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Como se Faz uma Tese em Ciências Humanas

UMBERTO ECO

Com alterações nos, respectivos, Capítulos 5 / 6 (pp. 61-65 / 71-74 / 84-85)

COMO FAZER INVESTIGAÇÃO


O que é investigação? Esta pergunta não é tão simples como parece. Neste texto, vamos debruçar-
nos sobre algumas respostas e analisar a sua relevância para a natureza de um relatório.

Características do trabalho de investigação


Comecemos por uma opinião leiga: “Investigar é tentar descobrir algo que não se conhece.” Esta
resposta é ao mesmo tempo demasiado abrangente e demasiado limitada. É demasiado
abrangente porque engloba muitas actividades, como, por exemplo, descobrir a que horas passa o
próximo comboio para Londres, ou medir a temperatura da água de uma piscina, que não
caracterizaríamos como actividades de investigação. Pare um instante para pensar porque não as
caracterizaríamos como tal. E se, em vez da temperatura, estivéssemos a medir o pH da água – a
sua acidez ou alcalinidade – já seria uma investigação?
Por outro lado, esta definição é também demasiado limitada, porque muitos trabalhos de
investigação consistem não em “descobrir uma coisa que não se conhece”, mas em “descobrir que
há coisas que não se conhece”. Este tipo de investigação destina-se a reorientar o nosso
pensamento, a fazer-nos questionar o que pensamos saber e a focar novos aspectos desta
complexa realidade que é a nossa.
Ao explorar a natureza do trabalho de investigação, é importante distingui-lo de uma outra
actividade: a recolha de informações.

Recolha de informações – perguntar “o quê”


Existem muitas coisas que não sabemos e que podemos descobrir. Como estão distribuídos os
doutorandos, em termos de idade, sexo e áreas temáticas, no sistema de ensino superior inglês?
Quais os níveis de radiação nas diferentes zonas do país? Qual percentagem do PIB gasta na
investigação científica? Estas perguntas são muito importantes e exigem definições precisas, um
trabalho neutro de recolha de informações, um tratamento estatístico meticuloso e um resumo
cuidado para se obter uma descrição equilibrada que retrate a situação de forma “verdadeira e
justa”. Inevitavelmente, terão de ser tornadas algumas decisões arbitrárias. Existem já convenções
definidas que podem ajudar a melhorar a comparabilidade na medição de temperaturas elevadas,
na definição de fontes de receitas, na classificação genética dos sexos masculino e feminino, etc.
mas os profissionais podem ter, e têm de facto, visões diferentes quanto ao que consideram justo,
e aí é necessário um parecer fundamentado. Por exemplo, actualmente, determinar a forma
verdadeira e justa de definir e, consequentemente, contabilizar e categorizar o número de
desempregados, o nível de radiação tolerável na atmosfera, etc. são questões que suscitam grande
controvérsia.
Dado que se trata de um trabalho descritivo, responder a questões do tipo “o quê” pode ser
considerado como uma espécie de serviço de recolha de informações, uma actividade de grande
importância e valor. Um balanço de uma empresa, um mapa com os níveis de radiação das
diferentes zonas do país, uma compilação das avaliações efectuadas por estudantes/investigadores
sobre a qualidade da orientação que receberam, tudo isto são exemplos de trabalhos de recolha de
informações muito úteis.
Pode utilizar o balanço de uma empresa como parte de um sistema de controlo financeiro, um
mapa dos níveis de radiação para desenvolver políticas de localização nuclear, as avaliações dos
estudantes/investigadores para tornar decisões a nível da selecção e formação de orientadores, etc.
Os mecanismos de controlo, a formulação de políticas e a tomada de decisões são normalmente as

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aplicações dadas às informações recolhidas. Estas actividades são todas absolutamente vitais –
mas não são actividades de investigação.

Investigação – perguntar “porquê”


A investigação vai para além da descrição e requer um trabalho de análise. Procura explicações,
relações, comparações, previsões, generalizações e teorias. Debruça-se sobre os “porquês”. Por
que é que há menos mulheres a fazer doutoramentos na área de Física do que na área de Biologia?
Por que é que encontramos diferentes níveis de radiação em diferentes zonas do país? Por que é
que em Inglaterra o PIB por cabeça está a aumentar mais lentamente do que nos outros países da
Europa?
Todas estas perguntas requerem uma boa dose de trabalho de recolha de informações, tal como a
tornada de decisões e a formulação de políticas. No entanto, as informações são utilizadas com o
objectivo de desenvolver a compreensão - comparando, relacionando com outros factores,
teorizando e testando as teorias. Todas as questões que são objecto de investigação envolvem
comparações, como pode constatar pelas expressões “menos do que”, “diferentes” e “mais
lentamente do que”, empregues nos exemplos referidos no parágrafo anterior. Todas as questões
que são objecto de investigação envolvem ainda uma generalização. Para serem úteis, as
explicações têm de ser aplicáveis em todas as situações apropriadas.

Características de uma boa investigação


Uma boa investigação caracteriza-se por três aspectos distintos, mas interligados, que distinguem
esta actividade de actividades como a recolha de informações, a tomada de decisões, entre outras.

1. A investigação baseia-se num sistema de pensamento aberto


Para o investigador, o mundo é, por princípio, a sua ostra. Pode debruçar-se sobre o que quiser.
Não existem sistemas fechados. A contínua experimentação, revisão e crítica que os investigadores
fazem do trabalho uns dos outros, em seu próprio benefício, é uma forma importante de
desenvolvimento do pensamento. As convenções e os pressupostos não são poupados a esta
análise, pois podem revelar-se inadequados. Claro que podem também não se revelar inadequados,
podendo ser comprovados pela análise. É por esta razão que aqueles que não são investigadores
encaram os resultados da investigação como sendo demonstrações do óbvio e enunciados triviais
do conhecimento estabelecido. Contudo, esta análise tem de ser continuamente efectuada, porque
é assim que se detecta o que não é óbvio e se descobrem conceitos não triviais. A chave para uma
boa pesquisa é ter em mente que a posição clássica de um investigador não é a de quem sabe as
respostas certas, mas a de quem luta para encontrar o que poderão ser as respostas certas!

2. Os investigadores analisam os dados com espírito crítico


Este aspecto da investigação faz, claramente, parte do primeiro. Descrevemo-lo separadamente,
porque é talvez o elemento que melhor distingue a investigação das outras actividades e o
investigador dos praticantes e dos leigos. Os investigadores analisam os dados e as fontes de
informação com um espírito crítico, para que a sua posição perante afirmações provocatórias (“as
mulheres não são tão eficientes a chefiar como os homens”, “as drogas leves são menos
prejudiciais à saúde do que o álcool”) não seja a de concordar ou discordar, mas a de perguntar:
“Quais são os seus fundamentos?”.
Os investigadores vêem-se continuamente obrigados a perguntar: Os factos foram devidamente
apurados? Não será possível obter dados mais precisos? Será que os resultados não podem ser
interpretados de uma forma diferente? As pessoas que não se dedicam à investigação,
normalmente, sentem que não têm tempo para isso e, por conseguinte, revelam-se impacientes
perante a investigação. Os políticos e os gestores, por exemplo, têm muitas vezes de tomar
decisões sob pressão. A sua necessidade de agir é pois mais importante do que a de compreender.
As prioridades dos investigadores são, obviamente, diferentes. Eles têm de trabalhar muito para
conseguirem obter dados sistemáticos, válidos e fiáveis, porque o objectivo dos investigadores é
compreender e interpretar.

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3. Os investigadores generalizam e especificam os limites das suas generalizações
O objectivo da investigação é obter generalizações válidas, porque esta é a forma mais eficaz de
aplicar as percepções a uma grande variedade de situações – mas surgem aqui algumas
dificuldades. Não foi um investigador mas sim um escritor, Alexandre Dumas, que afirmou: “Todas
as generalizações são perigosas – incluindo esta!”. Com efeito, pode-se dizer que a investigação
envereda por generalizações profundas mas perigosas, e é por isso que os limites da generalização
– onde ela pode ou não ser aplicada – têm de ser continuamente testados.
A melhor maneira de chegar a generalizações é através do desenvolvimento de uma teoria
explicativa, e é de facto a aplicação da teoria que transforma a recolha de dados em investigação.
Voltemos então de novo à pergunta formulada no início deste capítulo: será que a medição do pH
da água de uma piscina poderia ser considerada uma investigação? A resposta depende do que
iríamos fazer com o resultado – e não da complexidade ou “cientificidade” da medição. Se o
resultado fosse utilizado para desenvolver e testar urna teoria dos factores que determinam a acidez
da água, seria uma investigação; se o resultado fosse utilizado para tomar uma decisão sobre se a
piscina era ou não segura, então seria uma recolha de dados.

Tipos de investigação básicos


A investigação tem sido tradicionalmente classificada em dois tipos: pura e aplicada. No entanto,
consideramos esta distinção – que estabelece que a investigação pura fornece as teorias e a
investigação aplicada utiliza-as e testa-as no mundo real – demasiado rígida para caracterizar o que
se passa na maior parte das áreas académicas, onde, por exemplo, a investigação do “mundo real”
gera as suas próprias teorias e não se limita a aplicar teorias “puras”. Vamos assim considerar a
investigação em três vertentes: exploração, experimentação e resolução de problemas, aplicáveis
tanto à investigação qualitativa como à investigação quantitativa.

Exploração
Este é o tipo de investigação que lida com os novos problemas/assuntos/tópicos sobre os quais
pouco se conhece, pelo que não é possível, logo de início, formular muito bem a ideia a investigar.
O problema pode surgir de qualquer parte da disciplina; pode ser um puzzle de investigação teórica
ou ter uma base empírica. O trabalho de investigação terá de determinar quais as teorias e
conceitos apropriados, desenvolvendo novas teorias e conceitos, se necessário, e verificar se as
metodologias existentes podem ser utilizadas. Esta investigação implica, obviamente, ultrapassar as
fronteiras do conhecimento na esperança de que algo de útil seja descoberto.

Experimentação
Neste tipo de investigação, tenta-se encontrar os limites das generalizações previamente propostas.
Tal como referimos anteriormente, esta é uma actividade de investigação básica. Será que esta
teoria se aplica a elevadas temperaturas? Nas indústrias de nova tecnologia? Aos pais da classe
trabalhadora? Antes do aparecimento do franchise universal? A quantidade de testes a fazer é
infinita e contínua, porque, deste modo, conseguimos aperfeiçoar (especificando, alterando,
clarificando) as importantes, mas perigosas, generalizações que são o motor de desenvolvimento da
nossa área de investigação.

Resolução de problemas
Neste tipo de investigação, partimos de um determinado problema “do mundo real” e reunimos
todos os recursos intelectuais possíveis para nos concentrarmos na sua solução. É necessário
definir o problema e descobrir o método para a sua solução. A pessoa que estiver a trabalhar nesta
investigação pode ter de criar e identificar diferentes soluções do problema em cada uma das fases
do processo. Esta investigação envolve, normalmente, uma grande variedade de teorias e métodos,
muitas vezes abrangendo mais do que uma área, já que os problemas do mundo real tendem a
“confundir-se” e dificilmente a sua solução está confinada ao universo limitado de uma disciplina
académica.

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A ORGANIZAÇÃO FORMAL DE UMA TESE DE INVESTIGAÇÃO
Três dos principais aspectos que prejudicam a concretização de uma tese ou relatório estavam
relacionados com o facto do estudante/investigador ou o orientador (ou ambos) não
compreenderem a natureza da investigação. Para demonstrar que é um verdadeiro profissional, é
preciso ter prática na arte de investigar de forma a convencer os examinadores (isto é, os
profissionais mais experientes da sua área) de que domina totalmente a sua área de estudo.
Isto consegue-se “contribuindo para o conhecimento”. Uma expressão que impressiona, mas que é,
ao mesmo tempo, extremamente vaga, daí ser motivo de grande preocupação para os estudantes.
Neste capítulo, veremos a que estrutura formal deve obedecer o relatório para satisfazer estes
requisitos.

Compreender a organização formal de uma tese de investigação


Mais uma vez, devemos começar por explicar que, tal como sucede na natureza de uma
investigação, não é possível descrever administrativa ou burocraticamente o que é necessário – não
é essa a natureza do processo. O regulamento das universidades para um doutoramento, por
exemplo, tem de ser aplicável a todas as áreas de estudo, desde o árabe à zoologia. Por isso, são
inevitavelmente formais e incapazes de englobar os requisitos específicos para a sua área neste
momento. Com efeito, o objectivo do processo de formação é precisamente o de o preparar para
conseguir avaliar o que é necessário e ser capaz de o concretizar.
Existe, no entanto, uma determinada forma para teses de investigação – com um elevado grau de
abstracção, é claro, dado que tem de ser independente do conteúdo e aplicável a todas as áreas do
conhecimento. Podemos até pensar na analogia com a forma da sonata na música. Trata-se de
uma estrutura para escrever música, mas nada nos diz sobre o seu conteúdo, Haydn escreveu
seguindo a estrutura da sonata, tal como Lennon e McCartney. O leque de conteúdos abrangidos é
por isso muito vasto, mas nem toda a música segue a estrutura da sonata. Debussy e Britten não
usaram esta forma. No jazz, Scott Joplin utilizou a sonata, mas Bix Beiderbecke não o fez. O
mesmo se passa numa investigação. Existe uma determinada forma, mas, uma vez que nem todos
as tipos de investigação se adaptam a ela, terá de saber distinguir os elementos de que irá precisar.
Existem três elementos a considerar na organização formal de uma tese de investigação: a teoria de
fundo; a teoria focal; e a teoria de dados.

Teoria de fundo
Trata-se do campo de estudo no qual está a trabalhar e que deve conhecer muito bem – isto é, a
um nível verdadeiramente profissional. Por conseguinte, deve estar por dentro do que se passa
actualmente nessa área: que desenvolvimentos, controvérsias e descobertas estão nesse momento
a despertar o interesse dos praticantes mais conceituados e, consequentemente, a estimular a
investigação desse assunto.
A melhor forma de demonstrar isso é através de um levantamento bibliográfico. Lembre-se de que
não está a recolher bibliografia gratuitamente; está a fazê-lo para demonstrar que tem um
conhecimento verdadeiramente profissional sobre a teoria de fundo da sua área de estudo.
“Profissional” significa que tem algo a dizer sobre a sua área que os seus colegas gostariam de
ouvir. Assim, organizar o material de uma forma interessante e útil, avaliar as contributos dos
outros (e justificar as críticas, e claro), identificar tendências na actividade de investigação, definir
áreas de fraqueza teórica e empírica são tudo actividades fundamentais através das quais poderá
demonstrar que domina a teoria de fundo de uma forma profissional.
É importante salientar que não se trata de fazer uma simples listagem enciclopédica, em que todos
os livros são apresentados com apenas uma descrição de cada obra, sem qualquer organização e
avaliação lógica. Deste modo não estaria a revelar a capacidade de avaliação profissional que se
exige numa investigação. Seria quase como, durante o exame de condução, nunca guiar a mais de
20 quilómetros por hora. Reprovaria por não ter demonstrado confiança e competência suficientes
para conduzir um automóvel. Também numa investigação, é necessário dominar a teoria de fundo
com confiança e competência e demonstrá-lo através da pesquisa bibliográfica.

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Nesta fase do trabalho, é possível, em muitas disciplinas, ter uma boa ideia do estilo e nível de
abordagem exigidos, lendo as pesquisas bibliográficas incluídas nos “anuários” sobre aquele
assunto. Os Anuários, ou Annual Reviews, se pretender consultar alguns em língua inglesa, de
disciplinas como a bioquímica, a sociologia, e outras, incluem essas pesquisas bibliográficas sobre
a teoria de fundo de diferentes áreas de cada disciplina, para a qual contribuíram os estudiosos
mais importantes daquela área. Pode pois verificar como é que eles avaliaram, moldaram e
realçaram os seus tópicos de forma a estimular ainda mais a investigação frutífera. É a este nível de
domínio que deve aspirar.

Teoria focal
0 segundo elemento da estrutura formal de um relatório é a “teoria focal”. É aqui que descreve
exactamente, e com grande pormenor o que é que está a investigar e porquê. Deve definir a
natureza do problema e começar a analisá-lo. A formulação de hipóteses, se necessário, a análise
dos argumentos de outros e a utilização dos seus próprios dados e análises com vista a promover o
debate são as tarefas fundamentais nesta fase.
Durante a fase da teoria focal é fundamental limitar a sua tese. Assim, terá um “enredo” bem
delineado que lhe permitirá descrever o que está a fazer de uma forma organizada. A sua tese e a
necessidade de a sustentar com os seus dados e argumentos constituem um trabalho importante,
assim como a definição de critérios para determinar o que é relevante incluir no seu estudo. Deve
pois ter o cuidado de não apresentar argumentos com base em elementos sem importância ou
alheios à sua área de estudo e que em nada contribuem para sustentar a posição definida na sua
tese. Na teoria focal, a tese deve estar sempre em foco!

Teoria dos dados


O terceiro elemento da estrutura formal da tese de doutoramento é a teoria dos dados. Em termos
gerais, a teoria dos dados justifica a relevância e validade do material que irá utilizar para sustentar
a sua tese. A questão-chave na avaliação do seu trabalho tem de ser: porque é que nós (os
caríssimos professores da sua área) temos de o ouvir? É preciso que tenha uma resposta
claramente convincente.
O conteúdo da teoria dos dados varia muito de disciplina para disciplina, mas a forma está sempre
relacionada com a adequação e fiabilidade das suas fontes de dados. Nas ciências, será necessário
demonstrar que o seu aparelho é suficientemente sensível para detectar o efeito e está devidamente
calibrado. Nos estudos históricos, terá de mostrar que os documentos são adequados e foram
correctamente interpretados. Nas ciências sociais, pode precisar de enveredar por urna discussão
epistemológica sobre qual o sistema interpretativo (por exemplo, o positivismo, o marxismo) que
deve utilizar para sustentar a sua posição.
Determinar exactamente o que poderá estar envolvido numa discussão sobre a teoria dos dados da
sua tese em particular é uma das tarefas profissionais que terá de levar a cabo. Para isso, discuta a
assunto com o seu orientador, consulte as últimas publicações na sua área e analise relatórios já
apresentados e bem sucedidos.

Sumário
1. Certifique-se de que a sua tese cobre os três elementos da estrutura formal do relatório
(teoria de fundo, teoria focal, e teoria de dados).
2. Não alongue o seu relatório (que aqui é sinónimo de “dissertação”) mais do que o
necessário para sustentar a sua tese (que aqui significa “argumento”).
3. Lembre-se de que só precisa de dar um pequeno passo em frente no que diz respeito à
componente de “originalidade” do seu trabalho.
4. Discuta com o seu orientador as muitas e variadas formas do seu relatório ser considerado
“original” e chegue a um consenso quanto ao modo como irá interpretar este requisito.
5. Escreva a sua tese numa linguagem de leitura agradável, utilizando os termos técnicos
adequados, mas evitando o jargão.

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6. Desde o início, utilize as convenções relativas a notas de rodapé e referências próprias da
sua disciplina e da faculdade na qual apresentará o trabalho.
7. Aproveite todas as oportunidades para escrever relatórios, rascunhos, críticas aos trabalhos
de outros, etc., durante a investigação. Não pense que todo o trabalho de redacção poderá ser
efectuado no final. Se evitar escrever, não desenvolverá as competências necessárias para escrever
o seu relatório de uma forma eficaz, ou até mesmo adequada.
8. Escreva a tese final seguindo a ordem que for mais fácil para si. Ela não tem de ser escrita
pela ordem em que será lida. A secção relativa ao método é, normalmente, um bom ponto por onde
começar.

Bibliografia: ECO, Umberto (1977); Como se Faz uma Tese em Ciências Humanas; Ed. Presença,
1998.

Umberto Eco (Alessandria, 1932) licenciou-se em Filosofia, pela Universidade de Torino (em 1954) e tornou-se professor
de Estética, na mesma instituição, em 1961; actualmente (e desde 1975) lecciona a cátedra de Semiótica, na
Universidade de Bologna. No seu percurso académico foi, também, reconhecido doutor honoris causa por mais de 20
universidades.
A sua actividade completa-se ainda na área da escrita, tendo já sido editor, cronista (entre outros, nos jornais Il giorno, La
stampa, Corriere della Sera, La Repubblica, L’Espresso, Il Manifesto), ensaísta e novelista; estando a sua obra traduzida
em diversas línguas. De entre os vários livros publicados destaca-se O Nome da Rosa (1980), O Pêndulo de Foucault
(1988) e A Ilha do Dia Antes.

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