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O colapso mundial dos preços das ações fez muitas vítimas fundos de
pensões, seguradoras, fundos de hedge, companhias de serviços financeiros.
Contudo, trata-se de agentes econômicos que, se forem inteligentes,
recorrerão aos recursos amealhados para sobreviver a uma liquidação de
grandes proporções. Alguns, inclusive, recorrerão a vendas a descoberto ou a
derivativos para lucrar com os preços em queda. Mas e quanto ao investidor
pequeno, aquele indivíduo que amealha com grandes dificuldades somas
modestas para sua aposentadoria ou para a faculdade? Será que ele deveria
aguardar em silêncio a evolução dos acontecimentos ou deveria encarar o
momento como uma oportunidade de compras despejando mais dinheiro no
mercado?
Se o pequeno investidor achar que deve tomar alguma atitude, o melhor a fazer
seria ajustar regularmente sua carteira à medida que os ativos forem mudando
de valor, permitindo assim a alocação desejada de ações, títulos e dinheiro,
avaliam os especialistas. “Creio que as reações mais óbvias vender a
descoberto, investir nos mercados emergentes já contam com preços de tal
forma estabelecidos que não permitirão a esses investidores obter retornos
polpudos”, diz Herring. “Vejo com muito ceticismo a possibilidade de muitos
investidores de prever essas mudanças. Creio que a maior parte das pessoas
teria muito a ganhar se se ativesse às suas alocações estratégicas e avaliasse
se as mudanças observadas no mercado as afastaram para muito longe de
seus objetivos. Sinto muito, mas esse é um conselho perfeitamente normal”.
“Para que a operação de troca de ações por dinheiro, e vice-versa, seja bem-
sucedida, temos primeiramente de saber se estamos realmente a caminho, ou
não, de uma recessão”, observa Marston. “Só teremos condições de sabê-lo
depois de 12 a 18 meses de recessão efetiva. Esse é o tempo médio que leva
para o comitê de datação do ciclo econômico, subordinado ao NBER, declarar
o estado de recessão.” O Escritório Nacional de Pesquisas Econômicas
(NBER) é uma organização sem fins lucrativos que identifica o começo e o fim
dos períodos de recessão, e o faz sempre depois de iniciado o processo devido
à demora da coleta de dados.
“Não existe um indicador que lhe diga quando o mercado acionário atingirá o
fundo do poço”, diz Siegel, porém, o professor da Wharton prevê que as ações
do mercado acionário americano chegarão ao final de 2008 mais valorizadas
do que no início do ano.
Será que as ações terminarão o ano mais valorizadas do que no início? “Não
avalio as coisas aleatoriamente”, disse Malkiel. “Não creio que os mercados
sejam previsíveis. A única coisa que posso fazer neste caso é reproduzir aqui
as palavras de J. P. Morgan quando lhe fizeram essa mesma pergunta. Ele
disse: ‘As ações flutuarão.’ Não posso dizer mais nada além disso.”
Ignore o mercado
A exemplo de Malkiel, Bogle, fundador da Vanguard, crê que ninguém, seja um
pequeno investidor, seja um investidor profissional, deve alimentar a esperança
de conseguir prever as altas e baixas do mercado ano após ano. Portanto, ele
também defende uma estratégia de investimento em índices cujo objetivo seja
a duplicação dos ganhos médios do mercado a longo prazo. O negócio
principal da Vanguard são os fundos de índices.
“Em primeiro lugar, é preciso entender que o mercado acionário constitui uma
grande distração ao negócio de investimento”, diz ele. Os preços das ações
deverão baixar um pouco, acrescenta, e adverte os especuladores que
pretendem aproveitar essa situação que agora é a hora de fazê-lo. Com
relação aos investidores de longo prazo, seu conselho é “fiquem de fora. Não
façam coisa alguma. Talvez seja doloroso, mas é provável que esta seja uma
reação mais sensata do que tentar adivinhar o momento de ir à luta”, diz ele em
referência à tendência do investidor de vender quando os preços estão baixos
e de comprar novamente quando estão altos, invertendo a regra básica de
compra na baixa e venda na alta.
Bogle diz que o rendimento dos dividendos no Standard & Poor’s 500 é de
cerca de 2%, e que os ganhos corporativos crescem a uma média de 6% ao
ano a longo prazo. Juntos, esses dois fatores devem proporcionar aos
investidores retornos anuais médios de 8%, que é mais do que ganham com
títulos ou dinheiro, diz Bogle.
Atualmente, o índice de preços das ações em relação aos ganhos anuais das
empresas é de 18 para 1 pelo S&P 500, segundo Bogle. Se esse valor cair,
aproximando-se da média de longo prazo de 15 para 1, poderá tirar cerca de
um ponto percentual ao ano dos retornos proporcionados pelo mercado
acionário, deixando os investidores com um índice de 7%, ainda assim
bastante saudável.
Para Bogle, a possibilidade de uma recessão é de 75%. Entre os principais
fatores para isso, diz ele, pode-se apontar a queda dos preços da moradia, que
reduz a possibilidade do consumidor de recorrer a empréstimos lastreados no
valor de sua casa para refinanciá-la e conseguir, assim, capital para seus
gastos. “O consumidor, é claro, é rei, sendo responsável por 70% do nosso
PIB”, diz ele, acrescentando: “Na minha opinião, estamos às portas de uma das
mais expressivas tempestades econômicas dos últimos 30 anos.”