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Leia com atenção o texto do historiador inglês contemporâneo M.I.

Finley sobre a
escravidão na Antiguidade, baseado em relato de Aulo Caprélio Timótero, um mercador de
escravos da época, e responda às questões propostas.

Inevitavelmente, os gregos e romanos também tentaram justificar a escravião com


base numa inferioridade natural dos escravos. A tentativa fracassou por diversas razões.
Em primeiro lugar, havia uma minoria muito grande a quem tal teoria não se aplicava.
Por exemplo, após derrotarem os cartigineses de Aníbal, os romanos voltaram-se para o
leste e conquistaram o mundo grego, trazendo para a Itália centenas de milhares de
prisioneiros no decorrer dos dois séculos seguintes. Esta invasão grega involuntária teve
como um de seus efeitos uma verdadeira revolução cultural. "A Grécia cativa cativou seu
rude conquistador", disse o poeta romano Horácio; e era evidentemente impossível aplicar
a doutrina da inferioridade natural (que poderia até servir na caso dos germanos) a um
povo que lhes fornecia a maior parte dos professores, e que introduziu a filosofia, o teatro
e o que havia de melhor em escultura e arquitetura no seio de uma sociedade que
anteriormente não demonstrara possuir virtudes voltadas para tais interesses.
Em segundo lugar, a prática de libertar escravos como recompensa pelo serviço
fiel era bastante disseminada na Antiguidade, ocorrendo com maior freqüência, talvez, no
leito de morte. Não havia leis que regulamentassem a prática, mas podemos ter uma idéia
das proporções que atingiu através de um dos decretos do primeiro imperador romano,
Augusto. Ele tentou conter as libertações concedidas no leito de morte, provavelmente
para proteger os direitos dos herdeiros; estabeleceu então uma escala móvel, segundo a
qual nenhum homem poderia libertar mais que cem escravos em seu testamento. Após
séculos de contínua alforria, quem poderia distinguir os "naturalmente superiores" dos
"naturalmente inferiores" entre os habitantes dos cidades gregas e romanas
(especialmente quando não havia nenhuma diferença na cor da pele)?
[...]
Os escravos, enquanto mercadoria, criavam problemas singulares para os
comerciantes. Nas grandes cidades, ao que tudo indica, havia lojas que vendiam escravos:
em Roma, na época de Nero, elas se concentravam nas imediações do templo do Castor,
no Fórum. Mas eram a exceção. Não era possível ter sempre à mão, como uma mercadoria
comum, um estoque de gladiadores, pedagogos, músicos, artesãos especializados,
mineiros, crianças novas, mulheres para bordéis ou concubinato. O comércio de escravos
sempre foi conduzido de forma especial, e o mundo antigo não foi exceção. Por um lado,
havia os grandes mercados de escravos onde, provavelmente em datas prefixadas,
negociantes e intermediários podiam encontrar grandes estoques à venda. Alguns centros
localizavam-se nas cidades maiores, como Bizâncio, Éfeso ou Quios, mas havia mercados
menores que também eram importantes, como Titoréia, na Grécia central, onde se
realizava a cada seis meses uma grande venda de escravos por ocasião dos festivais em
homenagem à deusa Ísis. Por outro lado, mercadores itinerantes levavam seus escravos
onde quer que existissem consumidores em potencial: praças fortes, feiras interioranas, e
muito mais.
A venda em si dava-se normalmente por meio de leilão. As únicas representações
pictóricas ainda existentes estão, mais uma vez, em lápides funerárias, duas lápides, para
sermos exatos - uma a Cápua e outra de Arles - , ostentando cenas substancialmente
semelhantes. A lápide de Arles apresenta um escravo de pé sobre uma plataforma rotativa,
enquanto um homem, possivelmente um comprador, levanta sua vestimenta revelando suas
musculosas pernas e nádegas, e o braço estendido. Como observou o filósofo estóico
Sêneca, "Quando se compra um cavalo, ordena-se que seu manto seja retirado; da mesma
maneira, levanta-se as vestimentas do escravo".
[...]
Nessa época, porém, a escravidão já estava em declínio, não como resultado de um
movimento abolicionista, mas em conseqüência de mudanças sócio-econômicas complexas
que substituíram o escravo-mercadoria e, em grande parte, o componês livre, por um outro
tipo de trabalhador: o colonus, o adscriptus glebi, o servo. Os valores morais, os interesses
econômicos e a ordem social não foram afetados por essas sutis mudanças na condição
social da população submetida, tampouco desapareceu completamente a escravidão da
Europa. Os problemas jurídicos criados pela existência de escravos tomaram mais espaço
que qualquer outro tópico na codificação do imperador Justiniano no século VI A.D.
Filósofos, moralistas, teólogos e juristas continuaram a disseminar uma variedade de
fórmulas capazes de explicar, a eles e à sociedade em geral, como um homem podia ser um
homem e um objeto a um só tempo. O mundo ocidental teve de esperar ainda mil e
quinhentos anos depois de Sêneca para dar o passo final, ou seja, propor que a escravidão
era tão imoral que devia ser abolida - e mais trezentos anos para que tal abolição se
concretizase, pela força e pela violência.

(In Moses I. Finley. Aspectos da Antiguidade.


São Paulo, Martins Fontes, 1991. p. 192-202.)

1. Por que muitas vezes as tentativas, tanto gregas como romanas, de justificar a
escravidão pela inferioridade natural racial fracassou?

2. Procure analisar as características gerais do comércio escravo.

3. Segundo o autor, apesar de a escravidão entrar em declínio no final do Império Romano,


dando lugar ao colonato, o que ocorreu no campo institucional, legal e moral? Discuta as
razões desse descompasso.

...a escravidão, segundo Aristóteles

"Alguns pretendem que o poder do senhor é contra a natureza, que se um é escravo,


e o outro livre, é porque a lei o quer, que pela natureza não há nenhuma diferença entre
eles e que a servidão é obra não da justiça, mas da violência. A família, para ser completa
deve compor-se de escravos e de indivíduos livres. Com efeito, a propriedade é uma parte
integrante da família, pois sem os objetos de necessidade é impossível viver e viver bem.
Não se saberia pois conceber lar sem certos instrumentos. Ora, entre os instrumentos, uns
são inanimados, outros vivos...O escravo é um instrumento vivo. Se cada instrumento
pudesse, por uma ordem dada ou pressentida, executar por si mesmo o seu trabalho, como
as estátuas de Dédalo ou os tripés de Hefaístos, que, segundo Homero, dirigiam-se em
marcha automática, às reuniões dos deuses, se as navetas tecessem sozinhas... então os
chefes de família dispensariam os escravos... O escravo é uma propriedade que vive, um
instrumento que é homem.

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