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ARGUMENTO.:
Ángela Justice, solteira e sem compromisso, sentia um capitalista e
instintivo desejo de ser mãe. Mas seu melhor amigo, o doutor Lucas Ryder,
não deixou entrar em sua preciosa amiga ao banco de esperma. Para ele,
algumas costure terei que as conseguir através da paixão. Ante suas
carícias, o corpo de Ángela respondeu com desejo, e ele percorreu cada
centímetro de sua pele, deixando-a loja de comestíveis, feliz e grávida.
Embora Ángela amava ao Lucas com uma intensidade que a
desconcertava, jurou-se a se mesma que não acreditaria em suas
promessas de amor até que sentisse no fundo de sua alma que eram
verdadeiras e eternas.
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
-Olá -saudou Lucas, entrando em casa de Ángela a noite seguinte, sem
chamar.
Ela se levantou do sofá, sorridente, e se aproximou.
-Olá, estranho -disse, lhe dando um beijo na bochecha-. Chega tarde.
Entregou as bolsas de comida a China e a seguiu até o salão.
-Tive um caso de urgência no hospital.
-Vai tudo bem? -perguntou Ángela, preocupada.
-Sim. Acredito que estive com o futuro presidente dos Estados Unidos.
Asseguro-te que esse menino de dez anos era mais preparado que a fome.
Era como falar com um adulto.
Ela sorriu, sentando-se no sofá. Isso era algo que gostava do Lucas, que
adorava os meninos. Era uma pena que não queria ser pai. ficou imóvel.
«OH, não te atreva a abrir essa porta», pensou, colocando os pratos.
-Poderia haver-se feito o diagnóstico ele mesmo, não?
sentou-se junto a ela e tomou um recipiente de papel que despedia um
aroma delicioso.
-Sim, mas colocar o osso da perna em seu sítio lhe houvesse flanco um
pouco.
Luke encheu os pratos depois de lhe dar uma dentada a um rollito de ovo.
Olhou-a enquanto fechava os recipientes e se fixou em que levava posta o
bracelete que lhe deu de presente por seu aniversário. A cadeia de
diamantes refulgia sobre sua pele moréia. Recordou seus protestos de que
era muito extravagante, mas quando se tratava dela, ele acreditava que
bom era pouco. E lhe proporcionava um grande prazer vê-la com o
bracelete posto. Não a tinha tirado desde que a deu de presente.
-me diga o que gosta de ver esta noite. Salada de tiros? Romance?
Comédia? -perguntou Ángela, assinalando a pilha de vídeos.
O examinou os títulos, escolheu um filme e a meteu no magnetoscopio.
-Surpreenderá-te.
-Parece muito satisfeito, Luc. No que pensa?
-aluguei uma esposa do Wife Incorporated.
-Sério? -comentou, com a vista fixa no prato-. E?
-É genial. Tenho todos os benefícios sem nenhum dos esgotamentos.
-Bom, vê, disse-lhe isso. Um homem que pensa que o matrimônio é
cansativo é que realmente não quer casar-se.
Ele a observou, preocupado.
-Fala -insistiu-o ela-. Algo te carcome. Posso lê-lo em seus olhos.
Ele suspirou e se reclinou no sofá.
-Tenho que te dizer que... como ouvinte de seu programa, pareceu-me que
ontem de noite estava horrível. Sua voz soava rouca e gaguejou várias
vezes com essas entradas publicitárias.
Ángela se esquentou. Estava cansada porque tinha estado limpando e
cozinhando para ele e o que de verdade queria era lhe gritar que deixasse
de lhe dar tanto trabalho!
-Alguns temos um mau dia, Luc.
-Você não. Ao menos não no ar.
-Sim, claro -bufou ela-. «Querida Ángela, soluciona meus problemas em
dois minutos sem conhecer a história inteira, mas não se preocupe». Não
era a primeira vez que lamentava estar desperdiçando seu título de
psicologia em lugar de ter uma consulta de nove a cinco.
-Vamos, solo é um entretenimento.
-A gente toma a sério -disse, odiando resultar tão cortante.
-Sim, e essa mesma gente crie também na videncia por telefone. Como
médico que sou, devo te advertir que tem mau aspecto e precisa descansar.
por que todo mundo se empenhava essa semana em ser tão honesto com
ela?
-me deixe em paz, Luc. Não me diga o que tenho que fazer.
-Ange, solo estou tratando de assinalar...
-Que pareço um morto vivente. O que alguém precisa ouvir.
Zangada, deteve o filme, que ainda não tinha chegado aos créditos do
princípio.
—Né, né -tranqüilizou-a, deixando o prato e aproximando-se dela-. O que te
passa?
Seu tom lhe tirou o aborrecimento e só ficou o esgotamento.
-Nada, estou cansada. E sim, dormi. Agora, deixará-me tranqüila?
Ele a olhou fixamente. Ela grunhiu.
-Sinto muito -reconheceu, lhe dando tapinhas na mão. Tivesse-lhe gostado
de lhe dizer como se sentia, mas nem sequer sabia. Estava confundida.
Antes sim lhe ajudava falar de suas coisas com o Lucas, mas aquilo... ainda
não podia compartilhá-lo com ele. Nem sabia quando poderia. Estava
enganando a seu melhor amigo e se sentia pior depois de haver-se
zangado, sobre tudo quando ele a estava olhando com preocupação.
Luc tratou de não franzir o cenho, mas lhe ocultava algo. Não tinham muitos
secretos entre si e não gostava que ela o estivesse deixando fora daquilo.
Doía-lhe. Mas sabia que não devia pressioná-la. Quando estivesse
preparada, o diria. Com resolução, alcançou seu prato outra vez, tirou-se os
sapatos, acomodou-se no sofá e reiniciou a película-comeram em silêncio,
mas pouco a pouco a tensão se foi evaporando. riram, comentaram
algumas cenas, rendo-se dos débeis diálogos, e quando acabou o filme,
recolheram a mesa e puseram outra.
Lucas observava como Arnold Schwarzenegger demolia outra cidade para
caçar ao mau quando se deu conta de que Ángela tinha apoiado a cabeça
em seu ombro. Olhou-a e sorriu. Estava profundamente dormida. Quando
se aproximou ainda mais para rodeá-la com o braço, ela se acurrucó, lhe
transmitindo seu calor corporal. Ele suspirou pelo simples prazer de estar
assim, vendo o filme. Entretanto, muito depois de que esta tivesse acabado,
Lucas seguia abraçado a ela, perguntando-se por que se sentia tão
tranqüilo e satisfeito. E o que ia fazer a respeito.
Tinha perdido o bracelete. A que Lucas lhe tinha agradável. Ángela a
buscou, frenética, por toda a casa. Tinha cuidadoso inclusive no estudo até
que recordou que a levava posta quando se foi da emissora. Atemorizada,
arrancou as almofadas do sofá para ver se estava debaixo, mas não havia
nada. Nada. meu deus, nunca deveria havê-la aceito. Era típico dela perder
algo que valorava tanto. Lhe saltaram as lágrimas ao pensar que teria que
assistir à festa benéfica do hospital Candler com o Lucas aquela mesma
noite e ele estaria ao cair.
levantou-se e olhou na cozinha. De repente, introduziu a mão no ralo da pia,
com a esperança de encontrar algo, em vão. Com um gemido de
desespero, abriu o armário de debaixo da pia e o olhou fixamente, antes de
ir pela caixa das ferramentas. Depois colocou um trapo no chão para não
manchar o vestido, fechou a chave da água e desenroscou a junta do tubos.
Imersa no trabalho, ouviu de repente:
-Céu santo, Ángela. O que terá que ver.
Ela se sobressaltou e lhe invadiu a pena. Era Lucas. Pensou em fingir que
não ocorria nada, mas na situação em que se encontrava, não ia encontrar
o modo.
Lucas se inclinou e lhe jogou uma olhada ao tubos.
-Bom momento para fazer acertos.
«Especialmente com um vestido de noite vermelho», pensou, deslizando o
olhar por suas pernas. perguntou-se caprichosamente se levaria o tipo de
meias que tinha levado quando saiu com o Randy. Meneou a cabeça.
-Ángela, isto é absurdo.
Ela soluçou, com a cara inclinada.
-Volta dentro de uma hora.
-Não posso. supõe-se que devemos estar ali dentro de meia hora. Pertenço
à junta diretiva. Preciso estar ali para a apresentação.
-Sim -murmurou ela-. Sei.
Lucas a tirou.
-Quer fazer o favor de sair daí, por amor de Deus?
Suspirando, Ángela deixou o trapo a um lado e saiu. Lucas a tirou das mãos
e a ajudou a levantar-se. Ela se soltou imediatamente e se apartou. Como
não queria olhá-lo ainda, dedicou-se a alisar o vestido.
-Bom, parece estar preparada -disse ele cética-mente.
-Estou-o. Solo necessito um minuto para me refrescar. Lucas olhou a
confusão que havia sob a pia.
-E precisava reparar as tuberías antes de ir ?
-É uma coisa de garotas, não o entenderia.
apressou-se a sair da cozinha, subiu para tomar a bolsa e o xale, e entrou
no banheiro para refrescá-los olhos. Era idiota, pensou. O que estaria
pensando Lucas? retocou-se a maquiagem, voltou-se a pintar os lábios e se
escovou o cabelo. ia subir as médias, quando viu que Lucas aparecia no
vão da porta.
-vais dizer me por que estava sob a pia com um vestido de noite?
-perguntou brandamente-. Porque não lhe vi nada mau ao encanamento.
-Não faria correr a água, verdade?
—Não —disse ele precavidamente, franzindo o cenho.
Ela deixou escapar um suspiro de alívio.
-Estava procurando algo.
Ángela assentiu, incapaz de lhe confessar que tinha perdido seu presente.
Lhe encolhia o coração só de pensá-lo.
-Não seria por acaso... -disse, metendo-a mão no bolso- ...isto?
A cadeia de diamantes lhe pendurava de um dedo.
-OH, graças a Deus -exclamou, aproximando-se imediatamente para
recolhê-la-. Acreditei que a tinha perdido para sempre.
Ángela examinou o fechamento.
-Arrumei-o -disse, ajudando-a a ficá-la bracelete. As mãos de Ángela
tremiam-. Solo é um bracelete.
-Não, não o é. Para mim não tem preço -disse ela, com voz tremente.
-por que? -perguntou brandamente.
-Porque você me deu de presente isso. As palavras de Ángela lhe
esquentaram o coração, mas como ela seguia com a vista fixa em sua
boneca, levantou-lhe o queixo para que o olhasse aos olhos.
-Não vais perguntar me onde o encontrei?
-Onde? -perguntou, com o cenho franzido, assustada.
-Em minha casa, Ange. De fato, estava enganchada em meu edredom
-disse, observando que ela empalidecia-. Vejamos, não estiveste em minha
casa há um tempo. E estou seguro de que não estiveste em minha cama.
Ángela sentiu que o pulso lhe acelerava.
-Assim que isso solo pode significar uma coisa -concluiu ele.
-E o que é? -perguntou Ángela, rezando para que não a tivesse descoberto,
até sabendo que assim era
Ele se aproximou ainda mais e a olhou.
-por que aceitaste outro emprego como esposa de aluguel a meu serviço?
Ela abriu a boca para responder, mas nenhum som saiu dela. A ele lhe
obscureceu o olhar, que se cravou nela como um cristal azul.
-E por que demônios me mentiu a respeito?
-Não te menti exatamente -replicou ela, levantando o queixo.
-Simplesmente não tomou a moléstia de me dizer isso
-Isso não é certo e sabe.
-Sim. Sei, mas isso não explica por que me ocultaste isso. Mesmo assim,
deveria me haver dado conta. Quem a não ser você ia ou seja quais são
meus pratos favoritos? -suspirou-. Mas me deveria haver isso dito.
-Não era teu assunto -disse ela, passando junto a ele.
Ángela entrou no dormitório, com ele lhe pisando os talões. -É meu amiga.
Se necessitava dinheiro, por que não foi para mim?
-por que teria que havê-lo feito? Sou capaz de ganhar o e ao ver sua
expressão, continuou—: Posso cuidar de mim mesma, Luc. E sairei adiante.
Solo me levará um tempo.
«Possivelmente quando meu filho tenha acabado a universidade», pensou.
OH, não queria discutir mais. Sabia que ele não a deixaria em paz até que
lhe tivesse confessado todos os detalhes como um tolo periquito.
Surpreendia-lhe que não o tivesse feito já. Claro que sabia que não lhe ia
gostar de sua idéia de ter um filho sem um pai. Trataria de convencê-la para
não fazê-lo porque ele cresceu sem pais, passando de uma família adotiva
a um orfanato, para acabar em um reformatório. O que significava que teria
estado a um só passo de ir ao cárcere se não tivesse endireitado sua vida.
-me deixe te ajudar, Anjo.
derretia-se cada vez que a chamava assim, o que reafirmava sua decisão
de não dizer-lhe ainda. Queria ter uma família antes de ter cinqüenta e
descobrir que lhe tinha passado a oportunidade.
-Maldito seja seu orgulho -disse ele, ferido e mal-humorado.
-Luc, carinho, teria-me contratado como dona-de-casa de havê-lo sabido?
-Demônios, não. Te teria dado o dinheiro.
-Assim não te importava para nada ignorar quem era a misteriosa garota da
limpeza até que descobriu que era eu.
-Sim, mas...
-me deixe fazer isto a minha maneira -interrompeu-o-. Sei que te pode
permitir algo, mas eu não. E se me despede, irei trabalhar para outra
pessoa. Suspirou, aproximou-se dela e a agarrou pelos ombros.
-Nem me passaria pela cabeça -esboçou um sorriso-. Deveria havê-lo visto
vir. Ninguém salvo você e eu põe suas caixas de cereais por ordem de
altura.
Ela se pôs-se a rir, aliviada.
-Somos um caso, verdade?
-Sim -deu-lhe um beijo na frente e logo a abraçou. Ouviu-a suspirar
levemente e sentiu que seu corpo se relaxava enquanto lhe acontecia os
braços pela cintura. O desejo o invadiu e embora sabia que aquilo não era
prudente, precisava abraçá-la e sentir que ela o necessitava.
-Estamos bem então?
Lhe aconteceu a mão pelas costas.
-Certamente que sim. Ou ao menos o estaremos se me promete que vais
dormir mais e que não te deixará a pele limpando minha casa.
-Prometo-o. Agora vai tudo bem?
-Pode estar segura. passamos por coisas piores, não?
Ela se apartou, sonriendo dubitativamente, como forçada, e ele tratou de
não franzir o cenho.
-Bom, minha pequena dona-de-casa, será melhor que vamos se não
querermos chegar tarde -disse, saindo da habitação-. Espero-te abaixo.
Ela ficou petrificada quando partiu, perguntando-se o que passaria quando
ficasse grávida e lhe perguntasse quem era o pai. Não queria lhe fazer
danifico, mas sabia que a mentira acabaria por lhe explorar na cara. Ao
melhor, pensou, no tempo que lhe levasse conseguir o dinheiro para as
operações encontrava ao Senhor Apropriado, apaixonava-se por ele e
formava uma família. Sabia que se estava fazendo ilusões, mas não podia
evitá-lo. Comprovou sua imagem no espelho e saiu.
Luc a esperava de pé, ao final das escadas. O coração de Ángela deu um
salto ao vê-lo. Tinha um. aura que impunha, e apesar da gravata e o
smoking, nos olhos ainda se via o menino duro que sábia desembrulhar-se
com uma navalha como a maioria dos meninos o faziam com as chaves do
carro associação de Futebol-miliar A gente de seu entorno não conhecia os
detalhes de seu passado como ela. «chegou tão longe...», pensou. E o
queria ainda mais por isso.
deteve-se um momento. Como a um irmão. Sim. queria-o como a um irmão,
recordou-se, rechaçando os sentimentos de na semana anterior.
-Estas bem? -inquiriu ele com voz suave.
Quando viu que seu olhar se deslizava sobre ela, desejou que tudo fora
distinto, que ele não fora tão bom amigo e confidente e que não estivesse
contra ser pai. «Nem te ocorra», advertiu-se. Quão último arriscaria no
mundo seria ao Lucas.
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Lucas tinha um trabalho com o que não podia dar-se pressa quando
precisava estar em outro sítio. Precisava estar com Ángela.
imaginava o que devia estar pensando dele. Porque para falar claro, estava-
a plantando. supunha-se que foram comer juntos, como em uma entrevista.
Ángela tinha protestado muito, sobre tudo porque ele não tinha podido
chamar desde que partisse de sua casa aquela manhã.
Esboçou um sorriso enquanto lhe dava os últimos pontos ao polegar de um
jovem paciente, e logo escreveu as receitas enquanto Sandy lhe enfaixava
a ferida. Não tinha podido pensar com claridade em todo o dia, com as
imagens de Ángela em seus braços, tomando-o em seu interior, lhe
esquentando o sangue até embebedá-lo. Solo pensando em beijar sua pele
nua se endurecia. Ao menos assim podia agüentar um dia tão largo.
-Doutor?
Lucas se avivou e olhou a Sandy. Estendia-lhe um relatório para que o
assinasse. Leu as notas que tinha feito, com uma caligrafia muito melhor
que a sua, e logo rabiscou a assinatura.
Enquanto ela acompanhava à mãe e ao menino à saída, Lucas se dirigiu ao
telefone que havia na parede. Não chegou nem a aproximar-se.
-OH, não, ainda não, doutor Ryder. Joey Marsh lhe espera. Lucas grunhiu e
se deu a volta. Que lhe acontece esta vez?
Tem uma ervilha no nariz -tratou de não sorrir em vão. Só um? -riu Lucas
entre dentes-. vamos ver se podemos acalmar à senhora Marsh. O guri
deve voltá-la louca.
enquanto caminhavam para a sala de espera, Sandy falou em voz baixa.
Disse que se o fazia outra vez ia passar os próximos três anos respirando
pela boca porque lhe ia selar o nariz com cinta adesiva. Lucas sorriu,
sabendo que a senhora Marsh nunca o faria. Olhou a hora, olhou o telefone
na recepção das enfermeiras e logo a pilha de forme e o corredor cheio de
pacientes. Não tinha tempo de chamar, pensou, e se meteu em seu
escritório.
Quatro horas mais tarde, quando se derrubou na cadeira em um descanso,
marcou o número de Ángela. Saltou a secretária eletrônica e lhe deixou
uma mensagem. Logo, chamou a sua casa, se por acaso ela estava ali,
mas lhe saltou sua própria secretária eletrônica.
- Onde estava? Faltavam-lhe várias horas para ir a
trabalhar. Estava zangada porque não a tinha chamado? Evitava-o?
Assaltou-lhe a imagem de Ángela
junto ao telefone escutando a mensagem sem desprender. Não, pensou,
«não te precipite». Se tratava de
Ángela e ela estranha vez ficava calada quando
estava zangada. Lucas se passou uma mão pela
cara, notando que se sentia algo inseguro respeito
a ela pela primeira vez em sua relação.
Com as demais mulheres, o sexo não tinha significado muito. Com Ángela,
trocava-o tudo. Sempre tinha podido contar com ela, antecipar seus
pensamentos. Mas não naqueles momentos. A diferença estribava em que
tinha medo de perdê-la.
Quando Lucas não se apresentou no lugar no que tinham ficado, Ángela se
sentiu abandonada até que chamou o hospital e se inteirou de que tinha
muitos pacientes por atender. Perdoou-o imediatamente, mas não pôde
deixar de lhe dar voltas à cabeça. Em sua casa limpando, viu-o tudo de uma
perspectiva um tanto diferente. Especialmente sua cama de quatro postes.
Quando se encontrou tendida na cama inalando o aroma do Lucas, deu-se
conta de que tinha que sair a limpar-se. Chamou o Katherine Davenport e
naqueles momentos as duas se sentavam na terraço de uma cafeteria,
conversando. O ar era quente e úmido, embora a brisa que chegava do rio
refrescava aos turistas, que passeavam pelo passeio de madeira que
bordeaba a borda.
-Soube do momento em que escutei sua voz por telefone -disse Katherine,
antes de cravar em sua salada e levar um bocado à boca—. Falava com um
tom excitado que parecia dizer «OH, Deus, o que tenho feito».
-Quero que me explique isso algum dia -disse Ángela, acomodando-se na
cadeira-. Parece uma prova de concurso.
Mas Kat tinha razão. Estava encantada com o ocorrido. Tinha sido um dos
momentos mais incríveis de sua vida. De fato, a necessidade imperiosa do
ter perto ia crescendo em seu interior, anulando seu sentido comum.
Mesmo assim, o sentimento de felicidade se mesclava com outros
sentimentos confusos que a tinham incomodado com o passar do dia.
Amava ao Lucas. Disso não cabia nenhuma dúvida. Era sua alma gemea e
sempre o tinha sido. E uma vez liberados, aqueles sentimentos a tinham
alagado por completo. Como se a tivessem despertado de um comprido
sonho com um beijo. Bom, algo mais que um beijo, pensou, divertida. Mas
as diferença entre eles seguiam sendo evidentes. E odiava que estribassem
no fato de ter meninos, E bem? pressionou-a Kat. Não vou contar os
detalhes íntimos.-Céu, a julgar por seu sorriso, parece que há muito mas
que detalhe para contar.
Ángela se ruborizou.
Se, bom de repente, inclinou-se e falou em voz baixa. Que vou fazer?
Katherine a olhou como se fora o parvo do povo.
-Amá-lo, te casar com ele.
Ela meneio a cabeça.
-Não me perguntou isso e ainda é logo para isso. Além disso, não queremos
as mesmas coisas, Kat. Se fosse assim, isto teria ocorrido muito antes.
Córcholis. agora teria uma enxurrada de crias morenos pegos a sua saia.
Ángela sentiu um golpe de alegria ao imaginar por um momento que
sustentava ao bebê do Lucas em braços, antes de retornar à realidade. E se
estiver grávida? Kat tomou uma baforada de ar, interrogando-a om o
olhar.
Só uma vez.
-Com isso basta. Ángela fez uma careta de amargura, temerosa.
-Cala, não posso pensar nisso agora.
Não estava na fase mais fértil do ciclo, pensou, e
logo recordou o que havia dito ele quando procurava os preservativos.
«Nunca é muito tarde. Isso demonstrava o que lhe tinha repetido tantas
vezes. Nada de meninos. Nem sequer por acidente.
—OH, sim, Kat Scarlett Ou'Hara, amanhã será outro dia. Não me fale disso
agora -disse Katherine. De repente, deixou cair o garfo-. OH, Deus, vais
seguir adiante com isso.
-Isso?
-A inseminação artificial.
-Sim -disse Ángela, sem muita convicção. –
Como pode querer fazê-lo quando sua relação com o Lucas trocou?
-Porque se não fazer o que quero, nunca será uma verdadeira relação. Se
me casasse com ele e não tivesse filhos, lamentaria-o.
-Pode que troque de idéia depois do matrimônio -disse Kat.
-Acabaria sentindo rancor e ele se sentiria culpado. Não quero que seja
assim.
-Acredito que precisa falar com ele.
-Suponho que mais que falar, gritaremos.
-Está te colocando em uma confusão. Tudo trocou entre vós. por que não
teria que trocar ele também?
-Não. Lucas, não. Conheço-o -em realidade estava tão em contra, pensou
Ángela, que lhe surpreendia que não se feito uma vasectomia-. O mau é
que, de quem realmente eu gostaria de ter um filho. não me vai dar isso
-E se solo queria ter um filho dele, por que seguia expondo-se o da
operação?, perguntou-se
O acidente de um ônibus escolar reteve o Lucas no hospital e embora
Ángela ainda tinha suas dúvidas, preparou-lhe algo de comer e uma muda
de roupa e entregou o pacote a Sandy, já que ele se achava em cuidados
intensivos.
Transcorreu uma semana antes de que pudessem dizer-se algumas
palavras. Ángela precisava vê-lo desesperadamente. Que a abraçasse. Que
a tranqüilizasse e lhe dissesse que o ocorrido não tinha sido um equívoco.
Odiava sentir-se tão insegura, sobre tudo quando sabia que se dirigiam para
o desastre. E assim foi. Ángela estava limpando seu quarto de banho
quando ele apareceu na porta. -Olá.
Levantou a vista. O coração lhe deu um salto. Fechou o grifo. —Olá, Doc.
Parece cansado -comentou, ao ver as rugas na camisa e a calça.
—Você está genial -respondeu Lucas, olhando-a. A camiseta branca e as
bermuda contribuíram a lhe levantar o ânimo. Entrou no banheiro e a atraiu
para ele. abraçando-a. A tensão e o cansaço dos últimos dias se
evaporaram. Ela era como um porto seguro ao que acudir, pensou Lucas-.
Obrigado pela comida e a roupa. —De nada -sussurrou Ángela, lhe
acariciando a nunca. «Isto é maravilhoso», pensou.
—Te senti falta de, Anjo -murmurou ele, e a beijou.
Foi instantâneo, como a primeira vez, um impulso de emoção e desejo, e
Lucas soube que sempre seria assim. Estreitou-a entre seus braços,
levantou-a e saiu do banho. Não deixou de tocá-la enquanto
depositava-a no chão, indagando com as mãos
por debaixo de sua camiseta. Descobriu com luxúria
que não levava prendedor e encheu as Palmas com a
suave v arredondada carne.
Ángela ofegou, apertando-se contra seu corpo, desfrutando da quebra de
onda de desejo que a invadia. —Deus, te senti falta de -disse ele com voz
rouca-. Desejava voltar a te tocar. Solo pensei em ti. —Mentiroso -disse ela
sem fôlego, ao sentir que os polegares lhe acariciavam com força os
mamilos-estabas trabalhando e nada te distrai quando trabalha.
-Você sim -sua boca se desviou para baixo-. Você se -afirmou, subindo a
camiseta e fechando os lábios ao redor de um mamilo.
Ela sussurrou seu nome e ele a reclinou sobre o braço, devorando-a.
-Desejo-te, OH, Ange, necessito-te -com a mão livre lhe percorreu o corpo
da coxa até os peitos. Apoiou-a contra a parede, aterrissando sobre ela,
enquanto um joelho se insinuava entre suas coxas. Ángela reagiu,
tremendo, sentindo que seu corpo se umedecia. Desejava-o já, e sabia que
se não paravam, de um momento a outro rodariam nus pelo chão.
-Lucas -disse, tratando de controlar-se-. Lucas. Temos que parar. -Quem o
diz? Eu.
Ele ficou quieto. Franziu o cenho e a olhou. -por que?
Lhe acariciou a bochecha.
-Bom, em primeiro lugar, devo estar na rádio dentro de duas horas e ainda
tenho que ir casa a tomar banho e me trocar de roupa.
-São duas horas. Vêem a cama comigo e dúchate aqui -replicou, tomando a
mão e arrastando-a pelo corredor para sua habitação.
Ela cravou os talões, quando o que de verdade queria fazer era lhe saltar
em cima. Mas tinham que falar.
-Minha roupa está em casa e ainda tenho que acabar de limpar.
O se deteve, mas quando se deu a volta, ela já se dirigia para o salão.
Zangado, foi atrás dela, agarrou-lhe a mão e a obrigou a olhá-lo. Que te
passa?
Ela se encolheu de ombros.
-Vá. não sei. Talvez é que me deitei com meu melhor amigo.
-Fez o amor com seu melhor amigo -corrigiu brandamente, severo.
-SE -disse ela, forçando um sorriso-. Mas o que
vamos fazer?
F-azer? Já estamos fazendo-o. E não há nada
que devamos lamentar, Ange. Simplesmente agora
olhamo-nos de forma diferente -seu olhar lhe acaricio o corpo—. Como
quando está nua e sem fôlego.
Ángela fez caso omisso da reação que suas palavras provocaram e falou
com claridade. —Lucas, carinho, aonde nos leva tudo isto? Lucas soube ao
que se referia e sua expressão se obscureceu.
—Não quero filhos, Ange, já sabe. Pelo amor de Deus. acabo de remendar
a cinco.
-E isso te impede de querer os ter, né?
—Não. é sozinho que seria um mau pai. Não tenho a capacidade
necessária.
-Está-te enganando a ti mesmo, Luc, mas não vou persuadir te. Tem que
desejá-lo como eu.
O ficou olhando-a fixamente.
—Não estará pensando ainda na inseminação artificial, verdade?
Se a verdade for que...
-Não!
Ela piscou, surpreendida por sua veemência.
Lucas... - Não. Ángela. Não e não. Solo de pensá-lome gela o sangue. O
bebê de um estranho crescendo em seu interior...
Maldita seja, Lucas. É a única maneira na que poderei ter um! E só porque
tenhamos praticado o sexo não acreditará que tem direito a de arme o que
devo fazer. E tampouco o teria embora nos casássemos.
Zangado, ele replicou:
-Tampouco a mim o matrimônio faria trocar de idéia a respeito.
Ela inspirou profundamente para ouvir aquelas palavras, doída.
encontravam-se em um ponto morto
-Sei, e embora assim fora, Ryder, não trocaria o fato de que as decisões
sobre meu corpo tomo eu.
Ele abriu a boca e logo a fechou de repente. Tinha razão, é obvio. Odiava o
ciúmes e a raiva que se escondiam em seu interior. Não queria perdê-la,
mas estava vendo como sua relação se deterioraraba por momentos. Lhe
encolheu o coração e tratou de retê-la. Ela se apartou.
—Acreditava que ia arrojar meus sonhos pela amurada porque tenhamos
feito o amor?
-Bom, não, mas eu... enfim... -passou-se os dê-dos pelo cabelo, nervoso, e
logo lhe espetou-: Maldita seja, sim, se quiser que te diga a verdade. Tudo é
distinto agora. Agora nos temos o um ao outro Ange.
-Mas eu quero filhos.
-Não sou suficiente para ti?
Soou tão ferido que ela se entristeceu. Tomou pelos ombros e o obrigou a
olhá-la.
-Carinho, não é isso. Eu... eu te quero, Lucas -ele tragou saliva e procurou
seu olhar-. Sempre te quis. Agora mais que nunca -as lágrimas alaga-ron
seus olhos, enquanto seu coração aguardava uma resposta que não
chegou-. Quero uma vida contigo. mas... acabaria por me odiar.
-Nunca poderia te odiar.
-Embora tivéssemos uma vida em comum, não deixaria de sentir esse vazio
que sinto pela necessidade de abraçar a meu próprio filho. Guardaria-te
rancor por me negar isso E você me odiaria por querer... Deus fechou os
olhos brevemente-, isto dói. Lhe quebrou a voz, mas antes de que pudesse
apartar-se, ele a reteve. —Não temos futuro juntos, Luc. Queremos vistas
distintas.
Ange, carinho, não diga isso -disse Luc, ante o pânico de perdê-la.
-Foi um engano que cruzássemos a linha.
—Não. ;é o melhor que podia nos haver passado! Nada está decidido e,
entretanto, sinto que te batalhe entre os dedos. Ela levantou a vista,
soluçando. —Não posso seguir falando -disse, apartando-se. Lucas a
seguiu até a porta. -Carinho, precisamos falar mais sobre isto. Por favor,
não vá assim.
Ángela se voltou para olhá-lo, com o rosto alagado em lágrimas.
Não quero te fazer danifico, Luc, mas se o homem ao que quero não me dá
um filho, o homem ao que não conheço o fará.
Saiu antes de que ele tivesse tempo de responde Lucas se apoiou na porta,
tratando de desfazer o nó que tinha na garganta. A agonia o agarrotaba o
peito e soube pela primeira vez o que sentia a gente quando falava de ter o
coração partido.
Ángela aguardava sentada no despacho da ginecóloga, esperando os
resultados. Tinham-lhe feita análise de todo tipo antes de autorizar a
primeira operação. O dia tinha chegado. Não queria esperar mais, porque
Lucas encontraria a maneira de convencê-la para que desistisse. Tampouco
esperava que uma vez grávida, ele trocasse de idéia Já era mayorcita para
albergar vões esperanças Não a tinha chamado desde que se foi de sua
casa fazia uma semana, mas tampouco tinha chamado ela
sentia-se afundada. Doía-lhe a briga que tinham tido, não poder contar com
ele. Sua mãe lhe tinha perguntado se estava doente. Também suas irmãs
lhe tinham feito pergunta, mas solo Sarah sábia que planejava praticar uma
inseminação artificial. Sua irmã a tinha apoiado, embora Ángela sabia que
não o passava. Claro que ela estava felizmente casada e tinha três filhos.
Não podia entendê-lo.
Ángela se sentia como uma solteirona tratando de aferrar-se à vida por
todos os meios. de repente, a cara do Lucas apareceu em sua mente, lhe
fazendo duvidar. Não queria perder ao amor de sua vida por isso. O expôs
durante uns segundos e decidiu que não ia fazê-lo no momento. Seria um
pouco precipitado, em quente, sobre tudo quando lhe doía tanto o coração.
Tinha que falar com o Lucas de novo, embora não sabia o que ia dizer lhe.
Em qualquer caso, Lucas vinha primeiro.
Agarrando sua bolsa, ficou em pé e quando estava a ponto de lhe escrever
uma nota a seu médico a porta se abriu. Com um relatório na mão, a
ginecóloga entrou, sorridente, cruzou o despacho e se sentou no bordo do
escritório. Ángela franziu o cenho ao vê-la, pensando que parecia muito
jovem para ser médico, e muito menos um especialista.
-Já ia. decidi pospor isto para dentro de umas semanas.
A doutora assentiu e logo olhou o relatório.
-Pode que queira pospor isto durante algo mais de tempo -disse, com um
sorriso misterioso que pôs a Ángela nervosa.
-Quanto tempo? —Uns oito meses.
Ángela tragou saliva, aterrorizada.
—Pendão, o que quer dizer?
—Já está grávida, senhorita Justice. De umas
três«semanas, a julgar pelos níveis de hormônios.
três semanas. Lucas. OH, Deus.
derrubou-se sobre a cadeira. A vida começava a enfurecer-se com ela.
Tinha o bebê que queria do homem que não queria ser pai.
Capítulo 9
Ángela saiu a tropicões do banho, arrastou-se até a cama e rezou para que
aquele fora o último ataque de náuseas matutinas. À uma da tarde O
menino, ao parecer, tinha o horário tão trocado como o dela. deitava-se às
cinco e meia da manhã, dormia até o meio-dia e logo vomitava até as tripas
durante a hora seguinte «Que maneira de começar o dia», pensou,
tendendo-se de costas.
tampou-se o ventre, fechou os olhos e mentalmente lhe suplicou ao bebe
que voltasse a dormir. Parecia que, do momento em que tinha averiguado
que estava grávida, todos os sintomas tinham começado a amassá-la.
O telefone soou, mas deixou que saltasse a secretária eletrônica. De todas
formas, não poderia formular uma frase com um mínimo de coerência. Para
ouvir a voz do Lucas, avivou-se imediatamente.
-Anjo, me chame. Não posso suportá-lo. passou muito tempo. Necessito-te.
«Necessito-te. Nada de te quero, não posso viver sem ti...». Fechou os
olhos, incapaz ainda de enfrentar-se a ele. Ainda tratava de fazer-se à idéia
de que finalmente estava grávida. Do filho do Lucas. Sabia o que ocorreria
quando ele se inteirasse. Apartaria-a como tinha afastado às demais
mulheres de sua vida. Sua fobia ao compromisso formava parte de seu
rechaço à paternidade. Mesmo assim, sentiria-se obrigado e ela não o
queria assim. Queria sua total entrega.
Não tem sentido que o deixe para mais adiante, pensou, incorporando-se de
repente. O movimento foi um engano. Sobreveio-lhe outra quebra de onda
de náuseas que apaziguou bebendo o copo de água que tinha na mesinha.
Depois se sustentou a cabeça entre as mãos, pensando no Lucas. Tinha
que dizer-lhe Hoje. Lucas estava contente porque já era fim de semana e
não tinha que estar de guarda. Sua atenção aos pacientes tinha deixado
bastante que desejar durante aquela semana. Precisava estar sozinho, até-
que quão único aquela tranqüilidade estava conseguindo era voltá-lo
louco. encontrava-se estripado sobre o sofá, fazendo zappingv bebendo
uma taça de café. Finalmente apagou a televisão e suspirou. Nem sequer
tinha querido levantar-se essa manhã. Ter que enfrentar-se a um novo dia
sem Ángela lhe carcomia as vísceras. Tinha-a estado escutando pela rádio
cada noite desde que partiu de sua casa. Solo ouvindo sua voz se
tranqüilizava. perguntou-se se ela o estaria passando tão mal como ele. O
telefone soou e pôde ouvir sua voz deixando uma mensagem no com-
testador. Lucas deu um salto para o telefone e dê-
pendurou.
--Anjo- -perguntou, ansioso.
-Olá, doutor. Como está? -apesar de seu tom alegre, Ángela fechou os
olhos pelo prazer de voltar a escutar sua voz.
Lucas deixou escapar um suspiro de alívio.
-Fatal. Te sinto falta de, Anjo.
-Eu também te sinto falta de -disse Ángela, com um nó na garganta.
-Então deixa que te veja. Sinto-me como um viciado no que lhe tiraram a
dose.
Ángela esboçou um sorriso.
-O mesmo digo.
Desde que ele havia tornado de San Diego, nunca tinham estado separados
durante tanto tempo, e inclusive então se chamavam ao menos duas vezes
à semana.
-Podemos encontrar uma solução, sei que podemos. Fala comigo.
A Ángela incomodou a determinação com que o disse. A única maneira de
solucioná-lo era que o trocasse de ideia em relação aos filhos.
-Pode que você não goste do que tenho que te dizer.
-Carinho, seja o que seja, tem que haver uma sou lución. Não posso te
perder.
-O Plum's Café, em uma hora, de acordo?
Lucas jogou uma olhada rápida ao relógio da chaminé.
-Ali estarei -respondeu.
Parecia tão ansioso por vê-la... Ángela teve vontades de chorar.
-Muito bem. Até mais tarde.
Lucas pendurou e se dirigiu a seu quarto para trocar-se. deteve-se um
momento a meio caminho. Ángela parecia preocupada, cansada, pensou. E
um pouco assustada. Ángela cruzava a esquina enquanto saía à rua onde
estava a cafeteria, quando viu o Lucas abraçar a outra mulher. Uma mulher
pequena e loira Se parou em seco. Lhe afundou o coração aos pés sentindo
como a ira e o ciúmes a invadiam ao vê: como lhe sorria, dizia-lhe algo que
não pôde captar lhe tocava a bochecha. Deu um passo, porque não queria
passar por cima o que tinha visto, mas logo decidiu que não merecia a pena
montar uma cena diante de toda a cidade. deu-se a volta. -Ángela!
continuou caminhando e acelerou o passo para o carro. Lucas correu atrás
dela, e justo quando ela colocava a chave na fechadura, ele a alcançou. —
por que vai? Não me ouvia? —Ouvia-te e te vi. -olhou-o zangada, logo
desviou a vista para a mulher e voltou a olhá-lo-. Sabia que o compromisso
não era seu forte, Lucas, mas, vá,
isto deve ser um recorde. Inclusive para ti. O que? -girou-se para olhar à
loira e logo a ela— Não o entendeste, carinho. -Sério? Peço-te que
fiquemos e te vejo com
outra mulher.
Ángela abriu a porta do carro, obrigando-o a apartar-se, mas Lucas a
agarrou e a tirou. deu-se conta de que estavam chamando a atenção.
Caminhou até seu carro, abriu a porta do passageiro e
grunho:
Entra. Com o cenho franzido, Ángela se montou em seu carro.
-Estas ciumenta -disse Lucas, uma vez aceso o motor.
-Certamente que sim.
Não tem nenhuma razão para estar ciumenta. E é seu a que te liberou de
mim. o se. Não queria.
O lhe lançou um olhar ardente. Então não o faça. Tem uma reputação com
a que estou bastante familiarizada, Luc. ouvi falar de cada uma de suas
conquistas. O que se supõe que devo pensar se te vejo abraçando a outra
mulher? Lucas se girou para olhá-la. -supõe-se que deve confiar em mim.
Como o tem feito durante quinze anos -a expressão de Ángela se
abrandou-. E essa era a mãe de um paciente. Estava-me dando as obrigado
por salvar a vida de seu filho.
Ángela se sentiu culpado.
-Um paciente?
—Sim -disse, aproximando-se dela—. É a única mulher que quero abraçar,
Anjo.
O coração de Ángela deu um salto e logo se afundou de novo ao recordar o
que tinha que lhe dizer.
-Sinto muito. É que desde que não nos vemos, logo que posso pensar em
outra coisa, em que cometemos um equívoco.
-Não, maldita seja, não é assim -e logo a beijou.
E os dias frios de separação se dissolveram no calor do momento. Ela se
inclinou e ele a apertou contra seu corpo enquanto a beijava fervientemente.
Seus lábios e sua língua se apropriaram de sua boca, seduzindo-a, lhe
mostrando quanto a tinha sentido falta de, quanto a necessitava. beijaram-
se com ansiedade, tratando de aproximá-lo máximo possível, a mão dele
introduzindo-se sob a blusa, e a mão dela apalpando suas calças. Lucas
emitiu um grunhido de frustração ao sentir sua carícia. Abruptamente, ele a
pôs no assento e manobrou o carro, unindo-se por fim ao tráfico. Conduziu
o esportivo a toda velocidade. O Jaguar tomou as curvas como se fora por
trilhos. Trocou de marcha, com a vista fixa na estrada, enquanto sua mão se
deslizava por debaixo de sua saia, lhe abrindo as coxas.
-Lucas!
-te abra a mim, carinho, preciso te tocar.
A força de vontade de Ángela se evaporou e abriu as pernas. Seus dedos
se deslizaram por de desço das braguitas e entre as dobras da úmida
carne. Ángela conteve o fôlego, arqueando os quadris enquanto ele jogava
com uma intenção que não deixava lugar a dúvidas. Não lhe importou. Não
podia pensar em nada mais.
—Troca de marcha -ordenou. Ela obedeceu, sem
querer que se detivera, e para quando ele se meteu
pelo caminho de cascalho e estacionou finalmente no
garagem, ela estava disposta a fazer o amor ali
Mesmo imediatamente.
Quando se fechou a porta da garagem fica-ron na mais completa escuridão,
mas em poucos segundos ele abria a porta do passageiro e a tirava do
carro para beijá-la de novo. Ao notar o frio aço nas pernas, Ángela sentiu
que a urgência a devorava. Lucas respondeu a sua demanda lhe
levantando a saia. Enganchou a fina borracha das braguitas com os
polegares e atirou dela, rasgando-
as. antes de que Ángela pudesse reagir, tendeu-a sobre o capô, introduziu
as mãos sob as nádegas e lhe levantou os quadris. Olhou-a aos olhos, com
um sorriso turvo e sexy, antes de saboreá-la. —Lucas!
Mas ele a aprisionou entre seus braços e sua língua
devorou seu sexo com avidez, penetrou em seu interior
com determinação, torturando-a incansavelmente,
fazendo que ela se arqueasse sobre o frio metal.
Depois lhe abriu as coxas e introduziu dois dedos
nela. Ángela encontrou o paraíso foto instantânea-
mente e emitiu um grito que reverberou nas pare-
dê da garagem. O continuou empurrando até que seu
corpo se acalmou e então a desceu do carro e a
arrastou até a casa.
—Não posso acreditar que lhe fizesse isso a meus braguitas- —disse ela,
ainda tremendo.
Sim, sei -grunhiu ele, beijando-a com ferocidade-. E também preciso te tirar
isto, já -acrescentou, antes de lhe desabotoar a blusa, lhe desabotoar o
prendedor e abranger seus peitos com as Palmas das mãos.
Ela se apertou contra ele, empurrando-o para trás.
-Você também.
Lutou com os botões de sua camisa enquanto os dois se tiravam os
sapatos. A blusa e o prendedor caíram no tapete, deixando um reguero
sensual da garagem até a entrada. Impaciente Lucas a empurrou contra a
parede mais próxima e a beijou. E voltou a beijá-la.
Não podia conter seu desespero. Necessitava-a a ela, não só seu corpo,
desejava-a tanto que não podia suportar a idéia de voltar a estar sem ela
Nunca se havia sentido mais perdido. Em seus braços dentro de seu corpo,
queria lhe provar que pareciam o um para o outro. Separado dela, estava
vivo pela metade; com ela, sentia-se inteiro e humano Olhando-a aos olhos,
pôde ver seu futuro, a vida com a que tinha sonhado de menino. Um lugar
ao que chamar lar.
Não ia permitir que partisse, nunca. Isso era o que seu beijo lhe transmitiu
enquanto se tirava a camisa e a apertava contra a parede. Baixou-lhe a
saia, abrangeu-lhe as nádegas com as mãos e a pressionou contra ele com
dureza, sussurrando que não podia esperar a estar dentro dela, a sentir que
seu corpo o envolvia.
-Então necessitamos menos roupa -disse ela. apartando sua saia de uma
patada. Logo, abriu-lhe as calças apressadamente e sua mão se fechou em
torno de sua masculinidade. Ele gemeu em voz alta empurrando sua ereção
contra sua palma enquanto lhe acariciava os peitos. Ela se deslizou pela
parede, arrastando as calças no movimento, e envolvendo-o de novo, o
meteu na boca. A mente do Lucas ficou em branco. Apenas
pôde permanecer em pé, teve que apoiar-se com
os dois braços na parede enquanto cada roce de seu
língua ia lhe fazendo perder o controle. Sabia que
estava gemendo como um louco, mas não podia evitá-lo.
-Anjo, Ange, carinho.
Ela fez caso omisso de sua súplica e continuou com seu doce ataque. Ao
bordo do abismo, Lucas a agarrou pelas axilas e a levantou. lançou-se
sobre ela. devorando sua boca, seus peitos. Começou a afastar-se da
parede, levando-a com ele, para o dormitório. As calças ficaram no
caminho. Não deixaram de tocar-se e beijar-se freneticamente, descobrindo
novas sensações. Enquanto a encurralava contra um dos postes da cama,
Lucas tirou um pequeno pacote da gaveta e o abriu. Ao vê-lo. Ángela sentiu
uma pontada de culpa, que desapareceu quando ele inundou um mamilo no
calor de sua boca, e logo riscou um atalho de beijos por seu corpo, marcado
na curva do quadril, no ventre, e quando a fez girar, nas nádegas e na
esbelta coluna. Ángela jogou a cabeça para trás e se aferrou ao poste ao
sentir que seus dedos se afundavam entre as coxas. Tocou seu corpo como
um perito violinista que tensa e afina as cordas de seu violino.
—Lucas, por favor -suplicou ela, apertando-se contra sua ereção.
Lucas não pôde conter um golpe de antecipação ao ver como ela se
agachava ligeiramente, abrindo confidencialmente o calor úmido de sua
vulnerabilidade. Encheu-a por completo, profundamente. aferrou-se a seus
quadris e fechou os olhos. O sentimento de plenitude que o invadiu lhe
roubou o fôlego e deu passo a uma paixão turbulenta. re-atirou-se
lentamente. Ela emitiu um gemido, quase um ronrono, e ele respondeu a
sua chamada, vibrando quando os delicados músculos se esticaram,
envolvendo-o como uma luva. Ángela sentiu que sua alma se partia em
dois, dividida pela necessidade se desesperada que tinha dele. Lucas
percebeu sua impaciência e a sustentou com força, empurrando uma e
outra vez, desejando que aquilo nunca terminasse. De repente se apartou,
provocando um grito de frustração que ele afogou com um beijo, enquanto a
fazia girar e a levantava. Voltou para casa com um movimento suave e
fluido, tendendo-a sobre a cama sem romper o ritmo sinuoso dos quadris.
Dobrou ligeiramente a perna, reclinado sobre ela, sorriu ao ver seus
formosos olhos, e a penetrou com firmeza.
-É minha, Anjo. Sempre o foste -sussurrou-. E sempre o será.
-Sim -murmurou ela junto a seus lábios-. Sim. Sempre. OH, Lucas.
Quebras de onda de prazer os engoliram enquanto seus corpos se fundiam
e separavam ao uníssono, e através de seus olhos azul claro ela pôde ler
nas profundidades de sua alma. Ofegou, tratando de respirar, lhe rodeando
com as pernas, pulsando pelo êxtase esplêndido de sua união. Observou
como o prazer dele iluminava seus rasgos, como perdia o fôlego, sem
deixar de olhá-lo aos olhos enquanto se afundava nela uma vez mais, e a
onda do clímax o elevava ao mais alto e rompia em seu interior.
-Anjo, Anjo.
-Sei, carinho, sei.
Surpreendia-a cada vez que faziam o amor. O poder e a força das
sensações que se encadeavam clamando uma liberação que solo ele podia
lhe dar.
beijaram-se, abraçados e trementes, relutantes a voltar para a realidade.
Porque Ángela sabia que tenha dría que enfrentar-se a seu problema, e
revelar o segredo que guardava a salvo nas vísceras. Lucas dormitou
perezosamente, sonriendo para ouvir ángela procurando sua roupa por toda
a casa. Abriu um olho quando entrou na habitação. Levava posta sua
camisa e não podia parecer mais sexy. Lhe arrojou as calças à cara.
-Não tenho calcinhas.
Ele sorriu de brinca a orelha. Estava tão graciosa, com os braços enj penhor
e a camisa aberta mostrando o vale entre seus peitos e os suaves cachos
entre as coxas.
-Não te disse que minha fantasia era te deixar sem calcinhas quando
estivesse comigo?
-Que diferença pode haver se em seguida me as estorvas?
-Então não lhe ponha isso nunca.
Lhe jogou tão solo uma olhada enquanto recolhia a saia do chão, franzindo
o cenho ao ver quão enrugada estava.
-vou parecer a golfa do povo se for assim a casa.
-Não é verdade. vais parecer uma mulher que foi amada apaixonadamente
durante toda a tarde -disse, dando uns golpecitos na cama-. Fique.
Ela não o olhou, negando com a cabeça enquanto examinava a blusa, que
estava pouco mais ou menos igual de enrugada.
-Tenho que ir trabalhar antes do habitual para gravar algumas rajadas
publicitárias para um novo promotor.
Tirando-a camisa, ficou o prendedor e a blusa. Lucas notou que as mãos
lhe tremiam ao subi-la saia. E que fugia seu olhar. -Anjo? -desceu-se da
cama e ficou as calças.
-Sim? -subiu a cremalheira da saia, metendo-a blusa por dentro.
Lucas recordou então como tinha começado o dia, quando falaram por
telefone. aproximou-se dela e lhe levantou o queixo para que o olhasse aos
olhos.
-me diga o que acontece, Ange. Noto que algo te carcome.
Ángela soube que o momento que tinha temido tanto tinha chegado.
-supõe-se que ia ter a primeira operação esta semana.
Lucas se esticou.
-E ao parecer não o tem feito -disse, em tom de interrogação.
Ela meneou a cabeça. Lucas se sentiu fatal sabendo quanto o desejava ela.
-troquei que idéia. Incrível, não? -lançou uma gargalhada seca-. depois de
toda meu palavrório, não pude fazê-lo, não se corria o risco de te perder.
Lucas se sentiu de uma vez triste e agradado.
-Quero uma vida contigo, Lucas, e se o fizesse, sei que te perderia.
-Não, carinho, não me perderia. Nada vai impedir que estejamos juntos.
Solo temos que encontrar uma solução.
-Isso espero -disse ela, apartando a vista.
-Está-te discretamente algo, Ángela -ela o olhou e a pena que viu em seus
olhos lhe surpreendeu-. Diga-me isso meu deus, parece que se morreu
alguém.
-Quando o médico entrou no despacho com o resultado das análise, já tinha
tomado a decisão. Partia-me para vir a verte. Então me deu os resultados
e ... -tomou ar e espetou-: ...era muito tarde. Já estou grávida. O a olhou
fixamente enquanto digeria as palavras.
-Grávida? Mas se não lhe fizeram a operação...
-vamos ter um menino, Lucas. O bebê é teu.
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Ángela se dirigia para o elevador pelo corredor do hospital com passo vivo
quando Lucas apareceu, como surto de um nada. parou-se em seco. O
coração lhe deu um tombo e seu olhar se chocou com a sua, produzindo
uma descarga elétrica que despertou o desejo imediatamente. Ardiam-lhe
as mãos por querer tocá-lo. Queria vê-lo sorrir, sentir seu corpo junto ao
dele.
Ele se aproximou, percorrendo-a com o olhar cada uma das facções de sua
cara antes de olhá-la aos olhos de novo.
-Olá, carinho.
Ela se derreteu ali mesmo.
-Olá, senhor médico.
-Vai tudo bem? -perguntou Lucas, jogando uma olhada à zona de
obstetrícia.
-Sim, solo era uma revisão -Lucas pareceu aliviado. Ángela continuou:- Foi
a outra noite sem te despedir -disse com voz suave. Era como lhe falar com
um estranho íntimo, pensou, sentindo-se como se estivesse pisando em
ovos.
-Não acreditei a que queria falar comigo.
-Eu quero sempre falar contigo, Lucas -disse Ángela, lamentando a
distância que tinha criado entre eles.
-Sim, suponho que simplesmente não nos pomos muito de acordo
ultimamente -Lucas elevou a mão para lhe acariciar a cara e logo a deixou
cair.
Ángela sentiu a perda de sua carícia na alma. -Ainda está zangada comigo
por dizer-lhe mediu Lucas.
Ángela denegou com a cabeça, sonriendo levemente.
-Não podia lhes mentir. Ou te negar a ti o direito a dizê-lo, se queria.
Era esperança o que detectava em sua voz?
-claro que sim -disse com ardor-, embora me dou conta de que não foi justo
te encurralar como o fiz.
-Não passa nada. Todos pensam que sou uma parva do bote por não me
casar contigo.
-Isto é entre você e eu, Anjo, não lhes concerne . trata-se de nossas vidas e
de nosso filho -ao ver que seus olhos se umedeciam, grunhiu-. Deus, oxalá
pudesse... -interrompeu-se ao ver que duas mulheres, luzindo dois
formosos ventres arredondados, passavam por seu lado. Lucas as seguiu
brevemente com o olhar até que se meteram no elevador-. Morro de
impaciência por verte assim.
Ángela descobriu que cada vez lhe custava menos lhe acreditar; parecia tão
sincero... mas o cepticismo lhe brotou dos lábios antes de que pudesse
contê-lo.
-Sim, já.
Lucas voltou a olhá-la.
-Não comece a duvidar de mim, Anjo -disse Lucas brandamente,
aproximando-se ainda mais, até não lhe deixar outra opção que apartar-se
ou ficar pega a ele. Tal e como esperava, Ángela se manteve firme. Ao
Lucas pareceu maravilhoso estar tão perto dela de novo, sentir seu calor,
cheirar seu aroma-. Não depois de todo este tempo.
-Como não vou fazer o, Luc? Que dê um giro de cento e oitenta graus
depois de quinze anos te ouvindo as mesmas palavras com a mesma
intransigência resulta difícil de acreditar. -É para mim a quem deveria
acreditar -respondeu ele com agressividade-, e acreditar no que te diga.
O fôlego de Ángela se entupiu na garganta quando ele se aproximou ainda
mais, mas antes de poder alegar algo em seu contrário de novo, ele a
estreitou contra ele e a beijou. Deu-lhe um beijo exigente, duro, sem temor a
quem pudesse vê-los. A reação de Ángela foi instantânea e tão poderosa,
palpitante e ardente como a dele. Lucas a apertou contra ele e suas mãos
lhe percorreram as costas com ânsia, introduzindo-se por debaixo da roupa.
Seguiu beijando-a até sentir que ela se rendia, quando Ángela não pôde
pensar em outra coisa que nos dois nus, fazendo o amor.
Para ouvir o assobio do elevador, Lucas se apartou e a empurrou dentro
com uma expressão severo. A Ángela lhe travaram ligeiramente as pernas,
mas quando recuperou o equilíbrio, girou-se e o olhou aos olhos.
-Nunca duvide de mim.
-Lucas... -comporta-as se fecharam e o perdeu de vista.
Lucas ficou olhando as portas durante uns instantes e logo se deu a volta e
se afastou.
Ángela jogava tremendamente de menos. E estar em sua casa, limpando e
cozinhando para ele, não lhe servia de muita ajuda. Mesmo assim, por
muito duro que lhe resultasse tocar suas coisas ou cheirar sua colônia,
precisava estar perto dele, embora isso implicasse recolher suas coisas. Ao
menos era cada vez mais ordenado, pensou, e logo se perguntou se o faria
a propósito pensando em seu embaraço. Nunca lhe tinha comentado que
deixasse o trabalho pelos problemas que tinham, e quanto a ela, dizia-se a
si mesmo que o fazia porque necessitava o dinheiro extra e a essas alturas
trabalhava quase como uma autônoma, mas não era certo. Como tampouco
o era o que Lucas queria casar-se com ela para que seu filho não fora
ilegítimo.
Rememorava seu último encontro uma e outra vez. Seu olhar e seu beijo
lhe tinham demonstrado que, mais à frente do sexo e da amizade, escondia-
se um redemoinho de emoções e dúvidas.
Ela o tentava, tentava confiar nele. Não queria passar por tudo aquilo
sozinha. depois de limpar o pó, enquanto colocava bem as almofadas da
poltrona, pensando no Lucas, Ángela encontrou um livro: Como ser um
grande pai. O coração lhe deu um tombo e teve que sentar-se no sofá. As
esquinas de algumas páginas estavam dobradas e havia notas e
comentários nos margens. A maioria falavam dela, salpicados de vez em
quando por algum adjetivo não muito adulador.
Deixou o livro sob a almofada perto do braço do sofá onde o tinha
encontrado e tratou de apartar o de sua mente, mas quando entrou na
habitação do Luc, se o reamaron as lembranças. Tocou o poste da cama e
ficou um momento abraçada a ele até que, ao sentir que estava ao bordo
das lágrimas, avivou-se e seguiu limpando.
Quando tirou a aspiradora do armário do corredor, descobriu uma caixa de
cartão na parte de atrás. «Por isso quase me cai em cima a aspiradora»,
pensou. Acendeu a luz para poder ler as letras impressas na caixa. Era uma
cadeira para dar de comer aos meninos. Esboçou um sorriso. O que
pretendia Lucas? Estava claro que não devia ter encontrado o livro, mas
aquilo? Bom, pensou, estava escondido entre os casacos de inverno. Levou
a aspiradora a sua habitação e quase aspirou outro livro que havia sob a
cama. Um livro de medicina sobre o embaraço. Meneou a cabeça, pô-lo
sobre a mesinha e acabou de limpar apressadamente. Queria estar fora dali
antes de que ele voltasse do trabalho. Tinha um par de horas de descanso
por diante, embora essa noite não ia estar de humor para aconselhar aos
afligidos. Não quando tinha perdido ao amor de sua vida. Dois dias mais
tarde, Ángela se encontrava no jardim traseiro da casa do Luc,
contemplando incrédula as duas caixas enormes de cartão que havia ali.
Alguém continha um balanço de madeira desmontável, um tobogã e uma
caixa de areia para jogar. Sorriu perversamente. Ao Lucas ia custar montar
todo aquilo. Podia costurar uma ferida como se fora o mais fácil do mundo,
mas a bricolagem não era o seu. Imaginou colocando as peças no chão
como fazia com o instrumental cirúrgico. De repente caiu na conta. O que
estava tramando Lucas? Se estava tratando de convencer a de que queria à
menina e estava preparado para ser pai, estava-o conseguindo, mas não de
que estivesse preparado para o matrimônio.
meteu-se na casa e se dirigiu para o salão. Ao entrar ficou petrificada.
Também estava cheio de caixas, mas o conteúdo estava fora: um berço
muito coquete de madeira, de um tom claro, uma cômoda, uma mesa para
trocar ao bebê e um parqué com sombrinha e tudo. Inclusive uma sillita para
o carro, pensou divertida, porque não caberia em seu Jaguar.
Não sabia se sentir sentida prazer ou zangada. Bom, pensou, ao menos era
de seu gosto. Pensava enrolá-la, ou lhe demonstrar que ele podia permitir-
se aquilo e ela não? Não, isso não era próprio do Lucas. Não era do tipo
machista auto-suficiente.
foi à cozinha a preparar o jantar e depois à habitação de convidados, que
não tinha podido limpar no dia anterior. Estava fechada com chave. Franziu
o cenho e procurou a chave correspondente entre o jogo que tinha. Lucas
nunca a tinha fechado antes. O que estava escondendo?
Provou com uma chave e girou repetidamente o bracelete.
-Necessita ajuda? -Lucas sorriu ao ver a expressão de surpresa e de culpa
que havia em sua cara.
-por que esta fechada com chave?
O se encolheu de ombros, tirou seu jogo de chaves e abriu a porta de par
em par. Ángela ficou olhando como uma idiota a habitação ao meio pintar.
Uma linha branca atravessava a parede pelo meio, e da linha até o teto se
viam prados e nuvens brancas pintadas sobre a parede; da linha até o chão,
estendia-se papel pintado com um motivo de cercas de madeira. A Ángela
lhe fez um nó na garganta ao vê-lo.
-Você tem feito isto?
-Precisava ter algo que fazer durante as duas últimas semanas -respondeu
Lucas. Queria dizer que a tinha sentido falta de, mas se conteve.
Ángela se aproximou da parede, e observou as ovejitas comendo flores, os
patos no lago e uma granja que se via ao longe.
-Isto é incrível.
-Ainda não pintei todas as nuvens -disse Lucas, cruzando a habitação até o
bote de pintura; abriu-o, agitou-o um pouco antes de colocar a esponjilla e
logo estirou o braço para acrescentar algo de branco ao azul do céu.
-Sabia que desenhava bem, mas não que tivesse tanto talento.
-Eu tampouco. Quem o teria imaginado, né? Aprendi a fazê-lo em um
desses programas de bricolagem da televisão -pressionou a esponjita com
cuidado um par de vezes, e logo se apartou para comprovar o resultado.
-Você crie que a menina notará se as nuvens estão perfeitas ou não?
-Não, mas eu sim.
-por que está fazendo tudo isto agora, Lucas? Ainda é algo logo. Poderia
passar algo.
-Não vou permitir que lhe aconteça nada a nossa filha -olhou-a por cima do
ombro, com ferocidade.
-Crie que isto vai convencer me de que quer ser pai?
-É que vou ser pai, Anjo. Ainda tenho que te convencer? -perguntou,
contendo o fôlego, com o braço estirado.
-Não, certamente que não. Já não.
Sonriendo, Lucas se deu a volta, deixou a esponjilla no chão e se limpou as
mãos com um trapo.
-Bom, ao fim.
Ela deu um passo atrás. O sorriso do Lucas se evaporou.
-Sei que quer ao menino. Nunca tiveste outra família que a minha -disse
Ángela. Lucas ficou gelado, espectador-. E agora levo no ventre a sua única
família de verdade.
-A nossa -grunhiu ele.
-E como se supõe que devo interpretar isso? Uma parte de mim repete
constantemente, dava que sim. O homem ao que quiseste sempre quer
casar-se contigo. vais ter a sua filha e olhe como demonstra que quer a esta
menina em sua vida -assinalou as paredes com um gesto-. Mas agora o
problema é o bebê.
-Não. Está fazendo que esse seja o problema.
Ela meneou a cabeça.
-Tenho o único do que careceste na vida. Família.
-Maldita seja, Ange, você foste minha família. Agora solo está crescendo.
O coração de Ángela se encolheu, destroçado. Nunca dizia que a queria.
Nunca falava deles. -Quero me casar contigo -disse Lucas-. Quero que
nossa filha tenha melhor começo na vida que o que tive eu. E quero que
esse começo parta de ti e de mim, juntos. Que mais posso fazer?
Quando ela não respondeu e se limitou a olhá-lo, Lucas se sentiu triste,
confuso e impotente.
-Fazer? -suspirou Ángela. Estava fazendo tudo o que se supunha que devia
fazer, mas não o que devia dizer. Para formar uma família fazia falta amor,
não só um bebê, dinheiro e um certificado de matrimônio. Não ia forçar o a
comprometer-se com ela se ele mesmo não sabia reconhecer o que sentia.
E não podia seguir sendo a única capaz de gritar «quero» a voz em grito.
Lucas ainda vivia sua vida com medo, como se pudesse querer uma saída
para escapar em um momento dado. Pode que ela tivesse seu coração,
mas ainda não estava preparado para deixar que ela o protegesse,
cuidasse dele.
Ángela se deu a volta e saiu da habitação. O não a chamou, não a seguiu e
sentiu que seu coração se desintegrava enquanto corria para o carro.
Apenas se fixou no grande monovolumen que tinha estacionado no caminho
da entrada em lugar do Jaguar.
Fogos de artifício, pensou. Porque os únicos sons que queria escutar
formavam duas simples palavras.
Dias mais tarde, Ángela se sentava no estudo, com os pés em alto e a
cabeça agachada. Estava exausta, embora tinha dormido durante toda a
tarde e não tinha ido trabalhar a casa do Lucas desde seu último encontro.
perguntou-se se lhe teria comprado algum outro brinquedo ou móvel ao
bebê e logo caiu na conta de que ela tinha que começar a fazer o mesmo.
Ángela emitiu um gemido de desespero. Vistas separadas em casas
separadas. Era como divorciar-se antes de casar-se. Lhe encolheu o
coração e se amaldiçoou por ser tão cabezota. «O que é o que quer, por
amor de Deus?», perguntou-se. «Tudo». Queria a aquele grande homem
com uma grande carreira, o jardim cheio de meninos, uma casa com uma
cerca branca e, maldita seja, mais que nada queria que Lucas a quisesse. A
ela. Não pelo bebê, não porque quisesse que ela o ouvisse, mas sim porque
ele precisasse dizê-lo, sem temor a comprometer-se com ela para sempre
ao as pronunciar. Porque quando Lucas as dissesse, sabia que seriam
sinceras e para sempre. Nunca as havia dito, e Ángela duvidava de que fora
a fazê-lo.
O técnico deu uns golpecitos no cristal e Ángela se sobressaltou, caindo na
conta de que a luz vermelha das chamadas piscava. Genial, pensou,
apertando o botão.
-Olá, sou AJ, está no ar.
A pessoa que tinha chamado se esclareceu garganta antes de saudá-la.
-Olá.
Ángela se esfregou as mãos, animando com seu silêncio a que o outro
continuasse.
-No que posso ajudá-lo? -perguntou finalmente.
-Bom, trata-se de uma mulher.
-E? Está-te fazendo desgraçado ou extremamente feliz?
O homem riu.
—As duas coisas de uma vez, de fato.
-Quê-la?
-OH, sim. Qui-la durante muito tempo. Quero me casar com ela.
-Ela te quer?
-Sim, não me cabe nenhuma dúvida.
Ela franziu o cenho, inclinando-se sobre a mesa. -Então, qual é o problema?
-Ela não acredita que queira me casar com ela pelas razões adequadas.
-E são?
-Sem entrar em detalhes, pois... conhecemo-nos há anos. fomos amigos e
recentemente o levamos um pouco mais longe.
Ángela tragou saliva, com o coração lhe batendo o dobro de forte.
—Continua.
-Sempre quis isto, mas nunca me atrevia porque ela é o melhor que me
passou, e não queria arruiná-lo.
-E com esse ir um pouco mais longe... pensa que o arruinaste.
-Não, tem-nos feito mais fortes.
-por que não quereria ela levá-lo mais longe?
-Sempre tive um problema com o do compromisso e ela sabe. Sempre o
soube. Em parte, é o que tem feito que fôssemos amigos e só amigos
durante tanto tempo.
A Ángela a percorreu um calafrio e baixou os pés da mesa.
-É isso verdade?
-Sim, mas agora...
produziu-se o silêncio durante um momento. A Ángela suavam as Palmas.
-me fale disso. Para isso estou aqui.
-saí com muitas mulheres que eu gostava, mas às que não queria, mulheres
que no fundo sabia que não eram o que eu procurava em uma mulher.
Eram o oposto a ela.
-por que fez isso?
-Porque me estava protegendo.
-Do que?
ouviram-se uns golpecitos no cristal do estudo, e Ángela levantou a vista
quando Lucas se situava frente ao cristal, com o móvel junto ao ouvido.
Inspirou profundamente, desviou a vista durante uns momentos e logo o
olhou de novo.
-Do que? -conseguiu dizer Ángela.
Lucas abriu a porta e entrou na cabine.
—De me comprometer com outra que não fora ela.
O coração de Ángela saltou de gozo em seu peito.
-por que? -Ángela se levantou lentamente enquanto ele rodeava a mesa,
ficando a poucos centímetros dela.
-Porque é a única pessoa que me foi fiel, que me quis pelo homem que sou
e não pelo que tenho, ou por quem serei. É a única com a que posso me
comprometer, porque fui seu desde dia em que me pediu que a
acompanhasse a casa da escola.
Os olhos de Ángela ardiam.
-Desde meu ponto de vista, acredito que foi uma idiota.
-Ah, mas tinha uma boa razão para duvidar de mim.
Lucas cortou a comunicação. Ángela se tirou os auriculares. O técnico,
sorridente, conectou o som da cabine e retransmitiu suas palavras em dois
estados. Nenhum dos dois se inteirou.
-Qual? -perguntou Ángela comovida.
-Porque esqueci que você foi primeiro uma mulher e depois meu amiga;
esqueci te dizer que quando te vejo, todo meu corpo cobra vida, que te
olhar aos olhos equivale a perder o fôlego e que saber que me quer é como
voltar para casa. Não te disse que não somente te desejo. O desejo é
caprichoso. Necessito que esteja... inteira -Lucas tragou saliva-. Necessito-
te porque me falta uma metade quando não está perto e quando estamos
separados... ah, Deus -disse, olhando-a profundamente aos olhos-, sinto-
me morrer -inclinou-se e lhe roçou a boca com os lábios, ouvindo o pequeno
gemido que emitiu ela-. Vê-o, esqueci-me -sussurrou-. Esqueci que solo
porque te conheço há tanto tempo, embora tenha compartilhado todo
contigo, não compartilhei realmente o que ocultava em meu coração.
-O que está dizendo, Lucas?
—Quero-te.
Os olhos de Ángela se umedeceram, seu coração cantava de alegria. Lucas
lhe rodeou a cara com as mãos.
-Quero-te, Anjo. Não posso querer a ninguém mais, nunca pude... porque te
quis durante quinze anos, e simplesmente não há sitio para nenhuma outra
mulher. Nunca o houve.
-Lucas.
Os olhos do Lucas, ardentes, cravados nos seus, transmitiam-lhe as
emoções que corroboravam suas palavras.
-Quero-te, carinho. Quero ser seu marido, seu amante, a única pessoa a
que acuda quando tiver problemas, quão única guarde seus segredos e
compartilhe seus sonhos -roçou-lhe os lábios com a boca uma vez, dois-.
Não sei como demonstrar que te quero e que quero me casar contigo, e não
só pelo B...
Ángela lhe pôs dois dedos sobre a boca.
-Acaba de fazê-lo.
Lucas esboçou um sorriso lento e sexy antes de lhe beijar os dedos e fechar
os olhos.
-Então dava que te casará comigo -olhou-a aos olhos, a aquela mulher a
que queria e necessitava mais que ao ar que respirava, e tirou um formoso
anel com um só diamante. Tomou sua mão, e o colocou na ponta de seu
dedo-. Isto é sozinho o princípio, Anjo, dava que sim.
Ángela olhou o anel com o coração na garganta. -Sim -sussurrou, e logo o
olhou aos olhos-. OH, sim.
Sonriendo, ele deslizou o anel até a base do dedo. As mãos de Ángela lhe
rodearam o pescoço, chorando. Lucas pressionou sua frente contra a sua.
-Quero-te, senhor médico -disse ela brandamente.
-Quero-te, Anjo -disse, ele cheio de contente.
Então, de repente, estreitou-a em seus braços e inclinou a cabeça para trás,
deixando escapar um grito vitorioso enquanto a levantava do chão e a fazia
girar. Ela se pôs-se a rir entre soluços, abraçada a ele, sem querer separar-
se de seu abraço. Lucas a beijou então, estreitando-a forte, sentindo como
ela enchia os espaços vazios de seu corpo igual a enchia os de sua alma.
Os dedos de Ángela se deslizaram por seu cabelo e ele gemeu pelo simples
prazer de sua carícia, desfrutando por antecipado dos sessenta ou setenta
anos que lhe esperavam junto a ela.
Uma voz cautelosa penetrou na cabine tirada o som.
-Ah, Ángela, senhorita Justice. Ajuda. As linhas telefônicas estão saturadas.
Ignorando a voz, Lucas lhe apartou o cabelo da cara e absorveu sua beleza
e o amor que ela irradiava. sentiu-se completo, ao fim estava em casa.
-Senhorita Justice?
-Que lhe deixem a mensagem -respondeu Ángela, segura ao fim de que
aquele menino solitário e perigoso ao que conheceu faz anos tinha
desaparecido, e em seu lugar havia um homem disposto a olhar para o
futuro sem temor, a compartilhar um amor que ambos sabiam que duraria
toda sua vida e mais à frente.
Epílogo