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Juliana BARDI1
Luciana Maria Lunardi CAMPOS2
Resumo: Este artigo relata um subprojeto vinculado ao projeto “Materiais didáticos para o
ensino de Ciências Naturais na Educação Infantil e nas Séries Iniciais do Ensino
Fundamental: Produção, elaboração avaliação e divulgação”, desenvolvido durante o
ano de 2004, junto ao Núcleo de Ensino – Instituto de Biociências – Botucatu. Este
subprojeto teve como objetivos elaborar e produzir materiais didáticos para temas
relacionados à sexualidade em séries iniciais do ensino fundamental. Foram
elaborados e produzidos oito materiais, abordando os seguintes temas: diferenças
entre as pessoas (homens, mulheres e crianças), diferenças entre os sexos,
mecanismos de concepção e gravidez.
INTRODUÇÃO
Consideramos que os materiais didáticos são importantes e que seu uso auxilia o
processo de aprendizagem, mas para isso, é preciso que o professor estabeleça um objetivo,
procure aproveitar a maioria das possibilidades didáticas e esteja atento às limitações que o
material pode apresentar.
1
Licenciada em Ciências Biológicas (IB/UNESP/Botucatu); Trabalho de conclusão de curso apresentado em dezembro de 2004.
2
Docente do Departamento de Educação (IB/UNESP/Botucatu); orientadora
900
PARRA (2002), chama atenção para necessidade de se utilizar materiais
instrucionais (visuais e audiovisuais) adequados para cada faixa etária. Já que, a capacidade de
compreender e, então, aprender o conteúdo que o material traz, está relacionada ao estágio de
desenvolvimento cognitivo no qual a criança se encontra.
Na fase operatório-concreta, a partir dos 7 anos de idade, ou seja, nas séries iniciais
do ensino fundamental, o pensamento vai se tornando lógico e concreto e deixando de ser
centrado no sujeito (pensamento egocêntrico, característico do período anterior). A criança é agora
capaz de retornar mentalmente ao ponto de partida, caracterizando um pensamento reversível
(pensamento operatório). Nesse período a criança só consegue pensar se os materiais em que ela
apóia seus pensamentos existirem de fato e puderem ser observados (Davis & Silveira, 1990).
Após os 7 anos as crianças passam a realizar o que Piaget (apud Parra, 2002) chamou de
“atividade perceptiva”, a partir da qual as imagens deixam de ser pretextos para as reações
fabulatórias e passam a ter uma intenção precisa e objetiva. Devido ao pensamento operatório as
crianças já conseguem relacionar figuras e organizá-las em uma seqüência cronológica (Parra,
2002).
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limites de um material, às vezes, simples e enriquecer as discussões (Pedroso, 1999). Ou seja, o
material didático deve representar um meio para alcançar determinado objetivo e não deve ser
utilizado como um fim em si mesmo (Schmitz, 1993).
Podemos dizer que os materiais didáticos para a orientação sexual nas séries
iniciais do ensino fundamental são necessários e importantes. No entanto, o recurso não é
substituto do professor, pois seu uso efetivo dependerá da habilidade do professor em selecionar,
valorizar e utilizar os recursos de maneira adequada e produtiva. A seleção dos materiais deve
levar em consideração o aluno ao qual se destina (faixa etária, interesses), os objetivos e os
conteúdos a serem aprendidos. Assim, consideramos que cabe ao professor, como dinamizador
do processo da aprendizagem, estar atento às diferentes situações para que os recursos cumpram
sua finalidade, que é, principalmente, facilitar a aprendizagem integrada e dinâmica (Schimitz,
1993).
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DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA
Investigação inicial
Em relação aos 63 professores que participaram dessa pesquisa 94% tinham curso
superior e 4,76% estavam cursando. Em relação aos que tinham curso superior completo, a
maioria havia cursado Pedagogia ou outros cursos relacionados à área de educação, como Letras,
Psicologia, Geografia, Estudos Sociais, História e Educação Física. Dos professores que
afirmaram ter curso superior completo, 14,81% não identificaram o curso e apenas 1,85% possuía
curso superior não relacionado à área de educação.
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Quando questionamos sobre quais tópicos os professores consideravam relevantes
para serem desenvolvidos em cada série, notamos que, para 1ª série 32,72% referiam-se ao
tópico “corpo” e 25,45% “higiene e saúde”. Na 2ª série o tópico mais citado (27,14%) foi “higiene e
saúde” seguido de “diferenças entre os sexos” com 25,45%. Os tópicos gravidez e parto e
DSTs/AIDS foram pouco citados para essas séries . Na 3ª série 18,05% dos tópicos referiam-se a
“higiene e saúde”. Na 4ª série os tópicos “DSTs/AIDS” e “Gravidez e parto” apareceram com maior
freqüência. Nesta série os professores citaram com menor destaque os tópicos “diferenças entre
os sexos”, “higiene e saúde” e “corpo”. O tópico “sentimentos e preconceitos” predominou nas 2ªs e
3ªs séries. Muitos professores apontaram outros temas ligados à sexualidade, entre eles:
mudanças físicas e fisiológicas, contracepção, namoro e sexo, homossexualismo e temas mais
gerais, como respeito.
Com a análise das respostas aos questionários, concluímos que algumas questões
relacionadas à orientação sexual são desenvolvidas nas séries iniciais do ensino fundamental, pois
a maioria dos professores afirmou desenvolver o tema sexualidade em suas aulas. Os assuntos
mais abordados pelos professores durante as aulas são relacionados à higiene e saúde e corpo.
Entretanto notamos uma diferença entre as séries, pois os tópicos “corpo” e “higiene e saúde” são
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desenvolvidos preferencialmente nas 1ªs e 2ªs séries e os tópicos “DSTs/AIDS” e “gravidez e parto”
aparecem com maior freqüência nas 3ªs e 4ªs séries. Para a realização das aulas os professores
afirmaram utilizar preferencialmente materiais impressos, como os desenhos e textos. Em relação
aos problemas encontrados pelos professores para realização da orientação sexual, podemos
dizer que estes são semelhantes para as quatro primeiras séries do ensino fundamental e se
referem à estrutura escolar, especificamente, à falta de materiais adequados.
A partir disso, iniciamos a confecção dos materiais. Esta etapa exigiu um período de
experimentação, em que vários materiais foram testados, principalmente, para montagem dos
modelos de concepção e gravidez e para produção de um instrumento a partir do qual os
professores pudessem trabalhar as diferenças entre os sexos. Os critérios utilizados para escolha
dos materiais foram: durabilidade, adequação à proposta e materiais que não oferecessem risco
para as crianças.
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Materiais produzidos
Os materiais produzidos foram elaborados a partir de uma seqüência que pode ser
adotada pelos professores: diferenças entre as pessoas (homens, mulheres e crianças),
diferenças entre os sexos, mecanismos de concepção e gravidez. Compreendemos que para que
a aprendizagem seja favorecida, é necessário que os professores abram espaço para que as
crianças manipulem os materiais, assim como permitam que elas exponham suas dúvidas,
curiosidades e pensamentos sobre o assunto que está sendo desenvolvido.
1) Bonecos:
Proposta de utilização: apresentar os bonecos e distribuí-los aos alunos, pedindo para que eles
decidam sobre as características físicas de cada boneco completando-o. Disponibilizar para isso
lápis de cor, giz de cera, e outros materiais para que as crianças possam desenvolver a atividade.
O professor pode aproveitar o momento para abordar temas como imagem corporal, preconceitos
e auto-estima e algumas diferenças entre homens e mulheres. Os bonecos podem ser adotados
ao longo de todo o trabalho e utilizados juntamente com os outros materiais como um personagem
através do qual o professor pode abordar os diferentes temas propostos e os alunos podem expor
suas dúvidas sem constrangimentos.
♦ 6 figuras de crianças;
♦ 6 figuras de mulheres;
♦ 6 figuras de homens;
Proposta de utilização: as figuras podem ser utilizadas no inicio da aula para o professor
comentar a diversidade entre as pessoas. Feito a primeira exposição, sugerimos que o professor
peça para que as crianças procurem, recortem e montem um cartaz como figuras de homens,
mulheres e crianças. Para isso é preciso disponibilizar revistas e jornais. Quando os trabalhos
estiverem prontos o professor pode montar uma exposição na classe. A partir das figuras e dos
cartazes produzidos pelos alunos o professor pode desenvolver a idéia de que os corpos das
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pessoas diferem em vários aspectos, mostrando que cada pessoa tem um jeito e um corpo
diferente e que todos os corpos são especiais e têm beleza. Pode, ainda, apontar algumas
diferenças e semelhanças entre homens e mulheres.
3) Painéis:
♦ Painel 1: Uma figura com 90 x 80 cm contendo uma menina e uma mulher, mostrando os
órgão sexuais internos e a anatomia interna da mama esquerda e os órgão sexuais externos.
Assim como as características sexuais secundárias femininas;
♦ Painel 2: Uma figura com 90 x 80 cm contendo um menino e um homem, mostrando os órgão
sexuais internos e externos e as características sexuais secundárias masculinas;
Proposta de utilização: estas figuras podem ser utilizadas em dois momentos: primeiro para
auxiliar o entendimento da porção interna dos aparelhos reprodutores femininos e masculinos
quando o professor estiver utilizando os painéis; e quando o professor for utilizar o modelo de
concepção para explicar onde os gametas são produzidos. Seria interessante se o professor
disponibilizasse as figuras para que os alunos possam pintá-las e arquivá-las.
5) Modelo de concepção:
♦ 1 suporte de madeira com esquema em alto relevo do aparelho reprodutor feminino interno
com 65 x 50 cm, mostrando o útero, os ovários, as tubas uterinas e uma porção da vagina;
♦ 20 espermatozóides grandes com imãs;
♦ 1 óvulo com imã;
♦ 1 zigoto com imã;
♦ estágios embrionários de 2, 4 e 8 células com imãs;
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♦ imãs para fixar as peças ao suporte de madeira,
♦ 1 imã grande para movimentar as peças;
♦ 1 suporte de madeira com um óvulo grande e com espermatozóides ao redor.
6) Modelo de gestação:
♦ Um suporte de madeira;
♦ Nove cápsulas plásticas transparentes, representando úteros /
♦ Nove fetos do primeiro ao nono mês de gestação, moldados manualmente em durepox e
pintados com tinta acrílica cor da pele.
Proposta de utilização: pode ser utilizado associado às figuras de gestação para que os alunos
relacionem o desenvolvimento do feto com o do corpo da mulher. Por se tratar de uma material
tridimensional e que permite a manipulação pelas crianças, consideramos que ele poderia auxiliar
na compreensão de como o bebê vive e se desenvolve dentro do útero materno.
7) Figuras da gestação:
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8) CD
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Julgamos, ainda, importante a produção de um material didático que aborde o tema
parto. Além disso, entendemos que para que a contribuição dos materiais produzidos seja
adequada e efetiva faz-se necessário uma avaliação destes nas escolas, o que permitirá a
detecção de possíveis limitações e posterior adequação do material.
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