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Marco Antônio Struve


Poemas de 1990 à 1993

I
Cato coisas e desculpas
Recolho velhas fotos e
Espalho novas relembranças
Rebusco músicas
Relembro tua voz
Adivinho tua voz
Quero tua voz
No meu ouvido
Quero teu calor e tuas mãos
Quero o meu desejo
E o meu corpo
No teu corpo.
Falando de Mário à Lindolf

Sou 300, 350


Não sou Mário
Nem Maria
Sóis poeta e poesia

Mário pediu a lua


Contou a rua e o rio
Como eu, como tu
Mas não o mesmo rio.

O rio de lá, não corre ca


O rio de Mário não vai pro mar
Desbrava a terra e o coração

O rio de ca, é porto é mar


É mar, é Annamar, Ana Maria
É Annamar o sino e a sina de cantar.
III

Por te saber onde encontrar


Que não te busco
Não sei olhar mais os mesmos olhos
Em que me via refletido

Por te saber o endereço


Não te endereço as palavras
Largo-as soltas, dispersas, esparsas,
Diversas, de versos soltos e livres.

Por te saber o deitar e teu corpo


Não te partilho o leito desfeito
Nem meu corpo aflito é delírio

É delito. É sonhar. É ser não sendo


É sentir o que não sei sentir
Por saber onde encontrar.
Há nos teus olhos...

Há nos teus olhos uma ausência indecifrável.


O mistério oculto e profundo da solidão.
A inexplicável partida, o céu instável,
As nuvens densas ... a escuridão.

Há nos teus olhos um azul de mar


Com gaivotas e crianças brincando,
Areias brancas, espumas, rios a desaguar,
Peixes. Vidas em ondas.

Há nos teus olhos o que procuro nos meus:


As pequenas alegrias, esperanças, dias
Idas, voltas, nenhum último adeus.

Sonhos, planos, fins, começos


Pedaços inteiros sem que partais,
Ausente dos teus olhos, esqueço...
Questões de amar maior

Flores, luas, velas...


Queremos apenas a poesia do amor,

Não a prosa.
Adolescentes eternos,
Somos incapazes de deixar as relações
Amadurecerem.
Como vou lidar com o fato
De você ser diferente de mim ?
Se eu quero sexo

Quando você
Diz não.
Se não concordo com o que você diz,
Devo concluir que somos seres
Insuportáveis um ao outro ?
As relações tem estações...
Depois de todo inverno
Sempre vem a primavera...
As flores, luas, velas
Passageiro

Venho de longe e vou para longe,


Como o vento que desce montanhas
E sopra folhas e nuvens para o mar.

Procuro as marcas dos meus pés


Nos meus caminhos, assim como o rio
Que desce montanhas a procura de um vale
Que o leve para o mar.
Mas embora o rio sempre encontre ao mar,
Nem sempre encontro meus caminhos
Porque ervas cresceram
E nuvens cobriram o céu
Escondendo o sol e a lua.

Se não sei quem sou,


Para onde irei e onde vou.
Como esperar que alguém pare
Para me ouvir.
Como esperar que alguém
Goste de mim como o mar.
“Van”

A pouca luz,
A vela
Revela a miséria.
O café e as batatas.
Os rostos
Disformes
Deformados pelo trabalho duro.

Dia a dia,
As mãos calejadas,
Os olhos frios,
Os gestos ausentes,
A luz da vela
Ilumina o quarto
Frio e pequeno,

Mas não traz


Calor
À vida desses
Pobres
Comedores de batatas.
A casa amarela

O céu é de um azul
Cheio de azuis
Em uma quase noite
Sem estrelas.

A casa amarela,
Na esquina da rua
Verde,
Olha pensativa
As pessoas andando pela rua.

No bar ao lado,
Sentado a porta
Um homem bebe.

A casa amarela
Tem janelas verdes.
Segunda impressão

Da primeira vez que vi teus olhos


Não gostei de tê-lo feito.
Tive medo de me perder no teu olhar.

Da primeira vez que vi teus lábios


Achei tua boca feia, disforme,
Porque tive medo de querer beijá-los.

Da primeira vez que ouvi tua voz


Me pareceu irritante, aguda.
Tinha medo das palavras que dirias.

Na segunda vez que te olhei,


Teus olhos diziam aos meus
As palavras que eu não queria
Deixar de ouvir dos lábios teus
E os meus lábios nos teus
Não diziam nada
Que nossos corpos
Já não tinham imaginado
Juntos
Com o riso teu.
Constatação

Por dentro das tuas máscaras,


Meus olhos, sérios e lúcidos,
Viram a beleza
Que escondes de ti
Dentro d’alma

Sei que te procuras na luz


Quando a luz não passa de ti
Que mostras a vida nos seios
Cheios de luz, a vida, a luz

Que usas mil pontos


Como pequenas gotas
De orvalho em busca da flor
E em busca da flor
As borboletas
Trazendo as cores
E a luz que trazes
Em ti.
Indaial n° 3

O rio corre lentamente


Por baixo da tua ponte.
Segue em busca do mar.
E a ponte solitária
Fica vendo o rio
Como viu as carroças
Indo à missa de domingo,
As bicicletas indo à tarde
Namorar,
Sentiu muito cheiro de doce,
Viu muita viúva chorando,
Viu muito enterro passar,
Viu tanto sol, tanta chuva,
Viu tantos pés, patas e rodas,
Tantos loucos nos seus arcos
Querendo se matar,
Vidas que vem e que vão
E o rio furioso ou calmo
Sempre em busca do mar.
Os Velhos domingos

São seis horas da manhã.


O galo já despertou o sol.
A chaleira ferve no fogão.
Fogo de lenha. Se faz o café.
A galinha foi morta na véspera,
Quando é muito velha tem de por
Pra cozinhar. Usa a água, faz sopa.
Depois recheia, miúdo de frango,
Carne picada, pão desmanchado com leite,
O forno de lenha está quente
Assar o bolo e a cuca,
Veste logo as crianças
O sino já tocou ...
É o padre chamando
Que a missa vai começar
- Não suja essa roupa menino
- Deixa esse laço no lugar
Uma hora que não passa...
Uma hora de agonia...
Ite missa es... Amem... alegria
Correr, correr para casa
Para correr no pasto
Atrás da bola,
Afinal é domingo,
É dia que se pode tudo
Menos incomodar as visitas.
Domingo é dia de missa,
Mas é dia de primos,

De vizinhos,
De futebol,
De galinha assada,
Maionese,
De menina de roupa engomada,
Brincar de boneca,
Dos mais velhos discutirem política,
Das mães fazerem bolachas,
Se mostrarem os bordados.
Eu nunca entendi porque
Depois da missa o domingo
É tão curto....
Procuro em mim

Procuro em mim
O que há de ti.
O que é das águas
E dos rios
Que correm em mim
Como torrentes.
Procuro em mim
As chuvas lavando a terra,
As folhas molhadas,
O cheiro de terra no ar
Cortando o ar, o som dos pássaros.
Procuro em mim
As águas das chuvas
Trazendo enchentes,
Afogando as almas
E os homens.
Procuro em mim
O sol que põem
As águas no lugar,
Fecunda a terra,
Faz as nuvens.
No retrato que me faço

No retrato que me faço,


Procuro nos espelhos
Revelar cada pedaço,
Cada espaço oculto
Dentro de você.

No retrato que me faço,


Busco a luz e os olhos teus
Nos olhos meus
Nos olhos nossos e ateus.

No retrato que me faço,


Busco a lua inteira
Refletida nas poças d’agua
Da rua da minha vida.

No retrato que me faço,


Sou espaço... Sou planetas
Universo disperso em versos
Diversos... Vários... Emoções.
O silêncio dos velhos corredores...

O silêncio dos velhos corredores.


Uma esquina.
Uma lua.
As estrelas do teu olhar.
O rio vagando aprisionado.
Amplas casas.
Uma rua.
Os desejos no teu olhar.
As pontes ligando vidas.
Longos muros.
Uma lua.
Os sentidos do teu olhar
Vagando pelos velhos corredores,
Buscando a rua,
Tateando os velhos muros silenciosos
Que guardam as amplas casas
Do teu olhar
Que vê do alto da ponte
A lua refletida pelo teu olhar.
Sei que havia um rio...

Sei que havia um rio


Que corria dentro de mim,
Que me arrastava com ele
Sem perguntar, ao menos,
Se eu queria navegar,
Ser levado por correntes
Até um mar.

Mas o rio que em mim corria


Por amar não corre mais.
Fez-se nele barragens, diques
Fecharam-lhe vertentes
Até criar um imenso lago
Que o irá afogar

Mas nada detêm o fluxo


Deste rio que é coração.
Nenhuma humana mão lhe faz
Barreiras capaz de interromper
A vazão.

Assim de modo súbito,


Numa grande explosão
Segue a fluir este rio,
Que se chama coração

Segue assim o coração


À navegar de modo vário
Entretendo a razão
Até chegar em porto próprio
Que não outro é senão
O certo coração.
Noturno

Este silêncio é feito de agonias


De longas esperas....
De ausências sentidas...
De noites sem estrelas...
Sem estrelas e sem noites...

Este silêncio é feito de partidas...


Distâncias longas e curtas
De luas... De caminhar...
De buscas... Procuras
De falta de mim em mim...

Este silêncio é feito de angustia...


Da falta de grito...
De uma dor lancinante
Sufocando o coração e a voz...

Este silêncio é feito da ausência de mim...


Noturno (II)

A noite não é simplesmente um negrume


Sem margens nem direções.
A noite é a geratriz do dia...
É na noite que a lua vaga pelas ruas
A procura de companhia
Como as mulheres...
Que homens geram filhos
E se embebedam e caem pelos cantos.
A noite traz os boêmios seresteiros
E o sereno que remodela as flores
Que enfeitam os túmulos
Que refletem a lua
Inteira, nua, alva mulher.

A noite esconde a vergonha do homem


Na sua escuridão.
A noite é pura como o brilho dos neons
E as luzes das casas...
A noite é noturna como os sonhos
Que se sonha durante a noite.
A chuva

Chove sem saber por que.


Chove apenas por chover,
Para molhar os sonos,
Lavar as pedras,
Encher os rios,
Lavar as folhas das árvores

E as tardes.
Chove para lavar
A alma dos homens,
A terra dos homens,
O nome dos homens.
A chuva chove lentamente
Para deixar que as nuvens
Se desmanchem
Em lágrimas pelo ar.
Nós continuamos
A buscar o porque
Mas só a chuva
Sabe porque chove.
Noturno (III)

O silêncio das salas de espera


E aquela última estrela...
Me lembram o teu olhar
Vago, fluído, olhando o mar
Em busca de ver a vela
Surgir dos limites da espera.

Os barcos sempre partem


Com corações partidos
Em adeuses e cais...
As horas, os suspiros, os aís
Dos amores despedidos
A espera de que a volta não tarde.

Quem disse que é fácil viver


Das lembranças de alguém
Que nos deixou a espera,
Se levou nos deixando ninguém...
Só a dor de sofrer,
Como aquela última estrela,
Por ser como tu, tão só ...
Só estrela.
Parece que a luz está cansada...

Parece que a luz está cansada


De caminhar pelos campos de trigo
Destilando os amarelos e o ouro
Rebrilhado nas gotas de orvalho.

Parece que a luz está cansada


De procurar as ausências e sombras
Dos que partiram ou não chegaram,
Dos que ficaram ou se enlutaram.

Parece que a luz esta cansada


De percorrer as distâncias
Dos pensamentos ausentes de ti.

Os sonhos ausentes de mim.


Essas distâncias de praias e mar
Percebem que a luz está cansada
Ausência

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,


É preciso a saudade para eu te sentir
Para ver os teus olhos claros como lembranças
Sentir o teu corpo e tuas curvas
Em minhas mãos
É preciso a ausência da luz
Para se procurar as sombras escondidas
Dentro da lembrança da luz
É preciso a dor da ausência
Para te sentir saudade
Do que das mãos
Se deixou fugir
O mar e o sonho

O mar é só mar
E seu insolúvel destino

É ser mar.
Sem ter nunca o destino
De querer ser diferente

De ser mar

O mar não tem destino


Não viaja, nem se move...
Como um imenso coração
Apenas pulsa por ser mar.
Quisera ser nuvem, peregrino
Olhar vales, montanhas, voar.
Ir o mais longe até dizer:
Enfim chove mar...
Enfim o mar chove
O mar lava a terra
As árvores e as aves
O mar escorre nas faces,
Nas montanhas, cai nos vales
E corre... corre... para o mar...

O mar é só mar
E o seu indissolúvel destino
É ser mar e sonhar...
Antes de tudo ser feito...

Antes de tudo ser feito


Eu era amor
Porque tudo é feito
De amor
A flor se abre porque ama o sol
O sol desperta porque ama o cantar do galo
O galo canta porque ama a vida
A vida ama o amor que faz tudo.
Morrer é simplesmente esquecer as palavras

Morrer é simplesmente esquecer as palavras.


Não lembrar a tua voz, nem do que falavas,
Dos sonhos que espalhavas ir realizar
E reabrir a ferida mesmo antes de cicatrizar.

Morrer é deixar somente de lembrança ausência,


Que o tempo só torna maior com lenta paciência,
Roubando felicidades, destruindo corações
Com dores de amores incompletos e emoções.

Morrer é tentar largar as culpas no caminho


Sem querer percorrê-lo por medo dos espinhos,
De machucar os pés nas pedras. Ficar sozinho

Na solidão da noite de contar estrelas,


Procurar nas veias uma chance de tê-las.
Porque morrer é sempre, nunca mais vê-las.
Vento sul

Vento sul
Vai o azul
E vem a chuva
Miúda
Fraca
Fria

Folhas voam
Pássaros ocasionais
Nos redemoinhos

Vento sul...
Vai o azul
Dos sonhos
Flutuando,
Arrastado pelas ruas

Nas manhãs
O sol
Vai surgir !...

E o vento
Para onde irá o vento
Depois de roubar os teus pensamentos.
Infinito espaço ...

Infinito espaço.

Horizonte.
Mar.

Onde começas
Se não no meu coração.
Onde terminas,
Se não no mesmo coração
Que pulsa como o mar,
Em ondas,
Em vidas,
Espaços,

Horizonte.
Nota do Autor.

Os poemas aqui reunidos foram escritos entre 17 de setembro de


1990 e 11 de março de 1993.

Foi o último trabalho consistente, apesar de extremamente esparso


e pequeno levando-se em conta o período de tempo abrangido,
realizado de 1993 até 1997. Neste período nós nos limitamos a
escrever circunstancialmente ou a rescrever poemas antigos. Que
acabaram reunidos no primeiro volume desta obra com o título de
"Possível Infinito".

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