Sei sulla pagina 1di 4

Treinament

desafiando os [
Por Monica Régia Kato. Fotos Mário Dalóia Neto

P rática bastante comum nos Estados Unidos, o treinamento


vivencial outdoor é um dos caminhos que muitas empresas
vêm buscando para mudar comportamentos e melhorar a
qualidade de trabalho individual e coletivo.

Uma empresa é feita por muitas cabeças. Cada uma delas pensa
de forma diferente, o que leva a ações distintas. Cada uma tem suas
virtudes e seus defeitos, suas facilidades e suas dificuldades. Mas,
juntas, num mesmo caldeirão, devem funcionar de maneira harmôni-
ca, de modo a trazer resultados positivos para a casa. Acontece que,
muitas vezes, nem sempre os acordes dessa orquestra são tão afina-
dos assim. Os limites pessoais de cada indivíduo, não raro, impedem a
equipe e, conseqüentemente, a própria empresa de crescer. Justamen-
te para reavaliar esses limites é que pode entrar em cena o treinamen-
to vivencial. Ainda encarado como novidade no Brasil, esse tipo de
trabalho é aplicado com freqüência em países da Europa e nos Esta-
dos Unidos. Naqueles países, inclusive, é utilizado não apenas pelos
profissionais de empresas, mas também por dependentes de drogas,
portadores de deficiência e estudantes, só para citar alguns exemplos.

Por aqui, há algumas empresas que se propõem a trabalhar limites


por meio de experiências vivenciais. Dentre elas, destaca-se a DHP -
Desenvolvmrento Humano Profissional - com sede em Lorena, inte-
rior paulista. Segundo Cléber Ribeiro Gonçalves, um dos sócios da
DHP, "ela é a única empresa voltada exclusivamente para este tipo de
enfoque".

Muitas pessoas devem estar se perguntado, afinal de contas, o que


é exatamente o treinamento vivencial. Na verdade, trata-se de uma
"grande brincadeira séria". Explicando melhor: os profissionais são
estimulados a rever seus comportamentos no dia-a-dia da empresa,
participando de exercícios nada ortodoxos. Para Cléber Gonçalves, o
ponto principal é trabalhar o medo, característica nata de qualquer ser
•ME humano. "A idéia é usá-lo a nosso favor, porque ele jamais vai nos
deixar. No treinamento vivencial, os profissionais experimentam
situações-lünite diante das quais aprendem que podem vencer muito
mais desafios do que imaginam."

Em time que está ganhando...


...não se mexe, certo? Errado. O ponto de partida do treinamento vi-
vencial é obrigar o indivíduo, enquanto profissional e pessoa, a rom-
per a chamada zona de conforto. Num ambiente de trabalho ou do-
méstico há muitas situações que nos levam à mais completa comodi-
dade. Nem sempre percebemos, mas na empresa, por exemplo, a ro-
tina de trabalho nos oferece segurança. O que é conhecido - a mesa
onde ficam os papéis, o ambiente em que todos se conhecem - torna
aquela situação confortável. Diante do previsível, o profissional acaba
se sentindo, além de protegido, competente. E passa a ter medo de se
arriscar, de mudar. Prefere lançar mão do velho lema do "em time que
está ganhando, não se mexe".

16 PARA ASSINAR; (0**41) 338-4454


CAPA

vivência

Fora dessa zona "segura" está


o desconhecido, o desconfortável,
o estranho. E o profissional, en-
tão, recua. Não tendo vontade de
ir além daquela área conhecida,
claro, perde boas oportunidades
de progresso.

Quando sai da zona de conforto, há o rompimento de barreiras e,


com ele, muitos ganhos: aumento da autoconfiança, vontade de ino-
var, aumento da capacidade de observação e da crítica e autocrítica,
além da criação de novas possibilidades de crescimento.

Programas para todos os gostos


A teoria desse discurso muita gente já conhece. E sabe também o
quanto é difícil deixar situações confortáveis para trás e se arriscar em
terrenos novos. Para dar uma forcinha nessa empreitada um tanto

N
quanto complicada, a DHP dispõe de um centro de treinamento num
sítio, no município de Santo Antônio do Pinhal, perto de Campos do o módulo realizado na pis-
Jordão, interior de São Paulo. Esse centro mais parece um parque de ta de reação, os partici-
aventuras radicais: conta com oito obstáculos que incluem um pare- pantes encaram situações que
dão para escaladas que mede 9,5 m de altura. Cléber esclarece que al- embaraçariam até Indiana
guns obstáculos foram copiados de versões norte-americanas e adap- Jones! Numa das "missões", o
tados à realidade tupiniquim. Outros são criações da DHP, já que o
líder tem de conduzir o grupo
próprio Cléber teve muitas experiências de sobrevivência em matas,
que está de olhos vendados, de
nos tempos em que seguia carreira militar.
volta a determinado ponto.
Ele explica que há basicamente três programas de treinamento. O Detalhe: propositadamente,
primeiro é o "Low Rope", onde os participantes fazem os chamados essa trilha é confusa e a equipe
exercícios de solo, e cujo objetivo é reforçar a coesão do grupo. O se- sempre se perde... Como o líder
gundo programa tem exercícios de alto impacto e recebe um nome deve se portar diante dessa
bastante sugestivo, "Challenge your Limits", ou seja, "Desafie seus situação? E qual é a sensação
Limites". É nesse módulo que o pessoal "se diverte" no paredão e em do grupo ao ser conduzido pelo
outros obstáculos como o step, a centopéia e o high challenge. Final-
líder, numa situação em que
mente, o último programa é trabalhado na chamada pista de reação.
não estão enxergando? Outra
Dentro de uma mata, as equipes têm de vivenciar oficinas em que
podem trabalhar certas competências como liderança e viver sob incumbência: dentro da mata
pressão. há uma ponte pênsil quebrada.
E eles precisam passar para o
outro lado. Essa dificuldade
Nada é impossível
serve para avaliar o grau de
A revista Técnicas de Venda acompanhou um dia no centro de treina- iniciativa de cada um e a união
mento e tem muito para contar. Na ocasião, um grupo de dezesseis da equipe para superar barrei-
pessoas da EAN - European Article Number - empresa com sede na
ras. Por meio dessas e de
Bélgica que licencia e administra o uso do código de barras no Brasil,
fez um programa de um dia. Cléber Ribeiro Gonçalves esclarece que outras "missões", cada membro
esse é o tempo mínimo de "curso". "Existem outras opções e já houve do grupo tem condição de rever
empresas que ficaram vários dias conosco", diz. seu papel dentro da empresa.
Era um dia ensolarado de verão e o grupo se divertia em fazer pia-
das sobre o que poderia acontecer com eles ali. Ninguém sabia ao certo C
CAPA

Diante do previsível, o profissiona


competente. E passa a t e r med

pedir ajuda", completou Rosana. No final, mesmo José Dionísio


Flenik, o único a não subir por problemas de saúde, considerou-se um
vitorioso: "Não subi, mas também cheguei. Torci por todos e todos
conseguiram. Vocês podem acreditar que as metas na empresa são
muito mais simples do que subir esse paredão", afirmou.

Mais aventuras
Quem achava que o pior tinha passado, de fato não tinha idéia do que
ainda os esperava. Depois desse, outros obstáculos vieram. Entre eles,
o step, uma espécie de escada feita com toras, onde a base acomoda
o que os esperava. Tinham apenas os pés bem próximos. A pessoa fica presa a um equipamento
apenas a vaga idéia de que de segurança, mas tem de subir os 17 degraus - o mais alto mede
teriam de subir no paredão, 4,5 m - , praticamente sem apoio algum. A sensação de altura, aliás, é
obstáculo mais evidente muito maior, já que o step fica no alto de um morro de onde se tem
naquele cenário. E foi jus- uma vista panorâmica. Esse obstáculo, segundo Cléber Gonçalves,
tamente por ele que tudo ajuda a adquirir confiança nas suas atitudes, além de quebrar o medo
começou. Depois de uma de encarar desafios. Um a um, concentradíssimos, todos subiram os
pequena introdução sobre degraus, controlando o pavor, buscando o equilíbrio e tentando acal-
o objetivo do treinamento, mar as batidas do coração. Um detalhe curioso: nesses momentos de
todos vestiram o equipa- tensão, cada pessoa reage de forma diferente.
mento de segurança e en-
cararam a primeira prova. Houve quem não quisesse torcida, porque desejava subir em silên-
cio, concentrado. E o pessoal respeitou. Mal se ouvia a respiração da
E bom lembrar que todos os obstáculos são equipe. Houve quem pedisse o incentivo da galera. E a festa foi feita.
monitorados por Cléber e uma equipe de apoio Novamente, mais frases de estímulo do tipo "Só faltam mais dois",
que garante a total segurança dos participantes. "Não fica nervoso que você está quase conseguindo".
Para escalar o paredão, grupos de três pessoas in-
terligadas por cordas amarradas nos seus pés ti- No final da dura prova, outra pausa para avaliação, sempre coor-
nham de vencer o medo de altura e tentar dosar a denada por Magda Cariello, psicóloga da DHP. Rosana Zanzarini Leme
força física e o equilíbrio para chegar ao topo. En- resumiu o sentimento de todos, afirmando que o mais importante da-
quanto o "trio em ação" tentava se entender com quele obstáculo era perceber que todos temos limites e que os outros
os pontos de apoio, o pessoal que estava em solo devem tentar entendê-los e ajudar o companheiro a superá-los. O pre-
firme gritava palavras de ânimo, além de dar dicas sidente da EAN, Sérgio Ribinik, lembrou que, a partir daquele instan-
para facilitar a subida. Frases como "Vai que você te, ficava claro para todos: "Está provado que é possível vencer qual-
consegue", "Coloca o pé direito perto da pedra quer limite". Para Sérgio, que já tinha tido uma experiência em trei-
que está perto do seu joelho", 'Ajuda a fulana que namento vivencial fora do país, a intenção da empresa ao levar o gru-
ainda está mais para baixo" e "Não olha para bai- po para aquele sítio era justamente despertar nessas pessoas a impor-
xo!" empurraram o pessoal para cima, literalmen- tância do trabalho em equipe. "Estamos desenvolvendo um projeto a
te. "E importante destacar que o pessoal que fica partir do início deste ano onde o sentimento de equipe tem de ser
no chão tem de falar a mesma língua para orien- muito maior. Acredito que essa vivência vá ajudar bastante. A partir
tar quem está subindo. Dicas desencontradas só dela, o indivíduo passa a ter mais espírito de apoio, além de entender
atrapalham. Isso vale também no dia-a-dia de que todos têm suas limitações mas, por outro lado, são capazes de
uma empresa", lembra Cléber. realizar uma série de outras coisas. A grande lição é aprender que não
há brilho individual sem brilho coletivo".
Essa prova foi apenas o pontapé inicial para
revelar a todos que o trabalho afinado de uma
equipe pode superar limites nunca imaginados. De volta ao desafio real
Depois que todos cumpriram o objetivo, uma bre- Depois de um dia inteiro de grandes tensões e emoções, o grupo da
ve reunião avaliou o desafio. "Tive muito medo, EAN era unânime: toda aquela adrenalina tinha sido útil para desco-
vontade de desistir. Mas o desejo de chegar lá em brirem o quanto a autocolocação de barreiras impede o crescimento
cima foi maior", disse Alessandra Martins Olivei- individual e coletivo. No final do treinamento, cada um recebeu um
ra. "A vontade de quem está embaixo empurra a vaso onde plantou um muda. A plantinha foi levada para casa, simbo-
gente para cima", observou Rosana Zanzarini Le- lizando o novo referencial que deveriam colocar em suas vidas, dali
me. Lucineide Assis Ribeiro concordou com Rosa- para frente.
na: "Não teria conseguido se não fosse a equipe.
Morro de medo de altura!". Marcello Villa Nova A grande questão depois dessa história toda é avaliar até que
de Oliveira lembrou que assim como na escalada, ponto, terminada a "brincadeira", o treinamento vivencial pode ter
no cotidiano da empresa "é preciso confiar em influência na vida de uma empresa. Wilson Rodrigues, gerente de
quem está do seu lado". "E ter humildade de vendas da área do Rio de Janeiro da Würth do Brasil, multinacional

T É C N I C A S DE VENDA® - M A R Ç O 2000 18 PARA ASSINAR: (0**41) 338-4454


CAPA

icaba sentindo-se, além de protegido,


le se arriscar, de mudar

que atua no segmento automotivo e industrial, fez o curso há dois


anos e meio e afirma: "É claro que é impossível aplicar essa experi-
ência cem por cento na rotina de trabalho. Mas dá perfeitamente
para adequar muitos dos princípios do treinamento na vivência pro-
fissional. Um ponto importante do treinamento vivencial é que nos
certificamos de que nós não vivemos sem motivação. E ela pode ser
conseguida quando temos claro para nós mesmos que há outros ca-
minhos seguros, além dos que já conhecemos. Essa percepção me fez
mais audaz. Sei que tenho de ser mais atirado, que preciso arriscar.
Não fico pensando nisso o tempo inteiro. Mas tenho certeza de que,
mesmo de forma involuntária, aplico grande parte daquela experiên-
cia dia após dia."

Para o presidente da Würth do Brasil, César Alberto Ferreira,


embora tenha passado pelo treinamento há algum tempo, dois va-
lores realmente marcaram, e ele procura passá-los adiante. "O pri-
meiro tem a ver com o reconhecimento do quanto é importante a
criação de u m time. Ficou claro como a gente pode superar obstá-
culos em grupo se motivando mutuamente. Na empresa, u m a ^ u i -
pe unida, realmente, vence. O segundo ponto a destacar é o reen-
contro com a coragem. Sempre tive u m medo absurdo de altura. E
lá, com o incentivo de todos, pude lidar com ele e encarar os obstá-
culos. No dia-a-dia de trabalho também temos medo de muitas coi-
sas. Mas precisamos nos armar de coragem para enfrentá-los. Aqui
na Würth, tenho uma posição de liderança. E a partir do momento
em que redescobri esses valores, procuro transmiti-los para todo o
grupo. Defendo que com união podemos atingir qualquer meta e,
com coragem, podemos acreditar que podemos tudo." César Alber-
to Ferreira lembra, contudo, que apenas u m curso desses não salva
n e n h u m negócio. Ele diz que na volta do treinamento vivencial
houve u m grande clima de euforia refletido, resultando inclusive
n u m certo aumento nas vendas. "Mas é óbvio que isso não resolve
todos os problemas de u m a empresa. O mais importante é estar
sempre buscando motivação. Fazemos questão
de renovar esse fôlego por meio de circulares,
reuniões mensais com os funcionários de ven-
das e também com outros treinamentos", con-
Quanto custa
clui César.
O programa mínimo da DHP trabalha com um dia de
Para Cléber Gonçalves, a idéia é que os par-
treinamento, num grupo de pelo menos dez pessoas.
ticipantes assimilem o escopo da questão - que
O preço fica em torno de R$ 370 por pessoa, que
eles tenham condições e conhecimento para
superar seus limites - e que levem para sua inclui quatro refeições. Se o grupo tiver de pernoitar,
empresa e sua casa. "O fortalecimento de u m a a empresa tem parceria com o hotel-fazenda que
organização se dá, principalmente, pelo ser cobra, à parte, cerca de R$ 30 por noite. O transporte
humano", lembra. Cléber esclarece, ainda, que corre por conta da contratante. Grupos maiores têm
após 90 dias do treinamento, a DHP volta a se descontos progressivos.
reunir com o grupo para avaliar como andam
os ânimos dos integrantes. "Queremos que o
profissional fique com a essência do treina-
mento, não que se lembre daquela ocasião co-
mo u m dia legal." E para reafirmar tudo o que
Serviço:
viveram, na volta ao ambiente formal de traba-
DHP - Desenvolvimento Humano Profissional
lho, o autoconvencimento e o convencimento
Diretor: Cléber Ribeiro Gonçalves
dos demais companheiros de departamento, só
Tel: (0**12) 552-3270
pode acontecer quando se dá o exemplo. "Você
não convence ninguém se realmente não mos- Home page: www.dhp.com.br
trar que acredita naquilo. Por isso, você precisa E-mail: dhp@easyqold.com.br
crer que pode conseguir tudo o que quiser", diz
Cléber.

Potrebbero piacerti anche