, com o propésito de manter a tarifa cada vez mais atrativa e acessivel.'* Tome Nota! Ordinariamente, os servigos prestados elas concessionérias so remunerados por tarifas. No entanto, néo hd vedacéo de, no curso do contrato, a lei vir a estabelecer a gratuidade para determinada classe de usudrios, como foi 0 caso da gratuidade para os maiores de 65 anos em transportes coletivos urbanos, conferida pelo art. 230 da CF. Neste caso, por haver perda de receita por parte da prestadora, é dever do Poder Concedente 0 reequilibrio econémico-financeiro. Sobre o tema, embora a Lei 9.074/1995 condicione a concesséo de beneficios tariférios (gratuidade, por exemplo) & indicacio da origem de recursos ou & simult&nea reviséo do contrato, o STF tem entendido que a gratuidade deve vigorar imediatamente a partir da vigéncia da lei, cabendo 4 concessionaria ajustar-se futuramente com o Poder Concedente, exigindo-se-Ihe a recomposigio da equaga0 econémico-financeira (ADIs 2.649 € 3.768) . Ao longo deste tépico, 0 concursando ja teve e tera outros sinais de que a forma de remuneracdo das concessées ocorre por meio de tarifas, que é espécie de preco ptiblico, e nao por taxas (espé tributaria). De modo geral, a tarifa deve se destinar 4 manutengao do servigo, bem como ao seu continuo aperfeicoamento, se a alteracSo unilateral das eléusulas de servigos ou regulamentares, pelo Poder Concedente, repercutir na equagio econémico-financeira (eléusula financeira), cabers & concessiondvia exigit do Poder Concedente 0 reequilibrio econémico-financeiro do ajuste. **0 art. 223 da CF prevé os servigos piblicos de radiodifusio sonora e de sons e imagens, Neste caso, 4 concessionéria no é remunerada por tarifa dos telespectadores/ouvintes ou por verbas do Estado. A receita¢ financiada pela publicidade. frofe.Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua » Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS proporcionando a justa remunerag&o ao concessionario, de acordo com o estabelecido no contrato firmado com o Poder Concedente. Para que mantenha o equilibrio financei estabelecido, as tarifas deveréo ser revisadas periodicamente, para mais ou para menos, em razéio do evento verificado (art. 9° da Lei 8.987/1995). Esclarega-se que as alteracdes unilaterais nos contratos de concesséio n&o observam o limite de 25% da Lei 8.666/1993, sendo cabivel, portanto, 0 dever da manutengo do equilibrio econémico-financeiro acima de tais patamares, se necessério. Trechos acima, falou-se em receitas alternativas. Vocé saberia explicar detalhadamente o que so tais receitas? Vejamos. Recentemente, o Tribunal de Contas da Uni&o (TCU) reviu o projeto do “Trem-Bala”, para que recalculassem as tais _receitas alternativas. Ninguém duvida que a prestagao dos servicos ptiblicos seja pautada na modicidade da tarifa, isto é, as tarifas devem ser médicas 0 suficiente para permitir a incluséo de um maior numero de usuérios quanto a utilizacéio do servico concedido. Mas 0 que isso tem a ver com receita alternativa? Tudo, respondemos. Para o calculo das tarifas devem ser consideradas, ainda, outras fontes, provenientes de receitas alternativas, complementares, acessérias ou de projetos associados que poderdo ser gerados com a concessio (art. 11). Quem nunca percebeu, por exemplo, ao longo das estradas tarifadas (Via Dutra ou Carvalho Pinto ou Bandeirantes ou qualquer outra rodovia tarifada), terrenos putblicos sendo explorados por particulares? Isso mesmo. S&o ou podem ser receitas alternativas, utilizadas com a finalidade de ajudar no custo do servico, revertendo-se em reducdo da tarifa para o usuario final. No caso do Trem de Alta Velocidade, vulgo “Trem-Bala”, que ligaré RJ-SP-Campinas, 0 TCU recomendou que as receitas advindas da exploragéo econémica das estacdes préprias de passageiros e do transporte de pequenas cargas fossem revertidas em beneficio da modicidade tariféria. Em outras palavras, as receitas alternativas e oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 2% Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS complementares obtidas pela futura concessionria reduziraio o custo da passagem do trem.!° Por fim, registre-se que o reajuste e revisdéo das tarifas séo cldusulas essenciais nos contratos de concessdo as que se refiram & revisdo e ao reajuste das tarifas (inc. IV do art. 23), as quais, ainda, poderao ser diferenciadas em fungao das caracteristicas técnicas e dos custos especificos provenientes do atendimento aos distintos segmentos de usudrios (art. 13). Essa ultima passagem reforca a ideia de as tarifas serem diferenciadas no importa ofensa ao principio da igualdade ou da universalizacio. Nesse contexto, veja-se a tarifa social de energia elétrica, cujos valores sé menores para a populacdo de menor renda. Talvez a cortesia ou urbanidade seja entre os requisitos aquele que muitas vezes sentimos falta na prestacao dos servicos publicos, nao é verdade? Porém, é dever do prestador do servigo tratar com civilidade e com urbanidade os usudrios-cidadaos do servico publico. Pode-se afirmar que o destinatario do servico puiblico tem o direito de ser tratado com o minimo de educago, mesmo porque a prestacdo que Ihe é ofertada nao consubstancia um favor que lhe & generosamente concedido, mas se trata da execugéo de um dever da prestadora, bem como de um direito subjetivo do cidadao. Os servicos publicos devem ser prestados sem riscos ao usuario, devendo o prestador adotar as providéncias necessdrias para minimizar estes riscos. Obviamente, essas medidas possuem uma relagao de custo-beneficio que deve ter em conta nao sé fatores econémicos, mas também a dignidade do destinatério do servico. O principio de eficiéncia tem previsdo constitucional (caput do art. 37 da CF/1988). Ao se proceder a avaliagées quanto @ eficiéncia, 0 * Para Celso Antonio Bandeira de Mello, ido ha impedimento de as receitas alternativas serem subsidiadas diretamente pelo Estado, para dar-se aplicabilidade ao principio ca: modledacle das tarifes. Esse entendimento é compartihado por Margal Justen Filho. Profa,Cyonl Borges smnvsaaisinsonsars sua 5 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS Poder Puiblico poderd aperfeigoar suas alocagdes de recursos, aportando verbas de maneira mais adequada entre o servico a ser prestado e a demanda social. Por fim, vejamos a lista completa dos requisites do servico adequado, conforme o caput do art. 6° da Lei 8.987/1995: regularidade, continuidade, eficiéncia, seguranga, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestagdo e modicidade das tarifas.'° 6.2. Direitos e Obrigacées A regra é que os contratos administrativos disponham de efeitos bilaterais, que sejam comutativos, e, assim, acarretem direitos e obrigagdes reciprocos entre as partes. Por exemplo: 0 contrato de obra publica entre a Unido e a construtora "X” gera @ dever de a Unido remunerar os servicos prestados, e 9. » de receber o servigo adequado; gera o direito de a construtora receber pelos servicos, e 0 dever de prestar 0 servico adequado. Hé apenas dois polos na relacéo contratual, com direitos e obrigagdes reciprocos. Por sua vez, nos contratos de concessdo, embora exista a comutatividade, os efeitos sao trilaterais, e, em alguns casos, até quadrilaterais. Trilaterais? Quadrilaterais? Vamos explicar isso de forma mais detalhada. Por exemplo: depois de regular procedimento de licitago, na modalidade concorréncia, para a prestacdo de servicos puiblicos, sagrou-se vencedora a empresa ATLED S/A. O Estado-administrador, na qualidade de Poder Concedente, firma contrato administrative de concesso com a referida empresa. Nesse instante, temos 0 tipico contrato administrative, de efeitos bilaterais, com geracao de direitos e obrigacées entre Poder Concedente e Concessionéria. corre que a Concessionéria é prestadora de servicos publicos, tendo por destinatérios os usuérios. E, nos termos da Lei 8.987/1995, 0 usuério, apesar de néo ser formalmente parte no contrato, é detentor de direitos e obrigagées. Dai se concluir pela existéncia de efeitos trilaterais (Poder Concedente, Concessionaria e Usuarios). Entendido o efeito trilateral? Vejamos, agora, o quadrilateral. Como nos esclarece Maria Sylvia Zanella Di Pietro, devem ficar a cargo do Estado as atividades que lhe so préprias como ente 0 art. 22 do Cidigo de Defesa do Consumidor determina que os servigos publicos sejam adequades, sficentes, segures, quanto 20s essenciais, contiaues. Proft.Cyonl Borges smnvsaaisinssnsarss sua % Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS soberano, consideradas indelegdveis ao particular (seguranca, defesa, justica, relacdes exteriores, legislag3o e policia); e devem ser regidas pelo principio da subsidiariedade as atividades sociais (educag&o, saude, pesquisa, cultura e assisténcia) e econémicas (industriais, comerciais, financeiras), as quais 0 Estado sé deve exercer em carater supletivo da iniciativa privada. A dinamica dos Estados Modernos tem sido pela adogéo de mecanismos de “parcerias” com a Administracéo Privada, como, no Brasil, as Parcerias Publicas Privadas, os Contratos de Gestao e os Termos de Parceria. 0 Estado afasta-se, parcialmente, da fungéio de executor, para render-se ao fomento, a fiscalizagdo € a regulaco. Estdé-se, assim, diante do Estado subsidiario, em que se abrem espacos para o particular em dreas que este seja autossuficiente. No entanto, esse afastamento néo deve ser feito de forma atropelada. Exige-se do Estado 0 minimo de planejamento. Com a entrega da prestacéo de servicos piiblicos a particulares, houve a necessidade de o Estado intensificar o controle, a fiscalizagdo e a normatizag3o dos setores entregues aos particulares. Para esse fim, surgiram as Agéncias Reguladoras. Tais entidades, de natureza ptiblica e regime especial, tém, por vezes, direitos e obrigagdes referentes & prestacdo de servicos pliblicos, como a ANATEL na area de Telecomunicagées. Assim, a relacéio de trilateral passa @ quadrilateral (Ente Politico Concedente, Concessionéria, Usuarios e Agéncias Reguladoras). 6.2.1, Poder Concedente Antes de listarmos os direitos e encargos do Poder Concedente, é conveniente entendermos o seu alcance. Dispée o inc. I do art. 2° da Lei 8.987/1995: Art. 28 Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se: I = poder concedente: a Unido, o Estado, o Distrito Federal ou o Municipio, em cuja competéncia se encontre 0 servico publico, precedido ou nao da execucéo de obra publica, objeto de concesséo ou permissao; Perceba que o inciso lista 2 entes politicos. Conforme a Lei, sdo os entes Federados que detém a competéncia para realizar as concessdes de servicos publicos, observando-se, em todo caso, a distribuicdo de competéncias estabelecida pelo texto constitucional (principio da preponderancia do interesse). Entdo quer dizer que as entidades administrativas, como as Autarquias, n3o podem funcionar como Poder Concedente? Nao é bem assim. Adiante! oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 7 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS Apesar de a definig&o legal de Poder Concedente restringir a entidades politicas, ha leis especificas que possibilitam a celebragéo de contrato de concessdo por Autarquias. As Leis 9.427/1997 e 9.472/1997 atribuiram, nessa ordem, as agéncias reguladoras ANEEL e ANATEL a faculdade de celebrarem contratos de concessao. Vencida essa consideraco preliminar, passemos aos direitos e deveres do Poder Concedente. © art. 29 da Lei 8.987/1995 lista os encargos e os direitos a cargo do Poder Concedente. ‘S40 exemplos de encargos do Poder Concedente: I- regulamentar 0 servico concedido; V - homologar reajustes e proceder 4 reviséo das tarifas na forma desta Lei, das normas pertinentes e do contrato; VI - zelar pela boa qualidade do servico, receber, apurar e solucionar queixas e reclamagées dos usuérios, que serao cientificados, em até trinta dias, das providéncias tomadas; X - estimular o aumento da qualidade, produtividade, preservacéo do meio-ambiente e conservacao; XI - incentivar a competitividade; e XII - estimular a formago de associacées de usudrios para defesa de interesses relativos ao servico. So exemplos de direitos do Poder Concedente: IT - aplicar as penalidades regulamentares e contratuais; III - intervir na prestacéo do servigo, nos casos e condicdes previstos em lei; IV - extinguir a concesséo, nos casos previstos nesta Lei e na forma prevista no contrato; 6.2.2. Concessionaria Vamos nos socorrer da literalidade da Lei 8.987/1995, a qual, no art. 31, fornece um rol de atribuigdes a cargo das concessionarias, como a de prestar servigo adequado e de manter em dia o inventério eo registro dos bens vinculados a concess&o, a seguir: Art. 31. Incumbe a4 concessiona! oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 2 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS (on) III - prestar contas da gestdo do servico ao poder concedente e aos usuarios, nos termos definidos no contrato; Co) V - permitir aos encarregados da fiscalizacao livre acesso, em qualquer época, s obras, aos equipamentos e as instalagées integrantes do servico, bem como a seus registros contébeis; VI - promover as desapropriagées e constituir serviddes autorizadas pelo poder concedente, conforme previsto no edital eno contrato; ) Pardgrafo unico. As contratagdes, inclusive de m4o-de-obra, feitas pela concessionéria seréo regidas pelas disposicées de direito privado e pela legislacéo trabalhista, nao se estabelecendo qualquer relago entre os terceiros contratados pela concessionéria e o poder concedente. Foram reproduzidos apenas parte das atribuiges das concessionérias. Destas, a de maior incid@ncia nos concursos publicos € a possibilidade de “promover desapropriagdes” “constituir servidées”. Note que a Lei menciona a faculdade de “promover”. Essa informagéo é extremamente importante para sua prova. A declaragdo de desapropriagio néo pode ser feita pela concessionéria, é ato exclusive do Estado. J4 a promocio da desapropriacéo pode ser entregue a concessionéria, sem maiores problemas, desde que haja previsdo no edital e no contrato. Esclarega-se que a promocéo nado passa de dar curso as tratativas do procedimento de desapropriacao, como pagar as indenizagdes cabiveis e ajuizar a acéo na justiga, em caso de desapropriag&o néo amigével. Outra questéo bastante "“batida” no concurso é a relativa as contratacdes e a responsabilizacéo da concessionaria. Nos termos do pardgrafo Unico do art. 31 da Lei, as contratagdes feitas pela concessionéria serao regidas pelas disposicées de Direito Proft,Cyonil Borges smntsainsgiasonsuros sombre 39 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS Privado e pela legislacgdo trabalhista, ndo se estabelecendo qualquer relagdéo entre os terceiros contratados pela concessiondria e o Poder Concedente. No que concerne a responsabilizacéo das concessionarias, dispde o art. 25 da Lei: Art. 25. Incumbe & concessionaria a execugao do servico concedido, cabendo-Ihe responder por todos os prejulzos causados ao poder concedente, aos usuérios ou a terceiros, sem que a fiscalizacao exercida pelo érgao competente exclua ou atenue essa responsabilidade. A partir da leitura, facil concluir que a auséncia de fiscalizaco pelo Poder Concedente nao atenua ou exclui a responsabilidade da concessionaria. O fato de o Estado néo ter fiscalizado a execugéo da concesséo nao tem o efeito de inverter a responsabilidade da concessionéria (néio atenua e sequer exclui a responsabilidade), enfim, a prestadora continua diretamente responsavel junto aos usuarios e a terceiros. E se a concessiondria, uma vez acionada, nao tiver forcas econémicas para honrar com suas dividas? Para a doutrina majoritéria, a responsabilidade da concessiondria é primdria, mas esgotadas suas forcas, abre-se a possibilidade de responsabilidade subsididria do Estado. Reforca-se que a responsabilidade das prestadoras de servicos publicos é de natureza objetiva perante seus préprios usudrios e para aqueles que nao ostentem esta qualidade (os terceiros). Assim, se eventualmente, énibus de empresa de transporte coletivo atropelar ciclista (terceiro), haveré o dever de indenizagao pelos danos sofridos (STF - RE 591.874). Tome Nota! Para Rafael Carvalho Rezende Oliveira, a responsabilidade civil da concessionéria é objetiva perante seus préprios usudrios e terceiros, porém, pautada em fundamentos juridicos diversos, com 0 que concordamos. Tratando-se de terceiros, ndo ha uma relacSo juridica travada com a concessiondria, estando-se diante, portanto, de responsabilidade extracontratual, nos termos do §6° do art. 37 da CF. Por sua vez, os usuérios dos servicos, por possuirem relacéo contratual, no podem ser considerados “terceiros’, sendo a responsabilidade da Prof. Cyonil Borges smunv.satsginsonsunos comb 0 Curso Teérico de Direito Administrative oF Ad Estratégia Prof. Cyonil Borges CouCuRsOS concessionéria de natureza contratual e objetiva, mas com fundamento no art. 14 do Cédigo de Defesa do Consumidor. Por fim, 9 autor nos releva que a responsabilidade 56 é objetiva para os danos relacionados diretamente & prestacao de servicos, para concluir que eventual responsabilidade, nas relages juridicas privadas, entre as concessionérias e particulares em geral, deveré ser analisada 4 luz da legislacao civil. QF-11 - Advogado da Unido - AGU - Cespe - 2012 - A concessionaria cabe a ‘execucao do servico concedido, incumbindo-Ihe a responsabilidade por todos os prejuizos causados ao poder concedente, aos usuarios ou a terceiros, no admitindo a lei que a fiscalizago exercida pelo érgo competente exclua ou atenue tal responsabilidade. (Certo/Errado)"” ‘Comentarios: Nos termos da Lei 8.987/1995, incumbe 4 concessionaria a execucéo do servico concedide, cabendo-Ihe responder por todos os prejuizos causados 20 poder concedente, aos usudrios ou a terceiros, sem que a fiscalizacao exercida pelo érgdo competente exclua ou atenue essa responsabilidade. Acrescenta-se que existem precedentes jurisprudenciais que j4 apontam para a responsabilidade do Poder Concedente por culpa in vigilando (falta de fiscalizacio) ou in eligendo (escolha inadequada). Isso mesmo. Hd entendimentos na jurisprudéncia. No entanto, a questéo baseou-se na literalidade da lei. Fica aqui o conselho: quando a banca organizadora n3o citar expressamente doutrina ou jurisprudéncia, siga a lei seca. Destaque-se que a resolugéo dos conflitos surgidos pode ser resolvida com o emprego de mecanismos privados, inclusive a arbitragem, sendo realizada, no caso, no Brasil e em lingua portuguesa. Outro importante encargo é 0 que as concessionarias de servigos publicos, de direito ptblico e privado, nos Estados e no Distrito Federal, tem de oferecer ao consumidor e ao usuario, dentro do més de vencimento, 0 minimo de seis datas opcionais para escolherem os dias de vencimento de seus débitos. Talvez, no paragrafo imediatamente anterior, 0 registro a “concessiondrias de servicos publico de direito publico” tenha chamado a sua atengéo. Vejamos o que diz a Lei 8.987/1995: Art. 7°-A, As concessiondrias de servicos publicos, de direito publico e privado, nos Estados e no Distrito Federal, s30 obrigadas a oferecer a0 consumidor e ao usudrio, dentro do més de vencimento, 0 minimo de seis datas opcionais para escolherem os dias de vencimento de seus débitos. ” Gabarito: CERTO. 8, Cyonil Borges manvsaatslasonsarss sua a Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS — 0 que se reconhece como concessSo-descentralizagéo ou concessao imprépria de servicos publicos, pois a pessoa federativa, por lei, outorga a prestagéo de servicos publicos a entidade administrativa de sua propria estrutura. Inclusive, o art. 32 da Lei 9.074/1995 faculta que a empresa estatal participante, na qualidade de licitante, possa assina pré-contratos com dispensa de jtaco, a seguir: Art. 32. A empresa estatal que participe, na qualidade de licitante, de concorréncia para concesséio e permissio de servico puiblico, poderd, para compor sua proposta, colher precos de bens ou services fornecides por terceiros e assinar pré-contratos com dispensa de licitagao. © Os pré-contratos conterao, obrigatoriamente, cléusula resolutiva de pleno direito, sem penalidades ou indenizagées, no caso de outro licitante ser declarado vencedor. § 2* Declarada vencedora a proposta referida neste artigo, os contratos definitivos, firmados entre a empresa estatal e os fornecedores de bens e servicos, serao, obrigatoriamente, submetidos 4 apreciacao dos competentes érgaos de controle externo e de fiscalizacdo especifica. ‘QF-12 - CENSIPAM ~ Cespe - 2006 - As concessionarias de servicos publicos, de direito piblico e privado, nos estados e no Distrito Federal, so obrigadas a ‘oferecer a0 consumidor e ao usuério, dentro do més de vencimento, 0 minimo de seis datas opcionais para escolherem os dias de vencimento de seus dét (Certo/Errado)"* Porém, esclareca-se que nao hd apenas encargos por parte das concessionérias. Nos termos 28 da Lei, nos contratos de financiamento, as concessionérias podergo oferecer em garantia os direitos emergentes da concessao, até o limite que néo comprometa a operacionalizagéo e a continuidade da prestagéo do servico. E, na mesma linha, o art. 28-A da Lei dispde que: Art. 28-A, Para garantir contratos de mituo de longo prazo, destinados a investimentos relacionados a contrates de concesséo, em qualquer de suas modalidades, as concessiondrias poderao ceder ao mutuante, em caréter fiduciério, parcela de seus créditos operacionais futuros, observadas as seguintes condicées: 1 - 0 contrato de cessio dos créditos deverd ser registrado em Cartério_de Titulos e Documentos para ter eficécia perante terceiros; * Gabarito: CERTO. 8, Cyonil Borges manvsaatslasonsarss sua 2 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS IT - sem prejuizo do disposto no inciso T do caput deste artigo, a cesséo do crédito ndo—terd_sficdcia_em_celacio—ae-Peder notificade: (Incluido pela Lei n° 11.196, de 2005) II - os créditos futuros cedidos nos termos deste artigo serao constituides sob a titularidade do mutuante, independentemente de_qualquer_formalidade adicional; (Incluldo pela Lei n° 11.196, de 2005) IV - o mutuante poderd indicar instituigso financeira para efetuar 2 cobranca e receber os pagamentos dos crédites cedidos ou permitir que a concessionaria o faca, na qualidade de representante e depositaria; (Incluido pela Lei n° 11.196, de 2005) V - na hipétese de ter sido indicada instituicéo financeira, conforme previsto no inciso IV do caput deste artigo, fica a concessionéria gbrigada a apresentar 2 essa os créditos para cobranca; (ncluido pela Lei n® 11.196, de 2005) VI - 0s pagamentos dos créditos cedidos deverdo ser depositados pela concessiondria ou pela instituicgo encarregada da cobranca em conta corrente bancéria vinculada 20 contrato de mituo; (ncluido pela Lei n° 11.196, de 2005) VII - a instituicéo financeira depositéria deveré transferir os valores recebidos 20 mutuante 3 medida que as obrigagdes do contrato de muituo tornarem-se exigiveis; e (Incluido pela Lei n° 11.196, de 2005) VIII - 0 contrato de cessio disporé sobre a devolucéo & concessiondria dos recursos excedentes, sendo vedada a retencao do saldo apés o adimplemento integral do contrato. (Incluido pela Lej n® 11.196, de 2005) Pardgrafo unico. Para os fins deste artigo, seréo considerados contratos de longo prazo aqueles cujas obrigacdes tenham prazo médio de vencimento superior a 5 (cinco) anos. (Incluido pela Lei n° 11.196, de 2005) 6.2.3, Usuarios Além da disciplina do Cédigo do Consumidor (Lei 8.078/1990), os usuérios-consumidores so protegidos pela Lei 8.987/1995. Entre outros, séo direitos dos usuarios: >Receber servico adequado, assim entendido aquele que, entre outros requisitos, atende aos requisitos da continuidade, atualidade, modicidade das tarifas e cortesia; oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua ° Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS >Escolher o dia de vencimento dos débitos, entre, no minimo, seis datas oferecidas pela Concessionéria; > Obter do Poder Concedente e da _ Concessiondria informagdes para a defesa de interesses individuais ou coletivos; e > Obter e utilizar o service, com liberdade de escolha entre varios prestadores de servicos, quando for 0 caso, observadas as normas do poder concedente. S4o encargos dos usuarios: > Levar ao conhecimento do poder ptiblico e da concessionaria as irregularidades de que tenham conhecimento, referentes ao servico prestado; > Comunicar 4s autoridades competentes os atos ilicitos praticados pela concessionaria na prestagao do servico; > Contribuir para a permanéncia das boas condigdes dos bens publicos através dos quais Ihes sao prestados os servicos. José dos Santos Carvalho Filho apresenta-nos a Lei 12.007/2009, que assegurou aos usuérios consumidores o direito 4 declaracéo de quitagéo anual de débitos a ser emitida pelas pessoas juridicas prestadoras de servicos puiblicos ou privades. Nos termos do art. 3° da Lei, a declaragéo de quitacéo anual deverd ser encaminhada ao consumidor por ocasiao do encaminhamento da fatura a vencer no més de maio do ano seguinte ou no més subsequente & completa quitac&io dos débitos do ano anterior ou dos anos anteriores, podendo ser emitida em espaco da prépria fatura. 6.3. Formas de Remuneracao e Politica Tarifaria Embora de titularidade do Estado, os servicos ptiblicos podem ser executados indiretamente por meio de concessiondrias e permissionarias. Nesse caso, quando o servico ptiblico € prestado por particulares, o vinculo entre o usuario e a prestadora de servicos é de natureza contratual, sendo a tarifa o modo classico de remuneragao. Agora, se a prestaggo é direta pelo Estado, por meio de érg&os ou pessoas administrativas, a relagdo travada entre 0 Poder Publico e os cidadaos 6 de Direito Publico, sendo a taxa a forma classica de remuneracio. As taxas sdo tributos, e, bem por isso, cobradas coativamente dos particulares, independentemente do uso efetivo dos servigos, pois, nos termes do Cédigo Tributario, é suficiente que oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua “ Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS © servico seja colocado & disposigéo e esteja em pleno funcionamento. A questo que se impée é saber se as tarifas podem ser cobradas, ainda que nao exista servico publico alternative e gratuito para o usuario. A resposta esta expressa na Lei 8.987/1995, em seu §1° do art. 9°, a seguir: § 1° tarifa no seré subordinada 4 legislacéo especifica anterior e somente os casos expressamente previstos em lei, sua cobranca poderd ser condicionada 4 existéncia de servico publico alternative e gratuito para o usudrio. N&o ha necessidade de via alternativa para a cobranga de tarifas, a no ser nos casos expressamente previstos em lei. Vejamos trecho de decisdio do STJ (Recurso Especial 417.804 A Lei n° 8.987 /95, que regulamenta a concessio e permissio de servicos piiblicos, néo prevé a contrapartida de oferecimento de via alternativa gratuita como condi¢ao para a cobranca de pedagio, nem mesmo no seu artigo 7°, III . Ao contrario, 0 artigo 9°, pardgrafo 1°, da mesma lei, é expresso em dispor que 'a tarifa no seré subordinada legislacéo especifica anterior e somente nos casos expressamente previstos em lei, sua cobranca poderé ser condicionada 4 existéncia de servico publico alternativo e gratuito para o ususrio". QF-13 - Auditor - PM/Vitéria - Cespe - 2007 - Em determinada cidade nordestina, certa concessionaria presta servico publico de esgoto. Contudo, o poder piiblico local permite o uso de fossas nas residéncias, desde que atendam a jo. Tendo como referéncia inicial a situacéo hipotética apresentada, a remuneraco do servico publico de esgoto dé-se por taxa. (Certo/Errado)"® Comentarios: O servico esté sendo prestado pela concessiondria e nao pelo Estado. Quando prestado por particulares, a cobranca é de natureza contratual, via TARIFAS; j8 quando prestado pelo Estado (diretamente), a cobranca dos servicos é de natureza legal, por TAXAS. Portanto, 0 item estd ERRADO ao se referir 3 taxa como forma de remuneragao. Na disciplina do Direito Puiblico, se 0 servigo é especifico e divisivel, e acha-se em pleno funcionamento, ainda que o contribuinte no o utilize efetivamente, teré o dever de recolher a taxa aos cofres publicos. Agora, tratando-se de tarifas, a usudrio pode escolher nao pagé-las. Porém, ser possivel a cobranca de tarifa se o servico tiver sido disponibilizado, ainda que 0 usuario nao o utilize efetivamente. Sobre o tema, decidiu o STJ (REsp 1032454): *® Gabarito: FRRADO. Profe.Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS 10. Em suma, a cobranga mensal de assinatura basica esté amparada pelo art. 93, VII, da Lei n. 9.472, de 16.07.1997, que a autoriza, desde que prevista no Edital e no contrato de concesséo, razéo pela qual a obrigacéo do usuario pagar tarifa mensal pela assinatura do servico decorre da politica tarifaria instituida por lei, sendo certo que a Anatel pode fixd-la, por ser a reguladora do setor, amparada no que consta expressamente no contrato de concessdo, com respaldo no art. 103, §§ 3° e 4%, da Lei n, 9.472, de 16.07.1997. 11. A cobranca mensal de assinatura, no servico de telefonia, sem que chamadas sejam feitas, no constitui abuso proibido pelo Cédigo de Defesa do Consumidor, quer sob 0 dngulo da legalidade, quer por tratar-se de servico que é necessariamente disponibilizado, de modo continuo e ininterrupto, aos usuérios. E até possivel que o usudrio no pague a assinatura bdsica do servico de telefonia ou pelo fornecimento de agua ou pelo gés canalizado. E suficiente, neste caso, que solicite a desinstalagéo do servico. Portanto, é legitima a cobranca de tarifa minima, devida pela sé disponibilizagéo do servigo, a exemplo do sistema das taxas, desde que haja previsdo contratual e legal (Simula 356 do STJ: "é legitima a cobranga da tarifa basica pelo uso dos servicos de telefonia fixa”). Tome Nota! Os contratos formalizados entre as concessionérias e os usuarios sd de natureza privada, sendo, ordinariamente, ajustes no solenes, acordados por uma simples ligacao telefénica. Por isso, para a protecao do usuario na relacdo consumerista firmada, 2 Lei 8.987/1995 consagra a aplicacao supletiva do Cédigo de Defesa a0 Consumidor (CDC). Esclareca-se que a tese majoritaria é a de que o CDC é aplicavel somente aos servicos remunerados por tarifas, e de natureza divisivel (“uti singuli”). Portanto, tratando-se de servicos gerais (“uti universi") e os remunerados por taxas (Estado-Contribuinte), 0 CDC néo teré aplicabilidade. Dentro da politica tariféria, 0 papel das Agéncias Reguladoras ganha relevo. Tais pessoas surgiram no contexto da Reforma Administrativa, empreendida em meados da década de 90. Dentre outros papeis, cabem as Agéncias fixar o valor das tarifas a serem cobradas dos usuérios. Na doutrina hé quem critique este papel das Agéncias, afinal ndo deveriam se incumbir de executar a politica que, mais adiante, teriam de controlar. Outra disposig&o de interesse é 0 art. 13 da Lei: Art, 13. As tarifas poder&o ser diferenciadas em fungéo das caracteristicas técnicas e dos custos especificos provenientes do atendimento aos distintos segmentos de usuérios. oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 6 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS Fécil concluir que as tarifas podem ser diferenciadas, 0 que costuma ser chamado de tarifas sociais. Nesse quadro, tém-se tarifas reduzidas, por exemplo, na energia elétrica, para populagéo de baixa renda, e a isengéo de tarifas de transporte coletivo para idosos. O que ndo se admite é o tratamento diverso para situagées idénticas. Sobre o tema, stimula do STJ que reconhece a possibilidade de tarifas progressivas escalonadas segundo a capacidade contributiva: Stimula 407 E legitima a cobranca da tarifa de 4gua, fixada de acordo com as categorias de usuérios e as faixas de consumo. Vejamos, agora, 0 §3° do art. 9° da Lei 8.987/1995: § 3? Ressalvados os impostos sobre a renda, a criaco, alteracio ou extingao de quaisquer tributos ou encargos legais, apés a apresentagéo da proposta, quando comprovado seu impacto, implicaré a reviséo da tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso. Se 0 Poder Publico alterou seu planejamento tributério, com a criagéo, majoracéio ou exting&o de tributos, e isso repercutiu no equilibrio econémico-financeiro do contrato, nao pode a concessionéria ou o usuario serem prejudicados. Nesse caso, 0 contrato devera ser revisado, para mais ou para menos. Por exemplo: se um tributo ou encargo legal for extinto, isso impactaré para baixo os custos do delegatario. Foi o que aconteceu na redugao da tarifa de energia elétrica, em que alguns custos dos concessionérios foram reduzidos, e, por consequéncia, os valores cobrados dos usuarios. Porém, 0 reequilibrio no é¢ irrestrito. Hé uma ressalva aos impostos sobre a renda, pois constituem mecanismo de ajuste econémico a ser manejado pelo Estado. Por fim, em prol da manutengo do equilibrio econémico-financeiro, ha duas disposigées de interesse que ndo podem ser menosprezadas: - Os contratos poderdo prever mecanismos de reviséo das tarifas, para manter-se 0 equilibrio econémico-financeiro: a revisdo nao se confunde com o reajuste. Este é anual, e é feito para que a equagao de equilibrio inicial seja téo somente preservada. Por sua vez, a revisdo, periédica ou extraordindria, tem por objetivo examinar de forma mais ampla se 0 equilibrio do contrato ainda se oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua e Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS preserva. No setor de energia elétrica, por exemplo, a revisio tarifaria ocorre a cada 3 ou 4 anos, - Em havendo alteragao unilateral do contrato que afete o seu ial equilibrio econémico-financeiro, 0 Poder Concedente dever restabelecé-lo, concomitantemente a alteracéo: as clausulas de execuc&io ou regulamentares dos contratos de concesséio podem ser alteradas unilateralmente. Porém, se isso de alguma forma impactar financeiramente o contrato, é direito do delegatério o reestabelecimento do equilibrio inicial. 6.4. Permissdo X Concessdo X Autorizagio Antes de passarmos ao comparativo entre permiss&o, concesso autorizagdo de servigos piblicos, 0 concursando tem o dever de lembrar-se de detalhe conceitual de atos administrativos. Os atos administrativos sao, sinteticamente, "declaragées UNILATERAIS do Estado ou de QUEM Ihe faca as vezes...”. Ou seja, até mesmo um particular pode participar ao lado do Estado, colaborando na prestagao de determinadas tarefas, como é 0 caso das concessionérias. Tanto € verdade que os atos das concessionérias, relativos a prestac&o de servicos publicos, so considerados administrativos, que © préprio texto constitucional, no §6° do art. 37, estende a responsabilidade objetiva as pessoas juridicas de direito privado prestadoras de servios publicos. A partir de agora, breves nocées sobre os institutos das concessées, permissdes e autorizagdes. Para a autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a permissdio é 0 ato administrativo unilateral, discriciondrio e precério, gratuito ou oneroso, pelo qual a Administrag&o Publica faculta ao particular a execugao de servico publico ou a utilizag&o privativa de bem puiblico. Porém, depois da edic&o da Lei 8.987/1995, o conceito de permissao ganhou novos contornos, pois, de acordo com o art. 40 da Lei, a permissao de service ptiblico sera formalizada mediante contrato administrativo denominado “de ades&o”, de natureza precéria e revogavel a qualquer tempo pelo Poder Concedente. Depreende-se que existem, pelo menos, trés tipos de permissées: ¥ As formalizadas por atos administrativos para a utilizago privativa de bem publico, oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua * Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS v As instrumentalizadas por contrato de ades&o para a execugao de servico publico, nos termos da Lei 8.987/1995, e Y As firmadas por atos administrativos para a execugéo de servicos publicos, conforme legislagéo especial (exemplo do art. 118 da Lei 9.742/1996). Por relevante, aponte-se para a impreciséo terminolégica do dispositive no que se refere 4 “revogabilidade” unilateral do contrato. Sem duvida, seria mais apropriado o uso da expresso “resciso”, pois os contratos so rescindidos, sendo a revogacdo aplicavel aos atos administrativos. O conceito legal de permissdo de servicgos ptblicos é dado pelo inc. IV do art. 2° da Lei 8.987/1995: a delegacéo, a titulo precério, mediante licitago, da prestagao de servicos publicos, feita pelo poder concedente 4 pessoa fisica ou juridica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta é risco. Para Celso Anténio Bandeira de Mello, dado o carater precdrio da permis, esta deveria ser utilizada quando: a) 0 permissionério nfo necessitasse alocar grandes capitais para o desempenho do servico, b) poderia mobilizar, para diversa destinagio e sem maiores transtornos, 0 equipamento utilizado, ou, ainda, ¢) quando o servico nao envolvesse implantagao fisica de aparelhamento que adere ao solo, ou, finalmente, d) quando os riscos da precariedade a serem assumidos pelo permissionério fossem compenséveis seja pela extrema rentabilidade do servico, seja pelo curtissimo prazo em que se realizaria a satisfagaio econémica almejada. Facamos, agora, a leitura do incs. Il e III do art. 2° da Lei: Art. 2% Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se: II - concesséo de servico publico: a delegagSo de sua prestacéo, feita pelo poder concedente, mediante licitacéo, na modalidade de concorréncia, & pessoa juridica ou consércio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado; III - concesséo de servico publico precedida da execucéo de obra publica: a construgao, total ou parcial, conservacéo, _reforma, ampliac3o ou melhoramento de quaisquer obras de interesse piblico, delegada pelo poder oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua * Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS concedente, mediante licitago, na modalidade de concorréncia, 4 pessoa Juridica ou consércio de empresas que demonstre capacidade para a sua realizagSo, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessiondria seja remunerado e amortizado mediante a exploracéo do servico ou da obra por prazo determinado; Da leitura dos conceitos de permisséo e concess&o, 0 concursando, certamente, teré dificuldade em identificar com precisdo os tragos distintivos. Inclusive, 0 STF afastou qualquer disting&o conceitual (ADI 1.491). Porém, tratando-se de concursos publicos, a doutrina costuma apontar as seguintes diferencas: - Quanto ao executor do servico publico: na concessao, o contrato sé pode ser firmado com pessoa juridica ou consércio de empresas; na permissdo, com pessoa fisica ou pessoa juridica. Conclui-se, portanto, que nao ha concessdéo para pessoa fisica, ou permissdéo para cons6rcio de empresas; = Quanto a precariedade: a permissio é dotada de precariedade, caracteristica nao encontrada na concesséo. Por conseguinte, a permisséo é passivel de revogacao, sem direito 4 indenizag30; a concessdo, nao. Feita a apresentac&o da permisséio e da concesséio, passemos ao estudo sintético da autorizacao. A doutrina diverge quanto a possibilidade de delegago de prestacéio de servicos pUblicos mediante autorizagao. Apesar disso, para concursos ptiblicos, a autorizagdo é uma das formas de prestacéio de servigos publicos. Porém, distintamente das permissées e concessées, os servigos autorizados constituem forma de prestacdo de servicos pliblicos nao necessariamente antecedida por licitagdo, nado implicando, de regra, a celebrag&o de contrato, uma vez que a autorizagao quanto a prestagao de servicos publicos é formalizada, de regra, por ato administrativo. Reforga-se que o fundamento para a prestag&o de servigos ptiblicos por meio de autorizac&o é encontrado em dispositivos como os incs. XI e XII do art. 21 da CF/1988, os quais atribuem competéncia a Unido para explorar, diretamente ou mediante autorizacao, concessao ou permissao os servicos ali listados. Os servicgos autorizados néo gozam das prerrogativas inerentes as atividades publicas, auferindo apenas as vantagens que Ihes oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua so Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS forem deferidas no ato de autorizagao, sujeitando-se 4 modificagao ou a supresséo sumaria, dada a precariedade tipica da autorizagdéo. De regra, néo havera direito de indenizagao ao particular que tiver sua autorizagéio revogada. E a pergunta de balancar terras: a autorizagdo é ato discriciondrio ou vinculado? No tenha duvida de que as autorizagdes so, de regra, atos discriciondrios (séo atos precdrios e revogdveis a qualquer tempo). Porém, essa é daquelas regras com excegdo, e, no caso, Unica. Sobre 0 tema, disp&e 0 §1° do art. 131 da Lei 9.472/1997: Autorizacao de servico de telecomunicagées é ato administrativo vinculado que faculta a exploragao, no regime privado, de modalidade de servico de telecomunicagées, quando preenchidas as condigées objetivas e subjetivas necessdrias. Ainda que passivel de critica, temos de aceitar essa “nova modalidade” de autorizagdo de natureza vinculada. Enquanto for considerada valida, nao se pode negar eficdcia 4 norma. Pode-se criticd-la, mas no recusar sua eficacia. ‘QF-14 — Agente de Policia - DPF - Cespe - 2004 - A autorizacao de porte de arma de fogo constitui uma forma de delegacdo de servico piiblico. (Certo/Errado)”? ‘Comentarios: Essa questo nos serve para esclarecer que as autorizacbes so, ordinariamente, atos administrativos, porém nem todas as autorizacdes dizem respeito a servicos puiblicos. No caso de autorizacéo de porte de arma, esté-se diante do exercicio regular do Poder de Policia, dai a incorrec&o do quesito. Passemos ao quadro-resumo sobre as principais diferencas entre a concessao, a permissdo, e a autorizacéo, a seguir: SERVICOS PUBLICOS Pree | comes | cm [ne ® Gabarito: FRRADO. Profe.Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS |_ Administrativo. Administ O ° (ae Administrativo' SEMPRE exigida ispensada o Depende do valor) Precariedade e Precariedade e lade Pessoas Juridicas ou A Partes feed Pessoas juridicas | Pessoas juridicas < Consércios de ta envolvidas o ou fisicas' ou fisicas empresas (1) Na Lei dos Portes (n® 12.815/2013), 0 inc. XII do art. 2° dispde que a autorizagao € a outorga de direito a exploragao de instalagdo portudria localizada fora da area do porto organizado e formalizada mediante contrato de adesao. (2) Nas privatizagées havidas no ambito do Programa Nacional de Desestatizacéo, é possivel 0 uso da modalidade de licitacao leildo (§ 3° do art. 4° da Lei 9.491/1997). Com a venda das acées, © Estado transfere o controle acionério para particulares, os quais passam & condigdo de prestadores de servicos publicos. (3) A expressao “dispensada” nao deve ser confundida com o conceito doutrinério de “icitag&o dispensada” do art. 17 da Lei 8.666/1993. (4) A concessdo no pode ser formalizada com pessoa fisica, podendo ser celebrada com ente despersonalizado, como é 0 caso dos consércios de empresas, os quais nao tém personalidade juridica. Ressalte-se que a Lei da Parceria PUblico-Privada exige a constituicdo de pessoa juridica antes da celebracdo do contrato (sociedade de propésito especifico). Por sua vez, a Lei 8.987/1995 faculta a constitui¢ao de pessoa juridica. (5) As permissdes nao podem ser formalizadas com consércios de empresas. QF-15 - AUFC - TCU - Cespe - 2011 - Embora o instituto da permissao exija a realizacéo de prévio procedimento licitatério, a legislagéo de regéncia nao estabelece, nesse caso, a concorréncia oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 2 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS como a modalidade obrigatéria, ao contrério do que prescreve para a concesso de servico ptiblico. (Certo/Errado)”* ‘Comentarios: A Lei 8.987/1995 prevé expressamente a modalidade licitatéria concorréncia para a contratacao de concessées de servicos publicos. Porém, quanto as permissées, a Lei é omissa, 0 que sugere, na visdo da doutrina, a possibilidade de outras modalidades, como a Tomada de Precos. 6.5. Subconcessdo Acerca do instituto da subconcess&o, dispde a Lei 8.987/1995: Art. 26. E admitida a subconcesso, nos termos previstos no contrato de concess0, desde que expressamente autorizada pelo poder concedente. § 1° A outorga de subconcessSo seré sempre precedida de concorréncia. § 22 O subconcessiondrio se sub-rogara todos os direitos e obrigagées da subconcedente dentro dos limites da subconcessao. Em sintese, sdo os seguintes os requisites a serem observados para a subconcessao: v Previsdo contratual; ¥ Autorizago do Poder Concedente; v Deve ser precedida de licitacio na _modalidade concorréncia; € v Transferéncia de todos os direitos e obrigacées, dentro dos limites da subconcesséo. Tome Nota! Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, 0 procedimento licitatério de escolha da subconcessionéria pode ser conduzido pelo Poder Concedente, ou delegado por este como encargo da concessionéria, sendo esta a melhor opso, pois a relag3o contratual é estabelecida diretamente entre @ concessionéria e a subconcessionéria. ‘osicionamento divergente, sob a alegaco de que a licitacdo é um procedimento, administrativo tipico. Ocorre que, atualmente, tem sido costumeiro o Estado firmar percerias com particulares, mediante convénio ou contrato de gestéo ou termo de parceria, por exemplo, atribuindo aos particulares, estranhos & estrutura formal da Administraggo, por Lel, a obrigagdo de licitar. Logo, o argumento de que a licitacdo & ® Gabarito: CERTO. Profe.Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 2 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS tipica do Estado, embora respeitavel, néo pode prevalecer dentro do ordenamento iuridico em vigor. Avancemos em outras oportunas observagées sobre o assunto. A subconcessao no se confunde com a cess&o ou transferéncia da concessio. Na subconcessio, a concessionaria originaria mantém-se vinculada ao Poder Concedente, nao sendo afastado o seu dever de manter a prestacéo do servico adequado. Por sua vez, na cessdo, 0 contrato de concesséo é entregue nas mos de terceiros, havendo a substituigéo da empresa originalmente vencedora da licitago. © art. 27 da Lei 8.987/1995 é que trata dos requisitos para a transferéncia da concessdo. Deve ser __antecedida, necessariamente, da anuéncia do Poder Concedente, sob pena de decretagéo de caducidade, observadas ainda as seguintes Atendimento as exigéncias de capacidade técnica; Idoneidade financeira; Regularidade juridica e fiscal; e Cumprir todas as cléusulas do contrato em vigor. Ha doutrinadores que defendem a inconstitucionalidade da transferéncia, pois, distintamente do que ocorre com a subconcess4o, é promovida sem que haja o prévio procedimento de licitagdo. Além da transferéncia, 0 §2° do art. 27 da Lei possibilita a assungao do controle da concessionaria por seus financiadores (“step-in rights”) (néo é propriamente um caso de transferéncia), com 0 propésito de reestruturacdo financeira e assegurar a continuidade da prestagéo dos servigos, com uma_ particularidade: séo indispenséveis as exigéncias de regularidade fiscal e juridica, podendo, assim, o Poder Concedente alterar ou dispensar os demais. Apesar da transferéncia do controle, néo havera alteragdo das obrigagdes da concessionaria e de seus controladores perante o Poder Concedente. QF-16 — Juiz = T3/GO — FCC = 2012 = No tocante ao regime da concessao de servigos ptblicos, na sua forma tradicional, a Lei Federal n® 8.987/95 condiciona a ‘coutorga de subconcessio, a transferéncia da concessdo e a transferéncia do oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 8 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS controle societério da concessionaria expressa concordancia do poder concedente.”” ‘Comentar Na subconcessae, hé uma entrega parcial da execugao dos servicos a terceiro, sem que a responsabilidade da concessionéria origindria seja afastada. A entrega depende de prévia licitacao na modalidade concorréncia, e, além de previsao no Edital e Contrato, deve ser autorizada pelo Poder Concedente. A cessdo, por sua vez, é a transferéncia da concesséo. Ha efetiva troca do polo da relacao contratual. Com a cessao, a concessionaria originaria terd afestadas suas responsabilidades. Ao contrério da subconcesséo, independe de licitagao. No entanto, apesar das distincdes, ficam a depender de autorizacéo do Poder Concedente. 6.6. Formas de Extincao A Lei 8.987/1995 enumera diversas formas de extingdo dos contratos de concessdo. A seguir, comentaremos, uma a uma, as hipéteses de desfazimento contratual. A primeira forma de extingéo é 0 Advento do Termo Final. E a forma mais natural de extinc&o da concesso. Doutrinariamente, é conhecida como reversao”’. E bem simples de entender: ocorrido © prazo final (0 termo) conforme estabelecido no instrumento contratual, a extingdio ocorrera naturalmente (de pleno direito), sem necessidade de avisos anteriores ou notificagdes pelo Poder Concedente, cabendo a este ocupar automaticamente as instalagdes ¢ utilizar todos os bens reversiveis. Pelo fato de a extingdo pelo tempo nao decorrer de vicios ou ilegalidades, os efeitos da exting&o ocorrerdo dai por diante (ex nunc - efeitos no retroativos), sem que, logicamente, a responsabilidade do concessionério seja afastada por atos praticados quando o contrato ainda se encontrava vigente. E oportuno que o candidato conheca a fundamentac&o doutrindria de 0 advento do termo contratual ser chamado de reversao. A razao & bem simples. Com o término da concess&o, os bens reversiveis retornam a AdministragSo, ou seja, aqueles de propriedade da prépria Administragao, bem como aqueles vinculados aos servigos objeto da concess’o e que se encontravam na posse do concessionério. Inclusive, a indicagao dos bens reversiveis é clausula essencial nos contratos de concess&o (inc. X do art. 23 da Lei 8.987/1995). ® Gabarito: CERTO. * Nao confundir com a reversdo prevista no Estatuto dos Servidores. Neste caso, a reversio refere-se a0 reingresso de servidor aposentado, por insubsistentes os motivos que ensejaram o ato de aposentacao. frofe,Cyonl Borges smnvsaatsiassnsarss sua ss Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS Esclarega-se que, apesar de a doutrina tratar a reversdo como sinénimo para advento do termo contratual, o certo € que os bens destinados & prestacdo de servicos publicos retornarao ao patriménio publico em todas as formas de extingio, em observancia ao principio da continuidade do servico publico. Todavia, embora alguns bens sejam reversiveis, o Poder Concedente deverd indenizar 0 concessiondrio com relagéio aos investimentos realizados em bens ainda n&o amortizados ou nao depreciados ‘ao fim do contrato. Essa medida visa a evitar que o executante do servico fique “desestimulado” em realizar novos investimentos quando a concesso estiver proxima de seu término. Obviamente, a indenizac&io devera ser pelas parcelas restantes dos bens, ou seja, pelo valor que falta para sua total amortizacao ou depreciacao. Ainda quanto ao advento do termo contratual, acrescente-se que a Lei de Concessdes nao menciona, expressamente, os limites minimos e méaximos de durago dos contratos de prestagéo de servicos ptblicos. Aos contratos de concess&o nao se aplica a regra do art. 57 da Lei 8.666/1993, que prevé a durac&o dos contratos adstrita & vigéncia dos créditos orgamentarios, pois, de regra, a remuneracéo das concessiondrias nao é via orgamento ptiblico, mas de tarifas pagas pelos usuarios. Por sua vez, a Lei 9.074/1995 previu que, para as estacdes aduaneiras e outros terminais alfandegados, 0 prazo seré de 25 anos, podendo ser prorrogado por dez anos. Neste diploma, encontramos, ainda, para as concessées de energia elétrica anteriores a 11 de dezembro de 2003, o prazo de até 35 anos podendo ser prorrogado por até 20 anos, a critério do Poder Concedente. Por fim, com a Lei da Parceria ptblico-privada, mais “moderninha”, houve o registro do prazo minimo de cinco anos e maximo de 35 anos. A segunda das formas de desfazimento é a caducidade. Antes de tratarmos da caducidade do contrato de concessao, chama-se a atengo do leitor para o fato de que a caducidade do contrato nao se confunde com a do ato administrativo. A caducidade dos atos administrativos da-se em razdo de norma superveniente que torna a situaco anterior com ela incompativel, nao decorrendo, portanto, de ato de vontade da Administragéo. E oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua ss Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS caso de Lei de Zoneamento Urbano que proiba a colocacéio de publicidade em vias publicas. Feita essa observacéo, passemos a caducidade do contrato de concesséio. De acordo com o art. 38 da Lei 8.987/1995, a caducidade da concess&o decorre da inexecucao total ou parcial do contrato. E © rompimento do contrato por culpa ou dolo do concessionério na ‘execugio dos servigos publicos. Para a doutrina, a caducidade é modalidade de encerramento da concesséo por ato do Poder Concedente, antes da conclusdo do prazo inicialmente fixado, em razéo de inadimpléncia do concessionério; isto 6, por motivo de fato comissivo ou omissivo, doloso ou culposo, imputavel ao concessionério. Por ter sido 0 concessionario quem deu causa a extingdo da concesséo, quem violou as obrigagdes contratuais, 0 Poder Publico nado tem que o indenizar, a nao ser em relagao a parcela nao amortizada do capital representada pelos equipamentos necessarios a prestag&o do servigo e que reverterdio ao concedente e, ainda assim, a posteriori. Dentre outros, o art. 38 da Lei 8.987/1995 lista os sequintes motivos para a decretacéio da caducidade: ‘Art. 38. A inexecugao total ou parcial do contrato acarretaré, a critério do poder concedente, 4 declaracéo de caducidade da concess3o ou 2 aplicagio das sancées contratuais, respeitadas as disposicées deste artigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre as partes. I - 0 servico estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parémetros definidores da qualidade do servico; Cod III - a concessionéria paralisar 0 servico ou concorrer para tanto, ressalvadas as hipéteses decorrentes de caso fortuito ou forca maior; IV - a concessionaria perder as condigées econémicas, técnicas ou operacionais para manter a adequada prestagao do servico concedido; (or) VII - a concessiondria nao atender a intimacao do poder concedente para, em 180 (cento e oitenta) dias, apresentar a documentacao relativa a regularidade fiscal, no curso da concessio, na forma do art. 29 da Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993, (Redacao dada pela Lei 12.767/2012) oft. Cyonl Borges manvsaatslasonsarss sua 9 Curso Teérico de Direito Administrative faEstratégia Prof. yoni Borges CouCuRsOS Da leitura acima, tudo indica que a caducidade é ato discricionario (“acarretara, a critério do poder concedente”). No entanto, existe uma excecdo legal, em que a caducidade serd ato vinculado. A seguir, o art. 27 da Lei: ‘A transferéncia de concesséo ou do controle societario da concessi sem prévia anuéncia do poder concedente implicara a caducidade da concessao. Passemos as formalidades necessdrias para a decretagdo da caducidade: a) O concessionario deve ser comunicado quanto ao descumprimento contratual que poderd dar motivo a possivel decretacéo da caducidade. Nesse particular, concede-se prazo ao concessionario para que a irregularidade seja sanada; b) Néo sanada a citada irregularidade, instaura-se o devido procedimento administrativo, por meio do qual se deve abrir ao concessionario o contraditério, com os meios que Ihe so inerentes (a ampla defesa); c) Constatada a inadimpléncia, a caducidade deve ser declarada por decreto do Poder Concedente. Além da caducidade, outras sangées poderéo ser impostas ao concessionério, conforme previséo contratual (multa e suspensdo para licitar e contratar com a Administrag3o, por exemplo). N&o ha dividas de que a caducidade constitui penalidade imposta ao concessionario em razao de sua inadimpléncia. Contudo, sera devida indenizagéo ao concessionaério em relagéo aos investimentos n’o amortizados ou ndéo depreciados, até para que evitemos o enriquecimento sem causa por parte do Estado. De toda forma, o montante das multas contratuais e os danos causados pelo concessionério devem ser descontados dos valores a serem indenizados. A indenizagéo nao seraé prévia a decretacéo da caducidade, a0 contrério, acaso existente, serd calculada no curso do processo (§4° do art. 38 da Lei). Declarada a caducidade, n&o resultard para o Poder Concedente qualquer espécie de responsabilidade em relagao aos encargos, énus, obrigacées ou compromissos com terceiros ou com empregados da concessionaria (§6° do art. 38). Distintamente da Lei de Licitagdes Proft. Gyonil Borges ‘miu sstategiasoncunes combs 38 Curso Teérico de Direito Administrative Estratégia Prof. Cyonil Borges CouCuRsOS (art. 71), a Lei de Concessdes no faz ressalva nem mesmo a responsabilidade solidéria quanto aos débitos previdenciérios. A terceira e uma das mais importantes formas de extingio é a encampagio. Também chamada por alguns doutrinadores de resgate ou de retomada, a encampacéo encontra previséo no art. 37 da Lei 8.987/1995, que assim a define: ‘a retomada do servico pelo poder concedente durante o prazo da concesséo, por motivo de interesse publico, mediante lei autorizativa especifica e apés prévio pagamento da indenizago, na forma do artigo anterior. Note que a encampagéo em _nada_se_confunde com a caducidade, pois ocorre néo em razio de inadimpléncia do concessionario, mas sim devido ao interesse da administracéo em retomar o servigo. Ha dois outros tragos distintivos entre a caducidade e a encampacao. A encampacado depende de lei autorizativa especifica e do prévio pagamento de indenizagao ao concessionario, tal como estabelecem os arts. 36 e 37 da lei 8.987/1995. Por fim, aponta-se que, para parte da doutrina, a necessidade de prévia autorizacao legislativa é inconstitucional. Eventuais controles reciprocos entre os Poderes ("checks and balances") so de extracdo constitucional, e, por isso, ndo caberia ao legislador ordinario agredir a independéncia entre os Poderes da Republica. Acontece que, até o momento, nao houve declarago de inconstitucionalidade, pelo STF, do dispositive, razio pela qual, para efeito de concursos, permanece em plena vigéncia. Id€ntica critica doutrinaria € feita ao art. 2° da Lei 9.074/1995, que assim dispde: Art. 2° E vedado & Unido, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municipios executarem obras e servicos publicos por meio de concessdo € permisséo de servico publico, sem lei que Ihes autorize e fixe os termos, dispensada a lei autorizativa nos casos de saneamento bdsico e limpeza urbana e nos j4 referidos na Constituigéo Federal, nas Constituicdes Estaduais e nas Leis Orgénicas do Distrito Federal e Municipios, observado, em qualquer caso, os termos da Lei n® 8.987, de 1995. Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a exigéncia prévia de autorizagéo legislativa é inconstitucional, pois a competéncia para a prestacéo dos servicos pliblicos ¢ do Poder Executivo, Profe. Cyonil Borges minu.sstategiaconcusoscombr 3°

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