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Radio e TV • Processo Criativo • Profº Emerson Brito

Criatividade
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Criatividade e Potencial
Todo mundo sabe a necessidade de ser criativo, seja junto dos amigos, da
empresa onde trabalha, da família, etc...
Mas, o que é ser criativo?
Todos tem capacidade de ser criativo?
Eu posso ser criativo?

Para este conteúdo vamos conhecer um pouco da máquina de pensar, o nosso


cérebro, como funciona em parte; quais os caminhos que percorrem uma
idéia; como aplicar processamentos.

O exercício de conhecer, ao contrário dos músculos não se torna tão amplo e


se define visivelmente, conhecer é como observar nosso cérebro sendo uma
caixa preta, com segredos que ainda precisam ser descobertos. E como isto
acontece? Onde esta distribuído as informações que lá possuem?

Sabemos que temos em nosso cérebro o Hemisfério Esquerdo e o Hemisfério


Direito, ambos ligados centenas de milhões de nervos chamado corpo calosso.
Estes hemisférios são distintos e independentes, tem características próprias
de como formar diferentes processos de informações.

O hemisfério esquedo por exemplo é mais responsável por elementos:


Fala
Verbal
Lógico
Matemático
Linear
Detalhado
Seqüencial
Controlado
Intelectual
Dominante
Material
Ativo
Analítico
Leitura
Escrita
Nomes
Ordenamento

O hemisfério direito é mais:


Espacial
Musical
Holístico
Artístico
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Smbólico
Simultâneo
Emocional
Intuitivo
Criativo
Espiritual
Receptivo
Reconhecimento Facial
Compreensão Simultânea
Percepção de padrões abstratos
Reconhecimento de Figuras complexas.

Sugestão Vídeo: Adriana Calcanhoto – Público música: “Traduzir-se”

Ou seja, são hemisférios diferentes e antagônicos. A mente deve escolher qual


padrão se direcionar diante de um problema ou hipótese novo.
O ato de ser criativo vem justamente do exercício de processar mais
informações do Hemisfério Direito.
Quando analisamos os dois hemisférios ao longo da vida observamos que
usamos mais o Hemisfério Esquerdo porque fomos mais prestigiados ao utiliza-
lo, recebemos mais congratulções.

Todo o ser humano tem seu pensamento voltado para duas bases principais,
ou para evitar dor ou para obter prazer, e toda sua criatividade se canaliza
para esta busca, seus pensamentos estão centrados neste ponto.Quando
crianças somos sempre mais prestigiado pelo racional.

Vejamos um exemplo:

Qual delas é diferente de todas as outras?


R. Se escolheu o triangulo esta certo, se escolheu o circulo também esta certo.
Todas são diferentes. Porque escolher uma figura só?

Quando crianças porque devemos pintar da cor natural as figuras? Porque não
deixar um elefante azul, folhas vermelhas e rosas verdes?
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Agindo sempre com um padrão, as nossas formas de trabalho tendem a se


tornar um processo instalado prestigiando mais um ou outro modelo pré
definido.

O EU Segurança (Hemisfério Esquerdo)

Algumas características que estes padrões nos apresentam:

Conduz / Controla
Avalia / Analisa
Segura e Apóia
Realista
Vê as conseqüências
Lógico / Sério / Cauteloso
Desconfiado / Alerta ao perigo
Evita surpresas
Evita Riscos
Faz regras
Pune erros, enganos ou qualquer desvio da perfeição.

O EU Experimental (Hemisfério Direito)

Características:
Em contato com o inconsciente
Consegue sentir experiências
Imagina / intuitivo
Especula
Faz Conexões
Impetuoso
Não liga de sentir-se confuso
Não se incomoda de estar errado
Tem desejos impossíveis
Aberto a tudo
Gosta de surpresas
Quebra de Regras
Aceita Riscos
Sente / Adivinha

Isto tudo pode definir se alguns são mais criativos que outros, ou se tem mais
inteligência ou não, porque são pessoas que experimentam, não tem medo de
busca e de algo novo.
Por exemplo, nossas mãos e pernas são independentes, usamos mais um que
o outro por isto um é mais prático que outro. Algumas pessoas destras,
aprendendo a manusear o mouse com a mão esquerda ainda a mantém como
instrumento de apoio.

Observemos então que não devemos nos firmar em apenas um hemisfério,


mas sim equilibrar o uso dos dois.
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Para ser mais criativo você pegar a forma que pensa e mudar seus padrões
para achar outras formas. Quebre os padrões para ver as coisas de outra
maneira.
Não seja pessimista lembrando de velhos jargões do tipo:
- é novo, não vai dar certo!
- Em time que esta ganhando a gente não mexe.

Por exemplo, quando você esta na rua e encontra com um antigo conhecido, é
um processo de reconhecimento facial, mas não se lembra do nome, então
passa a ter uma obstrução verbal, ou seja, você acaba de utilizar mais o
hemisfério esquerdo e não o direito.
Outro bom exemplo vem da sabedoria popular:
Quando você está bravo e tem atitudes intuitivas e espontâneas, esta agindo
como o hemisfério direito, mas diz o ditado popular que você deve contar até
10, então você passa a concentrar-se mais no hemisfério esquerdo, mais
lógico, racional. Equilibrando suas emoções.
O Hemisfério esquerdo é sempre mais utilizado porque ele sempre foi mais
recompensado. Mas não devemos nos prender a isto.
FAZER AS COISAS COMO SEMPRE FORAM FEITAS E ESPERAR RESULTADOS
DIFERENTES, dificilmente dará certo.
Por exemplo: quando perdemos as chaves sempre as procuramos nos mesmos
lugares e queremos resultados diferentes.
São nossas tendências, estamos com uma mania de repetir padrões.
Quando tenho novos fatos posso coloca-lo onde eu desejar e for capaz de
colocar, ou no hemisfério direito ou esquerdo.
Mas quando eu tenho uma tendência todas minhas informações irão se
combinar, juntando-se com o lado do cérebro que eu mais utilizar, unindo-se
como um imã. Assim as informações devem ser rompidas. Devemos fazer isto
para que se possa gerar novas combinações. Muitas vezes vivemos nossas
vidas no PILOTO AUTOMÁTICO.
Ex. Vamos fazer a seguinte conta de adição, mas calcule-a mentalmente.
1000
40
1000
30
1000
20
1000
10

Resultado para quem somou errado foi 4.100, para os corretos 5.000, isto
porque caminhamos na mesmice, acontece porque é automático, nossa mente
processa informações de forma padrão.

Nossa era
Nossa era está mudando. Até 1.800 tínhamos a era da propriedade;de 1.800
até 1.900 surge a era do capital; de 1.900 a 1.970 vem a era da informação,
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quem detinha a informação tinha o poder. A partir de 1.970 até a era de hoje
temos a competição e o comprometimento.

Os dez mandamentos do inovador (características para o homem


atual)
I Vivei prazeirosamente
II Sede visionário
III Fazei algo diferente
IV Deixai acontecer. Não fique vos obstaculizando
V Que se dane, tomai riscos!
VI Pensai grande
VII Reconhecei e validai vossos sucessos
VIII Esperai pelo “inesperado”
IX Daí suporte e recebei suporte
X Agi imediatamente ( se não começar agora vai começar quando o meu)

Você é criativo?
Provamos por a+b que você já nasceu criativo

Será a capacidade de criar um dom inato? Se for, e você não o tiver, está
condenado a morrer assim? Se você acredita nisso, prepare-se para mudar de
paradigma!

Para saber se alguém é criativo, precisamos antes ter clareza sobre o que é
criatividade. Veja algumas definições, coletadas em livros diversos:

• Capacidade de elaborar teorias científicas, inventar instrumentos e/ou


aparelhos, ou produzir obras de arte;
• A capacidade de produzir coisas novas e valiosas;
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• A capacidade de desestruturar a realidade e reestruturá-la de outras


maneiras;
• O ato de unir duas coisas que nunca haviam estado unidas e tirar daí
uma terceira coisa;
• Uma técnica de resolver problemas;
• Uma capacidade inata que é bloqueada por influências culturais e
ambientais.

Aqui adotamos uma definição diferente e subjetiva de criatividade: uma pessoa


cria quando concebe em sua mente algo que nunca viu, ouviu ou sentiu antes.
Essa definição ignora o fato de a criação ser útil ou não para algum propósito
ou para resolver algum problema. Mas é importante distinguir esses dois tipos
de criatividade; ao primeiro (inútil) chamamos criatividade pura, e ao segundo
(útil), criatividade aplicada.
A criatividade pura é um ato mental, que consiste em última análise da
capacidade de combinar sons e imagens de forma subjetivamente nova,
independentemente de qualquer conexão lógica com o mundo exterior. Essa
definição de criatividade desloca os aspectos novidade e originalidade, beleza,
utilidade, veracidade, viabilidade e implementação para um segundo
momento; criar é um ato pessoal e subjetivo, a criatividade pura vem antes da
aplicada. Criações não têm necessariamente que servir para alguma coisa,
como solucionar um problema, dar retorno financeiro, serem maravilhosas e
belas, nada disso.
Assim, se você imagina sua cabeça fora do corpo, e o faz de uma forma que
nunca fez antes (não é uma lembrança), você está criando. Estará também
criando nas seguintes situações:

• Combinar letras para inventar uma palavra;


• Combinar duas ou mais imagens para formar uma nova (imagine um
jacaré comendo um tomate);
• Distorcer uma imagem (imagine seus olhos inchando e saindo das
órbitas oculares);
• Ver uma imagem sob outra perspectiva, um diferente "ângulo de
câmera" (veja seus olhos inchando de frente e depois de lado);
• Combinar algumas notas musicais para formar uma melodia nunca antes
ouvida;
• Combinar palavras para formar uma nova frase.
• Imaginar a si mesmo executando comportamentos novos.

Já a criatividade aplicada consiste tipicamente em elaborar operações que


conduzem de uma situação a outra, seja de uma situação-problema para uma
solução ou, mais genericamente, elaborar comportamentos que modificam
uma situação percebida para uma desejada. A criatividade aplicada em geral
está associada à observação de regras, padrões e limites, como:

• construir frases com significado e estrutura (sintaxe);


• construir melodias harmônicas e rítmicas;
• observar preferências pessoais (gostos, combinações).
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• observar valores éticos e morais;


• seguir estilos (no caso de imagens, impressionista, realista);
• usar recursos disponíveis.

A criatividade aplicada tipicamente é treinável; podemos estudar sobre o


assunto em nossas aulas de Processo Criativo e Linguagens Experimentais no
que se refere a uma estratégia geral para gerar idéias diferentes na matéria “A
técnica do estimulo aleatório”.
Podemos concluir que, uma vez que todos nós, humanos, temos a capacidade
de processar imagens e sons de formas variadas na mente, todos nós temos a
capacidade da criatividade pura. Você é criativo por definição, por construção.
E quanto às criatividades aplicadas, temos aquelas para as quais nos
preparamos, em termos de conhecimentos e habilidades. Um exemplo de
criatividade aplicada muito desenvolvida na nossa cultura é a lingüística; todos
praticamos desde criancinhas a combinação de palavras, usando regras, para
atingir objetivos do tipo comunicar idéias e influenciar pessoas para conseguir
o que queremos.
Sendo potencialmente criativos, talvez as únicas coisas que nos impeçam de
criar mais sejam não acreditar nessa possibilidade ou simplesmente não ter
um motivo para fazer isso. Ou desejo.

Como nascem as idéias

Tanto o físico alemão Albert Einstein quanto o pintor espanhol Pablo Picasso
estavam com 26 anos de idade quando chegaram àquelas que seriam suas
maiores contribuições para a história: a teoria da relatividade e o cubismo,
respectivamente. Ambos viveram na mesma sociedade fervilhante da
passagem do século XIX para o XX, período em que as discussões sobre tempo
e espaço esquentavam as rodas de intelectuais. Mas eles não se satisfizeram
com as explicações teóricas que circulavam na época. Audaciosos, os dois
decidiram experimentar caminhos novos - um na ciência e outro na arte.
Questionaram as noções vigentes, trabalharam duro e acumularam tentativas
até vislumbrarem conceitos totalmente originais. Em 1905, Einstein publica a
célebre equação de equivalência entre massa e energia. Em 1907, Picasso
conclui o quadro Les Demoiselles d’Avignon, marco do cubismo. O segredo
deles? "Ambos prometeram devotar a própria vida à criatividade", diz o filósofo
e historiador da ciência Arthur I. Miller, da Universidade College London, na
Inglaterra, autor de Einstein, Picasso - Space, Time and the Beauty that
Causes Havoc (Einstein, Picasso - Espaço, Tempo e a Beleza que Causa
Destruição, inédito em português).

Fundamental para o progresso humano, a criatividade tem contribuído com


rupturas e transformações nas mais diversas áreas do conhecimento. Vem
instigando a curiosidade de filósofos, pensadores e cientistas desde a
antigüidade. Platão encarava o ato de criar como uma força superior e
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transcendental, fora do controle do indivíduo. Para o psiquiatra Sigmund


Freud, o trabalho criativo era resultado da sublimação de impulsos reprimidos.
O matemático Henri Poincaré afirmou que a criatividade revelava parentescos
inesperados entre fatos bem conhecidos, mas erroneamente tidos como
estranhos uns aos outros. Essencialmente, a criatividade pode ser definida
como a capacidade de gerar idéias e comportamentos que são surpreendentes,
relevantes e úteis em um dado momento.

"Tanto a originalidade quanto a utilidade das idéias variam dos níveis básicos
de criatividade - ou seja, da solução bem-sucedida dos problemas cotidianos -
até aquela criatividade excepcional, presente nas produções artísticas e
científicas", afirma o psicólogo americano Dean Keith Simonton, da
Universidade da Califórnia, em Davis, nos Estados Unidos, e autor de dezenas
de trabalhos sobre o assunto.

O potencial criativo é inerente ao ser humano. No entanto, sua manifestação


varia de pessoa para pessoa. "Comparo a criatividade à eletricidade, que pode
tanto se expressar numa poderosa descarga elétrica durante uma tempestade
como acender uma lâmpada de uns poucos volts", diz a psicóloga Eunice
Soriano de Alencar, da Universidade Católica de Brasília, que há três décadas
estuda o tema. Para a psicóloga Solange Muglia Wechsler, coordenadora do
Centro de Criatividade e Desenvolvimento Humano da Pontifícia Universidade
Católica (PUC) de Campinas, no interior de São Paulo, a criatividade deve ser
entendida sob dois aspectos, o individual e o coletivo. "Se você inventa uma
nova receita de bolo a partir dos ingredientes que tem em casa, está sendo
altamente criativo no plano pessoal. Mas, para o mundo, aquele pode ser um
bolo como qualquer outro", afirma ela. As idéias, para serem consideradas
geniais, passam, portanto, pelo crivo da sociedade.

"Poucos indivíduos apresentam uma criatividade tal que provoque um impacto


duradouro ou profundo nos outros", diz Simonton. "Uma das razões seria o
fato de que nem todos adquirem a perícia necessária para fazer contribuições
genuínas em algum domínio. Uma coisa é ser um pintor de domingo, que cria
paisagens razoáveis. Outra é produzir pinturas que são exibidas, vendidas e
criticadas." Essa perícia, a que Simonton se refere, seria o resultado da
combinação de trabalho, traços de personalidade, domínio da técnica e meio
favorável. Tal conjunto de fatores contribuiria, então, para que a criatividade
extrapolasse o âmbito individual e repercutisse também na sociedade.

"O indivíduo criativo pode somente trabalhar com os materiais que estão
disponíveis num dado tempo e lugar. Isaac Newton não poderia ter surgido na
Grécia antiga porque a ciência e a matemática daquela época não estavam
suficientemente avançadas", diz Simonton. "As condições sociais, culturais,
econômicas e políticas determinam a magnitude da criatividade. Algumas
circunstâncias encorajam o desenvolvimento do potencial criativo ou apóiam a
expressão desse potencial. Outras agem negativamente - como a guerra e a
instabilidade política."
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A trajetória do gênio Wolfgang Amadeus Mozart serve de exemplo. Desde cedo


ele havia demonstrado um talento especial para a música. Aos 4 anos de idade
já tocava cravo e violino e, aos 5, compôs seus primeiros minuetos. Além da
aptidão musical, outros fatores contribuíram para sua excepcional criatividade:
seu pai e seu tio eram músicos, ele teve oportunidade de viajar pelo mundo e,
sobretudo, viveu numa cidade e numa época em que a música era valorizada e
os grandes compositores, reconhecidos. Mozart dificilmente "nasceria" numa
favela brasileira no final do século XX.

A personalidade também desempenha um papel essencial. "Estudos revelam


que as pessoas criativas apresentam características em comum", diz Eunice.
Os traços pessoais são mais ou menos parecidos - a criatividade geralmente
está associada à independência de pensamento, à persistência, à curiosidade,
à ousadia e ao inconformismo, entre outros fatores. "Além disso, os criativos
apresentam uma motivação intrínseca para a realização da tarefa e sentem um
prazer imenso em fazer o que estão fazendo", afirma ela. "São pessoas com
um amplo conhecimento e domínio da técnica e que não se restringem à sua
área de atuação." Os criativos partilham também de um rol de habilidades
chamadas cognitivas: fluência de idéias, flexibilidade - ou seja, capacidade de
aceitar conceitos novos -, originalidade e atenção aos detalhes.

"A criatividade exige uma capacidade de questionar todo o quadro de possíveis


significados existentes, sobre uma determinada matéria, a fim de propor
conceitos novos", diz Philippe Willemart, professor da Universidade de São
Paulo (USP) e especialista em crítica genética, o estudo dos elementos que
recompõem o processo de criação artística e da produção científica. "Isso exige
um distanciamento daquilo que foi aprendido e incorporado. Os criadores
levam em conta o que foi feito antes, mas não assumem uma atitude
resignada. Querem abrir outras portas."

Para entender o processo criativo dentro da mente, muitos especialistas ainda


usam a clássica divisão em etapas: preparação, incubação, iluminação e
verificação. A fase de preparação, como o nome diz, envolve a reflexão sobre o
problema e os elementos que são relevantes. É o período em que a mente
acumula informações. Segue-se um período de pausa, em que você deixa de
focar conscientemente os dados disponíveis, já que não encontra nenhuma
solução satisfatória. Sua mente, porém, continua trabalhando e passa a criar
conexões entre elementos aparentemente díspares. Vem o momento do
"Eureca!", o ponto máximo da inspiração, quando você enxerga a saída
possível para o seu problema, a partir de uma composição de informações
completamente original. Por fim, há a fase da verificação, ou seja, o momento
de trabalhar e lapidar a nova idéia e checar se ela funciona.

Hoje, sabe-se que essas fases não se sucedem de modo linear, mas sim que
interagem entre si de forma bem complexa. A inspiração, por exemplo, está
presente em todo o processo criativo. Não existe um momento mágico nem na
gênese do projeto nem no final da produção. "Foi-se o tempo de acreditar que
as idéias geniais aparecem de repente na mente de indivíduos privilegiados e
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que basta concretizá-las", diz Cecília Almeida Salles, da PUC de São Paulo,
também especialista em crítica genética. "A criação é resultado de trabalho. As
idéias vão ganhando forma aos poucos. Há desvios ao longo do processo e
também a interferência do acaso - um telefonema, por exemplo, pode sugerir
a um escritor uma frase."

Apesar de as boas sacadas aparecerem durante todo o projeto, as origens da


inspiração não são simples de serem perscrutadas. "A inspiração está
relacionada a processos do pensamento que ocorrem no nível do pré-
consciente", diz Eunice. O pré-consciente, na definição freudiana, é aquela
parte do inconsciente à qual temos acesso e que inclui lembranças de
experiências e sensações, como cheiros de alguns perfumes e impressões de
viagens. São essas informações que a mente acessa, de forma aleatória,
quando desenvolvemos um trabalho criativo.

"Muitas idéias vêm em sonho, quando a mente recupera cenas e imagens


diversas e faz conexões inesperadas entre elas", diz Solange Wechsler. Para o
neurocientista Henrique Del Nero, da USP, a criatividade é proporcional ao
repertório do indivíduo: um rico banco de dados significa maior possibilidade
de rearrumações significativas de informações. "A mente calcula qual a melhor
jogada a partir da maior taxa de informações com a menor redundância", diz
ele. Por isso, os especialistas sugerem que as pessoas busquem enriquecer
aquele banco de dados com atividades que despertem a imaginação e a
fantasia e gerem novas imagens, como a leitura, viagens e atividades
artísticas.

"Algumas das descobertas criativas da ciência se basearam na recombinação


de informações já sabidas", diz o historiador Shozo Motoyama, do Centro de
História da Ciência da USP. Ele lembra o caso do químico francês Antoine
Lavoisier, que descreveu o fenômeno da combustão. Experiências haviam
demonstrado que, após a queima de um metal, as cinzas que restavam eram
mais pesadas que o próprio metal antes da combustão. Na época, acreditava-
se que o aumento do peso era causado pelas partículas de fogo que se
agregavam ao metal. Para Lavoisier, tal teoria não fazia sentido. Apesar de
usar a mesma metodologia que os demais cientistas, decidiu pesar o conjunto
todo, inclusive o ar, e não só o metal ou as cinzas - algo que hoje parece
óbvio, mas em que ninguém havia pensado. Se a teoria vigente estivesse
correta, o conjunto final estaria mais pesado. Mas isso não ocorreu: o peso se
manteve. Lavoisier descobriu, então, que as substâncias ao queimar não
incorporavam as tais partículas de fogo.

Ficavam, na verdade, mais pesadas porque absorviam ar. Eureca!

Os cientistas não conhecem ainda a fisiologia da criatividade, mas têm


algumas pistas. "Os elementos criativos são extraídos da memória, tanto a de
trabalho - que retém as informações durante um curto período - quanto a
memória de longo prazo", afirma o neurologista Ivan Izquierdo, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. No entanto, diz ele, existem
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pessoas com transtornos na memória de trabalho que apresentam uma


excepcional capacidade criativa, como os esquizofrênicos. Você se lembra do
matemático John Nash, retratado no filme Uma Mente Brilhante? Apesar da
grave esquizofrenia, Nash era capaz de fazer associações incríveis de idéias.

"Outros que têm falha na memória de trabalho e que costumam ser bastante
criativos são os depressivos. Talvez seja essa a única relação que se possa
fazer, seguramente, entre biologia e criatividade", diz Ivan. O período em que
saem da fossa parece ser a fase de maior explosão criativa - sentem inspiração
para poemas, esculturas, músicas. "De alguma maneira, o cérebro desses
indivíduos parece juntar material - lembranças, impressões, imagens - com o
qual nada podem fazer naquele momento de depressão, mas que vem à tona
quando melhoram", afirma. "Não se trata de ser depressivo para ser criativo.
Mas tanto depressivos quanto criativos pertencem a uma categoria de pessoas
muito sensíveis. Pessoas que sentem o mundo com uma intensidade maior. Há
provavelmente uma base fisiológica comum, mas não a conhecemos ainda."

A relação entre criatividade e algum grau de distúrbio mental sempre foi tida
como óbvia. Ela existe, mas a inspiração não nasce da insanidade. É o
contrário. "A loucura não contribui em nada para a criatividade. Trata-se de
um mito", diz o psicólogo e antropólogo Daniel Nettle, da Universidade Open,
na Inglaterra, autor de Strong Imagination: Madness, Creativity and Human
Nature (Imaginação Poderosa: Loucura, Criatividade e Natureza Humana,
inédito em português). "Entretanto, muitos indivíduos criativos apresentam
alto risco de desenvolver uma doença mental." Segundo Nettle, existem duas
razões para isso. "A primeira é que a criatividade envolve um tipo de
afrouxamento das associações mentais - que, em excesso, pode levar à
psicose e à ruptura com a realidade. A outra é que capacidade criativa parece
estar ligada a grandes oscilações no humor", diz. São momentos de euforia
seguidos de fases de depressão.

Outra crença comum - e também errônea - é que o uso de drogas estimularia


o pensamento criativo. "Todas as evidências mostram o contrário", diz Nettle.
"As drogas fazem o indivíduo achar que está mais criativo, mas isso acontece
porque as substâncias afetam sua capacidade de julgar. A longo prazo, a
dedicação e o trabalho são comprometidos pelo uso de estimulantes,
alucinógenos e tranqüilizantes."

A melhor maneira de livrar-se dos bloqueios à criatividade é buscar ambientes


estimulantes, onde seja possível se expressar livremente e testar diferentes
meios e perspectivas. O ócio também é fundamental. "Infelizmente nossa
sociedade, ao mesmo tempo que valoriza a criatividade como um atributo
necessário, privilegia os conformistas, estimula a memorização, a resposta
única, os resultados mensuráveis e o excesso de regras", diz Solange
Wechsler.
O indivíduo criativo tem, diante de si, duas opções: seguir a multidão - e
repetir conceitos - ou trilhar um rumo completamente diferente, muitas vezes
na direção oposta. Relatos de artistas e cientistas revelam que os criadores
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sentem que possuem um missão a cumprir. "A coisa mais importante é criar",
dizia Picasso. "Nada mais importa, a criação é tudo." Que venha a inspiração.

*Sugestão de Vídeos: Nijinsky; Uma mente Brilhante e Mr. Jones.

O processo criativo

Criatividade é interdisciplinar, atua em todos os campos, assim sendo aplicado


em diferentes níveis nas mais diferentes situações este processo se manifesta
com sua natureza subjetiva e objetiva, na verdade a criatividade transita nesta
dualidade, mas sempre reconhecida como elemento-chave para qualquer
profissional inovador.
Em qualquer situação criativa, o profissional precisa ter disciplina, ponto
fundamental para um resultado satisfatório e esta mesma disciplina é
favorecida pela motivação, neutralizando os bloqueios contraídos socialmente e
derrubando as barreiras adquiridas ao longo da vida profissional, estes são
alguns pontos já conhecidos mas que estaremos constantemente afirmando
pois tem imensa relação com o processo criativo. E antes de tudo vale a pena
dizer: “Criatividade vem de uma visão de não acreditar em tudo que se diz.”

Reflexão e Ambiente
Antes de analisarmos alguns dos aspectos do processo criativo devemos nos
perguntar: “Qual nosso papel como formador em nível de reflexão?”
Todo produto que se origina de nossa mente, seja ele no aspecto social, de
relações, táteis, ou nas diferentes manifestações, conferem uma relação ativa
com seu interlocutor, com seu expectador, neste caso a sociedade em si.
Estamos oferecendo, recebendo, compartilhando informações que participam
do nosso dia-a-dia, e encontramos estas informações, estes elementos nos
mais diferentes locais, onde cada um corresponde e agrega valor ao seu
significado, ou seja, um significado ao elemento em questão de acordo com o
local onde se encontra. Por exemplo: um objeto em uma casa jamais terá o
mesmo significado em um museu, assim podemos dizer de uma pessoa que
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esta diretamente ligada em seu comportamento ao ambiente em que se


encontra, suas mesmas atitudes, comportamento, etc. possuem diferentes
significados que se justificam de acordo com o ambiente ao seu redor.
Cada espaço promete algo ao seu expectador, e tem uma relação intrínseca
com ele. Como exemplo podemos lembrar da obra apresentada por Marcel
Duchamp

O Pedágio de Pensamento
Vale a pena anotar suas idéias, seus conceitos, seus pensamentos, pelo fato de
que de certo modo estará trabalhando com o lado esquerdo do cérebro
responsável pelo verbal, a escrita, a leitura em junção com o lado direito do
cérebro que lida com o simultâneo, o simbólico o espacial. Nomear as coisas
fazem com que elas existam ou deixam de existir, escrever seus pensamentos
é nomeá-los, porém é claro que o ato de escrever jamais deverá substituir a
experiência de se viver, jamais trocar a sensação pela palavra apenas, como
exemplo temos o clichê do japonês de férias, que em nada aproveita a viagem,
apenas fotografando tudo para ver depois.
O Pedágio de Pensamento então nada mais é que um constante e presente
bloco de anotações, um caderno livre de linhas, de páginas em branco onde
pode ser carregado a todos os lados.
Escrever e descrever o que você faz, o que você pensa gera uma nova visão,
diferente daquela que você estava tendo anteriormente, como exemplo temos
alguma das cartas apaixonadas eu escrevemos de madrugada e terrivelmente
estranhas na manhã do dia seguinte.

O gostar é uma tirania


Para se ter sucesso em um projeto que se busca, é necessário ter certa dose
elevada de paixão pelo que se faz, isto todo mundo está cansado de dizer, mas
é a pura verdade. Você já parou para se perguntar: E se o mundo acabasse em
um ano, estaria ainda fazendo o que faz?
Ter este desejo de se lançar dia-a-dia a todo instante no seu desenvolvimento
profissional deve ser algo prazeroso, que torne com que a atividade diária seja
como uma brincadeira, não como uma prisão, melhor ainda dizer que você
deve sim ficar preso pelo entusiasmo e boa vontade.
Quem esta interessado em trabalhar bem deve buscar o que gosta. Grande
parte de informação está disponível para quem vai atrás.

Linguagens e contextos
Não existe processo criativo sem linguagens e contextos predeterminados.
Quando nos referimos a linguagens estamos nos referindo aos modelos:
verbal, corporal, visual, oral... etc...
Interferência, questionamento e reflexão sobre a linguagem que estou
utilizando, bem como ações que se tornam novas às pessoas estão
diretamente ligadas às pessoas que buscam a experiência criativa.
Muitas vezes estamos fadados a não aceitar o novo, o que vale a pena lembrar
que precisamos mudar nossas linguagens às vezes e sem esquecer que sua
manifestação deve ter efeito sobre o vigor desta linguagem.
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A pessoa criativa necessita experimentar, ser curiosa, aventureira, assim


criando novos processos e descobrindo diferentes caminhos, outros contextos,
outras linguagens. Observando de ângulos diferentes, possibilitando novas
respostas, novas idéias, mesmo tendo consciência dos seus limites ela
enfrenta, é corajosa. Sendo assim quando temos vários destes componentes
funcionando juntos estaremos favorecendo a uma idéia criativa.
Criatividade é um conhecimento de si, surpreendente, analógica, cheias de
códigos, mas também com um contexto, ou seja, o meio ambiente é um fator
importantíssimo seja cultural ou lingüístico que partilha da criatividade.

Categorias
Percebemos o mundo através de modelos criados na mente, com uma
tendência de classificar informação que na maioria das vezes são
extremamente complexas. Buscamos organizar o mundo a nossa volta na
tentativa de organizar a nossa própria mente.
Estamos cercados de domínios simbólicos, categorias, nomes que damos a
tudo que temos pela frente, todos catalogados e divididos. Neste caso uma
pessoa criativa é aquela que traz inovação para dentro deste domínio
simbólico.
“Nossa falta de compreensão está no modo de como utilizamos nossas
categorias”.
Um grupo de peritos ou entendidos que reconhecem estas inovações
favorecem o processo criativo, reconhecendo e validando tal inovação.
Neste caso temos como exemplo a questão da familiaridade que nos toca
(como no caso da literatura) um espécie de melancolia, como se o artista
sentisse e pensasse igual a nós, mas em um trabalho que não tivemos
participação ativa, nos toca, nos deixa perplexos.
Exercício do Pincel
Para analisarmos nossas categorias vamos praticar o seguinte exercício:
Imagine um pincel comum com cerda de pêlos, metal para ficar, madeira no
cabo, enfim um pincel como todos os outros, e em 5 minutos dê outras
utilidades a ele, quantas puder imaginar, anotando todas as utilidades no
papel.
Obs. O caminho da solução pode ser o problema desmembrado, vamos
desmembrar categorias.

Como avaliar se o seu trabalho esta desenvolvendo um processo


criativo?
Para alguns profissionais a rotina de trabalho tende ser estressante e
principalmente sufocante, o que pode gerar um desgaste na qualidade do
resultado final do trabalho mais ainda na objetividade em que este deve
chegar, gerando trabalhos com uma nauseante familiaridade, ou seja, sempre
da mesma forma, sempre o mesmo trabalho, sempre com o mesmo resultado
esperado.
Quando a ação da criatividade interfere neste processo obtemos resultados tão
satisfatórios que nos surpreendem. E é nesta surpresa que observamos o
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quanto nosso trabalho tem evoluído, quando olhamos para ele e com aquela
cara de espanto dizemos a nós mesmos:
“Fui eu quem fiz este trabalho tão bom?”
Um ato é criativo se o pensador enxerga a solução antecipadamente.
Lembrando ainda que a quantidade favorece a qualidade, em média uma idéia
criativa é de 1 a 5 entre 100, ou seja, a proporção de idéias boas para idéias
ruins corresponde entre 1 a 5% de tudo o que você pode imaginar ou criar, aí
está uma boa idéia para avaliarmos o quanto estamos desenvolvendo um
trabalho criativo ou não.
Quem tende a ser muito motivado naquilo que faz tende a ter mais idéias, para
a partir de então se extrair boas idéias, chegando ao ponto de por vezes
mesmo tendo as mesmas atitudes diárias jamais poderem aceita-las como tal.

O olhar do outro
É sempre diferente o modo de ver de uma segunda pessoa, o que pode gerar
outros, diversos, complexos fatores que podem abençoar ou amaldiçoar nossas
idéias. Então como eu poderia ter uma visão diferente daquilo que eu estou
fazendo?
Descobrir uma técnica pessoal é necessário para que você possa se desvincular
de uma idéia concebida e analisar seus diferentes pontos apresentados e
escondidos.
Como um desenhista que vê sua obra no espelho, ou como um escritor que lê
seu texto em partes separadas, ou o pintor que se afasta para ver seu quadro,
a pessoa criativa pode guardar sua idéia por algum tempo (incubação) onde
depois ao olhar ver com tal surpresa e estranheza procurando fazer
considerações como se esta mesma idéia nada tenha a ver consigo mesma, ter
um outro olhar sobre ela.
Mas sozinhos também nunca vamos ter a experiência da objetividade.
A questão criativa necessita de pessoas para avaliar, necessita de
especialistas, de questões que geram outras questões e assim por diante.
A pessoa criativa necessita estar em companhia de outras pessoas de sua
área, só assim o significado de seu trabalho estará em evidência, terá o seu
valor, como uma prova final, uma arena.

Sugestão: Vídeo Paris Texas

Saturação
Um ato irrelevante atinge pela repetição de seu significado. O que é
significante para o criador é o processo em si, e não aquilo que ele está
fazendo.
E neste processo tem-se uma dedicação imensa, e depois de exausto se
começa o verdadeiro processo criativo.
“Minha criatividade é um constante progresso de trabalho eu se define com o
tempo, quanto mais trabalho, mais progresso”.
No processo de saturação fazemos tanto até aprendermos a gostar, até se
cansar e daí entaão começar a fazer.
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Motivação
A motivação é um dos fatores de maior importância ao processo criativo, onde
faz uso de todas as possibilidades apresentadas acima.
Podemos dividir a motivação em:
Intrínseca: Que nos gera prazer em fazer, ou seja o ato em si, o processo.
Adorando o que se faz, se tornando inevitável que seu trabalho e sua atitude
automaticamente vá melhorando, mas sem esquecer que ainda assim é
importantíssimo ter disciplina – não apenas a paixão.
Extrínseca: O produto ou o resultado do produto, que nos revigora e nos
enaltece, favorecendo e incentivando a novas ações criativas.
Genialidade é saber o que você quer fazer.
E toda esta paixão que favorece a motivação está diretamente ligada ao
processo de criação e não somente ao resultado final. Sendo assim podemos
até mesmo ver a perfeição como a morte de um processo. Apenas a
imperfeição é infinita.
O pensador deve apavorar-se com a aproximação do seu problema, pois aí
está o final da solução deste, como exemplo podemos utilizar o ato sexual, que
gera o prazer durante e não depois de consumado.
O ato contínuo de encontro e reencontro é que é importante.

Como gerar idéias diferentes, deliberadamente


Uma estratégia fácil para você criar

Você já se sentiu preso ou presa aos mesmos caminhos anteriormente


percorridos, e apreciaria imensamente algo diferente? Você gostaria de algo
que estimulasse sua mente a buscar o novo, o diferente? Ou ainda melhor,
várias coisas novas e diferentes, para que você possa escolher a melhor?

Vamos descrever aqui a técnica de criatividade chamada "estímulo aleatório",


fácil de aplicar, que não exige aprendizado e que produz resultados imediatos.
Ela se baseia na capacidade imensa que o nosso cérebro tem de estabelecer
relações, ligações, conexões entre tudo; de fato, fazemos isto todo o tempo,
ligando o que vemos e ouvimos ao que conhecemos e estabelecendo conexões
entre o que já sabemos. Nessa técnica, ao invés de ficarmos sentados
esperando a maçã cair, vamos sacudir a árvore.

A estratégia consiste em escolher uma palavra ou uma imagem, ou um objeto,


relacionado ao que queremos e depois escolher aleatoriamente um outro,
ligando-as com a palavra po e observando as conexões que surgem. A palavra
po vem de possibilidade, hipótese, suposição, podendo também ser vista como
as iniciais de possibilitar operação. Siga os seguintes passos:

1. Escolha uma palavra que representa a situação alvo ou uma direção:


"aprender", "emprego", "esposa".
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2. Providencie uma palavra aleatória (um substantivo), ou uma imagem


(objeto, forma, textura, etc) . Não a escolha você mesmo, já que queremos
evitar o pensamento existente. A palavra ou imagem pode ser sorteada das
seguintes maneiras:

a) Use um dicionário. Pense em um número de página (por exemplo, 1347 no


Aurélio) e uma posição nessa página (por exemplo, 9). Para isso você pode
usar também o ponteiro de segundos de um relógio. Abra o dicionário na
página 1347 e procure a nona palavra. Se ela não for um substantivo, continue
até achar um. Faça o mesmo com uma revista, um livro ou em um local
qualquer onde esteja

b) Feche os olhos e coloque a ponta do dedo sobre uma página de um jornal,


revista ou livro. Escolha a palavra mais próxima do dedo.

3. Ligue as duas palavras pela palavra po: "desemprego po programa",


"disciplina po espelho". Registre as idéias produzidas pela provocação.

Aplicada a este conteúdo, uma das boas idéias produzidas, com a palavra
aleatória "invalidez", foi a de uma seção sobre pessoas que vão além de seus
limites presumidos, como os artistas plásticos que mesmo sem os braços
pintam suas obras segurando o pincel com os lábios. Veja outros exemplos de
idéias geradas por meio desta técnica, para o tema "aula":

Aula po lábio: Para chamar a atenção dos alunos ou fazer graça, manter os
lábios se movendo enquanto deixa de emitir sons, como se estivesse mudo.
Aperfeiçoar a dicção. Para mulheres, aumentar os lábios com batom para os
tornar mais atrativos e fazer com que os alunos tenham mais atenção. Dar
uma aula inteira sem falar nada.

Um exemplo do criador da técnica e papa da criatividade, Edward de Bono:


cigarro po flor conduziu à idéia de colocar sementes de flores nos filtros dos
cigarros, para que quando um cigarro seja jogado fora em um jardim ou em
um parque dele nasçam flores.

A idéia do estímulo aleatório é a provocação e a busca de novas e diferentes


linhas de pensamento. Para preservar esse espírito, siga as seguintes
diretrizes:

- Não dê passos demais: isto sugere isso... que leva àquilo... e que me faz
lembrar de...

- Use a palavra como ela vem e não rearranje as letras, nem pegue uma
parte dela para dar outra palavra. Isto é simplesmente mudar a palavra
aleatória para encontrar uma que se encaixe melhor nas idéias que você já
tem, perdendo-se o efeito provocativo.
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- Não decida que a palavra atual ou a imagem não é utilizável, partindo


imediatamente em busca de outra. Assim, você estará somente esperando por
uma palavra que se encaixe nas idéias existentes.

Para obter o estímulo aleatório você pode usar também imagens e objetos,
embora palavras normalmente possam ser mais ricas (são informações
"empacotadas") e mais práticas de usar.

Incubação
Etapa fundamental da criatividade

Uma das etapas do processo de criatividade baseia-se no fato de que nossa


mente trabalha idéias mesmo que não estejamos conscientes dela e que não
estejamos buscando algo relacionado, em um dado momento. Uma evidência
disso são aquelas idéias que surgem de repente, por vezes em situações em
que preferiríamos que não aparecessem.

Essa etapa é chamada muito propriamente de incubação. Robert B. Dilts,


autor da PNL (Programação Neurolingüística), referiu-se a esse processo como
"gestação inconsciente". Paul McCartney disse uma vez que acordava com as
músicas soando na cabeça. O inventor Lowell Noble usava a incubação como
método de trabalho, alimentando a mente com informações, permitindo sua
"digestão" durante a noite ao dormir e apenas aguardando os pensamentos
que viriam na manhã seguinte. Há pessoas que andam com uma caderneta
para poder registrar as idéias inesperadas.(O pedágio de pensamento)

No meu caso particular, as idéias costumam vir quando estou almoçando e


tudo está calmo ao meu redor. Também acordo as vezes com boas idéias, e
em alguns casos sei que sonhei com algo em que estou trabalhando, em
particular para os assuntos mais "quentes", aqueles aos quais estive me
dedicando. Uma situação curiosa em que quase sempre vêm ótimas
inspirações é quando estou caminhando na rua. Não me pergunte o porquê...

Também um amigo que tive tinha como regra passar por essa etapa. Ao
montar um treinamento para uma empresa, por exemplo, ele se certificava de
que teria tempo suficiente para planejar o treinamento e incubá-lo,
aguardando as idéias resultantes.

Um dos princípios da incubação é que, durante seu período, não se busca


conscientemente respostas ou idéias. Ela também sinaliza uma opção para
aquelas situações em que não se está avançando; uma boa opção pode ser
não persistir, mas sim deixar o que estamos fazendo de lado.

No entanto, a incubação não é mágica, embora eu não exclua a possibilidade


de ela o ser às vezes. Incubar em geral requer uma massa crítica mínima de
conhecimentos, experiências e dedicação para ser fértil. É como plantar: tem
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que conhecer e preparar a terra, adubar, semear, regar e depois esperar os


frutos, cuidando de vez em quando. Boa colheita!

Para saber mais:

Videografia
O Fabuloso Destino de Amelie Poulain - "Le Fabuleux Destin d'Ámélie
Poulain". França/Alemanha, 2001. 122 mins. Direção: Jean-Pierre Jeunet.
Estrelando: Audrey Tatou, Mathieu Kassovitz, Rufus, Yolande Moreau,
Dominique Pinon. Distribuidora: Lumiére. Site Oficial: www.amelie-lefilm.com.

Paris Texas, Alemanha, 1984, 184 min direção: Wim Wenders

Nijinsk, Direção: Herrbert Ross, com: alan Bates, Leslie Brow e George de la
Peña, Paramount Pictures, 125min,1980

Sonhos. Direção: Akira Kurosawa, 1990

Fantasia 2000; EUA, 1999, 75 min, Diretores: James Algar, Gaëtan Brizzi e
outros, site oficial: www.disney.com.br/FilmesDisney/Fantasia2000/

A Dupla vida de Veronique França - Polónia, 35mm, cor, 92 min.1991

Adriana Calcanhoto – Público – Brasil – 2001

Criatividade – Martins Filho, Luis Almeida, Commit, aprox. 45min

Criatividade e potencial: fazendo cócegas no cérebro. J. C. Bemvenutti,


São Paulo: COMMIT, [199-]. 1 vídeo-cassete (44 min)

Bibliografia

Criatividade e Processo de Criação, Fayga Ostrower, Vozes, 1987.

Dimensões da Criatividade, Margaret A. Bonden (org.), Artmed, 1999.

Einstein, Picasso - Space, Time and the Beauty that Causes Havoc,
Arthur, Miller, Basic Books, 2001
Handbook of Creativity, Robert J. Sternberg (org.), Cambridge University
Press, 1999.

Cadernos de Nijinski, Diversos Tradutores, Ed. Francisco Alves, 1995.


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Criatividade, Projeto, desenho, produto; Luiz Vidal Negreiros Gomes, Ed.


2AB, Santa Maria, 2003.

Criatividade, Descobrindo e Encorajando; Solange Múglia Wechsler, Ed.


Psy, 1998.

A Gerência da Criatividade; Eunice Soriano de Alencar, Makron


Books,1996.

Entre Babel e o Éden; Silvia Anspach, Ed. Annablume, 1998.

Como desenvolver o Potencial Criativo, Eunice Soriano de Alencar,


Vozes,1991.

Criatividade no trabalho e na vida, Roberto Menna Barreto, Summus, 1997.

Revista Super Interessante, – Artigo: Como nascem as idéias, Nov. 2002 –


Artigo: Como nascem as idéias.

Como desenvolver o potencial criador. Eunice Maria Lima Soriano de


Alencar. Vozes, 1990.
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Anexos
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Letras de Músicas – Adriana Calcanhoto

Traduzir-se
Fagner/ Ferreira Gullar

Uma parte de mim é todo mundo


Outra parte é ninguém

Fundo sem fundo

Uma parte de mim é multidão

Outra parte é estranheza e solidão

Uma parte de mim, pesa e pondera

Outra parte, delira

Uma parte de mim almoça e janta

Outra parte se espanta

Uma parte de mim é permanente

Outra parte se sabe derrepente

Uma parte de mim é só vertigem

Outra parte, linguagem

Traduzir uma parte, na outra parte

Que é uma questão de vida ou morte

Será arte?

Será arte?
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Remix Século XX (2000)


Adriana Calcanhotto / Waly Salomão

Armar um tabuleiro de palavras-souvenirs.


Apanhe e leve algumas palavras como souvenirs.
Faça você mesmo seu micro tabuleiro enquanto jogo linguístico.

Babilaque
Pop
Chinfra Tropicália
Parangolé
Beatnick
Vietcong
Bolchevique
Technicolor
Biquini
Pagode
Axé
Mambo
Rádio
Cibernética
Celular
Automóvel
Buceta
Favela
Lisérgico
Maconha
Ninfeta
Megafone
Microfone
Clone
Sonar
Sputinik
Dada
Sagarana
Estéreo
Subdesenvolvimento
Existencialismo
Fórmica
Arroba
Antivirus
Motoserra
Mega
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Sena
Cubofuturismo
Biopirataria
Dodecafônico
Polifônico
Naviloca
Polivox

Minha Música / Kabuk

Conto:

Anos atrás, um mercador londrino teve o azar de ficar devendo uma grande soma de
dinheiro a outra pessoa, que lhe fez um empréstimo. Este encantou-se pela jovem e linda
filha do mercador. Propôs-lhe então um acordo. Disse que cancelaria a dívida do mercador,
se pudesse desposar a filha. Tanto o mercador quanto a filha ficaram apavorados. Aí a
pessoa que havia emprestado o dinheiro propôs que se deixasse a solução do caso à
providência. Para tal, sugeriu colocarem um seixo preto e outro branco dentro de uma bolsa
de dinheiro vazia, e a moça deveria então retirar um dos seixos. Se retirasse o seixo preto
tornar-se-ia sua esposa e a dívida de seu pai seria cancelada. Se retirasse o seixo branco,
permaneceria como o pai e mesmo assim a dívida seria perdoada.

Mas, recusando-se a retirar o seixo, o pai seria atirado na prisão e ela morreria de fome. O
mercador concordou, embora constrangido. Eles estavam num caminho cheio de seixos, no
jardim do mercador. O credor abaixou-se para apanhar os dois seixos e ao faze-lo apanhou
dois pretos e colocou-os na bolsa do dinheiro, que foi visto pela moça.

Pediu então à moça que retirasse o seixo que indicaria não só a sua sorte, como também a
de seu pai.

Cabe então ao acadêmico encontrar a solução para cancelar esta dívida.


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Apresentações em Slides

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