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oferenda para o Senhor, sem qualquer apego egoís- trabalhos no Karma deles), pelo Seu poder cinético
ta, e dependendo totalmente do Senhor para auxílio (de Maya), como se eles tivessem (marionetes do
e guia. O Senhor toma inteira responsabilidade para Karma), montados numa máquina (18.61)”.
uma pessoa que dependa totalmente d´Ele (Gita,
9.22). A escritura diz: “O sábio não deverá apegar- Assim, quando nós plenamente cremos que nós
se mesmo a um dever correto em toda a sua vida, não somos nada mais do que um instrumento divino
mas deverá engajar a sua mente e intelecto na con- (Gita, 11.33), ou uma mera marionete (Gita 18.61)
templação do Ser Supremo (Mahabharata, no drama cósmico, então a rendição torna-se algo
12.290.21). deve-se desenvolver um espírito genuí- natural, e um processo sem esforço.
no de auto-rendição para o Senhor oferecendo-Lhe
tudo, incluindo até mesmo os frutos da disciplina O significado da rendição
espiritual (pelo Sadhana), para Ele. Nós devemos Render-se a Deus não envolve abandonar o mun-
oferecer todo nosso trabalho para Deus. O mundo é do, mas realizar que tudo acontece de acordo com
controlado por Suas leis ou vontade. A pessoa deve as Suas leis, e por meio de Seu poder e direciona-
aprender a agir de acordo com a Sua vontade. Ser mento. Para reconhecer plenamente que tudo está
agradecido na prosperidade, e submisso a Sua von- sendo controlado e governado pelo plano divino é
tade na adversidade. Um verdadeiro devoto perce- render-se a Ele. Na rendição, deixa-se a regra do
be: “Ó Senhor! Eu me lembro de Ti, porque Tu plano divino agir na vida sem abandonar seus me-
lembra-Se de mim primeiro!. Quebra-se as algemas lhores esforços. Render-se é renunciar completa-
do cativeiro (do Karma), e nos libertamos nesta mente a existência individual ou ego. Este é o senti-
vida, tão logo se ganhe o conhecimento e a firma mento: “Ó amado Senhor, nada é meu, tudo – in-
convicção que tudo é feito pela vontade de Deus; cluindo meu corpo, mente e ego – é Seu; Eu não
este é Seu mundo, Seu passatempo (Lila), e Sua ba- sou Brahma (ou Soham); mas Dasoham, Seu servo;
talha, não nossa; e considerando a nós mesmos salve-me do oceano de transmigração. Eu tentei sair
como meros atores no jogo divino, e o Senhor como do oceano do mundo material (Samsara), usando to-
um grande diretor do drama cósmico da alma no es- dos os métodos dados na escrituras, mas falhei.
tágio da criação. Render a vontade individual será o Agora, eu tenho descoberto a processo final, o pro-
cume de todas as práticas espirituais (Sadhana), re- cesso de procurar pela graça divina através da ora-
sultando numa alegre participação no drama de ale- ção e rendição. Deus pode ser descoberto por quem
grias e sofrimentos da vida. Isso é chamado de Jiva- busca a Sua ajuda, na procura D´Ele, e não apenas
na-Mukti, ou Mahayana no Budismo. Não é possí- por uma prática espiritual. Assim, alguém deve ini-
vel realizar Deus até que alguém não esteja comple- ciar a sua jornada como um dualista (Dvaita), expe-
tamente liberado do egoísmo; da consciência corpo- rimentar o monismo (Advaita), e depois, novamen-
ral, ou do sentimento de fazedor ou possuidor. A te, voltar ao dualismo (Dvaita). Uma jornada bem
graça de Deus coloca-se em funcionamento quando sucedida inicia e começa no mesmo lugar. O pro-
alguém se torna firmemente convencido de que ele cesso de rendição pode ser chamado de quinto ca-
não é o fazedor, e imediatamente se torna um Jiva- minho ou o caminho final do Yoga – os outros qua-
na-Mukta – livre nesta vida. A contemplação nos tro caminhos, são Karma, Jñana, Bhakti e Dhyana.
seguintes versos do Bhagavad-gita, deverá ajudar a Sua Divina Graça, Swami Chidanand Saraswati
abandonar a identificação corporal: (Munihii), belamente explica este processo. Ele diz:
“Cada dor, cada sofrimento, cada desconforto, tor-
“Todos os trabalhos são feitos pela energia e po- na-se Prasad ou um presente Seu e graça, quando
der da natureza; mas devido a ilusão da ignorância, você coloca-se a Sua vontade. Se você coloca as ré-
a pessoa assume-se a si mesma como sendo a faze- deas da carruagem da vida em Suas mãos, você será
dora (3.27). Aquele que percebe que todos os traba- sempre feliz, sempre pacífico. Esta é a lição final da
lhos são feitos apenas pelos poderes (Gunas) da na- rendição, que alguém deve aprender”.
tureza material (Prakriti), e assim age, não conside-
rando a si mesmo (ou o Atma), como o fazedor, tal Esta graça divina ou poder vem na forma do
pessoa entende verdadeiramente (13.29). Quando auto-esforço. A graça divina e o auto-esforço, bem
quem vê, percebe-se como o não fazedor, senão ou- como dualismo – Dvaita – e monismo – Advaita –
tra coisa do que os poderes do Ser Eterno (Brah- não são nada mais do que dois lados de uma mesmo
man) – os modos (Gunas) da natureza material moeda ou da realidade. A graça de Deus está sem-
(Prakriti); e conhecendo o que está acima e além pre disponível, tem-se que coletá-La. Para alcançar
das Gunas; então ele alcança a salvação (Mukti) a graça não é fácil. Deve-se empreender uma práti-
(14.19)”. ca disciplinar espiritual sincera (Sadhana), e o devi-
do esforço. A graça é a nata do esforço, nosso pró-
“O Senhor Supremo, Sri Krishna, residindo com prio bom Karma. Se diz que o esforço é absoluta-
o o Ishvara no coração causal (ou na psique interna) mente necessário, ma so último degrau da escada do
de todos os seres, ó Arjuna, ocasiona as ações (ou Supremo não é Sadhana ou auto-esforço, mas ora-
®r… R€m€nanda Praa – A quinta trilha na jornada espiritual 3
ção por Sua graça no espírito de rendição. Quando Há muitas ocorrências neste processo de ocorrer
tudo estiver rendido a Ele; e alguém de fato enten- milagres nas vidas dos santos e sábios. Outro mais
der que Ele é a meta, o caminho, a viagem, bem recente exemplo talvez seja encontrado no livro,
como os obstáculos no caminho; vício e virtude tor- “Autobiografia de um Yogi”, de Paramahamsa Yo-
nam-se ineficazes e inofensivos, tal qual remove- gananda, no capítulo: “Dois meninos pobres em
mos as presas de uma cobra. Vrindavana”. Há muitos outros exemplos da efetivi-
dade deste processo de rendição. Algumas pessoas
De acordo com Sri Sanakaracharya, se qualquer dizem que “o Senhor não ouve minhas preces... eu
outro objeto do que o Ser Supremo (Para-Brahma) já estou exausto de orar”. Oração é como qualquer
– campo da energia cósmica – aparece como exis- técnica, ela também deverá ser feita de modo apro-
tente, ele é irreal como uma miragem, assim como a priado para que possa ser efetiva. A Bíblia diz:
presença de uma cobra numa corda. Quando alguém “Quando você pedir alguma coisa em oração, tenha
entende firmemente que nada mais existe exceto o fé e creia que você irá receber o que pede, e ela será
Para-Brahman e Seus Lilas (passatempos), todos os dada para você (Marcos, 11.24)”. Numa oração,
Karmas se extinguem; rendendo-se a Sua vontade, e deve-se pedir pela ajuda de Deus em alcançar aqui-
alcançando Mukti. Sri Yukateswar disse: “A vida lo que se precisa, e não aquilo que se quer receber;
humana está rodeada de sofrimentos, até que al- em adoração você adora, glorifica e agradece a Ele
guém saiba como se render ou sintonizar com a por aquilo que você tem. E a meditação é escutar a
vontade divina, então desembaçando o intelecto”. O Deus pelo tranqüilizar da mente, assumindo uma
Alcorão diz: “Quem seguir a Minha guia, nenhum postura receptiva tendo em vista escutar as instru-
temor cairá por sobre ele; nem ele sofrerá (Surah, ções do Senhor, a percepção e revelações divinas.
2.38)”. Os Upanishads dizem: “O conhecedor do Primeiramente a pessoa deverá conscientizar-se en-
Para-Brahman, está além do sofrimento”. O Senhor tão ponderar sobre o fato, sentindo-se indefeso para
escolhe melhor as coisas para nós, se deixarmos Ele sair de uma dificuldade, então procurar pela ajuda
ser nosso guia, rendendo-nos a Sua vontade. A Bí- divina – através da oração – num estado de desam-
blia diz: “O Pai dos céus sabe tudo o que você pre- paro. Seja específico no que você pede, e então
cisa. Dê o primeiro lugar ao Seu reino, e o que Ele chore pela ajuda d´Ele como uma criança.
requer. Ele irá providenciar tudo a você (Mateus,
6.32-33). A rendição a Deus ou Ishvara Pranidhana, Os pré-requisitos
com fervorosa fé e devoção, é, também o décimo e Porém, há um simples pré-requisito para o pro-
um dos mais importantes Yamas e Niyama dos cesso localizar-se e agir. A luz do autoconhecimen-
Yoga Sutras de Patañjali que os Jainistas seguem. to (Jñana) que dissipa a ignorância e faz o processo
Guru Nanak Deva disse: “Aquele que obedece a de rendição, vem diretamente do Ser Eterno (Brah-
vontade de Deus, com prazer é livre e sábio. Ouro e man), o Parama-guru interno, quando a mente está
pedra, dor e prazer, são o mesmo para tal pessoa”. purificada pelo Seva sincero, e Sadhana (prática es-
piritual). Assim como uma pedra preciosa precisa
Como age este processo? ser lapidada entes de nela se colocar ouro. O nobre
Deixe-se examinarmos poucos exemplos da his- caminho óctuplo do Budismo: visão correta; pensa-
torio de como este processo de rendição tem sido mento correto; fala correta; feitos corretos; correto
trabalhado na vida de santos e sábios. Tomemos o meio de vida; reto esforço; reta decisão e reta medi-
exemplo de Draupadi no Mahabharata. Ela ficou to- tação – ou a doutrina de Buddha tem por finalidade
talmente indefesa, quando foi humilhada de um a nossa purificação da psique interior.
modo inteiramente insultante. Ela tentou impedir
que o seu Sari fosse retirado a força por um dos Nas palavras de Sua Santidade Munijii (Swami
malvados irmãos Kaurava. E no fim, quando ela en- Chidanand): “Fazer é ser, e ser é fazer. Esta é a
controu que não seria possível para ela proteger-se mensagem do Senhor Krishna”. De modo indevido,
daquela ação malévola, e como ninguém mais tinha muitas pessoas hoje em dia assumem um caminho
coragem ali presente, de fazer alguma coisa, ela espiritual como se fosse indolência, ou ficar no alto
rendeu-se inteiramente a Krishna. Ela parou de se- do Himalaia em meditação silenciosa. Mas o Se-
gurar o seu Sari, e disse: “Ó Senhor, eu não posso nhor Krishna nos ensina outra coisa. Nós devemos
proteger-me a mim mesma deste ato vergonhoso, eu dar mãos para o trabalho de Deus, isso é chamado
me rendo; ajude-me, ó Krishna”. Ela colocou as de Karma-yoga. Nós não devemos apenas “ser divi-
duas mãos em prece e orou para Krishna, com o es- nos”, mas devemos “nos fazer divinos”. Isso é um
pírito de completa rendição, ao invés de ficar ten- tido de “fazer” diferente do que as pessoas normal-
tando proteger-se a si mesma. E como nós sabemos, mente fazem. Isso é “sendo”, enquanto “fazendo”.
o grande milagre aconteceu, e ela foi salva pelo O que isso significa? Significa permitir que nosso
processo de render-se a Krishna. O infinito Para- trabalho seja uma oração; seja uma meditação.
Brahma tornou-se um Sari de comprimento infinito. Todo o tempo em que nossas mãos estão fazendo,
Como orar nossa mente deverá estar em Deus (Gita, 8.07). Te-
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nha Seus Santos Nomes em seus lábios, e no seu caminho de “Mam ekam Sharam vraja”. Este é cen-
coração, e tenha o Seu trabalho em suas mãos”. tro conclusivo do verso 18.66, o sagrado Mantra do
Gita, o retiro final. Mas não se aborreça, se alguém
A ignorância é a mãe de todos os pecados. Dar seguir um dos quatro caminhos mencionados ou tri-
de presente o conhecimento é a melhor caridade. lhas, automaticamente será conduzido para o quinto
Equivale a dar o mundo todo em caridade caminho pela trilha Mestra.
(Mahabharata 12.109.113). A melhor felicidade
está em ajudar os outros na descoberta da verdadei- Om Tat Sat
ra natureza, onde está a origem na felicidade eterna,
do que prover bens materiais e confortos de uma fe-
licidade temporária. A Bíblia diz: “Quem obedece a
lei, e ensina aos outros para fazer o mesmo, será
grande no Reino dos Céus” Mateus, 5.19). a felici-
dade não é alcançada através da riqueza e da auto-
gratificação, mas através da fidelidade por uma cau-
sa digna. E essa causa digna é mencionada pelo Se-
nhor pessoalmente, quando Ele diz: “Aque que pro-
pagar (ou ajudar a propagação por qualquer meio)
esta filosofia secreta Suprema (ou o conhecimento
transcendental do Gita), entre Meus devotos, irá re-
alizar o mais elevado serviço devocional a Mim, e
certamente (alcança a Morada Suprema, Parama-
dhama), vem a Mim. Não há outra pessoa que seja
mais querida por Mim do que aquela que presta ser-
viço a Mim, e não ninguém por toda a Terra que
seja mais querido por Mim (Gita, 18.68-69)”.
Karma-yoga é rendição
O desejo egoísta é a raiz de todo o mal na socie-
dade, família e o mundo, desde tempos imemoriais.
As qualidades negativas tais como a ira, orgulho,
apego, avareza, inveja, ódio, e trapaça, nascem des-
te desejo egoísta. O desejo, quando plenamente rea-
lizado, traz mais desejos, através da propagação da
avareza. Os desejos não alcançados causam ira. A
ignorância da metafísica é responsável pelos dese-
jos materiais, incluindo desejo por fama. Aqueles
que superaram os desejos, na realidade conquista-
ram o mundo, e vivem uma vida pacífica, saudável
e feliz. “Ajudando os outros você alcançará o Su-
premo (Gita, 3.11)”, este é o mandamento original
do Criador, Brahman, para a humanidade. A coo-
peração, não a competição, é mais conducente para
o completo progresso do indivíduo e da sociedade.
Nada que valha a pena pode ser alcançada sem a
cooperação e ajuda dos outros. é o motivo egoísta
que impede a cooperação mesmo entre as organiza-
ções espirituais. Um Karma-yogi apenas conhece a
cooperação. A palavra “competição”, não existe no
vocabulário de um verdadeiro Karma-yogi. A falta
de cooperação é devido ao fato de as pessoas não
dependerem de Deus, e não seguirem a quinta tri-
lha. Não é possível praticar Karma-yoga sem a ren-
dição da vontade de Deus.