Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Resumo
Este artigo situa, historicamente, o início tanto da Psicologia Social tradicional quanto
da Psicologia Social crítica.
Abstract
This article describes, historically, the beginning of traditional social psychology and
critical social psychology.
De acordo com Lane (1985b), do início dos anos 50 até o final dos anos 60, a
Psicologia Social tradicional ou clássica – sob uma perspectiva congnitiva-comportamental
praticada, principalmente, nos EUA – chegava ao seu ápice e as temáticas estudadas
continuavam sendo as mesmas. A principal obra deste período é o Handbook of Social
Psychology de Lindzey, G. e Aronson, E., que em 1968, foi reeditada com cinco volumes.
Esta pretendia seguir o paradigma tradicional da ciência: um saber “puro e desinteressado”
politicamente.
O objeto da Psicologia Social tradicional é a interação humana, que não é vista como
processo histórico por esta abordagem. Dessa maneira, este objeto reflete uma noção estreita
do social, sem levar em conta o conjunto das produções humanas que constroem a realidade
social. Os métodos utilizados pela Psicologia Social clássica são aqueles que tentam
apreender objetivamente a realidade, e, entre eles, um dos mais utilizados é a pesquisa
experimental.
No Brasil, em 1974, foi publicado o livro Psicologia Social de Aroldo Rodrigues, que
segue esta vertente da Psicologia Social clássica. Mais recentemente, em 2000, o livro foi
4
editado pela 18a vez e ganhou a contribuição de mais dois autores: Bernardo Jablonski e
Eveline Assmar. Este livro adota algumas referências teóricas comportamentais e, na sua
maioria, cognitivistas. Uma boa introdução à Psicologia Social com perspectiva cognitivista,
mas sem o ranço meramente adesista às teorias norte-americanas, é o livro Introdução à
Psicologia Social de Helmuth Krüger, de 1986.
No final dos anos 60, os estudos da Psicologia Social, desenvolvida basicamente nos
EUA, não respondem mais aos graves problemas sociais de violência, injustiça social,
preconceito, individualismo, miséria etc. que acompanham a realidade de outros países.
Assim, cai por terra a vontade dos psicólogos sociais norte-americanos de globalizar, através
de leis universais, o conhecimento produzido nos EUA e, então, emerge a crise da Psicologia
Social.
Ainda segundo Lane (1985a), após este Congresso, um grupo de psicólogos sociais
brasileiros resolveu criar a Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO). Uma
nova Psicologia Social passou a ter compromisso com grupos e organizações populares.
Desse modo, psicólogos sociais brasileiros começaram a produzir conhecimento científico
com raízes na realidade brasileira e assim paravam de “importar” teorias que não se
coadunavam com a realidade social deste país, estabelecendo uma nova visão de Psicologia
Social, sob uma perspectiva sócio-histórica.
5
A Psicologia Social crítica, que então iniciava sua construção, não busca mais leis
universais como a Psicologia Social tradicional, mas conhecimentos particulares – produto da
mediação indivíduo e sociedade – que, entretanto, se estruturam em categorias universais, tais
como: atividade, representação social, consciência social, identidade social e outras. Em 1984,
Silvia Lane e Wanderley Codo organizaram o livro Psicologia Social – O Homem em
Movimento que deu forte impulso na sistematização da abordagem sócio-histórica e que se
propôs a estudar categorias como as referidas anteriormente. Na década de 80 cresceu o
trabalho dos psicólogos sociais brasileiros em comunidades (Lane, S., 1998).
Quando se toma uma postura crítica em Psicologia Social, verifica-se que há uma
impossibilidade em delimitar os conhecimentos em áreas estanques que compõem as ciências
humanas e sociais. Psicologia, Sociologia, Antropologia, Economia, História etc., contribuem,
sobremaneira, para a compreensão concreta do ser humano, pois suas fronteiras são
permeáveis, como pode ser constatado na obra Psicologia Social Contemporânea de
Marlene Neves Strey e outros, de 1998.
Finalmente, a aposta é a de que o psicólogo social seja agente de sua história, e que os
indivíduos e os grupos possam passar da condição de sujeitados a sujeitos transformadores do
socius. Assim, em nossa opinião, não existe ciência social neutra. Contribuir para relações
sociais democráticas é menos um ideal a ser atingido e mais uma resultante da luta vital
cotidiana que, como bom combate, nos faz tentar alcançar a potência de vivermos de forma
justa e solidária.
7
Bibliografia