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3 - TURISMO E URBANIZAÇÃO
Pressupomos o turismo como atividade que, mesmo quando não realizada
em ambiente citadino, é essencialmente "urbanizadora" face à natureza
das relações sociais travadas e mesmo considerando a infraestrutura de
suporte da prática turística. O tema convida a refletir sobre os processos e
conteúdos da urbanização fomentados pelo turismo e seu diálogo com a
base local, envolvendo temas como: o capital imobiliário e a especificidade
da segregação socioespacial em cidades turísticas; city marketing e
representações do urbano; morfologia e as novas centralidades na cidade;
os espaços públicos, a cidadania e as políticas urbanas relacionadas ao
turismo; paisagens, lugares e territórios da urbanização turística.
RESUMO
Este artigo discute as representações sociais que a mídia turística constrói e/ou
divulga sobre a paisagem dos parques de Goiânia, e suas implicações na
formação das representações que moradores locais têm desses espaços
públicos. A análise de folders, revistas, guias e folhetos divulgados pelo trade
turístico goianiense no período entre 2004-2008 é um dos caminhos utilizados
para embasar essa proposta. Além desses referenciais, a investigação de campo,
com utilização da técnica de entrevistas com grupos focais compostos por
moradores de diferentes bairros de Goiânia, também compõe o con junto de
procedimentos empregados para gerarem dados e subsidiar essa discussão. É 479
possível observar que os parques de Goiânia, por um lado são representados
como símbolos que contribuem para dar prestígio a determinadas áreas da cidade
e, com isso, reforçam o poder da mídia e de determinados grupos. Por outro lado,
eles expressam valores sociais que unem sua população e garantem a
experiência da diversidade. Portanto, eles constituem uma forma de comunicação
da identidade social.
ABSTRACT
This article discusses the social representations that the media constructs and/or
diffuses on the landscape parks of Goiania, and its implications in the formation of
representations that local residents have about these public spaces. The analysis
of brochures, magazines, guides and brochures published by the tourist trade in
Goiânia in the period between 2004-2008 is one of the ways used to support this
proposal. In addition to these frameworks, the field investigation, using the
technique with focus groups composed of residents from different neighborhoods
of Goiânia, also constitute the procedures used to generate data and provide
support for such a discussion. It is possible to notice that the parks in Goiania on
the one hand are represented as symbols that help to give prestige to certain
areas of the city and thus, increase the power of the media and certain groups.
1
Este trabalho foi elaborado com base nas discussões da tese de doutorado, em andamento, do Programa de
Pesquisa e Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da Universidade Federal
de Goiás/IESA/UFG.
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Moreover, they express social values that unite its people and ensure the
experience of diversity. Therefore, they are a form of communication of the social
identity.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A cidade, interpretada pelo olhar de cada habitante, transeunte, viajante,
visitante provoca uma imensidão de sentidos que faz dela muitas outras. Suas
paisagens e seus lugares, seus acontecimentos são portadores de signos e
símbolos que, interpretados por quem os observa, ocupam o imaginário coletivo.
Segundo Pesavento (2007), as cidades reais, concretas, consumidas diariamente,
correspondem a tantas outras cidades imaginadas, desejadas e representadas,
as quais mostram que o urbano é uma obra humana. Uma obra historicamente
construída e reconstruída,
[...] ―a ser associada mais com obra de arte do que com o simples
produto material. Se há uma produção da cidade, e das relações sociais
na cidade, é uma produção e reprodução de seres humanos por seres 480
humanos, mais que uma produção de objetos‖ (LEFEBVRE, 2001, p.
46/47).
2
―Diante de tudo, devemos pensar na cidade ao mesmo tempo como lugar para habitar e para ser
imaginado. As cidades se constroem com casa e parques, ruas, auto-estradas e sinais de trânsito.
Porém as cidades se configuram também com imagens‖ (Tradução nossa)
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Así, buen número de folletos, mapas, planos, fotografías, tarjetas
postales, posters, desplegables, logotipos e incluso anuncio
publicitarios, películas de vídeo y programa de televisión por cable se
encargan, cada vez más, de definir y difundir la esencia perceptiva de la
ciudad […]3 (ARRIBA, 2002, p. 35).
3
“Assim, bom número de folhetos, mapas, planos, fotografias, cartões postais, pôsteres,
prospectos, logotipos e inclusive anúncio propagandistas, filmes de vídeo e programa de televisão
a cabo se encarregam, cada vez mais, de definir e divulgar a essência perceptiva da cidade […]‖
(Tradução nossa).
4
Segundo Lima (2009, p.17) Mídia é o [...] conjunto das instituições que utiliza tecnologias
específicas para realizar a comunicação humana. Vale dizer que a instituição mídia implica
sempre na existência de um aparato tecnológico intermediário para que a comunicação se realize.
A comunicação passa, portanto, a ser uma comunicação midiatizada. Neste trabalho
consideramos mídia ou publicidade turística os meios de disseminação de informações em massa
como, folders, revistas, guias turísticos, material publicitário, etc.
5
“O significado da cidade vai além de suas formas materiais e arquitetônicas, refere -se aos usos e
aos modos de vida sociais‖ (Tradução nossa).
6
―Meios de Comunicação: sistema constituído por elementos físicos em que ocorre a transmissão
de mensagens. [...] como por exemplo, a TV, o rádio, jornal, revista outdoor, cinema vídeo,
cartazes, etc.‖ (TEMER e NERY, 2009, p. 9).
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―De esta manera resulta que las ciudades contemporáneas son, cada vez más, el
lugar de la representación entendida como escenificación y, cada vez menos, el
lugar de practicas sociales auténticas‖ 7 (ARRIBA, 2002, p. 36). O turista, diante
do controle que exercem os meios de comunicação, pode ser levado a ter a
imagem da cidade como uma realidade. ―A forma como o turista percebe a
realidade perpassa as concepções e idéias dominantes na sociedade, sendo
influenciada em boa parte pelos meios de comunicação‖. (CORIOLANO, 2003,
p.98). No entanto, ―deve-se ter em mente que a imagem comunicada é só uma
representação da realidade, não podendo se confundida com o real, complementa
a autora‖ (ibdem).
Destarte, o estudo e a análise das representações trazem à tona
elementos importantes para compreender as formas como a mídia, os turistas e os
moradores representam a cidade e seus atributos. O conhecimento das
representações das pessoas leva-nos a compreender a riqueza de valores que
dão sentido aos lugares de vida do ser humano. ―Pelas representações também é
possível entender a maneira pela qual as pessoas modelam as paisagens e nelas
afirmam suas convicções‖ (ALMEIDA, 2003, p. 71). 483
7
―Desta maneira resulta que as cidades contemporâneas são, cada vez mais, o lugar da
representação entendida como encenação e, cada vez menos, o lugar de prática sociais
autênticas‖ (Tradução nossa).
8
A pesquisa de campo que subsidia essa discussão foi realizada no período entre julho e
setembro de 2009.
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2 PARQUES PÚBLICOS NA PAISAGEM DE GOIÂNIA: OBJETOS DE
REPRESENTAÇÃO
Goiânia, desde sua origem e, principalmente, no atual contexto da
chamada globalização tem sido palco de um conjunto de representações, as
quais dão subsídio à construção de imagens sobre a cidade. As características
paisagísticas urbanas e regionais e os novos setores econômicos como o turismo
e os eventos são elementos que compõem vários slogans e produzem diversas
Goiânias. A cidade é nomeada e representada como a ―Capital dos Eventos‖,
―Capital Art Déco do Brasil‖, ―Cidade dos Parques‖, ―Capital da Qualidade de
Vida‖, dentre outros slogans que transmitem a ideia de uma diversidade de
paisagens na paisagem da cidade.
Nesse contexto, a paisagem dos parques urbanos tornou-se um grande
referencial para a construção das representações. Em Goiânia é notável a
presença de grandes áreas verdes em espaços públicos, representados pelos
bosques e parques e outras unidades espalhados pela cidade, conforme se
observa na figura 1. De acordo com estudos realizados pela Agência Municipal do
Meio Ambiente (AMMA, 2008), Goiânia é a capital do Brasil com maior extensão
484
de áreas verdes por habitante 9 e o maior número de árvores em vias públicas do
país.
Esses espaços públicos constituem-se em paisagens portadoras de
sentido, símbolos, significados, gestos e traços culturais da sociedade. A mescla
entre natureza e cultura, materialidade e subjetividade, presente na paisagem dos
parques, que permite a sociedade a concretude de suas representações
simbólicas. Nas palavras de Luchiari (2001, p.20) ―é na emergência desses
territórios que a sociedade mediatiza suas relações com a natureza e lhe atribui
um valor, uma representação e um controle sobre as paisagens que os homens
disputam como um campo relacional de poder‖, como lugares simbolicamente
controlados.
9
Segundo o Relatório do Plano Diretor de Arborização Urbana de Goiânia da Agência Municipal do Meio
Ambiente (AMMA, 2008, p 29) Goiânia possui 94 metros quadrados de áreas verdes por habitante, índice
quase 8 vezes superior ao recomendado pela Organização das Nações Unidas, que é de 12m²/habitante. “Esse
índice é superior também aos 51 m²/habitante de Curitiba, a capital estadual considerada anteriormente líder
nesse ranking”.
LEGENDA
BAIRRO
Região Central - 4 Unidades
Região Norte - 20 Unidades
Região Leste - 19 Unidades
Região Sudeste - 18 Unidades
Região Sul - 6 Unidades
Região Macanbira/Cascavel - 2 Unidades
Região Sudoeste - 33 Unidades
Região Oeste - 26 Unidades
Região Medanha - 19 Unidades
Região Noroeste - 25 Unidades
Região Vale do Meia Ponte - 16 Unidades
Região Campinas - 3 Unidades
10
O material não consta data de publicação e número de página, mas algumas informações
contidas no interior do folder permite-nos concluir que foi publicado entre 2004-2008.
11
Nion Albernaz foi prefeito de Goiânia no período de 1997-2000
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Entretanto, a cidade como um todo, continuou sendo construída
positivamente pela mídia. Em 2007, o guia Curta mais Goiânia (ano 1 n. 10, dez.
2007/jan. 2008, p. 8) destaca Goiânia como a capital verde do país, conforme
revela a figura 3.
488
Figura 3
Fonte: CURTA MAIS GOIÂNIA. Goiânia, n. 10, ano 1, p. 8, jan. 2008
12
Segundo o plano diretor de arborização urbana de Goiânia, “em fevereiro de 2008 praticamente triplicou na
capital o número de parques implantados, com vegetação recomposta e dotados de infraestrutura de lazer e
contemplação, saltando de 6 para 16 [...]” (AMMA, 2008, p.29). Atualmente, esse órgão, informa através do
site http://www.goiania.go.gov.br/html/amma/index.htm., um total de 22 parques implementados na cidade.
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Figura 5
Fonte: Prefeitura de Goiânia
490
Ancoradas na representação de cidade com melhor qualidade de vida do
Brasil, as reportagens ―Cidade dos Parques‖ publicada no guia ―Curta mais
Goiânia‖ (n.1 ano 1, nov. 2006) e ―Goiânia Cidade Verde‖ (GOIÁS
TURISMO/GOIÂNIA CONVENTION, s/d); dão nomes a Goiânia. Uma vez
nomeada, a capital goiana adquire características que a distinguem de outras
cidades e dão suporte à atribuição de identidades urbanas. Isso revela o que
Haesbaert (2007) considera como caráter relacional da construção identitária. A
identidade da cidade é produzida na relação e na comparação com aquela e que
é estabelecida como a outra. Um exemplo dessa comparação pode ser observado
no guia ―Curta Mais Goiânia‖ (n. 24, ano II, maio, 2009, p.11), o qual destaca que
―Goiânia possui 94 m² de área verde por habitante, superando Curitiba-PR, que
tem 51m² e era, até então, considerada a capital brasileira ocupante do primeiro
lugar no ranking”
Os parques como representantes da qualidade de vida em Goiânia,
também estão presentes nas palavras dos moradores locais. Contudo, é possível
interpretarmos que as representações midiáticas convencionalizaram os parques
como modelo de qualidade de vida e isso, gradualmente, foi partilhado pelos
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grupos de moradores, pois, as respostas deles revelam um paradoxo. Ao serem
questionados sobre o que é qualidade de vida, eles ressaltam, em primeiro plan o,
a tranquilidade, a família, o acesso à educação, a segurança e o lazer, dentre
outros aspectos. No que se refere especificamente à qualidade de vida em
Goiânia, um grupo ainda acrescenta que ―qualidade de vida em Goiânia, só na
visão dos políticos‖.
Cabe ressaltar ainda que, baseada na representação de ―cidade com
melhor qualidade de vida do Brasil‖, a imagem de Goiânia, conforme mostra a
figura 6, é vendida pela na mídia não só como lugar turístico, mas como a ―vedete
do setor imobiliário‖. A cidade é divulgada como um espaço de investimento, de
oportunidades e de economia sólida. Segundo o guia ―Curta Mais Goiânia‖ (ano 1
n. 6, jul/ago, 2007, p. 4), a qualidade de vida, a excelente valorização e a
economia estável, são fatores que estão transformando Goiânia em um dos
lugares melhores para morar ou investir. Esse material publicitário destaca ainda
que ―a cidade está repleta de novos empreendimentos e o mercado imobiliário
vive um dos melhores momentos da história, tornando Goiânia uma das vedetes
nacionais do setor. 491
Figura 6
Fonte: CURTA MAIS GOIÂNIA. Goiânia, n. 6, ano 1, p. 4, jul/ago, 2007.
voltar o olhar para a periferia da cidade. Para um deles, ―não se deve vender só o
centro, pois a periferia tem muito a oferecer‖. Acrescenta ainda que ―Goiânia tem
muitos parques, mas precisa de uma atenção maior para os parques da periferia
que são vítimas, inclusive, no nosso caso, de retiradas de madeiras [...]. Dizer que
13
a cidade é a capital dos parques, mas não cuidar não adianta.‖
Verifica-se que esses parques têm sua imagem associada à
conservação, além disso, ainda faltam manutenção e fiscalização por parte do
poder público. No entanto, os meios de comunicação preconizam um quadro que,
provavelmente, cria no imaginário do turista a concepção de uma cidade livre das
mazelas socioambientais. Um quadro da cidade visível, aquela recortada pela
publicidade, pelo poder público, mas não da cidade de quem a vive (WEBER,
2006).
Nesse caso, subsidiados em Coriolano (2003), podemos afirmar que a
publicidade turística utiliza a imagem ―cidade dos parques‖ para apresentar
13
Depoimento do grupo de moradores do Residencial Itamaracá de Goiânia. Neste bairro está localizado o
Parque do Residencial Itamaracá.
representa para grande parte dos grupos uma lembrança do passado. Eles
destacam as relações afetivas ligadas às experiências vividas com o referido
parque. Isto se justifica principalmente porque nele encontra-se o zoológico que
sempre foi e ainda é visitado por muitas famílias. Para alguns grupos esse parque
é uma paisagem de referencia para Goiânia, pois, como disseram, lembra a
―nossa época de horto‖. O mutirama 15 também faz parque das lembranças de
infância e do cotidiano desses moradores. Nesse caso, a história pessoal dos
moradores determina suas relações com os espaços que compõem o seu
cotidiano (SERPA, 2007).
Além disso, muitos moradores relatam que frequentam e fazem
piquenique com a família nos parques do bairro em que moram. Porém, mesmo
existindo esses locais propícios para a produção da sociabilidade, nem sempre
eles responde a essa possibilidade. Alguns grupos pesquisados ressaltam que,
14
Estas considerações foram ressaltadas na pesquisa com o grupo de moradores do Residencial
Itamaracá, situado na Região Vale do Meia Ponte de Goiânia.
15
O parque mutirama é um parque de diversões, criado na década de 1960 no centro da cidade.
Esse parque além dos equipamentos para o lazer infantil, conta também com áreas composta por
vegetação do cerrado.
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não frequentam os parques, pois não existe uma dessas unidades de
conservação no bairro em que eles moram. Além disso, a acessibilidade às áreas
mais centrais onde estão situados os principais parques da cidade é difícil em
função da distância e dos meios de transportes. Outros moradores já afirmam
que, embora tenha um desses espaços nas proximidades de suas casas, eles
visitam aqueles distantes como é o caso do Parque Flamboyant, localizado em
bairro nobre de Goiânia. Isso demonstra que esses moradores, provavelmente
são estimulados pelas imagens publicitárias. Expressa também que o parque
representa uma forma de buscar um estilo de vida da classe média-alta. Nesse
caso, a identificação com o outro é mediada pelo mesmo padrão de consumo
cultural.
Diante do exposto, podemos entender que os parques são sempre
objetos de conflitos. Eles são, por um lado, espaço de apropriação simbólica da
mídia e dos moradores, lugar de vivência, de representações, de sociabilidade
pública e de reconhecimento da alteridade. Por outro lado, significam a afirmação
das diferenças existentes no espaço urbano e do poder de um grupo sobre outro.
Logo, esses espaços púbicos produzem-se uma espécie de resumo físico da 495
3 PALAVRAS FINAIS
Procuramos aqui mostrar que a existência dos parques públicos em
Goiânia reforça a ideia de qualidade de vida urbana e atribui à cidade uma
identidade associada com o ambiente natural. Com base nessa identidade,
Goiânia é valorizada e transformada em imagem publicitária do trade turístico,
que anuncia a cidade como distinta das outras por ser a ―capital verde‖ e de
melhor qualidade de vida do Brasil. Com isso, os parques são representados
como símbolos que reforçam o poder político, da mídia e de determinados grupos
goianienses. Esses Símbolos que nivelan as diferenças e fazem emergir uma
representação estática, simbolizada na natureza (SERPA, 2004). As imagens e as
representações dos parques na mídia turística contribuem para elevar esses
espaços à condição de cartões postais no imaginário urbano e dar prestígio ao
grupo que está gerindo a esfera pública. A publicidade turística constitui, então,
em um mecanismo de legitimação dos discursos do poder público.
496
REFERÊNCIAS
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11. São Paulo, 2002. p. 35-500.
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COSTA. B. P. da. As relações entre os conceitos de território, identidade e cultura
no espaço urbano: por uma abordagem Geográfica. In: ROSENDAHL, Z.;
CORRÊA, R. L. (orgs.). Geografia: temas sobre cultura e espaço. Rio de Janeiro:
UERJ, 2005. p. 79-114.
Nathália Körössy
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFPE) / Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE)
nathaliakorossy@gmail.com
Itamar Cordeiro
Mestre em Geografia (UFPE) / Agência Estadual do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos (CPRH)
Itamar_cordeito@yahoo.com.br
RESUMO
Novas atividades produtivas, como as relacionadas ao turismo e ao lazer, têm
influenciado o processo de produção espacial das cidades, fazendo-se assistir um
processo de urbanização diferente daquele vivenciado com a industrialização: a
urbanização turística, cujo conceito surgiu na década de 90 com Patrick Mullins
(1991). Após o pioneirismo de Mullins em abordar essa temática, alguns autores
vêm discutindo, principalmente mediante estudos empíricos, as características
desse fenômeno de produção das cidades turísticas. Como uma contribuição a 498
esta discussão, pretende-se debater as principais características do processo de
urbanização turística e seu produto – a cidade turística, usando como realidade
empírica a cidade de Portimão (localizada no litoral sul de Portugal), considerada
um dos principais destinos turísticos de sol e mar da Região Algarve. Para realizar
o presente estudo, foram empregados os seguintes procedimentos
metodológicos: revisão bibliográfica, revisão documental, análise estatística e
pesquisa de campo. Essa última com o objetivo de apreensão da realidade da
área estudada e realização de entrevistas e conversas informais com alguns
atores locais.
Palavras Chave: Turismo. Urbanização Turística. Cidades Turísticas.
ABSTRACT
New economic activities, like those related with tourism and leisure, have been
influenced the spatial production process of the cities, promoting a process of
urbanization distinguished that those occurred with the industrialization: the
touristic urbanization, whose concept appears in 90´s with the Patrick Mullins‘
theories. After Mullins‘ pioneering, others authors have been discussing, mainly
through empirical studies, the features of these phenomenon. As a contribution for
these discussion, this paper aims to analyze the main features of the touristic
urbanization process and its result – the touristic city, using the city of Portimão
(located in south coast of Portugal), as case of study. To do this, it was performed:
a literature and document review, statistical analysis and fieldwork, this last one
aimed to apprehend the reality of the area analyzed and to interview and to talk
with the locals.
1 INTRODUÇÃO
Autores como Mullins (1991, 1994, 2003), Gladstone (1998), Carlos (2001),
Lopes Junior (2000 e 1997) e Fonseca & Costa (2004) argumentam que
atualmente novas atividades produtivas, tais como as relacionadas ao lazer e ao
turismo, têm influenciado o processo de produção espacial das cidades. De fato,
com a expansão da atividade turística mundial vivenciada a partir da segunda
metade do Séc. XX, assiste-se à (re)funcionalização e urbanização de muitas
localidades, seja em ambientes naturais, seja em grandes metrópoles, onde
passam a existir novas dinâmicas.
urbana até meados dos anos oitenta (RAMOS, 1999). Com efeito, conforme
apontam Ventura & Marques (1993), foram as atividades de comércio, pesca e
indústria o principal motor do crescimento e urbanização de Portimão na primeira
metade do séc. XX.
16
Vide, por exemplo, Mullins (2003, p. 126): ―Tourism urbanization is the process by which cities
and towns are built or redeveloped explicity for tourists‖.
17
O mesmo autor Mullins (1991, p. 332) em referência anterior afirma: ― Tourism urbanization as a
new spatial form‖.
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o processo do produto, até mesmo porque, na prática, essa dissociação torna-se
inviável, visto que estão intrinsecamente interligados. Em verdade, a dissociação
torna-se possível apenas teoricamente.
É preciso que esta distinção fique bastante clara, uma vez que é
fundamental para se entender que o que será discutido de agora em diante não é
propriamente o processo de urbanização turística (o qual, em certa medida, foi
descrito no item anterior), mas sim, as características de seu produto, ou seja, as
características de uma cidade turística.
18
Muito embora se acredite que a produção do espaço urbano consiste em um processo mais
complexo, um produto das relações sociais.
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Investigadores como Mullins 19 (1991, 1994, 2003), Gladstone 20 (1998),
Luchiari21 (2000) e Mascarenhas 22 (2004) identificaram algumas particularidades
no uso do solo, na espacialização da morfologia urbana e nos aspectos sócio-
econômicos das cidades turísticas em relação a cidades não-turísticas. As
diversas cidades turísticas investigadas ora apresentaram características
decorrentes da urbanização turística similares entre si – características essas
mais marcantes que distinguem do processo de produção das cidades industriais
(LUCHIARI, 2000); ora apresentaram aspectos distintos, até mesmo porque,
como lembra Luchiari (2000), os lugares são únicos.
19
A partir do desenho de um framework próprio, Mullins (1991, 1994, 2003) estudou as
características das cidades turísticas autralianas Gold Coast e Sunshine Coast.
20
Gladstone (1998) estudou as características das cidades turísticas norte-americanas Atlantic
City, Las Vegas, Orlando e Reno comparando-as à teoria de Mullins (1991).
21
Através de estudos teóricos.
22
Mascarenhas (2004) investigou cidades turísticas brasileiras do interior do Rio de Janeiro, como
Visconde de Mauá, Búzios e Paraty, comparando suas características principais com as de
cidades não-turísticas dessa região, como Atafona e Porto Real.
23
Segundo Luchiari (2000), as cidades turísticas são organizadas não para a produção, mas sim
para o consumo de bens, serviços e paisagens, o que não necessariamente signifique que não
haja produção.
24
De acordo com o INE (2007a), dos 12.877 trabalhadores por conta de outrem em Portimão
(6.669 homens e 6.208 mulheres), em 2006, 168 (142 homens e 26 mulheres) estão empregados
no setor primário, 2.344 (1.931 homens e 413 mulheres) no setor secundário e 10.365 no terciário
(4.596 homens e 5.769 mulheres).
25
Ademais, ―o conjunto de actividades englobado no sector terciário tem conhecido em todos os
períodos da História especial desenvolvimento nos centros urbanos‖ (SALGUEIRO, 1992, p. 124).
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terciários26, no seu caso, um centro especializado nas funções turísticas e de
lazer. Outra característica marcante das cidades turísticas consiste no seu arranjo
espacial, afinal, são cidades espacialmente diferentes, decorrentes de relações
sociais distintas. Nas cidades onde o principal fator de atração é o mar, por
exemplo, as estruturas urbano-turísticas tendem a se concentrar na costa.
Ademais, é a faixa turística a mais valiosa das cidades turísticas, onde o metro
quadrado alcança os maiores valores.
26
Como funções características de certas cidades especializadas nos serviços, Salgueiro (1992)
menciona: cultural, religiosa e turística.
27
―Neither the Gold Coast nor the Sunshine Coast have traditional central business districts.
Instead they have a number of smaller commercial and tourist centres scattered along the coasts
and these cater to residents, tourists and nearby rural producers‖ (MULLINS, 1991, p. 332).
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os cassinos, os espetáculos, os parques temáticos e outras atrações urbanas. Em
Portimão, pode-se dizer que se observa um misto destas duas estratégias de
promoção, onde o apelo do marketing turístico se apóia na associação do
ambiente natural ao patrimônio histórico-cultural e ao cosmopolitismo local.
28
Mullins (1991) constatou, por exemplo, que Gold Coast e Sunshine Coast possuem as maiores
taxas de crescimento populacional e da força de trabalho da Austrália.
29
Mascarenhas (2004) verificou que as cidades turísticas do interior do Estado do Rio de Janeiro,
no Brasil, foram as que tiveram os maiores índices de crescimento demográfico do Estado.
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desenvolvimento da indústria conserveira e, com o esfriamento dessa atividade
econômica, o município assistiu na segunda metade do século XX à emergência
de uma nova economia baseada no turismo e nos serviços e, como
conseqüência, de um novo dinamismo demográfico. O período de maior
crescimento populacional vivenciado por Portimão foi entre 1970 e 1981, com
uma variação positiva de 39%; coincidindo com o auge do turismo local. De
acordo com o INE (2007a), a taxa de crescimento efetivo da população de
Portimão foi de 1,42% em 2006. Embora as taxas de crescimento não se
mantenham tão altas quanto em tempos atrás, ainda verifica-se que o turismo
promove as condições de fixação da população.
1991 2001
Localidade
Homem e Mulher Homem Mulher Homem e Mulher Homem Mulher
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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517
RESUMO
Pesquisa exploratória, que estudou o caso das Academias da Terceira Idade
(ATI) no município de Matinhos, litoral sul do Estado do Paraná. Abarcou a
importância do lazer na sociedade contemporânea. Considerou os espaços e
equipamentos públicos de lazer, especificando as ATI. Dialogou, por meio dos
olhares dos usuários de tais academias, como também, dos gestores públicos do 518
referido município se elas são de interesse do turista ou do morador local, por
verificar, inicialmente, que as mesmas foram instaladas em locais de grande fluxo
turístico e no período de alta temporada (janeiro). Os instrumentos de coleta de
dados foram as entrevistas semi-estruturadas e a observação in loco. Ademais,
utilizou a ferramenta do geoprocessamento para a representação espacial e
análise dos setores censitários do IBGE − dados da contagem populacional de
2007 − com o intuito de verificar se as ATI estão instaladas em locais onde há
maior número populacional, especialmente de idosos, residentes no município. Os
resultados apontaram para a análise de que as quatro academias instaladas
estão sendo freqüentadas principalmente por turistas, sendo a grande maioria
desses, crianças e adolescentes. A análise acrescenta que a localização dos
equipamentos de lazer foi concebida com critérios que não atende
adequadamente a população residente. Nesse sentido, propõe-se que demais
academias sejam implantadas por meio de estudo técnico espacial, que
determine onde há um maior contingente de idosos no município. Respondendo a
questão do título, as ATI são espaços democráticos, que pode atender a ambos:
moradores locais e turistas. Muitos têm academias ao ar livre em suas
localidades, sendo importante desfrutar de tal recurso em suas férias. Todavia,
não se pode anular o objetivo primeiro desses equipamentos públicos:
proporcionar qualidade de vida ao morador local, em especial ao idoso. Por fim,
ressalta-se a necessidade de cuidados com as crianças freqüentadoras e propõe-
se a instalação de academias para a primeira idade (API), assim como academias
para as pessoas com necessidades especiais (APE).
ABSTRACT
Exploratory research which studied the ATI (acronym used for gyms of groups of
elderly people), in the city of Matinhos, on the coast of Parana State, Brazi l. The
research was conducted to emphasize the importance of leisure in the
contemporary society. The space, environment and the public leisure equipments
were observed- specifying the ATI. The study also verified (through the dialogue
with the users of the gym and with the public managers) if the equipments were
installed to meet the interest of local users (the elderly) or tourists. The
equipments were installed in a very busy area (where tourists usually go). Semi
structured interviews and observations in loco were great part of the research.
Also, data from IBGE (The Brazilian Institute of Geography and Statistics) helped
to analyze if the ATI were located where there are more elderly people or not; The
results showed the four ATI are attended mainly by tourists- specially
children and adolescents. The gyms also do not meet all the elderly needs.
Considering the aspects mentioned, it was proposed the creation of more gyms
according to a study which determines where there are more elderly people. ATI
are democratic spaces- they can be attended by tourists as well). Many tourists
who go to the city of Matinhos have an ATI in their hometown. Therefore, tourists
would enjoy an ATI on their vacation. Nevertheless, the first objective of an ATI
cannot be forgotten: to give the local residents a great quality of life. There must
be a special care about the children who go to those gyms. The creation of a gym
for children and for people with special needs are proposed in this research as 519
well
Key words: leisure; public leisure spaces; ATI‘s; tourists; local residents
1 INTRODUÇÃO
Mesmo ainda sendo algo limitado para grande parte da população, seja
pela falta de tempo, de dinheiro ou de educação voltada para o lazer, ele se faz
cada vez mais necessário em épocas onde se presenciam estresse e depressão,
até mesmo em crianças. Nesse sentido, Negrine, Bradacz e Carvalho (2001)
comentam que, no momento em que se vive, é fundamental reaprender a utilizar
as horas livres, ou ainda alterar a rotina semanal, reservando momentos para a
realização de alguma atividade lúdica, ou seja, alguma atividade que dê prazer,
disposição e alegria.
Camargo (1998) comenta que o lazer é a forma mais buscada de ocupação
do tempo livre, seja para se divertir, seja para repousar, seja para se
autodesenvolver por meio de conversa, da leitura, do esporte, etc. O autor
31
Do original: ―Le loisir est un ensemble d‘occupations auxquelles l‘individu peut s‘adonner de plein
gré, soit pour se reposer, soit pour se divertir, soit pour développer son information u as formation
desinteresse, as participation social volontaire ou as libre capacite créatrice aprés être dégagé de
ses obligations professsionannelles, familiares et sociales.‖ (DUMAZEDIER, 1962, p. 29)
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melhores destinações turísticas para viagens conforme o desejo e a necessidade
(saúde, contato com a natureza, aventura, cultura, etc.) assim como educar para
a solidão, a solidariedade e o voluntariado. Desse modo, evita-se a alienação
provocada pelo tempo livre, que, conforme o mesmo autor é tão perigosa quanto
à alienação derivada do trabalho.
Em se tratando dos espaços de lazer, observa-se que eles são
fundamentais na vida social dos cidadãos, por serem espaços para se conviver,
encontrar, refletir, circular e recrear.
Em muitas políticas públicas, porém, o lazer não é visto como essencial e,
por conseqüência, os espaços e equipamentos de lazer seguem o mesmo
caminho. As diferenças econômicas e sociais, a urbanização acelerada, as
grandes concentrações humanas, a privatização de espaços públicos, a
deterioração de espaços naturais e a poluição produzem sérios problemas em
relação ao uso dos espaços (não construídos, naturais) e equipamentos (espaços
construídos) do lazer, sendo, por este motivo, necessário interferência do poder
público e participação de diversos setores da sociedade (ÁVILA, 2005).
Os equipamentos do lazer podem ser classificados em equipamentos 521
32
Sistema de Informação Geográfica
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ArcView auxilia a representação do espaço geográfico, permitindo identificar
padrões de distribuição espacial (ACADEMIA GIS IMAGEM, 2010).
525
turísticos locais que se encontram em fase inicial, tais como: a visitação ao Morro
do Boi, o Morro da Cruz, a Ilha do Farol, o Parque Florestal do Rio da Onça, todos
com apelo para o ecoturismo e o turismo pedagógico.
Entre o presente e o passado, Matinhos se (re) constrói, alicerçada por
costumes lusitanos em meio a resquícios de costumes e tradições indígenas,
contrastando com as manifestações do ‗homem moderno‘.
33
Na fase de conclusão do presente artigo, houveram mudanças quanto aos locais de instalação.
A ATI da Praia Brava não estava prevista. Em entrevista, informaram que as duas unidades
seriam instaladas nos bairros Tabuleiros e Sertãozinho. Também, as ATI que eram de
responsabilidade da Secretaria Municipal de Turismo, passaram a ser de responsabilidade da
Secretaria Municipal de Obras.
34
Todas os nomes serão preservados.
35
Parque Municipal de Curitiba – PR.
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A veranista E. T. S, 33 anos, residente permanente de Paranaguá,
comentou que ―a idéia é boa, mas tem mais crianças e o lugar não é para elas‖.
Como é cadeirante, a entrevistada indagou que muitos equipamentos não estão
adaptados para as pessoas com necessidades especiais.
O veranista A. J. J, 72 anos, residente permanente de Curitiba, estava
esperando uma criança utilizar a ATI para que depois ele pudesse fazer seus
exercícios. Ele comentou que leva o neto para a academia pois ―não tem lugar
para a garotada‖. O neto 36 disse que freqüenta o espaço porque o considera ―um
parquinho‖.
A moradora local H.T., 45 anos, comerciante do bairro Tabuleiros, estava
observando o movimento da ATI. Questionada sobre por que não freqüentava a
academia, ela disse: ―não me sinto a vontade de estar em local que turista usa.
Sou muito tímida, gosto quando está vazio‖.
Finalizada a pesquisa na ATI Centro, seguiu-se para a ATI da Praia Mansa,
especialmente para averiguar a utilização dos equipamentos pelos zeladores,
conforme relatado na Secretaria de Turismo. O primeiro condomínio visitado foi o
Farol da Barra, visto que a academia foi instalada ao lado dele. O zelador D. S.S, 528
21 anos, enfatizou que a maioria dos zeladores são jovens e que para ele e para
os moradores do condomínio, ―a academia é um projeto muito bom, mas está
incomodando demais, pois vem gente de madrugada para fazer bagunça e tentar
destruir os aparelhos‖. Continuou dizendo que foi realizada no dia 10/01/2010,
uma reunião de condomínio onde os moradores fizeram um abaixo-assinado
endereçado à Prefeitura Municipal de Matinhos, para que a ATI seja mudada de
lugar ou que haja outras providências que resguarde a qualidade de vida dos
condôminos.
Demais zeladores foram contactados. O Sr. E. A, 45 anos, zelador de uma
casa situada em frente a ATI e vendedor ambulante de milho verde, disse que a
ATI parece ser muito boa para a saúde, porém, está atrapalhando muito pois há
vândalos principalmente a noite. ―Se tivessem colocado a academia na pracinha
não teria incômodo os moradores. Para mim não tem serventia, pois é bagunça
demais, não vejo idoso lá, só vejo jovens‖.
36
Entrevista autorizada pelo avô.
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Nos condomínios Vovô Ernesto, Praça do Sol, Verdes Mares e Labadie,
todos nas mediações da academia, a média de idade dos zeladores foi de 35
anos. Em entrevista, três declararam que nunca ouviram falar da existência das
academias e um declarou que conhece, mas que só irá freqüentar após a
temporada.
No condomínio Dona Helena, a zeladora S. 40 anos, disse que nunca
utilizou os aparelhos, mas que já levou sua filha lá. O morador permanente, A. C.
72 anos, comentou que pretende freqüentar pois ―em Maringá eu fazia, mas lá
tinha instrutora para me orientar‖. Ao sair de tal condomínio, os entrevistadores
foram abordados pela estudante A. J, 7 anos, acompanhada de sua mãe. Ela fez
um pedido: ―falem para o prefeito dar uma parque para as crianças‖. Após tal
pedido, a mãe da jovem estudante nos relatou que foi levá-la a ATI e houve um
pequeno acidente, pois ―lá não é seguro para criança‖.
No outro dia, 15/01/2010, das 10h00 as 12h00, retornou-se a ATI da Praia
Mansa para entrevistar os frequentadores. Foi observado que a grande maioria
eram crianças e adolescentes. Em muitos aparelhos, verificou-se que as crianças
se esforçavam para utilizá-los, porém não os alcançavam. Já os adolescentes 529
37
Utilizou-se o raio de abrangência de 1200m, que representa um tempo de deslocamento a pé de
24 minutos, para uma velocidade média de 3 km/h.
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de crianças até 6 anos de idade, demonstrou ter dificuldades de utilizar os
aparelhos, projetados para adultos, como pode se notar na figura abaixo:
532
Referente aos limites nota-se que a pesquisa inicial foi realizada no período
da alta temporada. Será necessário realizar novas pesquisas para verificar o uso
de tais academias no período sazonal, assim como, se alguma foi removida para
bairros onde o matinhense se concentra.
Por fim, o presente trabalho propõe reflexões continuadas sobre a
importância que as políticas públicas têm para o sentimento de pertencimento do
morador, quanto aos espaços e equipamentos públicos de lazer e da atratividade
que os mesmos despertam nos turistas. Também, a histórica apropriação do
espaço ―turista e morador local‖, para a necessidade de políticas facilitadoras da
democratização dos espaços públicos de lazer e sobretudo da qualidade de vida
dos moradores locais.
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21 de janeiro de 2010.
MATINHOS-PR - CONTAGEM POPULACIONAL IBGE 2007 - DADOS DOS SET ORES CENSITÁRIOS 536
ITEM DESCRIÇÃO UNIDADE QTDE %
1 Setores censitários urbanos de Matinhos-PR em 2007 un 3 96,36%
2 Setores censitários rurais de Matinhos- PR em 2007 un 2 3,64%
3 População total residente em Matinhos-PR hab 23.357 100,00%
4 População residente nos 53 setores urbanos hab 23.204 99,34%
5 População com 60 anos ou mais, residentes no Munic ípio hab 2.471 10,58%
População com 60 anos ou mais, residente nos 53 setores
6 hab 2.459 10,53%
urbanos
Pop. residente com 60 anos ou mais, atendida pela ATI Praia
7 hab 121 4,90%
Mansa em um raio de 1.200m
Pop. residente com 60 anos ou mais, atendida pela ATI Caiobá
8 hab 163 6,60%
em um raio de 1.200m
Pop. residente com 60 anos ou mais, atendida pela ATI Centro
9 hab 625 25,29%
em um raio de 1.200m
Pop. residente com 60 anos ou mais, atendida pela ATI
10 hab 125 5,06%
Gaivotas em um raio de 1.200m
11 Pop. residente com 60 anos ou mais, atendida pelas 4 ATIs hab 1.034 41,85%
Fonte: IBGE (www .ibge.gov.br / acessado em 21/01/2010)
537
RESUMO
Este artigo tem como objetivo analisar a dinâmica do setor hoteleiro para
atendimento das novas necessidades presentes na metrópole, como a demanda
do turismo de negócios, que objetiva o atendimento de executivos e a geração de
negócios, e o turismo de eventos, que, além dos negócios, visa a propagação do
conhecimento. A metodologia para sua elaboração teve como base a pesquisa
bibliográfica e uma análise quanti-qualitativa, buscando exemplificar as
discussões com situações referentes à dinâmica do turismo e do setor hoteleiro
na cidade de Campinas/SP. Como resultado percebeu-se que a hotelaria vem ao 538
longo do tempo se adequando às novas necessidades da metrópole e aos
desafios que estas necessidades lhe impõe, seja em seus serviços como em suas
instalações, e que tanto o turismo de negócios quanto o turismo de e ventos foram
fundamentais para suas novas configurações.
ABSTRACT
This article aims to analyze the dynamics of the hospitality industry to meet the
new requirements found in the metropolis, as the demand of business tourism,
which aims at the care of executives and business generation, and tourism event,
which, in addition to the business aims to spread knowledge. The methodology for its
preparation was based on a literature sea rch and analysis quantitative and qualitative, seeking to
illustrate the discussion with situations concerning the dynamics of tourism and hospitality industry in the
city of Campinas / SP. As a result it was felt that the hospitality has over time been
adapting to the changing needs of the metropolis and the challenges that these
needs require it, whether in its services and in their premises, and that both the
tourism business and tourism events were fundamental to their new settings.
O espaço urbano, que antes era tido apenas como centro de transformação
dos produtos, ou seja, relacionado à indústria, converteu-se em um lugar
privilegiado para a produção e troca de valores também intangíveis, como a
prestação de serviços, a comunicação, o conhecimento, o lazer e o
entretenimento.
Assim, este artigo tem como objetivo analisar a dinâmica do setor hoteleiro
para atendimento das novas necessidades presentes na metrópole, como a
540
demanda do turismo de negócios, que objetiva o atendimento de executivos e a
geração de negócios, e o turismo de eventos, que, além dos negócios, visa a
propagação do conhecimento
Com base nos preços praticados por estes espaços, de R$8,66 por m 2 de
área de exposições e de R$ 4,80 por assento em áreas de reuniões, pode-se
calcular a estimativa de faturamento do setor de espaços de eventos. Assim, a
média de participantes por evento, em Campinas, é de 378 pessoas.
546
Considerando-se o número apurado de 5.796 eventos anuais nesta cidade,
chega-se a um montante de 2.190.888 participantes de eventos no ano.
Nesse período, houve a expansão das redes hoteleiras locais, assim como
a entrada no país de grandes cadeias internacionais, motivadas pelo crescimento
econômico e o aumento de investimentos de empresas estrangeiras no Brasil.
Gorini e Mendes (2005, p.144) afirmam que ―Algumas redes internacionais
entraram no país realizando investimentos imobiliários e administrando seus
hotéis, outras ficaram somente com a operação, enquanto os imóveis eram
construídos com recursos de investidores nacionais‖.
Logo, os hotéis vêm criando estratégias para satisfazer cada vez mais as
necessidades de seus clientes e com isso também garantir sua sobrevivência
diante do problema da sazonalidade de altas e baixas temporadas vividas pelas
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empresas turísticas. Desse modo, além dos avanços tecnológicos e de gestão, os
hotéis deixaram ―[...] de possuir somente espaços destinados a hospedar
pessoas, para integrar-se ao seu entorno e oferecer espaços multifuncionais,
voltando-se, também, para eventos empresariais e acontecimentos sociais‖
(PETROCCHI, 2003, p.19-20)
38
Serviços de rápida execução.
39
Registro de entrada do hóspede (Contrato de serviço).
40
Encerramento da estada do hóspede com fechamento de conta, entre outros serviços de saída.
41
Serviço de quarto (alimentação).
42
Serviço de lavanderia 24 horas.
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escritórios virtuais, equipados com material de última geração e espaços
preparados especialmente para a realização de eventos e congressos
apresentam elevado nível de competitividade e têm a preferência dos hóspedes.
Na contemporaneidade, esses hotéis se modernizam com a implantação
de Health-Clubs 43 e Fitness Center44 exclusivos ao atendimento dos hóspedes
executivos que valorizam aspectos relativos à sua saúde e aparência.
De acordo com pesquisa da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da
Universidade Federal de Pernambuco (FADE), em convênio com o EMBRATUR,
a taxa média de ocupação dos hotéis brasileiros situa-se em 47,7%. A Associação
Brasileira de Eventos (ABEOC), regional Rio de Janeiro, credita ao turismo de
eventos a responsabilidade por mais da metade da ocupação dos hotéis tanto do
Rio de Janeiro como de São Paulo, garantindo assim uma boa rentabilidade,
mesmo nos períodos de baixa temporada (AYRES, DAEMON e FERNANDES,
2006)
Os hotéis classificados na faixa de 4 e 5 estrelas apresentam a taxa média
de ocupação superior aos demais, 55% e 53%, respectivamente, e compõem a
principal oferta de hotéis voltados ao atendimento de viagens de negócios. Os 555
43
Serviços de bem-estar e estética como massagens e outras terapias alternativas.
44
Academia de ginástica.
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relacionado a negócios e ao turismo de eventos que geralmente acontecem
nestas cidades.
Assim, percebe-se que a hotelaria vem ao longo do tempo se adequando
às novas necessidades da metrópole e aos desafios que estas necessidades lhe
impõe, seja em seus serviços como em suas instalações, e que tanto o turismo de
negócios quanto o turismo de eventos foram fundamentais para suas novas
configurações.
Portanto, tendo em vista a importância e a relevância do setor hoteleiro
junto a essa discussão, visto que se trata de um setor essencial à fluidez exigida
na metrópole, este trabalho não tem a pretensão de esgotar suas discussões e
propõe que estudos futuros busquem aprofundar-se na análise dos
desdobramentos ocorridos no setor hoteleiro, a partir das alterações no sistema
de objetos e ações para configurar uma cidade como sede de uma região
metropolitana.
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557
RESUMO
O espaço urbano de Aracaju vem passando por um processo de reestruturação e
qualificação em função do crescimento do fluxo turístico. Com isso, foram
desenvolvidos projetos setoriais de melhoria de determinados espaços da cidade
através de programas e políticas de desenvolvimento do turismo. Desta forma,
este artigo tem como objetivo analisar as intervenções urbanas ou os signos mais
importantes das políticas de turismo desenvolvidas em Aracaju, capital do estado
de Sergipe. Como base metodológica foi realizada a análise da evolução urbana -
turística dos equipamentos a partir da década de 90, a fim de per ceber o impacto
destes projetos de intervenção sobre o espaço de Aracaju.
ABSTRACT 558
The urban space in Aracaju has been dealing with a reformulation process caused
by the growth of tourist flow and activities. As a result, sector projects to improve
particular spaces of the city through tourism development programs and policies
have been performed. This paper aims at reviewing the most important urban
interventions and symbols associated to the tourism policies developed in Aracaju,
capital of the state of Sergipe. The methodology for this study is based on the
assessment of the urban-tourist evolution of the equipment since the 1990s in
order to realize the impact of such intervention projects in the city of Aracaju.
1 INTRODUÇÃO
A partir do inicio da década de 1990, o espaço urbano de Aracaju
experimentou um processo de reestruturação e qualificação em função do
crescimento do fluxo turístico. A reestruturação a qual nos referiremos neste
artigo está diretamente relacionada com os projetos setoriais de melhoria de
determinados espaços da cidade através de programas e políticas de
desenvolvimento do turismo no estado de Sergipe.
Ao longo dos seus 155 anos de existência, a cidade de Aracaju tem sido
estudada por vários pesquisadores, como Diniz (1963), Ribeiro (1989),
Machado(1989) e França (1999) e estes estudos tiveram como finalidade analisar
o papel desse centro urbano no contexto da economia sergipana, sua
estruturação espacial e sua inserção no sistema urbano brasileiro.
A cidade de Aracaju foi instalada na margem direita do rio Sergipe próximo 561
Nos anos 70, a cidade de Aracaju assume uma nova função – a função
turística - com a implantação da EMSETUR (Empresa Sergipana de Turismo)
através da Lei Estadual n. 1.721 de 09 de dezembro de 1971. Com a criação
dessa instituição se constitui um marco institucional de atuação do setor público
no turismo sergipano e, sobretudo, na capital do estado.
Na metade dos anos 70, outros fatores seriam também determinantes para o
crescimento demográfico desta área: a duplicação da principal via de acesso ao
bairro Atalaia, a Avenida Paulo Barreto de Menezes e a construção da Avenida
Delmiro Gouveia, outra via de acesso ao bairro Atalaia através do bairro Coroa do
564
Meio.
A partir dos anos 80, o bairro Atalaia passa a apresentar uma grande
mudança em sua forma e conteúdo, uma vez que antigas formas e conteúdos
desapareceram dando lugar a formas e conteúdos distintos que estão presentes
no bairro até os dias atuais. Sua antiga função agrícola foi alterada por funções
urbanas. Se antes o bairro Atalaia era conhecido como uma área de veraneio da
população com maior poder aquisitivo, nos anos 80, passa a ser conhecido como
um bairro com a presença de residências fixas, porém, com infraestrutura urbana
ainda precária. Isso é um reflexo da contradição da produção do espaço urbano
brasileiro.
A execução do projeto foi planejada para um prazo de 120 dias, mas foi
executado num prazo de 2 anos e se dividiu em três fases distintas (Figura 1). A
primeira fase compreendeu uma extensão de 1.100 metros e foram investidos 1,5
milhões de dólares dos recursos do PRODETUR/NE. A segunda fase
compreende uma área de 1.800 metros de extensão construída com 2,5 milhões
de dólares. Na última etapa foram ―reabilitados‖ 1.100 metros, mas o total do
investimento não foi divulgado.
Localização
567
Fases
1ª
2ª
3ª
Dentro deste projeto, a obra pública que gerou a maior polêmica entre o
Governo e a população local foi a construção dos lagos artificiais na praia de
Atalaia. Segundo o Departamento de Habitação e Obras Públicas (DEHOP),
568
instituição responsável pelo projeto de revitalização da orla, os três lagos foram
construídos para o uso de equipamentos de esportes náuticos. No entanto, a
população criou uma nova função para os lagos – a função balneária (Figura 2).
Porém, a Secretaria de Meio Ambiente (SEMA), instituição responsável por aferir
os níveis de poluição da água em Sergipe, afirmou que foi detectado um alto nível
de coliformes fecais derivados dos despejos realizados pelos bares e quiosques,
fazendo com que o lago se torne inapropriado para o banho.
571
Higienização;
CONSIDERAÇÕES FINAIS
574
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
575
RESUMO
Esse artigo discute o espaço do Cais Mauá da cidade de Porto Alegre e o projeto
de mesmo nome, o qual, nesse artigo, é caracterizado como um caso de
gentrificação. Inicia com a discussão teórica sobre o termo gentrificação para,
logo a seguir, abordar aspectos que influenciam esse fenômeno. Surgem, então,
questões relativas ao processo de globalização, ao papel da classe média, à
relação entre produtores e consumidores desses espaços e à segregação
decorrente. O Projeto Cais Mauá foi intensamente debatido na Câmara dos
Vereadores, para por fim aprovar a lei que permitirá ao Estado a elaboração do
edital internacional de licitação. Assim, o objetivo desse trabalho consiste em
analisar os discursos legitimadores dos diversos atores sociais envolvidos no
tema, como promotores imobiliários, Estado, trade turístico e agentes sociais
questionadores, como ONG`s e a comunidade. Esses discursos são analisados 576
por intermédio de textos jornalísticos divulgados na Câmara Municipal de Porto
Alegre, os quais transcrevem algumas falas desses agentes sociais. A análise
desses textos revela que os discursos tanto dos promotores imobiliários quanto
da maioria dos políticos, representantes do Estado, e do trade turístico,
pretendem justificar o projeto de gentrificação do Cais Mauá argumentando,
fundamentalmente, pelo fomento ao turismo com a criação de novos empregos,
pela revitalização de uma área subutilizada, em função do espelho de outros
projetos similares em espaços portuários de grandes cidades turísticas e também
pela necessidade de sua concretização até a realização da Copa do Mundo de
2014. Por outro lado, os discursos contestadores, por parte de ONG`s e da
comunidade, por exemplo, buscam legitimar outro modelo e apontam que o
projeto em estudo se baseia na especulação imobiliária ao invés de discutir a
melhor opção para o desenvolvimento urbanístico da cidade. Mostram-se contra o
erguimento de ―espigões‖ ao longo de toda orla e defendem seu uso integral pela
comunidade em geral e não apenas por certos atores sociais privilegiados.
ABSTRACT
This article discusses the Maua Pier area in Porto Alegre and the project that was
given its name, which in this article, is characterized as a case of gentrification. It
begins with the theoretical discussion about the term gentrification and,
immediately after, addresses aspects that influence this phenomenon. This arises,
then, issues relating to globalization, the role of the middle class, the relationship
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between producers and consumers of these areas and the resulting segregation.
The Pier Maua project was subject of intense legislative debates at the House of
Councillors, so they could have approved the law that will allo w the State to launch
an international tender bidding. The objective of this study is to analyse the
legitimating speeches of the various actors involved in the subject, as property
developers, State, tourist trade and questioning social actors, as NGO`s and the
community. These speeches are analyzed through articles published on the
website of the House of Councillors of Porto Alegre, which transcribe some
speechs of these social agents. The analysis of these texts shows that the
speeches of both the developers and the majority of politicians, representatives of
government, and the tourism trade, seek to justify the project of gentrification of
Pier Maua arguing essentially that it promotes tourism with the creation of new
jobs, and the revitalization of an underutilized area, based on similar projects at
port areas of major tourist cities and also the need for its implementation until the
beginning of the World Cup 2014. On the other hand, the protesters speeches, as
NGO's and the community, for example, seek to justify another model and show
that the actual project is based on property speculation rather than discusses the
best option for the urban development of the city. They stand up against the
building of skycrapers along the entire border and defend its use by the whole
community in general and not only by certain privileged social actors.
1 INTRODUÇÃO 577
45
Enobrecimento
1.3 PROBLEMAS
579
1.4 HIPÓTESES
1.5 METODOLOGIA
2 GENTRIFICAÇÃO
46
O termo inglês Gentrification pode ser traduzido como embelezamento.
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Dependendo da maneira como é realizado, esse processo também pode
ser chamado de higienização social ou de limpeza social, especificamente, devido
à violência contra direitos humanos com que, por vezes, tais ações são
realizadas.
581
A troca da classe social que habita a área constitui a diferença fundamental
entre gentrificação e ações mais simples como renovação, revitalização,
reabilitação ou requalificação (SILVEIRA, 2007).
O projeto PLCE nº 004 / 09, conhecido como Projeto Cais Mauá, prevê
investimentos de aproximadamente R$ 500 milhões, para o desenvolvimento de
áreas de comércio, turismo, lazer e cultura. A aprovação do projeto de lei pela
Câmara Municipal é pré-requisito para que o Estado elabore o edital de licitação
internacional para arrendamento ou concessão da área.
Para Santos (2005), devemos considerar a presença de pelo menos três 583
mundos num só. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a
globalização como fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização
como perversidade; e o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra
globalização.
De acordo com esse discurso, o Projeto Cais Mauá deve ser realizado visto
que essa é a tendência mundial, mas parece não levar em conta as
características próprias e as necessidades locais da cidade de Porto Alegre.
47
Idem a solvível: adj. Que tem com que pagar; que se pode solver ou pagar.
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destinadas a segmentos de comércio, à fuga das indústrias por razões
econômicas e ao conseqüente esvaziamento de algumas áreas centrais das
grandes cidades.
Muitos espaços que antes eram de domínio publico têm sido liberados
pelo Estado para o desenvolvimento de projetos turísticos pelas entidades
privadas. Bertoncello diz que ―la privatización de los servicios alcanza también a
los recreativos y culturales, conllevando la privatización de espacios otrora
públicos y restringiendo su uso a quienes pueden pagarlos .‖ (1996, p.211)
p.159).
Harvey (2004, p.234) observa que o livre comércio tem causado grandes
danos sociais, e que isso pode ser atenuado por intermédio de alguma entidade
reguladora, ou seja, o Estado:
Beni (2003), por outro lado, acredita que as instituições privadas são as
únicas capacitadas para desenvolver determinados projetos, primordialmente os
turísticos:
Logo, quando o Estado privatiza um espaço público, ele pode estar agindo
em favor dos monopólios e consequentemente criando maior segregação pela
promoção da concentração econômica e demográfica.
Autour dês points de vue d‘óu l‘on peut voir lês paysages dont la beauté
est déjà consacrée, la spéculation fonière se déchaîne. [...] Sous prétext
de aménagement, sous couvert, sinon d‘une nouvelle <science>, du 591
moins d‘une nouvelle savoir-faire, architects, urbanistes, géographes,
48
décident comment et oú il faut construer <sans casser le paysage>.
(LACOSTE, 1977, p.72)
48
Ao redor dos pontos de vista de onde se podem ver as paisagens cuja beleza já é consagrada, a especulação
fundiária desencadeia-se. [...] Sob o pretexto de ordenamento, sob cobertura, se não de uma nova ciência,
pelo menos de um novo "knowhow", arquitetos, urbanistas, geógrafos, decidem como e onde é necessário
construir <sem tapar a paisagem>. Tradução do Autor.
A posição técnica ficou por conta do arquiteto urbanista Nestor Nadruz, que
apontou:
7 CONCLUSÃO
A reflexão sobre o projeto para o Cais Mauá de Porto Alegre nos insere no
terreno do que denominamos de gentrificação. Esse projeto tem a ver com o dia-
a-dia de nossa sociedade, com o que fazemos e aonde vivemos. Sua influência
no cotidiano da cidade será percebida em diversos âmbitos, tanto no ambiental
como nos processos e formas espaciais do espaço urbano.
A gentrificação, enquanto renovação, revitalização, reabilitação ou
requalificação, implica na mudança de classe social de um determinado espaço
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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brasileira. São Paulo: Aleph, 2003.
BARRETTO, M. Turismo y Cultura. Relaciones, contradicciones y expectativas.
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_________. Espaços de Esperança. Trad. de Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela
Gonçalves São Paulo: Loyola, 2004.
RESUMO
Este trabalho se vincula a um projeto do CNPq sobre a dinâmica sócio-espacial e
as novas centralidades em Três Lagoas-MS, bem como a um estudo sobre
turismo de negócios decorrente do acelerado processo de industrialização, após a
década de 1990, e este por sua vez aumentou a demanda por serviços de
hospedagem e alimentação. A cidade conta, além do centro principal, com quatro
novos subcentros, com intenso fluxo de pessoas, automóveis, idéias e capital,
elementos que definem e caracterizam uma centralidade. Centralidade não é
expressa somente em um local central no espaço geográfico, ou seja, pode ser
localizada no entorno da cidade, como ocorre em Três Lagoas. O trabalho teve,
dentre outros, o objetivo de identificar as centralidades urbanas e analisar a sua 596
importância no contexto intra e inter urbana e demonstrar a importância do
turismo de negócios no atual contexto sócio econômico e a espacialização dos
equipamentos e serviços de apoio a este segmento. Os procedimentos teóricos
metodológicos pautaram-se na revisão da literatura acerca das temáticas
estudadas, já que se tratou de uma pesquisa interdisciplinar, Geografia Urbana e
Turismo, cujas categorias de análise – espaço, território, cultura – revelaram a
dinâmica do processo de reestruturação sócio espacial urbana. O trabalho de
campo, com visitas in loco, entrevista com turistas e usuários dos serviços, assim
como o mapeamento dos equipamentos permitiram apreender e demonstrar a
espacialidade dos empreendimentos na e da cidade, revelando que as práticas e
relações sociais dos agentes internos e externos – produção, circulação e
consumo de bens e serviços – definiram territórios e delinearam novas
territorialidades urbanas. Concluiu-se que a consolidação do segmento do turismo
de negócios foi primordial e importante no desenvolvimento sócio econômico e
cultural de Três Lagoas, por meio da expansão e profissionalização dos serviços
de hospedagem e alimentação situados nos espaços que exercem centralidades
nas escalas intra e inter urbanas.
ABSTRACT
This work is linked to a project of CNPq on the socio-spatial dynamics and new
centralities in Três Lagoas-MS, as well as a study on business tourism due to the
accelerated process of industrialization after the 1990s, and this in turn increased
597
1 INTRODUÇÃO
O trabalho é resultado de uma pesquisa sobre estruturação dos
empreendimentos dos meios de hospedagem e alimentação nas centralidades de
Três Lagoas-MS, devido sua recente expansão motivada pelo crescimento
econômico e populacional, e que aumentou a demanda por esses serviços.
Três Lagoas se localiza na porção leste de Mato Grosso do Sul, (Ver 598
Figura 1), sua formação urbana está vinculada a ferrovia (LANDIM, 2004), pois
iniciou com a chegada da Estrada de Ferro da Noroeste do Brasil (EFNOB) e se
emancipou em 1915. A pecuária bovina foi a principal atividade econômica
(CATTÂNIO, 1976; ARANHA-SILVA, 1992), cuja hegemonia permaneceu até
meados de 1990. Em 2009, contava com 90 mil habitantes (IBGE, 2009).
.
CENTRALIDADE URBANA
607
608
REFERÊNCIAS
ARANHA-SILVA, E. Três Lagoas: uma interpenetração do rural com o urbano.
Dissertação (Mestrado em Geografia). Presidente Prudente: UNESP, 2002.
______. A dinâmica sócio-espacial e as novas centralidades urbanas em Três
Lagoas-MS. Três Lagoas: UFMS-CNPq, 2009. (Relatório Técnico de Pesquisa)
______.; SILVA, D. R. A. da; LEAL, F. V. A. L.. A (re)estruturação espacial urbana
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2006. Anais... Uberlândia, CD-ROM. (Artigo Completo)
BOULLÓN, R. C. Planejamento no espaço turístico. Trad. Josely Vianna Baptista.
Bauru: EDUSC, 2002.
CATTANIO, M. B. A dinâmica urbana e a estruturação espacial de Três Lagoas .
126 f. Dissertação (Mestrado em Geografia). Bauru: Facudade de Filosofia,
Ciência e Letras Sagrado Coração de Jesus, 1976.
CASTELLS, M. A questão urbana. Paz e Terra: Rio de Janeiro, 1983.
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Contexto, 2004.
CORIOLANO, L. N. M. T. O turismo nos discursos, nas políticas e no combate à
pobreza. São Paulo: Annablume, 2006.
CORRÊA, R. L. O espaço urbano. São Paulo: Ática, 1989.
______. Redes geográficas e organização espacial. São Paulo: Ática, 1993.
______. Trajetórias geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.
RESUMO
A partir do fim do século XX, muitos Estados entenderam o turismo como uma
nova forma de angariar recursos. Assim, os investimentos em infra-estrutura
turística, a partir das políticas públicas formam em grande escala novas
paisagens, espaços e lugares. Entender como esse ―jogo‖ tem capacidade para
reconfigurar lugares longínquos das grandes capitais é o objetivo desse artigo,
tendo como foco o município de Aracati, reconhecido por suas belas praias e tão
bem explorado publicitariamente pelo Governo do Estado do Ceará. Usou-se uma
metodologia com abordagem qualitativa, entendendo as transformações como um
todo e não com compartimentações. Entendeu-se que o turismo globalizado,
pressionou o surgimento do turismo de base local e como os lugares 615
apresentaram novas funções.
ABSTRACT
From the end of the twentieth century, many states understand tourism as a new
way to raise funds. Thus, investments in tourism infrastructure, from public policies
make large-scale new landscapes, spaces and places. Understanding how this
"game" has the ability to reconfigure remote places of the great capital is the
objective of this article, focusing on the city of Aracati, renowned for its beautiful
beaches and advertising-as exploited by the State of Ceará. It used a qualitative
methodology, understanding the changes as a whole rather than
compartmentalization. It would appear that the globalized tourism pressed the rise
of tourism on local places and how the new features presented.
49
Para Castro (2005) o município é a expressão mais concreta do próprio conjunto do território e da
sociedade brasileira, pois, é nele que é concretizada as políticas públicas.
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617
624
A luta pela defesa da posse da terra tem sido incessante, contra algumas
empresas imobiliárias que pressionam nativos para a venda de seus espaços.
Assim, praias como Quixaba deixa de ser colônia de pescador e passa a integrar
o roteiro dos turistas que vão à Canoa Quebrada. Verifica-se como ocorre a
produção do espaço urbano pelo turismo, como a atividade chega ao litoral e
como os agentes da especulação imobiliária atuam nas comunidades,
relacionando esse movimento com a geografia do turismo. A participação do
turismo no território de Quixaba está restrita à faixa litorânea e seu crescimento
fortemente condicionado à valorização de paisagens tropicais, destacando-se
extensos trechos de praia, e à construção da infra-estrutura para dar suporte à
demanda turística.
5. CONCLUSÃO
A luta pela posse da terra tem sido incessante, com enfrentamento aos
especuladores, quando empresas imobiliárias pressionam nativos para venda de
suas casas e cabanas. Muitas colônias de pescadores passam a ser núcleos
receptores de turismo, descaracterizando-se. A produção do espaço urbano pelo
turismo reestrutura espacialidades e mudanças no relacionamento entre cidadão,
espaço vivido e turistas.
RESUMO
Os espaços públicos de lazer e turismo têm despertado interesses divergentes,
envolvendo sociedade civil, poder público e iniciativa privada. Este artigo analisa
os principais problemas e anseios apontados pela sociedade civil quanto aos
espaços públicos de lazer e turismo no município de Belém do Pará tendo como
direcionamento a abordagem quali-quantitativa. Foi desenvolvida pesquisa
bibliográfica e de campo, onde a segunda teve como lócus as praças. Os sujeitos
foram investigados em dias alternados, respondendo a um roteiro de entrevista
semi-estruturado. De acordo com os resultados obtidos, as praças por serem
ambientes abertos e gratuitos, são percebidas como representantes dos espaços
públicos de lazer no município de Belém. Foi identificada uma acentuada
insatisfação da sociedade, em relação à oferta de lazer em seus bairros, em
função do estado de abandono, precariedade, insegurança, ou simplesmente pela
inexistência de espaços públicos, havendo necessidade urgente de construções e
dinamizações de praças, além da melhor distribuição destas entre os bairros. As
discussões sobre a categoria espaço se revelam como amplas e complexas e 630
quando unidas à categoria público, tornam-se ainda mais polêmicas. Trata-se de
uma temática essencial para a compreensão do lazer e do turismo no âmbito
urbano, uma vez que deveria ser papel das políticas públicas, cuidar da
elaboração de ações concretas voltadas ao atendimento das necessidades
sociais, tendo em vista a efetivação de direitos coletivos. Discutir o espaço
significa compreender a sua complexidade e inter-relação com o social, onde a
dinamicidade das transformações se faz presente.
ABSTRACT
The public spaces of leisure and tourism have attracted divergent interests,
involving civil society, government and private enterprise. This article reviews the
key issues and concerns highlighted by civil society and public spaces for lei sure
and tourism in the city of Belem do Para and direction as the qualitative and
quantitative approach. Literature was developed and field, where the second was
to locus squares. The subjects were investigated on alternate days, responding to
a roadmap for semi-structured. According to the results, the squares because they
are outdoors and free, are perceived as representatives of public leisure areas in
the city of Bethlehem has been identified a marked dissatisfaction of society in
relation to leisure activities in their neighborhoods, according the state of
abandonment, insecurity, uncertainty, or simply the lack of public spaces, the
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urgent need to dinamizations buildings and squares, as well as better distribution
of these among the districts. Discussions on the category space are as large and
complex and when attached to the public category, become even more
controversial. This is an issue essential to the understanding of leisure and tourism
in the city, as it should be the role of public policies, c are for the elaboration of
concrete actions aimed at meeting the social needs in order the execution of
collective rights . Discuss the space means understanding the complexity and
interrelation with the social, where the dynamics of change is present.
1 INTRODUÇÃO
ações humanas, fruto de relações entre sujeitos. Relações estas, em sua maioria
conflituosas, permeadas por interesses divergentes.
O espaço não é nem uma coisa nem um sistema de coisas, senão uma
realidade relacional: coisas e relações juntas. ‗Eis por que sua definição
não pode ser encontrada senão em relação a outras realidades: a
natureza e a sociedade, mediatizadas pelo trabalho‘. (SANTOS, 2008,
p.28).
(...) o espaço de lazer tem uma importância social por ser um espaço de
encontro e de convívio. Através desse convívio, pode acontecer a
tomada de consciência, o despertar das pessoas para descobrir que os
espaços urbanos equipados e conservados para o lazer são
indispensáveis para uma vida melhor para todos e que se constituem em
um direito dos brasileiros.
635
Um espaço de possibilidades de ações políticas, bem como de visibilidade,
onde determinados grupos, dentre eles políticos e empresários assumem o
―rótulo‖ dos espaços. A visibilidade e a dinamicidade dos espaços de lazer são
retratadas através do movimento de pessoas, compreendidas como ―cidadãos
consumidores‖. Existiria então, uma relação de identidade entre a população local
e os novos espaços de lazer e turismo, uma vez que estes são idealizados e
administrados sob a lógica de produção e reprodução do sistema capitalista em
escala mundial, ―negando‖ o direito ao acesso da classe trabalhadora?
Cada homem vale pelo lugar onde está: o seu valor como produtor,
consumidor, cidadão, depende de sua localização no território. Seu valor
vai mudando incessantemente, para melhor ou para pior, em função das
diferenças de acessibilidade (tempo, freqüência, preço), independente de
sua própria condição (SANTOS, 2007, p. 107)
20%
80%
A Estação das Docas foi citada diversas vezes, como sendo um espaço
elitizado, que a pesar de belo, não permite muita liberdade aos seus
freqüentadores, a começar pelas vestimentas, servindo de contraponto com as
641
praças.
20%
43%
642
17%
17%
Maiores Investimentos para a criação de esapços públicos
Criação de mais prograções e atividades nos espaços
Acesso gratuito aos fins de semana nos museus
Maior divulgação sobre as formas de acesso aos espaços
Abertura das escolas aos fins de semana para a prática do lazer
Quando indagados sobre o que deveria ser feito pelo poder público no
campo do lazer, 43% dos entrevistados responderam a necessidade de maiores
investimentos na criação de espaços públicos, sob a justificativa de haverem
poucos espaços localizados nas áreas de baixadas. Muitos dos existentes
encontram-se deteriorados e sem a mínima condição para a realização de
50
De acordo com Saint-Clair Trindade (1997, p.22) “As baixadas existentes em Belém são áreas inundadas
ou sujeitas às inundações – decorrentes, em especial, dos efeitos das marés - e ficaram conhecidas,
principalmente a partir da década de 60, por serem espaços de moradia das camadas sociais de baixo poder
aquisitivo”.
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práticas saudáveis de lazer. A melhor distribuição, entre os bairros da cidade, no
que tange as futuras construções é um dos caminhos apontados pelos
entrevistados, uma vez que os bairros centrais são sempre beneficiados pelas
ações governamentais.
Ainda sobre o que o poder público deveria fazer no campo do lazer, 20%
apontaram a necessidade de maior divulgação sobre as formas de acesso aos
espaços, pois não sabem exatamente se existe ou não cobrança de taxas de
visitação. Para não correrem o risco de serem barrados, optam pela não
freqüência em determinados ambientes, tidos como ―requintados‖. O Mangal das
Garças, Pólo Joalheiro, Casa das Onze Janelas e Forte do Presépio são muito
citados.
As praças por serem gratuitas, são tidas como representantes dos espaços
públicos de lazer no município de Belém, principalmente por apresentarem o
acesso gratuito e estarem em grande parte, sob a responsabilidade do
644
governamental.
4 CONCLUSÃO
As praças foram apontadas como principais espaços de lazer, não por falta
de opção, pois os entrevistados demonstraram saber da existência dos demais
espaços, como teatros, museus, etc., mas por apresentarem acesso gratuito e
maior liberdade de expressão, sem restrições quanto aos dias e horários e por
645
possibilitarem momentos de convivência coletiva entre pessoas de diferentes
culturas, religiões, níveis sócio-econômico, bairros, etc., sendo ambientes livres
para a realização das mais diversas atividades. A gratuidade é certamente o
elemento principal no processo de escolha, uma vez que alguns espaços foram
apontados como excludentes e segregadores, como os museus, teatros, entre
outros que exigem a cobrança de taxas.
REFERÊNCIAS
649
RESUMO
Este artigo apresenta como temática principal a influência do turismo na
urbanização e na organização espacial e faz uso de um caso referência para
discussão. A Vila do Abraão é o recorte espacial definido para a pesquisa que tem
como objetivo geral analisar o processo de uso e ocupação do solo na localidade,
identificando para tanto os principais instrumentos legais elaborados para o
ordenamento da ocupação urbana. A metodologia utilizada baseou-se em
levantamento documental-iconográfico, pesquisa e leitura da bibliografia
concernente e demais materiais de interesse da investigação, assim como
análise, classificação e interpretação do material recolhido. Muitos dados e
informações foram obtidos diretamente nos órgãos públicos responsáveis pela 650
ABSTRACT
This article presents the main theme as the influence of tourism on urban
development and spatial organization and makes use of a reference case for
discussion. The Village of the Abraão is defined spatial area for research that aims
at analyzing the process of use and occupation of land in the locality, identifying
both the main legal instruments developed for the planning of urban occupation.
The methodology used was based on a survey-documentary iconographic
research and reading of literature and other materials concerning the interests of
research, as well as analysis, classification and interpretation of collected material.
Many data and information were obtained directly from the agencies responsible
for management of the Village of the Abraão. The main achievements of the
research relate to the understanding of the situation of irregular occupation in the
Village of the Abraão, based on knowledge of key laws and policy instruments that
govern the area as well as knowledge on policy issues and local governance.
Key-words: Village of the Abraão; tourism; spatial organization.
Neste sentido temos como caso referência a Vila do Abraão localizada na 651
Ilha Grande, Angra dos Reis/RJ cujo crescimento urbano deflagrado pela
atividade turística consideramos que não foi acompanhado por um planejamento
condizente com a realidade local. Toda a Ilha Grande é coberta por um mosaico
de unidade de conservação onde se verifica ao longo dos anos uma superposição
administrativa do poder municipal, estadual e federal. Essa confusão na
administração pública gera reflexos na qualidade ambiental local no que tange
principalmente ao uso e ocupação do solo, colocando em risco não somente o
meio ambiente como também a população local e os turistas e visitantes que
chegam à Ilha diariamente.
2. DESENVOLVIMENTO
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O conceito de degradação ambiental adotado neste trabalho é o existente na Lei nº 6.938, de 31/08/81,
artigo 3º, inciso II da Política Nacional do Meio Ambiente, onde degradação da qualidade ambiental
constitui-se ―... a alteração adversa das características do meio ambiente." (BRASIL, 1981). Salienta-se que
a lei federal foi alterada pela Lei nº 7.804, de 18/07/89, que mantém a mesma definição referente ao termo.
XI ENCONTRO NAC ION AL DE TURISMO COM BAS E LOCAL
Turismo e Tr ansdisciplinaridade: n ov os desafios
Niterói - RJ
12 a 14 de abril de 2010
É plausível, portanto que as soluções para os problemas da cidade sejam
coordenadas e tratadas dentro da compreensão do ecossistema total, suas partes
e ligações, tornando as conseqüências das ações mais previsíveis. Além disso, é
preciso que os cidadãos tenham consciência da situação ambiental em que estão
inseridos e se reconheçam como agentes da organização do espaço, já que como
afirma ROSSI (1998 apud ARAUJO, 2009) “a cidade é uma coisa humana por
excelência, sendo um reflexo da sociedade”.
Este mesmo autor apresenta em seu livro ―A boa forma da cidade‖ (1985)
as dimensões da execução dessa boa forma, as quais podem contribuir
sobremaneira para o trabalho de planejamento ambiental. É importante ressaltar,
todavia que, de acordo com LYNCH (1985), nenhuma dessas dimensões é única
de forma que todas indicam um conjunto de qualidades de base c omum, o qual
pode por sua vez ser medido em termos comuns. Assim temos como as cinco
dimensões básicas para a boa forma da cidade:
Segundo FRATUCCI (2000) o turismo pode ser visto a partir de três formas
distintas de incidência territorial, que são: as áreas emissoras, as receptoras e os
corredores de deslocamento. Esses três elementos são descontínuos e
interligados no espaço de forma que “o lugar (nó) emissor precisa do lugar (nó)
receptor para satisfazer as demandas dos turistas e, para informá-los e
transportá-los, estabelece linhas que unem esses lugares (nós), formando uma
rede complexa” (FRATUCCI, 2000, p. 127). É justamente nesses nós formados
pelas áreas receptoras que o turismo se manifesta na íntegra e estabelece o
fenômeno da turistificação dos espaços já que, como afirma RONAI (1977), foi
durante a estadia que se desenvolveu a arte da viagem e é a estadia que
promove “uma imersão de grande duração na paisagem”.
52
No Brasil, a definição mais usual de ecoturismo é dada pelo documento Diretrizes para uma Política
Nacional de Ecoturismo, elaborado pela Embratur e pelo Ministério do Meio Ambiente e publicado em 1994 a
qual determina: “Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o
patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência
ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações”.
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Grande. O que se vê na Vila do Abraão vai direção contrária ao que este tipo de
turismo preconiza, estando muito mais associado ao turismo de massa
característico do século XX. Neste sentido, URRY (1996) destaca que a relação
existente no turismo de massa é de produção e consumo, a qual cria uma ilusão
que destrói os próprios lugares visitados. Esta situação paradoxal é hoje a
realidade da Vila do Abraão onde a utilização desordenada do aporte físico e
natural constituiu um quadro de degradação ambiental que pode comprometer
sobremaneira a prática do turismo e a qualidade de vida da população local.
3 CONCLUSÃO
uma área que tão bem representa o patrimônio natural, social e cultural do nosso
país e que há muito vem sendo usurpada pela negligência e ganância dos grupos
hegemônicos e pelas más gestões político-administrativas.
REFERÊNCIAS
ABREU, C. V. de. Urbanização, apropriação do espaço, conflitos e turismo: Um
estudo de caso de Angra dos Reis. Niterói, 2005. 151 f. Dissertação (Mestrado em
Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade
Federal Fluminense, Niterói, 2005.
ACSELRAD, H. Sustentabilidade e Democracia. Proposta n. 71, FASE, Rio de
Janeiro, 1997.
ALCÁNTARA, L. A. G.; PECCATIELLO, A. F. O.; CREMONESE, M. M.; ARAUJO,
N. P. L. D. de. Democracia dialógica nos Conselhos Municipais de Meio
Ambiente. In: Encontro da ANPPAS, 3, 2006, Brasília. Anais do III Encontro da
ANPPAS. Disponível em: <
http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro3/GT8.html>. Acesso em 12
maio 2008.
ANGRA DOS REIS. Lei nº 162/llei nº 162/L.O., de 12 de dezembro de 1991.
Plano Diretor. Disponível em: <
http://www.angra.rj.gov.br/asp/sgd/sgd_legisbusca.asp>. Acesso em 20 jul 2008.