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CEARENSES
Fortaleza, 17/11/2020.
por José Carlos Parente de Oliveira, Dr
Físico e Professor
DECISÕES EQUIVOCADAS
A Covid-19 já é conhecida como a grande doença pandêmica do século XXI e as medidas para sua
contenção são acertadamente batizadas de o fiasco dos governantes, aqui e alhures. Eles, os
governantes, colocaram as pessoas em distanciamento social, confinamento residencial e lockdown
sem que existissem dados confiáveis a respeito do número de infectados, dos fatores de transmissão,
da taxa de letalidade, entre outros: essas decisões basearam-se na inexistência de dados e no “desejo
divino” de salvar vidas!
No Brasil, governadores e prefeitos decidiram colocar as pessoas em distanciamento social,
confinamento e lockdown, apesar da inexistência de dados – pouco se sabia sobre as características do
vírus SARS-CoV-2, do número de infectados, como se dava a transmissão, qual era a letalidade, a taxa
de mortalidade, etc. Ou seja, nossos governantes decidiram sobre a vida pessoal, social e econômica
das pessoas baseando-se em dados inexistentes! E a inexistência de dados confiáveis deveria ter
funcionando como um “freio” a aventuras políticas ou de qualquer outra natureza, mas não funcionou.
Em meados de março as medidas restritivas à mobilidade das pessoas na Europa já eram duramente
questionadas quanto a sua eficiência. Os questionamentos idênticos feitos por essas paragens foram
ignorados e hoje se constata que a decisão pelo confinamento residencial e lockdown foi irracional e
comprometeu seriamente o desenvolvimento do país, o bem estar da sociedade e o futuro de nossas
crianças.
No Ceará não foi diferente, a irracionalidade guiou os governantes, que se diziam orientados por uma
ciência que não mostrou a cara, e impôs um isolamento social e confinamento residencial como únicas
medidas eficazes no combate ao SARS-CoV-2. Os governantes do Ceará anularam outras abordagens
de combate à pandemia, a exemplo de uma “interdição vertical” que trataria de proteger e isolar os que
correm maior risco de morrer ou sofrer danos de longo prazo (idosos e pessoas com doenças crônicas e
com baixa imunidade) e o não fechamento de escolas de crianças e jovens.
No Ceará, o confinamento residencial imposto não levou em consideração três benefícios naturais e
essenciais ao enfrentamento do vírus: a alta temperatura ambiente (inimiga mortal do vírus), a alta
umidade relativa, também importante inimiga de vírus e a imunidade orgânica pela luz solar, grátis e
abundante, no ciclo da vitamina D. Também não considerou a nossa achatada pirâmide etária, o baixo
índice de obesidade de nossa população, além de nossa baixíssima densidade demográfica.
No Ceará teve mais: a nossa capacidade hospitalar suficiente para atender a demanda que se
apresentava, poderia ter sido mais que suficiente se tivéssemos utilizado como aliado o conhecimento
há anos disponível do poder de cura e de prevenção virótica da hidroxicloroquina e da ivermectina.
Mas não foi o que acorreu, estes fármacos foram confiscados das farmácias e o direito de comprá-los,
mesmo se receitados por médicos, foi proibido. A razão para tal despropósito irresponsável não foi
baseada em preceitos de saúde e sim porque esses fármacos foram politizados e demonizados e,
principalmente, eram muito baratos. Até mesmo protocolos médicos e farmacológicos de proeminentes
pesquisadores cearenses, adotados profilaticamente em alguns países, foram ignorados sem qualquer
justificativa.
E mais, à época já se sabia do altíssimo poder de letalidade dos respiradores mecânicos, além de sua
baixa efetividade no combate à Covid-19. Mas, aqui no Ceará os respiradores foram glorificados e
superfaturados, com direito a comprar e não receber.
E entre tantos e tamanhos enganos, o maior seria fruto da própria análise da equipe política e científica
do Governo do Estado: o erro foi não considerar que o vírus estivesse contaminando a população
cearense desde antes do pré-carnaval. Este erro fatal, só foi suplantado pela adoção do confinamento
residencial e do lockdown.
Também é digno de nota, o não retorno as aulas para crianças e adolescentes. Esse é um erro
incompreensível e indesculpável, pois não há argumento racional a lhe dar suporte. Nesse erro,
governantes, representantes da categoria docente, e também a própria categoria dividem o ônus de
privar os alunos da formação necessária para todos, mas fundamental para os mais novos – as
consequências nefastas devidas ao ano sem formação acompanharão as crianças em idade escolar até o
fim de seus dias.
Portanto, é hora de olharmos com mais agudeza as mortes diárias, as mortes por faixa etária, o
confinamento residencial e lockdown no Ceará.
Tabela 1. Número de mortes atribuídas à Covid-19, por Faixa Etária, até 04/11/2020.
Fonte: https://transparencia.registrocivil.org.br/registral-covid
Figura 1. Número de mortes atribuídas à Covid-19, por Faixa Etária, até 04/11/2020.
Fonte: https://transparencia.registrocivil.org.br/registral-covid
Figura 2. Percentual de Mobilidade das Pessoas no Estado do Ceará em função das categorias de local e data.
Fonte: https://www.google.com/covid19/mobility/
Observa-se que no período de 15/02/2020 a 18/03/2020 não ocorreram mudanças significativas na
mobilidade relativa na maioria dos locais à exceção das categorias lazer e varejo (linha azul) e parques
(praias) (linha verde musgo), ou seja, à exceção de lazer e praias os cearenses continuavam suas
rotinas sem grandes mudanças, exceto o fato de já manterem um distanciamento social preventivo. Em
particular, a categoria áreas residenciais manteve-se praticamente inalterada (linha preta), com apenas
um aumento de confinamento, ou “fique em casa”, em cerca de 2%.
A partir de 19 de março de 2020, início do período de “confinamento residencial” ou “fique em casa”
imposto, com o fechamento de escolas, grande parte do comércio, bares, restaurantes e barracas de
praia a mobilidade decresceu consideravelmente em todas as categorias, exceto nas áreas residenciais.
As categorias lazer e praias chegaram a apresentar até 80% de redução na mobilidade de pessoas.
Essas categorias atualmente ainda sofrem uma baixa mobilidade, principalmente a categoria parques
(praias). As categorias mercado e farmácia (linha vermelha) e local de trabalho (linha verde)
apresentaram menores variações de mobilidade, e também foram as que se recuperaram mais
rapidamente. Ainda hoje a categoria parque (praia) ainda continua com uma redução de mobilidade de
cerca de 50%; as categorias varejo e lazer e terminais de transportes apresentam uma redução de cerca
de 20%.
Diferentemente das demais, a categoria área residencial apresentou um crescimento de cerca de 20%,
que se manteve até final de maio. Ou seja, os cearenses saíram das escolas e locais de trabalho e de
lazer e praias, reduziram a ida a mercado e foram para “dentro de casa”. Ainda hoje esta categoria
apresenta um índice de “fique em casa” de 8%, o que significa um enorme risco de carga viral
excessiva para os mais idosos e vulneráveis, com sérias e graves consequências à saúde.
Figura 3. Percentual de Confinamento Residencial, Lockdown e Mortes Diárias por Covid-19 no Estado Ceará.
Fonte: https://www.google.com/covid19/mobility/
https://indicadores.integrasus.saude.ce.gov.br/indicadores
No período inicial de “distanciamento social”, entre 15 de fevereiro e 18 de março o confinamento
residencial aumentou em cerca de 2%. Esse confinamento se deu principalmente a devido a idoso com
ou sem histórico de doenças pregressas, que foram incentivados pelo mantra “fique em casa”, repetido
diuturnamente pela mídia.
A partir de 19 de março de 2020, teve início o período de “confinamento residencial” imposto, e a
presença das pessoas em suas casas cresceu consideravelmente e atingiu um valor médio de 20%, que
manteve-se praticamente inalterado (linha preta) até meados do mês de junho.
Entre 19/03 e 12/04/2020 a carga viral do SARS-CoV-2 aumentou e se concentrou no ambiente
residencial, o que provocou o acometimento aos mais idosos e vulneráveis pela Covid-19. As
consequências graves desse aumento de carga viral nas casas traduziram-se no aumento explosivo de
mortes diárias por Covid-19, a partir de 12 de março de 2020.
Neste período as autoridades governamentais do Ceará, notadamente as de saúde pública, já sabiam
que havia um período de cerca de três semanas entre a contaminação pelo vírus SARS-CoV-2, a
evolução da doença associada Covid-19 e o óbito dos mais vulneráveis: esta evolução temporal do
SARS-CoV-2 e Covid-19 é bem retrata pelo que ocorreu no Ceará, e marcada com uma elipse na
Figura 3.
E ainda, no Ceará, a evolução dessa doença teve no protocolo de tratamento oficial um aliado
potencialmente danoso – o protocolo era para não procurar ajuda médica antes de sentir falta de ar
ou na absurda orientação dada nas clínicas e hospitais públicos àqueles que os procuravam com os
primeiros sintomas: só volte aqui quando tiver falta de ar e receitados com dipirona.
Neste período de confinamento residencial e lockdown, que iniciou em 08/maio e estendeu-se até
meados de junho, o vírus e a doença grassaram no interior dos lares cearenses.
É possível observar que o lockdown aumentou, em média, apenas 0,5% em relação ao confinamento
residencial que já ocorria desde 19 de março. Este aumento insignificante não teve efeitos práticos ao
que já era obtido com o confinamento residencial em curso, exceto pelo desastre que ele provocou na
economia cearense, na vida de trabalhadores e de pequenos médios empresários cearenses.
Ainda observando a Figura 3 é possível depreender que o número diário de mortes já estava em
declínio quando o lockdown foi imposto. E ele, o lockdown foi decidido pelo governador do Estado
sem qualquer evidência ou justificativa plausível de sua utilidade para a saúde dos cearenses, apesar da
propaganda oficial veiculada que tecia loas à medida. Alguém “bem intencionado”, olhando para o
gráfico, pode querer afirmar que foi devido ao lockdown que o número de mortes diárias decresceu.
Entretanto, isto não é verdade pelas seguintes razões:
1. o lockdown aumentou, em média, apenas 0,5% no confinamento residencial que já ocorria desde
19 de março de 2020, portanto a sua contribuição foi insignificante ao quadro que já estava definido na
área da saúde pública do Ceará. Contudo, o mesmo não pode ser afirmado em relação à economia do
estado – o lockdown matou tantos ou mais cearenses que a Covid-19 por “quebradeira geral” de
pequenos e médios empresários, por desemprego e por fome e continuará matando por tempos à frente;
2. o “estoque cearense de idosos e vulneráveis” já havia diminuído drasticamente entre 12 de abril e
08 de maio, data do início do lockdown;
3. a rede de saúde privada não adotou o absurdo “protocolo oficial” e receitou e administrou
profilaticamente e em tratamento hospitalar o protocolo “eficaz” contendo hidroxicloroquina,
ivermectina e azitromicina. E mais, houve campanha de distribuição desses fármacos a quem se
apresentava com receita médica que indicava tais fármacos.