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Frans Moonen

(organizador)

POLÍTICAS CIGANAS:
SUBSÍDIOS PARA ENCONTROS E CONGRESSOS
CIGANOS NO BRASIL

Centro de Cultura Cigana


Juiz de Fora - MG - Brasil
2008
2
Sumário

Introdução: Políticas ciganas no Brasil: 1988 – 2008 ........................................................................................ 5

Anexos
1. Documentos brasileiros
1.1. Os ciganos na I Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Brasília, 2005) ....................... 17

2. Documentos ciganos
2.1. Ata do Congresso Internacional sobre Políticas Regionais e Locais Ciganas (Roma, 1991) .................... 27
2.2. Conclusiones del I Congreso Gitano dela Unión Europea (Sevilla, 1994) ............................................... 30
2.3. Declaração do Povo Rom (Ciganos) aos Povos ..... das Américas (Santiago do Chile, 2000) ................ 33
2.4. Declaración del Pueblo Rom de las Américas (Quito, 2001) .................................................................... 35
2.5. A propósito de Durban: una mirada preliminar desde el pueblo Rom (Gitanos) de las Américas ............. 40

3. Documentos europeus
3.1. Conselho da Europa; Recomendação 563 de 1969 ................................................................................ 47
3.2. Conselho da Europa: Resolução 13 de 1975 .......................................................................................... 48
3.3. Conselho da Europa: Resolução 125 de 1981 ........................................................................................ 49
3.4. Parlamento Europeu: Resolução 151 de 2005 ........................................................................................ 51
3.5. Parlamento Europeu: Resolução 35 de 2008 .......................................................................................... 56

4. Documentos da Organização das Nações Unidas


4.1. Convenção da ONU sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial (1965) ............... 61
4.2. Pacto Internacional de direitos civis e políticos (1966) ............................................................................... 63
4.3. Convenção 169 da OIT (1989) ................................................................................................................ 64
4.4. ONU/CERD: Recomendación 27: La discriminación de los romanies (2000) ........................................... 70
4.5. ONU/OSCE: Decisão 3/03 – Plan de acción para ..... la población Romani e Sinti (2003 ) ...................... 74

Bibliografia complementar .............................................................................................................................. 88

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Introdução: Políticas ciganas no Brasil: 1988 – 2008.

O Brasil talvez seja o único país do mundo no qual um cigano chegou a ser Presidente da
República (Juscelino Kubitschek, 1956-60). Só que na época talvez apenas 0,00001% dos
brasileiros soubesse que ele era cigano, porque JK, publicamente, nunca assumiu a sua des-
cendência cigana. Mesmo assim, todas as Constituições Federais sempre ignoraram a exis-
tência dos ciganos. Pelas Leis brasileiras hoje existentes, os Rom, Sinti e Calon – os assim
chamados ―ciganos‖ - nem sequer são considerados minorias étnicas, e como tais com direi-
tos específicos, reconhecidos em diversas convenções internacionais, várias das quais pro-
mulgadas também no Brasil. No Brasil não existe uma legislação especificamente cigana co-
mo existe, por exemplo, para os índios. No entanto, na Constituição Federal de 1988 existem
artigos que, por extensão, dizem respeito também às minorias ciganas, entre os quais os se-
guintes:
Direito à não-discriminação:
―Art.3º . Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.‖
―Art. 5º . Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza , garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade ....
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de reclusão,
nos termos da lei. ―
Direito à livre locomoção:
―Art. 5º . Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza ......
XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
Direitos culturais.
―Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da
cultura nacional, apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
§ 1º - O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e
das de outros grupos participantes do processo civilizatório brasileiro.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, toma-
dos inividualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas ................
§ 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais―
A Constituição Federal garante aos ciganos nascidos no Brasil os mesmos direitos dos
outros cidadãos, pelo menos em teoria. Na prática, muitos destes direitos são constantemente
violados, o que se manifesta na existência de estereótipos negativos, preconceitos e várias
formas de discriminação das minorias ciganas pela população majoritária nacional. Porém, os
ciganos, por constituirem minorias étnicas, também têm direitos especiais, citados em vários
documentos internacionais, aprovados e promulgados também pelo Governo Brasileiro. Des-

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necessário dizer que também estes direitos especiais são constantemente ignorados e viola-
dos.
Após 1988, ocorreram algumas mudanças. A Constituição Federal do Brasil de 1988 atri-
buiu também ao Ministério Público Federal a defesa dos direitos e interesses indígenas (CF,
Art. 232), antes atribuição exclusiva da Fundação Nacional do Índio. Um dos resultados práti-
cos foi a criação, na Procuradoria da República, da Coordenadoria de Defesa dos Direitos e
Interesses das Populações Indígenas/CDDIPI. Alguns anos depois, a Lei Complementar 75,
de 20.05.1993, ampliou ainda mais a ação do MPF ao atribuí-lo também a proteção e defesa
dos interesses relativos às comunidades indígenas e minorias étnicas (Art. 6, VII, ―c‖). Diante
disto, em abril de 1994, a CDDIPI foi substituida pela Câmara de Coordenação e Revisão dos
Direitos das Comunidades Indígenas e Minorias, incluindo-se nestas também as ‗comunida-
des negras isoladas‘ (antigos quilombos) e as minorias ciganas (atualmente 6ª Câmara de
Coordenação e Revisão do Ministério Público, também chamada Câmara dos Índios e Minori-
as: http://ccr6.pgr.mpf.gov.br).
Importantes foram também as Conferências Nacionais de Direitos Humanos, no governo
Fernando Henrique Cardoso anualmente realizadas a partir de 1996. Na 1ª Conferência de
1996 foi apresentado o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), instituido pelo De-
creto nº 1.904 de 13 de maio de 1996. O PNDH de 1996 ainda não cita os ciganos, o que
motivou o envio de uma carta indignada ao então Secretário Nacional de Direitos Humanos,
José Gregori, pelo cigano rom Claudio Iovanovitch, presidente da Associação da Preservação
da Cultura Cigana do Paraná - APRECI/PR:
“ Na I Conferência Nacional de Direitos Humanos, que subsidiou o Programa Nacional de Di-
reitos Humanos, houve aprovação de uma emenda, que incluía os ciganos, afirmando da neces-
sidade de sermos reconhecidos, respeitados, e protegidos nos nossos direitos. Curiosamente,
essa emenda não constou do programa nacional, e até hoje não conseguiram explicar direito por-
que.
Por que queremos, também nós, os ciganos, ser lembrados no Programa Nacional de Direitos
Humanos? Primeiramente, porque entendemos que é importante sermos reconhecidos pelo Go-
verno, como uma minoria étnica merecedora de respeito e proteção. Segundo, porque, já sendo
tão discriminados no dia-a-dia, nos sentimos mais discriminados ainda, com essa recusa do Go-
verno, em lembrar que nós existimos, como um grupo humano específico, dentro do conjunto dos
grupos que formam os brasileiros.
O desconhecimento que as pessoas têm dos ciganos faz com que sejamos tratados por estereó-
tipos, com tratamento assemelhado ao dispensado aos bandidos e ladrões.
A partir mesmo da Constituição de 1988, os ciganos estão abrangidos pela grande proteção dada
pelos artigos 215 e 216, que manda preservar, proteger e respeitar o patrimônio cultural brasi-
leiro. Este patrimônio é constituído pelos modos de ser, viver, se expressar, e produzir de todos
os segmentos que formam o processo civilizatório nacional. (...) Lamentavelmente, ainda falta o
reconhecimento do Governo do Brasil, e o tratamento igualitário, entre as minorias.
Com efeito, sob a expressão geral de ―cigano‖, qualificam-se minorias étnicas que a si mesmas
chamam de calon, rom ou sinti.
Somos vítimas de muitos preconceitos. Para os citadinos, cigano muitas vezes é sinônimo de es-
perto, de vagabundo, ou de ladrão. Esse ranço histórico é cultivado, inclusive, pela literatura em
torno de estórias e histórias vividas ou imaginadas. Assim como os judeus, ou os índios, ou os
negros, ou os pobres, os ciganos são discriminados na sociedade.
Quais são os problemas que mais nos afetam?
Não temos acesso ao registro civil de nascimento, nem de óbito. Nosso nomadismo serve de pre-
texto aos titulares dos cartórios para dificultar e mesmo impedir sejam lançados os nascimentos
dos filhos e filhas de ciganos.
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Não temos direito de estacionar nossas caravanas, e estabelecermos nossos acampamentos
provisórios, sem sermos molestados pelas polícias, e autoridades locais.
Nossas crianças não têm direito de freqüentar escolas, por conta da nossa maneira de viver. E
quando nos sedentarizamos, vemos nossos filhos serem tratados como cidadãos de segunda
classe, porque nossos valores culturais não são conhecidos nem são respeitados. [...]
Por que não aproveitar experiências avançadas de outros países, no campo do respeito aos direi-
tos das minorias, e entre estas, dos ciganos? Portugal, por exemplo, já tem grandes avanços,
com a facilidade de ter tudo na mesma língua materna que o Brasil, e com a possibilidade de utili-
zação de troca de experiência, que enriqueça o esforço do Brasil, para respeitar efetivamente os
direitos humanos de todos.‖
Em 2000 realizou-se a V Conferência Nacional de Direitos Humanos, em Brasília, que
contou com a presença do cigano Claudio Iovanovitch, tendo como assessor o autor não-
cigano deste ensaio. Um cigano e um ciganólogo, ambos euro-descendentes brancos, perdi-
dos no meio de centenas de afro-descendentes e um número razoável de índios. Ambos par-
ticiparam do Grupo de Trabalho 2, sobre ―Preconceito, discriminação e exclusão‖. A seguir, a
transcrição da proposta nº 6 deste GT e as moções ciganas, conforme apresentadas em ple-
nário:
Propostas:
―6. É necessária a participação ativa do governo para informar a população sobre a particularida-
de cultural dos ciganos,para combater as imagens anticiganas e para facilitar que os portadores
dessa cultura possam ter acesso à documentação que certifica sua cidadania‖.
Moções das minorias étnicas Rom, Sinti e Calon (ciganos):
- Os presentes na 5ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos entendem que a inclusão dos
Rom, Sinti e Calon – os assim chamados ciganos – como minorias étnicas seja oficialmente reco-
nhecida no Programa Nacional de Direitos Humanos.
- Elaboração de uma legislação específica para a promoção da defesa dos direitos e interesses
das minorias Rom, Sinti e Calon e aplicação imediata, por analogia, dospreceitos de promoção e
proteção aos índios e comunidades remanescentes de quilombos, no que couber educação, saú-
de, etc.
- Como conteúdo mínimo deverão ser assegurados, para os Rom, Sinti e Calon itineantes, o direi-
to de ir e vir, e de montar suas barracas e estacionar seus trailers em acampamentos com a devi-
da infra-estrutura (água, energia elétrica, sanitários, coleta delixo, etc.) indicados para este fim em
todas as cidades com mais de 50.000 habitantes. Cada acampamento deverá poder abrigar no
mínimo dez barracas ou trailers.
- As barracas e trailers das minorias Rom, Sinti e Calon devem ser consideradas suas casas e
como tais asilos invioláveis.
- Os cartórios de registro civil devem ser proibidos de recusar registros de nascimentos e óbitos
de Rom, Sinti e Calon itinerantes.
- As empresas estatais devem dar apoio a projetos culturais ciganos, de acordo com a Lei Roua-
net.
Brasília, 26 de maio de 2000
Nem tudo isto foi aproveitado no 2º Programa Nacional dos Direitos Humanos, instituido
pelo Decreto nº 4.229 de 13 de maio de 2002, e que revoga o PNDH anterior, de 1996. Neste
2º PNDH, das 518 propostas, apenas 6 tratam dos ciganos:
250. Promover e proteger os direitos humanos e liberdades fundamentais dos ciganos.
251. Apoiar a realização de estudos e pesquisas sobre a história, cultura e tradições da comuni-
dade cigana.

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252. Apoiar projetos educativos que levem em consideração as necssidades especiais das crian-
ças e adolescentes ciganos, bem como estimular a revisão de documentos, dicionários e livros
escolares que contenham estereótipos depreciativos com respeito aos ciganos.
253. Apoiar a realização de estudos para a criação de cooperativas de trabalho para ciganos.
254. Estimular e apoiar as municipalidades das quais se identifica a presença de comunidades ci-
ganas com vistas ao estabelecimento de áreas de acampamento dotadas de infraestrutura e con-
dições necessárias.
255. Sensibilizar as comunidades ciganas para a necessidade de realizar o registro de nascimen-
to dos filhos, assim como apoiar medidas destinadas a garantir o direito ao registro de nascimento
gratuito para as crianças ciganas. [Fonte: www.dhnet.org.br]
Observa-se que nas moções ciganas, os culpados pelo não-registro civil dos ciganos são
os cartórios; no item 255 do PNDH a culpa é atribuida aos próprios ciganos, que devem ser
―sensibilizados‖ porque, aparentemente, não registram seus filhos só porque não querem. A
realidade é outra, exatamente o contrário.
Mas conforme se vê, as primeiras conquistas dos ciganos, embora ainda modestas, ocor-
reram no governo Fernando Henrique Cardoso.
O governo Lula da Silva não extingiu por completo as Conferências Nacionais de Direitos
Humanos (CNDH), porque a 8ª CNDH realizou-se no início de 2003 (certamente já programa-
da e organizada em 2002, no governo anterior), mas deixaram de ser anuais, e não mais ini-
ciativa do legislativo (Câmara dos Deputados), mas agora também do executivo (Secretaria
Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República). A 9ª CNDH foi realizada em
2004, e a 10ª CNDH em 2006.
Por Decreto Presidencial de 29 de abril de 2008, foi convocada a 11ª CNDH, cuja finali-
dade é, ou pretende ser, apresentar, em dezembro de 2008, o PNDH III (3º Programa Nacio-
nal de Direitos Humanos), seis anos após o PNDH II, do governo anterior. E isto somente
porque em 2008 comemora-se, em todo mundo, os 60 anos da Declaração Universal dos
Direitos Humanos.
O texto base desta 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos em momento algum
menciona a palavra ―ciganos‖ (veja http://www.mj.gov.br/sedh/11cndh/textobase/pdf. ).
Mas já antes disto, o governo Lula da Silva preferiu tratar o assunto em termos ―raciais‖.
A SEPPIR – Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial foi criada pelo
governo Lula em 21 de março de 2003 e tem como objetivo primeiro: ―Promover a igualdade e
a proteção dos direitos de indivíduos e grupos raciais e étnicos afetados pela discriminação e
demais formas de intolerância, com ênfase na população negra‖. A escolha da sigla SEPPIR
(igualdade racial), e não SEPPIRE (igualdade racial e étnica), já indica claramente que seria –
como de fato é - uma secretaria quase que exclusivamente para os negros, e que os grupos
étnicos, como os índios, os ciganos, os judeus, ou os árabes e palestinos, e que não constitu-
em ―raças‖, receberiam tratamento diferente, desigual, de quinta categoria – como de fato
recebem.
Pouco depois, em 23 de maio de 2003, foi criado o CNPIR – Conselho Nacional de Pro-
moção da Igualdade Racial, como ―parte da estrutura básica da SEPPIR‖, instituido pelo De-
creto nº 4.885 de 20 de novembro de 2003. ―Integram o órgão 20 representantes da Socieda-
de Civil organizada, 3 personalidades notoriamente reconhecidas no âmbito das relações
raciais e 17 representantes de ministérios‖. Como representante dos ciganos foi nomeado (e
não eleito pelos ciganos) o rom-matchuwaia Claudio Iovanovitch, da APRECI/PR – Associa-
ção para a Preservação da Cultura Cigana do Paraná -, então provavelmente o cigano mais
conhecido pelas ―autoridades‖ em Brasília. Ou então talvez até o único.

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Foi decidido realizar a 1ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial – 1ª
CONAPIR, de 30 de junho a 2 de julho de 2005. Antes o assunto começou a ser discutido em
Conferências Estaduais e Municipais, de dezembro de 2004 a junho de 2005. Mas, como
sempre, esqueceram de convidar também os ciganos que então solicitaram a realização de
uma Audiência Cigana. Mas também esta foi esquecida pelas autoridades governamentais.
Inconformado, Claudio Iovanovitch enviou, em 15 de maio de 2005, ao CNPIR uma longa
carta de protesto, da qual algumas partes merecem ser transcritas:
―Senhora Presidente
Senhoras e Senhores Conselheiros
5. Em Durban [na 3ª Conferência Mundial Contra o Racismo, a Discriminação Racial, Xenofobia e
Intolerãncia Correlata - ano 2001] a preocupação dos que daquela conferência participaram foi
atender a todos os grupos étnicos raciais discriminados, sem ênfase a nenhum deles. Tal enten-
dimento nos faz compreender que todos os que sofrem pelo preconceito e pela exclusão soci-
al,seriam protegidos indistintamente.
6. As propostas emanadas de Durban citam todos os grupos mundialmente e historicamente dis-
criminados. Os ciganos são apontados no artigo 68 do documento final, como um dos grupos que
mais sofreram e sofrem discriminação, perseguição e exclusão social. Na nossa história conta-
mos 4000 anos de vivência nessa situação inaceitável.
7. Quando a SEPPIR ..... dá prioridade à população negra no único projeto ora implementada, ―A
Cor da Cultura‖, nos causa indignação uma vez que o projeto não foi sequer discutido pelo
CNPIR. Desse modo, parece-nos, a referida Secretaria comporta-se ao contrário do que provocou
sua existência, atendendo apenas um dos segmentos do CNPIR, deixando os demais relegados
a nenhum plano.
10. As Conferências Nacional, Estaduais e Municipais ..... propostas sem prévia consulta ao
CNPIR, certamente levantarão os mesmos problemas e definirão as mesmas propostas que já es-
tão registradas no PNDH I e II do governo anterior. Não seria – perguntamos – menos oneroso ao
contribuinte, assim como também mais eficiente e eficaz, ainda que se retorne às consultas e de-
bates, partir desde já para as ações afirmativas concretas, as quais, sem mais perda de tempo
precioso, poderiam de imediato fazer surtir os efeitos benéficos ansiados pelos que ainda sofrem
preconceito, intolerância, discriminação e exclusão social?
11. Temos testemunhado como integrantes do CNPIR, assim como ouvido depoimentos de mem-
bros de outros conselhos e comissões instituidos pelo governo Luíz Inácio Lula da Silva, que os
temas que deveriam ser amplamente discutidos com vistas à definição de propostas a serem aco-
lhidas pelos órgãos governamentais, na verdade, estão recebendo pacotes prontos e acabados.
Nas contestações apresentadas pela plenária, tem sido constante a reação negativa e impositiva
dos que conduzem as reuniões. Palavras tolhidas, intervenções interrompidas, sugestões des-
qualificadas e por fim propostas engavetadas. Lamentavelmente, esta tem sido a atitude por parte
dos que são responsáveis pelas realizações deste governo. Esta atitude é inaceitável para todos
nós que ajudamos a eleger o Presidente Lula, e assim oportunizar o acesso do Partido dos Tra-
balhadores ao poder federal. Inaceitável, por antidemocrático, por sectária, por enganosa.
Esta situação, por tudo inconcebível, precisa ser, sem mais delongas, avaliada e corrigida no pro-
pósito de que a sociedade brasileira possa voltar a confiar, a ter esperanças no que o Partido dos
Trabalhadores, e o próprio Presidente da República preconizaram nesses últimos 20 anos.
12. (....) No presente ... continuamos invisíveis como se neste país não vivêssemos; como se no
cotidiano brasileiro não tivessemos, também, deixado as nossas marcas, os nossos berços e jazi-
gos. Os ciganos brasileiros também têm direitos e deveres de cidadania, portanto, não adianta
ao poder público e à sociedade, fingirem que não existimos. Sendo assim, a geração de conhe-
cimento sobre os ciganos é fundamental por ser a única forma efetiva de minimizar, no primeiro
momento, o peso cruel da discriminação.

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Vemos então que as Ações Afirmativas que a Secretaria propõe não podem ser direcionadas,
nem agora, nem depois, exclusivamente a um dos grupos.
(....) conforme a agenda elaborada pela mesma Secretaria, ocorreria a Audiência Cigana no dia
16 de maio do corrente ano em Curitiba .... Conferência confirmada no Informativo da 1ª Confe-
rência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, ano 1, nº 2, de 28 de abril de 2005, com a
manchete ―Ciganos interrompem peregrinação para a Audiência no Paraná‖. Esta Audiência ....
lamentavelmente não pode realizar-se em razão de que nenhuma das providências a cargo deste
órgão foram tomadas.
Ainda que esta APRECI tenha encaminhado, em tempo hábil, relação dos participantes a serem
convidados, indicação do hotel, restaurante e transporte, estimativa de custo, registro das empre-
sas prestadoras de serviço, e outras, no propósito de contribuir para o êxito deste importante en-
contro, reiteramos, nenhuma medida foi tomada pela SEPPIR, o que resultou no cancelamento da
aludida Audiência. (...)
Senhora Presidente, Ministra Matilde Ribeiro, Senhoras e Senhores Conselheiros, diante do ex-
posto, o que devemos pensar?
A assessoria e a equipe executiva da SEPPIR são incompetentes? São irresponsáveis? Estão
brincando em serviço, desrespeitando desse modo às atribuições regimentais dessa Secretaria?
Tratam com descaso a minoria cigana?
Estarreceu-nos, quando entramos em contato com a SEPPIR no dia 9 do corrente mês e ano, e
soubemos da imobilidade relativa às necessárias ações pertinentes à realização da suprcitada
Audiência Cigana, para o dia 16 de maio de 2005, em Curitiba.
Mais do que desapontamento, tomou-nos profunda indignação com o tratamento que estamos re-
cebendo da SEPPIR. No único momento, até esta data, que a SEPPIR voltar-se-ia para a ques-
tão cigana, fomos abandonados, rejeitados, discriminados, excluidos do processo preparatório à
Conferência Nacional, justamente pelo órgão público e por aqueles que, se não por ideologia,se
não por consciência política, pelo menos por atribuição funcional, deveriam empenhar-se pela
concretização das ações propostas por essa instituição governamental.
Esperamos, Senhora Presidente, Senhoras e Senhores Conselheiros, que a falta de respeito, a
qual nos feriu nesta oportunidade, não mais ocorra com os ciganos e com nenhum dos grupos
que devem ser protegidos pela SEPPIR.
Claudio Domingos Iovanovitchi
Presidente da APRECI – Membro Titular do CNPIR
Diante disto, a SEPPIR improvisou, às pressas, uma Audiência Cigana, realizada num
hotel em Brasília, nos dias 13 e 14 de junho, apenas duas semanas antes da 1ª Conferência
Nacional, e da qual, conforme o Relatório Final CONAPIR, participaram 50 pessoas, mas
apenas parte das quais ciganos(as), provavelmente nem sequer a metade. As 41 propostas
apresentadas na Audiência, e encaminhadas à 1ª CONAPIR, foram:
1. Desenvolvimento de políticas de proteção ao patrimônio cultural, biológico e conhecimento
tradicional da etnia cigana, em especial às ações que tenham como objetivo a catalogação, o re-
gistro de patentes e a divulgação desse patrimônio.
2. Proteção das manifestações culturais da etnia cigana e inclusão destas nas festividades e
comemorações que contemplem outras etnias.
3. Mapeamento dos acampamentos e tombamento dos sítios e documentos detentores de remi-
niscências históricas juntamente com a realização de um censo da população cigana do Brasil.
4. Proteção ao conhecimento tradicional dos rituais de fitoterapia, artes divinatórias, o respeito à
natureza e a preservação da ecologia desenvolvida pela etnia cigana.
5. Implantação de programas de saúde diferenciados na assistência à etnia cigana pelo SUS,
priorizando ações na área de medicina preventiva, segurança alimentar, fitoterapia, DST/AIDS.
6. Incentivo à participação de representantes ciganos nos conselhos federais, estaduais e muni-
cipais de defesa dos direitos das minorias étnicas, nos conselhos tutelares, bem como no Conse-
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lho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, para orientação, resguardo e garantia dos direitos
da etnia cigana.
7. Criação de uma comissão paritária permanente para o diálogo inter-religioso entre a Socieda-
de Civil, os entes públicos e as tradições religiosas.
8. Criação de um Conselho Inter-Religioso, em nível nacional, estadual e municipal, para a pro-
moção de campanhas periódicas, estratégias para a construção da inter-religiosidade, bem como
para recebimento de denúncias de intolerância.
9. Apoio ao fortalecimento às entidades e instituições dirigidas por e para ciganos no desempe-
nho de suas atividades, nos projetos auto-sustentáveis do ponto de vista econômico, ambiental e
cultural, e apoio à criação de cooperativas e outras formas de geração de renda, garantindo os di-
reitos constitucionais da etnia cigana.
10. Apoio e fortalecimento do Centro de Referência à Discriminação Religiosa (CRDR) no de-
sempenho de suas atividades, garantindo os direitos constitucionais da diversidade religiosa no
Estado do Rio de Janeiro.
11. Garantia, através de projetos de lei, à mulher cigana no uso tradicional dos trajes típicos, livre
acesso a todo e qualquer estabelecimento.
12. Incentivos à comunidade cigana para permitir às mulheres ciganas terem os mesmos direitos
de alfabetização, cultura e educação dos ciganos.
13. Garantir às barracas ciganas (Tcheras) o mesmo direito de inviolabilidade estabelecido pela
Constituição Federal de 1988 às casas residenciais.
14. Inclusão da etnia cigana em toda e qualquer campanha de saúde, educação, solidariedade,
fraternidade e respeito ás diversidades.
15. Garantia às crianças e jovens ciganos nômades os mesmos direitos, tratamento, respeito e
solidariedade dispensados aos não ciganos.
16. Apoio às municipalidades no estabelecimento de áreas de acampamento dotadas de infra-
estrutura e condições necessárias para as comunidades ciganas nômades.
17. Orientação e assistência gratuita na área jurídica, psicológica e assistência social à etnia ci-
gana, facilitando o registro de nascimento e demais documentações legais.
18. Garantia à etnia cigana do direito de professar e praticar a sua religião, possuir e utilizar obje-
tos sagrados religiosos e ministrar ensino religioso em sua língua materna.
19. Prevenção e combate à intolerância religiosa e discriminação, no que diz respeito às religiões
minoritárias, cultos afro-brasileiros, tradições religiosas orientais, ocidentais, encantarias e outras,
fomentando o respeito à Constituição Federal, que garante a liberdade de crença e culto.
20. Acréscimo da cultura cigana ao Decreto nº 1.494, de 17/05/1995 (DOU 18/05/1995) que re-
gulamenta a Lei nº 8.313, de 23/12/1991, que estabelece a sistemática de execução do Programa
Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC).
21. Implantação dos dispositivos da Declaração sobre a eliminação de todas as formas de pre-
conceito, intolerância e discriminação fundadas em religiões ou crenças, adotadas pela Assem-
bléia Geral das Nações Unidas em 25 de novembro de 1981, e divulgação de informações sobre
as tradições religiosas e seus direitos, principalmente nos meios de comunicação e escolar.
22. Inclusão no currículo dos ensinos fundamental e médio, do tema transversal ―História, Cultu-
ra e Filosofia das Religiões no Brasil‖ e apoio aos estudos e pesquisas sobre a história, cultura e
tradições da comunidade cigana (Ciganologia).
23. Promoção de campanhas educativas e criação de cartilha, vídeos, CD´s relacionados à etnia
cigana, divulgação em escolas públicas municipais e estaduais, eliminação de materiais didáticos
de expressões que apresentem a etnia cigana de maneira difamatória, e capacitação dos profes-
sores do ensino fundamental e médio para prevenir discriminações e criação de conhecimento.
24. Proibição de veiculação, nos diferentes meios de comunicação, de propaganda e mensagens
racistas, preconceituosas, xenófobas, discriminatórias, difamatórias, que incitem ódio contra os
valores e doutrinas religiosas ou reforcem preconceitos de qualquer ordem.

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25. Desenvolvimento de campanhas públicas de combate à discriminação religiosa e de valori-
zação da pluralidade religiosa no Brasil.
26. Implantação da Convenção Internacional nº 111 da Organização Internacional do Trabalho —
OIT, sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial e relativa à discriminação em
matéria de emprego e ocupação.
27. Implantação da Resolução nº 1 da ONU, adotada pela 43ª Sessão (agosto de 19941), sub-
comissão para a Prevenção da Discriminação e Proteção das Minorias.
28. Implantação do Artigo 40 do Encontro de Copenhagem/Junho 1990, da Conferência sobre a
dimensão humana, da Conferência de Segurança e Cooperação na Europa (CSCE); a Recomen-
dação Referente à solução dos problemas específicos dos ROM, incluída no relatório da Reunião
dos Especialistas das Minorias Nacionais da CSCE, de julho de 1991.
29. Respeito aos Princípios Políticos de Durban: resgatar a dívida para com a minoria étnica ci-
gana, por ter se omitido no que diz respeito aos estereótipos forjados sobre esses grupos no inte-
rior da Sociedade Civil, bem como pelos poucos esforços para incorporar plenamente à Socieda-
de Brasileira as populações descendentes deste grupo.
30. O projeto do ―cartão educação‖ para que as crianças e adolescentes sejam matriculados em
no máximo 24 horas nas redes públicas estaduais e municipais sempre que chegaram com suas
famílias em uma nova cidade.
31. A criação da ―comissão do cigano‖ nas 27 secionais da OAB extensiva a todos os municípios
em que existe representação.
32. Assegurar ao povo cigano que em filmes, novelas e seriados, documentários seja respeitado
seus costumes, crenças e tradições. Assim como eliminar em livros e materiais didáticos expres-
sões que apresentem o povo cigano de uma forma negativa.
33. Assegurar para a defesa do povo cigano o mesmo espaço usado pela mídia ao denegrir, di-
famar e violentar a dignidade de todo e qualquer cigano, ou grupo cigano e que se sintam ultraja-
dos.
34. Garantir a presença de ginecologista mulher nas unidades móveis para que as mulheres ci-
ganas possam realizar seus exames preventivos e de pré-natal sem criar constrangimentos den-
tro de sua comunidade.
35. Incentivar, apoiar e ministrar estudos, palestras e debates sobre o povo cigano para que co-
nhecendo a filosofia de vida, crenças e tradições desse povo milenar, diminua o preconceito e
com isso os ciganos possam superar e enfrentar melhor as diversidades.
36. Garantir as empresas e profissionais liberais ciganos o mesmo direito de competitividade e
eqüidade evitando atos e ações discriminatórias.
37. Criar um Conselho Tutelar que possa orientar, resguardar e garantir os direitos do povo ciga-
no.
38. Sensibilizar as comunidades ciganas para a necessidade de realizar o registro de nascimen-
to dos filhos, assim como apoiar medidas necessárias destinadas a garantir o direito ao registro
de nascimento gratuito para crianças ciganas.
39. Incluir o dia 24 de maio no calendário de festividades do Brasil, como o dia nacional do ciga-
no, por se comemorar nesta data o dia de Santa Sara Kali (Padroeira Universal do Povo Cigano).
40. Promover e criar cursos de alfabetização diferenciada às crianças e adultos ciganos através
de unidades móveis com programas e profissionais capacitados para uma alfabetização rápida e
eficaz bilíngüe.
41. Garantir a inclusão do povo cigano a toda e qualquer campanha de saúde, educação, solida-
riedade, fraternidade e respeito às diversidades.
FUNDAÇÃO SANTA SARA KALI (Mirian Stanescon Batuli de Siqueira)
ASSOCIAÇÃO DE PRESERVAÇÃO DA CULTURA CIGANA DO PARANÁ (Cláudio Iovanovichi)
ASSOCIAÇÃO DE PRESERVAÇÃO DA CULTURA CIGANA DE SÃO PAULO (Farde Estephanovichi)
CENTRO DE REFERÊNCIA À DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA (Kátja Bastos)

12
Entre as quatro ONGs que assinam as 41 propostas constam duas ONGs religiosas, que
antes nunca tiveram qualquer preocupação com a defesa dos direitos ciganos, mas não cons-
tam várias outras ONGs ciganas, igualmente ou até mais importantes, como o Centro de Cul-
tura Cigana (Juiz de Fora), a União dos Ciganos no Brasil (Rio de Janeiro), a Fundação CE-
DRO – Centro de Estudos e Discussão Romaní, além de algumas outras, que aparentemente
não foram convidadas para o evento. No entanto, observa-se a presença do Centro de Refe-
rência à Discriminação Religiosa – CRDR, uma ONG não-cigana convidada pela presidente
da (também religiosa) Fundação Santa Sara Kali (ambas do Rio de Janeiro) e que souberam
infiltrar sete propostas que nada têm a haver com a questão cigana, como as propostas 7, 8,
10 (que até pede ―apoio e fortalecimento do CRDR ...‖), 18 (não existe uma ―religião cigana‖),
19, 21 e 25. Descontando estas sete propostas não-ciganas, sobram 34 propostas apresenta-
das pelos ciganos e suas ONGs.
Duas semanas depois realizou-se em Brasília a 1ª Conferência Nacional de Promoção da
Igualdade Racial – CONAPIR , de 30 de junho a 2 de julho de 2005. A organização coube à
SEPPIR e ao CNPIR. Os temas foram tratados em 12 ―eixos temáticos‖, a saber: 1 - Trabalho
e desenvolvimento econômico (90 propostas); 2 – Educação (165); 3 – Saúde (87); 4 - Diver-
sidade cultural (132); 5 - Direitos humanos e segurança pública (113); 6 - Comunidades re-
manescentes de quilombos (90); 7 - População indígena (118); 8 - Juventude negra (65); 9 -
Mulher negra (87) ; 10 - Religiões de matriz africana (63) ; 11 - Política internacional (33); 12
- Fortalecimento das organizações anti-racismo (33) .
Observa-se que os negros ocupam nada menos do que quatro eixos temáticos, os índios
apenas um, e os ciganos e outras minorias étnicas nenhum. Ao todo, o relatório apresenta
1053 propostas, sendo que 115 delas também se referem a ciganos. Mas propostas específi-
cas para os ciganos foram apresentadas apenas 19. A seguir são reproduzidas estas 19 pro-
postas específicas. As 115 propostas que incluem a palavra cigano ou nômade, constam no
Anexo 1.1. A versão completa do relatório final da 1ª CONAPIR está disponível no site:
www.presidencia.gov.br/seppir .

Tema 1. Trabalho e Desenvolvimento Econômico.


90 [1].Garantir aposentadoria aos ciganos e ciganas que alcancem a idade necessária e que pos-
sam ter os mesmos direitos atualmente garantidos aos trabalhadores rurais pelo INSS.
Tema 2. Educação.
59 [2]. Promover campanhas educativas e a criação de cartilha relacionada à etnia cigana, com
divulgação em escolas públicas municipais e estaduais; eliminar em materiais didáticos expres-
sões que apresentem a etnia cigana de maneira difamatória e capacitar professores do ensino
fundamental e médio para prevenir discriminações.
86 [3]. Estimular os estudos dos costumes dos ciganos nas universidades federais e estaduais
nos cursos afins.
144 [4]. Criar uma escola específica que respeite e valorize a cultura cigana
145 [5]. Criar uma escola móvel, itinerante, para alfabetização dos ciganos – crianças, adolescen-
tes e adultos nômades.
146 [6]. Promover e criar cursos de alfabetização diferenciada às crianças ciganas, por meio de
unidades móveis com programas e profissionais capacitados para uma alfabetização rápida, efi-
caz e bilíngüe.
152 [7]. Estimular a inclusão dos ciganos nos conselhos de educação.
164 [8]. Apoiar os estudos e pesquisas sobre a história, cultura e tradições da comunidade cigana
– Ciganologia.

13
Tema 3. Saúde.
33 [9]. Garantir a presença de ginecologista mulher nas unidades móveis, para que as mulheres
ciganas possam realizar seus exames preventivos e de pré-natal sem criar constrangimentos den-
tro de sua comunidade.
Tema 4. Diversidade cultural.
21 [10]. Incluir a cultura cigana no Decreto n.° 1.494, de 17/05/1995 (DOU 18/05/1995) que regu-
lamenta a Lei n.° 8.313, de 23/12/1991, que estabelece a sistemática de execução do Programa
Nacional de Apoio à Cultura (Pronac).
59 [11]. Desenvolver políticas e projetos de proteção ao patrimônio cultural cigano, considerando
que seu conhecimento histórico, medicinal, das artes divinatórias e o respeito e preservação da
ecologia fazem parte do conhecimento tradicional da etnia cigana, divulgando seu acúmulo de
forma a combater estereótipos e resgatar suas tradições.
Tema 5. Direitos humanos e segurança pública.
33 [12]. Promover o mapeamento dos acampamentos ciganos(as) de todo o país.
34 [13]. Fomentar políticas de estabelecimento de áreas de acampamento dotadas de infra-
estrutura e condições necessárias para as comunidades ciganas nômades no Brasil.
35 [14]. Garantir às barracas ciganas (Tcherias) o mesmo direito de inviolabilidade estabelecido
pela Constituição Federal de 1988 às casas residenciais.
36 [15]. Incluir a Etnia cigana em toda e qualquer campanha de saúde, educação, solidariedade,
fraternidade e respeito à diversidade.
37 [16]. Estimular que estados e municípios instituam o ―Cartão Educação‖, documento para viabi-
lizar a matrícula de crianças e adolescentes ciganas, com celeridade, nas redes públicas estadu-
ais e municipais, sempre que chegarem com suas famílias a uma nova cidade, sob pena de co-
minações civis e criminais do diretor da instituição de ensino que descumprir tal determinação.
38 [17]. Elaborar programas de atendimento social à população cigana e outros grupos nômades,
que compreendam orientação e assistência gratuita na área jurídica, psicológica e social, facili-
tando o registro de nascimento e demais documentações legais.
Tema 9. Mulher Negra.
82 [18]. Fornecer incentivos à comunidade cigana para permitir às mulheres ciganas terem os
mesmos direitos de alfabetização, cultura e educação dos ciganos.
Tema 10. Religiões de matriz africana.
53 [19]. Garantir um espaço para o direito da expressão religiosa cigana.
Ou seja, as originais 41 propostas ciganas, apresentadas na Audiência Cigana de 14 de
junho de 2005, resultaram em apenas 19 propostas incluidas no relatório final da 1ª CONA-
PIR. Por este motivo, os ciganos apresentaram a seguinte moção:
13. Moção cigana/solicitação de inclusão imediata das propostas ciganas no documento referên-
cia / I Conapir.
As entidades abaixo firmadas, legitimamente representativas do povo cigano e mais as pessoas
abaixo assinadas, vêm, respeitosamente, à presença de vossas excelências, em razão dos fatos
ocorridos — adiante enfocados —, ponderar e requerer o quanto se segue.
Nesse sentido, aludidas entidades participaram do processo relativo à elaboração de propostas
respeitantes à ―I Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial‖, tal como determinado
pela Seppir, especialmente em relação aos itens: R0, R1, R2, R3 e R4.
Assim, as propostas tiradas na audiência cigana realizada no dia 14 de junho de 2005, em Brasí-
lia, foram entregues em mãos da senhora Oraida (Seppir), ao término da referida audiência.
Ademais, as mencionadas propostas foram enviadas por e-mail em 15 de junho de 2005 (isto é,
no dia seguinte) tanto para a senhora Oraida como para a senhora Tereza, ambas funcionárias
da Seppir.

14
Ocorre que, perplexos, no dia de ontem, percebemos a ausência de diversas daquelas propostas
no texto ―Documento de Referência‖ (relativo à fase R5), ainda que tenham sido entregues em
mãos e enviadas por e-mail.
Tendo em vista que todas as referidas propostas foram legitimamente aprovadas em plenário, o
povo cigano não pode se conformar com a apontada ausência destas.
Nesse sentido, somente pudemos inferir ter ocorrido uma falha na fase de sistematização do ―Do-
cumento de Referência‖ da ―I Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial‖ a ser en-
caminhado para subsidiar as discussões dos Grupos Temáticos para, em seguida, serem votados
durante a presente sessão plenária.
Ainda, os líderes da etnia cigana, no final da tarde de ontem protocolaram ofício junto à Coorde-
nação da Seppir exatamente nos termos, em mãos do Sr. Jorge Carneiro.
Incrivelmente, em reunião com a coordenação da Seppir na manhã de hoje, com a presença do
representante cigano, Sr. Claudio Iovanovitch, ventilou-se a possibilidade de inclusão das propos-
tas então pleiteadas.
Na prática, em segunda reunião com a Sra. Maria Inês, também da coordenação da Seppir às
12h15, de hoje, com a presença da representante cigana do Rio de Janeiro, Mirian Stanescon, foi
prometido ao povo cigano a inclusão de suas propostas.
Mas, qual nada!!! O povo cigano, bem organizado, com espírito absolutamente harmônico, ainda
que cumprindo rigorosamente toda a processualística estabelecida pela própria coordenação da
Seppir, restou alijado da ―I Conferência de Promoção da Igualdade Racial‖ e, por conseqüência,
nosso povo agora corre o risco de perdurar mais uma vez excluído — à margem da sociedade!!!
Com efeito, requeremos a imediata inclusão das propostas ciganas ausentes, como medida do
mais justo Direito.
De nada adiantou. Conforme vimos, das 1053 propostas do relatório final da1ª CONAPIR
apenas 19 foram dedicadas exclusivamente aos ciganos. Em outras 96 propostas são citados,
mas como uma espécie de co-adjuvantes: todas estas propostas falam de negros, índios e
ciganos (quase sempre nesta ordem, com os negros em primeiro lugar), às vezes seguindo-se
ainda judeus, árabes e palestinos.
Tudo indica que os ciganos foram acrescentados apenas na redação final do relatório,
embora tenham sido esquecidos em 938 propostas onde bem poderiam ter sido incluidos.
O site da SEPPIR divulgou que de 29 a 31 de maio de 2008 seria realizada a 2ª CONA-
PIR. Informava ainda que, mais uma vez, seriam realizadas Conferências Estaduais, mas em
9 de março constavam conferências agendadas apenas nos Estados de Mato Grosso, Bahia e
Maranhão. Não há como, pela internet, saber se para estas conferências estaduais também
foram ou seriam convidados ciganos. O Boletim Informativo da 2ª CONAPIR, ano 1, nº 1,
2007, pág. 2 informa ainda que fazem parte do processo preparatório ―c) Consultas Nacionais:
Indígena, Quilombola e Cigana‖. Faltando menos de três meses para a realização da 2ª CO-
NAPIR, em maio de 2008, sem qualquer explicação, o evento foi adiado para maio de 2009.
Talvez porque em 2008, de maio a agôsto, serão realizadas reuniões estaduais prepara-
tórias para a XI Conferênca Nacional de Direitos Humanos, a ser realizada em Brasília, de 15
a 18 de dezembro de 2008, e que deve resultar no PNDH III – 3º Programa Nacional de Direi-
tos Humanos. Nenhuma ―audiência Cigana‖, estadual ou nacional, está prevista.
Será que os ciganos e as organizações ciganas foram ou serão em tempo hábil avisados
da realização da XI CNDH, com esclarecimentos e instruções claras sobre como, de fato,
após vencer uma enorme burocracia, participar dela, a nível estadual ou nacional? E o que
sabem da Consulta Nacional preparatória para a 2ª CONAPIR? Ou, mais uma vez, serão es-
quecidos?

15
Seja como for, a realização da XI Conferência Nacional de Direitos Humanos, no final de
2008, e o adiamento da 2ª CONAPIR para 2009, dá aos ciganos e às organizações ciganas
oportunidade para melhor preparar e formular suas propostas, denúncias e reivindicações em
ambos os eventos.
Diante disto transcrevemos a seguir vários documentos ciganos e não-ciganos interna-
cionais, para subsidiar audiências, encontros e congressos dos ciganos no Brasil. Em outros
países a problemática cigana tem sido debatido já há anos, por ciganos e não-ciganos. Com
certeza suas conclusões, propostas e reivindicações podem servir de inspiração também para
os ciganos brasileiros.
Frans Moonen
fjmmoonen@yahoo.com.br

16
ANEXOS

I - Documentos Brasileiros

Anexo 1.1.
OS CIGANOS NA I CONFERÊNCIA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
- 2005
SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL - SEPPIR
CONSELHO NACIONAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL - CNPIR
I Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial -- 30 de junho a 2 de julho, 2005
Relatório Final - Brasília – DF
A seguir são reproduzidas apenas as propostas gerais e específicas que
se referem aos ciganos ou a nômades. O relatório completo está disponí-
vel em arquivo eletrônico no site: http://www.presidencia.gov.br/seppir
FM
1. Trabalho e Desenvolvimento Econômico.
8 [1]. Garantir a documentação básica – carteira profissional, CPF, carteira de identidade,
certidão de nascimento, título de eleitor, entre outros – para pessoas de comunidades negras
rurais e urbanas, quilombolas, indígenas e ciganas.
10 [2]. Criar um fundo de apoio financeiro às comunidades negras, ciganas e indígenas para
a produção sustentável de bens materiais e culturais.
17 [3]. Incluir as populações negras, indígenas, ciganas e remanescentes quilombolas em
programas de capacitação e permanência no emprego.
50 [4].Criar linha de crédito e capacitação profissional e tecnológica continuada para o empre-
endedorismo, com respeito à diversidade regional, tendo como beneficiários(as): as popula-
ções negra, indígena e cigana, as mulheres, os pobres, as pessoas com deficiências, os ido-
sos e jovens.
51 [5].Criar linha de crédito específica às comunidades negras, quilombolas, indígenas e ci-
ganas, em especial às mulheres, e assistência técnica para as diversas formas de geração de
trabalho e renda, eliminando a exigência de garantias patrimoniais, fiança ou mesmo a com-
provação de um ano de atividade mediante a formação de uma assessoria fiscalizadora da
aplicação dos investimentos.
55 [6].Destinar recursos sem contingenciamento para pesquisas e difusão de tecnologias di-
recionadas a comunidades quilombolas, indígenas, ciganas e assentamentos.
61 [7].Criar indicadores socioeconômicos que contemplem as peculiaridades culturais e soci-
ais da população negra, indígena e cigana.
62 [8].Realizar diagnósticos para identificar perfil ou vocação econômica das comunidades
quilombolas, indígenas, ciganas e negras urbanas e rurais, considerando as especificidades
de cada região.
76 [9].Realizar seminários, conferências, fóruns, congressos e outros eventos com o objetivo
de promover a igualdade racial, garantindo ampla participação da juventude negra, GLBTT,
indígena, cigana e de outros segmentos, com publicação de material didático e pedagógico.
79 [10].Criar programas de capacitação em empresas privadas sobre a cultura negra, cigana
e indígena, por meio de parcerias com Delegacias Regionais do Trabalho e movimentos ne-
gro, indígena e cigano.

17
83 [11].Capacitar econômica, financeira, gerencial e tecnologicamente as comunidades ne-
gras, indígenas e ciganas visando ao aprimoramento da capacidade empreendedora desses
contingentes.
85 [12].Criar banco de serviços de profissionais das populações negra, indígena, cigana e de
outras etnias discriminadas para cadastrá-los(as) em cursos de capacitação e formação em
diversas áreas, por meio de parcerias com empresas privadas e públicas.
86 [13].Criar banco de dados para catalogar as organizações das populações negra, cigana e
indígena ligadas à produção de bens e serviços.
90 [14].Garantir aposentadoria aos ciganos e ciganas que alcancem a idade necessária
e que possam ter os mesmos direitos atualmente garantidos aos trabalhadores rurais
pelo INSS.
2. Educação.
18 [15]. Implementar em todas as instâncias de ensino a perspectiva racial e de gênero desde
a educação infantil, assegurando a integridade física e psicológica das crianças negras, indí-
genas, quilombolas e demais etnias historicamente discriminadas, especialmente árabes,
palestinos, judeus e ciganos, no sentido de prevenir práticas racistas, preconceituosas e dis-
criminatórias.
22 [16]. Criar um programa nacional de inclusão digital para as populações negra, indígena e
cigana, com instalação de laboratórios de informáticas nas comunidades.
23 [17]. Criar uma política de promoção do incentivo à leitura para comunidades negras –
rurais e urbanas –, indígenas e ciganas, priorizando excelência técnica de infra-estrutura com
acervo bibliográfico, videográfico, fotográfico, fonográfico e cartográfico, utilizando referências
locais.
34 [18]. Assegurar o acesso das crianças afro-descendentes, indígenas, ciganas, caboclas e
ribeirinhas à educação infantil, por meio da criação de novas vagas destinadas a essas popu-
lações.
37 [19]. Estimular a contratação de professores ciganos e das demais minorias étnicas.
46 [20]. Promover políticas que viabilizem a democratização do conhecimento por meio da
construção de currículos que contemplem a diversidade étnico-racial, objetivando tornar os
conteúdos programáticos mais próximos da realidade dos estudantes das regiões rurais e
urbanas, das comunidades negras, quilombolas, das populações indígenas e ciganas.
51 [21]. Tornar obrigatória a inclusão, no currículo escolar, das disciplinas história e literatura
dos povos indígenas, negros, ciganos e outras minorias, conforme peculiaridades de cada
povo.
59 [22]. Promover campanhas educativas e a criação de cartilha relacionada à etnia
cigana, com divulgação em escolas públicas municipais e estaduais; eliminar em mate-
riais didáticos expressões que apresentem a etnia cigana de maneira difamatória e ca-
pacitar professores do ensino fundamental e médio para prevenir discriminações.
76 [23]. Estimular, por intermédio de instituições de fomento, o desenvolvimento de linhas e
grupos de pesquisa sobre a temática da diversidade cultural dos afro-brasileiros, indígenas e
ciganos.
77 [24]. Promover o acesso a bolsas de estudos de iniciação científica para afrodescendentes,
indígenas, ciganos e quilombolas, sem limite de idade.
86 [25]. Estimular os estudos dos costumes dos ciganos nas universidades federais e
estaduais nos cursos afins.
144 [26]. Criar uma escola específica que respeite e valorize a cultura cigana

18
145 [27]. Criar uma escola móvel, itinerante, para alfabetização dos ciganos – crianças,
adolescentes e adultos nômades.
146 [28]. Promover e criar cursos de alfabetização diferenciada às crianças ciganas, por
meio de unidades móveis com programas e profissionais capacitados para uma alfabe-
tização rápida, eficaz e bilíngüe.
152 [29]. Estimular a inclusão dos ciganos nos conselhos de educação.
159 [30]. Considerar no calendário escolar as datas comemorativas de indígenas, ciganos e
quilombolas.
163 [31]. Criar centros de referências bibliográficas e pesquisa sobre as culturas negras, ci-
ganas, indígenas, árabes, palestinas e judaicas.
164 [32]. Apoiar os estudos e pesquisas sobre a história, cultura e tradições da comu-
nidade cigana – Ciganologia.
3. Saúde.
1 [33]. Promover a saúde das populações negras, indígenas e ciganas – saneamento, educa-
ção, meio ambiente, trabalho, lazer, cultura, religião, transporte e moradia.
2 [34]. Fortalecer e garantir o Sistema Único de Saúde, SUS, e o Sistema Único de Assistên-
cia Social – SUAS, promovendo, entre outras ações, aumento orçamentário e destinando
recursos específicos para ações relativas às populações negras, indígenas, cigana e a outras
etnias, com vistas a tornar os serviços públicos de saúde e assistência social efetivamente
universais para toda a sociedade e fazer valer o princípio da eqüidade.
11 [35]. Garantir o acesso da população negra, indígena e cigana a todos os níveis de aten-
ção à saúde – promoção, prevenção, tratamento e reabilitação – de acordo com os princípios
e diretrizes do SUS, com ênfase na humanização do serviço e dos atendimentos, asseguran-
do transporte adequado e acesso das comunidades quilombolas, indígenas, ciganas e tradi-
cionais ao SUS, em seus diferentes níveis de complexidade, mediante a ampliação da rede de
atenção e do orçamento destinado a esse programa.
12 [36]. Desenvolver e fortalecer, no interior do SUS, a atenção à saúde das populações ne-
gra, cigana e indígena, respeitando suas especificidades e particularidades, sejam das zonas
rurais, urbanas ou assentamentos, garantindo o recorte de gênero.
15 [37]. Garantir profissionais qualificados no SUS que possam trabalhar de forma humaniza-
da a sexualidade e a saúde reprodutiva da juventude negra, cigana, indígena e de comunida-
des tradicionais, respeitando a sua orientação sexual.
16 [38]. Garantir o atendimento específico e humanizado para idosos(as), negros(as), indíge-
nas, remanescentes de quilombos, ciganos(as) e pessoas de outras comunidades tradicio-
nais.
18 [39]. Garantir centros de referências e contra-referências em unidades de saúde localiza-
das próximas a quilombos, reservas indígenas e acampamentos ciganos.
19 [40]. Garantir a atenção básica de saúde a mulheres negras, indígenas e ciganas, especi-
almente as portadoras de HIV/Aids, anemia falciforme, diabetes e hipertensão arterial, do
meio urbano, rural, quilombos e aldeias, durante o pré-natal, perinatal e pós-natal, a fim de
evitar a mortalidade materna e infantil, com atenção às mulheres jovens.
28 [41]. Estender o programa de planejamento familiar para as comunidades afro-
descendentes, indígenas, ciganas e tradicionais, dando ênfase à paternidade responsável.
29 [42]. Desenvolver ações específicas, seguidas de orientações preventivas e combate à
disseminação do HIV/Aids e hepatite, voltadas às populações negras, indígenas e ciganas,

19
incluindo a disponibilidade de preservativos para sexo seguro e informação sobre outros mé-
todos de barreira, considerando as especificidades de orientação sexual.
33 [43]. Garantir a presença de ginecologista mulher nas unidades móveis, para que as
mulheres ciganas possam realizar seus exames preventivos e de pré-natal sem criar
constrangimentos dentro de sua comunidade.
37 [44]. Exigir a inserção e o respeito ao etnoconhecimento dos(as) indígenas, ciganos(as),
população de comunidades tradicionais e quilombolas. Instituir atendimentos diferenciados
nessas comunidades, valorizando os conhecimentos tradicionais: de parteiras, remedieiros,
raizeiras, pajés e benzedeiras.
40 [45]. Estimular a participação dos diversos saberes populares afro-descendentes, indíge-
nas, ciganos e outras etnias na construção de pesquisas e materiais informativos sobre saú-
de.
41 [46]. Criar, fortalecer e ampliar programas e projetos de segurança alimentar e nutricional,
com ênfase às experiências das práticas terapêuticas de matriz africana, indígena, cigana e
de outras etnias.
42 [47]. Fortalecer as políticas de patenteamento da biodiversidade, por meio de catalogação
de ervas medicinais, para a constituição de um banco de dados que subsidie estudos e pes-
quisas, bem como assegurar o uso de bens materiais e imateriais como patrimônio dos povos
quilombolas, indígenas, ciganos e comunidades de terreiros.
62 [48]. Fomentar as inter-relações entre o Conselho de Segurança Alimentar e entidades
representativas de remanescentes de quilombos, povos indígenas, ciganos e outras etnias.
68 [49]. Promover a formação de agentes de saúde e saneamento das comunidades quilom-
bolas, indígenas, de ciganos e de comunidades tradicionais.
72 [50]. Realizar capacitação e qualificação de profissionais de saúde com equipe interdisci-
plinar sobre a prevenção e tratamento de uso e abuso de drogas ilícitas e lícitas para prestar
atendimento dentro das aldeias, quilombos e acampamentos ciganos.
73 [51]. Organizar e implementar cursos de formação e capacitação para os(as) profissionais
da saúde e assistência social, com enfoque para o atendimento das necessidades e especifi-
cidades de saúde e assistência social da população negra, indígena e cigana, contemplando
as questões de orientação sexual.
77 [52]. Realizar encontros regionais e locais para sensibilizar gestores(as) públicos sobre as
questões de gênero, orientação sexual, raça/etnia e idade/geração. Identificar as ações dis-
criminatórias dos SUS e SUAS em relação aos indígenas, quilombolas, ciganos(as) e outras
etnias.
84 [53]. Ampliar linhas de crédito para pesquisa específica de saúde sobre raça/etnia para:
• estruturar políticas de promoção à saúde da mulher negra, indígena e cigana, incluindo as
questões de orientação sexual, assegurando as diretrizes do Programa de Atenção Integral a
Saúde da Mulher (PAISM) e as particularidades do quadro de morbidade e mortalidade des-
ses grupos.
4. Diversidade cultural.
3 [54]. Reconhecer a imensa dívida para com negras(os) e ciganas(os), assumindo que hou-
ve negligência do Estado brasileiro para incorporá-los(as) plenamente à sociedade nacional o
que contribuiu para a formação de estereótipos sobre esses grupos.
7 [55]. Desenvolver e ampliar ações afirmativas em todas as políticas sociais públicas para
enfrentar preconceitos e discriminações contra afro-descendentes, indígenas, judeus, árabes,
palestinos e povos nômades.

20
17 [56]. Fomentar manifestações culturais das diferentes culturas que compõem a nação bra-
sileira: afrodescendentes, indígenas, judeus, árabes, palestinos e povos nômades.
19 [57]. Garantir critérios, nos editais de contratação de prestação de serviços, que valorizem
e incentivem a produção das artes e cultura afro-brasileira, indígena, cigana e de outras etni-
as discriminadas.
21 [58]. Incluir a cultura cigana no Decreto n.° 1.494, de 17/05/1995 (DOU 18/05/1995)
que regulamenta a Lei n.° 8.313, de 23/12/1991, que estabelece a sistemática de execu-
ção do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac).
25 [59]. Desenvolver e garantir recursos para projetos sociais que resgatem a cultura e privi-
legiem crianças e adolescentes e pessoas da terceira idade afro-descendentes, indígenas e
ciganas, utilizando todas as linguagens de arte e cultura, incluindo ações em penitenciárias e
casas de recuperação de adolescentes e jovens.
32 [60]. Incluir representantes das populações negras, indígenas, ciganas e demais minorias
étnicas nas mídias públicas e privadas.
35 [61]. Criar leis que assegurem a ampliação da presença dos negros(as), indígenas, ciga-
nos e demais grupos na mídia, combatendo estereótipos que os desvalorizem.
37 [62]. Disponibilizar espaço nas mídias para divulgação de bens e serviços das comunida-
des negras, ciganas e indígenas.
46 [63]. Adotar políticas para promoção de preservação e tombamento dos diversos patrimô-
nios imateriais e materiais da cultura afro-brasileira, indígena, quilombola, cigana, de popula-
ções ribeirinhas e de outros segmentos étnicos raciais, a partir das informações das comuni-
dades locais, com respeito à sua organização social, visando criar mecanismos de conscienti-
zação da sociedade sobre diversidade étnica e racial brasileira.
47 [64]. Adotar políticas públicas para promoção, resgate e preservação do patrimônio imate-
rial, material das culturas afro-brasileira, indígena e cigana nas suas diversas manifestações,
políticas essas extensivas a todo o território nacional.
49 [65]. Efetivar políticas de preservação da história e cultura das comunidades quilombolas,
indígenas, dos povos ciganos, ribeirinhos caboclos, judeus e palestinos(as), incluindo na
grade curricular matéria de artes – música, desenho, dança, teatro, artesanato e capoeira.
57 [66]. Divulgar as práticas culturais tradicionais dos povos negros, indígenas, ciganos e
demais minorias étnicas em toda a sociedade brasileira.
59 [67]. Desenvolver políticas e projetos de proteção ao patrimônio cultural cigano,
considerando que seu conhecimento histórico, medicinal, das artes divinatórias e o
respeito e preservação da ecologia fazem parte do conhecimento tradicional da etnia
cigana, divulgando seu acúmulo de forma a combater estereótipos e resgatar suas tra-
dições.
65 [68]. Incentivar, desenvolver e garantir recursos para políticas afirmativas de inclusão digi-
tal propiciando a produção de sites e a produção e gravação de músicas independentes, dan-
do visibilidade e fortalecendo as identidades negras, indígenas, ciganas e de outros grupos
étnicos excluídos.
67 [69]. Divulgar festas típicas das etnias e promover feiras das culturas negra, indígena e
cigana.
68 [70]. Promover e incentivar festivais nacionais de arte negra, indígena e cigana nas gran-
des cidades e nas de médio porte, por intermédio do Ministério da Cultura.
70 [71]. Proteger as manifestações culturais das populações negra, cigana e cabocla. Incluí-
las nas festividades e comemorações que contemplem outras etnias.

21
71 [72]. Instituir, no calendário festivo oficial brasileiro, as manifestações culturais e religiosas
das diversas etnias que compõem a sociedade nacional, com ênfase para as populações
negras, indígenas, ciganas, judaicas, palestinas e de outros grupos étnico-raciais discrimina-
dos, resgatando a riqueza de suas influências na formação do povo brasileiro e incentivando a
mobilização dos ativistas.
78 [73]. Incentivar e divulgar projetos e eventos de manifestações das religiões afro-
brasileiras, indígenas, ciganas e outras, em rádio, jornal, televisão, internet e demais veículos
de comunicação, a fim de promover uma imagem positiva destas.
89 [74]. Ampliar o investimento público em ações de valorização, resgate e difusão de mani-
festações culturais indígena, quilombola, cigana e afro-brasileira.
102 [75]. Criar centros de convivência para difusão e fomento à cultura das diversas etnias,
com o estabelecimento imediato dos centros de cultura indígena, de tradições afro-
brasileiras, ciganas e de outros grupos étnicos discriminados.
5. Direitos humanos e segurança pública.
4 [76]. Ampliar as políticas afirmativas da igualdade racial para negros(a), indígenas, hispano-
americanos(as), ciganos(as), judeus, muçulmanos(as), árabes e palestinos(as).
5 [77]. Incluir representantes, principalmente indígenas, negros(as) e ciganos(as) e de todas
as etnias discriminadas, na Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
– Seppir e em instâncias governamentais federais que elaboram as políticas públicas.
6 [78]. Criar grupo de trabalho para elaborar, acompanhar e avaliar a implementação de políti-
cas públicas para os povos indígenas, ciganos e grupos nômades.
33 [79]. Promover o mapeamento dos acampamentos ciganos(as) de todo o país.
34 [80]. Fomentar políticas de estabelecimento de áreas de acampamento dotadas de
infra-estrutura e condições necessárias para as comunidades ciganas nômades no
Brasil.
35 [81]. Garantir às barracas ciganas (Tcherias) o mesmo direito de inviolabilidade es-
tabelecido pela Constituição Federal de 1988 às casas residenciais.
36 [82]. Incluir a Etnia cigana em toda e qualquer campanha de saúde, educação, soli-
dariedade, fraternidade e respeito à diversidade.
37 [83]. Estimular que estados e municípios instituam o “Cartão Educação”, documen-
to para viabilizar a matrícula de crianças e adolescentes ciganas, com celeridade, nas
redes públicas estaduais e municipais, sempre que chegarem com suas famílias a uma
nova cidade, sob pena de cominações civis e criminais do diretor da instituição de en-
sino que descumprir tal determinação.
38 [84]. Elaborar programas de atendimento social à população cigana e outros grupos
nômades, que compreendam orientação e assistência gratuita na área jurídica, psicoló-
gica e social, facilitando o registro de nascimento e demais documentações legais.
90 [85]. Estimular que estados e municípios planejem, elaborem e implementem programas
de capacitação contínua, ressaltando o diálogo intergeracional para: servidores(as) do minis-
tério público, do poder Judiciário, do sistema penitenciário, agentes públicos, policiais civis e
militares e agentes comunitários que atuam na área de segurança pública, representantes das
populações negras, indígenas, ciganas e outras etnias discriminadas, visando à sua prepara-
ção para atuar no cenário da diversidade racial e étnica da sociedade brasileira, formando
agentes multiplicadores no combate à discriminação racial.

22
105 [86]. Garantir uma política de assistência social na perspectiva de eqüidade para os seg-
mentos sujeitos a graus mais elevados de riscos sociais, como as populações negra, quilom-
bola, indígena e cigana, de imigrantes e refugiados(as).
106 [87]. Garantir acesso à política de assistência social eficaz a toda população, em todos os
níveis de complexidade, baixa, média e alta, de acordo com o Sistema Único da Assistência
Social – SUAS, em especial às populações negra, indígena e cigana, a comunidades quilom-
bolas, imigrantes e refugiados(as).
6. Brasil Quilombola.
29 [88]. Garantir às comunidades quilombolas, indígenas, de assentamentos, aos trabalhado-
res(as) rurais e àqueles (as) que já produzem e que possuem terras regulamentadas ou não o
acesso a créditos específicos e a assistência técnica permanente para agricultura e outras
formas de auto-sustentação. Garantir e viabilizar à população negra, às comunidades quilom-
bolas, ciganas, indígenas e, em especial, às mulheres, acesso com menos burocracia a cré-
ditos específicos e à assistência técnica para as diversas formas de geração de trabalho e
renda.
52 [89]. Promover políticas de educação ambiental com recorte étnico-racial nas comunidades
remanescentes de quilombos, ciganas e indígenas.
7. População Indígena.
31 [90]. Garantir políticas de geração de renda para as populações negras, indígenas e ciga-
nas.
8. Juventude Negra.
63 [91]. Criar novas políticas nas instituições para reabilitação de jovens negros e indígenas e
ciganos(as), principalmente na área de educação e geração de emprego e renda.
9. Mulher Negra.
1 [92]. Considerar o Plano Nacional de Políticas Públicas para Mulheres, destacando-se os
seguintes pressupostos, princípios e diretrizes gerais: autonomia e igualdade no mundo do
trabalho; educação inclusiva, não sexista, universal e transversal; saúde das mulheres, direi-
tos sexuais e reprodutivos; enfrentamento da violência contra as mulheres, com ênfase nas
mulheres negras, quilombolas, indígenas e ciganas.
2 [93]. Propor, implementar e monitorar políticas para valorização das mulheres negras, indí-
genas e ciganas.
4 [94]. Reconhecer a especificidade cultural e social das mulheres negras, indígenas e ciga-
nas e seu direito de inserção plena na sociedade nacional, com o respeito às diferenças e
tradições milenares de cada povo.
10 [95]. Promover a melhoria da qualidade de vida das mulheres negras, indígenas, ciganas,
quilombolas, de comunidades de terreiro, assentadas, trabalhadoras rurais e urbanas.
13 [96]. Garantir e monitorar a implementação de políticas públicas diferenciadas para crian-
ças e jovens, mulheres, afro-descendentes, ciganas e indígenas.
22 [97]. Estimular o preenchimento adequado de formulários de órgãos públicos, com recorte
de gênero e faixa etária, garantindo dados desagregados para mulheres negras, indígenas,
ciganas e quilombolas.
28 [98]. Criar linhas de crédito e democratizar o seu acesso como incentivo às mulheres ne-
gras, quilombolas, indígenas e ciganas na criação e manutenção de micro-empresas.

23
33 [99]. Estimular a profissionalização das mulheres trabalhadoras rurais, negras, quilombo-
las, indígenas e ciganas, mediante a garantia de acesso às linhas de crédito, à previdência
rural, aos programas de reforma agrária, urbana e de titularidade de terras.
34 [100]. Promover e garantir políticas públicas de formação e qualificação profissional para
pessoas provenientes de comunidades carentes, em especial para as mulheres negras, qui-
lombolas, indígenas e ciganas.
41 [101]. Intensificar políticas que valorizem a imagem das mulheres negras, indígenas, qui-
lombolas e ciganas nos meios de comunicação, visando à superação de antigos estereótipos
e à valorização de seus papéis como agentes e participativas na sociedade.
50 [102]. Produzir e sistematizar dados, indicadores e informações relativos à seguridade
social, à saúde e à educação que possibilitem o mapeamento da condição socioeconômica e
a identificação das especificidades da realidade de mulheres negras, quilombolas, ciganas e
indígenas.
55 [102]. Implementar projetos de intervenções sobre os agravos à saúde das mulheres ne-
gras, quilombolas, indígenas e ciganas residentes no campo e na cidade.
56 [103]. Realizar cursos de capacitação para profissionais de saúde relativos à identificação
de patologias prevalecentes entre mulheres negras, quilombolas, ciganas e indígenas e ao
respeito à orientação sexual das pacientes.
64 [104]. Elaborar e distribuir material técnico e educativo sobre a atenção à saúde das mu-
lheres negras, quilombolas, ciganas e indígenas.
70 [105]. Garantir a notificação de casos de violência sexual contra as mulheres negras, indí-
genas, quilombolas e ciganas.
82 [106]. Fornecer incentivos à comunidade cigana para permitir às mulheres ciganas
terem os mesmos direitos de alfabetização, cultura e educação dos ciganos.
10. Religiões de matriz africana.
51 [107]. Garantir a inclusão dos campos religiões de matriz africana, indígena e cigana no
quesito referente às religiões no censo demográfico (IBGE).
53 [108]. Garantir um espaço para o direito da expressão religiosa cigana.
11. Política Internacional.
1 [109]. Desenvolver políticas públicas que combatam toda e qualquer forma de discrimina-
ção cultural, tais como contra as culturas árabe, árabe-palestina, cigana, indígena, judaica,
latino-americana, africana e afro-descendente.
3 [110]. Comprometer-se com políticas públicas de promoção de igualdade que incluam os
árabes, árabe-palestinos, ciganos, indígenas, afro-descendentes e africanos na mídia nacio-
nal.
4 [111]. Garantir e fomentar as manifestações das diferentes culturas que compõem a nação
brasileira e a maior aproximação entre elas, incluindo os povos nômades.
22 [112]. Implantar a decisão da Reunião Internacional de Estocolmo do ano 2000, subscrita
pelo Brasil por intermédio do Ministro José Gregory, sobre o ensino sobre o holocausto nas
escolas e universidades, estendendo essa decisão ao ensino da inquisição e perseguição aos
povos indígena, cigano e negro e à política discriminatória e segregacionista.
12. Fortalecimento das Organizações Anti-racismo.
4 [113]. Criar um fundo específico para o fortalecimento social, econômico e político das popu-
lações indígenas, negras, ciganas e árabes.

24
8 [114]. Garantir maior presença das organizações reconhecidamente sociais tais como: ne-
gras, indígenas, ciganas, árabes, árabe-palestinas e judaicas, nos conselhos da sociedade
civil e do Estado, considerando-se a ênfase na população negra, na dimensão de gênero, na
orientação sexual, na faixa etária e nas pessoas com deficiências, de acordo com a legislação
vigente.
9 [115]. Incentivar os segmentos negros, indígenas e ciganos a participarem dos diversos
conselhos de políticas públicas.

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II - Documentos Ciganos

Anexo 2.1.
Ata do Congresso Internacional sobre Políticas Regionais e Locais Ciganas - Roma,
1991, intitulada "Estratégias políticas para os Rom e Viajantes a nível mundial nos anos
90:
[Fonte: Revista Lacio Drom, suplemento do nº 1-2, 1992]

"Todas as estratégias políticas dos rom têm de combinar: (1) a abordagem dos direitos huma-
nos; (2) a abordagem dos direitos das minorias; (3) a abordagem do movimento social e do
desenvolvimento comunitário. Embora estreitamente interrelacionadas, cada uma destas a-
bordagens requer atitudes distintas, técnicas de ação e diferentes redes de alianças, que po-
dem ser promovidas em conjunto ou em separado por entidades governamentais, or-
ganizações não-governamentais e por comunidades e associações rom.
A ABORDAGEM DOS DIREITOS HUMANOS promovida pela União Romani e pelas associa-
ções nacionais rom, combina a documentação, caso a caso, de violações dos direitos huma-
nos dos rom com a atuação na defesa dos seus direitos civis e políticos, a par dos direitos dos
cidadãos dos territórios onde os rom vivem. O direito ao nomadismo, por exemplo, é um direi-
to humano e não um direito étnico. (.....)
Devemos consolidar e expandir a rede de cooperação entre as associações rom e não rom de
defensores dos direitos humanos, de especialistas em organizações oficiais e/ou acadêmicas
e de simpatizantes. A comissão de Helsínquia da União Romani tem de desempenhar um
papel mais ativo neste contexto.
A ABORDAGEM DOS DIREITOS DAS MINORIAS tem de examinar o sentido para as comu-
nidades e para o povo rom dos debates frequentes sobre o estatuto das minorias no mundo
..... Uma política tendente à promoção étnica e da identidade cultural dos rom tem de ser
posta de forma adequada com as especificidades das comunidades rom, com as suas pró-
prias dinâmicas internas e com a sua articulação e interação nos variados contextos culturais
e sociais do lugar onde vivem. (...)
A aceitação da diversidade dos grupos rom é um requisito prévio de qualquer política acerta-
da, a ser adotada nos casos locais e regionais, e das estratégias políticas das próprias asso-
ciações rom.
Um programa de trabalhos específicos para a abordagem dos direitos das minorias incluirá
problemas como os direitos dos rom a uma residência legal, à cidadania dos países onde
vivem e à proteção de sua própria identidade cultural contra todas as formas de racismo, e os
direitos à educação e às atividades culturais nos dialetos rom para a representação coletiva,
pública, política, etc. (...)
O fato de os rom não corresponderem ao tipo "padrão" das minorias "nacionais" ou "históri-
cas" tem contribuído para a negligência, discriminação e perseguição que os tem acompa-
nhado há muito tempo.
Direitos culturais.
"A única possibilidade de superar, desde já, a atitude hostil da população maioritária para com
os Rom e os Sinti passa por uma informação imediata e objetiva que deve salientar não ape-
nas os aspectos negativos do seu modo de vida, como sucede com frequência, mas sobre-
tudo as origens, a história, a cultura e as tradições deste povo.

27
Afim de serem superados os problemas que inevitavelmente irão surgir, é condição necessá-
ria considerar a cultura dos Rom e dos Sinti igual à cultura de cada um dos outros povos. Para
realizar este desiderato é preciso:
1. recolher o máximo possível da tradição oral popular e conservá-lo, quer seja em forma lite-
rária quer seja em quaisquer das outras formas existentes. Destaque para contos, provérbios,
fábulas, canções, poesia e música;
2. criar um arquivo e um centro de documentação informativo dos materiais relativos a todos
os aspectos da cultura e da história dos Rom e dos Sinti;
3. promover condições sociais e medidas políticas para que os Rom e Sinti possam proclamar
livremente a sua identidade e diversidade étnico-cultural e desenvolver a sua cultura específi-
ca para poderem exprimi-la de forma concreta;
4. possibilitar a inserção da cultura dos Rom e dos Sinti no âmbito da cultura maioritária supe-
rando o particularismo familiar onde se encontra hoje, utilizando para tanto a rádio, a televi-
são, jornais, livros, música e espetáculos, e se possível também a língua cigana;
5. difundir conhecimentos sobre a história e a cultura dos Rom e dos Sinti em todos os níveis
a partir da escola;
6. promover a criação de associações e organismos culturais ciganos, reconhecidos a nível
local, nacional e internacional, com os financiamentos apropriados;
7. inserir os programas das organizações Rom e Sinti nos programas [governamentais], em
pé de igualdade com outras organizações, inclusive quanto ao financiamento.
Na Terra há lugar para todos. Nenhum povo tem o direito de oprimir e discriminar um outro
apenas porque este é diferente e vive em diáspora contínua. A única possibilidade para uma
convivência melhor consiste no respeito recíproco de um pelo outro e, acima de tudo, pelas
tradições culturais que cada povo tem o direito de conservar e desenvolver. Este princípio
está, entre outros, consignado na Declaração Universal dos Direitos Humanos".
Direitos linguísticos.
"A língua é a expressão mais evidente da identidade de um povo. Ainda que minoritária, toda
etnia tem o direito de exprimir, conservar e desenvolver a sua própria língua. A perda da lín-
gua significa a perda da identidade cultural de um povo. Os grupos maioritários tem a respon-
sabilidade e o dever moral de assegurar que este direito seja reconhecido para todos e posto
em prática de maneira concreta. (......) A língua romani reclama o seu direito de ser respeitada
em pé de igualdade com todas as outras línguas do mundo, julgando-se necessário para con-
cretizar este direito que seja favorecido o seu desenvolvimento por todos os meios tendo na
devida conta as condições atuais do seu uso.
Dois propósitos devem ser perseguidos segundo as condições particulares de cada país, ten-
do em conta a situação real dos Rom. O primeiro objetivo é fortalecer as diversas variantes
étnicas da língua romani, como o kalderari, o lovari, o romani eslovaco, etc. através de uma
elaboração programática da língua e pelo seu uso numa gama sempre mais vasta de funções
sociais. O segundo objetivo é a criação gradual de uma língua padronizada que possa servir
como meio de comunicação para todos os Rom do mundo, encontrando os meios adequados
a sua difusão. Ambos os propósitos não são contraditórios, mas complementares e podem se
desenvolver em linhas paralelas.
Com efeito, a língua romani apesar de ter uma longa história que lhe permite remontar às
suas origens indianas, foi até há pouco tempo uma língua essencialmente oral, privada de
uma forma literária. Todavia, atalmente sempre mais intelectuais rom e sinti sentem a ne-
cessidade de se exprimir na língua romani, também por escrito.

28
Devido a exigências literárias estes intelectuais, em geral, optaram espontaneamente pelo uso
do seu próprio dialeto. Porém, por causa dos contatos internacionais mais frequentes e am-
plos, vai-se sentindo cada vez mais a necessidade e o interesse de haver uma língua unitária
de intercomunicação. A concretização destes dois objetivos poderá realizar-se da seguinte
forma:
1. Desenvolvimento das variedades étnicas, como um objetivo em si mesmo, um meio para a
criação gradual de uma língua padrão:
a) Investigação: - estudo e catalogação dos dialetos de cada país e a elaboração de um mapa
dos dialetos romani; - coleta do maior número possível de textos de todos os gêneros já publi-
cados (narrações, biografias, literatura, folclore, dados linguísticos, etc.); - análise dos materi-
ais obtidos. Nota: este material tem uma importância fundamental não só por motivos teóricos,
mas também por poder servir para fins didáticos e culturais. Nele se conserva a herança cultu-
ral dos Rom sendo o ponto de partida para todo o desenvolvimento futuro.
b) Educação: - elaboração de livros de textos, de material audiovisual e outros instrumentos
educativos em língua romani; - tentativa de uso da língua romani nas escolas de primeiro
grau, pelo menos como um meio auxiliar de ensino; a língua romani como matéria facultativa;
disciplinas de estudos romani nas Universidades.
c) Cultura: - acesso aos meios de comunicação; - publicação de jornais, revistas, livros, etc.
2. Padronização da língua: - formação de uma comissão de especialistas de vários países; -
promoção da língua padrão numa área mais ampla; - publicação de textos na língua padrão e
de textos bilingues (padrão-variante étnica), em revistas literárias, na Enciclopédia Romani,
etc.; - seminários de estudo de Verão. (.....)
Um primeiro projeto é o da compilação de um dicionário ilustrado, com palavras comuns (pa-
lavras antigas) dos dialetos romani, nas várias grafias até agora adotadas, que sirva de ponto
de partida para estudos ulteriores e, acima de tudo, para fazer a língua alcançar dignidade a
partir de seu uso nas escolas. Um passo inicial será a elaboração de uma primeira lista de
palavras que se fará circular entre estudiosos dos vários países no intúito de se alcançar uma
lista final, na qual se baseará o próprio dicionário. Um segundo projeto prevé a ex-
perimentação de material didático sobre a língua, em classes piloto de vários países, de modo
coordenado, com sucessivos encontros destinados a avaliar os resultados conseguidos.
Direitos educacionais.
―É importante recordar que a educação é o meio fundamental de promoção da cultura e da
aquisição dos instrumentos de adaptação ao meio; outrossim, é o instrumento principal para o
desenvolvimento da autonomia. Por conseguinte, deve ser prestada a máxima atenção à edu-
cação bem como às condições em que aquela se desenvolve.
O grupo de trabalho sobre a escola viu-se obrigado a constatar que, em toda a parte, a situa-
ção escolar das crianças rom e sinti é sempre muito difícil. As análises e as conclusões apre-
sentadas durante os estudos e os encontros precedentes continuam válidos, em particular os
trabalhos conduzidos no quadro das Comunidade Européia e do Conselho da Europa. Reme-
temos para aqueles trabalhos e, especialmente, para o primeiro seminário dos professores
ciganos, organizado na Espanha pela Comissão da Comunidade Européia e pelo Ministério
espanhol de Educação. Devem ser destacados os seguintes fatos:
1. que estamos numa situação com caráter de urgência sendo necessário agir rapidamente
para melhorar as condições de escolarização em todos os níveis;
2. a língua, a história e a cultura dos Rom e dos Sinti não são suficientemente levadas em
consideração na escola;

29
3. as dificuldades resultantes da situação social e econômica impedem inúmeras famílias de
enviarem os seus filhos à escola em condições aceitáveis;
4. estereótipos e preconceitos influenciam negativamente o comportamento dos responsáveis
políticos, dos professores, dos pais dos alunos, dos outros alunos, e a rejeição continua a ser
um componente importante da situação, constituindo obstáculo de acesso à escolas das cri-
anças Rom e Sinti;
5. acrescenta-se que migrações constantes provocam a deslocação de famílias ciganas da
Europa Oriental para a Ocidental; esta situação deve reforçar as ligações e as ações comuns
entre a Europa de Leste e do Oeste no sentido de que o acolhimento escolar das crianças
seja preparada nas melhores condições. (....)
Os programas da Comunidade Européia dirigidos aos Estados do Leste devem, também eles,
favorecer esta colaboração citando, de modo explícito, os Rom e os Sinti entre outros grupos
considerados como prioritários. Entre as ações prioritárias, o grupo salienta:
1. a importância de um trabalho de harmonização da língua;
2. a importância da compilação de textos sobre a história dos Rom e dos Sinti destinados quer
aos estudantes rom quer a outros, no âmbito de uma pedagogia intercultural;
3. a importância do ensino de língua materna às crianças desde o seu primeiro ingresso na
escola;
4. a importância de uma escolarização intercultural das crianças desde a mais tenra idade;
5. a importância da formação inicial e da preparação dos professores numa perspectiva inter-
cultural com referência à cultura romani;
6. a importância da formação de monitores e mediadores rom e sinti, que possam agir como
intermediários entre os pais dos alunos e os responsáveis da escola para a informação e a
coordenação das ações. Poder-se-á promover um centro europeu para a formação destes
mediadores rom e sinti.
7. a importância da participação, sempre crescente, dos especialistas rom e sinti na elabora-
ção e na execução das medidas para suas próprias comunidades‖.

Anexo 2.2.
Conclusiones del 1º Congreso Gitano de la Unión Europea, Sevilla, 1994
[Fonte: Instituto Romanó, I Congreso Gitano de la Union Europea, Sevilla, 1994, pp. 268-273]

Conclusiones del Grupo de Política Educativa:


1. Denunciar que la incorporación de los niños gitanos al sistema educativo sufre en la totali-
dad de los países participantes en este Congreso graves carencias, tanto en su forma como
en su contenido, que povocan fenómenos de absentismo y fracaso escolar y que necesitan
medidas directas y concretas de carácter predominantemente político.
2. Instar a los Estados miembros de la Unión a la creación de programas e proyectos específi-
cos que ayuden a paliar estos déficits educacionales, bien directamente o a través delas enti-
dades no gubernamentales que trabajan por la promoción del pueblo Rom.
3. Exigir a los organismos competentes el diseño de políticas educativas interculturales que
contemplen la inclusión de la entidad cultural gitana, superando los estereotipos y el descono-
cimiento de la realidad gitana.

30
4. Propiciar la elaboración de materiales didácticos eficaces que apoyen las exigencias peda-
gógicas de la Europa multicultual, difundiéndolas adecuadamente y formando al profesorado
para su correcta utilización.
5. Incrementar los programasde formación profesional y educación de adultos para dotar a la
población gitana de una forma suficiente que les permita su inserción laboral.
6. Institucionalizar la figura del asesor intercultural para la formación del profesorado en el
organigrama escolar.
7. Estabelecer cauces de participación de los gitanos en los programas académicos para lo-
grar que la Universidad tome consciencia de la identidad cultural cigana.
8. Exigir a los gobiernos nacionales e internacionales el apoyo a las iniciativas de los gitanos
para el aprendizaje del romanó a través de cursos de lengua, así como la edición y difusión de
materiales didácticos en romanó para los niños gitanos.
9. Reconocer que es fundamental para la total promoción de nuestro idioma que contemos
com una lengua común que, respetando la riqueza dialectal del romanó, permita la intercom-
prensión de los gitanos sea cual sea su procedencia geográfica, utilizando como base gráfica
el alfabeto común aprobado en el cuarto Congreso Romanó de Varsovia.
Conclusiones del Grupo de Política Social:
1. Considerar que la cultura del pueblo Rom forma parte de las culturas de los pueblos de la
Unión Europea, instando a los gobiernos de los Estados miembros a diseñar políticas que
favorezcan el reconocimiento cultural, histórico y lingüístico del pueblo Rom.
2. Reiterar que los gitanos somos los protagonistas activos en la defensa de los derechos de
nuestro pueblo, así como en la promoción social que de ellos se deriven.
3. Favorecer el establecimiento de foros de debate permanentes con protagonismo de la co-
munidad gitana que sirvan de cauces adecuados para dar solución a los problemas del pueblo
Rom, instando a los gobiernos de los Estados de la Unión Europea a la promoción y financión
de los mismos.
4. Favorecer a las asociaciones gitanas como vías de promoción y entendimiento de las legí-
timas aspiraciones culturales y sociales del pueblo Rom, reclamando de los gobiernos esse
fomento y mantenimiento.
5. Reivindicar la identidad gitana con dignidad y respeto, favoreciendo la solidaridad y la coo-
peración entre las diferentes comunidades de los Estados de la Unión, impediendo la asimila-
ción de la identidad gitana con la cultura de la marginalidad.
6. Reclamar la incorporación efectiva de la mujer gitana en la promoción del pueblo gitano
fomentando su educación y su formación para mejorar su situación al tiempo que instar a su
participación activa en todos los movimientos y asociaciones gitanas reafirmando su propria
identidad como portadora de los valores del pueblo gitano.
7. Estabelecer lineas de actuación que propicien la tolerancía, el respeto y la difusión de las
raíces de cada pueblo como patrimonio histórico de la humanidad.
8. Instar a los Estados miembros de la Unión Europea a efectuar políticas que favorezcan la
mejora de las situaciones de extrema necesidad por las que atraviesan multitud de colectivos
Rom, propiciando el aceso a viviendas dignas y a una sanidad en iguales condiciones al resto
de los cuidadanos de los diversos Estados.
9. Reivindicar el legítimo derecho al mantenimiento de los ofícios tradicionales gitanos, asi
como la inserción laboral de los mismos por medio de cursos de aprendizaje y capacitación
financiados desde los presupuestos comunitários.

31
10. Reconocer a la família gitana como pilar fundamental y parte integradora de la identidad
gitana, por lo que recomendamos a los diferentes Estados de la Unión Europea la protección
de la misma como parte esencial de la tradición histórica del pueblo Rom.
11. Favorecer las diferentes manifestaciones artísticas de la comunidad gitana en las galerias
de arte públicas, presencia en los medios de comunicación de masas, festivales y demás vías
de conocimiento, como parte integrante de la universalidad del pueblo Rom.
Conclusiones del Grupo de Libertades Públicas y Minorias.
1. Reiterar la inquietud y preocpación del pueblo Rom por el aumento del racismo y la xenofo-
bia, advirtiendo del peligro de un futuro europeo donde se multipliquem los grupos fascistas.
2. Reclamar que los gobiernos de los Estados miembros de la Unión, así como los de las enti-
dades regionales y locales, aseguren la participación de la comunidad gitana en la vida políti-
ca, cultural e social, de conformidad con lo estabelecido en sus respectivas Constituciones.
3. Recomendar a los gobiernos de los Estados miembros de la Unión que adjunten a la Con-
vención Europea de Derechos Humanos un protocolo adicional sobre las minorias, incluyendo
al pueblo gitano de forma explícita como minoria nacional.
4. Solicitar a los Gobiernos de los Estados miembros de la Unión el cumplimiento riguroso de
la Conferencia de Seguridad y Cooperación Europea, asi como los acuerdos de Helsinki en lo
relativo al reconocimiento del pueblo Rom y sus legítimos derechos históricos, lingüísticos y
culturales.
5. Pedir el incremento de los presupuestos comunitários para la financión de las acciones
sociales, culturales e educativas en favor del pueblo Rom en la línea de la igualdad solidaria
estabelecida por el Parlamento Europeo y la Comisión.
6. Reivindicar el cumplimiento por parte de los Estados miembros de la Unión de la resolución
aprobada por el Consejo de Europa de la figura del pueblo gitano.
7. Pedir a la Comisión y al Consejo de la Unión Europea que creen un centro europeo de in-
vestigación y formación a través del cual las organizaciones gitanas puedan tratar con las
autoridades comunitarias todos los temas de ámbito político, social y cultural del pueblo Rom.
8. Recordar a la Comisión, al Consejo y a los Gobiernos de los Estados miembros el papel
decisivo de los medios de comunicación de masas y de los poderes locales y regionales en la
eliminación de los prejuicios raciales y en la superación de estereotipos, fomentando los as-
pectos positivos de nuestra identidad cultural.
9. Solicitar que los gitanos y nómades que residan legalmente en un Estado miembro tengan
los mismos derechos a viajar por el conjunto de los demás estados que el resto de ciudada-
nos de la Unión.
10. Reivindicar ante la Organización de Naciones Unidas que la representación del pueblo
Rom en las sedes de Ginebra y Nueva York esté encaminada a su posible reconocimiento
como nación.

32
Anexo 2.3.
Declaração do Povo Rom (Ciganos) aos Povos, Governos e Estados das Américas.
("Conferência Cidadã Contra o Racismo", Santiago de Chile, 3 e 4 de dezembro de 2000 -
"Reunião Preparatória Intergovernamental das Américas", Santiago de Chile, 5 a 7 de dezem-
bro de 2000)
[Fonte: www.movimientos.org]
As Organizações Rom (Ciganas) abaixo referidas, com expressões válidas e legítimas do
movimento associativo em que o Povo Rom (Cigano) está configurado em diversos países do
continente americano e retomando os pontos centrais da Declaração subscrita pelos delega-
dos do nosso Povo presentes no "Fórum Andino Pela Diversidade e pela Pluralidade", realiza-
do nos dias 16 a 18 de novembro de 2000 em Quito - Equador.
Considerando
- Que distintas Kumpanias e grupos familiares Rom se encontram vivendo em vários países
das Américas desde a epoca colonial e nesse sentido nossa presença é pré-existente a for-
mação de muitas das atuais repúblicas, - Que coletivamente o Povo Rom não é um povo no-
vo, nem recém chegado nem estrangeiro, mas que tem uma larga trajetória e presença em
quase todos os países do continente americano,
- Que temos realizado inumeráveis e valiosas contribuições para a construção de vários dos
processos de formação das nacionalidades de distintos países do continente, em que pese a
história destes países que sistematicamente segue negando nossa presença.
- Que o Povo Rom nunca pretendeu dominar nem impôr sua sua cultura a outras povos, e
além disso sempre se caracterizou por ser respeitoso da diversidade e da pluralidade.
- Que a população Rom na América passa da cifra de três milhões de pessoas, e apesar des-
sa significativa presença demografica, nos obrigam a submergirmos na invisibilidade,
- Que através da história, tanto ontem, como hoje, nosso povo é vítima privilegiada das prati-
cas e procedimentos racistas, discriminatóros, xenófobos e intolerantes que têm levado a
outras culturas e povos a nos considerar com os piores e mais pejorativos qualificativos.
- Que quando se fala sobre diversidade de povos e culturas do continente americano sempre
se omite e silencia a existència do Povo Rom,
- Que somos um povo com história, tradições e lingua proprias e assim queremos que nos
reconheçam.
- Que não aceitamos o qualificativo de "minoria étnica", que nos denominam em alguns ins-
trumentos internacionais, pois não é o refexo de nossa situação como povo que se encontra
em uma situação de dominação e em que pese a que o fato de que nosso povo não tem den-
tro de sua opção civilizatória a formação de um projeto estatal próprio, isso não é impedimen-
to para que se possa estar apropriadamente representado nas instâncias internacionais e no
sistema das nações Unidas,
DECLARAMOS DIANTE DOS POVOS E ESTADOS DAS AMÉRICAS:
1. Expressamos nossas mais calorosas saudações e fraternidade e solidariedade a todos os
delegados dos povos indígenas e das distintas comunidades afroamericanas presentes na
Conferência Ciudadana Contra El Racismo", assim como também, aos representantes daque-
les povos e culturas tradicionais que, não estando presentes, que, sem ser originários de A-
mérica, têm vivido nesse continente desde muito tempo, contribuindo para a construção de
sociedades multi-étnicas, pluriculturais e plurilinguísticas. Da mesma maneira estendemos
nossa respeitosa saudação aos governos e estados de todo o continente americano presente
na Reunião Preparatória Intergovernamental das Américas".
33
2.Lamentamos profundamente que o Povo Rom - e sua problemática, suas aspirações, suas
reinvidicações - não estão apropriadamente respeitadas, nem na "Conferência Ciudadana
Contra El racismo", nem na Reunião Preparatória Intergovernamental das américas". É por
isso que manifestamos nosso descontentamento e preocupação diante do fato real de que
não estão reconhecendo nossa existência nesses espaõs plurais de reflexão e discussão
sobre temãticas que nos envolve diretamente.
3.Reiteramos, uma vez mais, nosso interesse e vontade de participar a partir da nossa situa-
ção de povo vitimizado historicamente pelas cargas do rascismo, da discriminação, da xeno-
fobia e intolerância, desde nossa cosmovisão e tradição cultural específicas, o mesmo que
desde nossa vida itinerante e nômade, em todo o processo concernente a 2 Conferência
Mundial Contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e outras Formas relacionadas
de Intolerância".
4.Fazemos um urgente chamado de solidariedade a todos os povos indígenas, as comunida-
des afrodescendentes e aos povos tradicionais que se arraigaram nesse continente, para que
apoiem nossas aspirações, demandas e reinvidicações encaminhadas, para conseguir que
nosso povo saia da invisibilidade em que foram submergidos, que nos reconheçam e nos
respeitem, plena e integralmente, todos nossos direitos coletivos. Particularmente sempre
acreditamos na possibilidade de que é possivel desenvolver mecanismos e formulas de rela-
cionamento intercultural que necessariamente não impleque em nossa assimilação e nem na
negação de nossos valores de identidade.
5.Instamos aos governos e estados do continente para que em todo o processo referido sobre
a Conferência contra o Racismo e Discriminação Racial, a Xenofobia e outras formas relacio-
nadas de Intolerância, seja garantida uma ampla e apropriada participação de delegados do
Povo Rom dos países do continente.
Nesse contexto estimamos que a participação adequada de delegados do Povo Rom de dife-
rentes países do continente viria a contribuir substancialmente para que sejam quebrados os
esteriótipos sempre racistas e discriminatórios que historicamente nos foram impostos e que
desafortunadamente ainda permanecem plenamente vigentes.
6.Para que o Povo Rom, que vive no continente americano, transcenda real e efetivamente
sua situação de precarias condições de vida, se requer que os governos e estados do conti-
nente reconheçam plenamente nossa existència como povo e garantam o exercício de nossos
direitos coletivos. Nesse sentido, a nosso povo se deve garantir os direitos imprescindíveis e
inalienantes que assistem a todos os povos do planeta. O Povo rom, em razão de sua proje-
ção internacional e de sua ampla mobilidade geográfica, deve ser reconhecido explicitamente
por seus governos e os estados do continente que é também americano por tradição e pre-
sença histórica.
7.Constatamos a urgente necessidade de que os governos e estados do continente america-
no elaborem, com ampla participação e com o consentimento livre e fundamentado previa-
mente pelo nosso povo - instrumentos legais e normativos que garantem nossos direitos cole-
tivos e nossa integridade étnica e cultural. Um primeiro passo para isso é a aplicação para
nosso povo das disposições legais contidas na Convenção 169 de 1989 da Organização In-
ternacional do Trabalho, OIT, " Sobre Povos Indígenas e Tribais em países Independentes"
em todos aqueles países que subscreveram e ratificaram esse instrumento internacional, que
reconhece que nosso povo tem uma organização social tradicional que se pode definir clara-
mente como tribal. Um segundo passo é que nesses países onde em suas respectivas consti-
tuições políticas existem importantes direitos para os povos indígenas, as comunidades afro-

34
americanas e, em geral, para os chamados grupos étnicos, estes sejam extensivos, aplicando
uma simetria positiva ao Povo rom.
8. Solicitamos do Alto Comissionado das Nações Unidas para os Direitos Humanos que, como
parte das reuniões e atividades preparatórias da " conferència Mundial contra o Racismo, a
Discriminação racial, a Xenofobia e outras Formas relacionadas de Intolerância", propicie e
facilite a realização de um " Encontro continental do Povo rom das américas", no que pode-
mos unificar critérios, construir consensos e desenhar estratégias, a partir das distintas reali-
dades de nosso povo que se encontra no Continente.
9.Chamamos a atenção para a imperiosa necessidade que existe para que no interior do sis-
tema das Nações Unidas se constitua uma instância de Alto Nível e de composição mista
estado-povo Rom que, a maneira do "Fórum das Américas para o Povo Rom" analise e discu-
ta todas as questões relativas a nosso Povo e possa conhecer os casos de violações de direi-
tos humanos. Dessa maneira, expressamos que o Povo Rom deseja ter participação em ins-
tâncias internacionais, onde se discuta temas que de alguma maneira afetam nossa opção de
civilização e nosso futuro e que não estamos dispostos que sigam nos excluindo. Na sequen-
cia subscrevem esta Declaração as seguintes organizações Rom das Américas:
PROCESSO ORGANIZATIVO DO POVO ROM ( GITANO) DA COLOMBIA - PROROM.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DO POVO ROM ( GITANO) DO EQUADOR – ASOROM
ASSACIACION IDENTIDAD CULTURAL ROMANI ALLIANCE - WCAR
ROMÁ COMMUNITY AND ADVOCACY CENTER OF TORONTO - RCAC (CANADÁ)
ROMÁ NATIONAL CONGRESS - RNC ( EE.UU)
ROMANÓ LIL ( CANADÁ)
CENTRO VIRTUAL DE ESTUDOS GITANOS ( MÉXICO).

Anexo 2.4.
EL OTRO HIJO DE LA PACHA MAMA - MADRE TIERRA:
DECLARACION DEL PUEBLO ROM DE LAS AMÉRICAS
Fonte: Ana Dalila Gómez Baos, Caracterización del grupo étnico rom y propuesta em relación
com el desarrollo de sus derechos, Bogotá: Documentos para el Desarrollo Territorial nº 59,
2002, pp. 185-192

Las suscritas organizaciones y kumpania Rom reunidas en el encuentro ―El Pueblo Rom: El
Otro Hijo de la Pacha Mama. Cónclave Continental del Pueblo Rom de las Américas‖, cele-
brado en Quito (Ecuador) entre el 12 y el 16 de marzo de 2001 en el marco del ―Foro de las
Américas por la Diversidad y la Pluralidad‖ y,
CONSIDERANDO:
·Que distintas kumpania y grupos familiares Rom se encuentran viviendo en varios países de
América desde la época colonial y en ese sentido nuestra presencia como pueblo es preexis-
tente a la conformación de muchas de las actuales Repúblicas,
·Que colectivamente el Pueblo Rom no es un pueblo advenedizo ni recién llegado ni extranje-
ro sino que tiene una larga trayectoria y presencia en casi todos los países del continente
Américano,
·Que hemos realizado inconmensurables aportes, no reconocidos por la sociedad gadye, a los
procesos de conformación de las nacionalidades de distintos países del continente,

35
·Que el Pueblo Rom nunca ha pretendido dominar ni imponer su cultura a otros pueblos, y
contrariamente siempre se ha caracterizado por ser respetuoso de la diversidad y la plurali-
dad,
·Que la población Rom en América sobrepasa la cifra de los tres millones de personas y pese
a esta significativa presencia demográfica se nos ha obligado a sumergirnos en la invisibilidad,
·Que a través de la historia, tanto ayer como hoy, nuestro pueblo ha sido víctima privilegiada
de prácticas y procederes racistas, discriminatorios, xenófobos e intolerantes que ha llevado al
resto de pueblos y culturas a considerarnos con los peores y más peyorativos calificativos,
·Que cuando se habla de la diversidad de pueblos y culturas del continente Américano siste-
máticamente se omite y silencia la existencia del Pueblo Rom, ·Que somos un pueblo milena-
rio con historia, tradiciones e idioma propios y por ello con pleno derecho al ejercicio de la libre
determinación,
·Que no aceptamos el calificativo de "minoría étnica" que se nos acuña en algunos instrumen-
tos internacionales, por cuanto no refleja nuestra situación como pueblo que se encuentra en
una situación de dominación,
·Que demandamos y reivindicamos para el Pueblo Rom el reconocimiento pleno e integral de
sus derechos colectivos, reiteradamente negados y vulnerados, y
·Que pese a que nuestro pueblo no tiene dentro de su opción civilizatoria la conformación de
un proyecto estatal propio, ello no es impedimento para que pueda estar apropiadamente
representado en las instancias internacionales y en el sistema de las Naciones Unidas.
En mérito de lo anteriormente expuesto, las organizaciones y kumpania Rom de las Américas
expresamos nuestro indeclinable compromiso militante para trabajar activamente sobre las
siguientes principales
DEMANDAS:
1. Propugnar porque los Estados y Gobiernos de las Américas reconozcan el derecho de la
libre determinación para el Pueblo Rom.
2. Propender por que los Estados y Gobiernos del continente reconozcan, promuevan y ga-
ranticen los derechos colectivos del Pueblo Rom.
3. Defender, recuperar y valorar la historia y las tradiciones étnicas y culturales de nuestro
pueblo así como proteger los derechos patrimoniales consuetudinarios y/o el patrimonio cultu-
ral e intelectual del Pueblo Rom.
4. Evitar cualquier forma de discriminación negativa, de racismo, de xenofobia, de intolerancia
y de exclusión contra el Pueblo Rom.
5. Promocionar y difundir ante la sociedad gadye los conocimientos y saberes tradicionales
del Pueblo Rom, al igual que sus valores étnicos y culturales.
6. Propender porque los Estados y Gobiernos de las Américas apliquen taxativamente las
normas jurídicas internacionales que de alguna forma protegen los derechos del Pueblo Rom.
7. Luchar por la ampliación de los espacios de autonomía y autogobierno del Pueblo Rom,
buscando el reconocimiento de sus autoridades propias y validando la existencia y vigencia de
la jurisdicción especial o Kriss.
8. Propiciar la apertura de espacios interculturales necesarios a fin de garantizar el devenir
autónomo de la opción civilizatoria propia del Pueblo Rom en las Américas.
9. Exigir a los Estados y Gobiernos del continente Américano que consulten adecuadamente
al Pueblo Rom antes de la elaboración de los Planes de Desarrollo, con el fin que haga pro-
puestas, especialmente lo que afecte sus vidas, cultura, identidad y necesidades fundamenta-

36
les, y para que se puedan disponer los recursos necesarios para el pleno desarrollo de sus
instituciones, su economía y para la capacitación y educación.
10. Propugnar por que los Estados y Gobiernos de la región garanticen la implementen pro-
gramas de educación bilingüe e intercultural apropiadas para el Pueblo Rom, así como procu-
rar el acceso de sus jóvenes y mujeres a la educación media y superior en condiciones favo-
rables y que garanticen su permanencia.
11. Exigir que los Estados y Gobiernos de las Américas implementen modelos alternativos de
atención en salud para el Pueblo Rom que garanticen un adecuado acceso a los servicios de
salud que deberán ser oportunos, compatibles, autosostenibles, eficaces, eficientes, mantener
la calidad y calidez, y cuyas acciones se orienten a fortalecer la promoción, prevención, trata-
miento y rehabilitación de la salud.
12. Aportar para que los planes y programas estatales de salud tengan en cuenta los conoci-
mientos, prácticas y usos de los distintos medios de diagnóstico y tratamiento propios del Pu-
eblo Rom.
13. Demandar que los Estados y Gobiernos promuevan y garanticen la seguridad alimentaria
y el mejoramiento sustancial de la calidad de vida del Pueblo Rom.
14. Propender porque los Estados y Gobiernos del continente garanticen el consentimiento
libre informado del Pueblo Rom, a través de sus autoridades e instituciones representativas,
cada vez que se prevean proyectos de desarrollo, medidas legislativas o administrativas sus-
ceptibles de afectarle directamente.
15. Propiciar que el Pueblo Rom tenga acceso equitativo, permanente y apropiado a los medi-
os masivos de comunicación social.
16. Exigir el acceso de representantes del Pueblo Rom a las diferentes instancias de partici-
pación creadas por las instituciones gubernamentales y poderes públicos.
17. Contribuir a la creación y consolidación de aquellas instituciones e instancias propias que
el Pueblo Rom requiera, para avanzar en el proceso de reconocimiento de sus derechos co-
lectivos.
18. Viabilizar la generación de los mecanismos e instancias necesarias que propicien el esta-
blecimiento de contactos, relaciones e intercambios fluidos y permanentes entre los Rom de
las Américas y entre éstos y el resto de la comunidad Rom internacional.
19. Propender porque existan las garantías necesarias para que la forma de vida nómade e
itinerante que conservan muchos grupos familiares Rom de las Américas pueda ser sostenible
en el tiempo, lo que se traduce en la exigencia a los Estados y Gobiernos para que adecuen
lugares especiales para que se instalen los campamentos y normas especiales que faciliten el
libre tránsito a través de las fronteras internacionales en el continente.
20. Instar a los Estados y Gobiernos de la región a que reconozcan el status de refugiados a
los miembros del Pueblo Rom y diseñen políticas públicas, programas y acciones adecuadas
a fin de atender a los Rom que por razones políticas, sociales, culturales, étnicas, religiosas,
económicas o de cualquier otra clase, se ven precisados a refugiarse o a inmigrar al continen-
te Américano.
En razón de estas legítimas demandas es que:
INSTAMOS
A LA ORGANIZACION DE LAS NACIONES UNIDAS, ONU, A QUE:
1. Principie un amplio y profundo proceso de democratización de toda su estructura a fin de
evitar que las instancias más relevantes del sistema de las Naciones Unidas terminen contro-

37
ladas por un reducido pero poderoso número de Estados que en la mayoría de las ocasiones
toman decisiones controversiales y a espaldas del consenso de la comunidad internacional.
2. Diseñe instancias, mecanismos y procedimientos que posibiliten que en el sistema de Na-
ciones Unidas pueda participar plenamente y en condiciones de igualdad frente a los Estados,
el Pueblo Rom. Como un primer paso para ello proponemos el establecimiento de un ―Foro
Permanente para el Pueblo Rom‖ que en el nivel más elevado posible, con una composición
mixta y equitativa y con un mandato amplio que incluya los derechos civiles, políticos, econó-
micos, sociales, culturales, ambientales, sanitarios, educativos, lingüísticos, de género, de
desarrollo, prevención de conflictos… etc, facilite el diálogo entre los Estados miembros de la
ONU, el Pueblo Rom y las agencias y organismos especializados del sistema de Naciones
Unidas sobre temas e intereses que afecten a nuestro pueblo.
3. Comience el proceso para que con participación amplia y equitativa de delegados de nues-
tro pueblo se redacte, discuta y apruebe una ―Declaración de las Naciones Unidas para los
Derechos del Pueblo Rom‖, que sirva como instrumento internacional que garantice, con es-
tándares aceptables, todos los derechos de nuestro pueblo.
4. Reconozca e institucionalice en el sistema de Naciones Unidas y en los Estados miembros
de la ONU al 8 de abril como ―Día Internacional del Pueblo Rom‖, en recordación a la celebra-
ción, en Londres (Inglaterra) entre el 7 y el 9 de abril de 1971, del ―Primer Congreso de la
Unión Romaní Internacional‖, que marcó el inicio del movimiento asociativo contemporáneo de
nuestro pueblo.
5. Como parte de las reuniones y actividades preparatorias de la ―Conferencia Mundial Contra
el Racismo, la Discriminación Racial, la Xenofobia y Otras Formas de Intolerancia‖, la Oficina
del Alto Comisionado para los Derechos Humanos, propicie y facilite la realización de un ―En-
cuentro Continental del Pueblo Rom de las Américas‖, en el que podamos unificar criterios,
construir consensos y diseñar estrategias, a partir de las distintas realidades de nuestro pue-
blo que se presentan en el continente.
6. En los diferentes procesos en instancias del sistema de Naciones Unidas no se continúe
invisibilizando al Pueblo Rom de las Américas y, contrariamente, se lo involucre activamente
en las reflexiones y discusiones sobre los temas que directa o indirectamente le afectan.
A LA ORGANIZACION DE ESTADOS AMÉRICANOS, OEA, A QUE:
7. Constituya una instancia permanente que incorpore la existencia del Pueblo Rom de las
Américas y aboque la relación con nuestro pueblo en un plano de igualdad.
8. Propicie el activo involucramiento del Pueblo Rom de las Américas en todo el proceso con-
cerniente a la reflexión y discusión del ―Proyecto de Declaración InterAméricana de Derechos
de los Pueblos Indígenas‖, como quiera que en su artículo 1 expresa explícitamente que las
disposiciones legales de este ―Proyecto de Declaración‖ se hacen extensivas al Pueblo Rom,
en su condición de pueblo tribal.
9. Con participación adecuada del Pueblo Rom se realice un amplio estudio sobre la situación
que actualmente presenta en materia de derechos humanos, civiles y colectivos.
A LOS ESTADOS Y GOBIERNOS DE LAS AMÉRICAS, A QUE:
10. Reconozcan plenamente nuestra existencia como pueblo y garanticen el ejercicio de nues-
tros derechos colectivos y civiles. En razón de su proyección transnacional y de su amplia
movilidad geográfica, el Pueblo Rom debe ser reconocido explícitamente por los Gobiernos y
los Estados del continente, como un pueblo que es también Américano por tradición y presen-
cia histórica.

38
11. Diseñen con una amplia participación y con el consentimiento libre y fundamentado previo
de nuestro pueblo, instrumentos legales y normativos que garantice sus derechos colectivos y
civiles, así como también su integridad étnica y cultural.
12. Los que no lo han hecho ratifiquen el Convenio 169 de 1989 de la Organización Interna-
cional del Trabajo, OIT, ―Sobre Pueblos Indígenas y Tribales en Países Independientes‖ y los
que ya lo hicieron cumplan integralmente con sus disposiciones legales teniendo en cuenta
que estas igualmente se hacen extensivas a nuestro pueblo.
13. En todo el proceso referido a la ―Conferencia Mundial Contra el Racismo, la Discriminación
Racial, la Xenofobia y Otras Formas de Intolerancia‖ se garantice una amplia y apropiada
participación de delegados del Pueblo Rom de los países del continente.
14. Acojan solidariamente en sus respectivos territorios a los refugiados pertenecientes al
Pueblo Rom que, huyendo de las persecusiones y guerras que se escenifican en otros lugares
del planeta, llegan al continente Américano buscando seguridad y garantías para rehacer sus
vidas.
A LAS ORGANIZACIONES NO GUBERNAMENTALES Y A LAS AGENCIAS DE COOPERA-
CION A QUE:
15. En sus proyectos y programas de acción e intervención tengan en cuenta las necesidades
y problemática actuales del Pueblo Rom de las Américas.
16. Se comprometan con las organizaciones Rom de las Américas a apoyar, con recursos
financieros y técnicos, todas aquellas iniciativas y proyectos encaminados a concretar las
principales demandas de nuestro pueblo.
A LOS PUEBLOS INDIGENAS Y AFRODESCENDIENTES, ASI COMO A OTROS PUEBLOS
TRADICIONALES QUE SE HAN ARRAIGADO EN EL CONTINENTE:
17. Apoyen solidaria y fraternalmente las aspiraciones, demandas y reivindicaciones de nues-
tro pueblo, encaminadas a conseguir que salga de la invisibilidad en que ha sido sumergido y
se le reconozcan y respeten, plena e integralmente, todos sus derechos colectivos.
18. En actos diversos de mutuo y recíproco conocimiento y ―descubrimiento‖ reconozcan al
Pueblo Rom de las Américas como el otro hijo de la Pacha Mama, es decir, como un pueblo
que pese a no ser nativo ni originario de estas tierras tiene una antigua presencia y trayectoria
que lo ha llevado a compartir estructuralmente los mismos problemas que enfrentan a los
Pueblos Indígenas y afrodescendientes.
19. Reconozcan que el Pueblo Rom es un actor social en las Américas que desde la invisibili-
dad está irrumpiendo para aportar a la construcción de sociedades diversas, plurales e inclu-
sivas, más democráticas, libres y justas.
20. El Pueblo Rom de las Américas valora profundamente las demandas y reivindicaciones
enarboladas por los Pueblos Indígenas y afrodescendientes, así como por otros pueblos tradi-
cionales que viven en el continente, como quiera que abrieron significativos senderos que hoy
nuestro pueblo está transitando. Es por ello que, en cierta forma, el Pueblo Rom es heredero
del trabajo organizativo desplegado por estos pueblos y por consiguiente también los hace
suyos.
Finalmente, las organizaciones y kumpania Rom de las Américas comunicamos la conforma-
ción de una instancia de coordinación a nivel continental: el ―Consejo de Organizaciones y
Kumpania Rom de las Américas‖ que tendrá como misión fundamental contribuir a la consoli-
dación del movimiento asociativo de nuestro pueblo en el continente y en todo el mundo, apor-

39
tando al proceso de visibilización del Pueblo Rom en el contexto de la comunidad internacio-
nal.
En constancia se firma en Quito (Ecuador) a los 16 días del mes de marzo de 2001 por los
delegados de las organizaciones y kumpania Rom de las Américas presentes:
ASOCIACION IDENTIDAD CULTURAL ROMANI DE ARGENTINA
E-mail: jberna@sagyp.mecon.gov.ar
ASOCIACION NACIONAL DEL PUEBLO ROM (GITANO) DEL ECUADOR, ASOROM
E-mail: asorom@yupimail.com
AMÉRICAN ROMANI UNION (EE.UU)
E-mail: vinkroma@unm.edu
ROMANO LIL (CANADA)
E-mail: hsijercic@home.com
WESTERN CANADIAN ROMANI ALLIANCE, WCRA
E-mail: celtrom@uniserve.com
GRUPO ROMA -KUMPANIA ROM DE CHILE
E-mail: jjerardi@entelchile.net
SA ROMA (EE.UU)
E-mail: w9duna@stthomas.edu
PROCESO ORGANIZATIVO DEL PUEBLO ROM (GITANO) DE COLOMBIA, PROROM
E-mails: prorom@Gitanos.casa.as / viamultiple@hotmail.com

Anexo 2.5.
A PROPÓSITO DE DURBAN: UNA MIRADA PRELIMINAR DESDE EL PUEBLO ROM (GI-
TANO) DE AS AMÉRICAS

Documento preparado a partir de las reflexiones presentadas por: Ana Dalila Gómez Baos y Juancarlos
Gamboa Martínez, de PROROM (Colombia) y Jorge Martín Fernández Bernal, de AICRA (Argentina).
IN: Baos 2002, pp. 264-272

A Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância, realizada em


Durban, África do Sul, de 31 de agôsto a 8 de setembro de 2001 pouco contribuiu para os ciganos. Na
―Declaração‖ de 24 de setembro são citados apenas uma única vez, no item 66; no ―Programa de A-
ção‖, publicada no mesmo dia, são citados rapidamente nos itens 39 a 44 (Fonte: ONU -
A/CONF.189/... 24 september 2001). Mais instrutivas são as observações a seguir, de participantes
ciganas da América Latina. [FM]

1. La presencia de delegados del Pueblo Rom en el Foro y Conferencia Mundiales fue bastan-
te significativa. Además de los tres delegados de América Latina --dos del Proceso Organiza-
tivo del Pueblo Rom (Gitano) de Colombia, PROROM y uno de la Asociación Identidad Cultu-
ral Romaní de Argentina, AICRA-- se estima que participaron aproximadamente sesenta dele-
gados de organizaciones Rom de Europa, de países como Rumania, Bulgaria, Hungría, Re-
pública Checa, Macedonia, Yugoeslavia, Rusia, Finlandia, Suecia, España, Italia, Irlanda...
entre otros. No hubo delegados Rom de Asia, África y Oceanía.
Si bien la mayoría de delegados Rom fueron a nombre del European Roma Rights Centre,
ERRC --que tiene su sede en Budapest (Hungría)-- realmente iban como representantes de
diversas asociaciones Rom europeas o de las dos organizaciones Rom internacionales más
importantes: Unión Romaní Internacional, IRU (por sus siglas en inglés) y el Congreso Nacio-
nal Roma, RNC (por sus siglas en inglés). Algunos delegados Rom, caso España, Finlandia y
Suecia, asistieron como parte de las delegaciones oficiales de sus respectivos países. Otros

40
Rom, principalmente jóvenes, participaron en el Foro y la Conferencia Mundiales como inte-
grantes de las delegaciones de algunas ONG´s de derechos humanos, no específicamente de
asociaciones Rom.
2. Pese a este número significativo de delegados Rom presentes en el Foro y Conferencia
Mundiales, no fue posible que en el caucus correspondiente a nuestro pueblo del Foro Mundi-
al de ONG´s estuvieran todos reunidos, poniéndose de manifiesto una dispersión de las dele-
gaciones.
La imposibilidad de reunir simultáneamente a los representantes Rom y la falta de coordinaci-
ón entre las delegaciones de los diferentes países, diluyó hasta cierto punto la presencia del
Pueblo Rom en el Foro y la Conferencia Mundiales que, comparativamente con otros pueblos,
fue numéricamente importante. En ciertos momentos, sobre todo al principio del Foro Mundial,
se puso de presente que las organizaciones Rom actuaban sin ninguna coordinación, hacien-
do lo que podían para incidir en los documentos finales.
Pese a que se hicieron diversas reuniones Rom a lo largo de la Conferencia Mundial que ilus-
traron sobre la problemática del Pueblo Rom en diversos países y a que se hizo una moviliza-
ción de protesta por los alrededores del International Convention Centre, ICC, de Durban, que
llamó la atención de los medios de comunicación, puede decirse que no se alcanzaron los
niveles de coordinación que hubieran sido deseables.
Dado que no se trabajó en bloque, no se pudo diseñar una estrategia clara de cabildeo con
los Estados para sensibilizarlos sobre las demandas de nuestro pueblo. Esta falta de acción
conjunta entre las diferentes delegaciones del Pueblo Rom simplemente es reflejo de varias
circunstancias: (i) diversidad de niveles organizativos alcanzados, (ii) disímiles contextos polí-
ticos y económicos donde actúan las organizaciones Rom, (iii) los pocos vínculos existentes
entre las organizaciones Rom de Europa y las Américas, principalmente de América Latina,
(iv) las organizaciones Rom participaron de manera muy periférica en el proceso preparatorio
del Foro y Conferencias Mundiales, en ese sentido, por ejemplo, mientras en las Américas los
Pueblos Indígenas y afrodescendientes tuvieron la ocasión de realizar varios encuentros pre-
paratorios, nuestro pueblo sólo pudo llevar a cabo uno solo.
3. Si bien muchos delegados rom de Europa se sorprendieron gratamente por la presencia de
rom de las Américas en el Foro y la Conferencia Mundiales, la mayoría de organizaciones rom
europeas en sus exposiciones y propuestas olvidaban hacer alusión directa y explícita a los
rom del continente Américano. Ello tal vez se puede explicar en parte al poco conocimiento
que las organizaciones rom europeas tienen sobre la situación y problemática de los rom que
viven en las Américas.
Algunos delegados rom europeos se mostraron muy satisfechos y sorprendidos por el nivel
organizativo y propositivo alcanzado por los rom de las Américas. En la perspectiva de actuar
coordinadamente y en bloque regional la presencia de los representantes Rom de las Améri-
cas se hizo, no tanto a nombre de las organizaciones de cada país sino a nombre de Saveto
Katar le Organizatsi ay Kumpeniyi Rromane anda´l Americhi, Skokra --Consejo de las Organi-
zaciones y Kumpeniyi rom de las Américas, COKRA-- que es la instancia continental de coor-
dinación que las organizaciones rom Américanas han construido para tener una mayor capa-
cidad de influencia en los escenarios regionales e internacionales.
4. En la perspectiva de tener un documento unificado, el trabajo de ensamblar las propuestas
de los rom de Europa y los postulados de los Rom de las Américas, si bien se logró al final de
manera satisfactoria, no fue tarea fácil. Ello porque ciertos conceptos trabajados desde los
Rom de las Américas -como reivindicación de derechos colectivos y no tanto derechos indivi-
duales y civiles; demanda del reconocimiento a la libre determinación del Pueblo Rom; reivin-
41
dicación de que las disposiciones contenidas en el Convenio 169 de la OIT, aplican a nuestro
pueblo; solicitud de la constitución del Foro Permanente en la ONU para el Pueblo Rom; exi-
gencia a la ONU de iniciar la discusión sobre un instrumento internacional que proteja los de-
rechos del Pueblo Rom de todo el mundo - no eran muy bien entendidos por las organizacio-
nes Rom de Europa.
Pese a que los rom de Europa reivindican el tratamiento de Nación para los rom -lo que en
absoluto se contradice con la utilización del término pueblo, que tiene un igual significado en
los instrumentos internacionales y que las organizaciones rom de las Américas hemos venido
utilizando permanentemente- sus propuestas iban más en el sentido de demandar el recono-
cimiento y garantía de derechos individuales y civiles que, como se sabe, tienen un estándar
mucho más bajo en los instrumentos internacionales que los que tienen los derechos colecti-
vos, que son la columna vertebral de la propuesta trabajada por los rom de las Américas en
Quito (Ecuador), en el contexto del ―Foro de las Américas por la diversidad y la pluralidad‖.
Esta aparente divergencia conceptual y teórica entre las organizaciones rom de Europa y de
las Américas, puede explicarse en parte a la falta de posibilidades que los rom han tenido
para encontrarse e intercambiar experiencias y propuestas, elaboradas desde los distintos
contextos en que viven. En ese sentido es preciso señalar que tal vez una de las pocas ocasi-
ones en que organizaciones rom de las Américas se encontraron con organizaciones rom de
Europa, fue precisamente en Durban. Pese a que los rom somos un solo pueblo global y mile-
nario, como se ha dicho son muy variados los contextos políticos y económicos en donde nos
encontramos. Mientras en las América la situación de los Rom no es tan difícil ni precaria, en
Europa la cuestión es de pura y física sobrevivencia.
5. En el caucus del Pueblo Rom del Foro Mundial participó una amplia delegación de los lla-
mados Viajeros (Travellers, en inglés) de Irlanda. Comprensiblemente los Viajeros querían
que en el documento final de este caucus se recogieran sus demandas y reivindicaciones
como parte de las demandas del Pueblo Rom, centradas fundamentalmente en su derecho al
libre tránsito y a tener una vida digna, entre otras.
Dado que los Viajeros no se autoidentifican como rom, ni los grupos Rom los asumen a ellos
tampoco como parte de nuestro pueblo, se presentó al interior del caucus una polémica inte-
resante que dividió las opiniones en dos posiciones. Un grupo defendió la tesis que en el do-
cumento final del caucus se hablara indistintamente de Roma, Sintis, Gitanos, Viajeros y Nó-
mades para incorporar las demandas de otros itinerantes y nómadas. Este grupo centró sus
argumentos en la solidaridad con los Viajeros y en la similitud en las formas de vida que exis-
ten entre estos y varios grupos del Pueblo Rom que siguen siendo itinerantes.
El otro grupo -en el que se encontraban las organizaciones rom de las Américas - por el con-
trario propuso que en el documento se utilizara un etnónimo que abarcara a todos los grupos
que se reclaman y son reconocidos como parte integral de nuestro pueblo y por ello se plan-
teó la utilización del concepto Pueblo Rom (o roma en la versión en inglés) con lo que se ex-
cluía a los Viajeros, por no ser rom. La justificación de este segundo grupo se centró en que,
en la perspectiva de hablar de pueblo (o Nación) rom (o roma en inglés), se hacía necesario
unificar los términos en uno sólo para evitar que con la dispersión de etnónimos se pensara
que no había un pueblo sino un conjunto de grupos y minorías con algunas cosas -la itineran-
cia, por ejemplo- en común.
La discusión fue muy provechosa y se zanjó de la siguiente manera. Hubo consenso en la
necesidad de unificar nombres y evitar la aparición de términos como romaníes, manuches,
sintis, Gitanos, gipsy, viajeros, nómades.etc, que apuntan claramente a fragmentar nuestra
conciencia como pueblo, y a utilizar el concepto ampliamente difundido de rom (o roma en la
42
versión en inglés). Se aclaró además que el etnónimo Sinti era sinónimo de rom en ciertos
países como Alemania pero que debería utilizarse el de rom en los instrumentos internaciona-
les.
De otro lado, desde las organizaciones rom de las Américas se propuso que como había que
ser solidarios con los Viajeros, como un acápite especial y distinto del documento se haría
alusión a las demandas de este grupo cultural, pero teniéndolo como un grupo que si bien
comparte algunas formas de vida, no se autoidentifican ni son considerados como parte del
Pueblo Rom. En ese contexto, en la resolución final del caucus rom se incorporaba un artículo
que mencionaba a los Viajeros, aparte del Pueblo Rom.
6. En el Foro Mundial de ONG´s quedó incorporada una sección especial para nuestro pueblo,
que incorporó varios de los planteamientos que las organizaciones rom de las Américas vení-
amos trabajando en el proceso preparatorio. Básicamente en ella se consignó integralmente lo
definido en el caucus rom. Los planteamientos aquí expuestos dejaron satisfechos a todas las
organizaciones rom, así como también a los Viajeros. Sin embargo, este documento, que ha-
bla explícitamente de la Nación rom (o roma en la versión en inglés) y su derecho a la libre
determinación, fue rechazada públicamente por la Alta Comisionada para los Derechos Hu-
manos de las Naciones Unidas, por considerar que no era objetivo y estaba sesgado y viciado
por una serie de apreciaciones contra el Israel y la ocupación de Palestina. Para las organiza-
ciones rom de las Américas esto fue apenas una excusa, muy pobre por cierto. La actitud de
la Alta Comisionada puso de manifiesto una vez más el poco interés que tienen los Estados
en reconocer sus responsabilidades y en atacar estructuralmente los problemas del racismo,
la discriminación racial, la xenofobia y las intolerancias.
7. A la postre el balance de la Conferencia Mundial para los pueblos víctimas del racismo, fue
muy frustrante y desesperanzador. Los Estados, encabezados por EE.UU hasta su retiró for-
mal y luego relevado por Canadá y la Unión Europea, se encargaron de que en el Plan de
Acción y en la Declaración Final, no quedaron compromisos claros y precisos de los Estados
para luchar contra las lacras del racismo, la discriminación racial, la xenofobia y las intoleran-
cia, ni alusiones directas a las responsabilidades históricas que las potencias han tenido con
el racismo y la discriminación racial. En el mejor de los casos los presupuestos del Plan de
Acción y de la Declaración Final no pasan de ser ejercicios de buena retórica, que no agregan
en absoluto nada nuevo a lo hasta ahora dicho y en cambio, si retroceden frente a derechos
conquistados por los pueblos en otros eventos internacionales.
Todos los pueblos víctimas del racismo perdimos. Por ejemplo, a los Pueblos Indígenas ni
siquiera se les reconoció el carácter de Pueblos Indígenas ni su derecho a la libre determina-
ción, que habían conquistado en otros espacios del sistema de Naciones Unidas; a los pue-
blos afrodescendientes no se les reconoció su derecho a la reparación y a la compensación
por los años de esclavitud sufridas. [Aquí vale hacer un paréntesis para decir que el Pueblo
Rom, en simetría con lo planteado por los pueblos afrodescendientes, también propuso que
como víctima de la esclavitud y del holocausto, fuera reparado y compensado, lo que como
era de esperarse tampoco se consiguió]; sobre el pueblo Palestino a la postre no se dijo nada
en concreto y por lo tanto no se plantearon acciones tendientes a resolver su situación; sobre
los Dalit de la India y otros Estados asiáticos -conocidos como Intocables-, el hecho mismo
que se hayan visto abocados a una huelga de hambre para que los Estados reconocieran que
el sistema de castas es una expresión de racismo y discriminación racial, dice mucho sobre el
interés real de los Estados por plantear asuntos serios y consistentes para terminar el flagelo
del racismo...

43
Y al Pueblo Rom le fue mal, muy mal. Su invisibilidad en las instancias internacionales se hizo
patente una vez más. Lo poquísimo que el Pueblo Rom de las Américas había conseguido en
la Conferencia Regional de las Américas, organizada por los Estados de la región en diciem-
bre de 2001 en Santiago (Chile), se desvaneció completamente como por arte de magia. En
igual sentido los planteamientos en referencia a nuestro pueblo en las Américas, que fueron
incorporados en la ―Conferencia Ciudadana Contra el Racismo‖, celebrada en Santiago (Chile)
en diciembre de 2001 y recogidos más amplia e integralmente en el ―Foro de las Américas por
la Diversidad y la Pluralidad‖, celebrado en Quito (Ecuador) en marzo de 2001, no fueron teni-
dos en cuenta absolutamente para nada en los documentos finales de la Conferencia Mundial.
Dados los resultados negativos de la Conferencia Mundial, el Pueblo Rom de las Américas
siente que se encuentra una vez más en el punto de partida. Sobre el particular, se pueden
hacer las siguientes precisiones:
7.1. El Pueblo Rom sigue invisibilizado en los instrumentos internacionales. En ese sentido, no
sólo no aparece en un acápite especial como se pretendía, sino que no aparece mencionado
con nombre propio en los documentos finales. Sus demandas y reivindicaciones aparecen
difusas dentro del ambiguo concepto ―otras víctimas del racismo, la discriminación racial, la
xenofobia y las intolerancias‖ junto al de otros sectores y actores sociales, o bajo los ambi-
guos y vagos conceptos de romaníes, sintis, Gitanos, gipsys, viajeros y nómades, que desna-
turalizan por completo su integridad como Pueblo Rom.
7.2. Las alusiones al Pueblo Rom no constituyen ningún avance frente a lo que se había veni-
do trabajando y hacen referencia a meros derechos individuales y civiles que se supone todo
Estado moderno debe tener en sus legislaciones domésticas. En esa dirección no hay ningún
reconocimiento a su carácter de pueblo o Nación ni a su derecho de estar representado en el
seno de la ONU. Hubo un sospechoso silencio sobre el derecho a la libre determinación del
Pueblo Rom.
7.3. A efectos de negociar con los Estados, las propuestas emanadas del caucus rom del Foro
ONG´s fueron sintetizaron al máximo por las organizaciones rom presentes, sin que se consi-
guiera con ello que fueran incorporadas en lo más mínimo. De ahí que lo referente al Foro
Permanente del Pueblo Rom en el Sistema de Naciones Unidas, la Declaración de las Nacio-
nes Unidas Sobre los Derechos del Pueblo Rom, la reparación y la compensación por los
años de esclavitud y por el holocausto, la libre movilidad por las fronteras, el respeto y apoyo
a la vida itinerante y nómade, el carácter de refugiados especiales para los miembros del Pu-
eblo Rom, el antiziganismo como una expresión del racismo entre otros asuntos trascendenta-
les para nuestro pueblo no fueron contemplados.
8. Bastante frustrante el grotesco espectáculo dado por los Estados poderosos en sus esfuer-
zos por ningunear, menoscabar, silenciar, clandestinizar e invisibilizar los derechos legítimos y
justos de los Pueblos Indígenas, afrodescendientes y rom -y de otros pueblos como el Dalit-.
Ante la menor propuesta constructiva planteada por algún Estado para reconocer derechos
importantes a estos pueblos, se venía la andanada de contrapropuestas y contraargumentos,
para que no fuera aprobada. Y así ocurrió. Ganaron una vez más los poderosos del planeta.
La impresión que queda es que los textos de la Declaración Final y del Plan de Acción ya
venían negociados desde las PrepCom y en estos escenarios, valga decir, no tuvimos ningu-
na participar los rom. El trabajo que hicieron los Estados se limitó simplemente a ratificar la
aprobación de aquellos párrafos, la mayoría de los casos inocuos, que se había aprobado ya
en Ginebra (Suiza) y a borrar los párrafos sobre los que no había consensos o estaban con
paréntesis. Y entre paréntesis casi siempre venían planteamientos que servían a los pueblos
víctimas del racismo.
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Todo hace pensar que el racismo, la discriminación racial, la xenofobia y demás lacras cone-
xas aumentarán en el inmediato futuro. El mundo perdió la ocasión para prepararse y enfren-
tarlas exitosa y creativamente. Los Estados más allá de su retórica jurídica no se comprometi-
eron con nada ni con nadie.
9. Durante la Conferencia Mundial las organizaciones rom de las Américas hicieron esfuerzos
por comunicarse y sensibilizar tanto a las delegaciones oficiales como a las de ONG´s de
todos y cada uno de los países donde hay organizaciones rom de Skokra.
Las poco constructivas posiciones oficiales de los gobiernos de Estados Unidos y Canadá,
impidieron cualquier acercamiento y diálogo para tratar los puntos de vista del Pueblo Rom.
El Gobierno de Ecuador, al igual que las ONG de ese país -muchas de las cuales iban como
parte de la delegación oficial - se mostraron muy abiertas y apoyaron en términos generales
las propuestas de los rom. En ese sentido se notó el trabajo que hizo la Asociación Nacional
del Pueblo Rom (Gitano) del Ecuador, Asorom con la Confederación de Nacionalidades Indí-
genas del Ecuador, Conaie.
El Gobierno de Colombia en lo que respecta al Pueblo Rom estuvo muy receptivo, lo mismo
que las ONG colombianas que siempre apoyaron nuestras demandas. Esto es una muestra
de que Prorom ha sabido posicionar muy bien la ―cuestión rom‖ en Colombia.
Con el Gobierno de Chile, en cabeza del hijo del presidente, las organizaciones rom de las
Américas dialogaron brevemente, aunque esto de nada sirvió puesto que a la postre optó por
apoyar y secundar las posiciones más conservadoras. Contrariamente las ONG chilenas de
indígenas -Aymara y Mapuche- estuvieron muy atentas a las peticiones del Pueblo Rom y se
solidarizaron abiertamente con ellas.
Algunos delegados del Gobierno argentino, muy pocos realmente, se mostraron abiertos a
comprender la situación de los rom. Contrariamente la gran mayoría de ellos manifestaron una
gran indiferencia sobre las reivindicaciones de nuestro pueblo en ese país y asumieron posi-
ciones nada favorables.
Las ONG de Brasil -afrodescendientes e indígenas- fueron muy solidarias con la causa
del Pueblo Rom, aunque expresaron un completo desconocimiento sobre la situación
de nuestro pueblo en ese país. Desafortundamente no se pudo sostener ningún diálogo
con el gobierno brasileño, muestra de su desinterés sobre nuestro pueblo.
Para destacar el apoyo del gobierno de Uruguay y de las ONG de ese país, algunas de las
cuales hicieron parte de la delegación oficial, que ofrecieron ser sedes de un próximo ―Cón-
clave Continental‖. Digno de destacar la actitud de los compañeros indígenas de Perú, quie-
nes se comprometieron con nosotros a visitar a los rom en Lima y trasmitirles lo que se ha
venido haciendo.
10. Al Pueblo Rom, en especial al Pueblo Rom de las Américas, no le queda otro camino que
continuar trabajando por la reivindicación no sólo de nuestros derechos colectivos, sino de
nuestra existencia misma. No hay que desfallecer porque el camino es bien largo; afortuna-
damente los rom sabemos mucho de eso de viajar y andar. Los Estados pareciera que no
quieren un lugar para el Pueblo Rom, pero nuestro pueblo persistirá en su empeño de señalar
la posibilidad de sociedades plurinacionales, respetuosas de la diversidad. De estos momen-
tos negativos se deben sacar lecciones provechosas.
La primera lección es que hay que avanzar en lo organizativo. Definitivamente está claro que
los rom de las Américas están llamados a aportar al movimiento asociativo rom internacional,
por lo que se hace necesario recorrer la senda trazada en Quito (Ecuador), donde en el con-
texto del ―Foro de las Américas por la Diversidad y la Pluralidad‖ realizamos el encuentro ―El
Pueblo Rom (Gitano): El Otro Hijo de la Pacha Mama. Cónclave Continental del Pueblo Rom
45
de las Américas‖, que propició la definición de importantes planteamientos para abordar el
trabajo en el continente y en otros lugares del mundo. La segunda lección es que en las Amé-
ricas la lucha del Pueblo Rom se debe articular a la lucha de otros sectores sociales, especi-
almente la de los Pueblos Indígenas y afrodescendientes, cuyos problemas son estructural-
mente los mismos que tiene nuestro pueblo. La tercera lección es que se hace adelantar una
intensa campaña de sensibilización tendiente a llamar la atención de las agencias de coope-
ración y de las ONG donantes para que incorporen dentro de sus ámbitos de trabajo al Pueblo
Rom de las Américas. Generalmente cuando se hace alusión al Pueblo Rom, se piensa en
Europa, olvidándose que los rom también somos Américanos por trayectoria y presencia his-
tórica La cuarta lección es que, en principio, la tarea organizativa de los rom Américanos re-
caerá en unos pocos, que deben estar a la altura del momento histórico para trabajar militan-
temente por los derechos de nuestro pueblo. Mientras haya en las Américas tres o cuatro rom
comprometidos, la luz de la esperanza no se extinguirá.

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III - Documentos Europeus
Anexo 3.1.
O Conselho da Europa foi criado em 1949 e hoje são membros cerca de 40 países. É formado por
uma Comissão de Ministros, que são os ministros de relações exteriores dos países membros, e
uma Assembléia Parlamentar, com deputados nomeados pelos parlamentos dos países membros.
Em 1957 foi ciada a Comunidade Econômica Européia, que a partir de 1993 passou a ser chamada
União Européia. Um dos seus órgãos é o Parlamento Europeu, cuja primeira reunião ocorreu em
1958, e que hoje tem 785 deputados eleitos nos 27 Estados-Membros. [FM]

Conselho da Europa
Recomendação 563 de 1969:
A Assembléia,
1. Constatando que a situação da população cigana na Europa é gravemente afetada pelas
mudanças rápidas da sociedade moderna que privam os ciganos e outros nômades de nume-
rosas possibilidades para o exercício de suas profissões tradicionais, e que agravam suas
desvantagens em matéria de instrução e de formação profissional;
3. Profundamente alarmada com o fato de que, muitas vezes, os esforços que visam melhorar
esta situação têm malogrado por causa de uma discriminação contra os ciganos, devida ao
fato de pertencerem a um grupo étnico particular ......;
4. Consciente que a falta de terrenos para acampamento ou de casas com boas aco-
modações, como também de zonas de trabalho, de instalações escolares e de possibilidades
de trabalho para os ciganos e outros nômades tem provocado frequentes fricções entre as
famílias dos nômades e a população sedentária;
5. Considerando que residências permanentes são, para os ciganos e outros nômades, condi-
ções quase necessárias para a aquisição de uma boa instrução e para a adaptação à socie-
dade moderna;
6. Considerando que a falta de instrução, devida principalmente ao modo de vida itinerante
dos ciganos e outros nômades, tem efeitos futuros, além dos fatores puramente materiais e
financeiros, sobre sua vida e sobre o clima social, efeitos que arriscam prejudicar a longo pra-
zo sua integração na moderna sociedade européia e sua aceitação como cidadãos com direi-
tos iguais ;
7. Considerando que os programas destinados a melhorar a situação dos ciganos devem ser
elaborados em colaboração e consulta com seus representantes;
8. Recomenda ao Conselho dos Ministros de incitar os governos membros:
(I) a tomar todas as medidas necessárias para por fim à discriminação, nas leis ou nas práti-
cas administrativas, contra os ciganos e outros nômades;
(II) no mínimo, a incentivar ativamente a construção, pelas autoridades competentes e em
benefício dos ciganos e outros nômades, de um número suficiente de terrenos de acampa-
mento munidos de instalações sanitárias, eletricidade, telefone, prédios comunitários e equi-
pamentos contra incêndio, como também de zonas de trabalho e situados perto de escolas e
de aldeias ou de cidades;
(IV) a estimular, já que não é possível frequentar as escolas existentes, a criação, perto dos
terrenos de acampamento ou de outros lugares onde grupos de nômades se reunem regular-
mente, de classes especialmente destinadas a suas crianças, a fim de facilitar sua integração
nas escolas públicas, e a estabelecer uma ligação satisfatória entre os programas escolares

47
das crianças nômades e os programas do Ensino de Segundo Grau ou de outras formas de
instrução mais avançadas.
(V) a criar ou a melhorar as possibilidades de formação profissional dos ciganos e dos nôma-
des adultos visando melhorar suas atividades profissionais;
(VI) a apoiar a criação de órgãos nacionais com a participação de representantes dos gover-
nos, das comunidades ciganas e nômades, como também de organizações voluntárias que
defendem os interesses dos ciganos e de outros nômades, e a consultar estes órgãos quando
da preparação de medidas que visam melhorar a situação dos ciganos e de outros nômades;
(VII) a adaptar a legislação nacional em vigor para fazer com que os ciganos e outros nôma-
des tenham os mesmos direitos da população sedentária em matéria de seguridade social e
de cuidados médicos.
[Fonte: Charlemagne, J. e Pigault, G. (eds.), Répertoire des textes législatifs et réglementai-
res concernant les Personnes Sans domicile Fixe, Paris, UNISAT, 1990, pp. 90-92. Tradução
FM]

Anexo 3.2.
Conselho da Europa
Resolução 13, de 1975:
A - Política geral.
1. Devem ser tomadas todas as medidas necessárias, no quadro das legislações nacionais,
para por um fim a todas as formas de discriminação contra as populações nômades.
2. Os preconceitos que formam a base de certos comportamentos e atitudes discriminatórias
contra as populações nômades devem ser combatidos, notadamente por uma melhor infor-
mação das populações sedentárias sobre as origens, os modos de vida, as condições de exis-
tência e as aspirações das populações nômades.
3. A participação das populações nômades na elaboração e a implementação das medidas
que lhes dizem respeito deve ser favorecida e exercida nas condições previstas pela legis-
lação nacional.
4. O patrimônio e a identidade culturais das populações nômades devem ser salvaguardados.
(...)
B - Estacionamento e alojamento:
1. O estacionamento e a permanência dos nômades em terrenos equipados de maneira a
garantir normas satisfatórias de segurança, higiene e bem-estar devem ser facilitados e enco-
rajados.
2. Como regra geral, estes terrenos devem ser localizados próximos a cidades ou, no mínimo,
de maneira a oferecer facilidades de acesso às comunicações, o abastecimento, a frequência
escolar das crianças, o exercício de atividades profissionais e outros contatos sociais.
3. A instalação de nômades que desejam sedentarizar-se, em alojamentos apropriados, deve
ser facilitada.
C - Educação, orientação e treinamento profissional.
1. A escolarização dos filhos de nômades deve ser encorajada pelos métodos mais apropria-
dos e visando a integração destas crianças no sistema escolar normal.
2. Ao mesmo tempo, a educação geral dos adultos, inclusive a alfabetização, deve ser favore-
cida, se necessário.
3. Os nômades e seus filhos devem efetivamente poder beneficiar-se das diferentes possibili-
dades existentes de orientação, de formação ou de reformação profissional.

48
4. Em matéria de orientação e de formação profissional, convém levar ao máximo em conta as
aptidões e inclinações inatas destas populações.
D - Ação sanitária e social:
1. A ajuda dada às pessoas nômades no quadro dos sistemas nacionais de ação sanitária e
social deve ser a mais completa possível, em cooperação com os serviços médicos e sociais
de qualquer tipo.
2. Quando necessário, convém informar os trabalhadores sociais sobre os problemas das
populações nômades et de promover a formação de trabalhadores sociais originários de famí-
lias nômades.
3. As intervenções destes serviços devem ser concebidos de maneira que possam permitir a
estas populações de integrar-se às organizações educativas, culturais, profissionais e recrea-
tivas abertas para a população em geral.
E. Seguridade social.
1. Medidas apropriadas devem ser tomadas para evitar na medida do possível, que o modo
de vida dos nômades não tenha como consequência de impedir, na prática, que eles se bene-
ficiem das vantagens às quais legalmente têm direito em matéria de seguridade social; estas
medidas devem visar, em particular, facilitar o cumprimento das formalidades administrativas
necessárias para receber os benefícios da seguridade social.
2. Os interessados devem ter acesso a uma informação apropriada sobre seus direitos e de-
veres em matéria de seguridade social e convém ajudá-los a utilizar os serviços ofertados.
[Fonte: Charlemagne e Pigault 1990, pp. 243-247; Liégeois, J.P., Gypsies and Tra-
vellers, Strasbourg, Council of Europe, 1987, pp. 205-207. Tradução FM].

Anexo 3.3.

Conselho da Europa
Resolução 125 de 1981:
10. Convencida que progresso notável será alcançado somente quando for possível persuadir
a opinião pública de que aos grupos minoritários - muitas vezes de origem étnica diferente e
com um modo de vida diferente - deve ser reconhecido o direito de viver entre nós em pé de
igualdade e que eles têm os mesmos direitos e obrigações como outros cidadãos............;
11. Notando que somente realizações materiais não irão melhorar a situação enquanto os
preconceitos persistem, e que combater estes preconceitos cabe em especial às autoridades
locais e regionais como também aos próprios viajantes, que devem se esforçar para informar
outras pessoas sobre si mesmos, sobre sua identidade cultural e social e sobre os problemas
por eles enfrentados;
13. Recomenda ao Conselho de Ministros:
IV. Estudar a viabilidade de se criar ..... um fundo de solidariedade afim de financiar as medi-
das gerais de assistência aos nômades, inclusive medidas a serem tomadas para a promoção
de sua identidade cultural.
VI. estudar a viabilidade de se criar, no quadro do Conselho da Europa, um centro de informa-
ção sobre viajantes, como uma contribuição ..... para a luta contra os preconceitos e as dis-
criminações e para compensá-los pelas injustiças sofridas no passado; este objetivo, eviden-
temente, deve ser perseguido em contato estreito com os nômades; o Centro deve provi-

49
denciar informação não somente para os próprios nômades, como também para as municipa-
lidades e regiões envolvidas.
14. Exorta os governos dos Estados membros:
II. a reconhecer os Rom (ciganos) ..... como minorias étnicas e, consequentemente, garantir-
lhes o mesmo status e as vantagens desfrutadas por outras minorias; em especial quanto ao
respeito e a manutenção de sua própria língua e cultura;
16. Exorta as autoridades locais e regionais:
I. a tomar todas as medidas necessárias para providenciar facilidades de acampamento e de
habitação........
III. a procurar a participação e a colaboração dos próprios nômades nestas medidas e a per-
mitir que participem ativamente na administração das facilidades providenciadas;
IV. a ajudar a superação de preconceitos, providenciando plena informação aos cidadãos
sobre as origens, modos e condições de vida e aspirações dos nômades ou, melhor ainda,
apoiar plenamente os viajantes (e ciganos) quando eles próprios organizam este tipo de infor-
mação.
17. Exorta os próprios viajantes (e ciganos):
I. a procurar dar às outras pessoas plena informação sobre sua própria identidade cultural e
social, sendo esta informação a melhor garantia contra discriminação e preonceito;
II. a cooperar na busca de caminhos e meios para sua adaptação às inevitáveis mudanças na
sociedade moderna, sem sacrificar sua identidade tradicional e seus valores;
III. a aceitar um mínimo necessário de constrangimentos administrativos necessários para que
possam manter seu próprio modo de vida nômade na nossa sociedade moderna.
18. Solicita ao Conselho de Cooperação Cultural:
I. providenciar um estudo completo sobre problemas educacionais e de treinamento profissio-
nal para nômades......
II. preparar, como parte de seu trabalho sobre educação intercultural, informação sobre dossi-
ês para professores da história, cultura e vida familiar de povos de origem nômade nos Esta-
dos membros, semelhantes aos dossiês informativos para professores de crianças de imi-
grantes .....
20. Solicita à Secretaria Geral do Conselho da Europa:
III. tomar as medidas necessárias para a elaboração de um mapa europeu de acampamentos
abertos para viajantes (e ciganos), indicando claramente as facilidades localmente disponí-
veis, e com a finalidade de orientar não somente os próprios viajantes (e ciganos), mas tam-
bém (as autoridades) municipais e regionais.
[Fonte: Charlemagne e Pigault 1990, pp. 413-416; Liégeois 1987, pp. 207-211. Tradução FM]

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Anexo 3.4
Parlamento Europeu: Resolução sobre a situação dos romanichéis na União Europeia
Resolução 151 de 2005 - P6_TA(2005)0151

O Parlamento Europeu,

- Tendo em conta a comemoração do Dia Internacional dos Romanichéis em 8 de Abril de


2005 (O Dia Internacional dos Romanichéis foi instituído em 1971 no Primeiro Congresso
Mundial dos
Romanichéis),
- Tendo em conta o Tratado Constitucional assinado pelos Chefes de Estado e de Governo
em 29 de Outubro de 2004, que inclui a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia
na sua segunda parte,
- Tendo em conta os artigos 3°, 6º, 7º, 29º e 149º do Tratado CE, que obrigam os Estados-
Membros a assegurar a igualdade de oportunidades a todos os cidadãos,
- Tendo em conta o artigo 13° do Tratado CE, nos termos do qual a Comunidade Europeia
pode tomar as medidas necessárias para combater a discriminação em razão da raça ou ori-
gem étnica,
- Tendo em conta a Directiva 2000/43/CE do Conselho, de 29 de Junho de 2000, que aplica o
princípio da igualdade de tratamento entre as pessoas, sem distinção de origem racial ou étni-
ca, que proíbe a discriminação por razões étnicas,
- Tendo em conta o artigo 4° da Convenção-Quadro do Conselho da Europa para a Protecção
das Minorias Nacionais e a Convenção Europeia para a Protecção dos Direitos do Homem e
das Liberdades Fundamentais,
- Tendo em conta a Recomendação 1557 (2002) da Assembleia Parlamentar do Conselho da
Europa, em particular os seus nºs 3 e 15, que salientam a discriminação generalizada de que
são vítimas os romanichéis e a necessidade de reforçar o sistema de monitorização da dis-
criminação de que são alvo e de resolver o seu estatuto jurídico,
- Tendo em conta o documento da União Europeia (Grupo COCEN), adoptado no Conselho
Europeu de Tampere em 1999 e intitulado "Situação dos romanichéis nos países candidatos",
que salienta a necessidade de sensibilização ao racismo e à discriminação enfrentados pelos
romanichéis,
- Tendo em conta a Convenção das Nações Unidas para a Prevenção da Tortura e das Penas
e Tratamentos Desumanos e Degradantes, de 10 de Dezembro de 1984,
- Tendo em conta a Directiva 2000/78/CE do Conselho, de 27 de Novembro de 2000, que
estabelece um quadro geral de igualdade de tratamento no emprego e na actividade profis-
sional,
- Tendo em conta a Carta dos Partidos Políticos Europeus para uma sociedade não racista,
- Tendo em conta a criação de um grupo de Comissários responsável pelos direitos funda-
mentais, anti-discriminação e igualdade de oportunidades, e aguardando a apresentação da
respectiva ordem de trabalhos,
- Tendo em conta o Regulamento (CE) nº 1035/97 do Conselho, de 2 de Junho de 1997, que
cria um Observatório Europeu do Racismo e da Xenofobia (EUMC), os relatórios anuais e
temáticos do EUMC sobre o racismo na UE, e o Livro Verde da Comissão intitulado "Igualda-
de e combate à discriminação na União Europeia alargada" (COM(2004)0379);

51
- Tendo em conta a recente publicação pela Comissão de um relatório em que se chama a
atenção para os níveis muito preocupantes de hostilidade e de violações dos direitos huma-
nos de que são vítimas os romanichéis, os ciganos e os viajantes na Europa,
- Tendo em conta a sua resolução de 27 de Janeiro de 2005 sobre a memória do Holocausto,
o anti-semitismo e o racismo ,
- Tendo em conta os instrumentos legais internacionais, designadamente a Recomendação
Geral XXVII ("Discriminação dos romanichéis") do Comité das Nações Unidas para a Elimina-
ção da Discriminação Racial e a Recomendação de Política Geral nº 3 (Luta contra o racismo
e a intolerância contra os romanichéis e ciganos) da Comissão Europeia contra o Racismo e a
Intolerância (ECRI)
- Tendo em conta o plano de acção global, aprovado pelos Estados participantes na OSCE,
incluindo os Estados-Membros da UE e os países candidatos, destinado a melhorar a situa-
ção dos romanichéis e dos sinti na zona OSCE, em que os Estados se comprometem, nome-
adamente, a reforçar os seus esforços no sentido de assegurar que as populações romanichel
e sinti possam ter um papel de pleno direito e equitativo nas nossas sociedades e de erradicar
a discriminação de que são alvo,
- Tendo em conta o nº 4 do artigo 103º do seu Regimento,
A. Considerando que o dia 8 de Abril foi proclamado Dia Internacional dos Romanichéis e é
considerado o dia anual de celebração dos romanichéis, bem como uma oportunidade para
aumentar a sensibilização sobre a maior minoria étnica da Europa e a dimensão da sua ex-
clusão social,
B. Considerando que os 12 a 15 milhões de romanichéis que vivem na Europa, dos quais 7 a
9 milhões na União Europeia, são discriminados em razão da raça e que, muitas vezes, são
alvo de grave discriminação estrutural, pobreza e exclusão social, bem como de discrimina-
ções múltiplas baseadas na orientação sexual, no sexo, na idade e na deficiência,
C. Sublinhando a importância de eliminar urgentemente as tendências persistentes e violentas
de racismo e discriminação racial dos romanichéis, e consciente de que qualquer forma de
impunidade para ataques racistas, palavras de ódio, agressões físicas por grupos extremistas,
expulsões ilegais e assédio policial motivados por ódio aos ciganos e "romafobia" contribui
para o enfraquecimento do Estado de Direito e da democracia, tende a incentivar a recorrên-
cia de tais crimes e exige uma acção resoluta para a sua erradicação,
D. Reconhecendo que o fracasso no combate à discriminação racial e à xenofobia contra os
romanichéis, nomeadamente por parte dos poderes públicos, é um factor que encoraja a per-
sistência destes problemas na sociedade,
E. Considerando que a comunidade dos romanichéis não é ainda considerada uma minoria
étnica ou nacional em todos os Estados-Membros e países candidatos, não gozando, portan-
to, dos direitos inerentes a tal estatuto em todos os países em questão,
F. Considerando que, embora muitos Estados-Membros tenham rapidamente transposto para
a legislação nacional a Directiva 2000/43/CE, alguns não procederam ainda à sua transposi-
ção ou só o fizeram de forma incompleta ou incorrecta,
G. Considerando que o genocídio dos romanichéis merece ser reconhecido plenamente como
um crime tão grave como os crimes nazis, destinado a eliminar fisicamente os romanichéis da
Europa, e apelando, neste contexto, à Comissão e às autoridades competentes para que a-
doptem todas as medidas necessárias para o desmantelamento das instalações de suinicultu-
ra no local do antigo campo de concentração de Lety u Pisku (República Checa) e a constru-
ção de um memorial digno,

52
H. Considerando que muitos romanichéis foram vítimas de guerra e de limpeza étnica, conti-
nuando a ser alvo de perseguição nalgumas partes de certas regiões da antiga Jugoslávia,
I. Lamentando que um número significativo de romanichéis requerentes de asilo tenha sido
deportado ou ameaçado de expulsão dos países de acolhimento, que assim violaram o pro-
cedimento de "não repulsão" estabelecido na Convenção de Genebra de 1951 e protocolos
anexos,
J. Deplorando que os romanichéis continuem a estar sub-representados nas estruturas gover-
namentais e na administração pública dos Estados-Membros e dos países candidatos em que
constituem uma percentagem significativa da população; recordando que estes governos se
comprometeram a aumentar o número de romanichéis nas instâncias de tomada de decisões,
mas têm ainda de fazer progressos significativos nesse domínio,
K. Reconhecendo a necessidade de assegurar a participação efectiva dos romanichéis na
vida política, em particular no que respeita às decisões que afectam a vida e o bem-estar das
comunidades romanichéis,
L. Salientando que em caso algum se devem projectar e aplicar novas leis sobre cidadania de
modo a discriminar os que legitimamente a solicitem ou a negá-la a cidadãos romanichéis
com residência prolongada no Estado-Membro ou país candidato em questão,
M. Considerando que existem, num certo número de países, indicações claras de que os ser-
viços policiais e outras instituições do sistema de justiça penal se encontram contaminados
por preconceitos contra os romanichéis, o que conduz a uma discriminação racial sistémica no
exercício da justiça penal,
N. Considerando que os romanichéis são regularmente discriminados no acesso aos cuidados
de saúde e à segurança social, e registando com preocupação os casos de segregação em
maternidades e a esterilização de mulheres romanichéis sem o seu consentimento,
O. Considerando que são frequentes condições de vida precárias e insalubres e provas de
confinamento em ghettos, sendo os romanichéis regularmente impedidos de saírem de tais
zonas,
P. Considerando que, em vários Estados-Membros, nos sistemas de educação se pratica a
segregação racial, verificando-se que as crianças romanichéis ou frequentam classes separa-
das de nível inferior ou classes para alunos com deficiências mentais; reconhecendo que é
crucial melhorar o acesso dos cidadãos romanichéis à educação e as suas oportunidades de
conseguirem um grau académico, para que se alarguem as perspectivas das comunidades
romanichéis,
Q. Considerando que, em média, o desemprego entre os romanichéis atinge níveis inadmissi-
velmente elevados, o que exige medidas específicas para facilitar o acesso ao emprego,
R. Considerando as dificuldades enfrentadas pelos romanichéis para verem a sua cultura
plenamente reconhecida e lamentando o facto de, na maior parte dos Estados-Membros e dos
países candidatos, os principais meios de comunicação social continuarem a menosprezar os
romanichéis na sua programação, reforçando simultaneamente um estereotipo negativo dos
cidadãos romanichéis através de artigos noticiosos e de espectáculos televisivos e radiofóni-
cos; verificando igualmente que as novas tecnologias de comunicação, incluindo a Internet,
podem também ajudar a combater a "romafobia",
1. Condena firmemente todas as formas de discriminação de que são alvo os romanichéis;
2. Apela ao Conselho, à Comissão, aos Estados-Membros e aos países candidatos para que
considerem o reconhecimento dos romanichéis como minoria europeia;
3. Acolhe com satisfação a recente declaração do Presidente da Comissão, José Manuel Bar-
roso, sobre a importância da eliminação da discriminação dos romanichéis e o papel que a
53
Estratégia de Lisboa poderá desempenhar na melhoria das oportunidades para os romani-
chéis, e insta o Conselho, a Comissão, os Estados-Membros e os países candidatos a adop-
tarem publicamente medidas para combater o ódio aos ciganos e a "romafobia" sob todas as
formas, seja a nível local, nacional, regional ou europeu;
4. Insta a Comissão a incluir a questão da luta contra a "romafobia" na Europa entre as suas
prioridades para o Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos, em 2007, e ape-
la aos partidos políticos e à sociedade civil a todos os níveis para que demonstrem claramente
que o ódio racial contra os romanichéis não pode nunca ser tolerado na sociedade europeia;
5. Exorta a Comissão a assegurar, no âmbito dos requisitos políticos decorrentes dos critérios
de Copenhaga, que os países candidatos à adesão façam esforços sérios para reforçar o
Estado de Direito e proteger os direitos humanos e das minorias e, particularmente, os direitos
da população romanichel;
6. Solicita à Comissão que prepare uma comunicação sobre a forma como a UE, em coopera-
ção com os Estados-Membros, poderá coordenar e promover da melhor forma esforços desti-
nados a melhorar a situação dos romanichéis, e que adopte um plano de acção que inclua
recomendações claras dirigidas aos Estados-Membros e aos países candidatos para permitir
uma melhor integração económica, social e política dos romanichéis;
7. Elogia os Estados-Membros que transpuseram rapidamente a Directiva 2000/43/CE para o
direito nacional e insta os que estão actualmente sujeitos a processo de infracção por "não
comunicação" a adoptarem medidas para corrigir a falta de progressos; solicita ao Conselho
que, no âmbito da Presidência luxemburguesa, aprove a proposta de decisão-quadro da UE
sobre o racismo e a xenofobia, que tornará os crimes racistas puníveis em toda a UE e sobre
a qual o Parlamento Europeu terá de ser novamente consultado;
8. Convida os Estados-Membros e os países candidatos a reforçarem a legislação nacional e
as medidas administrativas que expressa e especificamente visam combater o ódio aos ciga-
nos e a "romafobia" e proíbem a discriminação racial e a intolerância correlativa, directas ou
indirectas, em todas as esferas da vida pública;
9. Apela aos Estados-Membros e aos países candidatos para que procedam ao intercâmbio
das melhores práticas, a fim de encorajar a promoção da cultura romanichel;
10. Convida os Estados-Membros a tomarem medidas adequadas para eliminar o ódio racial e
o incitamento à discriminação e violência contra os romanichéis nos meios de comunicação e
em qualquer suporte de tecnologia da comunicação, e convida os principais meios de comuni-
cação a estabelecerem as melhores práticas para recrutar pessoal que reflictam a composi-
ção da população;
11. Solicita aos Estados-Membros e aos países candidatos que desenvolvam uma estratégia
que vise aumentar a participação dos romanichéis nas eleições, como eleitores e como candi-
datos, a todos os níveis;
12. Sublinha a necessidade de garantir a igualdade de direitos sociais e políticos aos migran-
tes de origem romanichel;
13. Sublinha que a falta de documentos oficiais constitui um grave obstáculo a que os cida-
dãos romanichéis possam exercer os seus direitos fundamentais em toda a Europa e aceder a
serviços cruciais para a inclusão social;
14. Exorta todos os Estados-Membros e os países candidatos a tomarem medidas concretas
para melhorar o acesso dos romanichéis ao mercado de trabalho, com o objectivo de os levar
a conseguir melhores empregos de longa duração;
15. Convida os Estados-Membros em que as crianças romanichéis são segregadas, ao serem
colocadas em escolas para deficientes mentais ou em salas de aula separadas dos seus co-
54
legas, a empreenderem programas de dessegregação num período de tempo prédefinido,
assegurando, assim, o livre acesso das crianças romanichéis a um ensino de qualidade e
prevenindo o surgimento de sentimentos anti-romanichel entre os alunos;
16. Relembra a resolução do Conselho e dos Ministros da Educação reunidos no seio do
Conselho, de 22 de Maio de 1989, relativa à escolaridade das crianças ciganas e viajantes1, e
considera que a necessidade de assegurar que as crianças romanichéis tenham acesso ao
ensino tradicional continua a ser uma prioridade;
17. Exorta os Estados-Membros e os países candidatos a adoptarem medidas para assegurar
a igualdade de acesso aos cuidados de saúde e aos serviços de segurança social para todos,
a porem termo a todas as práticas discriminatórias e, em particular, à segregação dos romani-
chéis nas maternidades e a impedirem a prática da esterilização forçada das mulheres roma-
nichéis;
18. Congratula-se com a constituíção do Fórum Europeu dos Romanichéis e Viajantes, bem
como com o trabalho de grupos do Parlamento sobre questões relacionadas com os Romani-
chéis e as minorias; reconhece a importancia da cooperação com estes organismos aquando
da concepção de políticas para os Romanichéis na Europa;
19. Considera que o confinamento em guetos, tal como existe correntemente na Europa, é
inaceitável, e convida os Estados-Membros a tomarem medidas concretas para o eliminar,
combatendo práticas discriminatórias de alojamento e ajudando os romanichéis a encontra-
rem um alojamento decente alternativo;
20. Insta os governos em regiões com importantes populações romanichéis a adoptarem no-
vas medidas para integrar os funcionários públicos romanichéis em todos os níveis adminis-
trativos e de tomada de decisões, em conformidade com compromissos assumidos anterior-
mente, e a atribuírem os recursos necessários para o desempenho eficaz de tais cargos;
21. Congratula-se com a iniciativa "Década de Inclusão dos Romanichéis", da qual cinco Es-
tados-Membros e países candidatos são signatários, e solicita à Comissão que colabore com
os governos dos países interessados para obter financiamento para os programas comunitá-
rios relevantes para a realização daquela iniciativa;
22. Solicita à Comissão que encoraje publicamente os governos nacionais a assegurarem
que, sempre que o financiamento de programas se destine aos romanichéis, intervenientes
romanichéis sejam plenamente envolvidos na concepção, execução e controlo de tais projec-
tos;
23. Apoia as diligências empreendidas nas instituições da UE para integrar a abordagem "de
romanichel para romanichel", lançada pela OSCE, na futura contratação de pessoal para luga-
res relacionados ou não com a comunidade romanichel;
24. Convida os partidos políticos, a nível nacional e europeu, a reformarem as suas estruturas
e procedimentos, com o objectivo de remover todas as barreiras que directa ou indirectamente
dificultem a participação dos romanichéis, e a incluírem na sua agenda política e social estra-
tégias para a plena integração dos romanichéis;
25. Insta o EUMC e, assim que for criada, a Agência dos Direitos Fundamentais a prestarem
uma atenção acrescida à forte hostilidade contra os ciganos e à "romafobia" na Europa e a
atribuírem os recursos necessários para a monitorização da discriminação racial e das viola-
ções dos direitos humanos de que são vítimas os romanichéis;
26. Exorta todos os Estados-Membros a apoiarem iniciativas capazes de reforçar a autorepre-
sentação dos romanichéis e a sua participação activa na vida pública e social, permitindo às
organizações cívicas dos romanichéis fazerem ouvir a sua voz;

55
27. Insta a Comissão a colocar a questão dos romanichéis a um nível pan-europeu, em parti-
cular junto dos países candidatos, tendo em conta que os romanichéis vivem em toda a Euro-
pa;
28. Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente resolução ao Conselho, à Comissão
e aos governos e parlamentos dos Estados-Membros e dos países candidatos.

Anexo 3.5.
Parlamento Europeu: Resolução sobre uma estratégia europeia para os rom.
Resolução 35 de 2008 - P6_TA-PROV(2008)0035
O Parlamento Europeu ,
- Tendo em conta os artigos 3.º, 6.º, 7.º, 29.º e 149.º do Tratado CE que impõem aos Esta-
dos-Membros a obrigação de garantir a igualdade de oportunidades a todos os cidadãos,
– Tendo em conta o artigo 13.º do Tratado CE, que confere competência à Comunidade Eu-
ropeia para tomar as medidas necessárias para combater a discriminação em razão da raça
ou origem étnica,
– Tendo em conta as suas resoluções de 28 de Abril de 2005 sobre a situação dos Romani-
chéis na União Europeia(1) , de 1 de Junho de 2006 sobre a situação das mulheres romani-
chéis na União Europeia(2) e de 15 de Novembro de 2007 sobre a aplicação da Directiva
2004/38/CE relativa ao direito de livre circulação e residência dos cidadãos da União e dos
membros das suas famílias no território dos Estados-Membros(3) ,
– Tendo em conta a Directiva 2000/43/CE, que aplica o princípio da igualdade de tratamento
entre as pessoas, sem distinção de origem social ou étnica, a Directiva 2000/78/CE, que es-
tabelece um quadro geral de igualdade de tratamento no emprego e na actividade profissio-
nal, e a decisão-quadro relativa à luta contra o racismo e a xenofobia,
– Tendo em conta o Relatório sobre o Racismo e a Xenofobia nos Estados-Membros da UE
em 2007, publicado pela Agência dos Direitos Fundamentais,
– Tendo em conta o estabelecimento, em 2005, da "Década de Inclusão dos Romanichéis" e
de um Fundo para a Educação dos Rom por alguns Estados-Membros, países candidatos e
outros países nos quais as instituições da União Europeia estão significativamente represen-
tadas,
– Tendo em conta o artigo 4.º da Convenção-Quadro para a Protecção das Minorias Nacio-
nais e a Convenção Europeia para a Protecção dos Direitos do Homem e das Liberdades
Fundamentais,
– Tendo em conta o plano de acção global, aprovado pelos Estados participantes na OSCE,
incluindo os Estados-Membros da UE e os países candidatos, destinado a melhorar a situa-
ção dos rom e dos sinti na zona OSCE, em que os Estados se comprometem, nomeadamen-
te, a redobrar esforços para garantir que as populações rom e sinti possam ter um papel de
pleno direito e equitativo nas nossas sociedades e a erradicar a discriminação de que são
alvo,
– Tendo em conta a Carta Europeia dos Direitos Fundamentais e o Estatuto da Agência Eu-
ropeia dos Direitos Fundamentais,
– Tendo em conta o relatório do "Grupo consultivo de peritos de alto nível sobre a integração
social das minorias étnicas e a sua plena participação no mercado de trabalho" intitulado "Mi-
norias étnicas no mercado de trabalho – Apelo Urgente a uma Maior Inclusão Social", que foi
publicado pela Comissão Europeia em 2007,

56
- Tendo em conta o n.º 5 do artigo 108.º do seu Regimento,
A. Considerando que os 12 a 15 milhões de rom que vivem na Europa, dos quais cerca de
10 milhões na União Europeia, são vítimas de discriminação racial e que, em muitos casos,
estão sujeitos a uma grave discriminação estrutural, à pobreza e à exclusão social, bem como
a uma múltipla discriminação em razão do género, da idade, da deficiência e da orientação
sexual; que os rom europeus se tornaram, na sua maioria, cidadãos comunitários após os
alargamentos de 2004 e 2007, beneficiando do direito de livre circulação e residência no terri-
tório dos Estados-Membros de que gozam os cidadãos comunitários e suas famílias,
B. Considerando que a situação dos rom europeus, tradicionalmente presentes em muitos
países europeus, é distinta da das minorias nacionais europeias, justificando medidas especí-
ficas a nível europeu,
C. Considerando que os cidadãos rom da União Europeia serem frequentemente vítimas de
discriminação racial no exercício dos seus direitos fundamentais enquanto cidadãos da UE em
matéria de liberdade de circulação e de estabelecimento,
D. Considerando que muitos dos indivíduos e comunidades rom que decidiram estabelecer-
se num Estado-Membro da UE que não o da sua nacionalidade se encontram numa posição
particularmente vulnerável,
E. Considerando que não tem existido qualquer progresso quanto à luta contra a discrimina-
ção racial de que são vítimas os rom, bem como no que respeita à defesa dos seus direitos à
educação, ao emprego, aos cuidados de saúde e à habitação, tanto nos Estados-Membros
como nos países candidatos,
F. Considerando que a segregação na educação continua a ser tolerada no conjunto dos
Estados-Membros da UE; reconhecendo que tal discriminação quanto ao acesso a uma edu-
cação de qualidade afecta de forma persistente a possibilidade do desenvolvimento e do gozo
dos direitos ao progresso escolar das crianças rom,
G. Considerando que a educação é um instrumento fundamental para combater a exclusão
social, a exploração e a criminalidade;
H. Considerando que se observa em larga escala a existência de condições de vida precárias
e insalubres e provas de segregação em guetos, sendo os rom regularmente impedidos de
sair dessas zonas,
I. Considerando que, de um modo geral, as comunidades rom se vêem confrontadas com
níveis inaceitáveis de desemprego, pelo que são necessárias medidas específicas para facili-
tar o acesso ao emprego; considerando que o mercado de trabalho europeu e a sociedade
europeia em geral beneficiariam muito da integração dos rom,
J. Considerando que a UE dispõe de uma variedade de mecanismos e instrumentos que po-
dem ser utilizados para melhorar o acesso dos rom à educação, ao emprego, à habitação e
aos cuidados de saúde de qualidade, particularmente no âmbito da política de inclusão social,
da política regional e da política de emprego,
K. Considerando que a inserção social das comunidades rom continua a ser um objectivo a
atingir e que é necessário que os instrumentos de que a UE dispõe sejam utilizados a fim de
operar mudanças visíveis e efectivas nesse domínio,
L. Considerando que é necessário assegurar uma participação efectiva dos rom na vida polí-
tica, particularmente no que respeita às decisões que afectam as condições de vida e o bem-
estar das comunidades rom,
M. Considerando que a hostilidade em relação aos ciganos ou a "romofobia" continua a ser
um facto generalizado na Europa e é encorajada e utilizada por partidos políticos ultranacio-

57
nalistas e de direita, culminando em ataques racistas, palavras de ódio, agressões físicas,
expulsões ilegais e assédio policial,
N. Considerando que a maioria das mulheres rom enfrenta uma discriminação dupla, como
rom e como mulheres,
O. Considerando que o genocídio dos rom (Porajmos ) merece ser reconhecido plenamente
como um crime tão grave como os crimes nazis, destinado a eliminar fisicamente os ciganos
da Europa, assim como os judeus e outros grupos especialmente visados,
1. Condena de maneira absoluta e inequívoca todas as formas de racismo e discriminação
sofridas pelos com e outras comunidades consideradas como "ciganos";
2. Acolhe favoravelmente a conclusão do Conselho Europeu de 14 de Dezembro de 2007,
declarando que: "consciente da situação muito específica com que se vêem confrontados os
rom no conjunto da União, exorta os Estados-Membros e a União a recorrerem a todos os
meios para melhorarem a sua inclusão" e "convida a Comissão a analisar as políticas e os
instrumentos em vigor e a apresentar um relatório ao Conselho sobre os progressos alcança-
dos até ao final de Junho de 2008";
3. Considera que a UE e os Estados-Membros partilham a responsabilidade de promover a
inclusão dos rom e respeitar os seus direitos fundamentais como cidadãos europeus e devem
intensificar urgentemente os seus esforços para obter resultados palpáveis nesta área; insta
os Estados-Membros e as instituições da UE a adoptarem as medidas necessárias para criar
o ambiente social e político adequado que permita pôr em prática a inserção dos rom;
4. Insta a nova Agência dos Direitos Fundamentais a incluir o tema da hostilidade em relação
aos ciganos entre as principais prioridades do seu programa de trabalho;
5. Reafirma o papel importante da UE no combate à discriminação contra os rom, que é mui-
tas vezes estrutural, exigindo, por conseguinte, uma abordagem global ao nível da UE, no-
meadamente no que respeita ao desenvolvimento de políticas comuns, reconhecendo ao
mesmo tempo que a iniciativa em matéria de vontade política, tempo e recursos a favor da
protecção, execução de políticas, promoção e autonomização dos rom é principalmente da
responsabilidade dos governos dos Estados-Membros;
6. Insta a Comissão a desenvolver um quadro estratégico europeu em prol da inclusão dos
rom, a fim de conferir coerência política ao nível da UE no que respeita à inserção social dos
rom e convida também a Comissão a preparar um Plano de acção comunitário global com a
missão de prestar apoio financeiro à realização do objectivo do quadro estratégico europeu
em prol da inclusão dos rom;
7. Exorta a Comissão a elaborar um plano de acção comunitário abrangente sobre a inclusão
dos rom, fazendo notar que o plano deve ser elaborado e executado pelo grupo de Comissá-
rios responsáveis pela inclusão social dos cidadãos da UE no âmbito dos seus pelouros do
emprego, assuntos sociais, igualdade de oportunidades, justiça, liberdade, educação, cultura
e política regional;
8. Solicita à Comissão que encarregue um dos seus membros da coordenação da política
relativa aos rom;
9. Convida a Comissão a aplicar a metodologia de trabalho "Roma-to-Roma", que constitui
um instrumento eficaz para tratar das questões relacionadas com os rom, e incita-a a promo-
ver a presença de pessoal rom no interior dessa estrutura;
10. Convida a Comissão Europeia a criar uma unidade dedicada aos rom que seja encarre-
gue de coordenar a aplicação de uma estratégia-quadro europeia para a inserção dos rom,
facilitar a cooperação entre os Estados-Membros, coordenar as acções comuns empreendi-

58
das pelos Estados-Membros e assegurar uma abordagem global dos problemas dos rom pe-
los órgãos competentes;
11. Solicita à Comissão a adoptar medidas tendentes a fazer com que o impacto dos investi-
mentos privados na igualdade de oportunidades possa constituir um factor pertinente e deter-
minante para a concessão dos financiamentos comunitários, impondo às pessoas singulares
e/ou colectivas que apresentem a sua candidatura para a execução de projectos financiados
pela UE a obrigação de elaborarem e aplicarem uma análise e um plano de acção sobre a
igualdade de oportunidades;
12. Acolhe com satisfação as iniciativas anunciadas pela Comissão Europeia, incluindo uma
comunicação sobre a estratégia revista de luta contra a discriminação, o próximo Livro Verde
sobre a educação de alunos com antecedentes na migração ou que pertencem a uma minoria
desfavorecida, e a intenção de adoptar medidas adicionais para garantir a aplicação da Direc-
tiva 2000/43/CE; regozija-se, em particular, com a proposta de instituir um fórum de alto nível
sobre os rom, como estrutura para o desenvolvimento de políticas eficazes para fazer face às
questões a eles ligadas;
13. Insta a Comissão a estabelecer um mapa pan-europeu de zonas críticas, que identifique,
para efeitos de controlo, as zonas da UE onde as comunidades são mais gravemente afecta-
das pela pobreza e exclusão social;
14. Insta a Comissão a estudar a possibilidade de reforçar a legislação relativa à antidiscrimi-
nação em matéria de educação, com especial relevo para a eliminação da segregação, e a
comunicar ao Parlamento as suas conclusões a esse respeito no prazo de um ano após a
adopção da presente resolução; reafirma que a igualdade de acesso à educação de qualidade
deve constituir uma prioridade no âmbito da estratégia europeia relativa aos rom; exorta a
Comissão a redobrar de esforços no sentido de financiar e apoiar as acções nos Esta-
dos-Membros que visam integrar as crianças rom no sistema de ensino a partir da mais tenra
idade; insta a Comissão a apoiar programas que promovam acções positivas a favor dos rom
no ensino secundário e superior, incluindo a formação vocacional, a educação de adultos, a
aprendizagem ao longo da vida e o ensino universitário; incita a Comissão a apoiar outros
programas que promovam modelos positivos e eficazes de eliminação da segregação;
15. Exorta os Estados-Membros e a Comissão a combaterem a exploração da mendicidade,
a mendicidade forçada e o absentismo escolar das crianças rom, bem como os maus tratos
de que são vítimas as mulheres rom;
16. Exorta a Comissão a apoiar a integração dos rom no mercado de trabalho, através de
medidas que incluam o apoio financeiro à formação e reconversão profissional, de medidas de
promoção de acções positivas no mercado de trabalho, da rigorosa aplicação da legislação
contra a discriminação no domínio profissional e de medidas destinadas à promoção do traba-
lho por conta própria e das pequenas empresas, no que respeita aos rom;
17. Solicita à Comissão que estude a possibilidade de instituir um programa de micro-crédito,
como o que é proposto no relatório acima referido do Grupo consultivo de alto nível, para en-
corajar a criação de pequenas empresas e substituir a prática da usura que está a prejudicar
muitas comunidades desfavorecidas;
18. Pede ao Conselho, à Comissão e aos Estados-Membros que apoiem os programas sis-
témicos nacionais visando melhorar a situação das comunidades rom no que respeita à saú-
de, em particular mediante a introdução de um plano de vacinação adequado para as crian-
ças; incita os Estados-Membros a fazerem cessar e a solucionarem sem demora os proble-
mas da exclusão sistemática de certas comunidades rom dos cuidados de saúde, incluindo as
comunidades instaladas em zonas geográficas isoladas, sem se limitar às mesmas, bem co-
59
mo das graves violações dos direitos humanos em matéria de cuidados de saúde, onde te-
nham ocorrido ou estejam a ocorrer, incluindo a segregação racial no que respeita aos esta-
belecimentos de saúde e a esterilização forçada das mulheres rom;
19. Exorta a Comissão a tomar por base os modelos positivos existentes a fim de prestar
apoio aos programas destinados a solucionar o problema dos bairros degradados habitados
pelos Rom, que acarretam graves riscos sociais, ambientais e sanitários, nos Esta-
dos-Membros onde existem, bem como a outros programas que prevejam modelos positivos e
eficazes de habitação para os Rom, incluindo os imigrantes;
20. Insta os Estados-Membros a procurarem soluções para o problema dos campos, nos
quais não são respeitadas quaisquer normas de higiene e segurança e onde muitas crianças
rom são vítimas de acidentes domésticos fatais, sobretudo incêndios, causados pela inobser-
vância de normas de segurança adequadas;
21. Convida a Comissão e o Conselho a alinharem a política da UE a favor dos rom pela Dé-
cada de Inclusão e fazerem uso das iniciativas existentes, como o Fundo para a Educação
dos Rom, o Plano de Acção da OCDE e as recomendações do Conselho da Europa, a fim de
aumentar a eficácia dos esforços realizados nesse domínio;
22. Sublinha a importância do envolvimento das autoridades locais para garantir uma aplica-
ção eficaz dos esforços destinados a promover a inclusão dos roms e combater a discrimina-
ção;
23. Incita os Estados-Membros a apelarem à participação da comunidade rom a nível local a
fim de lhe permitir tirar pleno partido dos incentivos oferecidos pela União Europeia no domí-
nio da educação, do emprego e da participação cívica, uma vez que o êxito da integração
depende de uma abordagem que parte das bases e da partilha de responsabilidades; realça a
importância, para os rom, do desenvolvimento dos recursos humanos e da capacidade profis-
sional, tendo em vista promover a sua presença na administração pública a todos os níveis e,
inclusivamente, nas instituições da UE;
24. Recorda que todos os países candidatos se comprometeram a melhorar a inclusão das
comunidades rom e a promover os seus direitos à educação, ao emprego, aos cuidados de
saúde e à habitação no âmbito do processo de adesão; pede à Comissão Europeia que pro-
ceda a uma avaliação da aplicação desses compromissos na prática e da situação actual dos
rom em todos os Estados-Membros;
25. Insta a Comissão e outras autoridades competentes a aprovarem todas as medidas ne-
cessárias para o desmantelamento das instalações de suinicultura situadas no local do antigo
campo de concentração de Lety (República Checa) e a construírem um memorial em honra
das vítimas de perseguição;
26. Considera que deve examinar de forma mais pormenorizada os diferentes aspectos dos
desafios políticos europeus relativos à inserção dos rom;
27. Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente resolução ao Conselho, à Comissão,
aos governos e parlamentos dos Estados-Membros e dos países candidatos, ao Conselho da
Europa e à OCDE.

60
IV - Documentos da Organização das Nações Unidas

Anexo 4.1.
CONVENÇÃO DA ONU SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMI-
NAÇÃO RACIAL (1965)
No Brasil promulgada pelo Decreto nº 65.810 de 1969.

Artigo I
1. Nesta Convenção, a expressão "discriminação racial" significará qualquer distinção, exclu-
são, restrição ou preferência, baseadas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou
étnica que têm por objetivo ou efeito anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício
em um mesmo plano (em igualdade de condição) de direitos humanos e liberdades funda-
mentais no domínio político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de vida
pública.
2. Esta Convenção não se aplicará às distinções, exclusões, restrições e preferências feitas
por um Estado Parte nesta Convenção entre cidadãos e não-cidadãos.
3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado como afetando as disposições legais dos
Estados Parte, relativas a nacionalidade, cidadania e naturalização, desde que tais disposi-
ções não discriminem contra qualquer nacionalidade particular.
4. Não serão consideradas discriminação racial as medidas especiais tomadas com o único
objetivo de assegurar progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou de indiví-
duos que necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcionar a tais grupos
ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades fundamentais, contato
que tais medidas não conduzam, em conseqüência, à manutenção de direitos separados
para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem sido alcançados os seus objetivos.
Artigo II
1. Os Estados Partes condenam a discriminação racial e comprometem-se a adotar, por todos
os meios apropriados e sem tarda, uma política de eliminação da discriminação racial em
todas as suas formas de promoção de entendimento entre todas as raças, e para este fim:
a) Cada Estado Parte compromete-se a não efetuar qualquer ato ou prática de discriminação
racial contra pessoas, grupos de pessoas ou instituições e fazer com que todas as autorida-
des públicas nacionais ou locais se conformem com esta obrigação;
b) Cada Estado Parte compromete-se a não encorajar, defender ou apoiar a discriminação
racial praticada por uma pessoa ou uma organização qualquer;
c) Cada Estado Parte deverá tomar as medidas eficazes, a fim de rever as políticas governa-
mentais nacionais e locais e para modificar, obrigar ou anular qualquer disposição regulamen-
tar que tenha como objetivo criar a discriminação ou perpetrá-la onde existir;
d) Cada Estado Parte deverá tomar, por todos os meios apropriados, inclusive se as circuns-
tâncias o exigirem, as medidas legislativas, proibir e pôr fim à discriminação racial praticada
por quaisquer pessoas, grupo ou organização;
e) Cada Estado Parte compromete-se a favorecer, quando for o caso, as organizações e mo-
vimentos multirraciais e outros meios próprios a eliminar as barreiras entre as raças e a de-
sencorajar o que tende a fortalecer a divisão racial.
2. Os Estados Partes tomarão, se as circunstâncias o exigirem, nos campos social, econômi-
co, cultural e outros, as medidas especiais e concretas para assegurar como convier o desen-

61
volvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses gru-
pos com o objetivo de garantir-lhes, em condições de igualdade, o pleno exercício dos direitos
do homem e das liberdades fundamentais. Essas medidas não deverão, em caso algum, ter a
finalidade de manter direitos desiguais ou distintos para os diversos grupos raciais, depois de
alcançados os objetivos em razão dos quais foram tomadas.
Artigo III
Os Estados Partes especialmente condenam a segregação racial e o apartheid e comprome-
tem-se a proibir e a eliminar nos territórios sob sua jurisdição todas as práticas dessa nature-
za.
Artigo IV
Os Estados Partes condenam toda propaganda e todas as organizações que se inspirem em
idéias ou teorias baseadas na superioridade de uma raça ou de um grupo de pessoas de uma
certa cor ou de uma certa origem étnica ou que pretendam justificar ou encorajar qualquer
forma de ódio e de discriminação raciais, e comprometem-se a adotar imediatamente medidas
positivas destinadas a eliminar qualquer incitação a uma tal discriminação, ou quaisquer atos
de discriminação com esse objetivo, tendo em vista os princípios formulados na Declaração
Universal dos Direitos do Homem e os direitos expressamente enunciados no artigo V da pre-
sente Convenção, inter alia:
a) a declarar delitos puníveis por lei, qualquer difusão de idéias baseadas na superioridade ou
ódio raciais, qualquer incitamento à discriminação racial, assim como quaisquer atos de vio-
lência ou provocação a tais atos, dirigidos contra qualquer raça ou qualquer grupo de pessoas
de outra cor ou de outra origem étnica, como também qualquer assistência prestada a ativida-
des racistas, inclusive seu financiamento;
b) a declarar ilegais e a proibir as organizações, assim como as atividades de propaganda
organizada e qualquer outro tipo de atividade de propaganda que incitarem à discriminação
racial e que encorajarem e a declarar delito punível por lei a participação nestas organizações
ou nestas atividades;
c) a não permitir às autoridades públicas nem às instituições públicas, nacionais ou locais, o
incitamento ou encorajamento à discriminação racial.
Artigo V
De conformidade com as obrigações fundamentais enunciadas no artigo 2, os Estados Partes
comprometem-se a proibir e a eliminar a discriminação racial em todas suas formas e a ga-
rantir o direito de cada um à igualdade perante a lei sem distinção de raça, de cor ou de ori-
gem nacional ou étnica, principalmente no gozo dos seguintes direitos:
a) direito a um tratamento igual perante os tribunais ou qualquer outro órgão que administre
justiça;
b) direito à segurança da pessoa ou à proteção do Estado contra violência ou lesão corporal
cometida, quer por funcionários de Governo, quer por qualquer indivíduo, grupo ou institui-
ção;
c) direitos políticos, particularmente direitos de participar nas eleições - de votar e ser votado -
conforme o sistema de sufrágio universal e igual, de tomar parte no Governo assim como na
direção dos assuntos públicos a qualquer nível, e de acesso em igualdade de condições às
funções públicas;
d) outros direitos civis, particularmente:
I) direito de circular livremente e de escolher residência dentro das fronteiras do Estado;

62
II) direito de deixar qualquer país, inclusive o seu, e de voltar a seu país;
III) direito a uma nacionalidade;
IV) direito de casar-se e escolher o cônjuge;
V) direito de qualquer pessoa, tanto individualmente como em conjunto, à propriedade;
VI) direito de herdar;
VII) direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião;
VIII) direito à liberdade de opinião e de expressão;
IX) direito à liberdade de reunião e de associação pacífica;
e) direitos econômicos, sociais e culturais, principalmente:
I) direitos ao trabalho, à livre escolha de seu trabalho, a condições eqüitativas e satisfató-
rias de trabalho, à proteção contra o desemprego, a um salário igual para um trabalho igual,
a uma remuneração eqüitativa e satisfatória;
II) direito de fundar sindicatos e a eles s se filiar;
III) direito à habitação;
IV) direito à saúde pública, a tratamento médico, à previdência social e aos serviços sociais;
V) direito à educação e à formação profissional;
VI) direito a igual participação nas atividades culturais;
f) direito de acesso a todos os lugares e serviços destinados ao uso do público, tais como
meios de transporte, hotéis, restaurantes, cafés, espetáculos e parques.
Artigo VI
Os Estados Partes assegurarão a qualquer pessoa que estiver sob sua jurisdição, proteção e
recursos eficazes perante os tribunais nacionais e outros órgãos do Estado competentes,
contra quaisquer atos de discriminação racial que, contrariamente à presente Convenção,
violarem seus direitos individuais e suas liberdades fundamentais, assim como o direito de
pedir a esses tribunais uma satisfação ou reparação justa e adequada por qualquer dano de
que foi vítima em decorrência de tal discriminação.
Artigo VII
Os Estado Partes comprometem-se a tomar as medidas imediatas e eficazes, principalmente
no campo do ensino, educação, cultura, e informação, para lutar contra os preconceitos que
levem à discriminação racial e para promover o entendimento, a tolerância e a amizade entre
nações e grupos raciais e étnicos, assim como para propagar os propósitos e princípios da
Carta das Nações Unidas, da Declaração Universal dos Direitos do Homem, da Declaração
das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial e da
presente Convenção.

Anexo 4.2.
PACTO INTERNACIONAL DE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS (1966)
No Brasil promulgado pelo Decreto 592, de 6.7.1992

PARTE II
Artigo 2
1. Os Estados Partes no presente Pacto comprometem-se a respeitar e a garantir a todos os
indivíduos que se encontrem em seu território e que estejam sujeitos a sua jurisdição os direi-
63
tos reconhecidos no presente Pacto, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo,
língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, situação eco-
nômica, nascimento ou qualquer outra condição.
PARTE III
Artigo 20
2. Será proibida por lei qualquer apologia do ódio nacional, racial ou religioso que constitua
incitamento à discriminação, à hostilidade ou à violência.
Artigo 27
Nos Estados em que haja minorias étnicas, religiosas ou lingüísticas, as pessoas pertencen-
tes a essas minorias não poderão ser privadas do direito de ter, conjuntamente com outros
membros de seu grupo, sua própria vida cultural, de professar e praticar sua própria religião e
usar sua própria língua.

Anexo 4.3.
CONVENÇÃO 169 DA OIT, DE 1989
Convenção Relativa aos Povos Indígenas e Tribais em Países independentes

PARTE I - POLÍTICA GERAL


Artigo I
A presente convenção aplica-se:
a) aos povos tribais em países independentes, cujas condições sociais, culturais e econômi-
cas os distingam de outros setores da coletividade nacional, e que estejam regidos, total ou
parcialmente, por seus próprios costumes ou tradições ou por legislação especial;
b) aos povos em países independentes, considerados indígenas pelo fato de descenderem de
populações que habitavam o país ou uma região geográfica pertencente ao país na época da
conquista ou da colonização ou do estabelecimento das atuais fronteiras estatais e que, seja
qual for sua situação jurídica, conservam todas as suas próprias instituições sociais, econômi-
cas, culturais e políticas, ou parte delas.
2. A consciência de sua identidade indígena ou tribal deverá ser considerada como critério
fundamental para determinar os grupos aos que se aplicam as disposições da presente Con-
venção.
3. A utilização do termo "povos" na presente Convenção não deverá ser interpretada no senti-
do de ter implicação alguma no que se refere aos direitos que possam ser conferidos a esse
termo no direito internacional.
Artigo 2
1. Os governos deverão assumir a responsabilidade de desenvolver, com a participação dos
povos interessados, uma ação coordenada e sistemática com vistas a proteger os direitos
desses povos e a garantir o respeito pela sua integridade.
2. Essa ação deverá incluir medidas:
a) que assegurem aos membros desses povos o gozo, em condições de igualdade, dos direi-
tos e oportunidades que a legislação nacional outorga aos demais membros da população;
b) que promovam a plena efetividade dos direitos sociais, econômicos e culturais desses po-
vos, respeitando a sua identidade social e cultura, os seus costumes e tradições, e as suas
instituições;

64
c) que ajudem os membros dos povos interessados a eliminar as diferenças sócio-
econômicas que possam existir entre os membros indígenas e os demais membros da comu-
nidade nacional, de maneira compatível com suas aspirações e formas de vida.
Artigo 3
1. Os povos indígenas e tribais deverão gozar plenamente dos direitos humanos e liberdades
fundamentais, sem obstáculos nem discriminação. As disposições desta Convenção serão
aplicadas sem discriminação aos homens e mulheres desses povos.
2. Não deverá ser empregada nenhuma forma de força ou de coerção que viole os direitos
humanos e as liberdades fundamentais dos povos interessados, inclusive os direitos contidos
na presente Convenção.
Artigo 4
1. Deverão ser adotadas as medidas especiais que sejam necessárias para salvaguardar as
pessoas, as instituições, os bens, as culturas e o meio ambiente dos povos interessados.
2. Tais medidas especiais não deverão ser contrárias aos desejos expressos livremente pelos
povos interessados.
3. O gozo sem discriminação dos direitos gerais da cidadania não deverá sofrer nenhuma
deterioração como conseqüência dessas medidas
Artigo 5
Ao se aplicar as disposições da presente Convenção:
a) deverão ser reconhecidos e protegidos os valores e práticas sociais, culturais, religiosas e
espirituais próprios dos povos mencionados e dever-se-á levar na devida consideração a na-
tureza dos problemas que lhes sejam apresentados, tanto coletiva como individualmente;
b) deverá ser respeitada a integridade dos valores, práticas e instituições desses povos;
c) deverão ser adotadas, com a participação e cooperação dos povos interessados, medidas
voltadas a aliviar as dificuldades que esses povos experimentam ao enfrentarem novas con-
dições de vida e de trabalho.
Artigo 6
1. Ao aplicar as disposições da presente Convenção, os governos deverão:
a) consultar os povos interessados, mediante procedimentos apropriados e, particularmente,
através de suas instituições representativas, cada vez que sejam previstas medidas legislati-
vas ou administrativas suscetíveis de afetá-los diretamente;
b) estabelecer os meios através dos quais os povos interessados possam participar livremen-
te, pelo menos na mesma medida que outros setores da população e em todos os níveis, na
adoção de decisões em instituições efetivas ou organismos administrativos e de outra nature-
za responsáveis pelas políticas e programas que lhes sejam concernentes;
c) estabelecer os meios para o pleno desenvolvimento das instituições e iniciativas dos povos
e, nos casos apropriados, fornecer os recursos necessários para esse fim.
2. As consultas realizadas na aplicação desta Convenção deverão ser efetuadas com boa fé e
de maneira apropriada às circunstâncias, com o objetivo de se chegar a um acordo e conse-
guir o consentimento acerca das medidas propostas.
Artigo 7
1. Os povos interessados deverão ter o direito de escolher suas próprias prioridades no que
diz respeito ao processo de desenvolvimento, na medida em que ele afete as suas vidas,
crenças, instituições e bem-estar espiritual, bem como as terras que ocupam ou utilizam de
alguma forma, e de controlar, na medida do possível, o seu próprio desenvolvimento econô-
mico, social e cultural. Além disso, esses povos deverão participar da formulação, aplicação e

65
avaliação dos planos e programas de desenvolvimento nacional e regional suscetíveis de
afetá-los diretamente.
2. A melhoria das condições de vida e de trabalho e do nível de saúde e educação dos povos
interessados, com a sua participação e cooperação, deverá ser prioritária nos planos de de-
senvolvimento econômico global das regiões onde eles moram. Os projetos especiais, de
desenvolvimento para essa regiões também deverão ser elaboradas de forma a promoverem
essa melhoria.
3. Os governos deverão zelar para que, sempre que for possível, seja, efetuados estudos
junto aos povos interessados com o objetivo de se avaliar a incidência social, espiritual e cul-
tural e sobre o meio ambiente que as atividades de desenvolvimento, previstas, possam ter
sobre esses povos. Os resultados desses estudos deverão ser considerados como critérios
fundamentais para a execução das atividades mencionadas.
4. Os governos deverão adotar medidas em cooperação com os povos interessados para
proteger e preservar o meio ambiente dos territórios que eles habitam.
Artigo 8
1. Ao aplicar a legislação nacional aos povos interessados deverão se levados na devida
consideração seus costumes ou seu direito consuetudinário.
2. Esses povos deverão ter o direito de conservar seus costumes e instituições próprias, des-
de que eles não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais definidos pelo sistema
jurídico nacional nem com os direitos humanos internacionalmente reconhecidos. Sempre que
for necessário, deverão ser estabelecidos procedimentos para se solucionar os conflitos que
possam surgir na aplicação deste princípio.
3. A aplicação dos parágrafos 1 e 2 deste artigo não deverá impedir que os membros desses
povos exerçam os direitos reconhecidos para todos os cidadãos do país e assumam as obri-
gações correspondentes.
Artigo 9
1. Na medida em que isso for compatível com o sistema jurídico nacional e com os direitos
humanos internacionalmente reconhecidos, deverão ser respeitados os métodos aos quais os
povos interessados recorrem tradicionalmente para a repressão dos delitos cometidos pelos
seus membros.
2. As autoridades e os tribunais solicitados para se pronunciarem sobre questões penais de-
verão levar em conta os costumes dos povos mencionados a respeito do assunto.
Artigo 10
1. Quando sanções penais sejam impostas pela legislação geral a membros dos povos men-
cionados, deverão ser levadas em conta as suas características econômicas, sociais e cultu-
rais.
2. Dever-se-á dar preferência a tipos de punição outros que o encarceramento.
Artigo 11
A lei deverá proibir a imposição, a membros dos povos interessados, de serviços pessoais
obrigatórios de qualquer natureza, remunerados ou não, exceto nos casos previstos pela lei
para todos os cidadãos.
Artigo 12
Os povos interessados deverão ter proteção contra a violação de seus direitos, e poder iniciar
procedimentos legais, seja pessoalmente, seja mediante os seus organismos representativos,
para assegurar o respeito efetivo desses direitos. Deverão ser adotadas medidas para garantir
que os membros desses povos possam compreender e se fazer compreender em procedi-
mentos legais, facilitando para eles, se for necessário, intérpretes ou outros meios eficazes.
66
PARTE II - TERRAS (.....)
PARTE III - CONTRATAÇÃO E CONDIÇÕES DE EMPREGO
Artigo 20
1. Os governos deverão adotar, no âmbito da legislação nacional e em cooperação com os
povos interessados, medidas especiais para garantir aos trabalhadores pertencentes a esses
povos um proteção eficaz em matéria de contratação e condições de emprego, na medida em
que não estejam protegidas eficazmente pela legislação aplicável
2. Os governos deverão fazer o que estiver ao seu alcance para evitar qualquer discriminação
entre os trabalhadores pertencentes a aos povos interessados e os demais trabalhadores,
especialmente quanto a:
a) acesso ao emprego, inclusive aos empregos qualificados e às medidas de promoção e
ascensão;
b) remuneração igual por trabalho de igual valor;
c) assistência médica e social, segurança e higiene no trabalho, todos os benefícios da segu-
ridade social e demais benefícios derivados do emprego, bem como a habitação;
d) direito de associação, direito a se dedicar livremente a todas as atividades sindicais para
fins lícitos, e direito a celebrar convênios coletivos com empregadores ou com organizações
patronais.
3. As medidas adotadas deverão garantir, particularmente, que:
a) os trabalhadores pertencentes aos povos interessados, inclusive os trabalhadores sazo-
nais, eventuais e migrantes empregados na agricultura ou em outras atividades, bem como os
empregados por empreiteiros de mão-de-obra, gozem da proteção conferida pela legislação e
a prática nacionais a outros trabalhadores dessas categorias nos mesmos setores, e sejam
plenamente informados dos seus direitos de acordo com legislação trabalhista e dos recursos
de que dispõem;
b) os trabalhadores pertencentes a esses povos não estejam submetidos a condições de tra-
balho perigosas para sua saúde, em particular como conseqüência de sua exposição a pesti-
cidas ou a outras substâncias tóxicas;
c) os trabalhadores pertencentes a esses povos não sejam submetidos a sistemas de contra-
tação coercitivos, incluíndo-se todas as formas de servidão por dívidas;
d) os trabalhadores pertencentes a esses povos gozem da igualdade de oportunidade e de
tratamento para homens e mulheres no emprego e de proteção contra o acossamento sexual.
4. Dever-se-á dar especial atenção à criação de serviços adequados de inspeção do trabalho
nas regiões onde trabalhadores pertencentes aos povos interessados exerçam atividades
assalariadas, a fim de garantir o cumprimento das disposições desta parte da presente Con-
venção.
PARTE IV - FORMAÇÃO PROFISSIONAL, ARTESANATO E INDÚSTRIAS RURAIS
Artigo 21
Os membros dos povos interessados deverão poder dispor de meios de formação profissional
pelo menos iguais àqueles dos demais cidadãos.
Artigo 22
1. Deverão ser adotadas medidas para promover a participação voluntária de membros dos
povos interessados em programas de formação profissional de aplicação geral.
2. Quando os programas de formação profissional de aplicação geral existentes não atendam
as necessidades especiais dos povos interessados, os governos deverão assegurar, com a
participação desses povos, que sejam colocados à disposição dos mesmos programas e mei-
os especiais de formação.
67
3. Esses programas especiais de formação deverão estar baseados no entorno econômico,
nas condições sociais e culturais e nas necessidades concretas dos povos interessados. Todo
levantamento neste particular deverá ser realizado em cooperação com esses povos, os quais
deverão ser consultados sobre a organização e o funcionamento de tais programas. Quando
for possível, esses povos deverão assumir progressivamente a responsabilidade pela organi-
zação e o funcionamento de tais programas especiais de formação, se assim decidirem.
Artigo 23
1. O artesanato, as indústrias rurais e comunitárias e as atividades tradicionais e relacionadas
com a economia de subsistência dos povos interessados, tais como a caça, a pesca com ar-
madilhas e a colheita, deverão ser reconhecidas como fatores importantes da manutenção de
sua cultura e da sua autosuficiência e desenvolvimento econômico. Com a participação des-
ses povos, e sempre que for adequado, os governos deverão zelar para que sejam fortaleci-
das e fomentadas essas atividades.
2. A pedido dos povos interessados, deverá facilitar-se aos mesmos, quando for possível,
assistência técnica e financeira apropriada que leve em conta as técnicas tradicionais e as
características culturais desses povos e a importância do desenvolvimento sustentado e eqüi-
tativo.
PARTE V - SEGURIDADE SOCIAL E SAÚDE
Artigo 24
1. Os governos deverão zelar para que sejam colocados à disposição dos povos interessados
serviços de saúde adequados ou proporcionar a esses povos os meios que lhes permitam
organizar e prestar tais serviços sob a sua própria responsabilidade e controle, a fim de que
possam gozar do nível máximo possível de saúde física e mental.
2. Os serviços de saúde deverão ser organizados, na medida do possível, em nível comunitá-
rio. Esses serviços deverão ser planejados e administrados em cooperação com os povos
interessados e levar em conta as suas condições econômicas, geográficas, sociais e culturais,
bem como os seus métodos de prevenção, práticas curativas e medicamentos tradicionais.
3. O sistema de assistência sanitária deverá dar preferência a formação e ao emprego de
pessoal sanitário da comunidade local e se centrar no atendimento primário à saúde, manten-
do ao mesmo tempo estreitos vínculos com os demais níveis de assistência sanitária.
4. A prestação desses serviços de saúde deverá ser coordenada com as demais medidas
econômicas e culturais que sejam adotadas no país.
PARTE VI - EDUCAÇÃO E MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Artigo 26
Deverão ser adotadas medidas para garantir aos membros dos povos interessados a possibi-
lidade de adquirirem educação em todos os níveis, pelo menos em condições de igualdade
com o restante da comunidade nacional.
Artigo 27
1. Os programas e os serviços de educação destinados aos povos interessados deverão ser
desenvolvidos e aplicados em cooperação com eles a fim de responder às suas necessida-
des particulares, e deverão abranger a sua história, seus conhecimentos e técnicas, seus
sistemas de valores e todas suas demais aspirações sociais, econômicas e culturais.
2. A autoridade competente deverá assegurar a formação de membros destes povos e a sua
participação na formulação e execução de programas de educação, com vistas a transferir
progressivamente para esses povos a responsabilidade de realização desses programas,
quando for adequado.

68
3. Além disso, os governos deverão reconhecer o direito desses povos de criarem suas pró-
prias instituições e meios de educação, desde que tais instituições satisfaçam as normas mí-
nimas estabelecidas pela autoridade competente em consulta com esses povos. Deverão ser
facilitados para eles recursos apropriados para essa finalidade.
Artigo 28
1. Sempre que for viável, dever-se-á ensinar às crianças dos povos interessados a ler e es-
crever na sua própria língua indígena ou na língua mais comumente falada no grupo a que
pertençam. Quando isso não for viável, as autoridades competentes deverão efetuar consul-
tas com esses povos com vistas a se adotar medidas que permitam atingir esse objetivo.
2. Deverão ser adotadas medidas adequadas para assegurar que esses povos tenham a o-
portunidade de chegarem a dominar a língua nacional ou uma das línguas oficiais do país.
3. Deverão ser adotadas disposições para se preservar as línguas indígenas dos povos inte-
ressados e promover o desenvolvimento e a pratica das mesmas.
Artigo 29
Um objetivo da educação das crianças dos povos interessados deverá ser o de lhes ministrar
conhecimentos gerais e aptidões que lhes permitam participar plenamente e em condições de
igualdade na vida de sua própria comunidade e na da comunidade nacional.
Artigo 30
1. Os governos deverão adotar medidas de acordo com as tradições e culturas dos povos
interessados, a fim de lhes dar o conhecer seus direitos e obrigações especialmente no refe-
rente ao trabalho e às possibilidade econômicas, às questões de educação e saúde, aos ser-
viços sociais e aos direitos derivados da presente Convenção.
2. Para esse fim, dever-se-á recorrer, se for necessário, a traduções escritas e à utilização
dos meios de comunicação de massa nas línguas desses povos.
Artigo 31
Deverão ser adotadas medidas de caráter educativo em todos os setores da comunidade
nacional, e especialmente naqueles que estejam em contato mais direto com os povos inte-
ressados, com o objetivo de se eliminar os preconceitos que poderiam ter com relação a es-
ses povos. Para esse fim, deverão ser realizados esforços para assegurar que os livros de
História e demais materiais didáticos ofereçam uma descrição eqüitativa, exata e instrutiva
das sociedades e culturas dos povos interessados.
PARTE VII - CONTATOS E COOPERAÇÃO ATRAVÉS DAS FRONTEIRAS
Artigo 32
Os governos deverão adotar medidas apropriadas, inclusive mediante acordos internacionais,
para facilitar os contatos e a cooperação entre povos indígenas e tribais através das frontei-
ras, inclusive as atividades nas áreas econômicas, social, cultural, espiritual e do meio ambi-
ente.

69
PARTE VIII - ADMINISTRAÇÃO
Artigo 33
1. A autoridade governamental responsável pelas questões que a presente Convenção a-
brange deverá se assegurar de que existem instituições ou outros mecanismos apropriados
para administrar os programas que afetam os povos interessados, e de que tais instituições
ou mecanismos dispõem dos meios necessários para o pleno desempenho de suas funções.
2. Tais programas deverão incluir:
a) o planejamento, coordenação, execução e avaliação, em cooperação com os povos inte-
ressados, das medidas prevista na presente Convenção;
b) a proposta de medidas legislativas e de outra natureza às autoridades competentes e o
controle da aplicação das medidas adotadas em cooperação com os povos interessados.
PARTE IX - DISPOSIÇÕES GERAIS (.....)
PARTE X - DISPOSIÇÕES FINAIS (.....)

Anexo 4.4.
ONU/CERD, Recom. general 27: La discriminación de los romaníes (16/08/2000)

El Comité para la Eliminación de la Discriminación Racial,


Teniendo presentes las comunicaciones de los Estados Partes en la Convención Internacional
sobre la Eliminación de todas las Formas de Discriminación Racial, sus informes periódicos
presentados en virtud del artículo 9 de la Convención y las observaciones finales adoptadas
por el Comité al examinar los informes periódicos de los Estados Partes,
Habiendo organizado un debate temático sobre la cuestión de la discriminación de los roma-
níes y recibido las contribuciones de los miembros del Comité, así como de expertos de orga-
nismos de las Naciones Unidas y otros órganos creados en virtud de tratados y de organiza-
ciones regionales,
Habiendo recibido asimismo las contribuciones de organizaciones no gubernamentales intere-
sadas, tanto verbalmente durante la reunión oficiosa celebrada con ellos como por escrito,
Teniendo en cuenta las disposiciones de la Convención,
Recomienda que los Estados Partes en la Convención, teniendo en cuenta su situación espe-
cífica, adopten según sea conveniente, para beneficio de los miembros de las comunidades
romaníes, entre otras cosas, todas las siguientes medidas o parte de ellas.

A. Medidas de carácter general


1. Examinar y promulgar o enmendar la legislación, según corresponda, con el fin de eliminar
todas las formas de discriminación racial de los romaníes, al igual que de otras personas o
grupos, de conformidad con la Convención.
2. Adoptar y poner en ejecución estrategias y programas nacionales y manifestar una voluntad
política decidida y mostrar un liderazgo moral con el fin de mejorar la situación de los romaní-
es y su protección contra la discriminación por parte de organismos estatales, así como por
parte de toda persona u organización.
3. Respetar los deseos de los romaníes en cuanto a la designación que desean recibir y el
grupo al que desean pertenecer.

70
4. Garantizar que la legislación relativa a la ciudadanía y la naturalización no discrimine a los
miembros de las comunidades romaníes.
5. Adoptar todas las medidas necesarias para evitar toda forma de discriminación de los inmi-
grantes o solicitantes de asilo de origen romaní.
6. Tener en cuenta, en todos los programas y proyectos planeados y aplicados y en todas las
medidas adoptadas, la situación de las mujeres romaníes, que a menudo son víctimas de una
doble discriminación.
7. Adoptar las medidas adecuadas para garantizar que los miembros de las comunidades
romaníes cuenten con remedios efectivos y asegurar que se haga justicia rápida y plenamente
en los casos de violación de sus derechos y libertades fundamentales.
8. Elaborar y fomentar modalidades adecuadas de comunicación y diálogo entre las comuni-
dades romaníes y las autoridades centrales y locales.
9. Esforzarse, fomentando un diálogo genuino, consultas u otros medios adecuados, por me-
jorar las relaciones entre las comunidades romaníes y no romaníes, en particular a nivel local,
con el fin de fomentar la tolerancia y superar los prejuicios y los estereotipos negativos de
ambas partes, fomentar los esfuerzos de ajuste y adaptación y evitar la discriminación, y ase-
gurar que todas las personas disfruten plenamente de sus derechos humanos y libertades.
10. Reconocer los daños causados por la deportación y la exterminación a las comunidades
romaníes durante la segunda guerra mundial y considerar modos de compensarlas.
11. Adoptar las medidas necesarias, en cooperación con la sociedad civil, e iniciar proyectos
para desarrollar la cultura política y educar a la totalidad de la población en un espíritu de no
discriminación, respeto de los demás y tolerancia, en particular de los romaníes.

B. Medidas de protección contra la violencia racial


12. Asegurar la protección de la seguridad y la integridad de los romaníes, sin ningún tipo de
discriminación, adoptando medidas para evitar los actos de violencia contra ellos por motivos
raciales; asegurar la pronta intervención de la policía, los fiscales y el poder judicial para in-
vestigar y castigar esos actos; y asegurar que sus autores, ya sean funcionarios públicos u
otras personas, no gocen de ningún grado de impunidad.
13. Adoptar medidas para evitar la utilización ilícita de la fuerza por parte de la policía contra
los romaníes, en particular en casos de arresto y detención.
14. Fomentar las disposiciones convenientes para la comunicación y el diálogo entre la policía
y las comunidades y asociaciones romaníes, con el fin de evitar conflictos basados en prejui-
cios raciales y combatir actos de violencia por motivos raciales contra miembros de estas co-
munidades, así como contra otras personas.
15. Fomentar la contratación de miembros de las comunidades romaníes en la policía y otros
organismos de orden público.
16. Alentar a los Estados Partes y a otros Estados o autoridades responsables en zonas que
han superado conflictos a adoptar medidas para evitar la violencia contra los miembros de las
comunidades romaníes y su desplazamiento forzado.
C. Medidas en la esfera de la educación
17. Apoyar la inclusión en el sistema educativo de todos los niños de origen romaní y tomar
medidas para reducir las tasas de abandono escolar, en especial de niñas romaníes y, con
este fin, cooperar activamente con los padres, asociaciones y comunidades locales romaníes.
18. Prevenir y evitar en la medida de lo posible la segregación de los estudiantes romaníes, al
mismo tiempo que se mantiene abierta la posibilidad de enseñanza bilingüe o en lengua ma-

71
terna; con este fin, esforzarse por elevar la calidad de la educación en todas las escuelas y el
rendimiento escolar de la comunidad minoritaria, contratar personal docente de las comunida-
des romaníes y fomentar la educación intercultural.
19. Considerar la posibilidad de adoptar medidas a favor de los niños romaníes, en cooperaci-
ón con sus padres, en la esfera de la educación.
20. Actuar con determinación para eliminar todo tipo de discriminación u hostigamiento de los
alumnos romaníes por motivo de raza.
21. Adoptar las medidas necesarias para asegurar la educación básica de los niños romaníes
de comunidades itinerantes, incluso admitiéndolos de manera temporal en las escuelas loca-
les, impartiéndoles clases temporales en sus campamentos o utilizando las nuevas tecnologí-
as de educación a distancia.
22. Asegurar que sus programas, proyectos y campañas en la esfera de la educación tengan
en cuenta las desventajas de las niñas y mujeres romaníes.
23. Adoptar medidas urgentes y continuas para la formación de maestros, educadores y ayu-
dantes de entre los alumnos romaníes.
24. Tomar medidas para mejorar el diálogo y la comunicación entre el personal docente y los
niños, comunidades y padres de familia romaníes, utilizando más a menudo ayudantes esco-
gidos de entre los romaníes.
25. Garantizar formas y planes adecuados de educación para los miembros de las comunida-
des romaníes que hayan superado la edad escolar, con el fin de aumentar la alfabetización de
adultos.
26. Incluir en los libros de texto, en todos los niveles apropiados, capítulos acerca de la histo-
ria y la cultura de los romaníes, y alentar y fomentar la publicación y distribución de libros y
otros materiales impresos, así como la difusión de emisiones de radio y televisión, según sea
conveniente, acerca de su historia y su cultura, incluso en el idioma que hablan.
D. Medidas para mejorar las condiciones de vida
27. Adoptar o hacer más eficaz la legislación que prohíbe la discriminación en el empleo y
todas las prácticas discriminatorias en el mercado laboral que afecten a los miembros de las
comunidades romaníes, y protegerlos contra esas prácticas.
28. Adoptar medidas especiales para fomentar el empleo de romaníes en la administración y
las instituciones públicas, así como en las empresas privadas.
29. Adoptar y aplicar, siempre que sea posible a nivel central o local, medidas especiales a
favor de los romaníes en el empleo en el sector público, tales como contratación pública u
otras actividades emprendidas o financiadas por el Gobierno, o la formación de romaníes en
las distintas artes y oficios.
30. Desarrollar y aplicar políticas y proyectos para evitar la segregación de las comunidades
romaníes en la vivienda; invitar a las comunidades y asociaciones romaníes a participar, en
asociación con otras personas, en proyectos de construcción, rehabilitación y mantenimiento
de vivendas.
31. Tomar medidas firmes contra cualquier práctica discriminatoria que afecte a los romaníes,
principalmente por parte de las autoridades locales y los propietarios privados, en cuanto al
establecimiento de residencia y a la vivienda; actuar firmemente contra las medidas locales
que nieguen la residencia a los romaníes o los expulsen de manera ilícita, y evitar ponerlos en
campamentos fuera de zonas pobladas, aislados y sin atención de la salud u otros servicios.

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32. Adoptar las medidas necesarias, según sea conveniente, para ofrecer a los grupos roma-
níes nómadas o itinerantes campamentos para sus caravanas, con todas las instalaciones
necesarias.
33. Asegurar que los romaníes tengan atención de la salud y servicios de seguridad social en
condiciones de igualdad y eliminar toda práctica discriminatoria en esta esfera.
34. Iniciar y poner en ejecución y programas y proyectos en la esfera de la sanidad para los
romaníes, principalmente las mujeres y los niños, teniendo en cuenta su situación de desven-
taja por la extrema pobreza y el bajo nivel de educación, así como las diferencias culturales;
invitar a las asociaciones y comunidades romaníes y sus representantes, sobre todo mujeres,
a participar en la elaboración y ejecución de programas y proyectos sanitarios que interesen a
los grupos romaníes.
35. Evitar, eliminar y castigar adecuadamente toda práctica discriminatoria relativa al ingreso
de los miembros de las comunidades romaníes en todos los lugares y servicios previstos para
el público en general, entre ellos restaurantes, hoteles, teatros y salas de variedades, discote-
cas u otros.
E. Medidas en la esfera de los medios de comunicación
36. Actuar de manera apropiada para suprimir todas las ideas de superioridad racial o étnica,
de odio racial y de incitación a la discriminación y a la violencia contra los romaníes en los
medios de comunicación, de conformidad con las disposiciones de la Convención.
37. Aumentar la concienciación de los profesionales de todos los medios de comunicación de
la responsabilidad particular que les incumbe de no difundir prejuicios y de evitar informar de
incidentes en que hayan participado individuos pertenecientes a comunidades romaníes cul-
pando a la totalidad de estas comunidades.
38. Desarrollar campañas de educación y de comunicación para educar al público acerca de
la vida, la sociedad y la cultura romaníes y la importancia de construir una sociedad integrada
al mismo tiempo que se respetan los derechos humanos y la identidad de los romaníes.
39. Alentar y facilitar la asequibilidad para los romaníes de los medios de comunicación, peri-
ódicos y programas de radio y televisión inclusive, el establecimiento de sus propios medios
de comunicación y la formación de periodistas romaníes.
40. Fomentar métodos de autocontrol de los medios de comunicación, por ejemplo mediante
un código de conducta para las organizaciones de comunicación, con el fin de evitar usar un
lenguaje racista, discriminatorio o tendencioso.
F. Medidas relativas a la participación en la vida pública
41. Adoptar las medidas necesarias, hasta medidas especiales, para garantizar la igualdad de
oportunidades de participación de las minorías o grupos romaníes en todos los órganos del
gobierno central y local.
42. Desarrollar modalidades y estructuras de consulta con los partidos políticos, asociaciones
y representantes romaníes, central y localmente, a la hora de examinar cuestiones o adoptar
decisiones sobre cuestiones de interés para las comunidades romaníes.
43. Invitar a las comunidades y asociaciones romaníes y a sus representantes a participar en
las primeras etapas del desarrollo y la ejecución de políticas y programas que les afecten y
asegurar la suficiente transparencia de esas políticas y programas.
44. Fomentar el mayor conocimiento entre los miembros de las comunidades romaníes de la
necesidad de que participen más activamente en la vida pública y social y en la promoción de
sus propios intereses, por ejemplo, la educación de sus hijos y su participación en la formaci-
ón profesional.

73
45. Organizar programas de formación para funcionarios públicos y representantes romaníes,
así como para posibles candidatos a esos cargos, dirigidos a mejorar su habilidad política,
para tomar decisiones y desempeñar el cargo.
El Comité también recomienda que:
46. Los Estados Partes incluyan en sus informes periódicos, de manera apropiada, datos a-
cerca de las comunidades romaníes dentro de su jurisdicción, incluyendo datos estadísticos
sobre la participación de los romaníes en la vida política y sobre su situación económica, soci-
al y cultural, hasta desde una perspectiva de género, e información acerca de la aplicación de
esta recomendación general.
46. Las organizaciones intergubernamentales, en sus proyectos de cooperación y asistencia a
los distintos Estados Partes, aborden según sea apropiado la situación de las comunidades
romaníes y favorezcan su desarrollo económico, social y cultural.
47. La Alta Comisionada para los Derechos Humanos considere la posibilidad de establecer
un centro de coordinación para las cuestiones relativas a los romaníes en la Oficina del Alto
Comisionado.
48. El Comité recomienda además que la Conferencia Mundial contra el Racismo, la Discrimi-
nación Racial, la Xenofobia y las Formas Conexas de Intolerancia preste la debida atención a
las anteriores recomendaciones, teniendo en cuenta que las comunidades romaníes se encu-
entran entre las más desfavorecidas y más discriminadas en el mundo contemporáneo.
1424ª reunión,
23 de agosto de 2000.
* Figura en el documento A/54/18, anexo V.
Office of the United Nations High Commissioner for Human Rights

Anexo 4.5.
ONU/OSCE: Decisión nº 3/03 - Plan de acción para mejorar la situación de la población
Romaní e Sinti en el área de la OSCE (2003) .
Observação: a Decisão 3/03 substitue, praticamente sem qualquer modificação, a Decisão 566, de
27 de novembro de 2003. A OSCE – Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa
[www.osce.org], um dos órgãos da Organização das Nações Unidas, reune 56 países da Europa,
Ásia Central e América do Norte, ou seja, praticamente todo o hemisfério norte. Dela faz parte tam-
bém a OIDDH – Oficina de Instituições Democráticas e Direitos Humanos, com sede em Varsóvia,
Polônia (sigla em inglês: ODIHR) que tem como uma de suas atribuições: ―Atuar como Ponto de
Contato da OSCE para a integração dos grupos Romaní e Sinti nas sociedades nas quais vivem,
mantendo ao mesmo tempo sua identidade‖.. [FM].
El Consejo Ministerial,
Asumiendo su compromiso de respetar los derechos humanos y las libertades fundamentales
de toda persona, sin distinción adversa alguna, ya sea por motivo de raza, color, sexo, idioma,
religión o creencia, opinión política o de otra índole, origen nacional o social, o por motivo de
riqueza, nacimiento o cualquier otra consideración,
Apoyando la adopción y la aplicación de una normativa legal de carácter global contra la dis-
criminación que promueva la plena igualdad de oportunidades para todos,
Consciente de las dificultades especiales que ha de afrontar la población romaní y sinti y de la
necesidad de tomar medidas eficaces que eliminen toda discriminación contra ella y pongan a

74
su alcance la igualdad de oportunidades, conforme a los compromisos contraídos en la OS-
CE,
Reconociendo lo ya conseguido en el derecho interno y en los programas de acción de mu-
chos países, y la importante labor ya efectuada por los Estados participantes con dicho fin,
Consciente, al mismo tiempo, de que se necesita aún una actuación firme y decidida para
mejorar la situación de la población romaní y sinti en toda la región de la OSCE,
Tomando nota de la gran diversidad cultural, lingüística e histórica de la población romaní y
sinti extendida por el área de la OSCE, así como de la diversidad de las tradiciones y estructu-
ras nacionales que conviven en dicha área,
Tomando nota del resultado de las últimas e importantes conferencias e iniciativas, de rango
estatal y no gubernamental, dedicadas a la población romaní y sinti en Europa, entre las que
cabe citar la inauguración de un Decenio para la Integración Romaní, así como la posible cre-
ación de un Foro europeo de romaníes y grupos afines,
Convencido de que la población romaní y sinti debe asumir en creciente medida su responsa-
bilidad respecto de toda política que se ocupe de su destino,
Decide hacer suyo el Plan de Acción para mejorar la situación de la población romaní y sinti
en el área de la OSCE, aprobado por el Consejo Permanente en su Decisión Nº 566 de 27 de
noviembre de 2003, adjunto a la presente Decisión.
I. Ámbito y objetivos
1. El objetivo del presente Plan de Acción es reforzar la labor de los Estados participantes, y
de las instituciones y estructuras correspondientes de la OSCE, encaminada a velar por que la
población romaní y sinti pueda participar plena y equitativamente en nuestras sociedades, y a
eliminar toda discriminación contra estas etnias.
2. El Plan de Acción está inspirado en la normativa de derecho internacional y regional aplica-
ble en materia de derechos humanos, en los compromisos contraídos ante la OSCE y en cier-
tas prácticas ejemplares tomadas de países de toda Europa, en donde ya se aplican, con el
objetivo de difundirlas en otros países. Las medidas especiales previstas por el Plan de Acci-
ón con miras a mejorar la situación de las poblaciones romaní y sinti se basan en la Conven-
ción Internacional sobre la Eliminación de todas las Formas de Discriminación Racial.
3. Se insta a los Estados participantes y a las instituciones de la OSCE a que pongan en prác-
tica el Plan de Acción. Se invita a las comunidades romaníes y sinti en los Estados participan-
tes a valerse del Plan de Acción y a que contribuyan activamente a su aplicación.
II. Marco general: para los romaníes y con los romaníes
4. Toda política nacional o toda estrategia orientada a su aplicación debe: 1) responder a los
auténticos problemas, necesidades y prioridades de la comunidad romaní y sinti; 2) dar un
enfoque global; 3) ofrecer una visión equilibrada y viable a largo plazo que conjugue los obje-
tivos en materia de derechos humanos con la política social; y 4) alentar a los romaníes a
asumir la plena responsabilidad de las políticas que les afectan. Al mismo tiempo, habrá que
adaptar las políticas nacionales o las estrategias para su aplicación a las necesidades propias
de cada población romaní y sinti, sobre todo en lo que respecta a todo supuesto particular que
se dé en algún Estado participante. Toda estrategia de aplicación deberá también contemplar
mecanismos que velen por la aplicación a nivel local de la política nacional.
5. El principio rector de la labor de cada Estado participante y de las instituciones pertinentes
de la OSCE debe ser que toda política y toda estrategia para su cumplimiento deberá ser pre-
parada y aplicada con la participación activa de las comunidades romaníes y sinti. Es funda-

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mental velar por que haya una auténtica participación de la población romaní y sinti en la a-
dopción de todas las decisiones que les afecten. Los representantes de dicha población de-
ben trabajar conjuntamente con las autoridades a nivel local, nacional e internacional en la
preparación de dichas políticas y estrategias. Por ello mismo, dichas comunidades deberán
ser socios, en pie de igualdad, y compartir la responsabilidad de mejorar su bienestar social.
6. Al preparar y aplicar toda política o programa en este campo se ha de tener en cuenta la
situación particular de la mujer romaní y sinti. En los casos en que ya existan mecanismos de
consulta y de otro tipo para fomentar la participación de la población romaní y sinti en tales
procesos decisorios, es preciso que las mujeres puedan participar en pie de igualdad con los
varones. Las cuestiones propias de la mujer romaní deben ser integradas sistemáticamente
en toda política pertinente destinada a la población en su conjunto.
III. Lucha contra el racismo y la discriminación
A fin de combatir todo prejuicio contra los romaníes y sinti, y de preparar y aplicar las políticas
que combaten eficazmente toda discriminación o violencia racialmente motivada, se recomi-
enda la adopción de las siguientes medidas:
7. Estudiar la conveniencia de ratificar, lo antes posible, todo tratado internacional pertinente,
de no haberse hecho ya, y en particular la Convención Internacional sobre la Eliminación de
todas las Formas de Discriminación Racial.
8. Promulgar, dándoles plenamente curso, normas legales eficaces contra la discriminación
racial y étnica en todos los ámbitos, particularmente en lo relativo al acceso a la vivienda, a la
ciudadanía y a los permisos de residencia, así como a la enseñanza, el empleo, y los servicios
médicos y sociales. Integrar a representantes de la población romaní y sinti en los procesos
de preparación, aplicación y evaluación de dichas normas.
9. La normativa legal contra la discriminación debe prever:
— La prohibición de todo acto de discriminación racial, ya sea directa o indirecta;
— La imposición de sanciones eficaces, proporcionales y de índole disuasora contra todo acto
o práctica discriminatoria;
— La imposición de penas agravadas para los delitos o crímenes de motivación racial, perpe-
trados tanto por personas privadas como por funcionarios públicos;
— La igualdad de acceso a medidas reparadoras eficaces (por la vía judicial o administrativa,
o recurriendo a la conciliación o la mediación).
10. Se ha de velar por que el derecho interno prohiba todo tipo de actos de discriminación, y
por que todo caso de presunta discriminación sea investigado imparcial y exhaustivamente.
11. Se han de crear, si procede, instituciones especializadas para velar por que se aplique
dicha normativa legal, así como mecanismos internos de vigilancia que informen con regulari-
dad y transparencia acerca de los avances conseguidos en su aplicación. Debe alentarse la
participación en dichos órganos de representantes romaníes y sinti, poniéndose además sus
informes al alcance del público.
12. Preparar, si es necesario, planes de acción o estrategias nacionales de carácter global
para mejorar la situación de la población romaní y sinti, en donde se prevean medidas especí-
ficas para luchar contra la discriminación en todos los campos.
13. Evaluar periódicamente, especialmente a nivel local, los resultados de dichas estrategias,
y fomentar la participación de la comunidad romaní y sinti en el proceso de su evaluación.
14. Procurar, mediante el fomento de un diálogo auténtico o de un régimen de consultas, o por
cualquier otra vía que proceda, mejorar las relaciones entre la población romaní y sinti y los

76
demás grupos de la población, con miras a promover la tolerancia y la superación de todo
prejuicio o estereotipo negativo por ambas partes.
15. Documentar, conforme a las normas nacionales e internacionales relativas a la protección
de datos, todos los tipos y todo caso pertinente de discriminación, a fin de evaluar la situación
y responder mejor a las necesidades de la población romaní y sinti.
16. Velar por una investigación rigurosa y efectiva de todo acto de violencia contra la poblaci-
ón romaní y sinti, especialmente cuando se sospeche razonablemente de su motivación racial,
y encausar toda persona responsable de tales actos, de conformidad con el derecho interno y
la normativa aplicable en materia de derechos humanos.
17. Privar a los culpables, de tales actos de discriminación o de violencia, de toda inmunidad,
velando por la rápida adopción, por parte de la policía, de medidas eficaces de investigación y
sanción.
18. Facilitar el acceso de la población romaní y sinti a la justicia, ofreciéndoles vías de acceso
a la asistencia letrada y servicios información en el idioma romaní.
19. Tener en cuenta, en toda medida o programa, la situación de la mujer romaní y sinti, que a
menudo es víctima de discriminación tanto por motivos de su origen étnico como por razón de
su sexo.
20. La OIDDH y, en casos en que proceda, otras instituciones y estructuras de la OSCE, así
como sus operaciones sobre el terreno, brindarán asistencia a los Estados participantes de la
OSCE que lo soliciten en la preparación de normas legales contra la discriminación, así como
en la creación de órganos de lucha contra la discriminación.
21. En el marco de su mandato, el ACMN continuará informándose acerca de la elaboración
de leyes contra la discriminación, y prestará asesoramiento y asistencia a los Estados partici-
pantes a ese respecto, si procede.
22. Cuando así se le pida, la OIDDH prestará asesoramiento acerca de la forma en que cier-
tos mecanismos de los Estados participantes, tales como oficinas del Defensor del Pueblo,
comisiones para la lucha contra la discriminación, comisiones disciplinarias de la policía, y
otros órganos pertinentes, pueden coadyuvar a reducir tensiones entre la comunidad romaní y
sinti y otras comunidades.
23. El Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti se
ocupará de mejorar las relaciones entre las ONG de la población romaní y sinti y los Estados
participantes.
24. Dicho órgano actuará en calidad de centro coordinador de las iniciativas de los Estados
participantes, y facilitará el intercambio de información acerca de las prácticas recomendadas.
25. En estrecha cooperación con los Estados participantes, con la comunidad romaní y sinti y,
siempre que sea posible, con otras organizaciones internacionales, y respetando plenamente
la normativa legal protectora de la intimidad de los datos personales, el Punto de Contacto de
la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti recogerá documentación con el
fin de desarrollar políticas más ajustadas a los objetivos contemplados.
Policía .
26. Formular políticas destinadas al personal de los cuerpos de vigilancia, informándole de la
situación de la población romaní y sinti, y eliminando todo prejuicio o estereotipo negativo.
27. Preparar programas de capacitación para prevenir el uso excesivo de la fuerza y mejorar
el conocimiento y respeto de los derechos humanos.

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28. Formular políticas para mejorar: 1) las relaciones entre la comunidad romaní y sinti y la
policía, a fin de prevenir todo acto de abuso o violencia de la policía contra dicha comunidad; y
2) la confianza en la policía y el respeto de su autoridad entre dicha población.
29. Formular políticas y procedimientos que fomenten una respuesta policial eficaz a todo acto
de violencia racialmente motivado contra la población romaní y sinti.
30. Evaluar todo desfase entre las normas de policía internacionales y las prácticas internas
actuales de la policía, en consulta con los cuerpos nacionales de policía, las ONG y represen-
tantes de la comunidad romaní y sinti.
31. Desarrollar, en los casos en que proceda y en estrecha asociación con organizaciones
internacionales y ONG romaníes, declaraciones de principios de la policía, códigos de conduc-
ta, manuales de orientación práctica y programas de capacitación.
32. Alentar a miembros de la población romaní y sinti a ingresar en los cuerpos de policía,
como forma viable a largo plazo de promover la tolerancia y la diversidad.
33. La Unidad de Estrategia Policial de la Secretaría y la OIDDH prestarán asistencia a los
Estados participantes en la elaboración de programas y de medidas para el fomento de la
confianza, tales como fuerzas de policía ciudadana, para mejorar las relaciones entre la po-
blación romaní y la policía, especialmente a nivel local.
34. Dentro de sus respectivos mandatos, el Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestio-
nes relativas a los romaníes y sinti y la Unidad de Estrategia Policial prepararán una recopila-
ción de ―prácticas recomendadas‖ en la región de la OSCE para el ejercicio de la función poli-
cial respecto de la comunidad romaní.
35. El ACMN, el Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes
y sinti y la Unidad de Estrategia Policial prestarán asistencia a los Estados participantes en la
redacción de códigos de conducta para prevenir toda categorización racial y mejorar las rela-
ciones interétnicas.
Medios informativos.
36. Llevar a cabo campañas de información y alerta social para disipar todo prejuicio y estere-
otipo negativo creado contra la población romaní y sinti.
37. En aras de la libertad de expresión, fomentar la capacitación de periodistas romaníes y
sinti y su integración laboral en los medios informativos, facilitando así un mayor acceso a
dichos medios por parte de la población romaní y sinti.
38. Alentar a dichos medios a informar sobre los aspectos positivos y a presentar una imagen
equilibrada de la vida romaní, absteniéndose de emplear estereotipos para caracterizar a di-
cha población y evitando suscitar tensiones entre las diversas agrupaciones étnicas; y organi-
zar mesas redondas entre representantes de los medios informativos y de la comunidad ro-
maní y sinti al servicio de este objetivo.
39. En cooperación con la OIDDH y con las organizaciones internacionales pertinentes, el
Representante para la Libertad de los Medios de Comunicación (ROLMC) ha de estudiar la
manera en que la OSCE podría coadyuvar a la creación de una Radio Romaní Europea, que
emitiría sus programas en toda Europa. La OIDDH y el ROLMC deberían organizar debates
públicos, campañas contra la discriminación y programas conjuntos de capacitación con los
medios informativos y al servicio de dichos medios.
40. EL ROLMC debería estudiar la posibilidad de coadyuvar a seminarios de capacitación
para periodistas romaníes.

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41. El Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti y el
ROLMC organizarán mesas redondas con periodistas, dedicadas a la imagen de la comuni-
dad romaní y sinti prevalente en la sociedad.
42. El ACMN seguirá formulando y difundiendo directrices para los responsables de la política
informativa, sobre la utilización de los medios de radiodifusión públicos en las comunidades
pluriculturales, alentando, entre otras cosas, todo apoyo prestado a las emisoras de las mino-
rías, particularmente de la minoría romaní y sinti, y mejorando el acceso de dicha minoría a
los medios informativos.
IV. Cuestiones socioeconómicas
Hay que tomar medidas para velar por que la población romaní y sinti disfrute de los derechos
sociales y económicos al igual que los demás. Son especialmente necesarias medidas de
ámbito local y comunitario, particularmente medidas que surjan de las propias agrupaciones
romaníes destinadas a promover la integración de la población romaní y sinti en la vida social
y económica y a luchar contra su aislamiento y pobreza. La OSCE y sus Estados participantes
deben seguir facilitando dicha inserción.
Vivienda y condiciones de vida .
43. Introducir mecanismos y procedimientos institucionales para dilucidar o resolver cuestio-
nes de tenencia o propiedad de viviendas y regularizar la condición jurídica de toda población
romaní y sinti que viva en condiciones de dudosa legalidad (por ejemplo, vecindades romaní-
es cuyos miembros no sean propietarios del suelo sobre el que habitan, o que no estén inclui-
das en los planes de urbanización de la localidad principal; familias y viviendas radicadas en
asentamientos en los que sus pobladores hayan estado residiendo de hecho durante deceni-
os, pero sin regularizar su derecho de residencia).
44. Involucrar a la propia población romaní y sinti en el diseño de toda política de vivienda o
de planes de construcción, rehabilitación y mantenimiento de viviendas públicas para ellos.
Velar por que dichos planes de vivienda no sean promotores de segregación étnica o racial.
45. Estudiar la posibilidad de garantizar préstamos de organizaciones internacionales e insti-
tuciones financieras a Estados participantes para planes de vivienda destinados a segmentos
de la población con ingresos bajos.
46. Favorecer los planes de vivienda en régimen de cooperativa para ciertos sectores de la
comunidad romaní, e impartirles capacitación en su administración y mantenimiento.
47. Se alienta al Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes
y sinti y a la Oficina del Coordinador de las Actividades Económicas y Medioambientales de la
OSCE (OCAEM) a que participen en mayor medida en la política de facilitar información y dar
acceso a los recursos aportados por donantes extranjeros para proyectos destinados al desar-
rollo económico y social de la comunidad romaní y sinti, particularmente los financiados por
agrupaciones de la propia etnia.
Desempleo y problemas económicos .
48. Promover un incremento de la representación romaní y sinti profesionalmente cualificada
en empleos públicos.
49. Organizar programas de capacitación para preparar a personas de los grupos peor repre-
sentados, tales como la población romaní y sinti, para puestos de la administración pública
local y de índole similar, e introducir políticas que favorezcan la contratación de los diploma-
dos de tales programas como funcionarios de la administración pública.

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50. Reevaluar los resultados de los programas de empleo subvencionado, prestando particu-
lar atención a su eficiencia formativa, a fin de que tales programas estén orientados a potenci-
ar la competitividad de la población romaní y sinti en el mercado laboral.
51. Desarrollar políticas y programas, particularmente de formación profesional, para mejorar
la competitividad profesional y la cualificación laboral de la población romaní y sinti, especial-
mente de sus mujeres y jóvenes.
52. Adoptar políticas sociales que incentiven la búsqueda empleo, como forma sostenible de
evitar la dependencia excesiva de los subsidios sociales.
53. A instancia de todo Estado participante, la OCAEM, junto con las organizaciones interna-
cionales pertinentes, coadyuvará a la preparación de toda medida destinada a superar obstá-
culos o discriminaciones que impidan el pleno desarrollo de la potencialidad romaní y sinti en
la esfera económica.
54. A petición de los Estados participantes, el Punto de Contacto de la OIDDH para las cuesti-
ones relativas a los romaníes y sinti y la OCAEM apoyarán el desarrollo de la potencialidad
laboral y empresarial de la población romaní y sinti, mediante la creación de programas de
capacitación y reciclaje en los Estados participantes. Convendría adaptar, a las necesidades
de la población romaní y sinti, toda práctica que haya dado resultado, particularmente en el
desarrollo de aptitudes profesionales al servicio de la pequeña y mediana empresa (PYMES)
(por ejemplo, el programa de formación de jóvenes empresarios). La OCAEM también podría
facilitar la integración económica y social actuando como catalizador del apoyo prestado por
otras organizaciones asociadas y por instituciones financieras mediante planes de microcrédi-
to, en forma de pequeños préstamos para la creación de pequeñas empresas.
55. La OCAEM, en estrecho contacto y cooperación con otras organizaciones internacionales
a fin de evitar toda duplicación, prestará asistencia a las autoridades a la hora de evaluar el
impacto de los procesos y políticas económicas en la comunidad romaní y sinti (definiendo
para ello indicadores de rendimiento y de evaluación de políticas).
56. El Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti y la
OCAEM aprovecharán toda investigación anterior, por el PNUD y otros organismos, al evaluar
las necesidades de la población romaní, con miras a fomentar políticas que tengan en cuenta
el alcance y la índole de sus necesidades específicas en cada Estado participante.
57. En coordinación con las organizaciones internacionales pertinentes (especialmente el
PNUD y el Banco Mundial), el Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a
los romaníes y sinti y la OCAEM examinarán maneras de mejorar el acceso de los romaníes y
sinti a los programas ordinarios de capacitación. Se pueden organizar cursillos prácticos o
mesas redondas adaptadas a las necesidades de los romaníes y sinti, con miras a informar y
formar a miembros de estas comunidades en lo concerniente a los derechos económicos y
sociales de la persona y del empresario.
Atención de salud
58. Velar por que la población romaní y sinti tenga acceso a los servicios de atención médica
sin discriminación alguna.
59. Familiarizar al personal encargado de los servicios médicos de las necesidades propias de
la población romaní y sinti.
60. Resolver la elevada incidencia de enfermedades o casos de desnutrición entre los miem-
bros de la comunidad romaní.
61. Alentar a la población romaní y sinti a acudir prontamente a los servicios de atención mé-
dica:

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a) Informando a dicha población sobre la disponibilidad de esos servicios y enseñándoles a
utilizarlos;
b) Mejorar la confianza de la población romaní y sinti en los servicios de atención médica,
castigando todo incidente de discriminación directa o indirecta de dicha población; enseñando
al personal de dichos servicios a comprender ciertos aspectos de la cultura romaní; y respal-
dando la labor de los mediadores que cumplen un cometido importante en la tarea de estable-
cer puentes entre la comunidad romaní y el personal de los servicios públicos de atención
médica.
62. Prestar particular atención a la salud de las mujeres y niñas, procurando, entre otras co-
sas, la adopción de medidas que:
a) Faciliten el desarrollo de programas destinados a difundir información sobre cuestiones de
atención médica (en materia de nutrición, cuidados para el recién nacido, violencia doméstica,
etc.);
b) Mejorando el acceso a los servicios de ginecología, particularmente en la fase prenatal, en
el momento del parto y en la fase postnatal, mejorando, entre otras cosas, la información y la
formación.
63. Prestar particular atención a la salud de los niños de la etnia romaní y sinti mediante los
cuidados pediátricos que sean del caso, y con medidas preventivas como la de organizar
campañas de vacunación en asentamientos romaníes.
64. En colaboración con otras organizaciones internacionales y ONG, la OIDDH procurará
valerse de datos obtenidos de la investigación para identificar factores socioeconómicos, polí-
ticos y culturales que puedan tener un impacto sobre la salud de la población romaní y sinti, e
informará a los Estados participantes de todo programa de salud pública que sirva para res-
ponder a las necesidades que se hayan identificado.
65. El Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti y, si
procede, otras instituciones y estructuras de la OSCE, particularmente sus operaciones sobre
el terreno, prestarán asistencia a todo Estado participante que lo solicite en la puesta en mar-
cha de toda iniciativa educadora que ayude a la población romaní y sinti a aprovechar plena-
mente los servicios de atención médica. Dichos órganos deberán, entre otras cosas, reunir,
publicar y difundir información pertinente sobre prácticas recomendadas a dicho fin.
66. El Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti
velará en particular por asegurar el acceso de la población romaní y sinti a los programas
destinados a la prevención o tratamiento del uso indebido de drogas y a los programas de
prevención y tratamiento del SIDA y de otras enfermedades conexas.
V. Mejorar el acceso a la educación
La educación es un requisito previo para toda participación de la población romaní y sinti en la
vida política, social y económica de sus respectivos países, en un pie de igualdad con el resto
de la población. Las autoridades públicas y la propia comunidad sinti y romaní deberán adop-
tar de inmediato firmes medidas a este respecto, particularmente en orden a fomentar la esco-
larización y luchar contra el analfabetismo, asignando máxima prioridad a dichas medidas. La
política educativa debe orientarse a integrar a la población romaní y sinti en el ciclo normal de
la educación facilitándoles plenamente la igualdad de acceso a todos los niveles del ciclo do-
cente, sin dejar de prestar atención a las diferencias culturales.
67. Velar por incluir en el derecho interno normas contra la segregación y la discriminación
racial en la educación, previendo sanciones eficaces contra toda violación de dichas normas.

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68. Consultar con representantes de la comunidad romaní y sinti al formular cualquier política
que pueda afectar a dicha comunidad.
69. Promover activamente la igualdad de oportunidades en la esfera educativa para los niños
de la comunidad romaní y sinti, prestándoles en particular toda asistencia lingüística o de otra
índole que sea precisa.
70. Adoptar medidas especiales por mejorar la calidad y eficiencia de la educación impartida a
los niños de dicha comunidad. Fomentar una representación más amplia de la comunidad
romaní y sinti entre el personal docente de nivel escolar.
71. Dar a conocer la historia y cultura del pueblo romaní en los textos docentes, hablando en
particular de la experiencia de este pueblo durante el Holocausto.
72. Considerar medidas para asegurar el respeto, la protección, el fomento y la enseñanza del
idioma romaní, así como de su cultura como parte integrante de su patrimonio cultural.
73. Desarrollar y aplicar programas globales contra la segregación escolar destinados a: 1)
acabar con la práctica de canalizar sistemáticamente a los niños romaníes hacia escuelas o
cursos especiales (por ejemplo, hacia escuelas para personas mentalmente discapacitadas y
hacia cursos exclusivamente destinados a niños romaníes y sinti); y 2) a trasladar a dichos
niños desde dichos centros especiales hacia las escuelas del sistema educativo general.
74. Asignar recursos financieros para el traslado de los niños romaníes hacia el sistema edu-
cativo general y para el desarrollo de programas de asistencia escolar destinados a facilitar su
transición hacia la enseñanza oficial.
75. Facilitar el acceso de los niños romaníes a la educación oficial adoptando medidas para:
a) erradicar toda manifestación de prejuicio contra las personas de etnia romaní y sinti en las
escuelas;
b) formar al personal docente en técnicas de enseñanza pluricultural y en la dirección de cur-
sos étnicamente mixtos;
c) desarrollar estrategias para obtener un apoyo comunitario más amplio para la política de
desegregación escolar;
d) prestar apoyo para salvar el desfase entre los alumnos de la etnia romaní y sinti y los de-
más alumnos, particularmente mediante programas preescolares destinados a preparar a los
niños de la etnia romaní y sinti para la enseñanza primaria;
e) prestar apoyo a toda medida encaminada a incrementar el número de profesores, instructo-
res y mediadores de la propia comunidad romaní.
76. Desarrollar y poner en práctica programas de enseñanza antirracista en las escuelas y
promover campañas contra el racismo en los medios informativos.
77. Desarrollar políticas que respondan plenamente a toda la gama de factores que contribu-
yen a la baja tasa de asistencia escolar entre los niños de etnia romaní y sinti. Para ello, se
habrá de velar, entre otras cosas, por que las familias romaníes y sinti dispongan de la docu-
mentación necesaria para la inscripción escolar, al igual que el resto de la población.
78. Considerar la creación de programas de apoyo social para familias romaníes de bajos
ingresos con niños en edad escolar.
79. Fomentar la regularidad de la asistencia escolar entre los niños de la etnia romaní y sinti
mediante, por ejemplo, la intervención de mediadores familiares y sociales, y procurando que
los padres y jefes de comunidad asuman su responsabilidad de facilitar la asistencia escolar
de los niños y, en particular, de asegurar la igualdad de acceso a la educación de las niñas.
80. Velar, en particular, por facilitar la igualdad de oportunidades, para las niñas romaníes y
sinti, en los programas docentes y de inserción social, y desarrollar programas que eliminen la
tasa particularmente elevada de abandono escolar, prevalente entre las niñas.
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81. Considerar la introducción de programas adecuados para aquellos niños que sean analfa-
betos o que no hayan completado su enseñanza primaria.
82. Desarrollar, cuando sea necesario, programas de becas para estudiantes romaníes y fo-
mentar una mayor participación de los alumnos de dicha etnia en los programas de becas
existentes.
83. Fomentar la alfabetización informática entre la población romaní y sinti mediante la creaci-
ón de páginas informativas web.
84. Evaluar periódicamente la eficacia de la política educativa en este campo.
85. El ACMN alentará a los Estados participantes a que cumplan con sus compromisos de dar
igualdad de acceso gratuito a la educación pública todos los miembros de la sociedad, alen-
tándoles además a adoptar medidas por mejorar la situación de la población romaní y sinti a
dicho respecto.
86. El ACMN seguirá impartiendo orientación sobre modelos, y programas docentes, y sobre
la enseñanza en el idioma materno, o de dicho idioma materno, y concretamente en romaní.
VI. Elevando su participación en la vida política y pública
A la población romaní y sinti le resulta particularmente difícil participar en la vida pública – y
más aún política – de sus respectivos países. El bajo nivel educativo y, en algunos casos, la
discriminación contra ellos, contribuyen notablemente a la baja representación de la población
romaní y sinti en todos los escalones de la vida pública. La población romaní y sinti goza i-
gualmente del derecho a participar en la gestión de los asuntos públicos. Ello conlleva el de-
recho a ejercitar su voto, presentarse a elecciones, participar en la gestión de los asuntos
públicos y a formar partidos políticos sin discriminación alguna. Deben alentarse los esfuerzos
efectuados en años recientes por fomentar la participación política de la población romaní,
particularmente los emprendidos por grupos de la propia comunidad.
87. Los Estados participantes deben obrar con energía a fin de conseguir que la población
romaní y sinti disponga, al igual que el resto de la población, de todo documento que sea ne-
cesario, es decir del certificado de nacimiento, del documento de identidad y de la tarjeta de la
seguridad social. Al resolver problemas relacionados con la falta de documentación básica, se
insta a los Estados participantes a obrar en estrecha colaboración con las organizaciones
civiles de la población romaní y sinti.
88. Se alienta a los Estados participantes a que tengan en cuenta las siguientes condiciones
básicas para obtener una participación efectiva de la población romaní y sinti en la vida públi-
ca y política de sus sociedades:
— Intervención temprana:
Toda iniciativa referente a la población romaní y sinti debe tratar de involucrarla lo más pronto
posible en su desarrollo, puesta en práctica y evaluación;
— Inserción completa:
La población romaní y sinti debe ser plenamente incorporada al proceso consultivo oficial, y
debe garantizarse la eficacia de los mecanismos establecidos para su participación en la for-
mulación de toda iniciativa política importante, procurando su plena inserción en un proceso
que sea ampliamente representativo;
— Transparencia:
Todo programa y propuesta deberá ser distribuido con la suficiente antelación, sobre el plazo
previsto para la toma de una decisión, para ser debidamente analizado por los representantes
de la comunidad romaní y sinti y dar margen para su contribución al respecto;

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— Participación efectiva de la población romaní y sinti a todos los niveles de la administración
pública: La participación de la población romaní y sinti en la administración local constituye un
factor esencial para la eficacia de toda política que pueda afectarla;
— Asunción de responsabilidades:
La población romaní y sinti debe desempeñar una función esencial e irremplazable en orden a
conseguir la observancia en la práctica de su derecho a participar en la vida política.
89. Los titulares de cargos electos deben mantener relaciones estrechas con la comunidad
romaní y sinti.
90. Establecer mecanismos que faciliten una comunicación en pie de igualdad, directa y abier-
ta entre los representantes de la comunidad romaní y sinti y las autoridades públicas, particu-
larmente en órganos consultivos y de asesoramiento.
91. Facilitar la interacción, en el ámbito nacional y local, entre los dirigentes políticos y las
diversas agrupaciones de la comunidad romaní.
92. Organizar campañas electorales que estimulen la participación del electorado romaní en
las elecciones.
93. Velar por que el electorado romaní pueda decidirse libre e informadamente en las eleccio-
nes.
94. Adoptar medidas que garanticen la igualdad del derecho de voto para las mujeres, vedan-
do en particular el denominado ―voto familiar‖.
95. Alentar a los miembros de la comunidad romaní y sinti a participar más activamente en el
servicio público, particularmente, y caso de ser necesario, mediante la introducción de medi-
das especiales que promuevan su participación en el funcionariado.
96. Alentar la representación de la comunidad romaní y sinti en cargos designados tanto por
elección como por nombramiento, a todos los niveles de la administración pública.
97. Habilitar e incorporar miembros de la comunidad romaní y sinti en el proceso decisorio de
la administración pública, tanto estatal como local, en calidad de representantes electos de
sus comunidades y de ciudadanos de sus respectivos países.
98. Fomentar la participación de la mujer romaní en la vida tanto pública como política de la
sociedad; la mujer romaní debe estar habilitada para participar en pie de igualdad con el hom-
bre en órganos tanto consultivos como de otra índole, a fin de darle un mayor acceso a todas
las esferas de la vida pública y política del país.
99. La OIDDH y, cuando proceda, toda otra institución o estructura de la OSCE, así como sus
operaciones sobre el terreno, deberá instituir programas destinados a favorecer la práctica de
toda inscripción que sea necesaria para la plena participación en la vida política.
100. El Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti
debería ayudar a organizar capacitación destinada a las ONG romaníes, e impartida por di-
chas ONG, particularmente por las que se ocupen de los medios informativos, en lo relativo a
los procesos democráticos y a la participación en la vida democrática.
101. La OIDDH, y siempre que proceda, toda otra institución y estructura de la OSCE, así
como sus operaciones sobre el terreno, desarrollarán e impartirán cursos de capacitación para
electores, así como programas de inscripción en el censo electoral.
102. La OIDDH actuará como órgano catalizador del intercambio de información y de prácti-
cas recomendadas en este campo entre los Estados participantes y con otras organizaciones
internacionales.
103. La OIDDH proseguirá y fortalecerá la práctica de pasar revista al índice de participación
de la población romaní en los procesos electorales, y seguirá incluyendo a expertos de la
etnia romaní y sinti en sus misiones de observación de elecciones en el área de la OSCE.
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104. El ACMN proseguirá, en el marco de su mandato, con la labor de asesorar a los Estados
sobre medidas apropiadas para facilitar la participación de la población romaní y sinti en todas
las esferas de la vida pública.
105. El Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti y,
siempre que proceda, toda otra institución y estructura de la OSCE, así como sus operaciones
sobre el terreno, formularán programas destinados a alentar la presentación de representan-
tes de la comunidad romaní y sinti como candidatos a las elecciones para la constitución de
todo órgano electivo o buscarán soluciones innovadoras que aseguren obtener la participación
de representantes de la comunidad romaní y sinti en los procesos decisorios de ámbito nacio-
nal y local.
106. La OIDDH prestará particular atención a las actividades destinadas a facilitar la participa-
ción de la mujer romaní en todas las esferas de la vida pública y política de la sociedad.
VII. La población romaní y sinti en situaciones de crisis y posteriores a una crisis
Todo Estado participante está obligado, incluso en situaciones de crisis y posteriores a una
crisis, a amparar sin discriminación alguna todos los derechos fundamentales, incluidos los
derechos de los refugiados a tenor de los instrumentos internacionales pertinentes, particu-
larmente de la Convención de 1951 sobre el Estatuto de los Refugiados y su Protocolo de
1967. Los Estados participantes son conscientes de los Principios Rectores de las Naciones
Unidas en materia de Desplazamientos Internos como marco útil, para la labor de la OSCE y
la suya propia, al ocuparse de la cuestión de los desplazamientos internos.
107. Consultar a la población romaní y sinti al definir situaciones de crisis, a fin de dar con
procedimientos apropiados e identificar las zonas geográficas de donde estén huyendo los
refugiados y las personas internamente desplazadas, así como velar por que se atienda a la
situación concreta de la población romaní y sinti.
108. Velar por que todo miembro de la población romaní y sinti que se vea afectado por un
desplazamiento forzoso (refugiados y personas internamente desplazadas) sea debidamente
inscrito y provisto de la documentación pertinente.
109. Los Estados participantes deben velar por que existan programas que promuevan condi-
ciones favorables a la adopción de una decisión debidamente informada, por la población
romaní y sinti refugiada e internamente desplazada, respecto de una solución duradera a su
situación, facilitando especialmente el ejercicio de su derecho a un retorno digno, sostenible y
en condiciones de seguridad. Tales programas han de informar acerca de cada tema que
pudiera interesar a los refugiados y personas internamente desplazadas, y deberán estar dis-
ponibles en los idiomas pertinentes.
110. Asegurarse de que el trato dispensado a los refugiados romaníes y sinti sea conforme a
las normas y criterios de amparo internacionales, y no sea discriminatorio.
111. Recurrir a la función que desempeña la OIDDH en la prevención de conflictos y en la
identificación de zonas de intervención temprana, y aprovechar la experiencia especializada
del ACMN de la OSCE a dicho respecto.
112. Prestar particular atención a las necesidades de las mujeres y niños romaníes y sinti en
situaciones de crisis o posteriores a una crisis, dándoles acceso a servicios sanitarios y de
vivienda y escolarización.
113. La OIDDH hará uso de su competencia especial al ocuparse de la prevención de conflic-
tos y al identificar puntos de crisis latente que reclamen una intervención temprana.

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114. De conformidad con su mandato, se pide al Punto de Contacto de la OIDDH para las
cuestiones relativas a los romaníes y sinti que responda eficazmente a toda situación de cri-
sis, colaborando con toda autoridad competente y con todo órgano intergubernamental u or-
ganización internacional pertinente, especialmente el ACNUR, a fin de amparar a toda comu-
nidad romaní en peligro.
115. El Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti se
esforzará por alertar, a las autoridades, periodistas y todo otro agente eventual, acerca de la
situación de los romaníes y sinti en zonas de crisis o de conflicto.
116. Al analizar toda medida emprendida por los Estados participantes relativa a la población
romaní y sinti, la OIDDH deberá asumir la iniciativa, obrando de igual modo al asesorar para
eliminar eficazmente todo factor de tensión local que, de no controlarse, pudiera suscitar un
conflicto abierto.
117. El ACMN seguirá ejerciendo su mandato de prevenir todo conflicto en su fase más tem-
prana posible.
VIII. Mejorar la cooperación y coordinación con otras organizaciones internacionales y ONG
Habida cuenta de la atención cada vez mayor que prestan diversas organizaciones interna-
cionales a las cuestiones relacionadas con la población romaní y sinti, va siendo necesaria
una coordinación y cooperación cada vez mayor que evite la duplicación de tareas. Para velar
por la aplicación efectiva del Plan de Acción, la OSCE, y especialmente la OIDDH, cooperará
estrechamente con otras organizaciones internacionales y con organizaciones no guberna-
mentales.
118. El Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti
seguirá participando activamente en el Grupo de contacto oficioso de las organizaciones in-
tergubernamentales sobre la población romaní.
119. Se reforzará y agilizará dicho órgano oficioso de común acuerdo y en cooperación con
todos los socios pertinentes, velando especialmente por que se incluya a representantes de
Estados participantes en la OSCE. Se convocarán reuniones periódicas del Grupo de contacto
oficioso a nivel de expertos o a un nivel más alto, caso de ser oportuno, con miras a promover
la consecución de este objetivo.
120. Dicho Grupo de contacto oficioso deberá fijar prioridades y pautas de orientación comu-
nes, así como mejorar la coordinación y cooperación mutua a fin de evitar la duplicación de
tareas.
121. Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti se
esforzará por consolidar el ―Grupo de Contacto Internacional Romaní‖3 y contribuirá además a
la iniciativa del Consejo de Europa a favor de un posible Foro europeo de romaníes y grupos
afines.
122. El Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti
prestará servicios de información y coordinación a las instituciones pertinentes tanto naciona-
les como internacionales, y facilitará el diálogo entre ellas y con las ONG romaníes.
123. El Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti
tratará de entablar relaciones con organizaciones romaníes y sinti, a fin de ayudarlas a coor-
dinar su acción y sus recursos, en el interior de cada Estado y más allá de sus fronteras, y a
aprovechar plenamente las oportunidades brindadas por la política actual tanto interna como
internacional en favor de la población romaní y sinti.

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124. El Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti
hará uso de la experiencia y las aportaciones de todo proyecto de supervisión ya existente a
cargo de otras organizaciones internacionales.
IX. Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti
125. Cuando sea necesario, el Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a
los romaníes y sinti facilitará el intercambio de información entre los Estados participantes que
dispongan ya de una política nacional relativa a la población romaní y sinti, o que deseen me-
jorar dicha política.
126. Previa solicitud, el Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a roma-
níes y sinti asesorará a los Estados participantes acerca de políticas futuras relativas a la po-
blación romaní y sinti, y alentará el debate entre los gobiernos y las ONG romaníes.
127. El Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti
apoyará toda medida de desarrollo al servicio de las ONG romaníes y sinti.
128. El Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti
establecerá una base de datos sobre prácticas recomendadas ya adoptadas por Estados par-
ticipantes en la OSCE.
129. Al analizar las medidas emprendidas por los Estados participantes, el Punto de Contacto
de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti se inspirará en criterios favo-
rables a dicha población, así como al estudiar toda situación e incidente que pueda afectarla.
Para dicho fin, el Punto de Contacto se pondrá y mantendrá en contacto directo con Estados
participantes, ofreciéndoles su parecer y asesoramiento.
130. Las autoridades de todo país interesado cooperarán con el Punto de Contacto de la
OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti en la búsqueda de una solución
eficaz para las situaciones de crisis.
131. El Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti
facilitará información a la comunidad romaní y sinti sobre los recursos y actividades de la OS-
CE.
132. En cooperación con toda otra institución o estructura pertinente de la OSCE, la OIDDH
adoptará toda medida para extirpar, en sus raíces, la trata de personas, particularmente de
niños, y alertará a la comunidad romaní y sinti acerca de las consecuencias de la trata.
X. Aplicación: examen y evaluación
133. La aplicación de lo dispuesto en el presente Plan de Acción será examinado en las Reu-
niones Anuales de Evaluación de la Aplicación, en las Conferencias de Examen y en otros
actos pertinentes en la esfera de la dimensión humana.
134. El Director de la OIDDH, basándose en los resultados de dichas reuniones y en las apor-
taciones del Grupo de contacto oficioso sobre romaníes de las organizaciones interguberna-
mentales y del Grupo de contacto internacional romaní, informará sobre dicha aplicación al
Consejo Permanente, que podrá recomendar a los Estados participantes y a las instituciones
de la OSCE toda medida de cooperación o coordinación que estime prioritaria.
135. El Consejo Permanente organizará periódicamente sesiones informativas oficiosas a
cargo del Punto de Contacto para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti, centradas en
todo punto tratado en el presente Plan de Acción, a fin de evaluar el impacto, nacional o local,
de las medidas en él previstas.
136. Con miras a facilitar el proceso de examen de la aplicación, se alienta a los Estados par-
ticipantes de la OSCE a que informen acerca de toda novedad en la situación de la población

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romaní y sinti, así como de toda medida inspirada por el presente Plan de Acción, en las Reu-
niones de Aplicación sobre la Dimensión Humana, con anterioridad a toda Conferencia de
Examen, y al Consejo Permanente, según proceda.
137. Todas las instituciones y estructuras pertinentes de la OSCE, así como sus operaciones
sobre el terreno, proseguirán su estrecha interacción con los Estados participantes, a fin de
prestarles asistencia en la aplicación del Plan de Acción.
138. El Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los romaníes y sinti
difundirá información acerca del presente Plan entre las comunidades y organizaciones roma-
níes y sinti, así como entre otras organizaciones internacionales.
139. A fin de que el Punto de Contacto de la OIDDH para las cuestiones relativas a los roma-
níes y sinti pueda cumplir las tareas que se le han encomendado en el presente Plan de Acci-
ón, el Consejo Permanente se ocupará de proveerle de los recursos humanos y financieros
necesarios. El Comité Asesor en asuntos de Gestión y Financieros se ocupará de preparar un
plan detallado al respecto, y lo presentará al Consejo Permanente.

Bibliografia complementar:

Rodrigo Corrêa Teixeira, História dos ciganos no Brasil, Recife, 2008 (2ª
edição digital)
Frans Moonen, Anticiganismo: os ciganos na Europa e no Brasil, Recife,
2008 (edição digital)

Ambos os livros, além de outros ensaios, podem ser encontrados no site


http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/ciganos/index.html

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