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Weber Ursi *
Guilherme de Araújo Almeida **
Palavras-chave: * Mestre e Doutor em Ortodontia pela FOB-USP; Prof. Doutor da Faculdade de Odontologia de São José dos
Maloclusão de Classe II. Campos - UNESP; Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia da APCD - São José dos Campos - SP.
Pêndulo. ** Mestre e Doutor em Ortodontia pela FOB-USP; Prof. Adjunto Doutor da Faculdade de Odontologia da Universi-
dade Federal de Uberlândia; Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia da ABO - Uberlândia - MG.
FIGURA 6 – Aparelho T-Rex, eviden- FIGURA 7 – Confecção do Aparelho FIGURA 8 – Posicionamento das mo-
ciando os elementos de união entre Pêndulo, utilizando apenas os primei- las pré-ativadas (HILGERS, 1992). Fi-
o acrílico e as bandas dos primeiros ros pré-molares bandados, como an- gura 7.
molares superiores permanentes. coragem dentária (HILGERS, 1992). Fi-
gura 4A.
A B C
FIGURA 10 – Vistas dos tubos telescópicos (A), das molas pré-ativadas (B) e encaixadas no corpo do aparelho Pêndulo
(C) (ALMEIDA, R.R. et al. 1999. Figuras 14, 13 e 12A).
D E F
G H I
A B
FIGURA 12 – Telerradiografias, em norma lateral, antes (A) e depois (B) da
distalização dos primeiros molares permanentes, evidenciando o movimento
pendular, também no plano sagital.
A B C
D E F
FIGURA 15 – Vista oclusal antes (A); após a instalação do T-Rex (B); pós-contenção da expansão da maxila e ínicio da
distalização dos primeiros molares permanentes (C); ao término desta distalização (D); segmentos do botão de Nance
devidamente adaptados (E); e, botão de Nance instalado (F).
D E F
G H I
J K L
M N O
P Q R
FIGURA 17 – Vistas intrabucais lateral direita, oclusal e lateral esquerda. Antes da instalação do T-Rex (A, B, C); após a
expansão rápida da maxila (D, E, F); ao início da distalização dos primeiros molares permanentes (G, H, I); ao final da
referida distalização (J, K, L); 4 meses pós-distalização, com os espaços criados entre os primeiros molares permanen-
tes e os segundos molares decíduos sendo fechados pela ação das fibras interdentárias (M, N, O); e, 8 meses depois,
com os espaços completamente eliminados (P, Q, R).
D E F
G H I
J K L
M N O
FIGURA 18 – Vistas intrabucais iniciais (A, B, C); após cimentação do Pendex (D); ao final da distalização dos primeiros
molares superiores (E); com o botão de Nance instalado (F); ao início da retração dos pré-molares, somente com alastic
em cadeia (G, H, I); ao final desta retração, já em fase de alinhamento e nivelamento dentário (J, K, L); e, ao término
do tratamento (M, N, O).
A B C
G H I
J K L
M N
O P
Q R S
FIGURA 19 – Vistas intrabucais iniciais (A, B, C); após a cimentação do Pendex (D, E); ao final da distalização dos
primeiros molares superiores permanentes (F, G, H, I); ao início da retração dos pré-molares com alastic em cadeia e fio
contínuo (J, K, L); ao final do alinhamento e nivelamento dentário (M, N, O, P); e, ao término do tratamento (Q, R, S).
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A alternativa para suavizar tais Retração individual molar e somente após a sua finaliza-
deficiências seria a implementação Provavelmente, a complementação ção e subseqüente reforço da ancora-
de um fio contínuo ou arcos seg- para um melhor controle sobre a dis- gem, conjugando-o ao molar é que
mentados passivos, o que embora talização dos pré-molares, associada promover-se-ia a distalização do pri-
introduzisse alguma fricção na dis- a uma menor exigência do dispositivo meiro, também associando-o aos de-
talização dos pré-molares, exigin- de ancoragem adotado, seja a reali- mais dentes posteriores, ao final des-
do maior eficiência da unidade de zação de uma retração individual de ta etapa (FIG. 20).
ancoragem, aumentaria o controle cada dente. Independente da utiliza- Embora todo este processo neces-
sobre a disposição do longo eixo e ção de um fio contínuo ou arcos seg- sariamente envolva um maior perío-
a tendência rotacional destes den- mentados passivos de 0,016”, a re- do de tempo, este tende a apresentar
tes (FIG. 19). tração iniciar-se-ia pelo segundo pré- um melhor prognóstico quanto a pre-
A B C
D E F
H I J
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L M N
P Q R
T U V
FIGURA 20 – Vistas intrabucais iniciais (A, B, C); ao final da distalização dos primeiros molares superiores (D, E, F, G);
ao início da retração individual dos pré-molares com alastic e fio de aço segmentado (H, I, J, K); em uma fase interme-
diária da retração, com os segundos pré-molares já conjugados aos primeiros molares (L, M, N, O); durante a retração
ântero-superior, com os segmentos posteriores conjugados e sem o botão de Nance (P, Q, R, S); e, ao término do
tratamento (T, U, V).
servação da relação molar e a quali- trabalhos abordando a utilização prin- tivamente pequeno (BORTOLOZO et al.,
dade do posicionamento dos pré-mo- cipalmente dos aparelhos Pêndulo e 2001; BOTELHO, 2000; BUSSICK,
lares, obtido até então. Pendex, resumem-se à descrição dos 1997; BYLOFF; DARENDELILER,
mesmos, a literatura pertinente ao estu- 1997, GHOSH; NANDA, 1996;
REVISÃO DA LITERATURA do dos efeitos dentoalveolares e MARTINS et al., 1996; MOUCACHEN,
Ao considerar-se que os primeiros esqueléticos existe em um número rela- 2001; SNODGRASS, 1996; URSI et
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al., 2000, 2001). Mesmo assim, res- ção mesial tardia no primeiro molar molares intruíram 1,68mm enquan-
postas referentes à influência deste tipo permanente inferior, o que ajudou na to os segundos pré molares extruíram
de mecânica sobre os molares, os inci- correção da Classe II. A altura facial 0,78mm. Os autores concluíram que
sivos, a unidade de ancoragem(pré- ântero-inferior aumentou 2,79mm, é possível se corrigir deficiências
molares ou molares decíduos), a dimen- sendo que esse ganho foi maior nos transversais em combinação com o
são vertical da face, a possível partici- pacientes que possuíam uma medida movimento de distalização dos mo-
pação dos segundos molares e a época inicial do plano de Frankfort com o lares e que o aparelho não cria mor-
ideal do tratamento(dentadura mista X plano mandibular (FMA) maior que dida aberta dental ou esqueletal. Re-
permanente), ainda que com alguma 24º. Concluíram que este aparelho é latam que a perda de ancoragem dos
divergência, já permite a elaboração de efetivo na distalização de molares su- incisivos é mínima e que os primei-
um escopo capaz de delinear as possi- periores, embora apresente alguns in- ros molares, na presença ou ausên-
bilidades de utilização destes aparelhos. convenientes como perda de ancora- cia dos segundos molares não apre-
Hilgers (1992), ressaltou a ten- gem e aumento de dimensão vertical. sentou diferenças estatisticamente
dência de abertura da mordida, con- Martins et al. (1996) propuseram significantes quanto ao movimentos
seqüente ao movimento distal dos algumas modificações no aparelho de distalização e inclinação.
molares, não sendo preocupante em original, como a introdução de mo- Bussick em 1997 realizou um tra-
pacientes braqui e mesofaciais, reco- las duplas, nos primeiros e segundos balho com 101 pacientes sendo 56
mendando que pacientes com padrão molares e apoios oclusais nos incisi- mulheres e 45 homens ambos com
vertical sejam tratados de maneira vos e caninos superiores. média de idade de 12 anos e um mês
convencional com extrações, AEB Byloff e Darendeliler em 1997 e que utilizaram o Pêndulo por sete
tração alta, Placa Lábio Ativa, ou estudaram telerradiografias de 13 meses em média. Os resultados en-
outros métodos de controle vertical. pacientes (nove mulheres e quatro contrados mostram que os efeitos des-
Ghosh e Nanda em 1996 avalia- homens com média de idade 11 anos se tratamento são muito mais dento-
ram 41 pacientes (26 mulheres e 15 e um mês) que utilizaram o aparelho alveolares que esqueléticos, com au-
homens) que utilizaram o aparelho de Pêndulo por 16,6 semanas, em mé- mento do overjet, diminuição da so-
Pêndulo similar ao descrito por Hilgers dia. Em comparação com os traba- bremordida e a correção da relação
para distalização bilateral dos primei- lhos de Hilgers 1991, 1992, 1998) de molar para uma Classe I. Os efeitos
ros molares superiores e concluíram onde a reativação é raramente ne- dentoalveolares encontrados mostram
que 57% da correção da Classe II foi cessária, neste estudo as molas fo- que os primeiros molares distalizaram
pela distalização dos molares e 43% ram ativadas inicialmente só com 45º 5,7mm inclinaram distalmente 10,6º
por perda de ancoragem. Não obser- medindo uma força inicial de 250 e os primeiros pré-molares mesializa-
varam mudanças significativas no gramas, seguidas por uma ou duas ram em média 1,8mm e inclinaram
sentido vertical da posição do primei- ativações. Isso poderia explicar a di- 1,5º para mesial. No sentido vertical
ro molar, com uma intrusão média de ferença de tempo de tratamento sen- os molares intruíram 0,7mm e os pri-
0,1 mm. A média de distalização dos do que neste estudo a distalização meiros pré molares extruíram 1,0mm.
primeiros molares superiores foi de ocorreu entre quatro a cinco meses e A sobressaliência aumentou 0,8mm
3,37mm com uma inclinação distal de com a técnica de Hilgers (1992), de e a sobremordida diminui de 1,7mm.
8,36º. O movimento recíproco para dois a três meses. Quando termina- Alterações nos tecidos moles foram
mesial dos primeiros pré-molares foi da a distalização dos molares, ao re- suaves, com o lábio superior protruin-
em média de 2,55mm, com uma in- mover o Pêndulo foi instalado imedi- do 0,6mm como resposta do incisivo
clinação mesial de 11,29 e uma ex- atamente um arco de Nance e man- superior que proclinou levemente. Es-
trusão de 1,77mm. Os segundos mo- teve-se o molar em posição no míni- queleticamente as alterações foram
lares quando presentes, distalizaram mo por três meses aguardando a suaves. A inclinação do plano palati-
em média 2,27mm (0,9 menos que migração espontânea para distal dos no permaneceu sem mudanças du-
os primeiros molares), inclinaram dis- pré-molares. Encontramos como re- rante o período de tratamento. O pla-
talmente 11,99º, e sofreram uma sultado que do espaço obtido, 67,5% no oclusal e o plano mandibular au-
intrusão média de 0,47mm. Neste tra- resultou da distalização de molares e mentaram 1,1º e 1,0º respectivamente
balho, 18 pacientes apresentavam se- 32,5% perda de ancoragem. No pla- em relação ao plano de Frankfort. A
gundos molares presentes e 23 não, no sagital os primeiros molares mandíbula sofreu um movimento de
indicando que a erupção dos segun- distalizaram em média 3,39mm, en- rotação para trás e para baixo de 1,0º
dos molares tem mínimos efeitos so- quanto segundos pré-molares mesi- o que ajudou a diminuir a sobremor-
bre a distalização dos primeiros mola- alizaram 1,37mm, abrindo um espa- dida (1,7mm). Como conseqüência
res. No total 17 pacientes estavam na ço entre eles de 5,53mm em média. dessas alterações esqueléticas relata-
dentadura mista tardia, tendo inclina- Em relação ao plano palatino, os das e somando-se a isso o fato do
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molar inferior ter extruído 0,7mm, a pré-molares 1,7mm, enquanto os efetiva no grupo tratado na dentição
altura facial anterior aumentou duran- molares foram distalizados em mista, sem que se notasse diferença
te o tratamento 2,2mm. Houve uma 1,4mm e inclinados em 8o. Não veri- na perda de ancoragem.
diferença estatisticamente significan- ficou ainda, quaisquer mudanças no Bortolozo et al. (2001), revisan-
te no grupo com segundo molar per- perfil de tecido mole e na posição do a literatura e apresentando um
manente no aumento vertical após a mandibular. Concluiu que o aparelho caso clínico constataram que o
distalização do primeiro molar. O au- Pendex é efetivo para a correção da Pendex parece ser efetivo na clínica
tor analisou também as diferenças de Classe II, embora cuidados devam ser diária, particularmente para pacien-
perda de ancoragem quando esta é tomados para reforçar a ancoragem. tes não cooperativos. Os casos a se-
feita com molares decíduos ou com pré Moucachen (2001) avaliou as rem tratados devem apresentar so-
molares presentes e chegou a conclu- alterações cefalométricas verticais a mente comprometimento dentoalve-
são que quando a dentição permanen- curto prazo dos componentes dento- olar e moderada deficiência do arco,
te está presente para ancoragem, a alveolares e esqueléticos provocadas estando contra-indicado para Classe
extrusão dos primeiros molares supe- pelo Pendex em 48 pacientes, sendo II esquelética, com excesso vertical.
riores é maior e resultando num au- 24 do sexo masculino, com idade
mento na altura facial anterior (2,4vs. média de 10 anos e cinco meses; e Indicações
1,6mmm) e diminuição da sobremor- 24 do feminino, com idade média de Ao se avaliar os efeitos provoca-
dida (1,5mm). 11 anos e 7 meses. Os resultados dos por este tipo de mecânica, fica cla-
Ursi et al. (2000) verificaram os indicaram que não houve alterações ro que estes são predominantemente
efeitos a curto prazo (6-7 meses) do significantes no padrão de crescimen- dentoalveolares, acompanhados por
Pendex nos componentes dentoalve- to original, com uma tendência a um um aumento variável na altura facial
olares superiores. O grupo experimen- maior aumento na altura facial ânte- ântero-inferior proveniente principal-
tal consistiu de 26 pacientes com ida- ro-inferior. Os incisivos superiores mente, pela extrusão dos elementos
des médias de 11 anos e 4 meses. vestibularizaram e extruíram, en- dentários da unidade de ancoragem.
Foram tomadas radiografias cefalo- quanto os molares apresentaram um Pelo exposto, pode-se afirmar que
métricas em norma lateral antes da comportamento vertical inalterado. as indicações para a utilização dos
cimentação do aparelho e logo após Concluiu que esta terapia não deve aparelhos Pêndulo, Pendex e T-Rex
a sua remoção. Foram realizadas ser instituída em padrões morfoge- convergem exclusivamente para as
sobreposições regionais para avaliar néticos onde a dimensão vertical é a más oclusões Classe II dentoalveola-
os efeitos nos primeiros molares su- preponderante. res, predominantemente horizontais e
periores, incisivos centrais superio- Procurando comparar os efeitos suas variações (BUSSICK, 1997;
res, plano palatino e altura facial do Pendex utilizado nas dentições BYLOFF; DARENDELILER, 1997;
ântero-inferior. Os resultados eviden- mista e permanente, Ursi et al. GHOSH; NANDA, 1996; HILGERS,
ciaram uma extrusão dos incisivos su- (2001), avaliaram uma amostra 1991; URSI et al., 2000, 2001).
periores, distalização (2mm) e incli- constituída de 15 pacientes na den-
nação (11,2o) dos molares superio- tição mista com idade inicial média Corrigir Classe II Dentoalveo-
res e aumento da altura facial em de 8 anos e 4 meses e 15 pacientes lares
1,5mm. Utilizando as sobreposições na dentição permanente jovem com Desde que não comprometida por
regionais, verificou-se que a distali- idade média de 12 anos e 6 meses. excessivos incrementos verticais na
zação foi responsável por 60% do Foram tomadas radiografias cefalo- altura facial ântero-inferior, esta é a
espaço aberto entre os molares e pré- métricas em norma lateral antes da melhor indicação para estes tipos de
molares. cimentação do aparelho e logo após aparelhos, tanto na dentadura mis-
Botelho (2000) realizou uma ava- a sua remoção. Foram realizadas ta, como na permanente.
liação cefalométrica dos efeitos den- sobreposições regionais para avaliar Conforme já mencionado, o pro-
tários e esqueléticos sagitais, resul- os efeitos nos primeiros molares su- tocolo de tratamento envolve a expan-
tantes da distalização de molares su- periores, incisivos centrais superio- são prévia da maxila, se necessária; a
periores utilizando o aparelho Pendex res, plano palatino e altura facial distalização dos primeiros molares
em 26 pacientes com média etária de ântero-inferior. Concluíram que o superiores permanentes; o estabeleci-
10 anos e 8 meses. Verificou que aparelho Pendex provocou uma in- mento da ancoragem pós-distalização
72,1% do espaço aberto era deriva- clinação distal e distalização dos pri- e a retração dos demais dentes do seg-
do da distalização do primeiro molar meiros molares permanentes assim mento posterior, seguida pelos subse-
superior, sendo 27,9% perda de an- como alguma perda de ancoragem no qüentes procedimentos comuns às
coragem. Os incisivos superiores se segmento anterior em ambos grupos. correções deste tipo de má oclusão.
moveram para anterior 1,9mm e os Entretando, a distalização foi mais Como exemplo, o caso clínico a
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ser descrito representa uma paciente bos os lados, com a presença de api- Finalizada a expansão maxilar
leucoderma, com 12a 5m de idade, nhamento ântero-superior, pequena (FIG. 25 E-H) e após um período de
em fase de dentadura permanente, giroversão mesial dos primeiros mo- contenção inicial de 1 (um) mês, os
apresentando má oclusão de Classe lares permanentes e atresia lateral da elementos de união entre o acrílico
II, divisão 1. maxila (FIG. 22 A-D). e as bandas dos primeiros molares
Na análise facial frontal, verificou- Radiograficamente, evidenciou-se foram removidos, iniciando o pro-
se que a paciente apresentava adequa- uma boa condição radicular (FIG. cesso de distalização destes dentes
da simetria facial, boa proporcionali- 23), uma relação das bases ósseas (FIG. 25 I-L).
dade entre os terços da face e um sela- aceitável, uma tendência de cresci- A distalização dos primeiros mo-
mento labial passivo (FIG. 21A). Em mento craniofacial favorável, com lares superiores permanentes ocorreu
norma lateral, observou-se um perfil predominância do vetor horizontal e ao longo de 4 meses. Ao final deste
agradável, com um ângulo nasolabial uma vestibularização dos incisivos período, embora a literatura seja unâ-
aceitável (FIG. 21B-C). Sorrindo a pa- superiores e inferiores (FIG. 24). nime em identificar alguma perda de
ciente denotou uma exposição de toda O plano de tratamento envolveu ancoragem, com conseqüente procli-
a coroa clínica dos incisivos superiores a expansão ortopédica da maxila, a nação dos incisivos, as fotografias de
e a presença de um corredor bucal evi- obtenção da relação molar e de ca- frente, perfil e em close não evidenci-
dente, sugerindo uma possível atresia ninos normal e o alinhamento e ni- aram alterações significantes na face
lateral da maxila (FIG. 21D). velamento dentário. Para tanto, foi da paciente (FIG. 26 A-C). A relação
Ao exame intrabucal, observou- instalado inicialmente um aparelho molar foi considerada ideal quando
se uma relação de ½ classe II em am- T-Rex (FIG. 25 A-D). identificou-se o posicionamento dos
A B
C D
FIGURA 21 – Vistas extrabucais iniciais de frente (A); perfil (B); em close (C);
e, sorrindo (D).
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A B C
D
FIGURA 22 – Vistas intrabucais iniciais lateral direita (A); de frente (B); lateral esquerda (C), e, oclusal (D).
M.C.G. 12a 5m
NAP: 5
ANB: 3
SNA: 82
A-Nperp: 0
SNB: 79
Pg-Nperp: -4
1.Pp: 117
IMPA: 100
FMA: 22,5
Sn.Gn: 68
Sn.GoGn: 28
Co-A: 93
Co-Gn: 117
Afal: 68
Co-Go: 59
119-122 65-66
FIGURA 23 – Radiografia panorâmica inicial. FIGURA 24 – Telerradiografia inicial (12a 15m).
A B C
D
FIGURA 25 – Vistas intrabucais lateral direita, frente, lateral esquerda e oclusal superior na instalação do aparelho T-Rex
(A, B, C, D).
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E F G
I J K
L
FIGURA 25 (Continuação) – ao final da expansão da maxila (E, F, G, H); e, ao início do processo de distalização dos
primeiros molares superiores permanentes (I, J, K, L).
A B C
FIGURA 26 – Vistas extrabucais de frente, perfil e em close, após distalização dos primeiros molares superiores perma-
nentes.
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molares em super Classe I (FIG. 27 A- sultados foram considerados satis- o mesmo acontecendo com as dimen-
D). Neste momento, o aparelho T-Rex fatórios, tanto do ponto de vista ex- sões verticais da face, especificamente
foi removido, instalando-se imediata- tra (FIG. 31), como intrabucal (FIG. neste caso.
mente um botão de Nance, como an- 32), sem qualquer tipo de alteração
coragem (FIG. 27 D). na postura muscular e nas dimen- Recuperar Espaços
Ao avaliar-se as radiografias, per- sões da face; à exceção da maior Apenas uma variável das Classe
cebe-se um predominante efeito den- amplitude do sorriso, dada pela ex- II dentoalveolares, este tipo de indi-
tário, provocado por este aparelho pansão ortopédica da maxila (FIG. cação envolve principalmente, situ-
(FIG. 28), não espelhando de forma 31D). ações onde há a perda precoce de
significativa qualquer tipo de incre- Avaliando-se as radiografias (FIG. algum dente póstero-superior decí-
mento vertical no terço ântero-infe- 33-34), percebe-se que o ganho res- duo, com conseqüente redução no
rior da face da paciente (FIG. 29). tringiu-se essencialmente à obtenção de comprimento e perímetro do arco
Após retração dos demais dentes uma boa relação oclusal, com os valo- dentário, ou quando alguma ano-
póstero-superiores, a paciente subme- res provenientes das grandezas cefalo- malia irruptiva dos primeiros mola-
teu-se à seqüência de rotina para o métricas empregadas praticamente os res superiores permanentes envol-
tratamento ortodôntico corretivo da mesmos daqueles da fase inicial. A rela- ve o custo biológico da sua impac-
má oclusão de Classe II (FIG. 30). ção das bases ósseas e a inclinação dos ção e/ou reabsorção parcial dos se-
Ao término do tratamento os re- incisivos se manteve quase inalterada, gundos molares decíduos. Quando
A B C
D
FIGURA 27 – Vistas intrabucais lateral direita (A), frente (B), lateral esquerda (C) e oclusal (D), após distalização dos
primeiros molares permanentes na instalação do aparelho.
M.C.G. 12a 9m
NAP: 5
ANB: 3
SNA: 82
A-Nperp: 0,5
SNB: 79
Pg-Nperp: -4,5
1.Pp: 117,5
IMPA: 101
FMA: 23
Sn.Gn: 68,5
Sn.GoGn: 29
Co-A: 93
Co-Gn: 117,5
Afal: 69
Co-Go: 59,5
119-122 65-66
FIGURA 28 – Radiografia panorâmica ao final da distaliza- FIGURA 29 – Telerradiografia pós-distalização do primeiro
ção dos primeiros molares permanentes. molar permanente (12a 9m).
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A B C
D
FIGURA 30 – Vistas intrabucais, lateral direita (A), frente (B), lateral esquerda (C) e oclusal (D), após a remoção do
botão de Nance, já em uma fase adiantada do tratamento.
A B
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A B C
D
FIGURA 32 – Vistas intrabucais finais, lateral direita (A), frente (B), lateral esquerda (C) e oclusal (D).
M.C.G. 14a 7m
NAP: 4
ANB: 2,5
SNA: 82,5
A-Nperp: 0,5
SNB: 80
Pg-Nperp: -3
1.Pp: 117
IMPA: 98
FMA: 22
Sn.Gn: 68,5
Sn.GoGn: 27
Co-A: 94
Co-Gn: 120
Afal: 70
Co-Go: 62,5
FIGURA 33 – Radiografia panorâmica final. 119-122 65-66
FIGURA 34 – Telerradiografia final (14a 7m).
isto acontece unilateralmente, o que do a nítida perda de espaço para a com as molas de TMA previamente
normalmente ocorre, a distalização irrupção do primeiro pré-molar su- ativadas (FIG. 38 A-C), o paciente
solicitada é só de um lado, permitin- perior esquerdo (FIG. 36) foi submetido à expansão rápida da
do uma maior capacidade de anco- Cefalometricamente, o paciente maxila (FIG. 39 A-D). Ao final da
ragem do aparelho, minimizando os apresentava uma boa relação das expansão, após 1 mês de conten-
seus efeitos deletérios. bases ósseas, embora ambas estives- ção, iniciou-se a distalização dos pri-
Paciente Classe II, divisão 1, sem retruídas. Uma tendência de cres- meiros molares superiores perma-
com perda precoce do primeiro cimento desfavorável, com predomi- nentes, até que este alcançasse uma
molar decíduo superior esquerdo e nância do vetor vertical; porém, ain- relação de super Classe I (FIG. 39
atresia lateral da maxila. Embora da sem qualquer tipo de manifesta- E-H).
sua queixa principal fosse uma pro- ção dento-esquelética significativa até A radiografia panorâmica evi-
vável protrusão dentária superior então. Os incisivos superiores esta- denciou quantitativamente a dis-
(FIG. 35 C-E), sua face apresenta- vam vestibularizados, enquanto que talização efetuada (FIG. 40). Do
va-se equilibrada e simétrica, com os inferiores mostravam-se verticali- ponto de vista cefalométrico, a al-
um bom selamento labial e perfil zados (FIG. 37). teração mais significativa foi o
convexo (FIG. 35 A-B). O planejamento consistiu de um comportamento uniforme de au-
A análise da radiografia pano- aparelho T-Rex, seguido de um bo- mento na leitura das grandezas
râmica permitia a visualização de to- tão de Nance até que a fase de den- voltadas para as interpretações do
dos os dentes permanentes, a partir tadura mista chegasse ao fim. comportamento vertical da face,
dos segundos molares; evidencian- Após cimentação do aparelho, ainda que de forma suave (FIG. 41).
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A B
C D E
FIGURA 35 – Vistas iniciais extrabucais de frente (A) e perfil (B) e intrabucais lateral direita (C), frente (D), e lateral
esquerda (E).
F.V.F.F. 9a 11m
NAP: 5,5
ANB: 2,5
SNA: 74,5
A-Nperp: -1,5
SNB: 72
Pg-Nperp: -4
1.Pp: 119
IMPA: 83,5
FMA: 30,5
Sn.Gn: 70
Sn.GoGn: 40
Co-A: 86
Co-Gn: 107
Afal: 61
Co-Go: 46
107-110 60-62
FIGURA 36 – radiografia panorâmica inicial. FIGURA 37 – Telerradiografia inicial (9a 11m).
A B C
FIGURA 38 – Vistas oclusais antes (A), durante (molas pré-ativadas) (B) e após a instalação do T-Rex (C).
R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 87-123, mar./abr. 2002 111
A B C
E F G
H
FIGURA 39 – Vistas intrabucais lateral direita, frente, lateral esquerda, oclusais pós-expansão maxilar (A, B, C, D) e
após a distalização dos primeiros molares permanentes (E, F, G, H), já com o botão de Nance instalado.
F.V.F.F. 10a 4m
NAP: 6,5
ANB: 3,5
SNA: 74,5
A-Nperp: -1,5
SNB: 71
Pg-Nperp: -7
1.Pp: 116,5
IMPA: 86
FMA: 31,5
Sn.Gn: 71,5
Sn.GoGn: 41,5
Co-A: 86,5
Co-Gn: 108
Afal: 63
Co-Go: 46
107-110 60-62
FIGURA 40 – Radiografia panorâmica após a remoção do FIGURA 41 – Telerradiografia após a remoção do aparelho
aparelho T-Rex. T-Rex (10a 4m).
112 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 87-123, mar./abr. 2002
A B C
E F G
H
FIGURA 42 – Vistas intrabucais lateral direita, frente, lateral esquerda e oclusais em uma fase intermediária da retração
dos molares decíduos, pela ação das fibras interdentárias (A, B, C, D) e ao final deste processo de distalização destes
dentes, com a recuperação de espaço para a irrupção do primeiro pré-molar superior esquerdo (E, F, G, H).
Considerando que o paciente já lho T-Rex foi substituído por um (FIG. 42 A-H).
apresentava esta tendência e que botão de Nance (FIG. 39 E-H), Ao final de um período de 16
este tipo de resposta é inerente com o objetivo de ancorar os pri- meses, finalizou-se a fase de den-
desta modalidade de aparelhos, meiros molares permanentes e tadura mista, com o paciente apre-
praticamente era de se esperar que permitir apenas a ação das fibras sentando uma boa proporção facial
isto acontecesse. interdentárias sobre os molares (FIG. 43 A, B) e uma relação oclu-
Obedecendo seqüência clínica decíduos, distalizando-os e recu- sal posterior normal (FIG. 43 C-E),
própria deste tipo de mecânica, perando o espaço para o primei- necessitando apenas de alinha-
ao final da distalização o apare- ro pré-molar superior esquerdo mento e nivelamento dentário.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 87-123, mar./abr. 2002 113
A B
C D E
FIGURA 43 – Vistas extrabucais de frente (A) e perfil (B), e intrabucais lateral direita (C), frente (D) e lateral esquerda
(E), ao final da fase de dentadura mista.
A B
C D E
FIGURA 44 – Vistas iniciais extrabucais de frente (A) e perfil (B) e intrabucais, lateral direita (C), frente (D) e lateral
esquerda (E).
114 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 87-123, mar./abr. 2002
Ganhar Espaços tra bem isto. Paciente leucoderma, tipo de alteração patológica que in-
Uma última indicação seria para do sexo masculino, com 8a 8m de viabilizasse o tratamento ortodôn-
as situações onde a possibilidade de idade, um perfil convexo, bom se- tico (FIG. 45). A avaliação cefalo-
uma discreta distalização dos primei- lamento labial e uma proporção dos métrica fortaleceu a avaliação facial
ros molares superiores a uma con- terços faciais aceitável, embora a de uma boa relação entre as bases
dição de super Classe I, associada à altura facial ântero-inferior apre- apicais, embora um aumento de
expansão ortopédica da maxila pu- sentasse levemente aumentada 3mm no terço ântero-inferior da
desse fornecer espaço suficiente (FIG. 44 A, B). face se fizesse presente. A tendên-
para os casos de apinhamento ân- Ao exame intrabucal, o pacien- cia de crescimento era favorável e
tero-superior borderline; reduzindo te mostrava uma discreta Classe II, equilibrada e os incisivos apresen-
ou evitando a possibilidade de ex- divisão 1, acompanhada de suave tavam-se levemente verticalizados
trações de pré-molares. apinhamento ântero-superior e (FIG. 46).
Segundo Grummons (2001), atresia lateral da maxila (FIG. 44 O planejamento ortodôntico obje-
estes tipos de condutas simultâne- C-E). tivou o ganho de espaço no arco su-
as ou subseqüentes (expansão + A radiografia panorâmica evi- perior. Por meio de expansão da ma-
distalização) permitiria a obtenção denciava a presença de todos os xila (FIG. 47 A-D) e distalização dos
de um espaço adicional variando de dentes permanentes, a partir dos primeiros molares permanentes,
4 a 9mm. O exemplo a seguir ilus- segundos molares, sem qualquer acompanhada da vestibularização dos
H.H.G.S. 7a 8m
NAP: 9
ANB: 3,5
SNA: 81
A-Nperp: 0,5
SNB: 77,5
Pg-Nperp: -5,5
1.Pp: 105
IMPA: 89
FMA: 22,5
Sn.Gn: 66
Sn.GoGn: 30
Co-A: 80
Co-Gn: 98
Afal: 61
Co-Go: 48
97-100 57-58
FIGURA 45 – Radiografia panorâmica inicial. FIGURA 46 – Telerradiografia inicial (7a 8m).
A B
C D
FIGURA 47 – Vistas oclusais antes da instalação do T-Rex (maxila atrésica)
(A), após cimentação do aparelho (B), pós-expansão (C) e ao início da dista-
lização dos primeiros molares superiores permanentes (D).
R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 87-123, mar./abr. 2002 115
incisivos inferiores (FIG. 48 A-D). A dibular (FIG. 50). radamente aumentado e a exigência
este intento, optou-se pelo aparelho Ao final da distalização, 8 meses funcional por um refinado posiciona-
T-Rex, no arco superior e pela placa depois, a ancoragem adotada foi o mento dentário (FIG. 52C-E).
labio ativa, no inferior. botão de Nance, estabilizando os pri-
Distalizados os primeiros molares meiros molares permanentes en- INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS:
superiores permanentes, a radiogra- quanto os molares decíduos subme- Inflamação
fia panorâmica transpareceu a incli- tiam-se à força de retração proveni- Embora o Pêndulo, o Pendex e
nação do longo eixo para a distal, ente da ação das fibras interdentári- o T-Rex se enquadrem no grupo
assumida por estes dentes, ao final as (FIG. 51 A-H). de aparelhos de colaboração mí-
da sua movimentação (FIG. 49) e a Finalmente, os resultados alcança- nima, estes necessitam de um bom
telerradiografia demonstrou que os dos ao término do segundo período controle de higiene. Afinal, na
incisivos sofreram ligeira vestibulari- transitório da dentadura mista. As medida que procedimentos expan-
zação, acompanhados de discreto in- proporções faciais de frente e perfil sivos e de distalização são intro-
cremento vertical na altura facial mantiveram-se relativamente propor- duzidos, uma maior compressão do
ântero-inferior, responsável pela ten- cionais (FIG. 52 A, B), o mesmo acon- acrílico sobre o palato se faz pre-
dência de aumento quantitativo nos tecendo com a relação oclusal; com sente. Conseqüentemente, um pro-
valores referentes ao crescimento cra- os dentes satisfatoriamente alinhados, grama de higienização adequado deve
niofacial e ao grau de retrusão man- salvo o grau de sobremordida mode- ser estabelecido, orientando-se o
A B C
D
FIGURA 48 – Vistas intrabucais lateral direita (A), de frente (B), lateral esquerda (C) e oclusal (D), ao final da distaliza-
ção dos primeiros molares superiores permanentes.
H.H.G.S. 8a 4m
NAP: 10
ANB: 5
SNA: 81,5
A-Nperp: 1
SNB: 76,5
Pg-Nperp: -7
1.Pp: 109
IMPA: 90
FMA: 23
Sn.Gn: 66,5
Sn.GoGn: 31,5
Co-A: 80
Co-Gn: 98
Afal: 63
Co-Go: 48
97-100 57-58
FIGURA 49 – Radiografia panorâmica após a remoção do FIGURA 50 – Telerradiografia após a remoção do aparelho T-
aparelho T-Rex. Rex (8a 4m).
116 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 87-123, mar./abr. 2002
A B C
E F G
C D E
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paciente a eliminar qualquer resíduo mola pode ser confeccionada com to- Impacção dos Segundos Mola-
alimentar que porventura venha a se dos os seus componentes (FIG. 54F) e res Superiores Permanentes
inserir abaixo do aparelho. inserida no acrílico, sem a necessidade Os movimentos de distalização
Concomitante à escovação roti- de remoção do aparelho. Para tanto, dos primeiros molares superiores per-
neira, jatos de água deverão ser di- uma cavidade retentiva deve ser feita manentes sempre trazem à luz,
rigidos às bordas do acrílico de no acrílico com uma broca esférica para questionamentos referentes à possi-
modo a percorrer toda a superfície alta rotação, fixando a mola com re- bilidade de impacção dos segundos
do aparelho em contato direto com sina acrílica auto-polimerizável. Este pro- molares em processo de irrupção.
a mucosa palatina. Isto pode ser feito cedimento, quando bem realizado, per- No caso dos aparelhos Pêndulo,
pelo próprio paciente por meio de mite a continuidade do tratamento, não Pendex e T-Rex onde o movimento de
uma seringa de 20ml ou um apare- comprometendo o processo de distali- distalização é predominantemente
lho Water Pik, pelo menos após cada zação dos molares previamente plane- pendular, este tipo de dúvida toma uma
refeição principal. Caso contrário, si- jado (FIG. 54). conotação aparentemente lógica,
nais de inflamação poderão compro-
meter a mecânica, exigindo até a re-
moção completa do distalizador em
questão (FIG. 53).
A B C
D
FIGURA 54 – Paciente Classe II dentoalveolar. Vistas intrabucais iniciais laterais direita (A) de frente (B) e lateral
esquerda (C), e oclusal (D).
118 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 87-123, mar./abr. 2002
E F G
H I J
L M N
O
FIGURA 54 (Continuação) – Vistas oclusais, com a mola de TMA esquerda fraturada (E), após a inserção de nova mola
(F) e ao início do processo de distalização (G). Vistas intrabucais após a sobrecorreção da relação molar (H, I, J, K) e ao
final da fase de dentadura mista (L, M, N, O).
dada a disposição axial dos primei- da literatura; há de se supor que pos- Segundo Nanda, os segundos
ros molares, com a coroa voltada sivelmente fatores fisiológicos como molares apresentam um trajeto de ir-
para a distal, ao final da referida mo- o trajeto de irrupção dos segundos rupção correspondente à sua dispo-
vimentação. molares, o processo de crescimento sição de longo eixo voltada para a
Entretanto, considerando que este ósseo e a presença dos terceiros mo- distal, assegurando o seu devido po-
tipo de casuística não reflete a reali- lares, na região do túber da maxila, sicionamento no arco dentário pelo
dade, não merecendo sequer uma sejam capazes de reduzir a probabili- processo de deposição óssea na re-
abordagem mais específica por parte dade de tal ocorrência. gião posterior da maxila.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 87-123, mar./abr. 2002 119
A B
A B
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A B
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CONSIDERAÇÕES FINAIS provocada por este tipo de movimen- quando este dente já está em sua
Pelos resultados da literatura to. Conforme representado na figura posição final.
compulsada fica evidente que certas 58, à força para trás e para cima Na tentativa de reduzir tal per-
tendências se mantêm em todos os imposta aos primeiros molares per- da de ancoragem, ganha força a
trabalhos, particularmente quanto ao manentes superiores, uma mesma conveniência em se realizar de for-
comportamento vertical da altura magnitude reacional em direção con- ma prévia a expansão ortopédica
facial ântero-inferior, mostrando au- trária, para frente e para baixo, so- da maxila, quando solicitada. A
mentos deletérios na região anterior bre os elementos dentários da uni- adoção deste protocolo terapêutico,
não anulados pelos incrementos pos- dade de ancoragem, estaria presente além de adequar antecipadamente
teriores. Este crescimento descom- extruindo e mesializando os pré-mo- as proporções transversais entre os
pensado, em casos com padrão lares ou predecessores decíduos. Con- arcos dentários, permitiria a redu-
hiperdivergente, pode acarretar uma sequentemente, quanto maior a dis- ção de prováveis interferências
maior exposição incisal e deficiência talização ou a resistência a este mo- oclusais no movimento de distali-
de selamento labial. vimento, maior seria esta força de re- zação dos molares.
Presumivelmente, parece que o ação sobre a unidade dentária de A escolha dos casos a serem sub-
aumento na altura facial ântero-in- ancoragem. metidos a esta terapia deve passar
ferior, provocado principalmente pela Paralelamente a esta alteração por critérios bastante rígidos de sele-
componente de extrusão dos dentes constata-se que o movimento distal ção. Casos que apresentem sinais de
utilizados como ancoragem, esteja do molar é acompanhado de signifi- predominância de crescimento verti-
diretamente correlacionada com a cante inclinação distal não-controla- cal, sobressaliência aumentada, mor-
resistência e a quantidade de distali- da, movimento este que pode ser con- dida aberta anterior, falta de sela-
zação efetuada nos molares. Como o siderado altamente instável, merecen- mento labial, presença de segundos
movimento dentário na região pos- do uma consideração redobrada no molares irrompidos sem espaço para
terior também é predominantemente reforço de ancoragem quando os distalização (presença de terceiros
pendular no plano sagital, uma rea- dentes anteriores são retraídos. Ocor- molares), e distância 6-Ptv inadequa-
ção de mesma magnitude e em sen- re também, uma significante perda da, acompanhada de uma Classe II
tido contrário atuaria sobre a unida- de ancoragem, que inspira cuidados, total, não são bons candidatos. Por
de de ancoragem, extruindo os den- particularmente, quando a posição outro lado, o estágio de desenvolvi-
tes diretamente ligados a ela. Hipo- inicial dos incisivos superiores já for mento oclusal que apresenta os me-
teticamente, isto tende levar a crer protruída ou a sobressaliência esti- lhores benefícios parece ser o perío-
que o grau de extrusão sobre os pré- ver aumentada. Esta perda de anco- do inter-transitório da dentadura mis-
molares ou molares decíduos seja di- ragem está relacionada, entre outros ta. O tratamento nesta fase, além de
retamente proporcional à quantida- fatores, à presença dos segundos bastante eficiente, tende a minimizar
de de distalização e à resistência e molares superiores, com valores mai- os efeitos deletérios provocados pelo
conseqüente perda de ancoragem ores tendendo a serem evidentes Pêndulo, Pendex ou T-Rex.
ABSTRACT
The authors presented a com- relative to the concept of minimal and most common clinical findings
prehensive review on Hilger´s compliance, clinical management, were considered.
Pendulum appliance in a contem- effects on the dentofacial complex, Key words: Class II Malocclusion.
porary clinical practice. Aspects indication and contra-indications Pendulum.
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