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UNIVERSIDADE

CATÓLICA
DE
PELOTAS
CENTRO
DE
CIÊNCIAS
JURÍDICAS,
ECONÔMICAS
E
SOCIAIS
CURSO
DE
DIREITO

Material
Didático:

DIREITO
CIVIL
II
(DIREITO
DAS
OBRIGAÇÕES)
Prof.
Ms.
Fernando
Costa
de
Azevedo

Noções
fundamentais
do
Direito
das
Obrigações

1.
Noção
de
obrigação:
1.1.
Acepções amplas:
a)
Obrigação
como
dever
social
(normas morais e
de
trato
social)
b)
Obrigação
como
dever
jurídico
(normas
jurídicas em
sentido
amplo)
1.2.
Acepção
restrita
ou
técnica
-obrigação
como
espécie
de
relação
jurídica:
a)
Obrigação
como
relação
jurídica
simples (o
vínculo
obrigacional);
b)
Obrigação
como
relação
jurídica
complexa
(o
processo
obrigacional).
2.
Elementos
constitutivos
da
relação
jurídica
obrigacional:
2.1.
Os sujeitos (credor
e
devedor);
2.2.
O
objeto
(a
prestação
debitória).
3.
Finalidade
da
relação
jurídica
obrigacional:
A
finalidade
de
qualquer
relação
jurídica
obrigacional
é
a
satisfação
do
interesse
do
credor
a
partir
da
prestação
debitória,
isto
é,
a
satisfação
do
seu
direito
de
crédito
a
partir
do
cumprimento
da
prestação
pelo
devedor.
Temos
aqui
a
chamada
função
individual
do
Direito
das Obrigações.
Mais
adiante
veremos que
essa
função
individual
encontra
limites,
no
atual
estágio
do
direito
privado
brasileiro,
na
realização
de
interesses sociais.
Temos aí
a
chamada
função
social
do
Direito
das Obrigações1.

1 Podem ser consideradas expressões dessa função social assumida pelo Direito das Obri
gações: a) o art.
421 do Código Civil de 2002, que consagra a função social do contrato como razão e limit
e ao exercício
dos direitos baseados nos contratos em geral; b) o art. 927, parágrafo único do mesm
o Código, que
consagra a responsabilidade civil objetiva no ordenamento jurídico brasileiro, apr
esentado, como
critério, o risco da atividade desenvolvida pelo autor do dano, o que demonstra o
propósito de uma
responsabilidade civil baseada na justa distribuição dos riscos em sociedade (quer d
izer, quem
desenvolve atividade em especial, a profissional cuja natureza é ser uma atividade
perigosa (de
risco) para aqueles as quais ela se destina, deve suportar esse risco, independe
ntemente da presença ou
não de culpa no seu proceder. Em ambos os casos, a norma jurídica pode contrariar in
teresses
individuais em prol do interesse social (exs: a) determinado contrato não pode con
ter certa cláusula que
ultrapasse o interesse da sociedade dentro da qual esse contrato é celebrado e cum
prido o controle
das cláusulas abusivas no Direito do Consumidor é um bom exemplo; b) determinada pes
soa jurídica
poderá ser obrigada a indenizar uma pessoa se sua atividade for, naturalmente, uma
atividade perigosa
(ex: um clube de tiro; um indústria farmacêutica; uma clínica cirúrgica etc.).
4.
Interesses
patrimoniais
e
extrapatrimoniais
do
credor:
No
contexto
de
uma
relação
jurídica
obrigacional
o
credor
pode
ter
um
interesse
de
natureza
patrimonial
ou
não.
A
idéia
é
pensar
que
o
interesse
do
credor
sempre
terá
natureza
patrimonial,
o
que
não
é
verdade,
isto
é,
mesmo
nas chamadas obrigações negociais (ver
próximo
tópico)
o
interesse
do
credor
no
cumprimento
da
prestação
pelo
devedor
pode
ter
natureza
extrapatrimonial,
sem
que
isso
seja
causa
de
invalidade
da
relação
obrigacional
em
questão.

4.1.
Interesses patrimoniais do
credor:
são
aqueles de
natureza
mercantil,
isto
é,
os que
estão
relacionados diretamente
ao
fator
econômico
(pecuniário),
como
os interesses
nos contratos de
compra
e
venda,
de
mútuo,
de
comissão,
de
agência,
nas obrigações de
restituição,
nas obrigações de
reparação
de
danos materiais etc.
4.2.
Interesses extrapatrimonais do
credor:
são
aqueles de
natureza
intelectual,
de
lazer,
estéticos,
cívicos,
vinculados,
no
mais das vezes,
a
bens
jurídicos da
personalidade
humana
(vida,
honra,
imagem,
integridade
física
e
psíquica
etc.),
como
a
contratação
de
serviços médicos,
de
serviços
de
educação
como
curso
de
idiomas,
de
serviços de
um
bar,
restaurante,
espetáculo
artístico,
bem
como
aquelas que
dizem
respeito
à
reparação
de
danos à
pessoa
(honra
imagem,
integridade
física
ou
moral
etc.).
5.
As
três
espécies
de
relações
jurídicas
obrigacionais2:
Segundo
a
natureza
do
interesse
do
credor,
as relações jurídicas obrigacionais
classificam-se
em:

5.1.
Obrigações
negociais
essas obrigações identifica-se
o
interesse
do
credor
na
realização
das expectativas nascidas de
compromissos assumidos
por
outra
pessoa
(devedor)
em
negócio
jurídico,
seja
contrato
(compra
e
venda,
locação,
transporte),
seja
negócio
unilateral
(promessa
pública
de
recompensa,
subscrição
de
títulos
de
crédito
etc.).
Neste
caso,
o
Direito
das Obrigações vai
tutelar
a
expectativa
do
credor
no
adimplemento
das obrigações assumidas pelo
devedor,
com
realização
integral
da
prestação
debitória.
Para
tanto,
o
Direito
irá
coagir
o
devedor
ao
cumprimento
(pagamento)
da
obrigação
(prestação
debitória)
e,
quando
isso
não
for
possível,
procurar
colocar
o
credor,
à
custa
do
patrimônio
do
devedor,
na
situação
econômica
em
que
estaria,
se
a
obrigação
houvesse
sido
cumprida.
Estas obrigações têm
por
causa
um
negócio
jurídico
(declaração
de
vontade)
e,
quando
violadas,
geram
obrigações de
reparação
de
danos especiais,
chamadas responsabilidade
negocial
(CC/02,
art.
389
e
segs.).
5.2.
Obrigações
de
reparação
de
danos
(responsabilidade
civil
extranegocial)
nessas obrigações,
identifica-se
o
interesse
do
credor
na
reparação
de
danos
causados por
conduta
antijurídica,
ainda
que
não
necessariamente
ilícita,
de
outrem
(devedor),
que
represente
violação
de
deveres gerais de
não
causar
danos
a
ninguém
(de
neminem
laedere).
Neste
caso,
o
Direito
das Obrigações vai
tutelar
a
pretensão
do
credor
à
reparação
de
danos sofridos,
de
forma
a
ele
ficar,
tanto
quanto
possível,
na
situação
em
que
estava
antes de
haver
sido
praticado
o
fato
lesivo.
Estas obrigações têm
por
causa
a
prática
de
atos ilícitos (CC/02,
arts.
186
c/c
art.
927,
caput),
de
atividades lícitas,
porém
de
risco
aos direitos de
outras
pessoas
(art.
927,
§
único),
ou
ainda
de
atos abusivos,
isto
é,
espécies de
atos
ilícitos em
razão
do
exercício
abusivo
de
um
direito
(CC/02,
art.
187).
No
primeiro
caso
(ato
ilícito
previsto
no
CC/02,
art.
186),
a
responsabilidade
civil
é
chamada
subjetiva,
pois impõe-se
apenas em
razão
da
demonstração
de
culpa
(dolo,
negligência,
imprudência,
imperícia)
do
agente.
Nos dois casos seguintes (atividades perigosas e
atos abusivos)
a
responsabilidade
é
chamada
objetiva,
pois a
demonstração
da
culpa
é
dispensada,
bastando
apenas a
demonstração
do
nexo
causal
entre
o
dano
sofrido
e
o
fato
de
uma
atividade
perigosa
ou
abusiva3
.
2É MUITO IMPORTANTE entender essa classificação, porque é a partir dela que a disciplina
será
apresentada. A classificação é do professor Fernando Noronha e pode ser encontrada na
seguinte obra:
NORONHA, Fernando. Direito das Obrigações -1. São Paulo: Saraiva. 2003.
3 Sobre os atos abusivos como fontes de responsabilidade civil objetiva (CC, art
. 187), recomendo a
leitura da seguinte obra: MIRAGEM, Bruno. Abuso do Direito Proteção da Confiança e Lim
ite ao
Exercício das Prerrogativas Jurídicas no Direito Privado. Rio de Janeiro: Forense. 2
009. Na
responsabilidade civil derivada de atividades lícitas de risco (CC, art. 927, § único)
, percebe-se que, no
mais das vezes, o responsável poderá não ser a pessoa que praticou o ato, razão pela qua
l a
responsabilidade objetiva, nessas hipóteses, é chamada também de responsabilidade civi
l por ato de
5.3.
Obrigações
de
restituição
por
enriquecimento
se
causa
nessas
obrigações,
identifica-se
o
interesse
do
credor
na
devolução
ao
patrimônio
do
credor
daqueles ganhos que
outrem
(devedor)
tenha
conseguido
à
custa
dos
bens (direitos reais)
ou
até
da
pessoa
(direitos da
personalidade)
do
credor.
Os enriquecimentos injustificados têm
como
causa
o
aproveitamento
de
bens
e
direitos alheios e
geram
a
obrigação
de
restituir
o
acréscimo
patrimonial
indevidamente
obtido.
6.
Classificação
das
relações
jurídicas
obrigacionais
no
estágio
atual
do
Direito
Privado
Brasileiro:
Segundo
a
configuração
atual
do
Direito
Privado
Brasileiro4,
as relações
jurídicas obrigacionais classificam-se
em:

6.1.
Relações
obrigacionais
civis
lato
sensu
são
aquelas
que
decorrem
do
sistema
geral
do
Direito
Privado
que
é
o
Direito
Civil
(Código
Civil
de
2002
e
demais leis extravagantes).
As relações obrigacionais civis lato
sensu,
subdividem-se
em:
a)
Relações
obrigacionais
civis
stricto
sensu
são
aquelas que
têm,
como
sujeitos,
dois ou
mais particulares não-empresários.
Ex:
contrato
de
compra
e
venda
de
um
automóvel
entre
um
médico
e
um
advogado.
b)
Relações
obrigacionais
mercantis
ou
empresariais
são
aquelas que
têm,
como
sujeitos,
dois ou
mais particulares
empresários.
Ex:
contrato
de
compra
e
venda
de
uma
empresa
por
outra
empresa
6.2.
Relações
obrigacionais
de
consumo
-são
aquelas que
decorrem
do
sistema
especial
do
Direito
Privado
que
é
o
Direito
do
Consumidor
(Código
de
Defesa
do
Consumidor
Lei
n.
8.078/90
e
leis extravagantes).
As relações
obrigacionais de
consumo
são
aquelas que
têm,
como
sujeitos,
um
consumidor
(CDC,
art.
2º)
e
um
fornecedor
(CDC,
art.
3º,
caput)
de
produtos
(CDC,
art.
3º,
§
1º)
ou
serviços (CDC,
art.
3º,
§
2º),
isto
é,
um
sujeito
nãoprofissional,
leigo
em
relação
ao
produto
ou
serviço,
e
um
sujeito
profissional,
expert
em
relação
ao
produto
ou
serviço.
OBS:
Em
face
dos
dois sistemas de
Direito
Privado
vigentes no
Brasil
e
considerando
o
critério
hermenêutico
da
especialidade
é
de
fundamental
importância
saber
se
dada
relação
obrigacional
é
uma
relação
de
consumo.
Em
caso
afirmativo,
impõe-se
a
aplicação,
em
primeiro
lugar,
do
CDC
e,
no
que
couber,
do
Código
Civil.

terceiro, em contraste com a responsabilidade civil por ato próprio. No Direito do


Consumidor é muito
comum esse tipo de responsabilidade, quando o fabricante de um produto pode ser
levado a responder
pelos danos causados ao consumidor em razão de defeito no produto, cuja existência s
e deve à
atividade do comerciante, ou vice-versa (v. CDC, arts. 12 a 17).
4 A classificação a seguir é da professora Cláudia Lima Marques (UFRGS) e pode ser encon
trada na
seguinte obra: MARQUES, Cláudia Lima e outros. Manual de Direito do Consumidor. São
Paulo: Revista
dos Tribunais. 2009.
7.
Relação
obrigacional
simples
e
relação
obrigacional
complexa:
Podemos analisar
a
relação
obrigacional
de
dois modos.
O
primeiro
deles é
o
da
relação
obrigacional
simples
e
assim
é
denominado
porque
o
âmbito
da
relação
obrigacional
fica
restrito
apenas
aos
chamados deveres
de
prestação,
isto
é,
daqueles deveres que
se
originam
do
negócio
jurídico
estipulado
(ex:
do
contrato)
ou
de
uma
regra
legal
expressa.
Entretanto,

um
outro
modo
de
analisar
a
relação
obrigacional
(principalmente,
no
caso
das obrigações
negociais/contratuais).
Trata-se
do
modo
mais
correto
de
analisá-la,
pois
engloba
todas
as
realidades
jurídicas que
caracterizam
esse
tipo
de
relação
jurídica.
Nesse
caso,
denominamos relação
obrigacional
complexa
(ou
processo
obrigacional)
aquela
cujo
âmbito
de
existência,
validade
e
eficácia
vai
além
dos deveres de
prestação,
alcançando
ainda
os chamados deveres de
mera
conduta.
Ao
contrário
dos
deveres de
prestação,
os deveres de
mera
conduta
(também
chamados deveres anexos,
laterais ou
fiduciários)
não
estão
fundamentados no
negócio
jurídico
estipulado
ou
na
regra
legal
expressa.
Seu
fundamento
está,
sim,
na
lei,
mas em
um
princípio
jurídico
(não
confundir
com
regra
jurídica)
expresso
em
nosso
ordenamento
jurídico:
o
princípio
da
boa

objetiva
(CC,
arts.
113,
187
e
422).

Assim,
para
entendermos melhor
a
relação
jurídica
simples e
complexa,
precisamos compreender
essa
importante
classificação
dos
deveres de
prestação
e
dos
deveres de
mera
conduta.

7.1.
Deveres
de
prestação:
são
os
deveres que
se
dirigem
à
realização
das
prestações debitórias específicas e
predeterminadas pelos sujeitos
quando
da
celebração
do
negócio
jurídico.
Os deveres de
prestação
subdividem-se
em:

a)
Deveres
principais
(ou
primários):
são
aqueles que
dizem
respeito
às
prestações nucleares
da
relação
jurídica
obrigacional,
isto
é,
às prestações
sem
as quais não
haveria
o
negócio
jurídico.

Ex:

contrato
de
compra
e
venda
de
coisa
móvel
ou
imóvel
deveres
principais:
entrega
da
coisa
pelo
vendedor
e
pagamento
do
preço
pelo
comprador

b)
Deveres
acessórios
(ou
secundários):
são
aqueles que
dizem
respeito
às
prestações diretamente
vinculadas à
realização
ou
eficácia
das prestações
nucleares
da
relação
jurídica
obrigacional.
Ex:

contrato
de
compra
e
venda
de
coisa
móvel
dever
assessório
do
vendedor:
transportar
a
mercadoria
(despesas com
a
tradição
CC/02,
art.
490).

contrato
de
compra
e
venda
de
coisa
imóvel
dever
assessório
do
comprador:
pagar
a
confecção
da
escritura
e
o
registro
públicos
(despesas com
a
escritura
e
o
registro
CC/02,
art.
490).
7.2.
Deveres
de
mera
conduta:
são
aqueles que
somente
apontam
procedimentos que
é
legítimo
esperar
por
parte
de
quem,
no
âmbito
de
relação
jurídica
obrigacional
(em
suas fases pré-contratual,
contratual
e
pós-contratual),
age
de
acordo
com
os
padrões socialmente
recomendados de
correção,
lisura
e
lealdade
para
com
o(s)
outro(s)
sujeito(s)
que
integra(m)
esta
mesma
relação
jurídica.
Os deveres de
mera
conduta
têm,
como
fundamento,
o
princípio
da
boa-fé
objetiva
(CC/02,
arts.
113,
187
e
422),
segundo
o
qual
os sujeitos da
relação
jurídica
obrigacional
devem
cooperar
para
a
realização
dos interesses
da
outra
parte,
segundo
os padrões éticos de
convivência
social.
Com
efeito,
uma
das diretrizes ou
valores fundamentais do
novo
Direito
Privado
(Direito
Civil,
Empresarial
e
do
Consumidor)
vem
a
ser
a
da
eticidade,
isto
é,
a
exigência
da
correção,
da
lisura
de
conduta
em
sociedade,
e
conforme
as
legítimas expectativas (o
que
normalmente
se
pode
esperar)
dos sujeitos na
específica
relação
jurídica
obrigacional.
Os deveres de
mera
conduta
são
chamados deveres
fiduciários
(laterais
ou
anexos).
Fiduciários,
porque
estão
baseados na
idéia
da
confiança
(fidúcia)
que
o
comportamento
de
cada
sujeito
desperta
no
outro.
Laterais
ou
anexos,
porque,
ao
contrário
dos deveres (principais e
assessórios)
de
prestação,
não
são
pré-estabelecidos (estipulados)
no
negócio
jurídico
pelas partes
e
podem
até
mesmo
nem
ser
pensados por
elas no
momento
da
celebração
do
negócio.
Contudo,
decorrem
da
própria
interpretação,
doutrinária
e
jurisprudencial,
do
princípio
da
boa-fé
objetiva
que
alcança,
em
especial
nas relações
contratuais (CC/02,
art.
422),
não
apenas a
execução
do
contrato,
mas também
a
fase
de
formação
do
contrato
(pré-contratual),
a
da
celebração
e
cumprimento
do
contrato
(contratual)
e
a
dos atos que
se
seguem
após o
cumprimento
do
contrato
(pós contratual).
Por
fim,
a
violação
dos deveres
fiduciários pode
gerar,
como
principais conseqüências:

1)
a
obrigação
de
reparar
os danos
que
tenham
sido
causados
2)
a
perda
da
validade/eficácia
do
ato(negócio)
jurídico
praticado

IMPORTANTE:
Os deveres fiduciários ou
anexos mais conhecidos são5:

a)
dever
de
cuidado
(de
proteção
ou
segurança):
são
aqueles
que
obrigam
a
cada
sujeito
da
relação
obrigacional
a
cuidar
para
que
a
outro
não
sofra
lesões,
nem
em
sua
pessoa
nem
em
seu
patrimônio.
Ex:

relação
obrigacional
civil
do
locatário,
mesmo
que
no
último
mês de
locação,
de
realizar
as benfeitorias necessárias no
imóvel
se
não
conseguir
fazer
contato
com
o
proprietário
e
houver
risco
de
ruína
no
bem
locado.

relação
obrigacional
de
consumo
v.
arts.
8º,

e
10
do
CDC.

b)
dever
de
informação
(de
esclarecimento):
são
aqueles que
obrigam
a
cada
sujeito
da
relação
obrigacional
a
informarem-se
mutuamente
de
todos
os
aspectos que,
de
acordo
com
os padrões
de
conduta
prevalecentes,
sejam
importantes para
a
realização
do
negócio
em
causa.
Ex:

relação
obrigacional
civil
(stricto
sensu)
João,
que
deseja
vender
seu
automóvel
em
Porto
Alegre,
faz
contato
com
José
em
Pelotas,
que
deseja
ir
à
Porto
Alegre
ver
o
veículo.
Combinam
dia
e
horário,
mas João
percebe
depois

5Cf. NORONHA, Fernando. Op. cit.


que
não
poderá
mostrar
o
veículo
a
José
naquela
data.
João
deve
informar
João
dessa
impossibilidade,
para
evitar
que
este
efetue
gastos inúteis de
deslocamento.

relação
obrigacional
de
consumo
v.
arts.
30,
31,
46,
52,
53
do
CDC

c)
dever
de
assistência
(de
colaboração
ou
cooperação):
considerados
deveres especiais de
informação,
são
aqueles que
obrigam
a
cada
sujeito
da
relação
obrigacional
especialmente
naquelas onde
um
dos
sujeitos fornece
produtos ou
serviços duradouros
a
prestarem
auxílio
à
contraparte,
instruindo-a
sobre
como
resolver
problemas que
surjam,
ou
assegurando
o
fornecimento
de
peças
de
reposição.

Ex:

relação
obrigacional
civil
(empresarial)
contrato
de
franquia
empresarial
dever
do
franqueador
de
auxiliar
o
franqueado
na
solução
de
eventuais problemas técnicos advindos da
relação
com
o
consumidor
dos
produtos da
marca.

relação
obrigacional
de
consumo
fornecimento
de
produtos ou
serviços duráveis (ex:
computadores e
provedores de
internet:
dever
de
assistência
técnica
ou
suporte
técnico);
v.
ainda
o
CDC,
art.
32.

d)
dever
de
lealdade:
são
aqueles que
obrigam
a
cada
sujeito
da
relação
obrigacional
a
se
absterem
de
ações
que
possam
prejudicar
a
manutenção
ou

o
equilíbrio
do
negócio
jurídico
celebrado.
Assim,
o
dever
de
lealdade
impõe
às
partes condutas
de
não-rompimento
injustificado
das negociações,
de
nãodivulgação
de
informações obtidas em
razão
dessas tratativas ou
em
razão
da
relação
contratual

estabelecida
(dever
de
sigilo).
Ex:

relação
obrigacional
civil
(empresarial)
dever
de
sigilo:
empresa
A
obtém
dados sigilosos sobre
a
fabricação
dos
produtos da
empresa
B,
por
ocasião
de
tratativas para
compra
desta
pela
primeira.
Frustrada
a
operação
de
compra
e
venda,
a
empresa
A
não
pode
divulgar
esses dados para
a
empresa
C,
concorrente
da
empresa
B.

relação
obrigacional
de
consumo
fornecedor
de
planos (seguro)
saúde
não
pode
modificar
as condições gerais do
contrato
com
o
segurado
a
pretexto
de
que
este,
contando

com
mais de
60
anos,
é
fator
de
risco
para
a
empresa
e,
por
isso,
deve
escolher
entre
migrar
para
um
plano
três vezes mais custoso
ou
encerrar
seu
vínculo
com
o
empresa.
Por
fim,
após analisarmos a
distinção
entre
deveres de
prestação
e
deveres de
mera
conduta,
é
preciso
dizer
que
essa
classificação
é
distinta
da
que
veremos
a
seguir,
e
que
envolve
as prestações de
fato
e
de
coisa.
Na
verdade,
podemos
dizer
que
são
classificações complementares,
porque
um
dever
de
prestação
(principal
ou
secundário)
pode
ter,
como
objeto,
uma
prestação
de
fato
ou
de
coisa,
dependendo
da
circunstância;
o
mesmo
vale
para
um
dever
de
mera
conduta.
8.
Espécies
de
prestação
debitória
segundo
o
seu
objeto:
Como
vimos,
o
objeto
da
relação
jurídica
obrigacional
chama-se
prestação
debitória,
isto
é,
a
conduta
do
devedor.
Com
efeito,
as prestações debitórias
não
são
sempre
iguais,
pois variam
conforme
a
natureza
do
seu
objeto.
A
seguir,
temos a
classificação
das prestações debitórias levando-se
em
conta
esse
critério.
Trata-se
da
classificação
fundamental
das modalidades de
obrigações
(na
verdade,
prestações debitórias)
no
Direito
das Obrigações
(CC/02,
arts.
233-251).

8.1.
Prestações
de
coisa:
o
objeto
da
prestação
é
a
entrega
ou
devolução
de
coisas ;
As prestações
de
coisa
compõem
as chamadas obrigações de
dar
(CC/02,
arts.
233-246)
e
subdividem-se
em
três categorias:
a)
prestações
específicas,
ou
de
dar
coisa
certa
(CC/02,
arts.
233-242)
quando
a
prestação
diz
respeito
à
entrega
ou
devolução
de
coisa
individualizada
quanto
ao
gênero,
qualidade
e
quantidade.

Exs:

contrato
de
compra
e
venda
entrega,
pelo
vendedor,
de
um
automóvel
marca
Fiat
Palio
quatro
portas ano
2007.

contrato
de
locação
de
imóvel
urbano
devolução,
pelo
locatário,
do
imóvel
à
posse
do
proprietário-locador,
findo
o
prazo
da
locação.

obrigações de
restituição
de
bens por
enriquecimento
sem
causa
devolução,
ao
patrimônio
do
credor,
do
bem
recebido
indevidamente
pelo
devedor.

b)
prestações
genéricas,
ou
de
dar
coisa
incerta
(CC/02,
arts.
243-246)
quando
a
prestação
diz
respeito
à
entrega
ou
devolução
de
coisa
indicada
por
suas características gerais,
comuns a
todo
gênero.
Neste
caso,
a
indicação
da
qualidade
(e/ou
quantidade)
da
coisa
ocorrerá
apenas
no
momento
da
execução
da
prestação.
Ex:
contrato
de
compra
e
venda
entrega,
pelo
vendedor,
de
dez
sacas de
grãos (de
que
tipo
?
feijão,
arroz,
milho
?)

c)
prestações
pecuniárias,
ou
de
dar
quantia
certa
(CC/02,
arts.
315
e
404)

quando
a
prestação
diz
respeito
à
entrega
ou
devolução
de
valores
monetários.
Exs:

contrato
de
compra
e
venda
entrega,
pelo
comprador,
do
valor
(preço)
ajustado
no
contrato;

contrato
de
mútuo
(empréstimo)
devolução,
pelo
mutuário,
do
valor
recebido
do
mutuante
com
os devidos acréscimos (juros remuneratórios etc.).

o
pagamento
de
valor
monetário
a
título
de
indenização
(obrigações de
reparação
de
danos).

a
devolução,
ao
patrimônio
do
credor,
da
quantia
recebida
indevidamente
pelo
devedor
(obrigações de
restituição
por
enriquecimento
sem
causa).
8.2.
Prestações
de
fato:
o
objeto
da
prestação
é
a
ação
ou
omissão
do
devedor.
As prestações
de
fato
compõem
as
chamadas obrigações de
fazer
e
não
fazer
(CC/02,
art.
247
a
251)

Ex:

obrigação
de
fazer
(ação):
contrato
de
empreitada
realização
do
serviço
ou
atividade
(obra)
pelo
empreiteiro
(devedor)

obrigação
de
não
fazer
(omissão):
contrato
para
utilização
de
servidão
predial
(Direito
das Coisas)
abstenção
ou
tolerância
do
proprietário
do
prédio
serviente
em
relação
à
utilização
deste
mesmo
prédio
pelo
proprietário
do
prédio
dominante.

Obs:

outros
critérios,
além
da
natureza
essencial
do
objeto,
que
distinguem
as prestações debitórias.
Nesse
sentido,
fala-se
em:

a)
prestações
(obrigações)
divisíveis
e
indivisíveis
(CC/02,
arts.
257-263)
o
critério
é
o
da
divisibilidade
ou
não
do
objeto
da
prestação,
isto
é,
da
divisibilidade
ou
não
da
coisa
ou
do
fazer.
b)
prestações
(obrigações)
solidárias
(CC/02,
arts.
264-285)
o
critério
é
o
da
existência
de
mais de
um
credor
capaz
de
exigir
a
prestação
por
inteiro
do
devedor
(solidariedade
ativa)
ou
de
mais de
um
devedor
capaz
de
ser
exigido
a
cumprir
por
inteiro
a
prestação
(solidariedade
passiva).
Nas relações
obrigacionais em
geral
a
solidariedade
não
se
presume,
isto
é,

existirá
se
determinada
lei
assim
o
dispuser8
ou
se
as partes convencionarem
desse
modo
(CC/02,
art.
265).

c)
prestações
(obrigações)
alternativas/facultativas
(CC/02,
arts.
252-256)

o
critério
é
o
da
pluralidade
da
prestações atribuídas ao
devedor
e
o
da
possibilidade
de
haver
escolha
no
cumprimento
de
uma
delas
para
a
satisfação
integral
do
interesse
do
credor.

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