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Brevíssimo Histórico
O PET fundado em 1979, sob o nome de Programa Especial de Treinamento, foi fundado pela
CAPES como uma alternativa para suprir a pós-graduação de alunos mais bem formados para o
ministério superior, saindo da tônica quase que exclusiva da preparação para a pesquisa. Os
programas de iniciação cientifica abrigados pelo CNPq cumpriam bem a tarefa de preparar
alunos para serem futuros pesquisadores, mas estes alunos não necessariamente se tornavam
bons professores universitários. Daí a exigência que os petianos trabalhassem ensino, pesquisa
e extensão e exercessem suas atividades em grupo, estimulando o senso coletivo.
O PET sofreu uma grande expansão de grupos em 1992, teve o ápice com o manual de 1995,
onde o programa foi pensado para se tornar um programa de excelência e de referência para a
graduação, mas inexplicavelmente sofre uma solução de continuidade a partir de 1997 com
verbas sendo cortadas, culminando com a ameaça concreta de sua extinção em 1999.
Por ser decantada em prosa e verso, vamos nos abster de contar a história da resistência à
extinção dos programas, e dar um salto para o momento em que o programa é oficial e
definitivamente estruturado dentro da SESu em 2005. A Lei que institui o PET é promulgada
em 23 de setembro de 2005, sendo Lula, o presidente, e Fernando Haddad, o Ministro da
Educação. Do mesmo mês, é a portaria 3.385 que regulamenta o programa. É por ocasião da
edição da Lei que o PET é renomeado como Programa de Educação Tutorial. Mais do que uma
simples troca de siglas, assistimos a uma profunda reformulação dos objetivos do Programa.
O novo PET, o da Educação Tutorial, estava no alicerce de uma política inédita e necessária do
MEC de valorização da graduação, política esta que viria se concretizar dentro em breve com o
lançamento do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, o REUNI.
Vale a pena notarmos o que o Ministro da Educação, Fernando Haddad, escreveu em 2008
acerca do novo PET:
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presencial e da indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão. Subjacentes a
estas questões, os autores também sinalizam para os desafios políticos,
administrativos e acadêmicos que atravessam toda e qualquer tentativa de mudar
o que está posto, dando passos seguros no rumo dos avanços que se pretende
para a educação brasileira.”1
Estamos em 2008, e estamos falando de consolidação de mudanças. Esta nova missão do PET
como um fator de qualidade do curso em que está inserido ainda precisa ser assimilada por
inteiro. O PET deixou de ser preferencial para a formação de seus doze membros, agora
pretende formá-los através da melhoria do curso em que o PET está inserido. É uma meta
muito mais ousada do que a anterior. O PET que era alienígena ao curso, e às vezes até à
universidade, passa a responder e a se integrar ao colegiado do curso, que agora participa, e
aprova, a etapa de planejamento das atividades do grupo.
Com toda suas benesses, há uma crítica que precisa ser feita ao REUNI: ele praticamente
apenas expandiu a oferta de cursos e matrículas, mas pouco reestruturou o ensino da
graduação no Brasil. As universidades, com as honrosas exceções, praticaram mais do mesmo.
Aumentaram vagas e criaram novos cursos nos mesmos moldes anteriores. Esqueceram que a
acelerada expansão atingida, se não acompanhada de um aumento da produtividade dos
recursos humanos e físicos disponíveis poderá, das duas umas, ou reverter a tendência
expansiva, ou implicar na perda de qualidade.
1
PET – Programa de Educação Tutorial: estratégia para o desenvolvimento da graduação. Organização
Secretaria de Ensino Superior, MEC. Iguatemy Lucena Martins, Solange Medina Ketzer (org.). Ano de
Publicação 2008.
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missão de ser um difusor da educação tutorial no âmbito do curso e da universidade, e não
apenas internamente ao grupo. Façamos a autocrítica, nem todos grupos entendem e
praticam a difusão da educação tutorial. Uma nova avaliação dos grupos PET deverá orientar e
cobrar ações efetivas neste sentido.
Não mais se concebe que em pleno século XXI, mais de 90% das aulas em cursos de graduação
sejam expositivas. Os alunos ficam passivamente a ouvir e a copiar um professor que fala por
quase duas horas. A taxa de aprendizagem deste tipo de ensino é baixíssima. Os alunos não
aprendem a pensar por si mesmos, são receptores passivos de um conteúdo que já lhes chega
acabado. Aonde fica o papel da descoberta, da curiosidade científica, do interesse em resolver
novas e variadas situações e problemas? As salas de aulas precisam se transformar em
laboratórios de aprendizagem. Não que isto seja levado ao pé da letra, mas uma sala de aula é
um lugar onde situações-problemas devem emergir, e o desenrolar de uma aula deve ser a
busca de soluções originais por parte dos alunos.
As novas tecnologias podem ajudar nesta nova dinâmica, mas a parte mais fundamental do
processo é o professor que precisa mudar. Precisa mudar para acompanhar as mudanças que
as novas gerações de alunos já trazem com elas. Os alunos chegam inseridos na cultura da
informação, abundante e rápida. As aulas precisam acompanhar estas mudanças e fornecer o
que os meios eletrônicos são incapazes de suprir: capacidade crítica, interpretativa e o pensar
inteligente e original.
O MEC e a Secretaria de Ensino Superior precisam despertar para o papel que o PET pode
desempenhar, se o MEC realmente pretende promover uma reestruturação pedagógica da
educação brasileira, e agir no sentido de não deixar as boas intenções do REUNI se
transformarem em letras mortas. Uma mudança similar à que se pretende com o ENEM para o
ensino médio precisa e pode ser feita através da educação tutorial para o ensino superior. O
PET com seu poder de mobilização, atuação, excelência e capilaridade nacional pode ser um
grande agente de mudanças das práticas pedagógicas no Brasil. Os petianos poderão cumprir o
papel de verdadeiros “agentes da educação tutorial”. A autonomia dos alunos que é a marca
registrada da educação tutorial e do PET, se bem conduzida, e para isso será necessário uma
política educacional que passe pelas pró-reitorias de graduação, poderá ser expandida para os
demais alunos dos cursos, e quem sabe da universidade. Teremos um núcleo praticando,
estudando e difundindo uma nova maneira de lecionar na graduação.
Claro que não devemos supervalorizar o PET, nem ele pode ser visto como a panacéia para
resolver todos os problemas da educação, mas ele pode ser parte importante de uma
estratégia a nível ministerial articulada com as universidades.
A questão que se coloca é: Por que os dois Programas, PET Educação Tutorial e PET Conexão
Saberes, precisam estar sob a mesma Portaria? Por que não mantermos os dois Programas,
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com suas especificidades, com normas em separado, ao mesmo tempo em que buscamos sua
integração na prática cotidiana em termos das atividades desempenhadas?
A sigla PET não pode nos confundir. Que o novo Programa tenha um tutor e doze bolsistas
(para o novo Programa este número pode variar) não nos autoriza a extrapolação que este
programa tenha como objetivo a difusão da educação tutorial e a inovação das práticas
pedagógicas nos âmbitos dos cursos de graduação.
Temos que entender quais são os objetivos e metas dos dois Programas, fazendo este
exercício, fica muito claro porque esta junção, por decreto, não é benéfica para nenhum dos
dois Programas.
Muito já falamos dos novos objetivos do PET desde sua restauração oficial na SESu em 2005.
Quais os objetivos do Conexão Saberes? A fixação necessária e justa dos alunos socialmente
desfavorecidos (incluindo minorias quilombolas e indígenas) dentro da universidade pública.
Quem pode ser contra tal iniciativa da SESu? Como o programa não se pretende
assistencialista e paternalista, prevê uma contrapartida na comunidade de origem dos
participantes. Daí seu viés nitidamente extensionista. O fato da fórmula do PET, com tutor e
bolsistas, ser vencedora e de sucesso comprovado, justifica que este seja o formado adotado
para este Programa.
Mas as semelhanças terminam aí. Estas semelhanças não podem escamotear a diferença de
objetivos dos dois Programas. Um, pretende renovar e reestruturar pedagogicamente os
cursos de graduação a que estão vinculados. O outro pretende promover políticas
compensatórias para alunos que delas necessitam, e prever retorno em atividades de
extensão.
Aqui jaz a raiz do problema. A maior perda da junção é a desvinculação do PET Educação
Tutorial dos cursos de graduação. O progresso que havia sido feito na Portaria 3.385 de 2005
de uma maior aproximação entre os grupos PET e o colegiado dos cursos em que estão
inseridos se perde. A nova portaria, para abrigar o Conexão Saberes que por natureza é
multidisciplinar e não pode pertencer somente a um curso, ignora completamente o colegiado
do curso.
Tal mudança implica em um retrocesso dos grupos PET que agora se voltarão prioritariamente
para os seus próprios membros, deixando em segundo plano as implicações de suas atividades
dentro dos cursos de graduação.
Perdemos, assim, um dos dois pilares básicos do PET – Programa de Educação Tutorial –
quando foi introduzido em 2005: a difusão da educação tutorial e a renovação pedagógica nos
cursos. Continua o outro pilar: realizar atividades de ensino, pesquisa e extensão que
contribuirão para uma melhor formação de seus membros e trarão melhorias para a
comunidade associadas a esta atividade.
Senão vejamos o que diz o Edital No. 9 lançado em 02 de agosto de 2010, visando a criação de
150 novos grupos PET e 150 PET Conexão Saberes, em seu Preâmbulo, quando caracteriza a
natureza do Programa, Destacamos dois itens:
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1.1.4. Formular novas estratégias de desenvolvimento e modernização do ensino
superior no país.
O item 1.1.2 reafirma um dos pilares básicos: a indissociabiliade ensino, pesquisa e extensão.
Já o outro pilar, a difusão da educação tutorial não é explicitamente mencionada, e coloca-se
sob o prisma genérico de modernização do ensino superior. Por exemplo, a introdução de
tecnologias da informação em sala de aula se encaixa neste propósito. Falta algo explícito do
tipo que sugerimos abaixo:
Por outro lado podemos pensar formas de atuação conjunta entre os dois Programas que em
muito enriqueceria aos dois. Esta, tenho certeza, é a intenção da SESu, ao propor a junção. Por
exemplo, um PET Conexão Saberes normalmente compreenderá alunos de diversos cursos,
suponha que estes alunos desenvolvam suas atividades de ensino e pesquisa conjuntamente
com o grupo PET de seus respectivos cursos; ao mesmo tempo em que os grupos PET que
tenham interseção com o Saberes realizam suas atividades de extensão integradamente com
estes grupos. Ou seja, sempre que possível, a integração em termos de atividades entre os dois
Programas deva ser perseguida e incentivada. Todos só teriam a ganhar com isso.
Concluimos afirmando que a coexistência dos dois Programas não apenas é possível, como a
sua integração e cooperação desejadas, ao mesmo tempo em que são respeitadas as
finalidades e os objetivos precípuos dos dois Programas. Para isso não é necessário que
desvirtuemos um ou outro Programa, pelo contrário, normatizações que respeitem suas
especificidades são recomendadas. A política de valorização da universidade brasileira
impetrada por esta gestão do MEC é irreversível, necessário se faz, que todas ações
ministeriais caminhem conjuntamente com este objetivo.
Não podemos deixar que esta discussão se apequene deixando se contaminar por episódios
pontuais ou por experiências pessoais. O projeto de atuação do Ministério e a excelência do
programa são mais importantes e constituem metas mais duradouras e conseqüentes.