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PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA TEMAS DE ORIENTAÇÃO SEXUAL NAS

SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Juliana BARDI1
Luciana Maria Lunardi CAMPOS2

Resumo: Este artigo relata um subprojeto vinculado ao projeto “Materiais didáticos para o
ensino de Ciências Naturais na Educação Infantil e nas Séries Iniciais do Ensino
Fundamental: Produção, elaboração avaliação e divulgação”, desenvolvido durante o
ano de 2004, junto ao Núcleo de Ensino – Instituto de Biociências – Botucatu. Este
subprojeto teve como objetivos elaborar e produzir materiais didáticos para temas
relacionados à sexualidade em séries iniciais do ensino fundamental. Foram
elaborados e produzidos oito materiais, abordando os seguintes temas: diferenças
entre as pessoas (homens, mulheres e crianças), diferenças entre os sexos,
mecanismos de concepção e gravidez.

Palavras-chave: recursos didáticos; Ciências Naturais; sexualidade; ensino; ensino fundamental.

INTRODUÇÃO

O material didático pode ser considerado a ligação entre as palavras e a realidade


concreta . Sua principal função é auxiliar o aluno a pensar, possibilitando o desenvolvimento de
sua imaginação e de sua capacidade de estabelecer analogias. É aproximar o aluno da realidade e
auxiliá-lo a tirar dela o que contribui para sua aprendizagem (Schmitz, 1993).

Consideramos que os materiais didáticos são importantes e que seu uso auxilia o
processo de aprendizagem, mas para isso, é preciso que o professor estabeleça um objetivo,
procure aproveitar a maioria das possibilidades didáticas e esteja atento às limitações que o
material pode apresentar.

Os materiais podem ser entendidos como, puramente visuais (quadro negro,


cartazes, mapas, figuras, espécimes); puramente auditivos (rádio, CD) ou audiovisuais (TV, vídeo).
Além disso, alguns recursos também estimulam os sentidos do paladar, tato e olfato. Os sentidos
são órgão de ligação entre o homem e o mundo exterior e, portanto, um ambiente que estimule o
maior número possível de sentidos pode favorecer a aprendizagem. Assim, a linguagem oral,
recurso do processo ensino-aprendizagem, amplamente utilizado pelo professor, pode ser
auxiliado por outros recursos que estimulem os outros sentidos (Ferreira & Silva, 1986).

1
Licenciada em Ciências Biológicas (IB/UNESP/Botucatu); Trabalho de conclusão de curso apresentado em dezembro de 2004.
2
Docente do Departamento de Educação (IB/UNESP/Botucatu); orientadora

900
PARRA (2002), chama atenção para necessidade de se utilizar materiais
instrucionais (visuais e audiovisuais) adequados para cada faixa etária. Já que, a capacidade de
compreender e, então, aprender o conteúdo que o material traz, está relacionada ao estágio de
desenvolvimento cognitivo no qual a criança se encontra.

O processo de desenvolvimento cognitivo é um processo continuo e pode ser


caracterizado por várias fases. Piaget (apud Davis & Oliveira, 1990) caracteriza quatro períodos
distintos: sensório motor, pré-operatório, operatório-concreto e operatório-formal.

Na fase operatório-concreta, a partir dos 7 anos de idade, ou seja, nas séries iniciais
do ensino fundamental, o pensamento vai se tornando lógico e concreto e deixando de ser
centrado no sujeito (pensamento egocêntrico, característico do período anterior). A criança é agora
capaz de retornar mentalmente ao ponto de partida, caracterizando um pensamento reversível
(pensamento operatório). Nesse período a criança só consegue pensar se os materiais em que ela
apóia seus pensamentos existirem de fato e puderem ser observados (Davis & Silveira, 1990).
Após os 7 anos as crianças passam a realizar o que Piaget (apud Parra, 2002) chamou de
“atividade perceptiva”, a partir da qual as imagens deixam de ser pretextos para as reações
fabulatórias e passam a ter uma intenção precisa e objetiva. Devido ao pensamento operatório as
crianças já conseguem relacionar figuras e organizá-las em uma seqüência cronológica (Parra,
2002).

Considerando que durante o estágio operatório concreto a criança adquire os


elementos necessários para compreender o mundo, mas que o pensamento ainda esta vinculado
à ação, podemos supor que a utilização de recursos visuais tenha um papel importante como
auxiliar pedagógico, pois torna o ensino mais concreto (Parra, 2002). Assim, a utilização de
matérias concretos, como imagens coloridas, cartazes e materiais tridimensionais (que permitam a
manipulação) nas atividades propostas, para esta faixa etária, podem favorecer a aprendizagem
(Schmitz, 1993). No entanto, é importante ressaltar que seja qual for o material utilizado para essa
fase do desenvolvimento é fundamental a participação ativa do sujeito, pois é somente por meio da
ação que o individuo poderá aprender o significado das coisas (Parra, 2002).

Nos trabalhos de orientação sexual, notamos que os materiais mais


utilizados são os visuais e os audiovisuais. Estes e os outros diversos tipos de materiais podem
ser utilizados como estimuladores ou desencadeadores da aula ou ainda como resultados da aula,
neste último caso, sendo produzido pelos próprios alunos, evidenciando a aprendizagem. No
entanto, a existência do material didático não é a solução, pois o professor precisa saber utilizá-lo.
Além disso, os materiais que abordam a sexualidade nem sempre trazem uma preocupação com
as diversas dimensões que a compõe, assim, o professor deve estar preparado para extrapolar os

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limites de um material, às vezes, simples e enriquecer as discussões (Pedroso, 1999). Ou seja, o
material didático deve representar um meio para alcançar determinado objetivo e não deve ser
utilizado como um fim em si mesmo (Schmitz, 1993).

A importância dos materiais didáticos para orientação sexual fica evidenciada


quando notamos que uma das maiores dificuldades apontadas pelos professores e que restringe o
trabalho de Orientação Sexual, é a falta de materiais didáticos. De fato, em uma pesquisa
realizada com professores de uma escola estadual do Rio de Janeiro (RJ), ALTMANN (2003)
constatou ser a fala de materiais adequados uma das principais dificuldades apontada por eles
para o desenvolvimento de temas ligados à sexualidade. PEDROSO (1999), em pesquisa
realizada com professores de ciências das escolas estaduais de Botucatu (SP), constatou que
para os professores a utilização de recursos didáticos é um dos aspectos principais para viabilizar
o trabalho de orientação sexual. Porém, segundo os professores os materiais presentes nas
escolas são insuficientes e pouco diversificados. Essa necessidade de materiais mencionados
pelos professores, provavelmente, deve-se ao fato de que abordar o tema sexualidade requer,
além de diálogos e discussões, também algo que aproxime o aluno da realidade, tornando a aula
mais proveitosa e dinâmica.

Podemos dizer que os materiais didáticos para a orientação sexual nas séries
iniciais do ensino fundamental são necessários e importantes. No entanto, o recurso não é
substituto do professor, pois seu uso efetivo dependerá da habilidade do professor em selecionar,
valorizar e utilizar os recursos de maneira adequada e produtiva. A seleção dos materiais deve
levar em consideração o aluno ao qual se destina (faixa etária, interesses), os objetivos e os
conteúdos a serem aprendidos. Assim, consideramos que cabe ao professor, como dinamizador
do processo da aprendizagem, estar atento às diferentes situações para que os recursos cumpram
sua finalidade, que é, principalmente, facilitar a aprendizagem integrada e dinâmica (Schimitz,
1993).

Assim, considerando a proposta para abordagem da Orientação Sexual como tema


transversal presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais e a importância dos recursos
didáticos para o desenvolvimento adequado desse tema, desenvolvemos uma proposta que teve
como objeto elaborar e produzir materiais didáticos que possam auxiliar os professores das séries
iniciais do ensino fundamental no desenvolvimento de alguns temas relacionados à orientação
sexual, entre eles diferenças entre as pessoas (homens, mulheres e crianças), diferenças entre os
sexos, mecanismos de concepção e gravidez .

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DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA

Investigação inicial

Visando coletar dados que auxiliassem na elaboração e na produção adequadas


dos materiais, realizamos uma investigação sobre a abordagem da sexualidade nas séries iniciais
do ensino fundamental. Essa investigação foi realizada junto aos professores da rede municipal de
ensino de Botucatu – SP, por meio de um questionário composto por dez questões. Foram
entregues 167 questionários e 63 retornaram com respostas.

Em relação aos 63 professores que participaram dessa pesquisa 94% tinham curso
superior e 4,76% estavam cursando. Em relação aos que tinham curso superior completo, a
maioria havia cursado Pedagogia ou outros cursos relacionados à área de educação, como Letras,
Psicologia, Geografia, Estudos Sociais, História e Educação Física. Dos professores que
afirmaram ter curso superior completo, 14,81% não identificaram o curso e apenas 1,85% possuía
curso superior não relacionado à área de educação.

Entre os professores que responderam ao questionário apenas 11,11% lecionavam


há menos de cinco anos. A maioria (58,73%) exercia a profissão entre 6 e 20 anos e 19,05% há
mais de vinte anos.

Do total de professores, 76,19% afirmaram que trabalhavam o tema sexualidade em


suas aulas, 20,63% responderam que não desenvolviam esse tema e 3,17% não responderam.

Pela análise dos questionários constatamos que 24 professores lecionavam no


primeiro ano do ensino fundamental, sendo que destes 58,33% afirmaram trabalhar o tema
“sexualidade”. Já na 2ª série, lecionavam 20, sendo que destes, 55% desenvolviam a “orientação
sexual” durante as aulas. Dos 20 professores que lecionavam no terceiro ano, 66,66% afirmaram
trabalhar esse tema nas aulas. Já no quarto ano, foi encontrado o maior índice de respostas
afirmativas, 76,19% . Vale lembrar que 23,8% dos professores afirmaram lecionar em mais de uma
série. Quatro professores não identificaram a série em que lecionavam, no entanto, afirmaram
desenvolver o tema “sexualidade” em suas aulas. Apenas um não respondeu a esta questão.

Em relação aos tópicos desenvolvidos dentro do tema “sexualidade”, observamos


que 95,23% dos professores que responderam ao questionário incluíam nas aulas o tópico
“higiene e saúde”, 84,12% trabalhavam “corpo” e 66,66% “diferenças entre os sexos”. Já o tópico
“sentimentos e preconceitos” era desenvolvido por 60,31% dos professores, sendo que todos os
professores afirmaram desenvolver mais que um tópico durante suas aulas.

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Quando questionamos sobre quais tópicos os professores consideravam relevantes
para serem desenvolvidos em cada série, notamos que, para 1ª série 32,72% referiam-se ao
tópico “corpo” e 25,45% “higiene e saúde”. Na 2ª série o tópico mais citado (27,14%) foi “higiene e
saúde” seguido de “diferenças entre os sexos” com 25,45%. Os tópicos gravidez e parto e
DSTs/AIDS foram pouco citados para essas séries . Na 3ª série 18,05% dos tópicos referiam-se a
“higiene e saúde”. Na 4ª série os tópicos “DSTs/AIDS” e “Gravidez e parto” apareceram com maior
freqüência. Nesta série os professores citaram com menor destaque os tópicos “diferenças entre
os sexos”, “higiene e saúde” e “corpo”. O tópico “sentimentos e preconceitos” predominou nas 2ªs e
3ªs séries. Muitos professores apontaram outros temas ligados à sexualidade, entre eles:
mudanças físicas e fisiológicas, contracepção, namoro e sexo, homossexualismo e temas mais
gerais, como respeito.

Para realização das aulas, 60,31% professores afirmaram utilizar desenhos na


lousa, 69,84% utilizavam materiais impressos, os vídeos eram utilizados por 22,22% dos
professores e 20,63% utilizavam materiais lúdicos. Apenas 3,17% disseram utilizar materiais
tridimensionais nas aulas, como réplica do corpo humano, sendo que 58,73% professores dizem
utilizar dois ou mais recursos.

Os professores foram questionados em relação à utilização de livros para


preparação das aulas sobre sexualidade e 61,9% afirmaram utilizar algum livro enquanto 38,1%
disseram não utilizar livro.

Analisando o questionário notamos que os professores possuem algumas


dificuldades para o desenvolvimento da orientação sexual. Entre elas, 55% relacionaram a
principal dificuldade com a estrutura da escola, no que diz respeito à falta de material didático
adequado. Apenas 20,6% dos professores apontaram ter dificuldades em relação ao
conhecimento ou informações e as dificuldades que se referem às atitudes e aos valores foram
apontadas por 33% dos professores, sendo que destes 23,8% especificaram ter dificuldades em
relação à reação da família dos alunos.

Na primeira série, aparece o maior índice de dificuldades em relação à falta de


conhecimento e informações e, de fato, alguns professores relataram não saber o que e nem como
abordar o tema sexualidade com as crianças da primeira série.

Com a análise das respostas aos questionários, concluímos que algumas questões
relacionadas à orientação sexual são desenvolvidas nas séries iniciais do ensino fundamental, pois
a maioria dos professores afirmou desenvolver o tema sexualidade em suas aulas. Os assuntos
mais abordados pelos professores durante as aulas são relacionados à higiene e saúde e corpo.
Entretanto notamos uma diferença entre as séries, pois os tópicos “corpo” e “higiene e saúde” são

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desenvolvidos preferencialmente nas 1ªs e 2ªs séries e os tópicos “DSTs/AIDS” e “gravidez e parto”
aparecem com maior freqüência nas 3ªs e 4ªs séries. Para a realização das aulas os professores
afirmaram utilizar preferencialmente materiais impressos, como os desenhos e textos. Em relação
aos problemas encontrados pelos professores para realização da orientação sexual, podemos
dizer que estes são semelhantes para as quatro primeiras séries do ensino fundamental e se
referem à estrutura escolar, especificamente, à falta de materiais adequados.

Estes dados evidenciaram a carência de materiais didáticos adequados para a


abordagem da sexualidade nas séries iniciais, já que a falta de materiais foi apontada como maior
dificuldade para o desenvolvimento da orientação sexual. Indicaram, ainda, a necessidade e a
pertinência da elaboração de materiais que auxiliassem no desenvolvimento de temas
relacionados à sexualidade e contribuíram , assim como a análise da proposta de orientação
sexual presente nos PCNs, para a seleção dos temas a serem abordados.

Elaboração dos materiais

Assim, optamos pelo desenvolvimento de materiais didáticos que auxiliassem o


desenvolvimento dos temas: diferenças entre os sexos, mecanismos de concepção e gravidez e
percepção e respeito ao próprio corpo e às diferenças entre as pessoas.

Para definição dos materiais consultamos a bibliografia com o intuito de


compreender como os temas selecionados são desenvolvidos para essa faixa etária.

A partir disso, iniciamos a confecção dos materiais. Esta etapa exigiu um período de
experimentação, em que vários materiais foram testados, principalmente, para montagem dos
modelos de concepção e gravidez e para produção de um instrumento a partir do qual os
professores pudessem trabalhar as diferenças entre os sexos. Os critérios utilizados para escolha
dos materiais foram: durabilidade, adequação à proposta e materiais que não oferecessem risco
para as crianças.

A elaboração dos materiais envolveu, desde o inicio do processo, uma preocupação


com a adequação à faixa etária dos alunos. Assim, elaboramos materiais concretos e
tridimensionais que permitissem ação e manipulação pelos alunos, com a intenção de aproxima-
los da realidade.Além disso, estivemos atentas para que os materiais não reproduzissem
estereótipos ou possíveis preconceitos ainda presentes na sociedade.

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Materiais produzidos

Os materiais produzidos foram elaborados a partir de uma seqüência que pode ser
adotada pelos professores: diferenças entre as pessoas (homens, mulheres e crianças),
diferenças entre os sexos, mecanismos de concepção e gravidez. Compreendemos que para que
a aprendizagem seja favorecida, é necessário que os professores abram espaço para que as
crianças manipulem os materiais, assim como permitam que elas exponham suas dúvidas,
curiosidades e pensamentos sobre o assunto que está sendo desenvolvido.

Nesta perspectiva foram elaborados e confeccionados oito materiais e apresentadas


sugestões para sua utilização, conforme apresentado abaixo.

1) Bonecos:

♦ 1 boneco de 20 x 30cm com contorno do corpo masculino confeccionado em EVA laranjado;


♦ 1 boneco de 20 x 30cm com contorno do corpo feminino confeccionado em EVA laranjado;

Proposta de utilização: apresentar os bonecos e distribuí-los aos alunos, pedindo para que eles
decidam sobre as características físicas de cada boneco completando-o. Disponibilizar para isso
lápis de cor, giz de cera, e outros materiais para que as crianças possam desenvolver a atividade.
O professor pode aproveitar o momento para abordar temas como imagem corporal, preconceitos
e auto-estima e algumas diferenças entre homens e mulheres. Os bonecos podem ser adotados
ao longo de todo o trabalho e utilizados juntamente com os outros materiais como um personagem
através do qual o professor pode abordar os diferentes temas propostos e os alunos podem expor
suas dúvidas sem constrangimentos.

2) Figuras de homens, mulheres e crianças: 18 figuras impressas em “glossy-paper” retratando


a diversidade de homens, mulheres e crianças, sendo :

♦ 6 figuras de crianças;
♦ 6 figuras de mulheres;
♦ 6 figuras de homens;

Proposta de utilização: as figuras podem ser utilizadas no inicio da aula para o professor
comentar a diversidade entre as pessoas. Feito a primeira exposição, sugerimos que o professor
peça para que as crianças procurem, recortem e montem um cartaz como figuras de homens,
mulheres e crianças. Para isso é preciso disponibilizar revistas e jornais. Quando os trabalhos
estiverem prontos o professor pode montar uma exposição na classe. A partir das figuras e dos
cartazes produzidos pelos alunos o professor pode desenvolver a idéia de que os corpos das

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pessoas diferem em vários aspectos, mostrando que cada pessoa tem um jeito e um corpo
diferente e que todos os corpos são especiais e têm beleza. Pode, ainda, apontar algumas
diferenças e semelhanças entre homens e mulheres.

3) Painéis:

♦ Painel 1: Uma figura com 90 x 80 cm contendo uma menina e uma mulher, mostrando os
órgão sexuais internos e a anatomia interna da mama esquerda e os órgão sexuais externos.
Assim como as características sexuais secundárias femininas;
♦ Painel 2: Uma figura com 90 x 80 cm contendo um menino e um homem, mostrando os órgão
sexuais internos e externos e as características sexuais secundárias masculinas;

Proposta de utilização: sugerimos ao professor expor os painéis e apontar as características dos


corpos, mostrando que eles diferem em alguns aspectos e se assemelham em outros. É
importante que o professor, através de perguntas, tente perceber o que as crianças pensam a
respeito das diferenças entre os sexos e utilize os conhecimentos e as dúvidas durante as
discussões. O objetivo desse material é desenvolver o tema sobre desenvolvimento do corpo,
mostrando as semelhanças e diferenças entre o corpo dos adultos e das crianças e tratar da idéia
das diferenças físicas e fisiológicas entre os sexos.

4) Figuras do aparelho reprodutor masculino e feminino interno:

♦ 2 figuras impressas em “glossy-paper” A4 mostrando a porção interna dos aparelhos


reprodutores femininos e masculinos.

Proposta de utilização: estas figuras podem ser utilizadas em dois momentos: primeiro para
auxiliar o entendimento da porção interna dos aparelhos reprodutores femininos e masculinos
quando o professor estiver utilizando os painéis; e quando o professor for utilizar o modelo de
concepção para explicar onde os gametas são produzidos. Seria interessante se o professor
disponibilizasse as figuras para que os alunos possam pintá-las e arquivá-las.

5) Modelo de concepção:

♦ 1 suporte de madeira com esquema em alto relevo do aparelho reprodutor feminino interno
com 65 x 50 cm, mostrando o útero, os ovários, as tubas uterinas e uma porção da vagina;
♦ 20 espermatozóides grandes com imãs;
♦ 1 óvulo com imã;
♦ 1 zigoto com imã;
♦ estágios embrionários de 2, 4 e 8 células com imãs;
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♦ imãs para fixar as peças ao suporte de madeira,
♦ 1 imã grande para movimentar as peças;
♦ 1 suporte de madeira com um óvulo grande e com espermatozóides ao redor.

Proposta de utilização: O professor pode iniciar explicando quais as partes do aparelho


reprodutor que estão representadas no modelo. É importante que o professor situe os alunos
quanto à posição do aparelho reprodutor no corpo da mulher para que eles tenham uma visão
integrada do corpo. O professor pode, então, utilizando as figuras do aparelho reprodutor
masculino mostrar aos alunos onde os espermatozóides são produzidos e que para que um bebê
seja formado eles precisam ser colocados dentro do corpo da mulher. A partir daí, utilizando as
peças do modelo o professor pode explicar como se processa a fecundação e o desenvolvimento
inicial do embrião dentro do útero da mãe. É importante que o professor utilize o suporte com o
óvulo e com os espermatozóides para mostrar a proporção entre eles. Deve ainda enfatizar que
todas as estruturas mostradas no modelo foram aumentadas para permitir a visualização.

6) Modelo de gestação:

♦ Um suporte de madeira;
♦ Nove cápsulas plásticas transparentes, representando úteros /
♦ Nove fetos do primeiro ao nono mês de gestação, moldados manualmente em durepox e
pintados com tinta acrílica cor da pele.

Proposta de utilização: pode ser utilizado associado às figuras de gestação para que os alunos
relacionem o desenvolvimento do feto com o do corpo da mulher. Por se tratar de uma material
tridimensional e que permite a manipulação pelas crianças, consideramos que ele poderia auxiliar
na compreensão de como o bebê vive e se desenvolve dentro do útero materno.

7) Figuras da gestação:

♦ Nove figuras seqüenciais com 21 x 15 cm, impressas em “glossy-paper”, mostrando o


desenvolvimento do bebê, do momento da fecundação ao nono mês de gestação. As figuras
mostram também as principais modificações no corpo da mulher que ocorrem durante esse
período.

Proposta de utilização: As figuras podem ser utilizadas associadas ao modelo de gestação,


mostrando a relação entre desenvolvimento do bebê e as mudanças no corpo, nos sentimentos e
nas atitudes da mãe. O professor após a primeira apresentação, pode reproduzir as figuras
pedindo para que os alunos as organizem de acordo com a seqüência cronológica. É importante
que o professor desenvolva a idéia dos cuidados necessários durante a gestação.

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8) CD

♦ Um CD contendo fotos que mostram desde a fecundação, passando pelos estágios de


desenvolvimento iniciais do embrião até o nono mês de gestação. A partir do primeiro mês
todas as fotos são acompanhadas de imagens de ultrassonografia.

Proposta de utilização: as imagens podem ser utilizadas associadas ao modelo de concepção e


ao de gestação para os alunos comparem os modelos com as fotos reais. Assim, o professor pode
aproveitar as imagens de ultrassonografia para enfatizar a importância dos cuidados a serem
tomados durante a gravidez e os exames a serem realizados no pré-natal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para o desenvolvimento da orientação sexual podem ser utilizadas diferentes


estratégias. Entre elas, notamos que, os professores julgam importante a utilização de materiais
didáticos, mas que este é um fator limitante, já que os professores relatam que há uma carência de
materiais adequados.

Assim, julgamos pertinente a produção de materiais didáticos para as primeiras


séries do ensino fundamental que abordassem alguns temas relacionados à sexualidade e que
pudessem facilitar a abordagem desse tema nessas séries.

A produção dos materiais envolveu algumas dificuldades referentes à adequação


dos conteúdos à faixa etária, visto que, segundo nossa concepção, há pouco material bibliográfico
que trate desse tema de forma adequada. Algumas idéias foram aos poucos sendo adaptadas
para que pudessem ser utilizadas para as séries iniciais do ensino fundamental.

Acreditamos que os materiais produzidos permitem uma abordagem transversal do


tema sexualidade, já que, sua confecção foi pautada na proposta presente nos Parâmetros
Curriculares Nacionais. Consideramos, ainda, que eles podem ser utilizados nas quatro primeiras
séries do ensino fundamental, com as devidas adaptações para as diferentes séries. Além disso,
concordamos que os materiais permitem outras formas de abordagens dos temas, diferentes das
propostas neste texto.

Consideramos importante ressaltar que compreendemos os materiais como


instrumentos que podem facilitar o processo de aprendizagem, sendo o professor o principal
responsável pelo ensino, dirigindo, orientando, auxiliando e dando vida a todos os meios
auxiliares.

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Julgamos, ainda, importante a produção de um material didático que aborde o tema
parto. Além disso, entendemos que para que a contribuição dos materiais produzidos seja
adequada e efetiva faz-se necessário uma avaliação destes nas escolas, o que permitirá a
detecção de possíveis limitações e posterior adequação do material.

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