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1 INTRODUÇÃO 1
1.1 PERSPECTIVA HISTÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DOS MATERIAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.3 CIÊNCIA DOS MATERIAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.4 CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
4 MATERIAIS METÁLICOS 15
4.1 METAIS FERROSOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4.1.1 USINAS INTEGRADAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4.1.1.1 MATÉRIA-PRIMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4.1.1.1.1 Minério de ferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4.1.1.2 Operações siderúrgicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4.1.2 USINAS MINI-MILLS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.1.2.1 MATÉRIA-PRIMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.1.2.2 OPERAÇÕES SIDERÚRGICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.1.3 PRODUTOS SIDERÚRGICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.1.3.1 AÇOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.1.3.2 FERROS FUNDIDOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.2 METAIS NÃO-FERROSOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.2.1 ALUMÍNIO E SUA LIGAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.2.2 COBRE E SUA LIGAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.2.3 NÍQUEL E SUAS LIGAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.2.4 MAGNÉSIO E SUAS LIGAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.2.5 CHUMBO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
i
4.2.6 TITÂNIO E SUAS LIGAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.2.7 ZINCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.2.8 ESTANHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5 MATERIAIS POLIMÉRICOS 50
5.1 PLÁSTICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5.2 ELASTÔMEROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
6 MATERIAIS CERÂMICOS 57
7 MATERIAIS COMPÓSITOS 58
ii
Capı́tulo 1
INTRODUÇÃO
1
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 2
mente apenas um dentre os milhares disponı́veis. Há vários critérios em que a decisão final é
normalmente baseada. Em primeiro lugar, deve-se analisar as condições de trabalho para de-
terminar a ordem das propriedades que o material deve possuir. Muito raramente o material
possui a combinação das propriedades ideais exigidas. Assim, pode ser necessário optar por uma
caracterı́stica ou outra. O exemplo clássico envolve a dureza e a ductilidade; normalmente, um
material de alta dureza possui baixa ductilidade. Em certos casos, é necessário que duas ou
mais propriedades estejam de acordo para seu aproveitamento. Em segundo lugar, está a dete-
rioração a qual o material sofrerá durante sua operação de serviço. Por exemplo, um material
pode sofrer uma significante redução na sua resistência mecânica se for exposto a temperat-
uras elevadas ou ambientes corrosivos. Finalmente, a viabilidade econômica. Daı́ surge a tı́pica
pergunta: Quanto custará o produto final? Um material que possuir as qualidades ideais para
o uso, poderá tornar-se inviável devido ao seu elevado custo. Novamente aqui, é inevitável a
necessidade da combinação de fatores na escolha. O preço final de uma peça acabada inclui
qualquer despesa necessária para poder dar-lhe a forma desejada. Assim, com o estudo apro-
fundado dos materiais, pode-se escolher prudentemente os que mais se adaptam a sua realidade
seguindo estes critérios.
Metais - Metais são elementos quı́micos sólidos à temperatura ambiente (exceto o mercúrio),
opacos, lustrosos, e quando polidos refletem a luz, além de serem bons condutores de
eletricidade e calor. A maioria dos metais é forte, dúctil e maleável, e, em geral, de alta
densidade. Possuem um grande número de elétrons livres; ou seja, estes elétrons não
são ligados a nenhum átomo em particular. Muitas das propriedades dos metais estão
diretamente ligados a estes elétrons. Metais são os materiais estruturais primários de toda
a tecnologia e inclui um grande número de ligas ferrosas (por exemplo, ferro-fundido, aço
carbono, ligas de aços, etc.).
Polı́meros - Dentre os polı́meros incluem-se borrachas, plásticos, e muitos outros tipos de ade-
sivos. São produzidos a partir da criação de grandes estruturas moleculares provenientes
de moléculas orgânicas em um processo conhecido como polimerização. Os polı́meros têm
baixa condutividade térmica e elétrica, tem baixa resistência mecânica comparado a outros
materiais utilizados em Engenharia, e não são adequados para utilização em altas tem-
peraturas. Polı́meros termoplásticos, nos quais as longas cadeias de moléculas não são
rigidamente conectadas, tem boa ductilidade e formabilidade. Polı́meros termofixos são
normalmente mais resistentes, porém, podem apresentar-se quebradiços pela sua cadeia
molecular ser de forte conexão. Os materiais poliméricos são utilizados em inúmeras
aplicações: embalagens, componentes de eletrodomésticos, brinquedos, peças técnicas e
etc.
Cerâmicos - Esta classe pode ser definida como qualquer material sólido inorgânico, não-
metálico, usado ou processado em temperaturas altas. Quando falamos em cerâmica, ime-
diatamente nos vem a mente coisas tais como louças sanitárias, pisos, azulejos, porcelana
de mesa, etc. Freqüentemente esquece-se das aplicações tecnológicas mais avançadas de
óxidos, carbonetos e nitretos. Muitos destes são de grande interesse industrial. Cerâmicas
também incluem materiais como vidro, grafite, cimento (concreto), etc.
Semicondutores - Semicondutores podem ser definidos como materiais que conduzem cor-
rente elétrica melhor que os isolantes mas não melhor que os metais. Um grande número
de materiais satisfaz a estas condições. Em temperatura ambiente, a condutividade car-
acterı́stica dos metais é da ordem de 104 à 106 ohm-1 cm-1, enquanto nos isolantes é
da ordem de 10-25 à 10-9 ohm-1 cm-1. Os materiais classificados como semicondutores
possuem condutividade entre 10-9 e 104 ohm-1 cm-1. Normalmente a condutividade dos
metais diminui com o aumento da temperatura. Com os semicondutores ocorre o contrário,
a condutividade aumenta com o aumento da temperatura. Nos semicondutores o processo
de condução pode ocorrer de modo não iônico onde há o transporte de carga ou de massa
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 4
PROPRIEDADES DOS
MATERIAIS
Todo projetista está vitalmente interessado nos materiais que lhe são disponı́veis. Quer seu
produto seja uma ponte, um computador, um veı́culo espacial ou um automóvel, deve ter um
profundo conhecimento das propriedades caracterı́sticas e do comportamento dos materiais que
pode usar. Considere-se, por exemplo, a variedade de materiais usados na manufatura de um
automóvel: ferro, aço, vidro, plásticos, borracha, apenas para citar alguns. E, somente para
o aço, há cerca de 3000 tipos ou modificações. Com que critério é feita a escolha do material
adequado para uma determinada peça?
Ao fazer a sua escolha, o projetista deve levar em conta propriedades tais como resistência
mecânica, condutividade elétrica e/ou térmica, densidade e outras. Além disso, deve considerar
o comportamento do material durante o processamento e o uso, onde plasticidade, usinabilidade,
estabilidade elétrica, durabilidade quı́mica, deve ser utilizada. Muitos projetos avançados em
engenharia dependem do desenvolvimento de materiais completamente novos. Por exemplo, o
transistor nunca poderia ter sido construı́do com os materiais disponı́veis há 40 anos atrás; o
desenvolvimento da bateria solar requereu um novo tipo de semicondutor; e, embora os projetos
de turbinas à gás estejam muito avançados, ainda se necessita de um material barato e que
resista a altas temperaturas, para as pás da turbina.
Desde que, obviamente, é impossı́vel para o projetista ter um conhecimento detalhado dos
milhares de materiais agora disponı́veis, assim como manter-se a par dos novos desenvolvimentos,
ele deve ter um conhecimento adequado dos princı́pios gerais que governam as propriedades de
todos os materiais. Dentre estas propriedades, pode-se destacar:
5
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 6
Uma segunda medida da ductilidade é a estricção que é a redução na área de seção reta
do corpo, imediatamente antes da ruptura. Os materiais altamente dúcteis sofrem grande
redução de área da seção reta antes de romper, Este ı́ndice é sempre expresso em porcent-
agem e é calculado como se segue:
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 7
Fluência (creep): Fenômeno de alongamento contı́nuo e que pode conduzir à ruptura é de-
nominado fluência. Esta caracterı́stica é tı́pica de materiais ferrosos quando submetidos
a cargas de tração constantes por longo tempo a elevadas temperaturas. Deformam-se
continuamente mesmo quando a solicitação é menor do que a tensão de escoamento do
material naquela temperatura. A fluência ocorre mesmo quando o material é solicitado
na temperatura ambiente, mas nessa temperatura a fluência é praticamente desprezı́vel
comparada com a que ocorre em temperaturas elevadas.
O fenômeno da fluência ocorre nos instrumentos de corda, violão, por exemplo. É impor-
tante frisar que certas peças ficam inutilizadas se alongarem apenas 0,01%.
Resiliência: É a maior ou menor reação do material às solicitações dinâmicas, isto é, a pro-
priedade do material resistir a esforços externos dinâmicos (choques, pancadas, etc.)
sem sofrer deformação permanente. Como exemplo citamos as peças de um britador de
mandı́bulas, uma matriz para forjamento, uma ferramenta de corte, molas, etc. Assim, as
molas são feitas de materiais de elevada resiliência.
Tenacidade: É dada pela energia consumida para fraturá-lo . Em outras palavras, tenacidade
mede a capacidade que o material tem de absorver de energia até fraturar-se incluindo a
deformação elástica e plástica quando essa energia é absorvida progressivamente.
A tenacidade é, pois, medida pela área total do diagrama tensão-deformação.
Em geral diz-se que um material é tanto tenaz quanto maior é a sua resistência à ruptura
por tração ou distensão; isto nem sempre é verdadeiro, pois alguns aços doces, por exemplo,
são mais tenazes que os aços duros, isto porque os aços duros apresentam, na ruptura um
pouquı́ssima deformação.
A tenacidade tem alguma relação com a resistência ao choque, porém os valores da energia
medidos para ambos os casos não concordam para todos os materiais ou condições de
ensaio.
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 8
Soldabilidade: É a propriedade que certos metais possuem de se unirem, após aquecidos e su-
ficientemente comprimidos. A soldabilidade depende do tempo em que o metal permanece
num estado sólido-plástico, sob o efeito do calor produzido pela ação soldante. O metal
ou liga que passar instantaneamente do estado sólido para o lı́quido é dificilmente soldável
(ferro fundido, por exemplo).
Temperabilidade: Propriedade que possuem alguns metais e ligas de modificarem a sua estru-
tura cristalina (endurecimento) após um aquecimento prolongado seguido de resfriamento
brusco.
Tal propriedade caracteriza o aço com certo teor de carbono, assim, como determinadas
ligas de alumı́nio, transformando a estrutura cristalográfica do material que, em con-
seqüência, altera todas as propriedades mecânicas.
Fadiga: Fadiga não chega a ser uma propriedade do material mais sim, um problema carac-
terı́stico de materiais sujeitos a esforços cı́clicos. Quando um material é sujeito a esforços
dinâmicos, durante longo tempo, é observado um ”enfraquecimento”das propriedades
mecânicas ocasionando a ruptura. A fadiga pode ser também superficial, ocasionando
desgaste de peças sujeitas a esforços cı́clicos, como comumente ocorre em dentes de en-
grenagens.
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 9
Condutividade térmica: São propriedades que possuem certos corpos de transmitir mais ou
menos calor. Neste caso, materiais bons condutores de calor, na ordem decrescente de
condutibilidade: Ag, Cu, Al, latão, Zn, Aço e Pb. Corpos maus condutores de calor, na
ordem decrescente de condutibilidade: pedra, vidro, madeira, papel, etc.
Dilatação: Propriedade pela qual um corpo aumenta quando submetido à ação do calor. A
capacidade de dilatação de um material está relacionada ao chamado coeficiente de di-
latação térmica, que pode ser: linear, superficial e volumétrico. Esta caracterı́stica dos
materiais deve ser considerada quando o mesmo é submetido a variações consideráveis de
temperatura.
Densidade: É a relação entre o peso de certo volume de um corpo e o peso de igual volume de
água. É um número abstrato. Exemplo: Pb = 11,4 Cu = 8,9 Al = 2,7 Mg = 1,7
Peso especı́fico: É o peso da unidade de volume do corpo. Por exemplo: o peso especı́fico do
aço é 7,8 kg/dm3.
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 10
sin i
η= (2.2)
sin r
Capı́tulo 3
A matéria apresenta um aspecto descontı́nuo desde o momento em que se acha constituı́da por
partı́culas elementares, átomos e moléculas. Quando se consideram as caracterı́sticas de uma
substância não se leva somente em consideração o comportamento dos átomos isolados, mas
também do conjunto de tudo aquilo que intervém em sua formação.
Segundo o estado fı́sico da substância, esses agrupamentos atômicos se apresentam com carac-
terı́sticas distintas; assim, como nos estados gasoso e lı́quido os átomos têm grande mobilidade
que permite adaptar-se a qualquer conformação externa que o contenha. No estado sólido os
átomos apresentam certa permanência em suas posições o que confere ao material um certo grau
de indeformabilidade, caracterı́stico do estado sólido.
Os materiais encontrados na natureza, ou mesmo fabricados podem ser classificados segundo
regularidade em que átomos ou ions estão arranjados com respeitos a outros.
Assim, pode-se encontrar:
• Materiais Cristalinos;
Um material cristalino apresenta uma ordem de átomos que se repete periodicamente até
grandes distâncias atômicos . Esta ordem de átomos se forma durante a solidificação do
material, em três dimensões, e cada átomo é vinculado com átomos vizinhos.
Dentre os materiais cristalinos podemos destacar:
– todos os metais;
– muitos materiais cerâmicos;
– alguns polı́meros.
11
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 12
exemplo desta regularidade estrutural pode ser observada no NaCl, conforme apresentado na
Figura 3.1.
• CCC
Ba, Cr, Cs, Feα, Feδ, K, Li, Mo, Na, Nb, Ta, Ti b, V, W, Zrβ
• CFC
Ag, Al, Au, Ca, Co b, Cu, Fe g, Ni, Pb, Pt, Rh, Sr
• HC
Be, Cd, Co a, Hf a, Mg, Os, Re, Ru, Ti a, Y, Zn, Zrα
Estas estruturas cristalinas podem ser melhores observadas na Figura abaixo, Figura 3.6.
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 13
MATERIAIS METÁLICOS
São substâncias simples que apresentam 1 a 3 elétrons no nı́vel mais externo e que, nas com-
binações quı́micas, cedem elétrons periféricos transformando-se em cations.
Apresentam, em linhas gerais as seguintes propriedades:
• Cor e brilho:
os metais, com exceção do ouro (amarelo) e cobre (vermelho) apresentam coloração que
varia do branco ao cinzento.
• Densidade:
Os metais, quanto a densidade, se classificam em leves (densidade menor que 6 - alcalinos,
alcalinos terrosos, Mg, Be, Al); e pesados (densidade superior a 6).
• Estrutura cristalina:
Caracterı́stica observada em todos os metais.
• Classificação:
Os materiais metálicos são classificados em: Metálicos ferrosos e Metálicos não-ferrosos.
Ferros fundidos: Liga Fe-C com o teor de carbono situando-se entre 2,1 e 6,7%C.
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Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 16
A produção dos aços e dos ferros fundidos pode ser definida segundo dois padrões mundiais,
cujas estruturas diferem significativamente.
Tem-se, portanto, dois modelos de usinas siderúrgicas:
• Usinas integradas
• Usinas mini-mills
4.1.1.1 MATÉRIA-PRIMA
As matérias-primas básicas da usinas integradas são:
• minério de ferro;
• carvão;
• calcário.
A magnetita é encontrada principalmente na Suécia, ao passo que a hematita é o minério mais co-
mum, sendo encontrado, entre outros paı́ses, na França, EUA, Rússia, Índia, Austrália, Canada
e Brasil.
O minério de ferro antes de ser inserido no alto-forno sofre um processo de beneficiamento,
que compreende uma série de operações a que os minérios de ferro de várias qualidades podem
ser submetidos, com o objetivo de alterar seus caracterı́sticos fı́sicos ou quı́micos e torná-los
mais adequados para a utilização nos alto-fornos. Essas operações são, geralmente: britamento,
peneiramento, mistura, moagem, classificação e aglomeração.
Os processos de aglomeração visam melhorar a permeabilidade da carga do alto-forno, reduzir
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 17
Figura 4.1: Fluxograma representativo do processo utilizado pelas usinas integradas para
produção do aço.
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 18
b) Carvão
O carvão, utilizado nos alto-fornos, pode ser tanto de origem mineral quanto de origem vegetal.
Têm várias funções dentro do processo que são:
• atuar como fornecedor de carbono, que é o principal elemento de liga dos produtos siderúrgicos
Da mesma forma que o minério, o carvão também sofre um pré-processamento antes de ser
introduzido no alto-forno. Esta operação consiste no processo de coqueificação, que por sua vez
consiste no aquecimento a altas temperaturas, geralmente em câmaras hermeticamente fechadas,
portanto com ausência total de ar, exceto na saı́da dos produtos voláteis, do carvão mineral.
c) Calcário
O calcário atua como fundente, ou seja, reage, pela sua natureza básica, com substâncias estran-
has ou impurezas contidas no minério e no carvão (geralmente de natureza ácida) diminuindo
seu ponto de fusão e formando a escória, subproduto, por assim dizer, do processo clássico do
alto-forno.
b)Fabricação do aço
Sendo o ferro gusa uma liga ferro-carbono em que o carbono e as impurezas normais - Silı́cio
(Si), Manganês (Mn), Fósforo (P) e Enxofre (S) - se encontram em teores elevados, a sua
transformação em aço, que é uma liga de mais baixos teores de Carbono (C), corresponde a um
processo de oxidação, por intermédio do qual a porcentagem daqueles elementos é reduzida até
aos valores desejados.
A fabricação do aço, na usina siderúrgica, ocorre dentro de um setor especı́fico conhecido como
aciaria. Há diversos modelos de aciaria cada uma utilizando processos distintos para a produção
do aço. O equipamento utilizado nas aciarias, conhecido como conversor, é o responsável pelo
método de obtenção, sendo os mais tradicionais:
Neste processo, introduz-se oxigênio, praticamente puro, através de uma lança posicionada
pouco acima da superfı́cie do gusa lı́quido, que o sopra provocando um impacto na superfı́cie
lı́quida. Este sopro de oxigênio promove uma reação de oxidação eliminando o carbono e outras
impurezas: silı́cio (Si), fósforo(P) e enxofre(S).
O carbono eliminado da liga Fé-C forma com o oxigênio, o CO e o CO2 . O silı́cio oxidado, forma
SiO2 . O fósforo é eliminado antes do carbono pela ação da cal, que introduzida no conversor
após a introdução do oxigênio pela lança. Forma-se uma escória que garante a fixação do P2 O5
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 21
O ferro fundido é obtido no forno cubilô usando como matéria-prima o ferro gusa e sucatas
de aço e ferros fundidos (fofos). É um forno vertical cilı́ndrico revestido de tijolos refratários e
equipado com ventaneiras na parte inferior.
A carga, que é feita por uma abertura lateral, na parte superior e consiste de ferro gusa, sucatas
de ferro fundido e aço, carvão coque e calcário. Essas matérias-primas são depositadas em
camadas alternadas. O metal fundido se reúne no fundo do forno, de onde é escoado pela bica a
determinados intervalos de tempos. A escória é previamente retirada por outro orifı́cio situado
em um nı́vel mais alto. O fundo do forno cubilô também pode ser removido para a limpeza e
reparação da sola.
a. Fornos de arco elétrico Em geral estes fornos são basculantes e têm o aspecto conforme
apresentado na Figura 4.7.
Os fornos a arco elétrico são constituı́dos de uma carcaça de aço feita de chapas grossas de
aço soldadas e rebitadas, de modo a formar um recipiente cilı́ndrico com fundo abaulado.
Essa carcaça é revestida na parte inferior (chamada soleira)por materiais refratários.
A carga é feita por uma porta diametralmente oposta à bica por onde é vazado o metal. O
calor é fornecido pelo arco elétrico que se forma entre os três eletrodos verticais e o banho.
A escória pode ser removida e substituı́da através da porta de carga.
O tamanho dos fornos elétricos variam muito, havendo instalações capazes de produzir
desde 500 kg até 100 toneladas de aço em cada corrida. A duração de cada corrida de 60
toneladas é de cerca de 8 horas.
Durante o processo, ocorre a oxidação das impurezas e do carbono e reações de desox-
idação, ou retirada dos óxidos com a ajuda de agentes desoxidantes, e a dessulfuração,
quando o enxofre é retirado. É um processo que permite o controle preciso das quanti-
dades de carbono presentes no aço.
Os fornos elétricos contam com os óxidos de ferro (ferrugem) presentes nas sucatas de aço
e de ferro fundido para promover a oxidação das impurezas contidas na matéria-prima.
Essas impurezas são eliminadas, posteriormente, junto com a escória.
b. Fornos de indução.
O conjunto que compõe esse forno é formado de um gerador com motor de acionamento,
uma bateria de condensadores e uma câmara de aquecimento. Essa câmara é basculante
e tem, na parte externa, a bobina de indução, conforme indicado na Figura 4.8.
O cadinho é feito de massa refratária socada dentro dessa câmara, onde a sucata se funde
por meio de calor produzido dentro da própria carga.
O fenômeno quı́mico observado nos fornos de indução é semelhante àquele existente nos
fornos de arco elétrico.
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 25
As principais considerações a serem feitas a respeito do diagrama binário Fe-C, com relação
às reações que ocorrem em equilı́brio e das estruturas resultantes, são as seguintes:
• na parte superior esquerda do diagrama, numa faixa estreita, ocorre uma reação especial
chamada ”peritética”, na passagem do estado lı́quido ao sólido, em torno de 1495o C. a
qual, contudo, não apresenta importância sob o ponto de vista prático. Nesse trecho, ao
solidificar, o ferro adquire a estrutura cúbica centrada - chamada, nesse caso, de d (delta),
passando, entretanto, quase a seguir, à estrutura cúbica de face centrada gama (g), que
caracteriza o ferro a alta temperatura. A 912o C, há a passagem da forma cúbica de face
centrada para cubo centrado até a temperatura ambiente, na forma alotrópica alfa (a);
• na faixa de temperaturas em que o ferro está na forma alotrópica gama, ele tem capacidade
de dissolver o carbono presente;
• entretanto, essa solubilidade do carbono do ferro gama não é ilimitada: ela é máxima a
1.148 C e corresponde a um teor de carbono de 2,11%. À medida que cai a temperatura,
a solubilidade do carbono no ferro gama decresce; assim, a 727o C, a máxima quantidade
de carbono que pode ser mantido em solução sólida no ferro gama é 0,77%; esses fatos
são indicados no diagrama pelas linhas JE e Acm, esta última representando, portanto, a
máxima solubilidade do carbono ou do Fe3C no ferro gama, nas condições de equilı́brio;
• a solubilidade do carbono no ferro alfa não é, de fato, nula: cerca de 0,008% de carbono
dissolvem-se à temperatura ambiente, e a 727o C, a solubilidade aumenta para 0.02%; de
727o C para cima, decresce novamente a solubilidade do carbono até 912o C torna-se nula.
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 26
Nesse instante, entretanto, o ferro alfa passa a gama, que pode manter em solução sólida
o carbono em teores bem mais elevados, como se viu; os fatos acima estão indicados pelas
linhas QP e PG. Pode-se chamar a liga Fe-C com carbono até 0,008% no máximo de ferro
comercialmente puro;
• acima de 2,11% de carbono, na faixa dos ferros fundidos, duas linhas predominam, na fase
sólida: a linha ECF ”solidus”e a linha SK, indicada por A1, abaixo da qual não pode
existir ferro na forma alotrópica gama;
• a solução sólida do carbono no ferro gama chama-se ”austenita”; portanto, na zona limitada
pelas linhas JE, ES, SG e GNJ só existe austenita; essa zona é denominada ”austenı́tica”;
esta austenita (nome derivado do metalurgista inglês Roberts Austen) é um constituinte
estrutural de boa resistência mecânica e apreciável tenacidade e não-magnético;
• na zona limitada pelas linhas SE (Acm), ECF e SK (A1) existe simultaneamente austenita
e carbono, este último na forma de F e3 C, porque, como se viu, a solubilidade do carbono
no ferro gama não é ilimitada;
As linhas que marcam o inı́cio e o fim das transformações chamam-se linhas de transformação
e elas limitam zonas chamadas zonas crı́ticas.
4.1.3.1 AÇOS
Os aços utilizados na construção mecânica se dividem em três grandes categorias:
• Aços-carbono ou comuns;
• Aços-liga;
• Aços especiais.
carbono ou por tratamentos térmicos. Com base no diagrama de equilı́brio Fe-C, pode-se in-
terpretar as reações que ocorrem na faixa de composições correspondentes aos aços, que são
responsáveis por tais variações.
Na zona austenı́tica, após a solidificação das ligas, só ocorre austenita. No caso de um aço
hipoeutetóide - entre 0,008% e 0,77% de carbono, o ferro gama da austenita começa a transformar-
se em ferro alfa que se separa, visto que ele não pode manter em solução sólida senão quantidades
irrisórias de carbono; assim a composição estrutural da liga vai se modificando à medida que cai
a temperatura: de um lado, tem-se ferro puro alfa separando-se continuamente e do outro lado
a austenita, cujo teor de carbono vai aumentando, em direção ao ponto S.
No instante que a liga atinge a temperatura correspondente à 727o C, têm-se, portanto, em
equilı́brio, dois constituintes estruturais: ferro puro na forma alotrópica alfa e uma solução
sólida de 0,77% de carbono no ferro gama (ou seja, austenita com 0,77% de C). Nesse momento,
todo o ferro gama remanescente transforma-se abruptamente em ferro alfa. A transformação
é, contudo, tão repentina que não há tempo suficiente para que ocorra uma separação nı́tida
entre o carbono (na forma de F e3 C ou cementita) e o ferro, na forma alotrópica alfa. Resulta
um constituinte de forma lamelar, formado por lâminas muito delgadas e muito próximas umas
das outras, de ferro alfa e F e3 C, dispostas alternadamente. Com aumentos microscópicos rel-
ativamente pequenos, não dá para perceber tais lâminas. Com maiores aumentos, acima de
1000 vezes, por exemplo, elas são visı́veis. Esquematicamente o aspecto dessa estrutura está
representada na Figura 4.10 (aço eutetóide). Devido à nuance de madrepérola que esse con-
stituinte adquire, quando examinado ao microscópio, é chamado ”perlita”. Suas propriedades
são intermediárias entre as do ferro puro (pouco resistente, mole e muito dúctil) e a cementita
(muito resistente, muito dura e muito frágil).
Figura 4.10: Representação esquemática das estruturas das ligas Fe-C, na faixa correspondente
aos aços, resfriados lentamente, conforme o diagrama de equilı́brio Fe-C.
O ferro puro, na forma alotrópica alfa, corresponde a uma estrutura chamada ”ferrita”(do
latim ”ferrum”). A ferrita, como já se mencionou, pode manter em solução sólida até 0,008%
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 29
de carbono.
Os aços hipoeutetóides, com teor de carbono entre 0,008% e 0,77%, apresentam, pois, à tem-
peratura ambiente, uma estrutura composta de ferrita e perlita, como a Figura 4.10(b) mostra
esquematicamente. A quantidade de perlita aumenta e a de ferrita diminui, à medida que a
composição do aço cresce em direção ao ponto eutetóide.
Ao resfriar-se lentamente um aço com a composição exatamente eutetóide (0.77%C), a única
transformação que ocorre é no ponto S, quando a austenita passa bruscamente a perlita, cuja
estrutura está representada esquematicamente na Figura 4.10(c).
Para os aços hipereutetóides, entre 0,77 e 2,11% de carbono as reações que ocorrem podem
ser assim explicadas: a austenita, ao atravessar a linha SE ou Acm, de máxima solubilidade
do carbono no ferro gama, começa a expulsar o excesso de carbono que não pode ser mantido
em solução. Em conseqüência, numa temperatura intermediária entre Acm e A1, haverá em
equilı́brio duas fases: uma, representada pela austenita que vai se empobrecendo em carbono e
outra, pelo carbono paulatinamente expulso, na forma de Fe3C ou cementita.
Á temperatura de 727o C (linha A1), as fases que estão em equilı́brio serão, portanto: de um
lado o Fe3C e do outro a austenita com 0.77% de carbono, a qual se transforma imediatamente
em perlita ao atingir e ultrapassar a linha A1. A estrutura correspondente, que permanece até
a temperatura ambiente, como nos casos anteriores, é perlita mais cementita; esta última vai
localizar-se nos contornos dos grãos, como a Figura 4.10(d) esquematicamente indica.
Assim, em resumo, para os aços, têm-se as seguintes estruturas, à temperatura ambiente (ou
abaixo da linha A1):
• ferro comercialmente puro: ”ferrita”, mole, dúctil, e pouco resistente;
• aços hipoeutetóides: ”ferrita mais perlita”, cuja resistência e dureza vão aumentando e
cuja ductilidade vai diminuindo, à medida que se caminha em direção ao teor 0,77% de
carbono;
• aços hipereutetóides: ”perlita mais cementita”; a quantidade desta, disposta nos contornos
dos grãos, aumenta à medida que se caminha para teores mais elevados de carbono; essa
estrutura é dura, resistente e pouco dúctil, caracterı́sticos que se acentuam à medida que
aumenta o teor de carbono.
Em função dessas propriedades das estruturas, os aços têm suas propriedades modificadas,
à medida que o teor de carbono aumenta, conforme mostra o gráfico da figura 4.11.
O aço-carbono é o mais barato dos aços, razão pela qual ele é preferı́vel aos demais, exceto
quando condições severas de serviço exigem caracterı́sticas especiais, ou quando há necessidade
de pequenas dimensões.
Os aços-carbonos, de um modo geral, cobrem todas as faixas das necessidades da prática.
Com teor de 0,3% ou mais, pode ser tratado termicamente, melhorando suas propriedades de
resistência e dureza. Mas surgem dificuldades em peças de grandes seções devido ao resfria-
mento lento do núcleo, o que impede as mudanças metalúrgicas requeridas para endurecimento
e resistência.
O principal inconveniente do aço comum é a sua pequena penetração de endurecimento, es-
tendido apenas a uma fina camada. O resfriamento deve ser muito rápido, resultando tensões
residuais internas, distorções, perda de ductilidade e, eventualmente, trincas.
Os aços comuns podem ser classificados, quanto à composição ou teor de carbono. A classificação
americana, praticamente adotada no mundo inteiro, define os seguintes padrões:
De um modo geral, aços com baixo teor de carbono (até 0,25%) constituem cerca de 90% da
produção total de aço.
A tabela 4.1 apresenta algumas indicações de utilização encontradas comumente na prática.
A ABNT padroniza os aços para construção mecânica segundo o teor de carbono, baseando-
se nas normas SAE, excetuados alguns aços que são indicados precedidos pela letra ”D”e são
baseados nas normas DIN.
A representação é feita por quatro algarismos (classificação SAE), o primeiro algarismo indi-
cando:
1 = aço-carbono
2 = aço-nı́quel
3 = aço-nı́quel-cromo
4 = aço-molibidênio
5 = aço-cromo
6 = aço-cromo-vanádio
7 = aço-tungstênio
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 31
9 = aço-silı́cio-manganês
b) Aço-liga
Existem três possibilidades para melhorar a resistência mecânica de qualquer metal: aplicar
processos de fabricação por conformação mecânica, como prensagem e laminação; tratar o metal
termicamente, ou seja, submetê-lo a aquecimento e resfriamento sob condições controladas; ou
acrescentar elementos de liga.
A caracterização de um aço como aço-liga se dá quando a quantidade dos elementos adicionados
for muito maior do que as encontradas nos aços-carbono comuns, sendo esta adição responsável
por significativa modificação e melhoria em suas propriedades mecânicas.
Dependendo da quantidade dos elementos de liga adicionados, o aço-liga pode ser um aço de
baixa liga, se tiver até 5% de elementos de adição, ou um aço de liga especial, se tiver quanti-
dades de elementos de liga maiores do que 5%.
Os elementos de liga mais comumente adicionados ao aço são: nı́quel, manganês, cromo, molibdênio,
vanádio, tungstênio, cobalto, silı́cio e cobre, sendo possı́vel adicionar mais de um elemento de
liga para se obter um aço-liga.
A tabela 4.4 apresenta a influência dos elementos de liga na estrutura e nas propriedades do aço.
Alguns dos aços-liga obtidos a partir de um ou mais elementos apresentados no Quadro 4.4,
são padronizados pela ABNT e foram apresentados no Quadro 4.2.
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 33
Tabela 4.4: Influência dos elementos de liga nas propriedades dos aços.
Elementos Caracterı́sticas
Alumı́nio Desoxidante. Reduz o crescimento do grão. Em pequena quantidade aumenta a resistência,
mas, em quantidade grande produz fragilidade.Adicionado de 2 a 5% aumenta o poder
refratário e antioxidante.
Chumbo Produz a formação de fibras e partı́culas finamente divididas.Em pequenas quantidades
favorece a usinabilidade.
Cromo Produz: carbonetos duros que fazem aumentar a dureza; têmpera muito profunda e grande
resistência ao desgaste. Pequenas adições de cromo dão tenacidade ao aço, aumentando sua
resistência e sua resiliência;diminui a usinabilidade; reduz a zona de têmpera se não vem
acompanhado de nı́quel. Conserva a dureza a maiores temperaturas; proporciona melhoria
da resiliência à oxidação e à corrosão.
Cobalto Aumenta a dureza ao rubro. A altas temperaturas, os carburetos mantêm ainda a dureza,
mas, tendem a descarburar o aço no tratamento térmico. Faz aumentar a dureza e a tenaci-
dade, mas em excesso faz diminuir a resiliência. Faz aumentar o magnetismo.
Nióbio Utilizado para diminuir a corrosão intergranular nos aços inoxidáveis. Pode formar carbure-
tos para aumentar a resiliência e a dureza,mas em geral, não se faz uso desta possibilidade.
Quando adicionado aos aços com certo teor de cromo reduz o tempo de recozimento por sua
ação suavizadora.
Nı́quel Aumenta a dureza, resistência, ductilidade e resiliência. Afina a estrutura sem prejuı́zo da
usinagem. Atrasa o crescimento do grão. Em grandes quantidades produz resistência à
oxidação a altas temperaturas.
Lı́tio Poderoso desoxidante e desgaseificante. Aumenta o limite de escoamento dos aços-carbono.
Aumenta a fluidez dos aços inoxidáveis, produzindo fundições densas com limites elásticos
elevados.
Manganês Desoxidante e dessulfurante. Adicionado em pequenas quantidades aumenta a dureza, a
resistência ao desgaste e a resistência à tração. Faz aumentar a solubilidade do carbono.
Produz um aço austenı́tico quando a composição de Manganês oscila em torno de 12%.
O aço com muito manganês é muito duro e é não-magnético. Aumenta o coeficiente de
dilatação. Em pequenas quantidades aumenta a profundidade e a velocidade de têmpera.
Molibdênio Nas altas temperaturas aumenta a resistência e a resiliência, e a dureza e a fragilidade em
baixa temperaturas. Evita o crescimento do grão. Aumenta a resistência à deformação por
cargas permanentes em altas e baixas temperaturas. Aumenta a facilidade de usinabilidade
dos aços-carbono. Aumenta a resistência à corrosão dos aços inoxidáveis.
Nitrogênio Normalmente indesejável. Aumenta ligeiramente a dureza e reduz a ductilidade. Em pe-
quena quantidade afina o grão e aumenta a resistência dos aços de alto cromo.
Fósforo Favorece a contração com o resfriamento. Em pequenas quantidades aumenta ligeiramente
a resistência à tração e à corrosão.
Silı́cio Desoxidante. Favorece a formação de grafite. Separa o carbono da solução. Em pequenas
quantidades aumenta a resiliência e até 1,75% aumenta o limite elástico. Aumenta a re-
sistência dos aços pobres em carbono. Em quantidade média, aumenta a permeabilidade
magnética. Em pequena quantidade produz forte dureza, resistência ao desgaste e resistência
aos ácidos.
Tântalo Utilizado em alguns aços especiais para ferramentas, para aumentar a dureza em elevadas
temperaturas
Titânio Desoxida e separa o nitrogênio. Aumenta a resistência e a dureza. Reduz ao mı́nimo a
corrosão intergranular nos aços de alto teor de carbono.
Tungstênio Aumenta a dureza do aço ao rubro e a estabilidade dos carburetos duros, a altas temperat-
uras. Aumenta a profundidade de têmpera. Aumenta a resistência à tração e a resistência ao
desgaste. Em pequenas quantidades produz uma estrutura de grão fino. Forma partı́culas
duras resistentes à abrasão, nos aços de alto carbono. Aumenta a resistência aos ácidos
e à corrosão. Permite alcançar um elevado magnetismo remanescente e uma grande força
coerciva no aço especial para eletro-ı́mãs.
Vanádio Desoxidante. Aumenta a tenacidade e resistência dos aços. Forma carburetos duros. Afina
o grão. Conserva a dureza dos aços em temperaturas elevadas. Evita o crescimento do
grão.Aumenta a resistência à fadiga e a resistência ao choque.
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 34
c) Aços especiais
O aço Hadfield é um material que quando deformado endurece bastante na zona deformada,
endurecimento este causado pela precipitação da martensita. A martensita é uma microestru-
tura tı́pica observada no aço quando é submetido ao tratamento térmico de têmpera. Tais
caracterı́sticas são obtidas a partir da adição do manganês na proporção de 11 a 14% e carbono
estando entre 1,1 e 1,4%. A adição do manganês neste teor dá ao aço a notável propriedade de
ser, quando solubilizado, completamente austenı́tico, sendo então, muito resistente a choques.
Este aço é aplicado em mandı́bulas de britadeiras e bolas de moinho.
• C - 0,07
• Mn - 0,4
• Si - 2,4
Os aços rápidos são aqueles que, depois de endurecidos por tratamento térmico, mantém a
dureza e a temperatura mais elevadas do que à temperatura de inı́cio de amolecimento dos aços
comuns.
Apresenta como elementos de liga o vanádio, tungstênio e cromo. Um aumento extraordinário
de eficiência dos aços rápidos foi conseguido pela adição do cobalto. A adição de 5% de cobalto
ao aço com 18% de tungstênio faz aumentar a eficiência em 100%. Com o aço rápido com cobalto
consegue-se usinar até o aço manganês. Quanto maior o teor de cobalto mais frágil se torna o
aço. O vanádio opõe-se a esta tendência e por isso será sempre proporcionalmente adicionado
nos aços rápidos ao cobalto.
Os produtos de ferro fundido, assim como os de aço, e de qualquer outro tipo de material, são
normalizados, ou seja, seguem as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Nos catálogos, esses produtos são apresentados de acordo com designações ou especificações
dessas normas.
Os ferros fundidos cinzentos são classificados pela ABNT, segundo a norma NBR 6589 de acordo
com seus limites de resistência à tração. A classificação é codificada por duas letras e um número
de três dı́gitos: FC-XXX. As letras FC indicam o ferro fundido cinzento e o número indica a
resistência à tração em MPa. Por exemplo: um ferro fundido FC-200 é um ferro fundido cinzento,
com 200 MPa (20 kgf/mm2 ) de resistência à tração.
O ferro fundido nodular é designado por um conjunto de duas letras e um número de cinco
dı́gitos, no qual os três primeiros algarismos indicam a resistência à tração em MPa e os dois
últimos, a porcentagem de alongamento. Segundo a norma NBR 6916, o ferro fundido nodular
é classificado nos seguintes tipos: FE-38017, FE-42012, FE-50007, FE-60003, FE-70002, FE-
80002.
O ferro fundido maleável de núcleo preto é normalizado pela NBR 6590. Sua designação é
composta por três letras e cinco dı́gitos, dos quais os três primeiros indicam a resistência à
tração em MPa e, os dois últimos, indicam a porcentagem de alongamento: FMP-30006, FMP-
35012, FMP-45007, FMP-50005, FMP-55005, FMP-65003, FMP-70002.
Os ferro fundidos maleáveis de núcleo branco são normalizados pela NBR 6914 e são designados
por um conjunto de quatro letras e cinco dı́gitos seguindo o mesmo critério dos ferros fundidos
maleáveis de núcleo preto: FMBS-38012.
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 38
• Obtenção da alumina;
• Obtenção do alumı́nio.
Após a obtenção do minério (bauxita), são retiradas impurezas da bauxita para que sobre
somente a alumina. Para isso, a bauxita é triturada em moinho especı́fico e misturada com uma
solução de soda cáustica no digestor. Dessa forma, a alumina é dissolvida, a sı́lica contida na
pasta é eliminada, mas as outras impurezas não. Então, elas são separadas por processos de
sedimentação e filtragem no decantador e no filtro .prensa respectivamente.
A solução resultante, chamada aluminato de sódio, é colocada em um precipitador e, nesse
processo, obtém-se a alumina hidratada. Nesse ponto, a alumina hidratada pode seguir um entre
dois caminhos: pode ser usada como está ou ser levada para os calcinadores. No primeiro caso,
será matéria-prima para produtos quı́micos, como o sulfato de alumı́nio, usado no tratamento da
água e na indústria de papel. Poderá ser empregada, também, na produção de vidros, corantes
e cremes dentais.
O aluminato de sódio é matéria-prima não só para a produção de alumı́nio, mas também de
abrasivos, refratário, isoladores térmicos, tintas e cerâmicos de alta tecnologia.
Na seqüência do processo de produção do alumı́nio, o aluminato de sódio precisa perder a água
que se encontra quimicamente combinada em seu interior. Tal processo acontece nos calcinadores
nos quais é aquecido a temperaturas entre 1000o C e 1300o C formando a alumina (Al2 O3 ).
Para se obter o alumı́nio é preciso retirar esse oxigênio que está dentro da alumina. Como essa
ligação do oxigênio com o alumı́nio é muito forte, é impossı́vel separá-lo utilizando os redutores
conhecidos, como o carbono, por exemplo, que é usado na redução do ferro. Esse foi o problema
que impediu o uso desse metal até pouco mais de cem anos atrás. E isso foi resolvido com a
utilização de fornos eletrolı́ticos.
O processo funciona da seguinte forma: a alumina é dissolvida dentro dos fornos eletrolı́ticos em
um banho quı́mico à base de fluoretos. Os fornos são ligados a um circuito elétrico, em série,
que fornece corrente contı́nua. No momento em que a corrente elétrica passa através do banho
quı́mico, ocorre uma reação e o alumı́nio se separa da solução e libera o oxigênio. O alumı́nio
lı́quido se deposita no fundo do forno e é aspirado a intervalos regulares por meio de sifões.
Depois disso, ele será resfriado sob a forma lingotes, barras ou tarugos para ser utilizado na
indústria de transformação.
O fluxograma a seguir apresenta todo o processo citado anteriormente.
O processo para obtenção do alumı́nio é um processo caro. Para produzir 1kg de alumı́nio
precisa-se de tanta eletricidade quanto para deixar 250 lâmpadas de 100W acesas durante uma
hora.
Este fato explica porque é tão interessante reciclar alumı́nio. Para reciclar sucata de alumı́nio,
basta aquecê-la até a temperatura de fusão que é 660o C. O alumı́nio derretido é transformado
em lingotes e vendidos às indústrias que o utilizam.
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 39
O alumı́nio é o metal que concorre diretamente com o aço em diversas aplicações e apresenta
uma série de condições favoráveis ao seu emprego. Suas principais caracterı́sticas são:
✓ Como conseqüência de seu pequeno peso especı́fico, oferece pequena resistência à acel-
eração, absorvendo menos potência;
✓ O alumı́nio é mole e dúctil, mas pode ser endurecido por trabalho a frio, e certas ligas po-
dem ser laminadas, forjadas, extrudadas, estampadas e fundidas em areia ou em coquilha.
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 40
✓ Com elementos de liga, pode ser unido por todos os processos usuais: soldagem, rebitagem,
colagem e brasagem. Excelente condutor de calor, sua condutividade térmica é quatro
vezes maior que a do aço. Sua superfı́cie pode ser anodizada, envernizada e esmaltada;
O alumı́nio puro (aquele que possui 99% ou mais de alumı́nio), apesar de ter muitas quali-
dades desejáveis, é realmente fraco e não responde aos tratamentos térmicos. A não ser onde a
resistência é secundária recorre-se ao alumı́nio puro.
Tais caracterı́sticas o tornam indicado para a fabricação de laminados muito finos, embalagens,
latinhas de bebidas, recipientes para a indústria quı́mica, cabos e condutores elétricos.
Para melhorar ou modificar as propriedades do alumı́nio, adicionam-se a ele um ou mais ele-
mentos quı́micos formando suas ligas. Isso acontece depois que o alumı́nio puro e liqüefeito sai
do forno eletrolı́tico e vai para o forno de espera onde o elemento é adicionado.
Os principais elementos de liga adicionados ao alumı́nio são: cobre, manganês, silı́cio, magnésio,
zinco e estanho. A tabela a seguir apresenta as caracterı́sticas das principais ligas de alumı́nio.
Para organizar e facilitar a seleção das ligas de alumı́nio, a ABNT e outras associações de
normas técnicas classificam essas ligas de acordo com o processo de fabricação e a composição
quı́mica.
Foram divididas em ligas para conformação (ou dúcteis) e ligas para fundição. Essa divisão foi
criada porque as diferentes ligas têm que ter caracterı́sticas diferentes para os diferentes proces-
sos de fabricação.
As ligas para conformação devem ser obrigatoriamente dúcteis para serem trabalhadas a frio ou
a quente por processos de conformação mecânica, como: laminação, trefilação, o forjamento e
extrusão.
As ligas são comercializadas sob a forma de laminados planos (chapas e folhas), barras, arames,
perfis e tubos extrudados e peças forjadas.
As ligas para fundição devem ter resistência mecânica, fluidez além de estabilidade dimensional
e térmica para suportar os diferentes processos de fundição em areia, e molde permanente por
gravidade ou sob pressão.
Tanto as ligas para a conformação quanto às ligas para fundição seguem um sistema de des-
ignação de acordo com a norma da ABNT NBR6834, conforme o principal elemento de liga
presente em sua composição.
A tabela a seguir apresenta a designação das ligas de alumı́nio destinadas à conformação.
Pela norma, os materiais para conformação mecânica são indicados por um número de quatro
dı́gitos:
• o primeiro classifica a liga pela série de acordo com o principal elemento adicionado;
• o segundo dı́gito, para o alumı́nio puro, indica modificações nos limites de impureza: 0
(nenhum controle) ou 1 a 9 (para controle especial de uma ou mais impurezas). Para as
ligas, se for diferente de zero indica qualquer modificação na liga original;
• o terceiro e o quarto dı́gitos, para o alumı́nio puro, indicam o teor de alumı́nio acima de
99%. Quando se referem às ligas, identificam as diferentes ligas do grupo (é um número
arbitrário).
No caso das ligas de alumı́nio para fundição, segue-se a designação apresentada na tabela a
seguir:
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 42
• o dı́gito após o ponto indica a forma do produto: 0 para peças fundidas e 1 para lingotes.
superficial que aumenta sua resistência, porém diminui sua maleabilidade. Isso o torna mais
frágil, o que é corrigido com o tratamento térmico.
Em contato com o ar seco e em temperatura ambiente, o cobre não sofre alterações, isto é, não se
oxida. Em contato com o ar úmido, no entanto, ele se recobre de uma camada esverdeada pop-
ularmente conhecida por azinhave, ou ”zinabre”(hidrocarbonato de cobre). O zinabre impede a
oxidação do cobre, mas é prejudicial à saúde. Por isso, recomenda-se lavar as mãos sempre que
se manusear peças de cobre.
O cobre é um metal relativamente escasso. Há somente 0,007% de cobre na crosta terrestre e,
como vem sendo usado há milhares de anos, seu custo é alto em relação a outros metais mais
abundantes. Por isso, para muitas aplicações o cobre vem sendo substituı́do pelo alumı́nio.
Por suas caracterı́sticas, o cobre é usado nas seguintes aplicações: componentes de radar, enro-
lamento de rotores para geradores e motores, trilhas de circuitos impressos, caldeiras, tachos,
alambiques, tanques, câmaras de esterilização, permutadores de calor, radiadores e juntas para
indústria automotiva, peças para aparelhos de ar condicionado e refrigeradores, condutores para
gás e águas pluviais, etc.
Pode ser usado como elemento de liga, geralmente adicionado para aumentar a resistência à
corrosão. É o caso, por exemplo, do aço ao carbono: adiciona-se cobre ao aço quando se deseja
melhorar sua resistência à corrosão. Em relação ao alumı́nio, a adição de cobre confere a essa
liga maior resistência mecânica.
Para melhorar as suas propriedades podem ser adicionados elementos de ligas que lhe conferem
caracterı́sticas diferenciadas. As principais ligas de cobre são: bronze, latão e ligas de cobre-
nı́quel.
a) Bronze
A liga mais antiga que se tem conhecimento é o bronze. Formado por cobre (Cu) e estanho
(Sn), foi descoberto provavelmente por puro acaso, pois esses metais podem ser encontrados
juntos na natureza. Isso aconteceu por volta de 4000 a.C. no Oriente Médio, na região onde
hoje estão o Irã, a Jordânia, O Estado de Israel, a Sı́ria e o Lı́bano.
Apresenta elevada dureza e boa resistência mecânica e à corrosão, além de ser bom condutor de
eletricidade.
Nas ligas usadas atualmente, a proporção do estanho adicionado ao cobre é de até 12%. Essa
variação é determinada pela utilização e, conseqüentemente, pelas propriedades que se quer
aproveitar.
O bronze com até 10% de estanho pode ser laminado e estirado e tem alta resistência à tração,
à corrosão e à fadiga. As ligas com essa faixa de proporção de estanho são usadas na fabricação
de peças para trabalhos pesados.
O bronze, que contém mais de 12% de estanho, antigamente era usado na fabricação de canhões
e sinos.
A liga de cobre e estanho que é desoxidada com fósforo, chama-se bronze fosforoso. Um bronze
bastante utilizado é o que contém 98,7% de cobre e 1,3% de estanho. Esse tipo de bronze pode
ser conformado por dobramento, recalcamento, prensagem e forjamento em matrizes, sendo
facilmente unido por meio de solda forte, de solfa de prata e solda por fusão. Suas aplicações
tı́picas estão na fabricação de contatos elétricos e mangueiras flexı́veis.
A liga de bronze também pode receber pequenas quantidades de outros elementos como o
chumbo, o fósforo ou o zinco. Quando se adiciona o chumbo, há uma melhora na usinabili-
dade. A adição do fósforo oxida a liga e melhora a qualidade das peças que sofrem desgaste por
fricção. O zinco, por sua vez, eleva a resistência ao desgaste.
O desenvolvimento da tecnologia dos materiais levou à criação dos bronzes especiais que não
contem estanho. Essas ligas têm alta resistência mecânica, resistência ao calor e à corrosão.
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 44
Dentro desse grupo está o bronze de alumı́nio que normalmente contém 13% de alumı́nio (Al).
Ele é empregado na laminação a frio de chapas resistentes à corrosão, na fabricação de tubos de
condensadores, evaporadores de calor; recipientes para a indústria quı́mica; ferramentas para a
conformação de plásticos;, etc.
O bronze ao silı́cio, com até 4% de silı́cio (Si), apresenta alta resistência à ruptura e alta
tenacidade. Essa liga é usada na fabricação de peças para a indústria naval, pregos, parafusos,
tanques para água quente, tubos para trocadores de calor e caldeiras.
O bronze ao berı́lio geralmente contém até 12% de berı́lio (Be). É uma liga que tem alta
resistência à corrosão e à fadiga, relativamente alta condutividade elétrica e alta dureza, con-
servando a tenacidade. Essas caracterı́sticas são adquiridas após o tratamento térmico. Por sua
alta resistência mecânica e propriedades antifaiscantes, essa liga é especialmente indicada para
equipamentos de soldagem e ferramentas elétricas não faiscantes.
b) Latão
O latão é a liga de cobre (Cu) e zinco (Zn) que você provavelmente associa a objetos de dec-
oração. É aquele metal amarelo usado em acabamento de móveis e fechaduras.
Essa liga contém entre 5 e 45% de zinco. Sua temperatura de fusão varia de 800o C a 1070o C,
dependendo do teor de zinco que ele apresenta. Em geral, quanto mais zinco o latão contiver,
mais baixa será a sua temperatura de fusão.
O latão varia de cor conforme a percentagem do cobre presente na liga.
É uma liga dúctil e maleável, além de apresentar boa condutividade elétrica de calor. Tem boa
resistência mecânica e excelente resistência à corrosão. Este material pode ser fundido, forjado,
laminado e estirado a frio.
Quando contém até 30% de zinco, o latão é facilmente conformado por estiramento, corte, do-
bramento, mandrilagem e usinagem. Pode ser unido por solda de estanho e solda de prata.
O latão aceita quase todos os métodos de conformação a quente e a frio e a maioria dos processos
de solda. Nessa proporção, o latão é usado para a fabricação de cartuchos de munição, rebites,
carcaça de extintores, tubos de trocadores de calor e evaporadores.
O latão que tem entre 40 e 45% de zinco é empregado na fabricação de barras para enchimento
usadas na solda forte de aços-carbono, ferro fundido, latão e outras ligas.
A fim de melhorar a resistência mecânica, a usinabilidade e a resistência à corrosão do latão,
outros elementos de liga são adicionados a sua composição. Tem-se, portanto, os seguintes tipos
especiais de latão:
O latão ao chumbo contém 1 a 3% de chumbo. Apresenta ótima usinabilidade e é usado para
fabricar peças por estampagem à quente que necessitam de posterior usinagem.
O latão ao estanho tem até 2% de estanho e é altamente resistente à corrosão em atmosferas
marinhas. Por isso, é empregado na fabricação de peças para a construção de barcos.
O latão ao nı́quel é usado no lugar do bronze para fabricar molas e casquilhos de mancais.
c) Ligas cobre-nı́quel
As últimas ligas da famı́lia de cobre são aquelas em que o nı́quel participa em proporções
que variam entre 5 e 50%.
Possuem boa ductilidade, boa resistência mecânica e à oxidação, e boa condutividade térmica.
São facilmente conformáveis, podendo ser transformadas em chapas, tiras, fios, tubos e barras.
Elas podem ser unidas pela maioria dos métodos de solda forte e por solda de estanho.
Com uma proporção de até 30% de nı́quel, a liga é usada na confecção de moedas e medalhas.
As ligas com teores de nı́quel na faixa de 35 a 57% recebem o nome de constantan e são usadas
para a fabricação de resistores.
O cobre e suas ligas, assim como os outros metais, também têm suas formas comerciais padronizadas.
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 45
Isso se tornou necessário porque, com o desenvolvimento tecnológico, novas ligas foram surgindo
e seu número aumenta a cada dia.
As ligas de cobre são classificadas em dois grandes grupos: ligas dúcteis, ou para conformação, e
ligas para fundição. Dentro dessas duas classificações, elas ainda são designadas de acordo com
sua composição quı́mica. A norma brasileira onde isso está estabelecido é a NBR 7554, que é
baseada na norma da ASTM (American Society for Testing and Materials) dos Estados Unidos.
De acordo com essas classificações, as ligas dúcteis são designadas da seguinte maneira.
As ligas são identificadas pela letra C seguida de cinco algarismos. O primeiro ou dois
primeiros algarismos indicam a classe do material e os dois últimos referem-se à identificação
desse material.
As ligas de fundição, são classificadas da seguinte maneira:
Estas ligas apresentam elevada resistência à corrosão, à maioria dos ácidos minerais e orgânicos,
bem como álcalis. Ótima resistência ao desgaste, baixa condutividade térmica e são resistentes
à corrosão provocada pelo vapor ou vapores contaminados por agentes quı́micos.
As ligas de nı́quel podem classificadas, segundo suas aplicações, em seis grupos:
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 47
a. Ligas resistentes à corrosão São ligas de boa resistência mecânica e ductilidade. Dentre
elas destacam-se:
(1) Monel B (Ni, Fe, Cu, Mn, Si, C) I Muito resistente à corrosão, calor, competindo
com o aço em muitas aplicações.
(2) Monel R (Ni, Fe, Cu, Mn, S) I O enxofre facilita a usinagem em função da redução
da resistência mecânica e tenacidade. Apresenta boa ductilidade, sendo, portanto,
quebradiço a quente.
(3) Monel K (Ni, Fe, Cu, Mn, Al) I Tratável termicamente. Alta resistência mecânica.
Excelente resistência à corrosão.
(4) Hastelloy (Ni, Cr, Fe, Mo) I Liga com alta resistência ao ácido clorı́drico.
b. Ligas de alta resistividade elétrica e resistência ao efeito de aquecimento São ligas empre-
gadas para resistências elétricas e em partes sujeitas a temperaturas elevadas. As principais
são:
(1) Nichrome e Cromel (Ni, Cr) IResistente ao calor e à oxidação, usada como resistência
(até 1000o C).
(2) Inconel (Ni, Al, Si, Mn) I Liga resistente ao calor.
d. Ligas para Telecomunicações São ligas com ótimas caracterı́sticas magnéticas. As princi-
pais são:
(1) Permalloy (Ni, Fe) I Alta permeabililidade para baixas intensidades de campo. Re-
quer tratamento térmico especial.
(2) Hipernik (Ni, Fe) I Alta permeabilidade para intensidade de campo mais elevado.
(3) Perminvar (Ni, Fe, Co) I Permeabilidade constante em campos magnéticos fracos.
e. Ligas magnéticas São ligas utilizadas na produção de ı́mãs permanentes. Alnico (Ni, Mn)
I Ligas não maleáveis. Existem sob a forma de peças fundidas e sinterizadas.
f. Ligas especiais
As ligas de magnésio podem ser fundidas ou conformadas por laminação, forjamento ou ex-
trusão. Elas têm como caracterı́sticas baixa densidade, alta resistência e dureza em baixas e
altas temperaturas e elevada resistência à corrosão em temperatura ambiente. As propriedades
mecânicas de algumas delas podem ser melhoradas por tratamento térmico.
4.2.5 CHUMBO
O chumbo é um metal de cor acinzentada, pouco tenaz, porém dúctil e maleável. É bom condutor
de eletricidade, embora não seja magnético, mau condutor de calor e se funde a 327o C.
Seu minério é a galena (PbS). Quando a galena não é muito pura o método de extração do chumbo
consiste na prévia ustulação do minério em fornos de revérbero, seguida de uma redução por
intermédio de agentes redutores processada num forno de cuba. O redutor pode ser o ferro que
se transforma em sulfato de ferro, deixando o chumbo em estado livre.
É facilmente laminado, pois é o mais mole dos metais pesados. Pode ser endurecido em liga com
enxofre (S) ou antimônio (Sb). É resistente à água do mar e aos ácidos, mas é fortemente atacado
por substâncias básicas. Oxida-se com facilidade em contato com o ar. Outras propriedades que
permitem grande variedade de aplicações são: alta densidade, flexibilidade, alto coeficiente de
expansão térmica, boa resistência à corrosão, condutibilidade elétrica, facilidade em se fundir e
formar ligas com outros elementos.
O chumbo é usado como isolante acústico e amortecedor de vibrações. Pode ser laminado a
espessuras de até 0,01 mm.
É um metal amplamente utilizado como base nas ligas anti-fricção, que são utilizadas como
material para confecção de mancais. As ligas de chumbo com esta finalidade são denominadas
”metais babbitt”.
O chumbo também pode ser utilizado como metal de adição na formação de ligas destinadas à
confecção de soldas fracas, amplamente utilizadas na indústria de eletro-eletrônicos.
Permite a reciclagem de sua sucata. No Brasil, o reaproveitamento dessa sucata corresponde a
um terço das nossas necessidades dessa matéria-prima.
4.2.7 ZINCO
O zinco é um metal não-ferroso, cujo sı́mbolo quı́mico é Zn. Funde-se a 420o C e é produzido
a partir da blenda e da calamina. Tratando-se da blenda, a operação metalúrgica consiste em
ustulá-la e com a calamina consiste em calciná-la a fim de se obter óxido de zinco. Em seguida
faz-se a redução do óxido.
É condutor de eletricidade, mas é um metal não-magnético. O ar seco não o ataca. O ar úmido,
porém, causa formação de uma pelı́cula de óxido que protege o material. É mais barato que a
maioria dos metais não-ferrosos.
Possui a resistência à tração da mesma ordem do alumı́nio ou do magnésio, mas não apresenta
a vantagem de possuir a baixa densidade destes metais. Sua densidade se aproxima mais do aço
e do cobre, mas lhe falta a resistência mecânica desses metais.
O zinco é empregado como pigmento em tintas, como elemento de liga com o cobre, na produção
do latão e, sobretudo, para proteger outros metais, principalmente o aço, por meio da galva-
nização.
Pode ser utilizado como metal de base na formação de ligas destinadas à fundição, sobretudo
em fundição sob pressão e por gravidade. O emprego de Zn eletrolı́tico (com 99,99% de pureza)
nas ligas elimina as variações dimensionais das peças fundidas e a corrosão intergranular. As
principais ligas de zinco são:
a. SAE 921 (Zamak 2) Apresenta a mais elevada resistência à tração e a maior dureza de
todas as ligas desta série. Esta liga é empregada em casos em que a resistência à tração é
mais importante do que a permanência de dimensões e a resistência ao impacto.
b. SAE 903 (Zamak 3) Possui melhores caracterı́sticas de permanência às dimensões que as
demais ligas desta série, além de alta ductilidade.
c. SAE 925 (Zamak 5) Tem as suas propriedades intermediárias entre 921 e 903 no que diz
respeito às caracterı́sticas mecânicas. Empregada nos casos da liga 921 quando se deseja
maior resistência à corrosão.
4.2.8 ESTANHO
O estanho é um metal branco brilhante, bastante maleável e o mais fusı́vel dos metais usuais,
apresentando ponto de fusão de 235o C.
Seu sı́mbolo quı́mico é Sn e é extraı́do da cassiterita (SnO2 ). É resistente à corrosão, bom
condutor de eletricidade, porém não-magnético.
O estanho tem vasto emprego como material protetor. A folha de flandres empregada na fab-
ricação de latas de conserva, consiste de chapas finas de ferro cobertas a fogo com uma camada
fina de estanho. Combina a resistência do aço com a resistência à corrosão, a facilidade de
soldagem e a boa aparência do estanho.
As ligas Sn-Zn e Sn-Ni são utilizadas na estanhagem de peças para motocicletas e automóveis,
ferramentas, partes de instrumentos cientı́ficos de precisão.
Ligas anti-fricção podem ser obtidas à base de estanho. Apresentam plasticidade e aderência
muito grandes, sendo utilizadas como materiais para confecção de mancais. Comparadas com
outros materiais com esta finalidade, essas ligas apresentam resistência à fadiga relativamente
baixa, de modo que são mais recomendadas para condições de baixa carga. Entretanto, sua
resistência à corrosão é bem maior que a das ligas à base de chumbo.
O estanho puro e associado com antimônio e cobre é matéria-prima para a produção de material
de solda.
Capı́tulo 5
MATERIAIS POLIMÉRICOS
Polı́meros são materiais obtidos a partir da sı́ntese quı́mica de matéria orgânica de origem vegetal
ou mineral. São formados pela união de centenas de moléculas menores que devem possuir pelo
menos uma dupla ligação de certos compostos quı́micos denominados monômeros. Devido a sua
origem orgânica, o carbono é o elemento fundamental de todos os materiais poliméricos. Em
geral, tem-se a combinação de um átomo de carbono com quatro átomos de outros elementos
quı́micos. A união das moléculas dos monômeros pode realizar-se fundamentalmente por três
maneiras: polimerização, copolimerização e por policondensação.
a. Polimerização Consiste na aplicação de calor, pressão, utilização de processos quı́micos e
aditivos, de modo a resultar estruturas em forma de cadeia. Um exemplo de um monômero
é o gás etileno (C2 H4 ) e exemplos de polı́meros são o polietileno e o polipropileno conforme
apresentado na Figura 5.1.
Figura 5.1: Um monômero (a) e dois tipos de polı́meros que são produzidos a partir dele (b) e
(c)
5.1 PLÁSTICOS
A melhor definição para materiais plásticos, foi dada pela Britsh Standards Institute (Instituto
Britânico de Padrões) que diz:
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Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 51
Além dessas, outras duas propriedades são particularmente importantes nos materiais plásticos:
temperatura de empenamento e temperatura recomendada de serviço.
Os plásticos são materiais anisotrópicos. Em extrusão, por exemplo, a resistência na direção da
extrusão pode ser 30 a 40% mais elevada do que na direção transversal. Se uma estrutura ou
fibra é utilizada como reforçador, esta diferença pode ainda ser mais elevada.
Os plásticos são classificados segundo duas categorias do ponto de vista técnico: como ter-
moplásticos ou como termofixos (ou termoestáveis). a tabela a seguir apresenta suas principais
diferenças.
Tais diferenças comportamentais entre termoplásticos e termofixos têm sua explicação na
forma pela qual as cadeias moleculares são formadas a partir dos monômeros. A Figura 5.2
mostra que termoplásticos podem apresentar cadeias lineares e ramificadas, enquanto que os
termofixos apresentam cadeias reticuladas (ou em rede).
As tabelas a seguir apresentam alguns dos mais comumente utilizados termofixos e ter-
moplásticos com suas respectivas caracterı́sticas e aplicações.
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 52
Figura 5.2: (a)Molécula linear. (b)molécula ramificada (c)polı́mero em rede, como em plásticos
termoestáveis (ou termofixos).
Curso Técnico de Mecânica - Tecnologia dos Materiais I 53
5.2 ELASTÔMEROS
De um modo geral, elastômeros, semelhantes a borracha, são materiais que possuem a pro-
priedade de readquirir o seu tamanho inicial após terem sofrido uma grande deformação, dentro
de um perı́odo relativamente curto. Como material de construção, desejam-se dos elastômeros:
• Grande elasticidade;
• Grande resiliência, isto é, capacidade de restituir a energia recebida com pequena perda.
O comportamento elástico que deve ser dependente do tempo, isto é, deve existir um inter-
valo finito de tempo para o material retornar à sua forma primitiva.
Sua dureza é um dos dados mais comumente citados. Dentro de uma faixa de precisão relati-
vamente larga, pode-se relacionar o módulo de elasticidade do elastômero à sua dureza. Esses
valores podem ser adotados, onde a precisão não seja essencial.
Os elastômeros são raramente utilizados com carregamento de tração, no entanto esse carrega-
mento é comumente usado para efeitos comparativos. Valores pequenos indicam também valores
pequenos para as demais propriedades mecânicas, o mesmo ocorrendo para valores elevados.
Dentre os elastômeros os mais conhecidos são:
MATERIAIS CERÂMICOS
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Capı́tulo 7
MATERIAIS COMPÓSITOS
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