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ENTREVISTA

Linus Torvalds,
Criador do Linux

REDES
Gerência de redes
http://revista.espiritolivre.org | #018 | Setembro 2010 com ZABBIX

Open Source Software Potential Index ­ Pág 18 Agregação de Links no NetBSD ­ Pág 74

A fronteira final: o usuário doméstico ­ Pág 58 OpenBOR ­ Fighting Games Program ­ Pág 81

Agora é a vez do OpenOffice.org ­ Pág 61 Sorteios e Promoções ­ Pág 13
COM LICENÇA

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |02
EDITORIAL / EXPEDIENTE

De kernel em kernel... EXPEDIENTE
Diretor Geral
Caro  leitor,  trazemos  mais  uma  nova  edição  que,  para  não  ser  diferente,     João Fernando Costa Júnior
foi gerada depois de muito trabalho de uma equipe batalhadora, e que merece to­
do o respeito. Procuramos disponibilizá­la no menor tempo possível, entretanto a  Editor
falta  de  certos  recursos  inviabilizaram  o  processo.  Mesmo  assim,  estamos  aqui     João Fernando Costa Júnior
como  a  edição  do  mês  de  setembro.  Tivemos  a  oportunidade  de  estar  frente  a  Revisão
frente com Linus    Torvalds, criador do Linux, o popular kernel que habita em di­    Aécio Pires
versos de nossos computadores. Ele esbanjou simpatia ao nos receber em uma     Alexandre A. Borba
longa  entrevista  durante  a  LinuxCon,  em  São  Paulo.  Não  somente  a  entrevista,     Felipe Buarque de Queiroz
mas  juntamente  com  o  fato  de  que  ainda  não  havíamos  tido  uma  capa  sobre  o     Paulo de Souza Lima
tão falado pinguim, além de sua popularidade já comprovada, foram os responsá­ Tradução
veis  pela  escolha  deste  tema.  Apesar  do  bate­papo  ter  sido  longo,  preferimos     Paulo de Souza Lima
publicá­lo na íntegra, sem cortes, onde Torlvalds, assim como em várias de suas     Kemel Zaidan
declarações,  divide  opiniões  por  onde  passa.  O  que  se  constata  é  que,  kernel 
após  kernel,  o  Linux  se  fundamenta  como  uma  solução  viável  entre  os  mais  Arte e Diagramação
   João Fernando Costa Júnior  
diversos usuários. Isto graças, não somente a Torvalds, mas a uma comunidade     
atuante  e  sempre  em  evolução.  Quanto  a  entrevista,  agradecimento  especial  a  Jornalista Responsável
Kemel Zaidan, que esteve no evento representando a Revista Espírito Livre.     Larissa Ventorim Costa
   ES00867­JP
Além da entrevista, contamos ainda com a colaboração de diversos outros   
parceiros, que fundamentaram bem o tema de capa. Ricardo Ogliari faz uma aná­ Capa
lise do pinguim nos dispositivos móveis, mais especificamente nos celulares, en­    Carlos Eduardo Mattos da Cruz
quanto  Rodrigo  Carvalho  foca  o  seu  uso  no  Android,  o  sistema  operacional 
Contribuiram nesta edição
baseado  em  Linux,  que  vem  se  popularizando  rapidamente  entre  as  empresas     Aécio Pires   
que  produzem  aparelhos  de  celular  e  seus  respectivos  usuários,  que  por  diver­    Alan Lacerda
sas vezes, se apresentam como fãs da plataforma. Jomar Silva faz uma pergunta     Alexandre A. Borba
interessante sobre os usuários linux: "Quem não usa Linux?", afinal muitos usam     Alexandre Oliva
sem saber! Alexandre Oliva avalia pontos polêmicos que envolvem o este famo­    André Déo
   André Farias Oliveira
so kernel e levanta várias questões que merecem ser analisadas.    Cárlisson Galdino
Em paralelo a isso tudo, os outros colaboradores também enriqueceram a     Carlos Donizete
   Carlos Eduardo Mattos da Cruz
edição com suas matérias: Marco Passos destaca a dificuldade de coordenar pro­    Célia Menezes
jetos colaborativos enquanto Jamerson Tiossi afirma que o usuário doméstico é a     Cezar Taurion
fronteira  final  quanto  a  adoção  do  software  livre  no  desktop. André  Déo  e Aécio     Cristiana Ferraz Coimbra
Pires descrevem como gerenciar redes com o Zabbix e prometem continuar com     Daigo Asuka
outros artigos a respeito. Alexandre A. Borba levanta questões de reflexão sobre     Jamerson Tiossi
   João Almeida e Silva
a recente criação da suite LibreOffice.    João Fernando Costa Júnior
Além  destes,  outros  também  contribuiram  e  o  meu  sentimento  é  de  muita     Jomar Silva
   José James Figueira Teixeira
gratidão  com  todos,  entre  estes  os  nossos  parceiros  das  promoções,  sorteios  e     Juliana Kryszczun
brindes.    Kemel Zaidan
   Linus Benedict Torvalds
Estamos pipocando de promoções e desta vez batemos o recorde entre to­    Marco Passos
das as edições. São promoções para todos os gostos. Cursos, maratonas, even­    Mônica Paz
tos,  livros,  kits  e  muito  mais.  Convidamos  os  leitores  a  sempre  visitarem  o  site     Paulino Michellazo
oficial da revista, pois algumas promoções acabam sendo feitas somente através     Paulo de Souza Lima
do site, de nossas redes sociais, parceiros, etc. Vale ressaltar ainda que, se você     Ricardo Ogliari
já  participou  de  uma  promoção,  pode  se  inscrever  nas  demais  promoções,  sem     Rita de Cássia Gonçalves Silva
   Rodrigo Carvalho
problema. Só não há necessidade de se inscrever numa mesma promoção vári­    Ronald Kaiser
as vezes, já que os registros duplicados são excluídos. É torcer e ficar atentos às     Samara Cristina
novidades!    Wilkens Lenon
   Yuri Almeida
Um forte abraço a todos nossos leitores, que mês após mês, nos revigora    
com  mensagens  de  conforto  e  garra,  muito  importantes  para           
que nos fortalecer e mantermos nosso compromisso de ler in­ Contato
formação  de  qualidade  e  credibilidade,  a  custo  zero  ao  leitor.     revista@espiritolivre.org
Reforço a chamada por diagramadores e aproveito ainda para 
me  desculpar  pelos  artigos  que  ainda  não  foram  publicados.  O conteúdo assinado e as imagens que o integram, são 
Já estão na lista de tarefas. Até a próxima! de inteira responsabilidade de seus respectivos autores, 
não representando necessariamente a opinião da 
Revista Espírito Livre e de seus responsáveis. Todos os 
João Fernando Costa Júnior direitos sobre as imagens são reservados a seus 
respectivos proprietários.
Editor

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |03
EDIÇÃO 018

SUMÁRIO

CAPA
32 10 anos de Linux no Mainframe
Cezar Taurion

37 Linux no mundo mobile
Ricardo Ogliari

41 Preto no branco Entrevista com 
Alexandre Oliva
Linus Torvalds
O sucesso do Android
45 Rodrigo Carvalho

50 Quem não usa Linux? PÁG. 25
Jomar Silva

COLUNAS
18 OSSPI
Cezar Taurion

Warning Zone
22 Episódio 12

100 AGENDA 06 NOTÍCIAS
FORUM NEGÓCIOS LIVRES
54 Atitude Open Source
Alexandre A. Borba
77 Re­educação Livre
Paulino Michelazzo

56 Coordenando projetos
Marco Passos

58 A Fronteira Final GAMES
Jamerson Tiossi
81 OpenBOR
61 Agora é a vez do OpenOffice.org
Alexandre A. Borba
Carlos Donizete

63 Sentidos da Convergência
Yuri Almeida
CULTURA LIVRE
84 EU + TU = Nós
Wilkens Lenon
DESENVOLVIMENTO
66 Framework ou CMS?
Juliana Kryszczun
EVENTOS
86 Relato: SOLIVRE X
Maringá/PR
REDES Relato: Ubuntu Global Jam
91 Rio de Janeiro/RJ
69 Gerência de Redes com Zabbix
André Déo e Aécio Pires
93 Relato: III FSLBHBETIM
Betim/MG

1º ENSOLBA
95 Teixeira de Freitas/BA
SYSADMIN II FETEC
97 Belo Jardim/PE
74 Agregação de Links no NetBSD
Alan Lacerda

QUADRINHOS
Departamento Técnico
99 Suporte_

ENTRE ASPAS
100 Citação de James Watson

09 LEITOR 13 PROMOÇÕES
NOTÍCIAS

NOTÍCIAS
Por Célia Menezes

Microsoft  decide  migrar  os  usuários  do  Live  Abertas  as  inscrições  para  IV  Encontro 
Spaces para o WordPress Nordestino de Software Livre e o IV Encontro 
O  serviço  de  blogs  da  Potiguar de Software Livre
Microsoft,  Lives  Spaces,  No  dia  15  setembro 
será  descontinuado  em  até  foram  iniciadas  as 
seis  meses  e  os  usuários  inscrições  para 
poderão  optar  por  migrar  participar  do  evento, 
para  o  WordPress.  Quando  que  será  realizado  em 
o  blogueiro  entra  no  Live  Natal  [   Rio  Grande  do 
Spaces  aparece  uma  tela  Norte,  nos  dias  05  e 
sugerindo  o  upgrade  com  as  seguintes  opções:  06  de  novembro  de 
migrar  imediatamente,  adiar  o  processo,  baixar  2010.  Interessados 
todo  o  conteúdo  já  publicado  ou  deletar  podem  aproveitar  o  preço  promocional,  que  se 
definitivamente  o  blog.  De  acordo  com  a  encerra no dia 07 de outubro, e se inscrever por 
Microsoft,  posts,  comentários,  fotos  e  links  R$  20,00  (estudantes  e  caravanas)  e  R$  40,00 
serão  preservados  e  as  URLs  antigas  serão  (profissionais). Quem deixar pra depois (de 08 a 
redirecionadas para o novo blog. 31  de  outubro)  pagará  valor  dobrado.  Vale 
Saiba mais: http://www.miud.in/e2S. lembrar  que  aos  estudantes  será  exigido 
comprovante  de  matrícula  no  ato  do 
Comunidade  OpenOffice.org  anuncia  a  credenciamento. Participe!
criação  de  uma  fundação  para  continuar  o  Leia mais: http://www.ensl.org.br.
desenvolvimento da suíte de escritório
A  fim  de  ter  maior  Lançado o Linux Mint Debian Edition
independência  No  início  deste  mês,  a 
nas  decisões  equipe  de 
sobre  os  rumos  desenvolvimento  do 
do  projeto,  a  Linux  Mint  anunciou  o 
equipe  de  lançamento  do  Linux 
mantenedores  do  Mint  Debian  Edition 
OpenOffice.org  decidiu  se  desligar  da  Oracle  e  (LMDE),  uma 
criar  a  The  Document  Foundation  (TDF),  uma  distribuição  que  tem  o 
instituição  autônoma,  independente  e  Debian  "testing"  como 
meritocrática  que  coordenará  o  base  e  não  mais  o  Ubuntu.  Essa  versão  tem  o 
desenvolvimento  do  software.  Essa  organização  GNOME  como  interface  gráfica  padrão,  o 
escolheu  uma  nova  marca  internacional  do  navegador  Mozilla  Firefox  e  o  cliente  de 
projeto,  que  passará  a  se  chamar  LibreOffice.  mensagens  instantâneas  Pidgin.  Download 
Uma  versão  beta,  baseada  no  OpenOffice.org  disponível no site do projeto.
3.3  está  disponível  para  download  no  site,  Maiores informações: http://www.linuxmint.com.
confira!
Saiba mais: http://www.libreoffice.org.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |06
NOTÍCIAS

Estreia  a  nova  animação  da  Blender  usuário deve instalar uma extensão para Firefox 


Foundation (compatível  com  Windows,  Mac  e  Ubuntu) 
Sintel,  o  mais  chamada  Swarmplayer,  que  permite  a 
recente  curta­ distribuição dos peers.
metragem  da  Leia  a  notícia  no  site  da  Wikimedia: 
Blender  Foundation,  http://www.miud.in/ebY.
foi  lançado 
oficialmente  durante  Campus  Party:  inscrições  com  desconto  até 
a  30ª  edição  do  outubro
Festival  de  Cinema  As  inscrições,  que 
Holandês,  em  estavam 
Amsterdã.  O  projeto  vem  chamando  tanta  disponíveis 
atenção  da  comunidade  de  usuários  e  apenas  para 
produtores  de  animação  que  virou  capa  da  quem  já  tinha 
revista  3D  World.  O  vídeo  será  licenciado  em  participado  de 
Creative  Commons  e  liberado  para  visualização  alguma  edição 
e download em breve. anterior,  já  podem  ser  adquiridas  pelos 
Visite: http://www.durian.blender.org. interessados. Até o dia 20 de outubro, o valor do 
ingresso  custará  R$  130,00,  após  esta  data, 
Lançada versão do Qt 4.7 passará  a  ser  R$  150,00.  Na  edição  2011  a 
A  Nokia  anunciou  o  quantidade  de  vagas  aumentou,  passando  para 
lançamento  do  Qt  6,5 mil. O evento acontecerá entre os dias 17 e 
4.7,  que  vem  com  23 de janeiro de 2011, no Centro de Exposições 
muitas  novidades.  Imigrantes, em São Paulo.
Dentre  elas,  destaca­ Saiba mais: http://www.campus­party.com.br.
se  o  Qt  Quick, 
responsável  pela  Novo beta do Mozilla Firefox 4
criação  de  interfaces  A  equipe  de 
de  usuários  desenvolvimento  do 
dinâmicas,  de  forma  Mozilla  Firefox  4  liberou 
mais  fácil  e  eficaz.  Maiores  informações:  a  sexta  versão  beta  do 
http://www.doc.qt.nokia.com/4.7/qt4­7­intro.html. browser  com  bugs  que 
geravam  instabilidade 
Wikipedia  usará  P2P  para  transmitir  em  alguns  recursos  e 
streaming erros  de  renderização 
A  Wikipedia  encontrou  para  a  versão  do  Mac 
uma  ótima  alternativa  corrigidos.  Além  disso,  mantém  características 
para  transmitir  vídeos  presentes  na  edição  anterior,  como  suporte  à 
em  streaming  no  seu  propriedade  de  buffer  de  vídeo  em  HTML5, 
site  e  não  comprometer  gerenciador  de  novos  addons  e  suporte  para 
o  orçamento  da  transições  do  CSS3.  Conheça  as  novidades: 
Fundação  Wikimedia:  http://www.mozilla.com/en­US/firefox/beta/ 
adotou  a  tecnologia  features.
peer­to­peer.  Para 
assistir  aos  vídeos,  o 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |07
NOTÍCIAS

Radiohead: compartilhar e curtir públicos  e  sistemas  educacionais.  Durante  um 


Em  2009,  mais  de  60  fãs  do  café  da  manhã  com  jornalistas  latino­
Radiohead  filmaram  o  show  americanos  na  sede  da  companhia,  o  executivo 
realizado  em  Praga.  Os  afirmou que os sistemas livres não incentivam a 
músicos  britânicos  inovação  e  o  empreendedorismo.  Visite: 
permitiram  e  incentivaram  a  http://www.miud.in/cBn.
gravação  do  espetáculo 
porque  tinham  como  objetivo  Transparência  Hacker  analisa  dados  da 
produzir  um  registro  da  consulta  pública  da  nova  Lei  de  Direitos 
banda  se  apresentando  ao  Autorais
vivo  com  a  maior  variação  de  ângulos  possível.  O  Transparência  Hacker,  grupo  formado  em 
O  vídeo  está  disponível  para  download  e  não  2009  após  o  I  Transparência  Hackday, 
pode  ser  usado  para  fins  comerciais,  pois  o  apresentou  um  relatório  com  dados  gerados 
objetivo  é  "compartilhar  e  curtir".  Baixe:  pela  Consulta  Pública  da  nova  Lei  de  Direitos 
http://radiohead­prague.nataly.fr. Autorais,  realizada  entre  14  de  junho  e  31  de 
agosto.  A  análise  aponta  que,  no  início  do 
Novo site oficial do Guia Foca Linux no ar processo,  houve  uma  tentativa  de  manipulação 
O  mais  famoso  guia  para  usuários  GNU/Linux  do  resultado,  visto  que  uma  única  pessoa 
está  de  cara  nova!  O  site  apresenta  alterações  ccontribuiud  120  vezes  em  cerca  de  duas  horas 
como  melhorias  na  navegação,  RSS  em  todas  e  apenas  cinco  dentre  os  quase  700  usuários 
as  páginas,  FAQ  e  sugestões.  Confira:  foram  responsáveis  por  650  comentários, 
http://www.guiafoca.org. aproximadamente  11%  de  todos  os  comentários 
feitos  até  então.  O  curioso  é  que  a  maior  parte 
A  UFSCar  é  a  primeira  universidade  era  a  favor  da  manutenção  da  lei  atual.  A 
brasileira a adotar o IPv6 situação  só  foi  revertida  após  mudança  do 
A  Universidade  Federal  de  sistema  de  contribuição,  que  passou  a  aceitar 
São  Carlos  é  a  primeira  apenas  uma  contribuição  por  IP.  Leia  a  análise: 
instituição  de  ensino  http://www.consultalda.thacker.com.br.
superior  brasileira  a 
implementar  o  protocolo  Filme  sobre  o  Facebook  deve  chegar  ao 
IPv6  em  toda  a  sua  rede.  A  Brasil em dezembro
iniciativa  teve  início  após  O  longa  "A  rede  social"  estreou  no  Festival  de 
uma  série  de  testes  realizada  pelo  setor  de  TI  Cinema  de  Nova  York  e 
da  universidade  em  parceria  com  o  Centro  de  conta  como  Mark 
Estudos e Pesquisas em Tecnologia de Redes e  Zuckerberg,  co­fundador  do 
Operações  (CEPTRO.br)  do  Núcleo  de  Facebook, se tornou um dos 
Informação  e  Coordenação  do  Ponto  BR  mais  respeitados 
(NIC.br). Leia na íntegra: http://www.miud.in/ejm. empresários  do  Vale  do 
Silício.  O  filme  se  baseia  no 
Presidente  da  Microsoft  América  Latina  livro  de  Ben  Mezrich,  uma 
critica o uso de Software Livre biografia  não­autorizada  de  Zuckerberg, 
Hernán Rincón, presidente da Microsoft América  bestseller  nos  Estados  Unidos.  O  lançamento 
Latina,  criticou  a  posição  de  alguns  governos,  no  Brasil  está  previsto  para  o  dia  03  de 
incluindo  o  Brasil,  de  incentivar  a  adoção  de  dezembro.  Saiba  mais: 
programas  de  código  aberto  em  serviços  http://www.thesocialnetwork­movie.com.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |08
COLUNA DO LEITOR

EMAILS, 
SUGESTÕES E 
COMENTÁRIOS Ayhan YILDIZ ­ sxc.hu

Esta seção é sua leitor! Aproveite para nos dizer  Acho  que  a  Revista  Espírito  Livre  é  um  apoio 


o  que  ainda  falta  na  publicação,  bem  como  para que trabalha ou pretende trabalhar na área 
expressar  o  que  pensa  a  respeito  das  matérias  de  infomática,  pois  aborta  assuntos  atuais  e  de 
e artigos que são publicados a cada mês. Não fi­ interesse dos leitores.
que  com  vergonha:  Algo  não  ficou  legal?  Algo  Jônatas Murça de Souza ­ Montes Claros/MG
deve  ser  mudado? Ajude­nos  a  tornar  a  revista 
ainda  melhor.  Contribua,  manifeste­se  e  mostre  Trata­se  de  uma  valiosa  fonte  de  informações 
a nós e aos demais leitores o quão importante é  sobre  o  software  livre  desenvolvida  com 
ter  o  "espírito  livre". Abaixo  listamos  alguns  co­ inteligência e competência.
mentários que recebemos nos últimos dias: Giovani Ferreira Vargas ­ Porto Alegre/RS

Aborta assuntos interessantes fazendo com que  Estou  entrando  entrando  nesse  mundo  do 


seus  leitores  fique  sabendo  das  principais  software  livre  agora  e  um  amigo  em  indicou  a 
notícias  do  mercado  e  as  últimas  atualizações  lar essa revista e estou gostando muito.
de software livre, sendo uma revista fácil de ler. Juscelino Filho ­ Fortaleza/CE
Wilson Q. da Fonseca Jr ­ São Paulo/SP
Sempre  leio  a  revista,  é  uma  ótima  maneira  de 
Conheci  a  Revista  Espírito  Livre,  há  pouco  se  manter  informado  sobre  o  software  livre,  e 
tempo. Gosto de tudo que envolve TI, ideias, de  principalmente, é bem acessível.
tudo  que  transmita  informações  que  enrriqueça  Rômulo Silva Pinheiro ­ Belém/PA
ainda  mais  meu  conhecimento.  E  na  Revista 
Espírito  Livre...  encontro  tudo  isso,  um  Descrobri  a  revista  recentemente  e  achei  muito 
apanhado  geral  de  tudo  que  acontece  no  meio  interessante  os  artigos.  Revelam  as  novidades 
tecnológico. e divulgam o universo do software livre.
Raiza Queiroz e Silva ­ Votuporanga/SP Verano Costa Dutra ­ Duque de Caxias/RJ

Uma excelente fonte de informação e formadora  Inovadora  e  abrangente  a  cada  edição. 


de  opiniões.  Espero  que  continue  contribuindo  Parabéns a todos que a ajudam a desenvolvê­la 
para a disseminação do software livre. e a divulgar conhecimento.
Luiz Sabiano Ferreira Medeiros ­ Colatina/ES Anderson Peres de Oliveira ­ Paracatu/MG

Simplesmente  incomparável.  Não  existe  no  Adoro  a  Revista  Espírito  Livre  pois  a  cada 
mercado  revista  que  possa  ser  comparada  a  edição  obtenho  muito  conteúdo  de  boa 
Espírito Livre. qualidade.
Jairo Fernandes da Silva ­ Guarulhos/SP Thiago F. Procorio ­ Várzea Grande/MT

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |09
COLUNA DO LEITOR

Muito boa, pois nela consigo me atualizar sobre  A  Revista  Espírito  Livre  é  uma  das  melhores 


diversos  assuntos  referentes  a  TI.  Ela  é  uma  publicações  sobre  Software  Livre  que  conheço. 
revista  que  está  sempre  atualizada.  Porque  A  companho  a  revista  a  algum  tempo  e  a  cada 
entendo  que  hoje  em  dia  quem  domina  o  edição  é  uma  emoção  diferente,  sempre  fico  na 
conhecimento  e  a  informação  sobre  diversos  expectativa  quando  se  aproxima  a  data  da 
assuntos  são  as  pessoas  que  se  saem  bem  e  próxima revista. Simplesmente o máximo!
saber  de  qual  fonte  retirar  esta  boa  informação  Sergio Alencar ­ Parnamirim/PE
faz toda a diferença.
Daniel de Oliveira Sabino ­ Ubá/MG A  melhor  ducumentação  nacional  que  temos 
sobre Linux!
Fonte  confiável  de  informação  do  mundo  dos  Ricardo Francisco ­ Rio de Janeiro/RJ
softwares livres. Leio sempre e compartilho com 
todos a minha volta. Uma  excelente  revista  sobre  software  livre, 
Paulo Alves ­ Cruzeiro/DF igual a ela não se encontra outra igual.
André Forno ­ Marechal Candido Rondon/PR
Uma  revista  de  qualidade  incontestável,  que 
sempre  me  proporciona  muitos  bons  momentos  Leitura  obrigatória  para  todos.  Fiz  o  download 
de  leitura  e  de  informação  de  forma  simples  e  de  todas  as  revistas  e  a  cada  nova  edição 
direta,  com  ótimos  colunistas  e  ótimos  textos.  surpreendo­me  com  o  esforço  da  equipe  da 
Uma  revista  que  é  o  que  se  propõe  e  o  que  Revista Espírito Livre em oferecer gratuitamente 
prega, a LIBERDADE. informação  de  qualidade.  Através  de  vocês 
Tácio de J. Andrade ­ Vitória da Conquista/BA pude conhecer o Gnu/Linux e me tornei livre. 
Juliano Azevedo dos Santos ­ Nazaré/BA
A  revista  tem  grande  importância  ao  colaborar 
com os ingressantes no mundo do software que  A  revista  precisava  de  maior  divulgação  em 
há  certo  tempo  atrás  tinham  grande  dificuldade  faculdades e universidades!
em achar material de qualidade em português! Daniel Carvalho Gianni ­ Ribeirão Preto/SP
Mauro S. Martins ­ São José dos Campos/SP
A  cada  edição  lançada  e  lida  (e  geralmente 
É  uma  revista  completa  e  abrangente.  relida  muitas  vezes)  fica  mais  difícil  aguentar  a 
Indispensável  para  todos  aquele  que  querem  espera  pela  próxima.  Essa  revista  tem  crescido 
saber  mais  sobre  o  fascinante  mundo  do  open  exponencialmente  no  cenário  nacional  (e  quiçá 
source. mundial)  graças  à  seu  belo  trabalho  editorial, 
Zuanny Silva Jucá ­ Manaus/AM com  escolhas  de  matérias  bem  escritas  e 
totalmente  instrutivas,  abordando  o  mundo 
Uma das melhores opções para ficar por dentro  tecnológico  como  um  todo,  mas  sem  deixar  de 
do que acontece no mundo do software livre. lado  seu  "espírito  livre",  trazendo  assim  aos 
Sergio Marcony Paulo e Silva ­ Ceilândia/DF olhos  de  todos  softwares  e  ideias  livres,  que 
facilitam  nosso  dia­a­dia  sem  cobrar  e  restringir 
Ainda  não  li,  mas  apoio  todas  as  iniciativas  a  nada.  Muito  obrigado  ao  editor  e  a  todos  os 
favor  do  software  livre  (por  isso  baixei  todas  as  colunistas  que  doam  de  si  em  prol  da 
edições ­ achei muito interressante os assuntos,  divulgação,  explanação  e  evangelização  do 
da capa), inclusive uso Linux Ubuntu. software e pensamento livres.
Jorgyan Ribeiro Pinto ­ Cariacica/ES Raphael Silva Souza ­ Macarani/BA

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |10
COLUNA DO LEITOR

Excelente  revista.  Está,  ao  lado  de  revistas  Muito boa para acompanhar todos os dias! Obs: 


tradicionais, na leitura obrigatória de todo mês. sempre  esperando  o  lançamento  da  próxima 
Edson S. de Souza ­ Belo Horizonte/MG revista.
Adriano Carvalho Batista ­ Santa Maria/DF
Acompanho a revista desde a primeira edição e 
também  sigo  no  twitter.  Posso  falar  que  a  Uma  revista  que  acrescenta  valor  aos 
revista  me  impressiona  muito  pela  qualidade,  profissionais.  A  filosofia  livre  inspira  novas 
por isso já recomendei a vários colegas e todos  tendências  e  resultados  positivos  para  qualquer 
disseram  o  mesmo.  As  matérias  sobre  Cloud  caminho a trilhar.
Computing  me  ajudarão  no  trabalho  de  Leandro Toledo de Souza ­ São Paulo/SP
Tendências Tecnológicas, da faculdade!!! 
Edvan R. Lacerda ­ São Paulo/SP A  Espirito  Livre  nos  traz  informações  sobre  as 
novidades  do  interesse  de  todo  profissional  de 
Sou um grande fã da Revista Espírito Livre, pois  tecnologia  que  vive  se  interessa  pela  fisolofia 
esta  consegue  saciar  a  necessidade  de  open­source  e  tudo  isso  no  melhor  espírito  da 
conhecimento  em  informática  de  uma  forma  coisa, livre.
objetiva e divertida com muita competência. Guilherme Theodoro Carlos ­ Campinas/SP
Giovane Oliveira de Barcelos ­ Canoas/RS
Um  veículo  que  serve  para  transmitir  infinitos 
A Revista Espírito Livre reproduz com fidelidade  conhecimentos  sobre  software  livre  e  tecnologia 
a  verdadeira  ideia  do  Software  Livre,  não  em geral.
restrita  apenas  ao  desenvolvimento  de  Leandro Silva de Sousa ­ Fortaleza/CE
programas,  mas  como  uma  filosofia  de  vida. 
Não  bastasse  fazer  um  ótimo  trabalho  A  Revista  Espírito  Livre  vem  destacando­se  no 
gratuitamente,  arbitrariamente  ao  sentido  mercado  de  TI  como  um  periódico  muito 
natural do pensamento egoísta, incentiva outros  importante  para  o  desenvolvimento  profissional 
profissionais  buscarem  alternativas  livres,  de quem a ler.
superiores,  dentro  de  uma  comunidade  que  Cícero Pinho Rocha ­ Camocim/CE
compartilha um espírito altruísta.
Leandro T. de Souza ­ São Paulo/SP Um bom meio de conhecimento e divulgação de 
open  source  em  geral.  Poderiam  fazer  um 
É  a  melhor  Revista  de  Software  Livre  do  país.  tutorial  pra  ensinar  a  colocar  2  ou  mais  distros 
Realmente muito boa! no PC.
Paulo Eduardo F. dos Santos ­ Taubaté/SP Alessandro Siqueira e Silva ­ Santo André/SP

Uma  iniciativa  revolucionária,  que  divulga  a  Excelente  obra  eletrônica.  Atualizada,  completa 
essência e os princípios do software livre. e  que  aborda  assuntos  dos  mais  diversos 
André Luís de C. Marinho ­ Puxinanã/PB interesses  relacionados  ao  Software  Livre  e  de 
Código Aberto.
A melhor referência em open source no Brasil. Fábio Kotowiski ­ Navegantes/SC
Fabricio Valadares Xavier ­ Uberlândia/MG
Uma  ótima  revista,  aborda  de  forma 
A  mais  completa  revista  digital  sobre  software  interessante  temas  relacionados  a  tecnologia  e 
livre. software livre. Estão todos de parabéns! 
Ricardo Esteves Pontes ­ Campinas/SP Cândida Mara de Souza Oliveira ­ Quixadá/CE

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |11
COLUNA DO LEITOR

Ótima,  sempre  divulgando  conhecimento  e  com  Conheço  a  pouco  tempo  mas  gostei  muito  do 
temas  atuais  (como  TI  Verde)  no  qual  mostra  jeito  que  são  escritos  os  textos...  com  clareza  e 
que o país dá pouca atenção ao meio ambiente.  conteúdo muito inteligente.
Anderson Peres de Oliveira ­ Paracatu/MG Flaviana A. de Sousa Muniz ­ Uberaba/MG

Acho  uma  revista  com  temas  muitos  Uma excelente publicação nacional que enfatiza 


interessantes,  gostaria  que  ela  tivesse  mais  a  popularização  e  especialização  de  leitores 
exemplos do dia­a­dia. comuns  iguais  a  mim  que  tem  interesse  no 
Vitor Guilherme de Godoi ­ São Paulo/SP mundo GNU/Linux e open source!
Jeison Kertesz Muniz de Souza ­ Jequié/BA
Uma  ótima  revista.  Traz  artigos 
surpreendentemente  interessantes.  E  atinge  Ótima  revista  sempre  acompanho.  Matérias 
não só a pessoas ligadas diretamente a área. muito bem elaboradas e informações relevantes.
Pedro H. Mázala Machado ­ Cataguases/MG Jardel Denis Berti ­ Rio Negrinho/SC

Um  ótimo  caminho  para  quem  quer  se  informar  A  revista  tem  grande  importância  ao  colaborar 
mais  sobre  tecnologia,  e  para  quem  trabalha  com os ingressantes no mundo do software que 
com isto uma forma de se atualizar. há  certo  tempo  atrás  tinham  grande  dificuldade 
Danilo C. Matsumoto ­ Ribeirão Preto/SP em achar material de qualidade em português!
Mauro Rodrigues ­ São José dos Campos/SP
Muito boa, no mercado tem poucas revistas que 
tem  as  materias  sobre  opensource  no  brasil  e  Muitíssimo  boa.  Segue  a  linha  de  outras 
no  mundo.  A  revista  tem  muitas  materias  revistas  pagas  que  conheci  e  acompanhei  no 
interesssantes,  e  tambem  o  fato  de  estar  passado,  não  ficando  a  dever  em  nenhum 
disponivel na internet para de todos. aspecto a essas outras.
Wesley Lazarini ­ Cariacica/ES Geraldo M. Fontes Júnior ­ Vila Velha/ES

A  melhor  revista  do  momento  acerca  de  Revista  de  extremo  valor  cultural  para  a 
software  livre.  Pois  precisamos  de  iniciativas  comunidade  de  software  livre.  Parabéns  à 
como essa para a sociedade mude o seu modo  equipe!
de pensar. Daniel Gustavo Lanhoso Nunes ­ Curitiba/PR
Nilson Roniery da Silva Vieira ­ São Luis/MA

Revista de alta qualidade com temas relevantes 
e  que  muitos  leigos  em  Linux  deviam  conhecer 
e ler para embarcar de vez em Software Livre.
Manoel M. Oliveira ­ Porto Trombetas/PA

Excelente revista! A revista Espirito Livre é mais 
uma  prova  do  sucesso  do  modelo  free/open. 
Uma  revista  gratuita,  com  alto  padrão  de 
qualidade,  que  completou  mais  de  um  ano  de 
Comentários, sugestões e 
existência. Parabéns!
contribuições:
Fábio Herold ­ Canela/RS
revista@espiritolivre.org

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |12
PROMOÇÕES ∙ RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES

 PROMOÇÕES

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Rafael Hernandez em parceria com a 
Revista Espírito Livre estará sorteando 
brindes entre os leitores. Basta se 
inscrever neste link e começar a torcer!

A TreinaLinux em parceria com a Revista 
Espírito Livre estará sorteando kits de 
DVDs entre os leitores. Basta se 
inscrever neste link e começar a torcer!

Não ganhou? Você ainda tem chance! O 
Clube do Hacker em parceria com a Revista 
Espírito Livre sorteará associações para o 
clube. Inscreva­se no link e cruze os dedos!

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Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |13
PROMOÇÕES ∙ RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES

Joomla CMS Tutorial
Instalar, Planejar e Administrar

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Maratona Gerando resultados com
Scrum
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Drupal CMS Tutorial
Desenvolva sites usando o Drupal como base
Instalação, Administração, Novos Temas...

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PROMOÇÕES ∙ RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES

YAPC::Brasil 2010
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Relação de ganhadores de sorteios anteriores:

Ganhadores da promoção Kits da Clavis:

1. Jean Oliveira ­ Taquari/RS
2. Leonardo Sallezi Vargas ­ Serra/ES

Ganhadores da promoção Kits do Rafael Hernandez:

1. Sergio Leite Lustosa Nascimento Alencar ­ Parnamirim/PE
2. Jeverson de Sousa Barbosa Lima ­ Palmas/TO

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PROMOÇÕES ∙ RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES

Relação de ganhadores de sorteios anteriores:

Ganhadores da promoção Linuxcon:

1. Ricardo Esteves Pontes ­ Campinas/SP
2. Mauro Sergio Martins Rodrigues ­ São José dos Campos/SP

Ganhadores da promoção TreinaLinux:

1. Cândida Mara de Souza Oliveira ­ Quixadá/CE
2. Anderson Peres de Oliveira ­ Paracatu/MG

Ganhadores da promoção Clube do Hacker:

1. Ricardo Francisco ­ Rio de Janeiro/RJ
2. Adalto dos Reis Júnior ­ Linhares/ES
3. Zuanny Silva Jucá ­ Manaus/AM

Ganhadores da promoção Virtuallink:

1. Pétala Ferreira Fanticelli ­ São Mateus/ES
2. Aline Meira Rocha ­ Salvador/BA
3. Verano Costa Dutra ­ Duque de Caxias/RJ
4. Fabricio Mendes Pereira ­ Marília/SP
5. Fabiano Gastaldi ­ Joinville/SC

Ganhadores da promoção Joomla Day:

1. Bruno Roberto Gomes [  Gurupi/TO
2. Adriano Carvalho Batista [  Brasília/DF

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PROMOÇÕES ∙ RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES

Relação de ganhadores de sorteios anteriores:

Ganhadores da promoção Linux in Rio 2010:

1. Pedro Henrique Fonseca Costa [  Paraíba do Sul/RJ
2. Wagner Baldner [  Rio de Janeiro/RJ

Ganhadores da promoção SECOP 2010:

1. Hudson Augusto Lima [  Sorocaba/SP
2. Rodrigo Ferreira da Silva [  Jaboatão/PE
3. Cícero Pinho Rocha [  Camocim/CE
4. Givanaldo Rocha de Souza [  Natal/RN
5. Felipe Augusto Nunes Ribeiro [  Goiânia/GO

Ganhadores da promoção Google Android SAO Tutorial 
Mão na Massa:

1. Paulo Eduardo Fagundes dos Santos ­ Taubaté/SP

Ganhadores da promoção Segurança em Linux Tutorial 
Mão na Massa:

1. Leon Furtado Nardella ­ São Paulo/SP

Ganhadores da promoção Maratona JBoss:

1. André Luiz Machado de Souza ­ Recife/PE
2. Mário Mayerle Filho [  São José/SC
3. André Luís de Carvalho Marinho [  Puxinanã/PB
4. Ronaldo Vieira Lima [  Praia Grande/SP
5. Ricardo Esteves Pontes [  Campinas/SP

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COLUNA ∙ CEZAR TAURION

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Open Source Software Potential 
Index
Por Cezar Taurion

Estudei  atentamente  um  comparações.  O  mapa  mostra 


trabalho  muito  interessante  de­ cada  país  pelos  critérios  Aciti­
senvolvido pela Red Hat e pelo  vity  e  Environment.  Activity  vi­
Georgia  Institute  of  Techno­ sualiza  fatores  concretos  como 
logy,  chamado  Open  Source  politicas  de  incentivo  ao  Open 
Software Potential Index ou OS­ Source  e  número  de  usuários, 
PI.  A  ideia  básica  deste  índice  e Environment é mais subjetivo 
é  comparar  diversos  países  pois  tenta  apontar  condições 
com  relação  às  suas  ativida­ que  permitam  ao  Open  Source 
des  atuais  e  potenciais  quanto  florescer.
ao  uso  de  Open  Source.  O  re­ Medir  o  uso  de  Open 
sultado  pode  ser  visto  em  Source  não  é  uma  tarefa  fácil, 
www.redhat.com/about/where­ pois  nem  sempre  os  dados  es­
is­open­source/activity    onde  tão  disponíveis.  Até  mesmo 
passando  o  mouse  pelo  mapa  medir  o  uso  de  determinado 
do  globo  vemos  o  posiciona­ software  não  é  simples,  pois 
mento  de  cada  país  e  pode­ ao contrário de um software co­
mos  fazer  algumas  mercial  onde  podemos  obter 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |18
COLUNA ∙ CEZAR TAURION

te  iniciativas  regulatórias  e 


políticas  públicas  de  incentivo. 
Alguns  países  adotam  Open 
       A atuação dos governos  Source por necessidade de so­
brevivência  como  Irã  e  Síria, 
varia de país para país, e inclui  que  não  tem  outras  alternati­
vas,  uma  vez  que  estão  limita­
diferentes ações e estratégias que  dos  pelo  embargo  comercial 
que  os  impedem  de  utilizar  a 
incluem principalmente iniciativas  maioria  dos  softwares  comerci­
ais.
regulatórias e políticas públicas de  Por  outro  lado,  quando 
incentivo. analisamos  o  posicionamento 
do  Brasil  nos  fatores  academia 
(14º)  e  ambiente  empresarial 
Cezar Taurion
(43º),  vemos  que  ainda  existe 
muito  espaço  para  uma  maior 
adoção  do  Open  Source.  O 
ce  estratégico  e  recentemente,  uso de Open Source pelas em­
do  fornecedor  o  número  exato  na  edição  16  da  Espírito  Livre,  presas  privadas  brasileiras,  se­
de  cópias  vendidas,  em  Open  abordei  esta  importância  anali­ jam  usuárias    ou 
Source  os  downloads  podem  sando um estudo muito interes­ desenvolvedoras  de  software, 
ser  feitos  não  apenas  a  partir sante  e  bem  detalhado,  escrito  ainda  é  relativamente  restrito. 
dos  sites  base,  mas  de  inúme­ em  2006,  mas  ainda  bem  atu­ O  Linux  está  bem  dissemina­
ros  outros.    Cópia  de  cópia  é al,  que  é  o  relatório  "Economic  do,  já  existem  muitos  usos  em 
uma  atividade  comum  no  mun­ Impact  of  FLOSS  on  innovati­ aplicações  críticas,  mas  ainda 
do Open Source. on  and  competitiveness  of  the  muitas  empresas  restringem 
Com  base  neste  índice,  EU  ICT  sector",  que  pode  ser  seu  uso  a  atividades  periféri­
podemos  avaliar  quão  bom  é  o  acessado  em  http://ec.euro­ cas,  como  servidores  de  im­
posicionamento de um determi­ pa.eu/enterprise/ict/policy/doc/  pressão  ou  email.  Outros 
nado  país  em  relação  ao  Open  2006­11­20­flossimpact.pdf.  softwares  Open  Source  tam­
Source e definir ações que pos­ Mas,  ao  detalharmos  a  bém  ainda  não  estão  ampla­
sam contribuir para um aumen­ composição deste índice, obser­ mente  disseminados  nas 
to  na  velocidade  e  amplitude  vamos  que  ele  é  composto  pe­ médias  e  grandes  empresas. 
de sua adoção. la  avaliação  do  uso  de  Open  Na  minha  opinião,  olhando  as 
Analisando  o  mapa,  ve­ Source em três dimensões: go­ empresas  desenvolvedoras, 
mos  que  o  Brasil  está  em  uma  verno,  empresas  e  acade­ me parece que o uso ainda res­
posição  relativamente  boa,  em  mia/comunidades. trito  do  Open  Source  deve­se 
12º  lugar.  Interessante  que  na  ao  desconhecimento  e  a  ideia 
No  item  governo,  o  Brasil 
frente  do  Brasil  estão,  à  exce­ ainda  arraigada  que  Open 
está  em  terceiro  lugar.  Apenas 
ção  da  Austrália  (4º)  e  EUA  França e Espanha estão à nos­ Source  e  softwares  comerciais 
(9º),  apenas  países  europeus.  sa frente. A atuação dos gover­ são antagônicos.
Os  três  primeiros  são  a  França  nos  varia  de  país  para  país,  e  Um exemplo prático de si­
(1º),  Espanha  e  Alemanha.  A  inclui diferentes ações e estraté­ nergia entre o modelo comerci­
Europa  considera  Open  Sour­ gias  que  incluem  principalmen­ al  e  o  Open  Source  é  o  da 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |19
COLUNA ∙ CEZAR TAURION

IBM. É indiscutível que o famo­
so anúncio de um bilhão de dó­
lares  de  investimentos  em 
Linux  no  Linux  World  de  2001 
foi  um  marco  no  movimento 
      Na minha opinião, 
Open  Source.  Sinalizou  de  for­ olhando as empresas 
ma  inequívoca  ao  mercado 
que  Open  Source  era  sério.  desenvolvedoras, me parece que o 
Mas o que mais a IBM vem fa­
zendo  com  relação  ao  modelo  uso ainda restrito do Open Source 
Open Source? Por exemplo:
a)  Doou  propriedade  inte­
deve­se ao desconhecimento e a 
lectual  a  projetos  Open  Sour­ ideia ainda arraigada que Open 
ce.  Entre  outras  ações,  a  IBM 
doou  código  do  banco  de  da­ Source e softwares comerciais são 
dos  Cloudscape  (500.000  li­
nhas  de  código  Java)  para  a  antagônicos.
Apache  Software  Foundation, 
para  alavancar  o  projeto  Derby  Cezar Taurion
(http://db.apache.org/derby). 
Também doou o código do Visu­
al Age para a Eclipse Foundati­ tiva),  ser  um  contribuidor  ativo 
é  brincadeira.  Deve,  portanto, 
on,  código  que  se  tornou  a  das  comunidades  e  não  ape­
nas  consumidor,  capturar  e  ser  encarado  como  uma  estra­
base do Eclipse IDE.
transformar  inovações  Open  tégia  de  negócio. As  empresas 
b)  Incorporou  softwares  Source  em  valor  para  seus  cli­ de  software  brasileiras  deveri­
Open  Source  em  seus  produ­ entes  (como  exemplos  o  uso  am  olhar com mais atenção as 
tos. A IBM investe nas tecnologi­ do  Linux  nos  hardwares  IBM  e  potencialidades  do  modelo 
as  de  Open  Source  (O  LTC  ­  a tecnologia Rational fundamen­ Open  Source  e  inseri­las  em 
Linux Technology Center ­ com­ tada  no  Eclipse)  e  alavancar  seus modelos de negócio. 
preende mais de 600 desenvol­ modelos  de  negócios  basea­
Na  academia,  acredito 
vedores  que  escrevem  código  dos  em  Open  Source  para  en­
que  ainda  exista  muito  espaço 
e o doam para a comunidade Li­ trar  em  novos  mercados  e 
para  disseminar  o  Open  Sour­
nux)  e  também  incorpora  estas  expandir  oportunidades  de  ne­
ce.  A  imensa  maioria  dos  cur­
tecnologias  em  seus  produtos.  gócio. É, portanto, uma estraté­
sos  de  computação  aborda 
Alguns  exemplos  são  a  inclu­ gia  de  negócios  e  não  um 
Open  Source  de  forma  tangen­
são  do  Apache  no  WebSphere  simples oportunismo ou uma re­
cial,  apenas  "aprendendo  Li­
e  do  Eclipse  nas  ferramentas  ação  forçada  pela  pressão  do 
nux".  Não  insere  em  suas 
Rational. mercado. ementas  a  participação  ativa 
Os  objetivos  da  IBM  com  Assim,  quando  vemos  dos  alunos  em  comunidades 
Open  Source  são:  aumentar  o  que  uma  empresa  do  porte  e  desenvolvendo  ou  depurando 
ritmo  e  velocidade  das  inova­ importância para o mercado de  código.  E,  pior,  alguns  cursos 
ções, incentivando o "caldo cul­ TI  que  é  a  IBM  entrar  forte  no  que  se  dizem  de  pós­gradua­
tural"  de  inovação  nas  movimento  Open  Source,  fica  ção  em  software  livre  somente 
comunidades  (inteligência  cole­ claro  que  este  movimento  não  ensinam  a  usar  softwares  co­

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |20
COLUNA ∙ CEZAR TAURION

f)  Aprendem  a  trabalhar 


em  projetos  que  tem  vida  útil 
longa,  não  ficando  mais  restri­
        Assim, quando vemos que  tos  a  projetos  individuais,  que 
duram  apenas  o  semestre  de 
uma empresa do porte e  aulas;
g)  Mantém  os  currículos 
importância para o mercado de TI  atualizados, pois estarão envol­
que é a IBM entrar forte no  vidos em projetos atuais, usan­
do  técnicas  e  tecnologias 
movimento Open Source, fica claro  modernas.
Portanto, uma rápida aná­
que este movimento não é  lise  do  OSPI  nos  mostra  que 
ainda  temos  um  longo  cami­
brincadeira. nho a percorrer. Mas, recomen­
do  a  vocês  visitarem  o  site  e 
Cezar Taurion tirarem  suas  próprias  conclu­
sões. 
mo  Linux  e  Firefox,  e  nem  de 
perto  passam  pela  experiência  b)  Possibilita  que  eles 
de envolver seus alunos nas co­ compreendam, na prática, a im­
munidades Open Source. portância  dos  princípios  de  en­
genharia de software; Para mais informações:
Na  minha  opinião,  o  uso 
c)  Possibilita  que  eles  tra­ Site OSPI:
de  Open  Source  na  formação 
balhem  em  colaboração  com  http://miud.in/cvf
dos  futuros  profissionais  de 
computação  nos  traz  diversos  profissionais  já  experientes  e 
com estudantes de outras insti­ Impacto Econômico do FLOSS 
benefícios como:
tuições; [em inglês]:
a)  Possibilita  que  os  estu­ http://miud.in/cvi
dantes  adquiram  experiência  d)  Aprendem  que  progra­
prática  com  desenvolvimento  mação  não  é  uma  tarefa  isola­
de  software,  necessária  quan­ da, mas colaborativa; CEZAR TAURION é 
do  de  eventuais  futuras  contra­ e)  Aprendem  a  trabalhar  Gerente de Novas 
Tecnologias da IBM 
tações,  pois  desenvolvem  em  projetos  de  razoável  (e  até  Brasil. 
código    real  que  será  avaliado  mesmo  alta)  complexidade,  Seu blog está 
e até mesmo colocado em ope­ abrindo  a  visão  prática  para  as  disponível em
www.ibm.com/develo
ração; dificuldades  do  engajamento  perworks/blogs/page/
em projetos destes portes; ctaurion

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |21
COLUNA ∙ CÁRLISSON GALDINO

Por  Carlisson Galdino

No  episódio  anterior,  Pandora  descobre  como 


utilizar  seus  novos  poderes  elétricos,  sendo 
capaz  de  controlar  intensidade  e  duração  da 
eletricidade  que  transmite.  Darrel  volta  e  a 
convence a se mudarem para uma outra cidade. 
Pandora  recusa  ir  para  Jaguarari  e  os  dois 
terminam  chegando  a  um  consenso:  vão  para 
Floatibá,  uma  cidade  próxima  de  Stringtown, 
Episódio 12 embora  bem  menos  populosa.  Agora  eles  se 
encontram  na  garagem  do  hotel  que 
Movida a Pandora escolheram,  já  em  Floatibá,  onde  Darrel 
apresenta à namorada um novo "presente".

Pandora: Uma moto elétrica!!!!???

Darrel: É, mas...

Pandora: Meu amor, adorei!!!

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |22
COLUNA ∙ CÁRLISSON GALDINO

Pandora  salta  em  Darrel  e  o  beija  a  ponto  de  ser  alimentada  diretamente  por  você.  De 
quase perderem o equilíbrio e caírem os dois. preferência  funcionando  tanto  a  bateria  como  a 
Pandora.  Assim  a  gente  fica  independente  e 
Darrel:  Que  bom!  Infelizmente  ela  só  corre  pode perseguir o Oliver e sua turma não importa 
40km/h... aonde eles forem.

Pandora:  E  daí?  Isso  é  pouco  é?  Não  importa,  Pandora: Hahaha! Adorei!


Bem!  Ela  é  tão  fofa!  Onde  você  arrumou  isso? 
Kin... Darrel: Legal! Isso vai dar trabalho...

Darrel: É, comprei logo ali. Pandora:  Enquanto  você  bole  aí  na  Choquita 


vou  ver  TV  um  pouco.  Até  que  esse  hotel  é 
Pandora: Ali onde, que nunca vi nada assim por  bonzinho...  Acho  que  não  vou  estranhar  morar 
essas bandas? Olha... em outra cidade. Vou ter até moto!

Darrel:  Vou  ver  se  consigo  uma  melhor  mais  Darrel: Em quê?


pra frente. Uma KillaCycle é que seria boa.
Pandora: O quê?
Pandora: E ela é bonita como essa?
Darrel: Enquanto eu faço o quê?
Darrel:  Não,  ela  não  é  uma  scooter:  é  uma 
moto esportiva. Mas é bem rápida. Pandora: Ah, a Choquita! É o nome da moto, né 
Bem?
Pandora: Tá, mas... Ai que só vim me dar conta 
agora. Eu nem tenho carteira! Será possível que  Darrel:  Sinceramente  não  sei  o  que  é  mais 
não vou nem poder usar meu presente? engraçado...  Você  chamar  uma  moto  de 
Choquita  ou  falar  com  a  voz  assim,  como  se 
Darrel:  Eu  tenho  carteira  e  vou  te  ensinar  a  tivesse usando um pedal de distorção.
dirigir.
Pandora: Ah, Bem...
Pandora: Jura?
Darrel:  Mas  eu  gosto  de  você,  você  sabe,  não 
Darrel: Você deve ter entendido a ideia, não é?  é?
Vamos tentar adaptar o sistema elétrico para ela 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |23
COLUNA ∙ CÁRLISSON GALDINO

Pandora: Olha que eu dou choque... Darrel:  Droga!  Esse  trabalho  vai  ter  que 


esperar. Vamos para lá agora mesmo.
Pandora:  Bem!  Bem!  Ai  meu  Deus!  O  que  a 
gente faz agora?! Pandora: E a moto?

Darrel: Resolvo depois.
Pandora  sai  correndo  do  prédio  até  a  garagem, 
onde  está  Darrel  estudando  o  sistema  elétrico  Pandora:  Tá,  e  a  gente  vai  chegar  lá  como 
da moto. Ele solta o manual, preocupado com a  então?
expressão de Pandora.
Darrel: Você sabe que eu dou um jeito...
Darrel: Que foi, Pandora?!
CARLISSON GALDINO é Bacharel em 
Pandora: Aconteceu de novo! Ciência da Computação e pós­graduado 
em Produção de Software com Ênfase em 
Software Livre. Já manteve projetos como 
Darrel: O quê? IaraJS, Enciclopédia Omega e Losango. 
Hoje mantém pequenos projetos em seu 
blog Cyaneus. Membro da Academia 
Pandora:  Eles  estão  atacando  a  PerfWay!  Deu  Arapiraquense de Letras e Artes, é autor 
no plantão! do Cordel do Software Livre e do Cordel 
do BrOffice.

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CAPA ∙ ENTREVISTA COM LINUS TORVALDS

Entrevista com 
Linus Torvalds
Por Kemel Zaidan e João Fernando Costa Júnior

A  LinuxCon  foi  o  primeiro  evento 


organizado  pela  Linux  Foundation  no  Brasil. 
Tive  a  oportunidade  de  cobrir  a  conferência 
como  representante  da  Espírito  Livre  durante 
os dias 31 de agosto e 1º de setembro, quando 
cerca  de  800  participantes  puderam  assistir  às 
palestras  e  oficinas  com  renomados  nomes 
ligados  ao  kernel  Linux  como  Jim  Zemlin, 
Andrew  Morton,  Ian  Pratt  e  o  criador  do  Linux 
em pessoa, o finlandês Linus Torvalds, que nos 
concedeu uma entrevista exclusiva. 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |25
CAPA ∙ ENTREVISTA COM LINUS TORVALDS

Richard  Stallman  e  Linus  Torvalds  são  erroneamente  pedantes  ou  arrogantes,  ao 
provavelmente  os  dois  maiores  expoentes  mesmo tempo que parece ser quase incapaz de 
mundiais  do  movimento  do  software  livre.  esconder  aquilo  que  pensa.  Da  mesma  forma 
Ambos  possuem  personalidades  marcantes  e  como  se  atravessa  um  rio  por  um  caminho  de 
defendem  o  desenvolvimento  e  a  adoção  de  pedras,  cada  palavra  é  bem  pensada,  bem 
software  livre.  Contudo  as  razões  e  objetivos  escolhida,  para  que  soe  exatamente  da  forma 
pelos  quais  cada  um  deles  se  coloca  frente  ao  como foi ponderada. 
tema  mostram­se  bastante  diferentes.  Ao  contrário  do  que  dizem  alguns,  achei 
Obviamente,  há  semelhanças  e  pontos  de  Linus  muito  simpático  e  atencioso,  tendo 
contato  no  discurso  de  ambos,  mas  ao  ouvir  respondido  a  todas  as  minhas  questões 
Torvalds  falar  durante  a  entrevista,  as  palavras  (inclusive  as  menos  óbvias)  durante 
que  mais  ressoavam  em  meus  ouvidos  eram  aproximadamente  25  minutos,  apesar  de  todo  o 
justamente  aquelas  que  diferenciavam  o  assédio  que  o  cercava  e  do  cansaço  que  ele 
discurso de um e de outro.  transparecia.  "Sou  apenas  um  nerd  que  quer 
Ao  contrário  de  Stallman,  Linus  não  gosta  fazer  o  seu  trabalho  bem  feito  sem  ser 
de  falar  em  público  ou  conceder  entrevistas.  incomodado",  era  o  que  ele  parecia  tentar  dizer 
Tímido,  com  os   óculos  de  sempre  e  semblante  a  cada  momento  que  uma  multidão  de  fãs 
típico  de  um  nerd,  não  é  apenas  na  aparência  aglomerava­se em torno dele. 
que  Linus  corresponde  ao  esteriótipo  "geek".  O  que  mais  impressiona  nele  é  uma 
Extremamente  seguro  no  que  diz  ­  algo  humanidade  escancaradamente  aberta.  Ele  não 
característico de pessoas muito inteligentes ­ ao  cultiva  o  mito  do  gênio  precoce:  faz  questão  de 
ouvi­lo falar a impressão que se tem é que suas  mostrar  que  é  uma  pessoa  comum,  com 
opiniões  são  fruto  de  muita  reflexão,  a  tal  ponto 
problemas comuns, que tem preguiça e defeitos 
que,  quando  ele  chega  ao  resultado,  a  como  qualquer  um,  mas,  ao  mesmo  tempo, 
segurança  é  tanta  que  não  importa  que  haja  suas  frases  deixam  escapar  como  que 
alguém que discorde dele.  naturalmente  de  que  se  trata  de  alguém 
Dotado de forte senso de pragmatismo, ele  perceptivelmente  acima  da  média  do  restante 
sabe  que  suas  opiniões  têm  peso  e  empreende  da humanidade. 
um  esforço  visível  para  que  elas  não  soem  No  final,  a  impressão  que  ficou  foi  a  de 
que o software livre não teria chegado ao ponto 
em  que  se  encontra  hoje  se  não  fosse  alguém 
como  ele.  Não  apenas  do  ponto  de  vista 
técnico,  como  a  maioria  das  pessoas  pode 
pensar,  mas  também  do  ponto  de  vista 
filosófico, pois me parece importante ter alguém 
que, assim como ele ­ e em complementaridade 
a  Stallman  ­  encare  o  software  livre 
principalmente do ponto de vista prático de algo 
que  deve  ser  bem  executado.  Em  outras 
palavras,  o  que  ele  pode  fazer  pelas  pessoas  e 
como  alcançar  isto,  tal  qual  um  engenheiro  que 
constrói  uma  ponte  pensando  em  todos  os  
pontos  críticos  para  que  ela  permaneça  em  pé 
Figura 1: Linus Torvalds, durante entrevista à Revista Espírito Livre por  muitos  anos.  O  resultado  disso  tudo  pode 
ser conferido nas próximas páginas.   

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |26
CAPA ∙ ENTREVISTA COM LINUS TORVALDS

Revista  Espírito  Livre:  Você  alguma  vez  REL: Qual a importância do Brasil neste 


tinha  imaginado  que  o  Linux  chegaria  tão  cenário de contribuição ao kernel? 
longe?  LT: Não se pode dizer que um país é mais 
Linus  Torvalds:  Mais  ou  menos.  Em  1995,  importante  que  outro  e  o  Brasil  tem  um  número 
o  Linux  começou  a  atrair  muita  atenção  razoável  de  desenvolvedores  no  kernel  e 
comercial.  Mas  antes  disso  não.  Os  últimos  também  em  outras  aplicações.  Eu  não  sei  por 
anos  não  foram  muito  surpreendentes,  mas  os  que,  mas  a  América  do  Sul  parece  ser  muito 
primeiros  anos  foram:  "UAU!".  Eu  nunca  pensei  ativa  junto  ao  software  livre.  E  dentro  da 
que  fosse  ficar  tão  grande.  As  pessoas  América  do  Sul,  ele  é  certamente  um  dos 
começaram  a  vendê­lo,  começaram  a  surgir  maiores.  Eu  não  estou  dizendo  que  não  possa 
produtos  comerciais  baseados  nele,  como  a  ser  melhor.  É  provável  que  muito  mais  pessoas 
Oracle e a Intel fizeram. E ele ficou grande. Mas  pudessem estar no kernel. 
antes  disso  era  apenas  algo  para  meu  próprio    
uso e de alguns amigos. 
REL:  Eu  acho  que  a  proposta  e  os 
   objetivos  do  software  livre  e  do  código 
REL:  Você  mencionou  a  Oracle.  Eu  sei  aberto  se  encaixam  muito  bem  na  realidade 
que  ela  foi  a  primeira  grande  softhouse  a  destes países. 
portar um aplicativo comercial para o Linux.  LT: No aspecto cultural também. 
LT: Não foi o fato de ser a primeira grande    
softhouse.  Eu  me  esqueci  ao  certo  quando. 
Creio que foi em 1995, mas a Oracle costumava  REL:  Como  você  responde  às  pessoas 
ser  o  símbolo  de  um  Unix  comercial.  Você  não  que  criticam  os  drivers  e  firmwares 
podia  ser  um  Unix  comercial  sem  ter  o  Oracle  proprietários que se encontram no kernel? 
portado.  Em  todos  os  Unix  comerciais,  o  Oracle  LT:  Eu  não  me  importo  muito  com  isso.  Eu 
costumava  ser  o  número  1.  Naquele  tempo,  não  gosto  de  drivers  proprietários,  eu  odeio  a 
esta  era  uma  questão  importante.  Agora  as  situação  dos  drivers  proprietários  de  placas  de 
pessoas  tendem  a  esquecer,  pois  há  muitas  vídeo.  Acho  que  são  muito  ruins  e  estou  muito 
grandes  empresas  por  trás  do  Linux,  mas  lá  feliz  porque  agora  temos  a  Novell  e  drivers  livres 
atrás,  há  15  anos,  não  era  tão  comum  isso  de placas de video. As pessoas da Free Software 
acontecer.  Foundation  pensam  que  o  código  proprietário  é 
   algo mau. Para eles, é uma questão moral, "preto 
no  branco":  código  proprietário  é  ruim,  código 
REL:  O  que  você  acha  do  processo  que  livre é bom. Eu não sou assim. Acho que o código 
a Oracle está movendo contra o Google?  aberto  é  melhor  do  ponto  de  vista  técnico;  acho 
LT:  Eu  realmente  não  sei  dizer.  Eu  odeio  a  que  é  mais  interessante  sob  o  ponto  de  vista  de 
noção  de  leis  de  patente  nos  EUA  porque  ela  que  você  pode  estabelecer  um  plano  melhor  de 
está  completamente  falida.  Empresas  desenvolvimento. Mas eu não acho que seja bem 
processando  outras  por  quaisquer  patentes  não  versus  mal.  Não  é  como  se  estivéssemos  em 
é  bom.  Normalmente  elas  não  são  tão  valiosas  algum  tipo  de  cruzada  religiosa  e  não  fico  tão 
assim,  para  começo  de  conversa.  Ao  mesmo  abalado  com  software  proprietário  quanto 
tempo, de um ponto de vista legal, eu não tenho  algumas pessoas ficam. Não é sempre tão claro o 
muitos detalhes... Eu não posso comentar mais.  que pode ser considerado um trabalho derivado e 
Mas eu odeio ver isso acontecer. Acho que é um  é  por  isso  que  a  lei  de  direitos  autorais  não  é 
tanto quanto triste.    clara quanto a quando um módulo do kernel torna­

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |27
CAPA ∙ ENTREVISTA COM LINUS TORVALDS

se  um  trabalho  derivado.  Eu  prefiro  que  tudo 


possua seu código aberto, mas entendo o fato de 
nem todo código ser. Creio que, com o passar do 
tempo,  isso  vai  acontecer.  Com  o  passar  do 
tempo,  nós  vimos  que  o  código  aberto,  meio  que 
                    As pessoas 
"empurrou"  os  drivers,  firmwares  e  também 
aplicativos  proprietários  para  um  nicho.  Por 
da Free Software 
exemplo,  o  fato  de  que  agora  nós  termos  drivers  Foundation pensam que o 
livres  para  dispositivos  de  mídia.  Acho  que  ele 
está  tornando  os  drivers  proprietários  de  mídia  código proprietário é algo 
menos  importantes  e  acredito  que  isso  seja 
verdade  para  tudo  com  o  passar  do  tempo.  O  mau. Para eles, é uma 
código  aberto  pode  substituir  o  proprietário,  mas 
sempre  haverá  nichos.  As  empresas  que  questão moral, "preto no 
decidiram  que,  por  um  motivo  ou  outro,  não 
podem tornar o seu código disponível. 
branco": código 
   proprietário é ruim, código 
REL:  Mas  há  pessoas  que  pensam  que  o 
kernel  Linux  não  é  o  lugar  certo  para  que 
livre é bom.
esses drivers proprietários sejam distribuídos.  Linus Torvalds
LT:  Eu  concordo.  Concordo  que  existam 
pessoas  que  pensem  assim.  Nós  estamos 
tentando  isso.  Por  exemplo,  uma  das  coisas  que  algum código não livre, mesmo que alguns bytes. 
fizemos  do  ponto  de  vista  técnico  foi  tentar  Por  isso  eu  acho  que  tentar  ser  um  purista  em 
separar  os  arquivos  de  firmwares  para  que  as  software  livre  não  me  parece  realista.  Não  acho 
distribuições  pudessem  facilmente  distribuir  os  que isso seja necessário. Penso que é totalmente 
firmwares separados de todo o resto. Para que as  aceitável  rodar  software  comercial  proprietário 
distribuições  que  não  os  quisessem  pudessem  sobre  o  Linux.  Eu  costumava  utilizar  o  Bitkeeper 
dizer:  "tudo  bem,  não  queremos  esta  parte".  porque  achava  que  era  o  melhor  programa  de 
Tentamos tornar as coisas mais fáceis para quem  controle  de  versão  e  não  importava  o  que  fosse. 
tem  posições  mais  fortes  em  relação  a  isso.  Muitas  pessoas  ficaram  insatisfeitas  comigo  por 
Estou pessoalmente convencido de que a GPL no  tomar esta decisão muito pragmática. 
kernel  Linux  de  maneira  alguma  cobre    
um firmware de  um  chip  wireless  separado,  por 
REL: Foi por isso que você criou o Git? 
exemplo, e  que  são  os  mesmos  firmwares 
utilizados no Windows.  LT:  Foi  por  isso  que  eu  escrevi  o  Git. 
Porque,  no  final,  toda  a  tensão  criada  entre  as 
Neste  caso,  eu  não  acho  que  haja  algum 
pessoas do software livre e do Bitkeeper acabou 
problema  de  copyright.  Mas  obviamente  há 
se  tornando  tão  penosa  que,  uma  vez  que  não 
algumas pessoas que não desejam rodar nenhum 
havia  nenhuma  alternativa  de  código  aberto,  eu 
software  que  não  seja  livre,  o  que  hoje  é 
disse: "bom, vou ter que escrevê­la eu mesmo". 
praticamente  impossível.  Mesmo  que  você  rode 
Esta  foi  a  forma  como  o  Linux  foi  escrito.  Qual 
apenas  software  de  código  aberto  existirá  uma 
será  a  dificuldade  de  se  fazer  isso?  Vou  tentar 
BIOS,  ou  mesmo  algum  pequeno  software 
fazer  isso  agora,  então,  escrever  meu  próprio 
embarcado  no  seu  teclado,  por  exemplo.  Haverá 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |28
CAPA ∙ ENTREVISTA COM LINUS TORVALDS

versão.  Acho  que  os  sistemas  de  controle  de 


versão  são  chatos.  Sistemas  de  controle  de 
versão  são  coisas  que  eu  acho  que  não  têm 
nada  a  ver  comigo.  E  então,  no  final,  acabei 
              ...eu acho que  fazendo  o  meu  porque  foi  necessário.  Portanto, 
tentar ser um purista em  não  estou  procurando  um  projeto  que  eu  queira 
fazer e também não tenho tempo. 
software livre não me    
parece realista. Não acho  REL:  Você  ainda  acha  que  o  Linux  no 
desktop  continua  sendo  importante,  ou 
que isso seja necessário.  devemos  focar  agora  na  nuvem  e  na 
mobilidade? 
Penso que é totalmente  LT:  Eu  acho  que  o  desktop  continua  sendo 
aceitável rodar software  importante.  Eu,  pessoalmente,  penso  no  desktop. 
Tenho  um  telefone  Linux  e  estou  muito  contente 
comercial proprietário sob  com  ele,  mas  no  final  das  contas...  o  telefone  eu 
só  levo  quando  viajo  e  o  desktop  é  onde  eu 
o Linux. realmente  faço  o  meu  trabalho.  Acho  que,  pelo 
fato  de  a  maior  parte  da  experiência  do  usuário 
Linus Torvalds de  desktop  estar  se  tornando  cada  vez  mais 
navegar  na  Internet,  há  menos  razões  para  se 
utilizar  um  desktop,  mas  também  neste  campo  o 
Linux  está  em  uma  posição  muito  boa.  Há  uma 
sistema  operacional  Unix.  Então  só  comecei  a  inércia  enorme  para  fazer  as  pessoas  mudarem 
escrever.  Vou  fazer  o  meu  software  de  controle  de  sistema.  Isso  leva  tempo  e  é  normal.  Para 
de  versão.  Eu  costumava  fazer  meus  próprios  mim,  o  mais  interessante  são  as  "workstations" 
editores,  meus  próprios  jogos  quando  eu  era  (estações  de  trabalho).  Quero  dizer: não  estou 
adolescente  e  durante  toda  a  minha  história  interessado em servidores, eu uso servidores. No 
computacional.  Eu  comecei  a  escrever  meus  sentido  de  que  todos  nós  usamos  servidores, 
próprios  programas  quando  tinha  por  volta  de  mas  eu  não  tenho  os  meus  próprios  servidores, 
12 anos. E eles eram programas estúpidos, mas  só  que  tenho  minha  própria  workstation,  que  é 
durante  a  minha  vida  inteira,  se  eu  queria  jogar  onde  faço  todo  o  meu  trabalho,  todos  os  dias. 
um jogo, apenas escrevia.  Pode  parecer  engraçado,  mas  quero  uma  tela 
   grande,  com  24  polegadas,  com  muitos  pixels; 
quero  um  teclado  muito  bom  porque  no  telefone 
REL:  Desse  ponto  de  vista,  o  que  mais 
celular eu não consigo escrever e­mails de forma 
você  criaria  se  tivesse  tempo?  Por  exemplo: 
tão  eficiente.  Então,  para  mim,  o  desktop  sempre 
"isso  é  uma  coisa  que  me  incomoda.  Se  eu 
foi  importante  e  foi  a  razão  pela  qual  eu  comecei 
tivesse tempo tentaria fazer eu mesmo". 
o Linux e continuo a fazer todo o meu trabalho. 
LT: Eu nunca vi as coisas dessa forma. Eu 
  
sempre  escrevi  o  que  precisava  e  não  o  que 
queria.  Por  exemplo,  quando  fiz  o  Git,  a  última  REL: Uma vez que você continua a achar 
coisa  que  eu  tinha  vontade  de  fazer  era  o  desktop  importante,  qual  a  sua  opinião 
escrever  meu  próprio  sistema  de  controle  de  sobre  o  trabalho  que  a  Canonical  tem  feito 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |29
CAPA ∙ ENTREVISTA COM LINUS TORVALDS

para  difundir  o  uso  do  Linux  no  desktop?  Já 


foi  dito  há  algum  tempo  que  eles  não 
contribuem  tanto  com  o  kernel  quanto 
deveriam. Qual a sua opinião? 
LT:  Eu  geralmente  não  me  envolvo  em 
política.  Eu  realmente  não  falo  a  respeito. Alguns 
desenvolvedores do kernel se irritaram com o fato 
de  que  a  Canonical  não  tem  muita  influência 
sobre o kernel. Mas eu não conto quem contribuiu 
mais  ou  menos;  além  do  que,  acho  importante 
que  empresas  diferentes  contribuam  com  coisas 
diferentes. A Canonical não acha que o kernel é a 
coisa  mais  importante  e  que  todas  as  cores, 
papéis  de  parede,  temas  e  janelas  bonitas  são  Figura 2: Torvalds brinca dizendo que nunca usou Debian...
mais  importantes  do  que  o  kernel,  isso  é  bom 
para  eles.  Porque  eu  venho  falando  isso  há  fazia isso para você. E eu odiava isso. E o Suse 
muitos  anos. As  pessoas  devem  se  importar  com  pegou  isso  primeiro,  eu  acho.  Eu  costumava 
isso, de diversas formas.  ficar entre o Suse e o Fedora. 
Há  empresas  que  são  mais  centradas  no    
kernel  e  outras  não.  Todas  as  empresas  devem 
focar  naquilo  que  elas  consideram  ser  mais  REL:  Eu  li  também  que  a  única  distro 
importante  para  elas,  e  nem  sempre  isso  precisa  das grandes que você não tinha usado era o 
ser o kernel.  Debian. Continua assim? 

   LT:  Eu  nunca  usei  o  Debian,  porque  o 


Debian  sempre  foi  para  geeks  que...  (risos 
REL: Eu sei que você disse alguns anos  generalizados dos ouvintes ao redor) Eu sou um 
atrás que utilizava o Fedora e que, de vez em  geek  também,  mas  eles  têm  uma  grande 
quando,  experimentava  uma  distro  ou  outra.  consideração sobre como é fácil fazer upgrades 
Você  continua  experimentando  diferentes  e  coisas  assim.  E  eu  nunca  procurei  isso.  Eu 
distribuições de vez em quando?  queria  chegar  ao  kernel  e  o  que  eu  precisava 
LT:  Eu  ando  experimentando  menos  era  de  um  bom  instalador  gráfico  para  que 
distribuições novas. Acho que foi há uns 8 anos  pudesse  ignorar  as  outras  coisas  nas  quais  não 
que eu ficava indo e voltando entre o Fedora e o  tinha interesse. E o Debian por muito tempo não 
Suse.  Porque  havia  alguns  recursos  em  um  de  teve  isso. Aí  o  Ubuntu  resolveu  esse  problema. 
que  eu  absolutamente  gostava  e  precisava  ter,  Mas  naquele  tempo,  não  possuía  nada  que  o 
que  era  a  suavização  de  bordas  de  fonte  (anti­ Fedora também não tivesse e, para ser sincero, 
alias  text).  Eu  era  uma  daquelas  pessoas  que  eu  fiquei  preso  a  ele.  Eu  tenho  cinco  máquinas 
não  tinham  suavização  de  bordas  de  fonte  e  e  não  quero  ter  que  mexer  em  nenhuma  delas, 
estava  muito  infeliz  com  isso.  O  KDE  teve  isso  portanto  acabo  rodando  o  Fedora  nelas.  E  foi 
muito  antes  em  versões  experimentais  e  me  por isso que eu não falei qual distribuição usava 
lembro  de  compilar  minha  própria  versão  do  na  conferência  de  imprensa.  Porque  não  quero 
servidor  X  com  o  KDE,  para  ter  suavização  de  que  ninguém  pense  que  isso  significa  que  o 
bordas  e  habilitá­las  manualmente,  pois  Fedora  é  melhor  que  todas  as  outras.  Eu  o  uso 
nenhuma  das  distribuições  tinha  essa  opção  e  por  razões  históricas  e  por  não  querer  mudar 
todas as minhas máquinas.   

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |30
CAPA ∙ ENTREVISTA COM LINUS TORVALDS

REL:  Porque  senão  aconteceria  como  escola  só  usa  Windows".  É  um  jeito  de  reclamar, 
aconteceu  na  época  em  que  você  disse:  "eu  mas  ao  mesmo  tempo  as  pessoas  não  deveriam 
uso  o  Fedora  porque  é  a  distribuição  que  o  ter suas vidas controladas por suas escolas. 
Linus  Torvalds  usa  e  portanto  ela  é  a 
  
melhor". 
REL:  O  Linux  vai  fazer  20  anos  no  ano 
LT:  E  isso  não  é  verdade.  Já  usei  muitas 
que  vem.  Quais  são  os  desafios  para  os 
distribuições  e  hoje  elas  se  tornaram  boas  o 
próximos 20 anos? 
suficiente  para  que  eu  não  me  importe  mais 
quanto  a  eventuais  diferenças.  Quando  eu  LT:  Eu  não  penso  cinco  anos  à  frente,  não 
comecei,  havia  diferenças  enormes.  Lá,  bem  no  penso  nem  um  ano  à  frente.  Eu  só  me  preocupo 
começo,  eu  costumava  ter  minha  própria  com  quais  serão  os  "merges"  para  os  próximos 
distribuição  e  passavam­se  meses  até  que  meses  à  frente.  E  para  coisas  como  essas  nós 
alguma  distro  fizesse  alguma  coisa  melhor.  Mas  sabemos  quais  serão  os  problemas  que  as 
depois  veio  o  Slackware...  Na  verdade  antes  do  pessoas  terão.  Nós  nem  ao  menos  tentamos  ter 
Slackware,  veio  o  SOS.  Mas  lá  atrás,  nos  anos  uma  agenda  assim  tão  longa,  pois  o  hardware 
90,  a  distribuição  que  você  escolhia  fazia  uma  provê  casos  novos:  "será  que  os  tablets  vão 
grande  diferença,  pois  algumas  delas  eram  decolar?".  Nós  não  sabemos!  E  eu  tento  não 
muito  difíceis  de  instalar.  Nos  dias  de  hoje,  não  pensar  nisso.  Sempre  me  vi  como  engenheiro. 
existe mais essa diferença. Dependendo de que  Vejo  os  problemas  diários.  Não  quero  ter  esses 
máquina  você  tem,  uma  pode  servir  melhor  do  problemas  visionários,  para  onde  eu  gostaria  que 
que  a  outra,  mas  geralmente  é  só  o  tema  que  as coisas fossem. Porque no final das contas vou 
muda.  Portanto,  realmente  não  me  importa  qual  errar  e,  se  você  tenta  enxergar  muito  à  frente, 
distribuição eu uso e eu a utilizo por motivações  acaba  não  vendo  onde  está  pisando  e  não  se 
históricas.  preocupa com o dia­a­dia. Eu me preocupo com o 
dia­a­dia. 
REL: Aqui  no  Brasil,  muitas  universidade 
e  instituições  educacionais  não  dão    
importância  ao  software  livre.  Elas  não  têm  REL:  Você  faria  alguma  coisa  diferente 
software  livre  instalado  e  não  ensinam  nada  se tivesse começado hoje? 
relacionado a ele. O que você diria para esses 
estudantes  que  estão  nas  faculdades  sendo  LT:  Se  eu  tivesse  começado  hoje  e 
obrigados  a  lidar  com  softwares  soubesse a dificuldade que seria, e que teria que 
proprietários?  fazê­lo  por  20  anos,  seria  muito  difícil  começar. 
Seria  um  projeto  tão  monumental  que  eu  não 
LT: Apenas  recordem­se  do  que  eu  fiz.  Hoje  teria nem começado. Então uma das coisas mais 
existe  o  Linux,  mas  quando  eu  estudei,  todos  os  importantes  para  qualquer  um  que  inicie  um 
computadores  eram  Windows.  Digo  isso  porque  projeto  é  não  definir  um  tamanho  muito  grande 
acabei  fazendo  o  meu  próprio  programa.  Não  se  para  ele  e  não  se  importar  com  o  quanto  será 
preocupe tanto com o que a sua escola usa, ou o  difícil,  pois  se  você  souber  isso  só  vai 
que  o  seu  trabalho  usa.  Se  você  quer  aprender  desencorajá­lo. Então vai precisa ser um moleque 
alguma  coisa  e  é  um  estudante  de  tecnologia  da  ignorante  de  20  anos  para  começar  o  Linux. 
informação,  seu  principal  objetivo  deve  ser  Porque  qualquer  um  que  já  tivesse  feito  um 
aprender a fazer alguma coisa nova. Certifique­se  sistema  operacional  antes  teria  dito:  "ah,  isso  é 
de  ter  alguma  coisa  diferente  em  casa.  E  talvez  muito difícil" e desistiria. 
você  veja  algo  que  possa  ser  feito  em  ambos  os 
lados.  As  pessoas  não  deveriam  dizer:  "A  minha 

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CAPA ∙ 10 ANOS DO LINUX NO MAINFRAME

Créditos: IBM ­ Divulgação
10 Anos do Linux no Mainframe
Por Cezar Taurion

17 de maio de 2000. Nes­ nha.  Não  estava  no  budget  e 


te dia, há dez anos, era formal­ nem  era  oficialmente  autoriza­
mente  anunciado,  o  Linux  do. Mas, no final do ano, a IBM 
S/390,  o  Linux  nos  mainfra­ passou  a  olhar  o  movimento 
mes.  Na  época,  imaginar  um  Open Source e o Linux com ou­
sistema  operacional  "estranho  tros  olhos,  quando  Sam  Palmi­
no  ninho"  no  mainframe  era  sano,  hoje  CEO  e  na  época 
sênior VP, disse em uma entre­
quase  uma  heresia  e  até  a  da­
vista  em  outubro:  "The  Internet 
ta  do  anúncio  formal,  o  Linux 
S/390 era um projeto quase se­ has  taught  us  all  the  importan­
creto,  pouco  divulgado  dentro ce of moving early, the advanta­
da própria IBM. ge  of  being  a  first­mover.  We 
Mas sua história é interes­ want to be riding that Linux mo­
sante e vale a pena recordar al­ mentum  at  the  front,  no  trailing 
guns  marcos.  O  projeto  it". 
começou  de  forma  voluntária  Em dezembro a IBM publi­
em  1998,  no  laboratório  da  ca  uma  coleção  de  patches  e 
IBM  em  Boeblingen,  na Alema­ adições  ao  então  kernel  2.2.13 

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COLUNA ∙ CEZAR TAURION

para o mainframe, abrindo o sis­
tema  para  avaliação  do  merca­
do,  criando  um  alvoroço  no 
mercado  e  na  comunidade  Li­
nux. Chega o ano 2000 e as coi­        O uso do Linux em 
sas  avançam  bem  rápido.  Em 
janeiro o Linux S/390 é disponi­
mainframe crescia rápido e em 2007 
bilizado  para  demonstrações 
públicas  a  partir  do  mainframe 
a IBM anunciava oficialmente seu 
do  Marist  College,  nos  EUA  e  projeto Big Green, com objetivo de 
em  pouco  tempo  registram­se 
4.000  downloads.  No  mês  se­ consolidar seus sistemas internos, 
guinte,  no  LinuxWorld  Expo, 
em  New  York,  Linus  Torvalds  que operavam em 3.000 servidores 
em seu keynote speech mencio­
na  o  Linux  no  mainframe.  E  distribuídos, cerca de 30 mainframes 
em 17 de maio é anunciado for­
malmente o Linux S/390, mere­
rodando Linux.
cendo  inclusive  anúncio  de 
Cezar Taurion
página  inteira  no  Wall  Street 
Journal. Neste mesmo ano con­
segue­se uma experiência incrí­
vel:  um  mainframe  consegue  desenvolvimento  do  Linux.  Es­ softwares  para  rodarem  no  Li­
rodar  mais  de  41.000  instânci­ te anúncio foi um marco para o  nux  em  mainframes  e  no  fim 
as  do  Linux  em  um  único  movimento  do  Open  Source  e  de  2003  contabilizava­se  mais 
LPAR, sob VM. Dentro da IBM,  do  Linux,  pois  sinalizou  clara­ de  250  produtos  de  software, 
colocar o Linux no mainframe si­ mente para as empresas que Li­ inclusive  o  Lotus  Notes. A  Red 
nalizou  diversas  mudanças.  nux  era  coisa  séria.  Neste  Hat  também  anuncia  sua  pri­
Uma  delas  afetou  inclusive  as  evento,  o  mainframe  z900  ro­ meira distribuição para mainfra­
questões  de  propriedade  inte­ dando  Linux  ganhou  o  prêmio  mes,  com  o  Red  Hat 
lectual, pois os drivers dos peri­ de  "Best  Hardware".  Torna­se  Enterprise Linux 3.
féricos  do  mainframe  eram  IP  também  disponível  a  primeira 
O  uso  do  Linux  em  main­
(intelectual  property)  da  IBM  e  distribuição  oficial  do  Linux  pa­
frame  crescia  rápido  e  em 
na  primeira  versão  do  Linux  ra mainframe, o SUSE Enterpri­
2007  a  IBM  anunciava  oficial­
S/390 tiveram que ser disponibi­ se  Linux  Server  7.  A  SUSE 
mente  seu  projeto  Big  Green, 
lizados apenas em código obje­ esteve  envolvida  desde  o  iní­
com  objetivo  de  consolidar 
to.  Posteriormente  a  IBM  cio  no  projeto  do  Linux  S/390, 
seus  sistemas  internos,  que 
cedeu  os  direitos  de  licencia­ inclusive  porque  seu  escritório 
operavam  em  3.000  servidores 
mento  e  o  código  hoje  está  ficava  em  Nuremberg,  há  me­
distribuídos,  em  cerca  de  30 
aberto  e  disponível  sob  licença  nos  de  duas  horas  de  carro  do 
mainframes  rodando  Linux.  Si­
GPL. laboratório de Boeblingen. 
nalizou  claramente  que  se 
No  ano  seguinte  a  IBM  Em 2002 e 2003 mais no­ uma empresa global de 100 bi­
faz  o  famoso  anúncio,  no  Li­ vidades.  Empresas  de  softwa­ lhões  de  dólares  consegue  co­
nuxWorld  de  New  York,  de  in­ re  como  SAP  e  Oracle  locar  a  maioria  de  seus 
vestir  um  bilhão  de  dólares  no  anunciaram  suporte  de  seus  sistemas  internos  em  Linux, 

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COLUNA ∙ CEZAR TAURION

visualizar  alguns  cases  de  uso 


de  Cloud  Computing  em  main­
frame.
      Os dados atuais  Os  dados  atuais  mostram 
que portar o Linux para o main­
mostram que portar o Linux para o  frame  foi  uma  decisão  acerta­
da.  Hoje  mais  de  3150 
mainframe foi uma decisão  aplicações  estão  homologadas 
para  rodarem  em  Linux  nos 
acertada. Hoje mais de 3150  mainframes. Além das distribui­
aplicações estão homologadas  ções  oficiais  Red  Hat  e  SUSE, 
vemos outras distribuições  gra­
para rodarem em Linux nos  tuitas  (e  não  oficiais)  como 
Slackware  (http://www.slack 
mainframes. 390.org)  e  Debian  (http://www. 
debian.org/ports/s390/)    tam­
Cezar Taurion
bém rodando em mainframes.  
De  2004  para  2009  o  rit­
qualquer  outra  empresa  pode­ mo  de  crescimento  dos  MIPS 
rá fazer a mesma coisa. Os re­ onal  é  um  mainframe  com  48  dedicados  ao  Linux  foi  de  43% 
sultados  do  Big  Green  são  processadores,  sendo  32  para  ao ano. Cerca de 16% da base 
impressionantes:  conseguiu­se  produção e 16 para desenvolvi­ instalada  de  MIPS  em  mainfra­
reduzir  o  consumo  de  energia  mentos  e  testes,  capaz  de  su­ mes  estão  rodando  Linux.  70% 
em 80% e de espaço físico em  portar  10.000  transações  por  dos  "Top  Clients"  de  mainfra­
85%.  Na  prática  obteve­se  du­ segundo.  Um  maior  detalha­ mes  rodam  instâncias  Linux 
as vezes mais capacidade com­ mento  deste  projeto  pode  ser  em suas máquinas. Os clientes 
putacional  sem  demandar  visto  em  http://www.clipper.  que  rodam  Linux  em  seus 
aumento  no  consumo  de  ener­ com/research/TCG2009050.pdf. mainframes ultrapassam a mar­
gia. ca dos 1300.
Bem,  já  que  falamos 
Além  disso  provou­se  Cloud  Computing,  os  mainfra­ Mas,  diante  de  tantos  nú­
que é perfeitamente possível ro­ mes  incorporam  naturalmente  meros  é  curioso  que  ainda  ve­
dar­se grandes sistemas em Li­ muitos  dos  atributos  que  são  mos  percepções  errôneas  com 
nux.    O  Projeto  "Blue  Insight",  necessários  a  uma  nuvem,  co­ relação ao mainframe. Uma re­
sistema de BI interno da IBM é  mo  capacidade  escalonável,  cente  conversa  sobre  Linux 
um  bom  exemplo.  Consolidou  elasticidade  (você  pode  criar  e  nos  mainframes,  com  um  cole­
dezenas  de  BIs  departamen­ desligar  máquinas  virtuais  sem  ga  meu,  CIO  de  uma  grande 
tais e mais de 60 bases de da­ necessidade  de  adquirir  corporação  foi  emblemática 
dos,  em  um  modelo  de  hardware),  resiliência  e  segu­ desta  percepção  de  muitos 
"Private  Cloud  Computing",  ba­ rança. E sem falar em virtualiza­ executivos  quanto  aos  mainfra­
seado  em  Cognos/Linux/main­ ção,  que  faz  parte  dos  mes.  Ele,  como  muitos  outros 
frame,  suportando  1  petabyte  mainframes  desde  1967! Aces­ profissionais  é  da  geração  for­
ou  mil  terabytes  de  dados  e  sando  http://www.ibm.com/sys­ mada  durante  o  movimento  de 
atendendo  mais  de  200.000  tems/z/news/announcement/20 downsizing,  que  consagrou  o 
usuários. A sua base computaci­ 090915_annc.html  podemos  modelo  cliente­servidor  e  que 
considerava  "politicamente  cor­

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COLUNA ∙ CEZAR TAURION

reto" desligar o mainframe. Nes­
ta época, início dos anos 90, to­
do  e  qualquer  projeto  de          Os resultados do Big Green 
consultoria  recomendava  a 
mesma  coisa:  "troquem  os  ca­ são impressionantes: conseguiu­se 
ríssimos mainframes pelos bara­
tos  servidores  distribuídos".  reduzir o consumo de energia em 
Claro  que  muitas  destas  deci­
sões  de  troca  foram  acertadas,  80% e de espaço físico em 85%. Na 
mas  muitas  outras  se  revela­
ram  totalmente  inadequadas. 
prática obteve­se duas vezes mais 
O custo de propriedade de am­
bientes  distribuídos  se  mostrou 
capacidade computacional sem 
muito mais caro que se imagina­ demandar aumento no consumo de 
va.
Há  tempos  fiz  um  peque­ energia.
no exercício onde analisei infor­
malmente  uma  empresa  que  Cezar Taurion
houvesse  desligado  o  mainfra­
me  no  início  dos  anos  90  e 
apenas  um  velho  repositório  tribuídos  pelos  diversos  cantos 
quanto  gastou  em  TI  com  seu 
de  aplicações  Cobol  e  PL1,  tri­ da empresa em uma única má­
ambiente  distribuído,  conside­
pulado  por  profissionais  à  bei­ quina.  Um  recurso  que  ajuda 
rando  todos  os  fatores  que  en­
ra  da  aposentadoria...  Bem,  muito  é  a  tecnologia  IFL  (Inte­
volvem  o  TCO.  Comparei  com 
ele  se  mostrou  interessado  grated  Facility  for  Linux),  que 
a alternativa de manter os siste­
quando  falei  que  parcela  subs­ surgiu  em  setembro  de  2000. 
mas  no  mainframe  (evoluindo 
tancial do crescimento de recei­ Os  IFL  são  processadores  do 
com novos modelos e tecnologi­
ta  da  IBM  com  mainframes  mainframe  especialmente  dedi­
as) e claro, com um consequen­
vem de novos workloads, princi­ cados  a  rodar  Linux,  com  ou 
te  uso  bem  mais  restrito  de 
palmente Linux.  sem  z/VM.  São  processadores 
servidores distribuídos. O ambi­
Mostrei  que  no  contexto  iguais aos demais, mas por mi­
ente  100%  distribuído  consu­
atual,  o  movimento  de  consoli­ crocódigo  eles  só  aceitam  ro­
miu  em  15  anos  mais  dinheiro 
dação  e  virtualização  dos  data  dar  workloads  Linux.  Estima­se 
que  a  alternativa  de  se  manter 
centers  estão  abrindo  novas  que  hoje  existam  mais  de 
um ambiente misto.
portas  para  o  mainframe.  O  4.600  processadores  IFL  ati­
É verdade que o custo de  vos.
TCO para se gerenciar um par­
hardware  há  15  anos  atrás  era 
que  de  centenas  ou  milhares  O  Linux  no  mainframe 
destacadamente o maior do or­
de servidores é altíssimo, acres­ consegue explorar todas as ca­
çamento  de  TI.  Hoje  não  é 
cido  agora  da  variável  energia,  racterísticas  únicas  do  hardwa­
mais.  Mas  a  percepção  quanto 
que  vem  aumentando  ainda  re  como  sua  reconhecida 
ao  mainframe  continua.  Fiquei 
mais  os  budgets  das  áreas  de  confiabilidade,  disponibilizada 
surpreso  em  ver  o  quanto  de 
TI.  por  features  como  processado­
desconhecimento  da  evolução 
O  mainframe  pode  ser  res  redundantes,  elevados  ní­
dos mainframes ele tinha. E, te­
veis  de  detecção  e  correção 
nho certeza, não é só ele... Pa­ usado  para  consolidar  cente­
de  erros  e  conectividade  inter­
ra  muitos  o  mainframe  é  nas de servidores Linux x86 dis­

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COLUNA ∙ CEZAR TAURION

Interessante  que  uma  vez 


criada  uma  percepção,  torna­
        O nível de disponibilidade  se  difícil  mudar  as  ideias. 
Olhar  o  mainframe  sob  outra 
do ambiente operacional do  ótica  é  uma  mudança  de  para­
digmas  e  mudar  paradigmas 
mainframe é muito maior que dos  não  é  fácil.  Paradigma  é  como 
as pessoas veem o mundo, ele 
sistemas distribuídos. E abrir uma  explica o próprio mundo e o tor­
na mais compreensível e previ­
máquina virtual Linux em um  sível.  Mudar  isso  exige,  antes 
mainframe leva alguns minutos,  de  mais  nada,  quebrar  percep­
ções  arraigadas.    Um  estudo 
enquanto que comprar, instalar e  de  TCO  pode  mostrar  que  tal­
vez  as  ideias  e  hábitos  que 
configurar um servidor distribuído  tem  mantido  a  TI  da  compa­
nhia  nos  últimos  anos    não  se­
pode levar semanas. jam  tão  mais  válidos    assim... 
Resumo  da  história:  em  2020 
Cezar Taurion iremos  comemorar  os  20  anos 
do Linux nos mainframes!
server  de  altíssima  velocidade. 
ele: menos pontos de falha, eli­
O  nível  de  disponibilidade  do 
minação  da  latência  de  rede, 
ambiente  operacional  do  main­
menos  componentes  de 
frame  é  muito  maior  que  dos 
hardware  e  software  para  ge­
sistemas  distribuídos.  E  abrir 
renciar,  uso  mais  eficiente  dos 
uma  máquina  virtual  Linux  em 
recursos  computacionais,  me­
um mainframe leva alguns minu­
lhor  gestão  de  cargas  mistas 
tos, enquanto que comprar, ins­
batch e transacionais, maior fa­ CEZAR TAURION é 
talar  e  configurar  um  servidor  Gerente de Novas 
cilidade de diagnósticos e deter­
distribuído  pode  levar  sema­ Tecnologias da IBM 
minação/correção  de  erros,  Brasil. 
nas.
recovery/rollback muito mais efi­ Seu blog está 
disponível em
Bem,  questionado  quanto  ciente...  O  resultado?  Um  me­ www.ibm.com/develo
a  citar  alguns  aspectos  positi­ lhor TCO! perworks/blogs/page/
ctaurion
vos  da  consolidação  lembrei  a 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |36
CAPA ∙ LINUX NO MUNDO MOBILE

Créditos: http://www.talkandroid.com/wp­content/uploads/2010/07/tux.jpg
Linux no
Mundo Mobile
Veja o que o pinguim anda aprontando no mundo mobile

Por Ricardo Ogliari

Introdução
O  conceito  de  sistema  operacional  Linux 
em pequenos dispositivos ainda não é muito co­
mum,  exceto  em  caixas  eletrônicos  de  institui­
ções  bancárias.  Porém,  este  cenário  está 
mudando rapidamente. 
Hoje,  o  dispositivo  que  tem  o  crescimento 
de vendas mais acentuado são os smartphones. 
Segundo  pesquisa  Gartner,  as  vendas  globais 
deste  tipo  de  equipamento  aumentaram  50%  no 
segundo trimestre de 2010. 
E qual é o sistema operacional predominan­
te  em  Smartphones?  Hoje  ainda  é  o  Symbian. 
Porém,  o  Android  vem  crescendo  sua  participa­
ção  no  mercado  global  desde  o  ano  passado. 
Segundo  previsão  da  Digitimes  Research,  no  fi­
nal  de  2010  a  ordem  dos  sistemas  operacionais 
com maior participação de mercado será:

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |37
CAPA ∙ LINUX NO MUNDO MOBILE

* Symbian: 35% do  de  uma  parceria  entre  a  Intel  e  a  Canonical, 


* Android: 24,5% criando uma plataforma específica para rodar na 
* iPhone: 15,2% plataforma  Intel  Mobile  Internet  Device.  Infeliz­
* RIM: 15% mente  o  projeto  não  teve  seqüência  e  foi  aban­
donado.
Ou  seja,  a  grande  maioria  das  previsões  e  Mas  não  paramos  por  aqui.  Podemos  falar 
análises  apontam  o  crescimento  de  plataformas  também  do  projeto  Moblin.  Segundo  a  página 
open­source.  O  domínio  de  soluções  fechadas  oficial:  a  arquitetura  Moblin  é  projetada  para  su­
está perdendo força a um bom tempo, prova dis­ portar  múltiplas  plataformas  que  variam  de  Net­
so  são  os  números  da  RIM  e  da  Symbian  e,  Books  a  Mobile  Internet  Devices  (MID),  par 
mais recentemente, do iPhone. vários modelos embarcados de uso, como siste­
Para  comprovar  este  fato,  a  venda  de  mas Vehicle Infotainment
smartphones  Android  no  segundo  trimestre  de  A  página  também  detalha  o  núcleo  da  pla­
2010 no mercado americano superou RIM, Sym­ taforma: O pedaço central da arquitetura é a ca­
bian  e  iPhone,  segundo  dados  da  Canalys.  No  mada  comum  que  foi  chamada  de  cMoblin 
Brasil, o maior aumento em participação de mer­ Cored.  Abaixo  do  Moblin  Core  encontramos  um 
cado foi do Android. kernel  Linux  e  drivers  específicos  do  dispositivo 
Dizem  que  os  números  não  mentem,  en­ para a plataforma de hardware. 
tão, se você é desenvolvedor de aplicativos mobi­
le  é  bom  ficar  de  olhos  bem  abertos  com  o 
sistema operacional do Google. 

Só existe o Android?
A  resposta  é  não.  Além  do  Android  pode­
mos encontrar o sistema operacional WebOS, cri­
ação  da  Palm,  que  foi  vendida  recentemente 
para a HP. Veja a Figura 1.
Na  metade  deste  ano  a  Nokia  começou  a 
venda  do  aparelho  N900  no  Brasil.  Este 
smartphone é equipado com o sistema operacio­
nal  Linux  Maemo.  Além  disso,  a  Nokia  adquiriu 
o  Symbian  e  também  abriu  seu  código  fonte, 
que  era  totalmente  fechado  desde  a  sua  cria­
ção. 
A  Samsung,  além  de  utilizar  o Android  em 
diversos  de  seus  smartphones,  como  o  Galaxy, 
por exemplo, criou a plataforma Bada. Alguns po­
dem se enganar e achar que é mais um sistema 
operacional,  mas  na  verdade,  ele  é  apenas  um 
framework  que  trabalha  sobre  um  kernel  Linux. 
A Figura 2 comprova isso.
Para  finalizar  também  podemos  citar  o 
Figura 1 ­ Smartphone com o Palm WebOS
Ubuntu Mobile and Embedded, que foi o resulta­

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CAPA ∙ LINUX NO MUNDO MOBILE

Android
Mas realmente não tem como fugir, a princi­
pal  plataforma  que  fez  com  que  o  Linux  se  tor­
nasse  mais  comum  no  ambiente  mobile  é  o 
Android, que vem ganhando muito espaço, con­
quistando e marcando território em grandes em­
presas. 
A Figura 3 mostra a arquitetura do Android. 
Perceba que no nível mais baixo, o Android pos­
sui um kernel Linux. 
Outro  ponto  muito  importante  é  o  open­
source, que faz com que o Android esteja sendo 
embarcado  em  outros  dispositivos,  que  extrapo­
lam  os  limitem  do  Smartphone.  Um  bom  exem­
plo  é  o  automóvel  chinês  Roewe  350,  que  se 
tornou  o  primeiro  automóvel  a  sair  de  fábrica 
Figura 2 ­ Arquitetura do framework Bada. com o Android 2.1, para gerenciamento do siste­
Fonte: http://dkor.wordpress.com/2009/12/10/bada­new­samsung­mobile­phone­platform/
ma de GPS e multimídia.

Figura 3 ­ Arquitetura do Android
Fonte: http://core.eti.br/2009/05/13/programando­androids­parte­3/

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CAPA ∙ LINUX NO MUNDO MOBILE

mercado,  a  ARM  possui  mais 


de 90% do mercado mundial, li­
cenciado  para  diferentes  em­
presas,  como  por  exemplo: 
Texas  Instruments,  Qualcomm, 
Samsung,  Motorola,  iPhone,  e 
assim por diante.
Sendo  assim,  se  a  ARM 
continuar  seu  domínio  neste 
mercado,  poderemos  ver  siste­
mas  operacionais  Linux  embar­
cados  em  um  número  muito 
grande  e  heterogêneos  de  dis­
positivos.  No  futuro  poderemos 
ter  o  famosos  pingüim  no  auto­
móvel,  na  geladeira,  no  fogão, 
na  cafeteira,  no  seu  bracelete 
2.0  e  no  seu  óculos  com  reali­
Figura 4 ­ Automóvel Roewe 350 dade aumentada.
Fonte: http://www.intomobile.com/2010/03/19/first­android­automobile­to­launch­next­month/

Outros  exemplos  incluem,  tablets,  netbo­


oks, TVs Digitais e até mesmo um projeto concei­ Conclusão
tual de uma cafeteira, chamada Apresso. O  avanço  significativo  do  Linux  nos  siste­
mas  operacionais  para  pequenos  dispositivos 
e/ou  dispositivos  mobile  é  perceptível,  a  queda 
Padrão de Mercado na  fatia  de  mercado  das  soluções  proprietárias 
Além do Android, talvez outro grande impul­ também  é  saliente,  logo,  cabe  a  nós,  desenvol­
sionador  do  Linux  em  dispositivos  móveis  seja  vedores, gerentes de projetos, donos de empre­
uma iniciativa chamada Linaro. sas,  CEO,  ficarmos  de  olho  nesta  onda  para 
não sermos engolidos por ela.
O Linaro é uma joint venture de cinco gran­
des empresas, além da líder ARM, são elas: Fre­
escale,  IBM,  Samsung  Electronics  e  a  Texas 
Instruments.  O  objetivo  desta  união  é  simples  e 
claro,  visa  melhorar  as  distribuições  Linux  para 
mobile  devices,  inculindo  Android,  MeeGo  e  o 
Ubuntu.
A  ARM  é  a  fabricante  dos  processadores 
RICARDO OGLIARI atua no desenvolvi­
que estão embarcados na grande maioria dos pe­ mento de aplicações móveis com a platafor­
quenos  dispositivos  existentes  atualmente,  co­ ma Java ME a 5 anos. Bacharel em 
Ciência da Computação. Ministra cursos e 
mo  por  exemplo,  telefones  celulares,  oficinas, possuindo vários artigos técnicos 
smartphones, Smartbooks, E­Readers, RTOS, Di­ sobre computação móvel. Ministrou pales­
tras em eventos, como o JustJava, FISL, 
gital Set­Top­Box, TV Digital, dentre outros. Ape­ JavaDay, dentre outros.
sar  da  iniciativa  da  Intel  de  entrar  nesse 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |40
CAPA ∙ PRETO NO BRANCO

Fonte: http://izaak.jellinek.com/tuxes/images/black and white tux.gif
PRETO NO BRANCO
Por Alexandre Oliva

Não  escondo  de  ninguém  que  sou  partidá­


rio do Movimento Software Livre, um movimento 
social  que  defende  liberdades  essenciais  para 
usuários  de  software,  combatendo  um  sistema 
social  injusto  de  desrespeito,  controle  e  opres­
são  dos  usuários  por  desenvolvedores  e  distri­
buidores.  Desencorajamos  o  uso,  a  oferta  e  a 
recomendação de software privativo das liberda­
des  essenciais,  inclusive  daquele  que,  engano­
samente, tenta se fazer passar por software que 
as  respeita.    A  prática  do  Open  Core,  também 
chamado Fauxpen Source, é condenada até por 
lideranças  da  Iniciativa  Open  Source,  mas  tem 
passado  despercebida  (escondida?)  e  relevada 
na  maior  parte  das  distribuições  de  Linux  e  de 
GNU/Linux.

Valores binários
É  discutível  se  justiça,  opressão  e  liberda­
de são ou não valores binários, ou mesmo veto­
res binários.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |41
CAPA ∙ PRETO NO BRANCO

De um lado, liberdade condicional não é li­ mais  frequentemente  associada  ao  Software  Li­


berdade,  é  um  eufemismo  para  um  tipo  de  con­ vre: o Linux.  Quando escrevo distribuição de Li­
trole;  quando  há  opressão,  há  opressor  e  nux,  refiro­me  àquele  software  gentilmente 
oprimido,  não  importa  a  gravidade  da  opressão;  publicado  e  mantido  por  Linus  Torvalds  desde 
uma  pequena  injustiça  é  suficiente  para  não  se  1991.    Sabe?,  aquele  que  "infelizmente,  sozi­
fazer jus à qualificação de justo. nho, não leva a lugar algum", conforme o anún­
De outro, existem movimentos por socieda­ cio  de  sua  primeira  versão  pública,  pois  "para 
des  mais  livres,  menos  oprimidas,  mais  justas,  obter um sistema funcional você precisa de uma 
assim  como  não  faltam  exemplos  de  interesses  shell,  compiladores,  uma  biblioteca  etc".    Linus 
e posições contrários. esclarece:  "a  maior  parte  das  ferramentas  usa­
das  com  linux  são  software  GNU",  e  completa: 
O que nunca vi foi movimento social que al­ "essas  ferramentas  não  estão  na  distribuição  ­­­ 
mejasse menos que o máximo possível de justi­ pergunte­me  (ou  ao  GNU)  para  mais  informa­
ça  ou  liberdade,  ou  opressão  maior  que  zero,  ção."
em pelo menos uma de suas muitas dimensões.
Linux não era Software Livre em 1991: sua 
Por  isso  mesmo,  quem  não  quer  ver  solu­ licença  não  permitia  distribuição  comercial.    Em 
ção  para  o  problema  apela  para  desqualifica­ 1992, passou a ser licenciado integralmente sob 
ções  como  radicalismo  ou  fundamentalismo.  a  GNU  GPL,  mas  distribuições  de  GNU/Linux 
Quem  sequer  vê  o  problema  frequentemente  as  não tardaram a incluir programas privativos.
ecoa, supondo­se razoável, tolerante e pragmáti­
co.  Tampouco vê que com isso alimenta a tole­ Em  1996,  Linus  incorporou  componentes 
rância  à  injustiça,  ao  subjugo  e  ao  controle,  o  privativos  à  sua  própria  distribuição  de  Linux,  e 
que não é razoável. não deixou de fazê­lo até hoje.
São  programas  tidos  como  independentes, 
executados em processadores periféricos, distri­
Códigos binários buídos sem código fonte e, em sua maioria, sob 
Até  o  Movimento  Software  Livre  lançar  luz  licenças  restritivas.    Não  cabe  aqui  discutir  se  é 
sobre  a  questão  das  liberdades  essenciais  aos  válida a suposta brecha jurídica utilizada para in­
usuários  de  software,  todos  os  gatos  eram  par­ cluir  esses  componentes  num  programa  com 
dos.    Com  fontes  de  luz  adequadas,  ficou  fácil  contribuições de muitos desenvolvedores licenci­
distinguir  os  programas  distribuídos  apenas  na  adas sob a GNU GPL. 
forma de zero (preto) e um (branco), binário exe­ O  problema  é  que  esses  componentes  de 
cutável e inescrutável, daqueles com todo o colo­ software,  que  chamamos  de  blobs,  roubam  do 
rido do código fonte. usuário  o  controle  sobre  seu  computador,  como 
Muitas outras formas de cercear as liberda­ faz qualquer software privativo, com o agravante 
des essenciais têm sido usadas: no campo tecno­ de que, por funcionarem em processadores peri­
lógico, travas anti­cópia e tivoização; no jurídico,  féricos, não ficam sujeitos aos limites estabeleci­
licenças  e  contratos  restritivos;  no  econômico,  dos  pelo  sistema  operacional  para  programas 
ameaças através de patentes induzindo à aceita­ convencionais.
ção de tais restrições.  Mesmo assim, já houve muito esforço para 
A  mais  comum  continua  sendo  a  negação  fazer  essa  injustiça  parecer  aceitável,  e  até  de 
de  acesso  ao  código  fonte,  combinada  ou  não  torná­la  menos  aparente,  disfarçando  de  código 
com licenças restritivas.  É tão comum que está  fonte esses programas ofertados apenas de for­
presente  até  mesmo  na  distribuição  de  software  ma  binária,  em  longas  sequências  de  números. 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |42
CAPA ∙ PRETO NO BRANCO

Open Core
Chama­se  Open  Core  a  prática  de  ofere­
cer um programa razoavelmente funcional como 
           Muitas  Software  Livre,  para  atrair  usuários  e  colabora­
dores, oferecendo funcionalidades adicionais so­
outras formas de cercear  mente  aos  que  aceitarem  condições  privativas 
de  liberdades  essenciais.    Normalmente  é  usa­
as liberdades essenciais  da por empresas que querem lucrar com a ven­
têm sido usadas: no  da  das  versões  privativas,  mas  não  há  razão 
para  desconsiderar  outras  vantagens  que  um 
campo tecnológico, travas  fornecedor de software possa almejar, como po­
pularidade e contribuições a mais.
anti­cópia e tivoização; no  Foi  documentada  originalmente  como  es­
tratégia de negócio alternativa à venda de servi­
jurídico, licenças e  ços ou de permissões adicionais.  Não é apenas 
contratos restritivos; no  o  Movimento  Software  Livre  que  vê  e  denuncia 
que Open Core é software privativo com uma is­
econômico, ameaças  ca Livre.
Embora  a    Iniciativa  Open  Source  não  to­
através de patentes  me posição oficial, alguns de seus diretores têm 
afirmado  que  Open  Core  "nada  tem  a  ver  com 
induzindo à aceitação de  Open Source", "faz mal", "é uma jogada com Li­
tais restrições. berdade de Software", "uma isca para o mesmo 
modelo de aprisionamento, esperando que você 
não  perceba".    Até  analistas  de  mercado  veem 
Alexandre Oliva
através  da  cortina  de  fumaça  e  denunciam  que 
com  Open  Core  "você  licencia  uma  solução  pri­
Mais recentemente, o disfarce caiu, e os progra­ vativa", "é terminologia co­optada", "nada de par­
mas  têm  sido  movidos  para  fora  do  código  dos  ticularmente inovador", "o rei do Open Core está 
drivers, que agora "apenas" exigem que o usuá­ nu".
rio mantenha esses programas disponíveis.
Por isso me surpreende que tanta gente fe­
É  certo  que  há  componentes  de  hardware  che  os  olhos  ante  a  escandalosa  nudez  do  rei 
que  se  recusam  a  funcionar  sem  as  instruções  do  Open  Core:  Linus Torvalds.    Sua  distribuição 
presentes nesses programas privativos.  Não há  de  Linux  inclui  incondicionalmente  código  sem 
razão  legítima  para  que  seus  fornecedores  ne­ fontes e sob licenças restritivas, que ativam fun­
guem aos usuários as liberdades essenciais.  To­ cionalidades  adicionais  de  controlar  alguns  car­
das  as  razões  normalmente  elencadas  são  tões  de  rede,  de  vídeo  e  de  som.    Será  que  se 
prejudiciais  ao  usuário:  desde  impedi­lo  de  utili­ fazem cegos porque Linus sequer oferece o Co­
zar todo o potencial do dispositivo, para diferenci­ re Livre, ou são tão dependentes das funcionali­
ação  de  preços  ou  policiamento,  até  a  dades  adicionais  que  preferem  não  ver  o 
manutenção de segredos para restringir a concor­ problema?    Em  terra  de  cegos,  quem  tem  um 
rência,  tão  benéfica  ao  consumidor.    Só  não  vê  olho  é  rei,  mesmo  que  não  consiga  ver  muito 
quem  não  quer,  ou  quem  não  percebe  que  está  longe.
sendo enganado.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |43
CAPA ∙ PRETO NO BRANCO

E,  pelo  jeito,  não  vê  muito  longe,  mesmo!  vel  e  atual  Trisquel,  mas  para  atender  a  todos 
Se  visse,  não  se  faria  cúmplice  dos  fornecedo­ os gostos vale mencionar as também consolida­
res desses componentes, que mantêm seus súdi­ das  BLAG,  Drágora,  dyne:bolic,  Musix,  Vene­
tos  cegos  e  controlados.    Veria  que  isso  é  uma  nux,  as  possíveis  futuras  entrantes  Amagi, 
injustiça  cada  vez  mais  comum,  em  parte  gra­ DelphOS,  GNU+Linux  from  Source  Code,  Neo­
ças  a  sua  cumplicidade  e  liderança.    Que  viver  natoX,  Parábola,  RawGNU,  RMS  e  Tlamaki. 
em  perfeita  harmonia,  como  cantaram  o  branco  Kongoni  deu  uma  escorregada  numa  transição 
Paul  McCartney  e  o  cego  negro  Stevie  Wonder,  de  mantenedor,  mas  aparentemente  já  retornou 
é possível quando aprendemos a dar um ao ou­ ao caminho da liberdade.
tro o que necessitamos para viver.  Isto é, quan­ Além  de  distribuir  somente  Software  Livre, 
do não há opressor e oprimido, feitor e escravo,  evitamos  induzir  usuários  ao  erro,  como  fazem 
agressor e vítima.  A justiça, embora também ce­ tantas  distribuições  ao  sugerir  a  instalação  de 
ga, vê a diferença entre o bem e o mal: percebe  software  privativo.    Tanto  os  nossos  binários 
e não tolera a opressão.  Fechar os olhos à injus­ quanto os nossos fontes devem ser fontes de li­
tiça e à opressão não é tolerância, é cumplicida­ berdade,  não  de  armadilhas  e  aprisionamento. 
de. Nada de contratos com letras miúdas, surpresas 
desagradáveis,  exceções  arbitrárias  ou  segre­
Solução Livre dos obscuros.  É tudo às claras, para todo mun­
do ver e participar.  Preto no branco, como deve 
Partidários  do  Movimento  Software  Livre,  ser.
com  os  dois  olhos  atentos  à  injustiça  social  do 
Copyright 2010 Alexandre Oliva
software privativo, mantemos o Linux limpo e Li­
vre,  sob  o  nome  Linux­libre,  dando  companhia 
ao  mascote­mor  GNU  com  um  simpático  pin­ Cópia literal, distribuição e publicação da íntegra deste artigo 
guim  azul  chamado  Freedo,  sempre  recém­saí­ são permitidas em qualquer meio, em todo o mundo, desde que 
do do banho.  sejam preservadas a nota de copyright, a URL oficial do docu­
mento e esta nota de permissão.
Fugindo  do  modelo  Open  Core  da  imensa 
http://www.fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/pub/preto­no­branco
maioria das distribuição de GNU/Linux, que ofere­
cem funcionalidades adicionais através dos com­
ponentes  privativos  do  Linux  e  outros  ALEXANDRE OLIVA  é conselheiro da 
adicionados  por  elas  mesmas,  também  mante­ Fundação Software Livre América Latina, 
mantenedor do Linux­libre, evangelizador 
mos  e  recomendamos  diversas  distribuições  Li­ do Movimento Software Livre e engenheiro 
vres de GNU/Linux­libre. de compiladores na Red Hat Brasil. 
Graduado na Unicamp em Engenharia de 
Destaco  pessoalmente  a  primeira  da  histó­ Computação e Mestrado em Ciências da 
ria, Ututo; a estabilíssima gNewSense e a amigá­ Computação.

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CAPA ∙ O SUCESSO DO ANDROID

Créditos: http://www.lopezunwired.com/android­wallpaper1_1024x768­thumb­200x150.png
O sucesso do
Android
Como o sistema baseado em Linux da Google mudou 
completamente o mercado móvel
Por Rodrigo Carvalho

O  Android  atualmente  é  um  dos  sistemas 


operacionais  para  dispositivos  móveis  mais  po­
pulares  que  existe.  Dessenvolvido  pela  Google 
com  o  apoio  de  diversas  empresas  que  forma­
ram  a  Open  Handheld  Alliance,  ele  é  baseado 
em  Linux  e  tem  seu  código­fonte  publicado  sob 
uma  licença  de  software  livre.  Seu  sucesso  de 
adoção,  tanto  por  parte  dos  usuários  como  das 
fabricantes,  finalmente  colocou  o  Linux  na  mão 
de milhões de usuários em mundo todo!
No entanto, não é de hoje que grandes em­
presas  investem  na  criação  de  sistemas  abertos 
e  baseados  em  Linux  para  dispositivos  móveis, 
mas não tiveram um destino tão feliz. Mas então 
por que com o Android foi diferente? Para tentar 
entender isto, vamos ver o que aconteceu neste 
mercado.

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CAPA ∙ O SUCESSO DO ANDROID

Visão geral do mercado
A primeira grande empresa a entrar no mer­
cado  de  sistemas  livres  baseados  em  Linux  foi  a 
Nokia  que,  em  2005,  lançou  o  seu  primeiro  inter­
net tablet com a plataforma Maemo: o Nokia 770. 
Depois  disso,  a  finlandesa  lançou  mais  2  produ­
tos  similares  até  que,  em  2009,  ela  resolveu  lan­
çar  o  primeiro  smartphone  da  família:  o  N900. 
Com  este  aparelho,  foi  lançado  o  Maemo  5,  ver­
são esta que seria a última, pois, em 2010, a No­
kia se juntaria com a Intel e sua criação, o Moblin, 
para desenvolver o MeeGo. O motivo da fusão foi 
que,  apesar  do  peso  do  nome  da  Nokia  e  deste 
longo  histórico,  o  Maemo  nunca  realmente  "pe­
Figura 2 ­ Interface do MeeGo para netbooks
gou" a não ser entre os usuários mais avançados 
e interessados em brinquedos tecnológicos.
nux Foundation está apoiando o projeto e, ao que 
O  Moblin  foi  criado  pela  Intel  para  competir  parece,  ele  é  considerado  pela  fundação  a  "ver­
são oficial" do Linux para dispositivos móveis. No 
entanto, até este momento o MeeGo é apenas ex­
pectativa  e  sua  primeira  versão  preparada  para 
usuários finais deverá sair em outubro deste ano.
Outra  empresa  a  investir  foi  a  FIC,  que  não 
é  tão  grande  e  conhecida,  mas  que  não  poderia 
faltar nesta lista, pois seu projeto foi o mais inova­
dor: o OpenMoko. Criado em 2006, ele tinha o ob­
jetivo  de  criar  o  primeiro  smartphone  totalmente 
livre,  tanto  hardware  quanto  software,  e  lançou 
dois produtos seguindo esta filosofia: o Neo 1973 
e  o  Neo  FreeRunner.  O  primeiro  foi  apenas  para 
desenvolvedores,  enquanto  o  segundo  objetivava 
Figura 1 ­ Nokia 770: primeiro internet tablet com Maemo o público geral. No entanto, apesar de toda a liber­
dade  que  traria  aos  fabricantes,  nenhuma  grande 
empresa realmente se interessou por ele. De fato, 
no mercado de netbooks equipados com seus pro­
elas  inclusive  o  consideravam  "aberto  demais"  e, 
cessadores  Atom.  Havia  muita  expectativa  e  al­
com isto, ele foi um fracasso de vendas e de ado­
guns  produtos  foram  até  lançados,  mas  a  Intel 
ção  por  parte  dos  fabricantes.  Apesar  disso,  ele 
não progrediu muito no mercado. Como já foi dito, 
tem  sido  um  ótimo  playground  para  os  hackers 
ela  acabou  juntando  esforços  com  a  Nokia  para 
que  portaram  diversos  sistemas  para  o  aparelho, 
tentar obter mais resultados.
inclusive o próprio Android.
Foi  então  que  surgiu  o  MeeGo,  um  sistema 
Em  2007,  um  grupo  de  empresas,  incluindo 
que  junta  o  conhecimento  da  Nokia  em  tablets  e 
Motorola,  Panasonic,  Samsung  e  Vodafone,  cria­
smartphones  com  o  da  Intel  em  netbooks,  se  tor­
ram  uma  fundação  para  o  desenvolvimento  de 
nando assim a plataforma móvel mais flexível que 
uma  nova  plataforma  móvel  semi­aberta  baseada 
existe  atualmente,  com  previsão  para  ser  usado 
em  Linux:  a  LiMo  Foundation.  Em  pouco  tempo, 
até  mesmo  em  carros.  Importante  falar  que  a  Li­

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CAPA ∙ O SUCESSO DO ANDROID

Figura 3 ­ Neo 1973 com OpenMoko Figura 4 ­ Palm Pre com webOS

diversas  outras  empresas  se  associaram  e  uma  çado em 2008 (o HTC G1), mas a primeira versão 


quantidade  razoável  de  aparelhos  foram  lança­ do  software  só  foi  liberada  ao  público  em  2009. 
dos, mas não decolou e atualmente só é conheci­ De lá para cá, o número de aparelhos com o siste­
da em países orientais, como Japão e Coréia. ma cresce assustadoramente e, há pouco tempo, 
a  vendas  de  smartphones  Android  haviam  ultra­
Outro  caso  de  insucesso  foi  o  webOS  da 
passado  os  iPhones  nos  EUA.  Atualmente  o  de­
Palm. Lançado em 2009, foi uma grande promes­
senvolvimento  dele  está  muito  ativo,  a  loja  virtual 
sa de volta por cima da Palm, primeira gigante do 
cada  vez  mais  populosa  e  lançamentos  com  re­
mundo  da  computação  móvel,  mas  que  havia  es­
cursos excitantes!
quecido  de  se  atualizar  e  acabou  ficando  para 
trás dos concorrentes. Com uma arquitetura de de­
senvolvimento de aplicação inovadora, muita gen­ Controvérsias do Android
te  apostou  que  o  webOS  seria  "o"  sistema  Mesmo  com  todo  o  sucesso,  o Android  está 
operacional  livre  baseado  em  Linux  dominante.  circundado de controvérsias que poderiam ter im­
No  entanto,  as  coisas  também  não  caminharam  pedido todo este sucesso. A principal delas surgiu 
da  forma  esperada  e  a  Palm  foi  comprada  pela  quando  o  Maemo  e  o  webOS  ainda  estavam  na 
HP  em  maio  deste  ano. Ao  que  parece,  a  HP  vai  briga pelo mercado e diziam que o sistema da Go­
dar continuidade ao trabalho, já falando na versão  ogle  não  era  "livre  o  suficiente". Algo  que  alimen­
2.0 do webOS, mas ele está longe de virar a plata­ tou  muito  foi  o  lançamento  do  G1  antes  da 
forma dominante. liberação do software. Além disso, a Google conti­
nua  desenvolvendo  a  portas  fechadas,  no  final, 
Já  o  caso  do Android  foi  totalmente  diferen­
"despejam" (este é o verbo que eles usam) o códi­
te. Em 2007 a Google anunciou seus planos de li­
go­fonte.
berar o sistema que havia adquido com a compra 
da  Android  Inc.  numa  licença  de  software  livre  e  Depois as concorrentes acusaram o Android 
criou  a  Open  Handset  Alliance  em  conjunto  com  de  não  ser  tão  parecido  com  uma  distribuição  Li­
78 empresas. O primeiro aparelho Android foi lan­ nux  como  seus  próprios  sistemas.  De  fato,  o An­

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CAPA ∙ O SUCESSO DO ANDROID

uma versão comunitária do Android. No final aca­
bou  bem,  mas  houve  proibição  de  distribuição 
dos  aplicativos  Google  neste  pacote,  pois  estes 
são de propriedade da empresa.

Por que o Android se tornou um suces­
so?
Esta  é  a  dúvida  que  fica,  após  analisarmos 
o hitórico e as controvérsias ao redor do sistema. 
Seria  pela  qualidade  técnica  do  produto?  Na  mi­
nha  opinião  não,  pois  os  concorrentes  também 
eram,  em  sua  maioria,  muito  competentes.  Pela 
abertura do código e desenvolvimento certamente 
também  não  foi,  pelos  motivos  supracitados  ­  se 
fosse  assim,  o  OpenMoko  que  deveria  ter  se  tor­
nado um sucesso.
O  principal  motivo,  na  minha  opinião,  foi  a 
Google ter fundado uma aliança com diversas em­
presas  fortes  no  mercado  móvel,  fortalecendo  o 
Figura 5 ­ HTC G1 ecossistema do software. Como vimos, a Nokia, a 
Intel e a Palm tentaram partir sozinhas e esperan­
droid  roda  uma  versão  do  Linux  desenvolvida  à  do  que  outras  empresas  se  interessassem  e  se 
parte  da  versão  oficial,  o  que  já  causou  até  mes­ juntassem,  mas  isto  nunca  aconteceu.  No  entan­
mo alguns atritos entre a Google e os desenvolve­ to, a LiMo tentou esta estratégia e foi mal sucedi­
dores  do  sistema  do  pinguim.  No  entanto,  a  da. Daí vem o segundo motivo: um grande nome.
Google  já  tem  planos  de  mudar  isto,  até  mesmo 
por  questões  de  custo  ­  é  caro  manter  uma  ver­ Ter a Google desde o início como cabeça do 
são diferente de qualquer software. desenvolvimento  do  sistema  foi  altamente  benéfi­

Um  pouco  mais  à  frente  a  Google  ainda  te­


ve  um  desentendimento  com  o  CyanogenMod, 

Figura 6 ­ CyanogenMod Figura 7 ­ Neo Freerunner rodando Android

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CAPA ∙ O SUCESSO DO ANDROID

co ao Android, pois é uma empresa respeitada in­ ta com a participação de nenhuma outra empresa 
ternacionalmente, bem vista pelo público e imparci­ ­  se  ele  virar  um  sucesso  realmente  será  uma 
al  no  mundo  móvel.  Esta  imparcialidade  acredito  grande surpresa.
ter  sido  também  fundamental,  até  mesmo  para  a 
formação da Open Handset Alliance, pois é muito 
difícil pensar que, por exemplo, a Motorola iria in­
vestir  num  projeto  liderado  pela  Nokia.  Além  dis­
so,  o  Google  bancou  praticamente  todo  o 
desenvolvimento  dando  às  fabrincantes  um  siste­
ma pronto para usar.
Por  fim,  acho  que  outro  fator  determinante 
foi  a  escolha  da  plataforma  de  desenvolvimento 
de  aplicações:  o  Java.  Esta  é  uma  das  lingua­
gens mais utilizadas no mundo e é muito mais fá­
cil  de  aprender  do  que  C/C++,  necessários  no 
devenvolvimento  para  Maemo  e  Moblin.  No  ca­
so  do  webOS  isto  é  um  pouco  diferente,  pois  o  Figura 8 ­ Huawei IDEOS: Android de baixo custo
desenvolvimento  é  feito  com  tecnologias  web, 
bastante  difundidas  e  de  fácil  assimilação,  mas  Além disso, existe a questão do custo. Cada 
estas tecnologias ainda não estão maduras o su­ vez mais vemos lançamentos de aparelhos chine­
ficiente para desenvolver aplicativos complexos. ses de baixíssimo custo, que atendem a uma par­
cela  da  população  que  não  tem  condições 
financeiras  para  comprar  um  smartphone  topo  de 
Conclusão linha.  Apesar  de,  na  maioria  das  vezes,  terem 
Como pudemos observar, "a união faz a for­ qualidade  duvidosa,  suas  vendas  estão  aumen­
ça",  mas  um  grande  nome  faz  a  diferença.  Além  tando e levantando também a participação do An­
disso,  escolhas  inteligentes  acabaram  por  aniqui­ droid no mercado.
lar  totalmente  as  chances  dos  concorrentes.  Va­
mos ver como o mercado vai se comportar com o 
lançamento  do  MeeGo,  mas,  sinceramente,  acho  Para mais informações:
que  duas  empresas  sozinhas  não  vão  conseguir  Matéria no MaemoBrasil:
competir com um sistema que tem produtos lança­ http://ur1.ca/1rlth
dos por diversos fabricantes.
E  quanto  aos  sistemas  proprietários?  Acho  Matéria sobre Android, Symbian e Meego no Guia do 
muito difícil qualquer plataforma proprietária conse­ Hardware:
guir competir com uma aberta. O iOS (do iPhone)  http://ur1.ca/1rltj
é exclusivo aos produtos Apple e isto não é interes­
sante para o mercado. A plataforma Windows Mo­
bile  é  mais  aberta  à  utilização  pelos  fabricantes, 
RODRIGO CARVALHO é analista de 
mas,  em  sua  nova  versão,  está  adotando  políti­ sistemas com experiência pessoal e 
cas  restritivas  ao  desenvolvimento  de  aplicações  profissional com software livre e membro 
ativo na divulgação do software livre no 
que pode inibir desenvolvedores de aplicativos, as­ Rio de Janeiro através do grupo SL­RJ.
sim  como  está  acontecendo  com  a  Apple.  A 
Samsung também lançou o sistema BadaOS, que 
é baseado em Linux, mas é proprietário e não con­

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CAPA ∙ QUEM NÃO USA LINUX?

QUEM NÃO USA LINUX?
Jan Vansteenkiste ­ sxc.hu
Por Jomar Silva

Acredito que como a maio­ me  faz  esta  pergunta  hoje,  eu 


ria da pessoas que estão lendo  acabo  dando  uma  resposta 
este  artigo,  no  meu  dia  a  dia  que  surpreende  muita  gente: 
eu  convivo  com  muitas  pesso­ Todo mundo!
as  que  são  meros  usuários  de  Muitos acreditam que pen­
informática,  e  não  nerds  e  ge­ so  assim  porque  sou  um  apai­
eks  como  nós.  Há  alguns  anos  xonado  pelo  Software  Livre, 
atrás,  uma  das  perguntas  que  mas  quando  olhamos  com 
as  pessoas  mais  me  faziam  atenção ao mundo que nos cer­
quando  descobriam  com  o  que  ca  hoje,  descobrimos  que  isso 
trabalho era: Quem usa Linux? é a pura realidade: até que não 
A  resposta  sempre  variou  tem  computador  em  casa  usa 
de  tempos  em  tempos,  e  hoje  Linux hoje em dia.
em  dia  é  até  comum  encontrar  Basta ir a um supermerca­
muitos  usuários  de  Linux  no  do  fazer  as  compras  e  quando 
desktop entre os "usuários nor­ chega a hora da fila do caixa, é 
mais"  de  informática.  Por  este  mais  do  que  natural  encontrar 
motivo,  cada  vez  que  alguém 

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CAPA ∙ QUEM NÃO USA LINUX?

o  pinguim  rodando  nos  caixas.  isso  deixo  como  proposta  de  ces  (www.linuxfordevices. 
Isso  aliás  já  se  tornou  algo  tão  pesquisa  para  quem  quiser  se  com).  Eles  costumam  colocar 
comum  que  simplesmente  nem  aventurar  a  escrever  mais  so­ ali  sempre  notícias  sobre  no­
reparo  mais,  como  fazia  há  al­ bre o tema). vos equipamentos que usam Li­
guns  anos  (e  saía  do  caixa  No mercado de smartpho­ nux  e  sempre  me  surpreendo 
com  um  sorriso  no  rosto,  feliz  nes,  a  bola  da  vez  é  o  sistema  com  algumas  coisas  encontra­
da vida.... nerd!). operacional  Android  do  Google  das  por  lá,  que  vão  dos  quase 
Diversos  bancos  utilizam  que novamente é um Linux (ver­ óbvios  smartphones  e  tablets 
Linux  na  sua  infraestrutura  (é  são  pocket).  Além  desse,  exis­ (que aliás estão sendo domina­
Jomar, mas o cliente não vê is­ tem  alguns  aparelhos  da  dos  pelo  Android),  até  coisas 
so),  e  pelo  menos  um  deles  Motorola  que  já  usam  o  siste­ não tão óbvias assim, como te­
(Banco  do  Brasil)  usa  Linux  ma  há  alguns  anos  e  teremos  lefones  VoIP,  robôs,  equipa­
nos  caixas  eletrônicos.  Essa  nos  próximos  meses  o  lança­ mentos  de  áudio  e  vídeo, 
aliás  é  a  coisa  que  mais  tem  mento  de  smartphones  usando  câmeras  de  vídeo,  automóveis 
surpreendido  as  pessoas  nas  o  MeeGo,  que  novamente  é  e  até  relógio  de  pulso  (aliás  o 
conversas  de  final  de  semana,  um  Linux  de  bolso  (e  para  design  desse  relógio  parece 
pois quando falo que todo mun­ meus  amigos  não  ficarem  cha­ ter  vindo  de  um  seriado  Japo­
do  usa  o  sistema  sempre  ou­ teados  comigo,  temos  hoje  o  nês dos anos 80, mas ainda as­
ço:  "Eu  nunca  coloquei  a  mão  N900 que usa o sistema opera­ sim  o  carinha  usa  Linux...  e 
nisso...".  Colocou  sim  (e  literal­ cional livre  e como diz um ami­ este  que  vos  escreve  adoraria 
mente,  pois  os  caixas  tem  tela  go  meu  é  o  "inveja  maker"  no  desfilar  por  aí  com  um  desses 
sensível a toque). mundo dos smartphones). no pulso).

Não  bastasse  estes  dois  Um site que gosto bastan­ O  que  mais  me  deixa  sa­
exemplos  que  acredito  que  co­ te  de  visitar  periodicamente  já  tisfeito  com  esta  constatação  é 
brem a imensa maioria dos bra­ há alguns anos é o Linux Devi­ ver  que  o  mito  de  que  Linux  é 
sileiros,  ainda  temos  duas 
áreas onde o pinguim tem nada­
do  de  braçada:  Internet  e 
smartphones.
           Por mais apaixonado 
Por  mais  apaixonado  que 
um  usuário  seja  pelas  platafor­ que um usuário seja pelas 
mas  proprietárias,  muitos  se 
surpreendem  quando  desco­ plataformas proprietárias, muitos se 
brem  que  grande  parte  dos  si­
tes  e  serviços  que  usam  surpreendem quando descobrem 
diariamente  são  baseados  em 
Linux. O Google que o diga!
que grande parte dos sites e 
Se  colocarmos  na  lista  serviços que usam diariamente são 
além  do  Linux  outros  softwares 
livres como o Apache, aí a lista  baseados em Linux. O Google que 
aumenta  ainda  mais  e  podería­
mos  expandir  o  tema  do  artigo  o diga!
para dizer que todo mundo usa  Jomar Silva
software livre hoje em dia (mas 

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CAPA ∙ QUEM NÃO USA LINUX?

colateral  disso  é  que  Por  essas  e  por  outras 


ela  à  apaixonada  por  que deixo aqui a sugestão a to­
pinguins  e  fica  extre­ dos:  toda  vez  que  alguém  te 
mamente  irritada  perguntar  "Quem  usa  Linux", 
quando  vê  alguém  aproveite  a  oportunidade  para 
chamando  o  Tux  de  iniciar  um  prazeroso  debate  e 
pinguim  ("Ele  é  o  responda:  "Difícil  responder. 
Tux,  não  é  um  pin­ Mais  fácil  é  tentar  encontrar 
guim!").  Também  fica  quem  não  usa  Linux  hoje:  um 
irritada  quando  al­ ermitão". 
guém  tenta  lhe  con­ Espero  ter  deixado  neste 
vencer  que  um  artigo  os  argumentos  básicos 
pinguim  qualquer  é  o  para  animar  discussões  praze­
Tux, e graças ao meu  rosas  e  esclarecedores  nos  fi­
amigo  Oliva,  ela  ago­ nais  de  semana  de  todos 
ra  é  apaixonada  tam­ vocês, e vida longa ao Linux!
Figura 1: Freedo
bém pelo Freedo :)
Mais  legal  do 
coisa pra hacker e difícil de ope­ que  ver  uma  "nativa  digital"  se 
rar  está  definitivamente  caindo  divertindo  no  Linux,  tem  sido 
por  terra,  e  fico  aqui  pensando  ver a reação das pessoas mais 
como  é  que  as  próximas  gera­ vividas quando tem seu primei­
ções  de  usuários  irão  encarar  ro contato com o sistema opera­
o  Linux  em  seus  desktops.  cional.  Novamente  eles  têm 
Não  tenho  dúvidas  de  que  ele  menos dificuldade do que a mai­ JOMAR SILVA é en­
será  praticamente  unanimida­ oria  dos  "usuários  comuns",  genheiro eletrônico e 
de em mais alguns anos. pois  acabam  identificando  mui­ Diretor Geral da ODF 
Alliance Latin Ameri­
Esta  opinião  é  baseada  to  mais  os  aplicativos  (navega­ ca. É também coor­
em  fatos  concretos,  pois  sou  dor, editor de texto, etc) do que  denador do grupo de 
trabalho na ABNT 
pai  de  uma  linda  menininha  o  sistema  operacional  e  na  mi­ responsável pela 
que  é  uma  nativa  digital  e  que  nha  experiência  pessoal  o  co­ adoção do ODF co­
mo norma brasileira 
sempre  usou  Linux  (e  sempre  mentário  que  mais  ouço  é  e membro do OASIS 
fez  tudo  o  que  qualquer  crian­ "nossa,  como  é  rápido  esse  ODF TC, o comitê in­
computador,  heim.  Ele  nunca  ternacional que de­
ça faz no computador, sem pro­ senvolve o padrão 
blema  algum).  O  efeito  trava não ? Pega vírus?"... ODF (Open Docu­
ment Format).

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FORUM ∙ ATITUDE OPEN SOURCE

Atitude
Open Source
Por Alexandre A. Borba

Muitos defensores do uso de patentes e de 
bases proprietárias argumentam que o desenvol­
vimento  tecnológico  só  acontece  por  meio  do 
"fechamento  de  código",  pela  retenção  do  co­
nhecimento. Ainda bem que essa história existe. 
Assim posso provar que isso é uma grande bale­
la.
Um  dos  mais  revolucionários  meios  de 
transporte  que  existe  hoje,  só  foi  possível  por­
que  seu  inventor  recusou  patenteá­lo.  Santos 
Dumont,  pai  da  aviação,  lá  em  1909,  recebeu 
uma  proposta  para  patentear  o  seu  mais  novo 
invento,  o  Demoiselle.  Como  fez  anteriormente 
com  outras  invenções,  Santos  Dumont  recusou 
a  patente,  e  semanas  depois  liberou  o  projeto 
para publicação na revista "Popular Mechanics", 
livre  para  qualquer  pessoa  copiar,  modificar  e 
melhorar.  Dessa  forma,  voamos  de  um  lado  pa­
ra o outro hoje graças ao espírito colaborativo e 
a atitude open source de Santos Dumont.
Quando  um  projeto  é  patenteado  e  tem  o 
seu  código  fechado,  fecham­se  também  as  por­

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |54
FORUM ∙ ATITUDE OPEN SOURCE

Isso  tudo  só  vem  provar  que  o  uso  de  pa­


tentes  e  códigos  fontes  fechados  com  a  descul­
pa  de  desenvolvimento  tecnológico  é  realmente 
  uma  conversa  fiada.  Comprovadamente,  um 
software  de  código  aberto  tem  muito  menos 
            Comprovadamente  chances  de  conter  bugs  e  erros  críticos  do  que 
um  software  proprietário.  Porém,  vale  uma  res­
um software de código  salva:  um  software  de  código  aberto  só  é  real­
mente  confiável  e  estável  se  ele  tiver  uma 
aberto tem muito menos  comunidade  ativa,  pois  é  essa  comunidade  que 
ficará por conta da auditoria de códigos e corre­
chances de conter bugs  ção  de  bugs.  Sem  uma  comunidade  ativa,  um 
software  livre,  na  maioria  das  vezes,  é  tão  con­
e erros críticos do que  fiável  quanto  um  software  proprietário  feito  pelo 
um software proprietário.  sobrinho do tio do seu cunhado.
Existe  uma  frase  que  eu  escuto  desde  pe­
Porém, vale uma ressalva,  queno do meu pai: "Meu filho, conhecimento é a 
única  coisa  que  nunca  vão  poder  te  tirar  e  que 
um software de código  não ocupa espaço algum. Porém, você só vai re­
almente  conhecer  alguma  coisa  o  dia  que  você 
aberto só é realmente  ensinar isso para alguém."
confiável e estável se ele 
tiver uma comunidade  Contribua para o desenvolvimento e a 
evolução. Seja Open Source.
ativa...
A  ideia  desse  artigo  surgiu  depois  de  um 
Alexandre A. Borba bate­papo  com  Jean  e  Leonardo  Félix,  durante 
o  Software  Freedom  Day  2010,  que  aconteceu 
na  Escola  Estadual  Gomes  Cardim,  em  Vitó­
ria/ES.
tas para os avanços. Um trabalho limitado a cer­
ta quantidade de pessoas fica mais fadado ao fra­
casso. O que poderia ser útil para muitos acaba 
engavetado e esquecido. Mas quando um proje­
to é colocado em domínio público e tem o seu có­
digo  fonte  aberto,  a  situação  se  inverte 
totalmente.  Qualquer  pessoa,  de  qualquer  parte 
do mundo, tem acesso ao código para corrigir er­
ALEXANDRE A. BORBA é desenvolvedor 
ros, sugerir modificações e melhorias para adap­ de Sistemas Web em PHP, estudante de 
tá­lo  às  suas  necessidades.  Isso  faz  com  que  Ciência da Computação e grande 
entusiasta e defensor do Software Livre. 
pequenas  ideias  se  tornem,  no  final,  gigantes­ Participa da comunidade TUX­ES e ainda 
cos  projetos,  úteis  para  todo  o  mundo,  como  foi  contribui na gestão das mídias sociais da 
Revista Espírito Livre.
o caso do avião.

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FORUM ∙ O DESAFIO DE COORDENAR PROJETOS COLABORATIVOS

O desafio de coordenar 
projetos colaborativos
Por Marco Vinycius dos Santos Passos
Svilen Milev ­ sxc.hu

No  mundo  do  software  livre  colaboração  é  2. Fazer uma reunião geral com o grupo:


a palavra chave para o desenvolvimento de qual­ Após  o  cadastro  dos  colaboradores,  deve­
quer  projeto.  Porém,  nem  todo  projeto  onde  se  rá ocorrer uma reunião, que além de servir para 
envolve a colaboração, termina da forma deseja­ que  todos  se  conheçam,  geralmente  ocorre  o 
da e por uma questão muito simples, falta de or­ chamado  brainstorming  (chuva  de  ideias)  onde 
ganização.  Como  em  qualquer  projeto  que  podem  aparecer  ideias  interessantes  para  o  de­
possamos desenvolver ao longo da vida, um pro­ senvolvimento do projeto.
jeto  envolvendo  colaboração  também  tem  que 
ser organizado e deverá seguir algumas normas 
para dar certo e devido a minha experiência práti­ 3. Definir a visão e a missão do projeto:
ca acredito que estas normas possam ser as se­
Assim  como  uma  empresa,  um  projeto  de 
guintes:
colaboração  deve  ter  sempre  uma  visão  e  uma 
missão,  pois,  desta  forma  será  demonstrado  a 
1. Descrever o objetivo do projeto: todos os integrantes do grupo além de um norte 
a seguir, uma visão macro de como conseguir al­
Como  em  todo  projeto,  primeiro  devemos  cançá­lo.
definir o objetivo deste projeto para entre outras 
coisas  atrair  colaboradores  interessados  no  te­
ma  proposto.  Geralmente,  estes  objetivos  po­
dem ser divulgados em blogs ou páginas wiki.

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FORUM ∙ O DESAFIO DE COORDENAR PROJETOS COLABORATIVOS

4. Definir as etapas do projeto: 8. Promover o resultado alcançado:
É muito importante que o projeto seja dividi­ Após a conclusão dos trabalhos, este pode­
do em etapas, que estas etapas tenha uma priori­ rá ser publicado e distribuído para que tenha vi­
dade  e  que  sejam  determinados  prazos  para  a  sibilidade, isso motiva o grupo de colaboradores 
conclusão  de  cada  etapa,  pois,  assim  se  terá  a continuar e com certeza promover a colabora­
uma  visão  geral  de  como  está  o  andamento  do  ção. Como o mundo do software livre a filosofia 
projeto. da colaboração é bastante forte, podem ser utili­
zadas, por exemplo, as redes sociais e os blogs 
para divulgação.
5. Levantamento de riscos:
Em todo projeto deve haver um levantamen­
to de riscos, este visa mensurar os possíveis ris­ 9. Dar os devidos créditos:
cos  ao  projeto  para  que  desta  forma  possamos  Já  me  deparei  com  um  caso  que  me  dei­
tomar atitudes que minimizem os riscos ao anda­ xou muito triste, pois apesar do esforço em con­
mento  do  projeto.  Por  exemplo,  um  projeto  que  junto  que  um  projeto  como  este  exige,  após  a 
começa com 10 colaboradores e destes 4 desis­ construção do produto, todo o conteúdo foi des­
tem terá o tempo previsto para o termino da eta­ viado  para  fins  particulares  e  não  foram  dados 
pa  comprometido,  então  a  rotatividade  de  os devidos créditos a equipe de desenvolvimen­
colaboradores  é  um  risco  sempre  presente  em  to.  Isso  além  de  causar  uma  enorme  frustração 
projetos que envolvem colaboração.   da  equipe  envolvida,  leva  ao  enfraquecimento 
do movimento de colaboração, pois desestimula 
a participação de novos adeptos e "queima" a fi­
6. Definir os líderes do projeto: losofia envolvida por trás do projeto.
Mesmo sendo um projeto em que a colabo­
ração  e  fornecida  de  forma  voluntária,  à  gerên­
cia  deve  existir  por  vários  motivos.  Primeiro  Neste  material,  procurei  demonstrar  um 
mensurar  melhor  o  tempo,  pois  cada  colabora­ pouco  da  minha  pequena  vivência  em  projetos 
dor geralmente colabora em seu tempo livre e is­ de colaboração e espero ter ajudado para a difu­
so  significa  que  poderá  ser  a  qualquer  hora.  são do tema.
Depois  cobrar  o  resultado,  pois  colaborar  em 
um projeto mesmo que de graça e no tempo va­ Obs.: Esta matéria foi diagramada por Caio Rego, durante o Workshop de Scribus, 
go  significa  também  ter  responsabilidade  com  o  ministrado por João Fernando Costa Júnior, que aconteceu durante as atividades 
projeto, pois, este está sendo desenvolvido para  do II FASOL, no início deste mês, em Santarém/PA.
entre outras coisas, ser disponibilizado para o pú­
blico.

7.  Documentar  o  processo  de  constru­


ção do projeto: MARCO VINYCIOS DOS SANTOS 
PASSOS é administrador de sistemas 
Este  é  um  ponto  bastante  importante  do  linux, estudante de sistemas de 
informação e adepto ao uso de 
projeto,  pois,  a  documentação  poderá  servir  co­ software livre. Colaborador ativo do 
mo  referência  para  outros  projetos  e  isso  torna  projeto BRSamba e de comunidades do 
um projeto de código aberto onde existe a cola­ mundo do software livre. Mantenedor 
do blog http://www.brasilopencode. 
boração sustentável.  blogspot.com.

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FORUM ∙ A FRONTEIRA FINAL: O USUÁRIO DOMÉSTICO

A fronteira final:
o usuário doméstico
Por Jamerson Tiossi

É  impossível  contestar  que  as  tecnologias 


envolvidas  no  software  livre/código  aberto 
(SL/CA) são superiores às envolvidas no softwa­
re proprietário. O mercado de servidos que o di­
ga.
Mas nota­se um esforço não tão silencioso 
assim  para  que  o  mercado  de  usuário  domésti­
co continue do jeito que está: atestando a supre­
macia do software proprietário.
Por  mais  que  se  deseje  construir  sistemas 
que  funcionem  bem  via  linhas  de  comando,  os 
desenvolvedores  dos  sistemas  operacionais 
SL/CA têm que assumir que o usuário padrão te­
me  isto  mais  que  o  diabo  teme  a  cruz.  Iniciar 
qualquer  explicação  como  "Clique  em  terminal, 
faça o login como administrador..." dá um nó no 
raciocínio do usuário comum que impossibilita­o 
de  dar  seqüência.  Se  ele  decidir  contratar  al­
guém  para  fazer  a  instalação  para  ele,  tanto  pi­
or,  pois  diante  das  dificuldades  que  por  ventura 
irá  enfrentar  o  "instalador"  aconselha  trabalhar 
com uma tecnologia que já conhece. Convenha­

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FORUM ∙ A FRONTEIRA FINAL: O USUÁRIO DOMÉSTICO

so  Internet.  Problema  1.  Depois  de  ler  alguma 


literatura,  descobri  que  os  arquivos  eram  grava­
dos em uma pasta e que era possível copiar os 
        Por mais que se  arquivos para outra máquina e executar a insta­
lação.  Sim,  tive  algumas  dificuldades,  pois  al­
deseje construir sistemas  guns  pacotes  já  haviam  sido  baixados  e 
instalados  em  meu  computador  e  por  isso  o 
que funcionem bem via  download  do  pacote  do  Blender  não  os  previu. 
Na nova máquina, o erro obrigou a baixar manu­
linhas de comando, os  almente  os  pacotes  requeridos  e  ir  aos  poucos 
copiando  os  pacotes,  algo,  diga­se  de  passa­
desenvolvedores dos  gem, chato. Mas não desisti. Sabia intuitivamen­
te  que  deveria  haver  uma  forma  de  resolver  a 
sistemas operacionais  questão e busquei a resposta.
SL/CA têm que assumir  O mais certo é que este modelo de instala­
ção  deveria  passar  por  um  re­estudo  de  modo 
que o usuário padrão teme  que  seja  possível  ao  usuário  copiar  facilmente 
todos  os  pacotes  que  compõem  uma  aplicação 
isso mais que o diabo teme  para  outra  máquina.  O  modelo  atual  privilegia  a 
programação  descentralizada  utilizando  pacotes 
a cruz. desenvolvidos pela comunidade, de modo a que 
ao  instalar  um  software  qualquer  o  próprio  pro­
Jamerson Tiossi
cesso  escolha  o  pacote  mais  recente  para  seu 
perfil (seja a máquina, seja o software). Mas jun­
tar  os  pacotes  de  instalação  com  o  mínimo  re­
querido  poderia  ser  uma  possibilidade  para 
mos  que  é  mais  prático,  já  que  a  estrutura  de  facilitar a disseminação. E não pense que todos 
pastas,  arquivos,  comandos  e  erros  mais  co­ tem acesso à Internet, por que não é verdade. 
muns desta linha de software já é de seu conhe­
cimento e ele saberá como resolver. Pense  no  jovem  de  origem  humilde,  que 
comprou o computador com dificuldade. Por op­
Para que se conquiste o usuário doméstico  ção decidiu o SL/CA. Ele só faz o acesso na lan 
é necessário mudar o paradigma e fazer publici­ house e usa o pen drive para copiar arquivos pa­
dades  e  parcerias.  O  software  livre  não  tem  di­ ra  sua  própria  máquina.  Um  pacote  [   talvez  um 
nheiro para isso! arquivo compactado [  com todos os pacotes ne­
cessários seria uma mão na roda. Hum... mas e 
quem tem acesso à rede e já tem parte dos pa­
Alterar o que não funciona
cotes instalados? Teria que fazer o download de 
O  software  livre  cresce  silenciosamente  tudo  novamente?  Simples,  em  termos,  criemos 
em várias frentes e todos elogiam os produtos a  uma  nova  opção  para  o  comando  apt­get,  uma 
que  tem  contato.  Mas  algumas  coisas  impedem  opção barra alguma coisa que iria baixar e agre­
um  crescimento  ainda  maior.  Um  dos  exemplos  gar todos os pacotes, facilitando assim a vida do 
é a instalação de programas.  usuário comum.
Semana  passada  instalei  o  "Blender" 
(software  para  animação  3D)  em  minha  máqui­
na, mas queria usar em outra que não tem aces­

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FORUM ∙ A FRONTEIRA FINAL: O USUÁRIO DOMÉSTICO

O cliente e sua necessidade
Aí  está  o  problema  do  desenvolvedor  de 
software,  especialmente  o  desenvolvedor  de 
software deste nível: ele acredita que é possível               O usuário 
as  pessoas  aprenderem  facilmente  alguns  co­
mandos.  A  seta  piscante  do  shell  dos  sistemas  comum de computador é 
operacionais  é  uma  dificuldade  especial  para 
quem não teve contato com MS­DOS ou UNIX. aquele que usa um 
O usuário comum de computador é aquele  sistema operacional, uma 
que  usa  um  sistema  operacional,  uma  suite  de 
escritório e um navegador de internet. Nem clien­ suite de escritório e um 
te  de  e­mail  ele  usa  ("Dá  trabalho  para  configu­
rar!"),  preferindo  o  processamento  e  navegador de internet. 
armazenamento  das  mensagens  nas  nuvens. 
Com este modelo ele já está acostumado. 
Nem cliente de e­mail 
É certo que a união Ubuntu, BrOffice.org e  ele usa...
Mozilla  Firefox  supre  esta  demanda,  mas  surge 
Jamerson Tiossi
o tempo ocioso da máquina.
É  neste  tempo  que  surgem  as  necessida­
des  dos  usuários.  Coisas  triviais  como  Skype 
(tem versão para Ubuntu) e MSN (tem o progra­ Dos  SL/CA  o  que  mais  se  aproxima  real­
ma  aMSN,  que  chega  a  copiar  um  skin  idêntico  mente desta realidade é o Ubuntu, com seu am­
ao programa proprietário) são facilmente resolvi­ biente  amigável  e  facilidade  de  instalações 
das apenas quando os usuários sabem da exis­ adicionais, ainda que haja muitas limitações e al­
tência  destes  softwares.  Gravadores  de  guns  recursos  técnicos  necessitem  de  linhas  de 
DVD/CD  (K3B)  ou  programas  player  de  música  comando digitadas no terminal. 
MP3 (Rhythmbox) compõem facilmente o conjun­ Temos que repensar nosso papel como de­
to  de  programas  necessários  para  os  usuários.  senvolvedor  e  responder  a  questão  sobre  quem 
Para  aqueles  que  gostam  de  manipular  ima­ queremos  como  usuários:  uma  meia  dúzia  glo­
gens,  o  GIMP  substitui  facilmente  o  PhotoShop,  bal  de  gênios  ou  ter  uma  estação  com  SL/CA 
e tinha uma facilidade adicional que vinha por pa­ em cada computador do planeta.
drão na instalação do Ubuntu até a versão 9.10.
A  linha  de  raciocínio  que  quero  comparti­
lhar  com  os  usuários  e  desenvolvedores  de 
SL/CA é que não devemos pressupor uma inteli­
gência especial para o usuário. Devemos produ­
zir  telas  amigáveis  que  permitam  que  o  JAMERSON ALBUQUERQUE TIOSSI é 
Gestor de Sistemas Informatizados, pós­
processo de instalação se desenvolva da manei­ graduado em Engenharia de Software (com 
ra  mais  tranqüila  possível,  e  que,  na  medida  do  ênfase em software livre), e bacharelando 
em Administração Pública. Desenvolve sis­
possível, se automatize ao máximo. Assim a tran­ temas de base de dados desde o início dos 
sição  de  uma  plataforma  de  software  proprietá­ anos 1.990 e atualmente trabalha com Ja­
va, NetBeans, Ubuntu e MySQL, não exata­
rio para outra com SL/CA será possível. mente nesta ordem. Mantêm um blog sobre 
quadrinhos e mídias em http://osilenciodos­
carneiros.blogspot.com.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |60
FORUM ∙ AGORA É A VEZ DO OPENOFFICE.ORG

Agora é a vez do OpenOffice.org
Por Alexandre A. Borba

Na  manhã  desta  terça­feira  (28  de  setem­


bro) foi divulgada a criação de uma comunidade 
chamada  The  Document  Foundation,  que  tem 
como  objetivo  sustentar  um  projeto  chamado 
LibreOffice,  um  fork  do  OpenOffice.org.  Os  de­
senvolvedores  estavam  preocupados  com  o  fu­
turo  da  suite  de  escritórios,  e  decidiram  se 
antecipar e se desvincular da Oracle. 
Tudo isso só vem para aumentar a polêmi­
ca  em  torno  da  Oracle  e  da  comunidade  open 
source.  Recentes  acontecimentos  envolvendo  o 
nome  Oracle  e  o  gigante  das  buscas  Google, 
em torno do sistema operacional para celulares, 
o Android, causou muita polêmica e uma dúvida 
muito grande sobre o que a Oracle planeja fazer 
com  seus  projetos  open  source,  que  adquiriu 
junto à compra da Sun.
Mas  isso  também  nos  leva  a  vários  outros 
questionamentos. Ao que se sabe até o momen­
to, a Oracle, ao contrário do que aconteceu com 
o  OpenSolaris,  não  tinha  se  manifestado  sobre 
o  OpenOffice.org  e  nem  sobre  a  possível  des­

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |61
FORUM ∙ AGORA É A VEZ DO OPENOFFICE.ORG

continuidade  do  projeto.  O  que  nos  leva  à  per­ Uma  das  coisas  que  muito  justifica  o  uso 
gunta: esse não teria sido um passo precipitado  do  OpenOffice.org  em  várias  empresas,  sejam 
da comunidade? elas  grandes  ou  pequenas,  era  o  fato  de  existir 
A licença que está em uso no LibreOffice é  uma empresa de respeito dando o devido respal­
a LGPL3. O problema das licenças não pode fa­ do  ao  projeto.  Não  que  a  comunidade  criada 
zer com que o LibreOffice perca algumas funcio­ não seja de respeito, muito pelo contrário, os in­
nalidades que hoje o OpenOffice.org possui? tegrantes  são  pessoas  com  excelentes  inten­
ções  e,  inclusive,  vindos  da  equipe  de 
Alguns  não  sabem,  mas  o  nome  desenvolvimento  do  próprio  OpenOffice.org. 
BrOffice.org,  adotado  pelo  projeto  no  Brasil,  na­ Mas  ainda  não  tem  a  mesma  visibilidade  que  a 
da  mais  é  que  uma  versão  traduzida  do  Open  Sun, e agora mais recentemente, a Oracle, tem, 
Office.org  em  inglês,  com  a  adição  de  dicionári­ dando  apoio  e  colocando  sua  marca  no  projeto. 
os  locais,  menus  de  ajuda,  e  carregando  nesta  Sim,  certo,  é  fato  que  a  Canonical,  Google, 
mudança de nome, uma questão polêmica: o fa­ Novell, Red Hat e Open Source Initiative anunci­
to do termo OpenOffice pertencer a uma peque­ aram o seu apoio à comunidade e ao projeto Li­
na  empresa  brasileira  que  proibiu  o  uso  do  breOffice.  Mas  uma  coisa  é  dar  apoio,  outra 
nome por aqui. Dessa forma, com o nome do pro­ coisa é colocar o nome.
jeto  passando  a  ser  LibreOffice,  aparentemente 
não  mais  justifica  o  nome  BrOffice.org.  Estaria  Muitas questões ainda ficarão muito tempo 
então, o BrOffice.org fadado ao limbo? O projeto  sem respostas, outras brevemente serão respon­
continuará  com  este  nome  ou  mudará?  Isto  in­ didas. Mas uma coisa é certa, se a Oracle resol­
flui em alguma coisa? Só o tempo irá dizer. ver  descontinuar  o  projeto  OpenOffice.org,  já 
temos  uma  alternativa  no  mesmo  nível  e  que  já 
tem  um  forte  apoio.  Entretanto,  se  a  Oracle  re­
solver tocar o barco com o OpenOffice.org, man­
tendo­o  como  está,  nós  teremos  mais  uma 
ótima  suite  de  escritório  no  mercado,  de  código 
             Uma das  aberto  e  gratuita.  De  uma  forma  ou  de  outra,  a 
comunidade open source em geral saiu ganhan­
coisas que muito justifica o  do. Agora, sobre a comunidade BrOffice.org, se­
ria bom se o projeto OpenOffice.org continuasse 
uso do OpenOffice.org em  existindo,  pois  mudar  de  nome  nessa  altura  do 
várias empresas, sejam  campeonato, não sei se seria uma boa ideia.

elas grandes ou pequenas, 
era o fato de existir uma 
empresa de respeito dando 
o devido respaldo ao  ALEXANDRE A. BORBA é desenvolvedor 
de Sistemas Web em PHP, estudante de 
projeto. Ciência da Computação e grande 
entusiasta e defensor do Software Livre. 
Participa da comunidade TUX­ES e ainda 
Alexandre A. Borba contribui na gestão das mídias sociais da 
Revista Espírito Livre.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |62
FORUM ∙ HENRY JENKINS E OS SENTIDOS DA CONVERGÊNCIA

Henry Jenkins e os 
sentidos da convergência
Por Yuri Almeida

A  revista  Contracampo  Apesar de lembrar que ca­


(do  Programa  de  Pós­gradua­ minhamos  para  uma  conver­
ção  em  Comunicação  ­  UFF)  gência  tecnológica,  Jenkins 
publicou  uma  excelente  entre­ disse  que  o  novo  no  processo 
vista com Henry Jenkins conce­ de  convergência  é  "a  fluidez 
dida  ao  Vinicius  Navarro.  Na  com  que  o  conteúdo  midiático 
conversa,  Jenkins  diz  que  a  passa  por  diferentes  platafor­
convergência esteve sempre as­ mas;  por  outro,  a  capacidade 
sociada  a  questões  tecnológi­ do  público  de  empregar  redes 
cas,  o  novo  conceito,  segundo  sociais para se conectar de ma­
ele, é cultural. neiras  novas,  para  moldar  ati­
"A indústria agora tenta sa­ vamente  a  circulação  desse 
tisfazer  uma  demanda  ampla  conteúdo,  para  desafiar  publi­
pelas  mídias  que  nós  consumi­ camente os interesses dos pro­
dores queremos, quando quere­ dutores  de  comunicação  de 
mos  e  onde  queremos.  Há  massa".
uma tentativa de satisfazer o de­ Questionado  sobre  a  divi­
sejo do público de participar ati­ são (social e de geração) e su­
vamente  na  produção  e  as  relações  com  a 
circulação  de  conteúdo  midiáti­ convergência,  o  pesquisador 
co". diz  que  o  existe  desigualdade 
no  acesso  às  habilidades  e 

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FORUM ∙ HENRY JENKINS E OS SENTIDOS DA CONVERGÊNCIA

aos conhecimentos para partici­ Convergência e cognição as,  como  combinar  a 


par  dessa  "cultura  convergen­ Jenkis  lembra  que  toda  capacidade  dos  jovens  de  pro­
te".  A  alternativa,  segundo  ele,  tecnologia  oferece  possibilida­ cessar  múltiplos  canais  de  in­
é  o  fortalecimento  da  "cultura  de de ganhos e perdas cogniti­ formação  com  os  valores  da 
participatória", que resulta na di­ vas e segundo ele estamos em  contemplação  e  da  meditação, 
versificação  do  conteúdo  e  de­ uma fase de transição e a ques­ que  eram  virtudes  das  velhas 
mocratização  do  acesso  aos  tão não é saber do resultado fi­ formas de aprendizado".
canais de comunicação". nal  dessa  equação  entre  Para o autor, diante da so­
Ainda  nessa  se­ convergência e cognição.  brecarga  de  informa­
ara,  Henry  Jenkins  é  ção,  mais  do  que 
professor  de  Ciências  nunca  "vamos  preci­
Humanas  e  fundador  sar  do  pensamento 
e  diretor  do  programa                   Questionado sobre  crítico,  porque  vamos 
de  Estudos  de  Mídia  navegar,  tanto  indivi­
Comparada  do  MIT  ­  a divisão (social e de  dual  como  coletiva­
Massachusetts  Institu­ mente,  por  uma 
te  of  Technology,  que  geração) e suas relações  paisagem  de  informa­
também  sedia  o  C3  ­  ção  muito  mais  com­
Convergence  Culture  com a convergência, o  plexa".
Consortium,  elenca 
dois  problemas  relaci­
pesquisador diz que existe  A  proposta  dele 
é  construir  uma  cultu­
onados  a  divisão. 
"Nossas  instituições 
desigualdade no acesso às  ra  de  especialidades 
diversas  e  múltiplas 
educacionais  estão  habilidades e aos  formas  de  conheci­
bloqueando  os  ca­ mento.  "Individual­
nais  de  mídia  partici­ conhecimentos para  mente,  não  podemos 
patória,  em  vez  de  muito  contra  o  tsuna­
integrá­los  as  suas  participar dessa "cultura  mi  de  informação  que 
práticas.  E  as  empre­
sas  frequentemente  convergente".  quebra  sobre  nós  to­
dos  os  dias.  Coletiva­
fazem  uso  das  leis  de  mente,  no  entanto, 
propriedade  intelectu­ Yuri Almeida temos  a  capacidade 
al  para  calar  o  desejo  mental  de  enfrentar 
do  público  de  se  en­ problemas  comple­
gajar  mais  plenamen­ xos,  que  normalmen­
te  com  os  conteúdos  de  nossa  "A  questão  é  como  equili­ te  estariam  bem  além  de 
cultura". brar novas e velhas competênci­ nossas capacidades pessoais".

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |64
FORUM ∙ HENRY JENKINS E OS SENTIDOS DA CONVERGÊNCIA

pectivas  de  personagens 


secundários ou periféricos, retor­
                    As empresas não  nando à "nave­mãe" com um no­
vo quadro de referência".
serão capazes de controlar os 
mecanismos de produção e 
circulação cultural.
Yuri Almeida

Convergência e fragmen­
tação pessoas  se  tornarão  "piratas" 
Para  Jenkis  a  sobrecarga  ao  tentar  satisfazer  seus  inte­
de  informação  nos  deixou  mais  resses  num  ambiente  midiático 
conscientes  da  diversidade  de  que  apóia  maior  participação 
nossa  cultura,  por  outro  lado  a  ao mesmo tempo em que o am­
circulação  de  novos  conteúdos  biente  legal  procura  canalizar 
tornou­se  mais  fluida,  tendo  essa  participação  para  servir 
em  vista  a  minimização  do  po­ aos interesses de grandes con­
der do gatekeeper. Por outro la­ glomerados  de  mídia",  essa  é 
do,  "as  pessoas  tendem  a  se  a  aposta  do  pesquisador  quan­
encontrar  online  com  gente  do  questionado  sobre  o  "lugar" 
que já conhecem na vida cotidi­ dos  direitos  autorais  e  proprie­
ana;  elas  tendem  a  procurar  dade  intelectual  em  ambientes 
pessoas  como  elas,  em  vez  de  colaborativos.
usar a tecnologia para criar no­ Por  fim,  Jenkis  diz  que 
vas pontes". "as  extensões  transmidiáticas  YURI ALMEIDA é jor­
nalista, especialista 
oferecem  mais  informação  e  a  em Jornalismo Con­
oportunidade  de  explorar  mais  temporâneo, pesqui­
Direito autoral, proprieda­ plenamente  os  mundos  ficcio­ sador do jornalismo 
de intelectual e participa­ nais.  Permitem  o  engajamento  colaborativo e edita 
o blog herdeirodoca­
ção com  histórias  de  pano  de  fun­ os.com sobre ciber­
As  empresas  não  serão  do ou realçam o impacto a lon­ cultura, novas 
tecnologias e jornalis­
capazes  de  controlar  os  meca­ go  prazo  dos  eventos  mo. Contato: hdoca­
nismos  de  produção  e  circula­ narrativos.  Ou  ainda  redirecio­ os@gmail.com / 
twitter.com/herdeiro­
ção  cultural.  "E  aí  mais  e  mais  nam  o  foco  em  torno  das  pers­ docaos.

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DESENVOLVIMENTO ∙ O que devo usar? Um Framework ou um CMS?

Svilen Milev ­ sxc.hu
O que devo usar? 
Um Framework ou um CMS?
Por Juliana Kryszczun

A  quantidade  de  informações  disponíveis 


na  Internet  aumenta  cada  vez  mais.  Por  isso,  a 
forma  de  disponibilizar  essas  informações  é  de 
suma  importância  para  que  os  sites  se  desta­
quem  no  meio  de  tantos.  Os  frameworks  e  os 
CMS  dão  o  suporte  necessário  para  manter  as 
informações  organizadas,  cada  um  de  sua  ma­
neira.  Muitas  vezes  uma  equipe  de  desenvolvi­
mento  opta  em  usar  determinado  framework 
para  o  desenvolvimento  de  um  site,  quando  o 
uso  de  um  CMS  se  adequaria  melhor  a  realida­
de  da  empresa.  Acontece  também  o  contrário, 
empresas  começam  utilizando  um  CMS  e  de­
pois mudam para um framework, não fazendo a 
reutilização  do  código,  resultando  em  perda  de 
tempo e desgaste da equipe.
Vou colocar aqui uma breve descrição e as 
principais  funcionalidades  do  framework  e  do 

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DESENVOLVIMENTO ∙ O que devo usar? Um Framework ou um CMS?

CMS (retiradas de alguns sites e livros) para auxi­ onar valor em vez de reinventar a roda;
liar na escolha entre os dois. A intenção não é fa­ ­    Menos  manutenção  devido  a  fatoração 
zer uma análise comparativa, pois cada um tem  de aspectos comuns a várias aplicações; 
seu objetivo.
­ Uso de herança, em caso de frameworks 
Um  framework  é  uma  estrutura  de  classes  orientados a objeto;
inter­relacionadas, que constitui uma implementa­
ção  inacabada,  para  um  conjunto  de  aplicações  ­  Estabilização  melhor  do  código  (menos 
de  um  domínio.  Além  de  permitir  a  reutilização  defeitos) devido ao uso em várias aplicações; 
de  um  conjunto  de  classes,  também  minimiza  o  ­ Melhor consistência e compatibilidade en­
esforço  de  desenvolvimento  de  novas  aplica­ tre aplicações. Entre outras funcionalidades.
ções,  pois  já  contém  a  definição  de  arquitetura 
gerada a partir dele, além de ter predefinido o flu­
xo de controle da aplicação. A  ideia básica por trás de um gerenciador 
de  conteúdo,  ou  em  inglês,  CMS  ­  Content  Ma­
nagement  System  ­  é  a  de  separar  o  gerencia­
Principais  funcionalidades  do  Fra­ mento  de  conteúdo  do  design  gráfico  das 
mework páginas  que  apresentam  o  conteúdo.  Quando 
­ Redução de custos e redução de time­to­ um  usuário  solicita  uma  página,  as  partes  são 
market, devido a maximização de reuso; combinadas para produzirem a página HTML pa­
drão.  O  objetivo  é  exatamente  o  de  estruturar  e 
­ Desenvolvedores se concentram em adici­ facilitar  a  criação,  administração,  distribuição, 
publicação  e  disponibilidade  da  informação  ­ 
conteúdo. Seu conteúdo deve ser preciso, atuali­
zado, intuitivo, e bem organizado para ser utiliza­
do  pelo  público  alvo.  Os  CMS  são  a  resposta 
 A ideia básica por  mais  adequada  para  a  gestão  otimizada  à  pro­
blemática  da  gestão  de  conteúdos.  Um  CMS 
trás de um gerenciador de  apoia o gerenciamento de informações, focando 
conteúdo, ou em inglês,  na  captação,  ajuste,  distribuição  de  conteúdos 
para agilizar o processo de negócios de uma or­
CMS ­ Content  ganização.

Management System ­  é 
Principais  funcionalidades  de  um 
a de separar o gerencia­ CMS
­  Gestão  de  usuários  e  dos  seus  direitos 
mento de conteúdo do  (autenticação, autorização, auditoria); 
design gráfico das  ­ Criação, edição e armazenamento de con­
teúdo em formatos diversos (html, doc, pdf, etc.);
páginas que apresentam  ­ Uso intensivo de metadados ou proprieda­
o conteúdo. des que descrevem o conteúdo; 
­  Controle  da  qualidade  de  informação, 
Juliana Kryszczun
com fluxo ou trâmite de documentos;
­ Classificação, indexação e busca de con­

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DESENVOLVIMENTO ∙ O que devo usar? Um Framework ou um CMS?

teúdo (recuperação da informação com mecanis­ lização  é  rápida,  através  do  tipo,  ou  qualidades 


mos de busca); (cor,  tamanho,  e  similares).  CMSs  fornecem  as 
­ Gestão da interface com os usuários (usa­ ferramentas  para  dividir  os  conteúdos  em  peda­
bilidade, arquitetura da informação);  ços  (ou  componentes),  organizá­los  em  grupos 
(índices),  e  armazená­los  em  um  lugar  de  fácil 
­  Gestão  de  configuração  (controle  de  ver­ acesso (em bases de dados e arquivos XML). O 
sões);  CMS  é  um  conceito  que  permite  aos  usuários 
­  Gravação  das  ações  executadas  sobre  o  de  negócio  gerenciar  os  conteúdos  de  seus  si­
conteúdo  para  efeitos  de  auditoria  e  possibilida­ tes, portais corporativos, intranets ou aplicações 
de de desfazê­las em caso de necessidade. En­ web,  sem  necessariamente  ter  conhecimentos 
tre outras funcionalidades. técnicos (programação). 
Fazer  uma  boa  escolha  de  acordo  com 
sua  realidade  no  início  pode  evitar  grandes  pro­
Avaliando  a  necessidade  de  um  blemas  depois  que  o  site  ou  portal  crescer.  A 
Framework qualidade da informação disponibilizada e a usa­
Um  framework  pode  ser  entendido  como  bilidade  da  interface  com  o  usuário  são  fatores 
um  'modelo'  para  o  desenvolvimento  de  sites,  de grande impacto no sucesso final.
que  pode  ser  modificado  de  acordo  com  as  ne­
cessidades  sem  modificar  sua  essência.  Garan­
tindo  que  o  modelo  continue  igual  e  suas 
funcionalidades sejam aprimorada. O desenvolvi­ Para mais informações:
mento de software é facilitado com o uso de fra­ Artigo sobre Framework na Wikipédia
mework,  os  envolvidos  podem  usar  mais  tempo  http://pt.wikipedia.org/wiki/Framework
com as atividades principais do software do que 
com  os  detalhes  tediosos,  de  baixo  nível  do  Artigo sobre CMS na Wikipédia
mesmo. Com o uso de frameworks, os desenvol­ http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_de_gerenciamento_de
vedores conseguem ter controle de seu tempo e  _conteúdo
de seus códigos­fonte, as tarefas repetitivas são 
minimizadas, os projetos são concluídos em me­
nos tempo e os padrões são seguidos. JULIANA KRYSZCZU é bacharel em 
Sistemas de Informação, pós­graduada 
em Engenharia de Software com Ênfase 
em Software Livre, certificada em teste 
Avaliando  a  necessidade  de  um  pela ISTQB. Atualmente trabalha como 
analista de teste. Gosta e admira a forma 
CMS como o software livre é feito. Depois que 
conheceu GNU/Linux nunca mais largou 
Gerenciar  conteúdo  fica  mais  fácil  a  partir  e incentiva pessoas a experimentarem 
do  momento  em  que  esses  estão  organizados  também. Nas horas vagas aprende 
em grupos e armazenados em lugar onde a loca­ Python e escuta música.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |68
REDES ∙ GERÊNCIA DE REDES COM O ZABBIX

Gerência de Redes com 
Zabbix
Por André Déo e Aécio Pires

gerard79 ­ sxc.hu

Para atender aos requisitos do negócio, as 
redes  de  computadores,  principalmente  as  das 
médias e grandes empresas/instituições, são for­
madas por uma grande quantidade de hardware 
e  componentes  de  software  deixando­as  mais 
complexas.  Gerenciá­las  significa  lidar  diaria­
mente com riscos que podem ser causados pela 
má  configuração  dos  serviços,  bugs  de  softwa­
re,  problemas  de  segurança,  desempenho  e  in­
terrupção dos equipamentos. 
Para  desempenhar  essa  atividade,  os  ge­
rentes  de  rede  podem  utilizar  um  Sistema  de 
Gerenciamento de Rede (Network Manager Sys­
tem ­ NMS), que é uma coleção de ferramentas 
integradas para monitoração e controle da rede. 
(STALLINGS:1999). A figura 1 mostra a ideia ge­
ral do funcionamento de um NMS.

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REDES ∙ GERÊNCIA DE REDES COM O ZABBIX

Figura 1 ­ Funcionamento de um sistema de gerenciamento de rede.

Como mostra a figura 1, um sistema de ge­
Características
­ Possui suporte a maioria dos sistemas operaci­
renciamento de rede monitora os dispositivos co­
onais: Linux, Solaris, HP­UX, AIX, FreeBSD, 
letando  os  dados  enviados  por  agentes  ou 
OpenBSD, NetBSD, Mac OS X, Windows, entre 
aplicações  clientes  instaladas  nos  dispositivos 
outros;
que  estão  sendo  gerenciados  (etapa1).  De  pos­
­ Monitora serviços simples (HTTP, POP3, 
se  desses  dados,  o  sistema  analisa­os  e  dessa 
IMAP, SSH, ICMP Ping) sem o uso de agentes;
forma é capaz de saber o que está acontecendo 
­ Suporte nativo ao protocolo SNMP;
com cada dispositivo (etapa 2). Se um problema 
­ Interface de gerenciamento Web, de fácil utili­
for  detectado,  ele  envia  alertas  ou  toma  uma 
zação;
ação  pré­configurada  pelo  gerente  (etapa  3)  e 
­ Integração com banco de dados (MySQL, Ora­
passa  a  gerenciar  os  dispositivos  de  forma  pró­
cle,PostgreSQL ou SQLite);
ativa  evitando  que  o  problema  aconteça  nova­
­ Geração de gráficos em tempo real;
mente, usando como base as informações coleta­
­ Fácil instalação e customização;
das,  ações  tomadas  anteriormente, 
­ Agentes disponíveis para diversas plataformas: 
probabilidades  e  tendências  dos  acontecimen­
Linux,Solaris, HP­UX, AIX, FreeBSD, 
tos ocorridos.
OpenBSD,SCO­OpenServer, Mac OS X, Win­
Um sistema de gerenciamento de rede bas­ dows 2000/XP/2003/Vista;
tante  conhecido  é  o  Zabbix[4],  que  será  o  tema  ­ Agentes para plataformas 32 bits e 64 bits;
principal de uma série de artigos que estaremos  ­ Integração com os Contadores de Performan­
publicando  nesta  revista.  O  objetivo  da  série  é  ce do Windows;
mostrar as características, vantagens e desvanta­ ­ Software Open Source distribuído pela Licença 
gens do Zabbix, ensinar como instalá­lo no Ubun­ GPL v2;
tu  Server  e  CentOS,  usar  a  interface  Web  e  ­ Excelente Manual [  Possui licenciamento pró­
monitorar alguns equipamentos e serviços de re­ prio [  Não GPL;
de,  partindo  das  configurações  básicas  até  as  ­ Envio de alertas para: E­mail, Jabber, SMS;
mais específicas. ­ Suporte a Scripts personalizados.

O que é Zabbix?
Um Software Livre (e de código fonte aber­ Componentes Zabbix
to ­ Open Source) com sistema de monitoramen­ Neste  primeiro  artigo  estaremos  abordan­
to  distribuído  capaz  de  monitorar  a  do  de  forma  resumida  as  características  de  ca­
disponibilidade e performance de toda sua infra­ da  componente,  para  que  você  possa 
estrutura  de  rede,  além  das  aplicações  e  servi­ conhecê­los  e  entender  seu  papel  na  estrutura 
ços de rede.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |70
REDES ∙ GERÊNCIA DE REDES COM O ZABBIX

do  Zabbix.  Nos  próximos  artigos  os  componen­ Agente:


tes serão detalhados no momento em que forem  ­ Servidor de coleta de dados;
abordardos. ­ Executa comandos remotos;
­ Registra logs de eventos.

Server:
Proxy:
­ Núcleo do Zabbix, concentra toda a lógica do 
­ Coleta remota de dados;
sistema. Os agentes são usados apenas para co­
­ Coleta de milhares de valores por segundo;
leta de dados;
­ Diminui a carga do servidor.
­ Realiza o processamento de Dados, responsá­
vel pelo escalonamento das informações.
A  figura  2  mostra  a  atuação  de  cada  com­
Interface Web: ponente  numa  rede  gerenciada  pelo  Zabbix.  Os 
­ Acesso ao histórico de dados; agentes  coletam  as  informações  de  cada  dispo­
­ Configuração de todos os elementos (Hosts,  sitivo e envia ao servidor Zabbix, que recebe os 
Mapas, Gráficos, Screens, Slide Show, Actions,  dados,  guarda­os  no  banco  de  dados  e  a  partir 
Discovery, Usuários e etc). das configurações realizadas pelo gerente na In­
terface  Web,  processa­os,  fazendo  o  diagnósti­
co  de  cada  dispositivo  antes  de  tomar  uma 
ação, ao passo que salva os resultados no ban­
co de dados para consultas posteriores.

Figura 2 ­ Componentes do Zabbix

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |71
REDES ∙ GERÊNCIA DE REDES COM O ZABBIX

O que torna o Zabbix tão especial? me e IP do equipamento, tudo que existe para o 
­ All­in­one (tudo em um), única solução quando  primeiro  switch  passar  a  existir  para  o  segundo, 
se trata de monitoramento! e  lembre­se  os  gráficos  são  gerados  em  tempo 
­ Todos os dados históricos, tendências e configu­ real.
ração são armazenados em um banco de dados;
­ Preparado para controle dos pequenos até os 
grandes ambientes distribuídos; Zabbix Brasil
­ Solução verdadeiramente Software Livre  Zabbix Brasil[5] é a comunidade de usuári­
(GPLv2), não existe versões comerciais; os  brasileiros  do  Zabbix  criada  em  11/06/2008 
­ Toda a lógica está do lado do servidor, os agen­ por André Déo[3] com o objetivo de compartilhar 
tes são usados apenas para coleta de dados; conhecimento  e  documentar  o  uso  deste  siste­
­ Extremamente flexível! Triggers, escalations,  ma.
new checks, screens e muito mais; A  comunidade  possui  o  site  zabbixbra­
­ Projetado para lidar com as comunicações ins­ sil.org, o wiki zabbixbrasil.org/wiki, o perfil @zab­
táveis; bixbr  no  Twitter  e  a  lista  de  discussão 
­ Suporte total ao IPv6. http://br.groups.yahoo.com/group/zabbix­brasil/, 
que  conta  com  mais  de  200  usuários  cadastra­
Por que usar o Zabbix? Por que não  dos. No site e wiki da comunidade estão disponí­
usar um outro NMS Open Source/ Co­ veis  artigos,  slides,  tutoriais  e  outras 
mercial? informações úteis. 
A principal vantagem do Zabbix é a facilida­ Participe da comunidade, não apenas para 
de  de  manipulação  dos  objetos,  o  que  agiliza  tirar  dúvidas,  mas  também  para  contribuir  com­
muito o trabalho do dia­a­dia. partilhando o seu conhecimento com outras pes­
Vamos te dar um exemplo prático, nós ado­ soas. 
ramos exemplos!
Digamos  que  você  possui  50  switches  Instalando o Zabbix Server
iguais,  e  você  quer  monitorar  o  tráfego  de  rede  No  site  e  no  wiki  da  comunidade  Zabbix 
de cada porta.  Brasil há dois tutoriais de instalação do Zabbix:
Você  vai  criar  os  itens  de  cada  porta  uma  http://tinyurl.com/2udtbxp => ao acessar es­
única vez e salvá­los como template, depois bas­ te link será iniciado o download do tutorial de ins­
ta usar este template para os 50 switches. Você  talação do Zabbix 1.8.3 no Ubuntu Server 10.04, 
vai  criar  os  gráficos  (e  Triggers,  Actions  e  etc)  usando o banco de dados PostgreSQL.
apenas  no  primeiro  switch  e  depois  copiá­lo  pa­
ra  os  outros  49.  Tudo  isso  selecionando  itens  e 
clicando em botões como copy e/ou clone. http://tinyurl.com/2wqvvjy  =>  neste  link  es­
tá  disponível  o  tutorial  de  instalação  do  Zabbix 
Gostou?  Pois  saiba  que  estamos  apenas 
1.8  no  CentOS  5.4,  usando  o  banco  de  dados 
nos aquecendo...
MySQL.
Digamos que você não tinha nenhum NMS 
na sua rede, você vai começar o trabalho agora, 
então você cria o primeiro switch, com tudo que  Se você não quer investir muito tempo ins­
necessitar  (gráficos,  triggers,  actions,  etc),  salva  talando o Zabbix a partir da compilação do códi­
e  depois  clica  no  botão    Full  Clone,  pronto  seu  go  fonte,  pode  acessar  a  página 
segundo  switch  está  pronto,  basta  mudar  o  no­ http://www.zabbix.com/download.php,  na  sessão 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |72
REDES ∙ GERÊNCIA DE REDES COM O ZABBIX

Zabbix  Appliance,  para  baixar  a  iso  de  um  Li­ Referências


veCD  ou  de  uma  máquina  virtual  pré­configura­
[1] ALVIN, Pedro Paulo. FERREIRA, José Alberto de Lima. 
da  para  o  Virtualbox[6],  VmWare[7]  ou  Xen[8]  PIRES, Aécio dos Santos. SNMP/Zabbix. Disponível em: 
com o Zabbix instalado no OpenSuse 11.2, usan­ http://www.slideshare.net/aeciopires/snmp­idez. Acessado em: 
10 de setembro de 2010.
do o banco de dados MySQL. Depois de fazer o 
download,  acesse  a  página  http://www.zabbix  [2] CHIU AND SUDAMA, 1992. Apud. STALLINGS, W. SNMP, 
SNMPv2, SNMPv3 and RMON 1 and 2. 3. ed. Boston: Addison­
.com/documentation/1.8/manual/installation/  Wesley, 1999.
appliance    para  obter  as  informações  e  senhas  [3] DEO, André. ­ Fundador e moderador da comunidade Zabbix 
necessárias para iniciar os testes.  Brasil. Disponível em: http://andredeo.blogspot.com. Acessado 
em: 10 de setembro de 2010.
Como  o  conhecimento  compartilhado  nes­ [4] Zabbix. Disponível em: www.zabbix.com. Acessado em: 10 
ta  série  será  exposto  de  forma  contínua  e  apro­ de setembro de 2010.
fundada,  recomendamos  fortemente  que  você  [5] Zabbix Brasil ­ Comunidade de usuários brasileiros do 
instale o componente Zabbix Server para ter ca­ Zabbix. Disponível em: http://zabbixbrasil.org. Acessado em: 10 
de setembro de 2010.
pacidade de praticar as instruções a serem mos­
tradas nos próximos artigos da série. [6] VirtualBox. Disponível em: http://virtualbox.org. Acessado 
em: 10 de setembro de 2010.

[7] VmWare. Disponível em: http://vmware.com. Acessado em: 
10 de setembro de 2010.
Considerações finais
[8] Xen. Disponível em: http://www.xen.org/. Acessado em: 10 
Neste  artigo  mostramos  os  motivos  pelos  de setembro de 2010.
quais  uma  rede  deve  ser  gerenciada,  o  que  é 
um  sistema  de  gerenciamento  de  rede  e  como  ANDRÉ DÉO é bacharel em Sistemas de 
ele  funciona.  Além  disso,  mostramos  o  Zabbix,  Informação, com Especialização em Redes 
de Computadores, atualmente é 
um  sistema  de  gerenciamento  de  redes  bastan­ Administrador de Redes no Gabinete do 
te  conhecido  entre  os  gerentes  e  administrado­ Reitor da Unicamp e Professor Universitário 
na Faculdade Policamp, usuário de Linux 
res de rede. desde 2002 (Slackware e CentOS), seus 
interesses incluem Software Livre, SNMP, 
Ao longo do artigo foi possível conhecer me­ Gerência de Redes, Videogames, Séries e 
lhor  este  sistema,  saber  como  instalá­lo  e  como  Filmes. Email: andredeo@gmail.com |
http://andredeo.blogspot.com.
obter  ajuda  da  comunidade.  Nos  próximos  arti­
gos mostraremos como utilizar os outros compo­
nentes  Zabbix  e  como  usar  a  interface  Web  AÉCIO PIRES é Tecnológo em Redes de 
para gerenciar os dispositivos de rede. Computadores pelo IFPB, está se 
especializando em Segurança da 
Vale lembrar que para acompanhar o racio­ Informação na Faculdade iDEZ e trabalha 
cínio  e  seguir  as  instruções  a  serem  mostradas  como Administrador de Sistemas na 
Dynavídeo. Email: aeciopires@gmail.com | 
nos  próximos  artigos,  recomendamos  que  você  http://aeciopires.com.
instale o componente Zabbix Server. 
Bons estudos e até a próxima edição.

14 a 16 de outubro
Uberlândia ­ MG
http://emsl.softwarelivre.org/

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |73
SYSADMIN ∙ AGREGAÇÃO DE LINKS NO NETBSD

Agregação
de Links no
NetBSD
Por Alan MeC Lacerda

Oi caro leitor, depois de um tempinho afas­ ta de rede (placa de rede) não é suficiente pra a 
tado estou de volta para mostrar mais do nosso  demanda,  ou  quando  um  servidor  precisa  estar 
excelente sistema operacional ­ o NetBSD. Des­ funcionando  mesmo  que  uma  placa  de  rede 
ta  vez  vamos  conhecer  e  aprender  a  configurar  (NIC)  dê  problema,  a  solução  de  agregação  de 
a agregação de links. links pode ser considerada como uma solução.
Se  a  questão  for  a  demanda  muito  grande 
CONHECENDO e a NIC atual não tem capacidade de responder 
à  tal  demanda,  teríamos  a  opção  da  compra  de 
"Agregação  de  link,  ou  IEEE  802.3ad,  é  uma placa de rede mais veloz e um switch com 
um termo da rede de computadores que descre­ capacidade para essa nova placa [  por exemplo 
ve  o  uso  de  múltiplos  cabos/portas  de  rede  em  um upgrade de 100 Mbps para uma placa + swit­
paralelo para aumentar a velocidade além do limi­ ch com capacidade de 1Gbps. Mas é lógico que 
te  de  um  único  cabo  ou  porta,  e  para  aumentar  essa  solução  é  muito  mais  cara  do  que  agregar 
a  redundância  para  alta  disponibilidade..."  várias portas do switch atual e fazer dessas por­
[http://www.worldlingo.com/ma/enwiki/en/Link_  tas um único link, aumentando a velocidade (por 
aggregation ­ em Inglês]  que  agora  teriam  mais  de  uma  placa  de  rede 
Como  pudemos  ver  na  definição  acima,  a  respondendo às requisições).
agregação de link, ou a junção de vários links pa­ Segundo  a  referência  citada  anteriormen­
ra  formar  um  só,  é  bastante  útil,  e  podemos  fri­ te, quando a agregação de links estiver ocupan­
sar  a  sua  utilidade  em  ambientes  de  alta  do  entre  40%  e  50%  do  switch  aí  sim  seria  a 
disponibilidade. hora  de  considerar  a  compra  de  equipamentos 
O que levaria uma pessoa a optar pelo uso  com maior capacidade.
da  agregação  de  links?  Simples:  "custo  reduzi­ Veja  por  exemplo  uma  agregação  de  links 
do". Em um ambiente onde a velocidade da por­ feita entre dois switchs:

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |74
SYSADMIN ∙ AGREGAÇÃO DE LINKS NO NETBSD

vamos  informar  quais  placas  de  rede  reais  se­


rão  representadas  pela  agr0.  Para  isso  ainda 
usamos  o  comando  ifconfig,  agora  da  seguinte 
maneira:

Figura 1: Agregação de links feito entre dois switchs #ifconfig agr0 agrport pcn0
#ifconfig agr0 agrport pcn1
No  exemplo  acima,  três  portas  de  ambos 
os  switchs  estão  sendo  unidas  para  formar  um 
único caminho lógico. A comunicação é distribuí­ Com  esses  dois  comando  nós  adiciona­
da  entre  essas  portas  mas  são  enxergadas  co­ mos  ao  nosso  tronco  as  duas  placas  de  rede 
mo  que  passando  por  um  único  caminho.  Caso  que existem no computador ( pcn0 e pcn1 ). Po­
uma  dessas  portas  falhem  a  comunicação  entre  demos  conferir  o  resultado  disso  com  o  coman­
os switchs não será interrompida, ela continuará  do ifconfig ­a:
por meio dos outros dois caminhos ainda disponí­
veis.

MÃO NA MASSA
Então vamos por a mão na massa. Vale res­
saltar  que  é  necessário  ter  mais  de  uma  placa 
de rede no computador para a configuração a se­
guir. Figura 3: ifconfig ­a após adicionada as interfaces

Primeiro vamos criar o dispositivo virtual pa­
ra o trunk: Notem que a saída agora é diferente. Na in­
terface  agr0  vemos  que  existem  portas  agrega­
das a ela. Agora podemos endereçar a interface 
#ifconfig agr0 create
virtual, que ela responderá pelas duas interfaces 
físicas.
Após feito isso podemos verificar se a inter­ Sei que você já conhece a maneira de en­
face  foi  criada  com  o  comando  ifconfig  ­a.  Veja  dereçarmos uma placa usando o comando ifcon­
no meu caso qual a saída: fig.  Caso  tenha  dúvidas  consulte  os  artigos 
anteriores escrito para esta mesma revista.

O PROBLEMA DA REINICIALIZAÇÃO
Tudo bem que o objetivo de nosso servidor 
não é ficar reiniciando, mas isso pode acontecer 
por vários motivos. E, como a maioria das confi­
Figura 2: ifconfig ­a após a criação do trunk
gurações  feitas  em  tempo  de  execução,  essa 
agregação de links será perdida quando o siste­
Podemos  ver  que  temos  mais  uma  intefa­ ma operacional reiniciar.
ce na lista, a agr0 que acabamos de criar. Agora  Para  sanar  este  problema,  vamos  criar  o 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |75
SYSADMIN ∙ AGREGAÇÃO DE LINKS NO NETBSD

arquivo de configuração que será lido na iniciali­ tá  tudo  OK  caso  o  sistema  seja  reiniciado  de­


zação do sistema e a nossa agregação permane­ pois de entrar em produção.
cerá intacta. Espero  ter  sido  de  ajuda,  e  qualquer  dúvi­
Vamos criar o arquivo /etc/ifconfig.agr0 ( es­ da  estamos  sempre  à  disposição  pra  ao  menos 
ta nomenclatura é padrão para arquivos de confi­ tentar ajudar.
guração  de  interfaces  de  rede.  O  nome  após  o 
ponto refere­se ao nome da interface ­ leia mais 
sobre isso em artigos anteriores escrito para es­
ta  mesma  revista  ).  E  dentro  desse  arquivo  va­
mos colocar as seguintes linhas: Para mais informações:
Site Oficial NetBSD:
http://www.netbsd.org
create
agrport pcn0 NetBSD Kernel Interfaces Manual ­ AGR
http://netbsd.gw.com/cgi­bin/man­cgi?agr++NetBSD­
agrport pcn1
current
inet 10.1.1.1 netmask 255.255.255.0
NetBSD System Manager's Manual ­ IFCONFIG
http://netbsd.gw.com/cgi­bin/man­cgi?ifconfig+8+NetBSD­
Com essas linhas de configuração, ao inici­
current
ar,  o  sistema  operacional  vai  criar  a  interface 
agr0, agregar à ela as interfaces pcn0 e pcn1, e 
endereçar a agr0 com o IP 10.1.1.1/24.

FINALIZANDO
ALAN MeC LACERDA é formando em 
Então, meu caro leitor, existe alguma coisa  Tecnologia de Redes de Computadores. 
mais fácil do que isso? Basta ficarmos atentos à  Especializando em segurança da 
informação, amante de segurança de redes 
nomenclatura das placas de rede que queremos  e programação desde a infância. Co­
agregar, pois elas variam a depender do fabrican­ fundador da Célula de software livre da 
Universidade Jorge Amado. Consultor de 
te ( pcn0 pode ser rtk0 ou outro nome ). Lembre  Redes e sistemas operacionais.
sempre de reiniciar o sistema para testar se es­

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |76
NEGÓCIOS LIVRES ∙ RE­EDUCAÇÃO LIVRE

CELAL TEBER ­ sxc.hu
RE­EDUCAÇÃO LIVRE
Por Paulino Michelazzo

Ainda  existem  pessoas  somos seres humanos. Pesqui­


que,  mesmo  depois  de  tantas  sadores  já  afirmaram,  basea­
provas e inúmeros estudos, du­ dos  em  estudos  ao  redor  do 
vidam da capacidade do softwa­ mundo,  que  sempre  fomos  se­
re  livre  de  "fazer  dinheiro".  res  sociais  e  que  compartilhá­
Enraizados  como  uma  sequóia  vamos  do  convívio  para  a 
milenar,  não  aceitam  que  algo  caça,  a  pesca  e  mais  adiante, 
"gratuito"  possa  ser  responsá­ a  agricultura.  Nossos  ances­
vel  por  dividendos  tanto  para  trais viviam em um mundo mui­
quem  cria,  quanto  para  quem  to  diferente  do  nosso  mas  já 
usa.  E  de  onde  vem  esta  dúvi­ sabiam  que  compartilhar  o  fo­
da?  Porque  ainda  pensam  as­ go, o alimento e o medo, torna­
sim  e  mais,  o  que  fazer  para  vam  as  tarefas  mais  fáceis 
mudar a visão míope destes? para  todos  e  todos  ganhavam 
O  modelo  do  software  li­ com isso.
vre não é novidade. Digo, a co­ Milhares  de  anos  depois, 
laboração em torno de um bem  já  na  Idade  Média,  nasceu  a 
comum é conhecida desde que  prensa de Gutemberg, que per­

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |77
NEGÓCIOS LIVRES ∙ RE­EDUCAÇÃO LIVRE

mitiu  a  mudança  da  partilha  do 


conhecimento por meio do con­
to  para  o  papel.  Democratizou­
se (em partes, claro) a sabedo­
ria  que  poucos  detinham  para         Richard Stallman não 
uma massa inumerável de pes­
soas  no  velho  continente  e  na 
inventou o software livre. Ele já 
Ásia.  Mais  uma  vez,  a  partilha 
se  tornou  a  principal  força  mo­
existia desde o início da história da 
triz  para  levar  a  sociedade  adi­ computação, quando as empresas 
ante.
Assim,  a  história  prova  produziam hardware e precisavam 
por meio de seus longos e lon­
gos  anos  que  o  compartilha­
do software que era embarcado 
mento é inerente a nós e que é 
benéfico  à  todos.  Aquele  que 
neste hardware, sem ônus.
pensa  o  contrário,  ou  vive  fora 
Paulino Michelazzo
da  Terra  ou  seu  nível  de  mes­
quinhês  suplanta  qualquer  ou­
tro sentimento.
uma caixa preta distante da rea­ que a obtenção de lucro com o 
Richard  Stallman  não  in­ lidade do leigo em questões jurí­ software  livre,  além  de  não  ser 
ventou  o  software  livre.  Ele  já  dicas,  criam­se  mitos  em  torno  permitido,  é  impossível.  "Não 
existia  desde  o  ínicio  da  histó­ destes que permitem as mais di­ existe  almoço  grátis",  "alguém 
ria  da  computação,  quando  as  fusas  interpretações,  tais  como  tem  que  pagar  a  conta"  e  "coi­
empresas  produziam  hardware  "o  software  livre  não  pode  ser  sa  grátis  é  ruim"  são  sempre 
e  precisavam  do  software  que  vendido".  Explicando  uma  vez  os  principais  argumentos  usa­
era  embarcado  neste  hardwa­ por  todas:  ele  pode  ser  vendi­ dos.  Como  o  ouvinte  tende  a 
re,  sem  ônus.  Seu  grande  feito  do.  Não  existe  em  nenhuma  li­ acreditar naquele que fala, prin­
foi organizar o caos e trazer de  nha  da  principal  licença  livre,  a  cipalmente  por  seu  alto  cargo 
volta  a  essência  do  software  e  GPL  (General  Public  License),  dentro  de  uma  enorme  empre­
do ser humano, fechada por in­ algo que diga ao contrário. Ou­ sa  multinacional,  não  passa 
teresses  de  alguns  poucos  que  tras  licenças  livres  também  por  sua  cabeça  a  possibilidade 
somente visavam retorno finan­ não  possuem  tal  restrição  e  de  manipulação.  "Imagine,  co­
ceiro.  Com  esta  organização  não  me  lembro,  em  meus  par­ mo  uma  empresa  como  esta 
sob uma licença livre, consegui­ cos conhecimentos, uma que fa­ iria  me  enganar?"  Infelizmente 
mos  hoje  garantir  a  partilha  do  ça  algo  semelheante  (se  você  a verdade está longe disso.
conhecimento  existente  em  ca­ conhece,  por  favor,  entre  em  Desta  forma,  pessoas  de 
da  linha  de  código  dos  milhões  contato comigo e me avise). todos  os  tipos,  culturas  e  ní­
de  softwares  livres  existentes 
Mas,  empresas  e  pesso­ veis  sociais  são  realmente  ma­
no mundo. Cada pedaço passí­
as que não desejam ver o cres­ nipuladas  por  interesses 
vel  de  uso  por  qualquer  pes­
cimento  do  compartilhamento  maiores  que  os  seus  próprios 
soa,  onde  estiver  e  para 
de  idéias  e  softwares,  embu­ de  uma  forma  muito  eficiente: 
qualquer propósito.
tem de forma magistral no pen­ mexendo  no  bolso,  o  órgão 
Como  o  licenciamento  de  samento  dos  menos  avisados  mais  sensível  do  ser  humano. 
software,  seja  ele  qual  for,  é 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |78
NEGÓCIOS LIVRES ∙ RE­EDUCAÇÃO LIVRE

tituições  que  procuravam  a  re­


dução  de  custo  de 
desenvolvimento  e  também  a 
      Mas, empresas e  qualidade  que  o  software  livre 
apresenta.  Mais  ainda,  eram 
pessoas, que não desejam ver o  clientes  que  estavam  saindo 
do mundo do software licencia­
crescimento do compartilhamento  do  por  meio  de  pagamento  pa­
ra  abraçar  uma  solução  que 
de ideias e softwares, embutem trouxesse  mais  conforto  na  ad­
ministração do código e mais li­
de forma magistral no pensamento  berdade  para  a  escolha  dos 
fornecedores.
dos menos avisados que a 
Neste  período,  mantive 
obtenção de lucro com software  dezenas  de  profissionais  traba­
lhando,  pagando  seus  salários 
livre, além de não ser permitido,  e  entregando  os  projetos  com 
o  fruto  da  venda  de  serviços 
é impossível. baseados em softwares já exis­
tentes,  mas  que  precisam  de 
Paulino Michelazzo customizações  e  adaptações 
para  serem  usados  nos  diver­
sos cenários de clientes de vá­
Diante  da  possibilidade  de  ver 
Como  mudar  este  rios  segmentos  da  economia. 
os  filhos  passando  fome  por  Eu era então uma micro­empre­
pensamento?
não  ter  dinheiro  para  pagar  a  sa  que,  usando  o  software  li­
conta  do  almoço,  corretamente  Não  é  tarefa  fácil  pois  a 
vre,  gerava  emprego  e  renda 
afastam­se  do  software  livre  e  munição  daqueles  que  não  de­
da  mesma  forma  que  qualquer 
continuam a viver dentro do se­ sejam  a  continuidade  destas 
outra empresa.
guro  mundo  da  ignorância  (já  ideias  libertárias  é  grande  e 
me disseram certa vez que a ig­ quase infinita. Mas existem mei­ Este é um pequeno exem­
norância é uma bênção). os eficientes para fazê­lo valen­ plo,  mas  como  ele  existem  mi­
do­se  principalmente  de  bons  lhares  espalhados  pelo  Brasil 
Não  existe  argumento  pa­ e  pelo  mundo.  São  empresári­
exemplos.
ra  um  pai  apavorado  com  esta  os  e  pessoas  que  desafiam  o 
possibilidade e seria um despro­ Durante  dois  anos  e  meio 
modelo  atual  para  trabalhar 
pósito  enorme  fazê­lo.  Antes  fui  dono  de  uma  empresa  "li­
com novas opções que na mai­
de  qualquer  ideologia  ou  dese­ vre" onde usávamos software li­
oria  das  vezes  mostram­se 
jo, colocamos sempre o bem es­ vre  como  ferramentas  para  a 
muito  mais  vantajosas  em  sua 
tar  de  nossos  filhos  adiante  de  produção  de  soluções  de  Inter­
lucratividade.
qualquer  coisa.  Resumidamen­ net  para  clientes  em  todo  o 
te, o medo é a forma mais efici­ país.  O  mais  interessante  era  Nada  muda  na  concep­
ente  de  afastar  do  que em nossa carteira de clien­ ção  de  uma  empresa.  Conti­
compartilhamento  de  conheci­ tes,  a  grande  maioria  não  era  nua­se  a  pagar  impostos 
mento,  pessoas  que  tem  inte­ de  pequenas  empresas,  mas  (infelizmente),  continua­se  a 
resse em fazê­lo. sim de grandes empresas e ins­ contratar  pessoas,  continua­se 
a  ter  projetos  com  milestones, 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |79
NEGÓCIOS LIVRES ∙ RE­EDUCAÇÃO LIVRE

tarefas  e  atores  e  continua­se 


a ter prazos. O que muda é so­
mente  a  plataforma  que  está 
sendo  usada  para  a  entrega 
de  uma  solução  ao  cliente,  na­
        Para que a roda da 
da  mais  que  isso.  Se  colocar­
mos  lado  a  lado  uma  empresa 
economia gire de forma correta, é 
que  trabalha  com  softwares  do  necessário o planejamento habitual 
modelo  de  licenciamento  pago 
e  uma  empresa  que  trabalha  para qualquer negócio, mas também 
com  softwares  livres,  veremos 
que as obrigações são as mes­ a coragem de desbravar novas 
mas,  os  custos  os  mesmos  e 
as  atividades  idem.  Entretan­ oportunidades.
do, o custo de aquisição na se­
gunda  coluna  é  reduzido  a  Paulino Michelazzo
zero,  o  que  impacta  diretamen­
te no valor final pago pelo clien­
te. A seguir teria feito e poderíamos hoje fa­
lar um idioma diferente.
É  importante  ressaltar  Sei  que  deixar  as  garanti­
que  não  só  de  serviços  vive  o  as  de  lucro  certo  (se  é  que  is­ Pense a respeito.
software  livre,  mas  também  de  so  tem  garantia)  para  Em  tempo:  a  empresa  foi 
produtos.  Imagine  por  exemplo  embarcar  num  modelo  diferen­ vendida  para  um  grupo  de  in­
uma  caixinha  com  uma  placa­ te não é tarefa fácil. Eu mesmo  vestidores  e  hoje  me  dedico  a 
mãe,  um  processador,  alguma  antes da criação de minha em­ consultoria  com  outra  empre­
memória e um pequeno disco rí­ presa  pensei  milhares  de  ve­ sa, livre é claro.
gido com um sistema operacio­ zes  naquela  condicional  "e 
nal  livre  embarcado  que  juntos  sei " Muita coisa pode dar erra­
geram  um  dispositivo  multimí­ da  e  dá  errada,  principalmente  Para mais informações:
dia para uso na televisão da sa­ quando  não  se  planeja  as  Site Paulino Michelazzo
la.  O  que  muda  entre  o  uso  do  ações.  Isso  não  é  somente  pa­ http://www.michelazzo.com.br
software  livre  e  o  software  pro­ ra  uma  empresa  "livre";  todas 
prietário  neste  cenário?  O  cus­ elas  sofrem  do  mesmo  mal  em 
to  do  hardware  que  é  menor  nosso  país,  independentemen­
na  primeira  opção  pois  não  te  do  modelo  a  ser  adotado  (o  PAULINO 
Sebrae sabe bem disso). MICHELAZZO traba­
são  necessários  potentes  pro­ lha com TI há 20 
cessadores  e  diversos  gigaby­ Para que a roda da econo­ anos. Especializou­
tes  de  memória  e  claro,  o  se em CMSs livres, 
mia gire de forma correta é ne­ atuando hoje como 
sistema  operacional  que  não  cessário  o  planejamento  consultor web nas 
tem custo de aquisição e vai re­ habitual  para  qualquer  negócio 
ferramentas tais co­
mo Drupal, Joomla!, 
duzir,  no  mínimo,  o  valor  total  mas também a coragem de des­ Magento e Word­
em  6%.  Bom  para  quem  faz,  bravar  novas  oportunidades.  Press, tanto no de­
senvolvimento 
bom para quem compra. Já  pensou  se  Colombo  não  ti­ quanto treinamentos 
e serviços. É co­au­
vesse  atravessado  o  Atlântico  tor de 3 livros nestas 
há  cinco  séculos  atrás?  Outro  respectivas áreas.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |80
GAMES ∙ OPENBOR

OpenBOR
Fighting Games Program
Por Carlos Donizete

OpenBOR  é  uma  implementação  open­


source utilizando o engine do jogo "Beats of Ra­
ge"  originalmente  criado  pela  Senile  Team  e 
LavaLit  que  é  a  casa  oficial  para  o  desenvolvi­
mento  OpenBOR,  suportado  para  as  distribui­
ções  GNU/Linux,  Windows®,  MacOSX®  e 
diversos consoles (videogames) .
Contando  um  pouco  sobre  o  OpenBOR,  a 
palavra  BOR  é  a  abreviatura    de    Beats    Of 
Rage    e    foi    desenvolvido    em  meados    de 
2003    por    um    grupo    de    programadores 
apaixonados  por  Streets  of  Rage  (jogo  famoso 
do  console  Mega  Drive)  e  dos personagens 
da série The King of Fighters (console Neo­Geo).
No  início  foi  interessante,  pois  os  progra­
madores  estavam  ansiosos  pelo  que  poderia 
um grande lançamento do tipo uma continuação 
de  talvez  um  "Streets  of  Rage  4"  ou  talvez  até 
mesmo o nome de Beats of Rage (que nunca foi 
lançado  oficialmente).  Mas  nada  aconteceu  e 
até  que  tiveram  a  ideia  deles  mesmos  realiza­
rem esse jogo.
Por  conhecerem  bastante  de  programa­
ção,  criaram  um  mecanismo/plataforma  onde 
eles  pudessem  alterar  as  roms  ou  matrizes  dos 
referidos jogos e como não tinham um nome es­

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |81
GAMES ∙ OPENBOR

Figura 1 ­ O OpenBOR permite reviver clássicos dos games

Figura 3 ­ OpenBOR em ação
pecífico  no  que  estão  fazendo,  deixaram  o  no­
me  de  BOR  mesmo  colocando  a  palavra  Open  com, King Of Fighter da SNK entre outros. 
na frente por ser opensource. O termo "moddable" significa que o progra­
Os  personagens,  músicas  e  gráficos  usa­ ma permite aos usuários criar seus próprios con­
dos são, na maioria, pertencentes aos universos  teúdos  e,  assim,  sua  própria  beat­in­up  game, 
CAPCOM,  SNK  e  SEGA,  porém  com  algumas  que é então chamado um mods.
modificações, tonando­os algo novo.
Este  mecanismo/plataforma  vem  se  Instalando  o  programa  OpenBOR 
atualizando diariamente no site da  LavaLit  para  em sua distribuição GNU/Linux
os    desenvolvedores    que    fazem  os  clássicos 
nos  jogos  de  briga  de  rua  como  a  série    do  Acesse  o  site  da  LavaLit,  onde  você  que 
Street  Of  Rage  da  Sega,  Final  Fight da Cap­ ser registrado nele para baixar os jogos e o pro­
grama: http://www.lavalit.com.

Faça  do  download  do  arquivo  OpenBOR 


v3.0 Build XXXX.7z   (XXXX = Nº da versão)
Extrair  o  arquivo,  e  dentro  da  pasta  vá  em 
LINUX ¥  OpenBOR.
Execute  o  binário  "OpenBOR",  dando  um 
duplo  clique  dependendo  da  sua  distribuição 
GNU/Linux ou pelo terminal digitando:

$  ./OpenBOR

Basta  escolher  os  jogos  de  seu  interesse 


Figura 2 ­ Interface do OpenBOR que  estão  no  site  LavaLit,  extraí­los  e  copiar  os 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |82
GAMES ∙ OPENBOR

Figura 6 ­ OpenBOR em ação
Figura 5 ­ Acessando o OpenBOR
Encontrará  o  OpenBOR  em  Aplicativos  ¥  
arquivos  que  estão  no  formato  .PAK  ou  .SPK,  e  Jogos  (quem  utiliza  ambiente  gráfico  GNOME), 
colocar  na  pasta  Paks,  que  está  no  diretório  do  quem trabalha com outro tipo de ambiente grafi­
OpenBOR. co como KDE ou XFCE automaticamente irá sur­
gir na sua barra de iniciar a pasta Jogos.
Instalando  OpenBOR  criado  pelo 
site Ubuntu Games Para mais informações:
O  intuito  do  site  Ubuntu  Games  é  facilitar  Site Oficial OpenBOR:
as instalações dos arquivos para os usuários ini­ http://lavalit.com
ciantes e até experientes nas distribuições basea­
das em Debian/Ubuntu Linux.
Vá  no  site  do  Ubuntu  Games: 
http://www.ubuntugames.org.
CARLOS DONIZETE é técnico em suporte 
de hardware e software onde reside no 
Estado de São Paulo. Criador e 
Se logue no site e vá na aba Downloads e  administrador do site Ubuntu Games, onde 
desenvolve tutoriais de jogos para as 
clique em pesquisar com o nome OpenBOR, on­ disbtribuições Debian/Ubuntu Linux desde 
de  encontrará  o  programa  para  baixá­lo.  Agora  2006 voltado ao público iniciante. É 
tendo  o  arquivo  (.deb),  dê  um  duplo  clique  para  conhecido pela comunidade Ubuntu Brasil 
pelo apelido Coringao, onde participa desde 
iniciar a instalação e pronto! 2005.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |83
CULTURA LIVRE ∙ EU + TU = NÓS

EU + TU = NÓS
Por Wilkens Lenon
B S K ­ sxc.hu

A soma de todos os Nós  Onde o Eu é desterritorializado para além de si
Formatada na reunião dos Tu's Onde o Tu é diferencializado de per si
É mesclada na generosidade comum Onde o Nós é o desafio da convivência global
Dos elos irmanados na rede. Em que o espaço comum é a base da 
organização social.
São feições que se afetam
Sem traumas, na diversidade comunitária. Mundo em gestação no útero das redes
Feições afetivamente camaradas, Terra de todos como anunciam as comunidades
Reunidas e unidas no espaço digital. Feito de gente, de mentes e de corações gentis.
Arranjo evolutivo do amor universal.
Espaço da alma que transcende o tempo
Espaço da vida que se conecta ao mundo Esta é uma homenagem às Comunidades de Software Livre!
Organismo vivo, sinergético
Que agrega e se congrega entre bits e bytes.

Tecnosférico é o novo mundo 
Mundo das ideias vivas e ativas  WILKENS LENON SILVA DE 
De atividades sem idade ANDRADE é funcionário do Ministério 
Dos engajamentos na diversidade. Público na área de TI. Licenciado em 
computação pela Universidade 
Estadual da Paraíba. Usuário e ativista 
Diversidade única, unida pelos Nós do Software Livre tendo atuado como 
Das comunidades feitas de Elos Conferencista e Oficineiro no ENSOL, 
Formando países e continentes plurais, digitais... FLISOL, Freedom Day, etc. É líder da 
Pluralismo belo: humano, humanizador,  iniciação de Inclusão Sócio­Digital 
Projeto Edux. www.projetoedux.net
noosférico.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |84
EVENTO ∙ RELATO DE EVENTO: SOLIVRE X 2010 ­ MARINGÁ/PR

Relato do evento: SOLIVRE X
Por Daigo Asuka

Nos  dias  17,  18  e  19  de  de  Maringá  em  nome  desta  re­
Junho,  aconteceu  em  Maringá,  vista  para  fazer  a  cobertura  de 
Paraná, a terceira edição do So­ imprensa  e,  embora  o  evento 
livreX,  evento  idealizado  por  começasse  apenas  as  19:30, 
um grupo de pessoas interessa­ cheguei  de  Londrina  por  volta 
das  em  distribuir  democratica­ de 10:45 da manhã e fui recep­
mente  a  tecnologia  livre  em  cionado  por  um  dos  coordena­
prol  do  amadurecimento  tecno­ dores  do  evento:  Aleksandro 
lógico  de  nosso  país.  Sem  fins  Montanha,  um  grande  apoia­
lucrativos, o evento tem por ob­ dor  do  movimento  Software  Li­
jetivo  principal,  divulgar  proje­ vre.  Fui  direto  conhecer  o  local 
tos  de  software  livre  do evento, a faculdade Unifam­
desenvolvidos por diversos pro­ ma e já pude conhecer dois pa­
fissionais,  para  a  comunidade  lestrantes:  Cícero  e  Erick, 
acadêmica  e  empresários  em  ambos  da  comunidade  Blender 
geral. Brasil.
O  tema  escolhido  para  o  Depois de um rápido des­
ano de 2010 é computação grá­ canso  no  hotel,  retornei  ao  lo­
fica, envolvendo palestrantes re­ cal  do  evento  e  logo  vi  um 
nomados  das  áreas  de  excelente  vídeo  de  abertura, 
computação  gráfica,  animação  que  está  disponível  nesse  link: 
e realidade aumentada. http://www.youtube.com/watch 
Fui  enviado  a  bela  cidade  ?v=RlR0oFvOMnY. 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |86
EVENTO ∙ RELATO DE EVENTO: SOLIVRE X 2010 ­ MARINGÁ/PR

so  aparecer,  Também  descreveu  as 


ousar  e  se  im­ funções  de  um  game  designer 
por  no  merca­ e seu papel em uma equipe de 
do. desenvolvimento de jogos.
A  segun­ Foram  apresentadas  tam­
da e última pa­ bém  as  principais  linguagens 
lestra  do  dia  de  desenvolvimento  de  jogos 
foi  de  autoria  multiplataforma,  dispositivos  e 
de  Erick  Go­ sistemas  operacionais;  deixan­
es,  e  foi  uma  do  claro  a  importância  de  co­
extensão  da  nhecer  todas  as  plataformas 
primeira,  mos­ operacionais  disponíveis  no 
trando na práti­ mercado  para  as  quais  um  jo­
Figura 1: Montanha, Binhara, Brod, Breno, Eric e Wendler
ca  como  go  possa  ser  desenvolvido  e 
trabalhar  com  portado.  Em  seguida  destacou­
Após  rápida  apresenta­ o Blender, Blender Game Engi­ se  as  ferramentas  e  os  forma­
ção do Montanha, entra em ce­ ne,  Game  Design,  Netbeans,  tos livres e/ou open source dis­
na  o  primeiro  palestrante:  Inkscape, Gimp, Java, SVG, Ja­ poníveis  para  desenvolvedores 
Cícero  Morais.  Foi  interessante  vascript. de  jogos  multiplataforma  de­
notar  como  o  trabalho  de  de­ Foi  apresentado  o  jogo  monstrando  como  integrá­los, 
sign não é tão difícil quanto pen­ do Garoto Coisa e como é pos­ e  finalmente,  destacou­se  as 
samos,  basta  ter  interesse  em  sível  criar  um  jogo  para  múlti­ possibilidades  de  integração 
aprender a usar uma ferramen­ plas  plataformas.  Mas  não  do  Blender  com  outras  ferra­
ta  de  modelagem,  e  nesse  ca­ ficou apenas na questão da mo­ mentas  de  desenvolvimento  de 
so,  foi  usado  o  Blender  3D,  delagem,  tendo  sido  destaca­ jogos  multiplataforma  (Netbe­
que é o mais popular e podero­ do  também  um  ponto  ans, Unity 3D e XNA).
so  software  open  source  para  fundamental para um desenvol­ Terminadas  as  palestras 
esse  trabalho.  Normalmente  vedor: dar um objetivo ao jogo.  de  abertura,  tive  o  privilégio  de 
as  pessoas  temem  principiar  Sendo destacado que o primei­ conhecer  pessoalmente  César 
em  aprendê­lo,  por  conta  da  ro passo a ser dado por um as­ Brod,  um  dos  pioneiros  em  cri­
aparente complexidade que en­ pirante  a  desenvolvedor  de  ar  um  modelo  de  negócios 
volve  o  mundo  da  computação  jogos  é  entender  a  definição  com  software  livre  no  Brasil. 
gráfica  3D.  O  intuito  da  pales­ do  que  é  um  jogo  digital,  suas  Junto  a  ele,  estavam:  Binhara, 
tra foi desmitificar essa concep­ fases  de  desenvolvimento  e  Wender, Breno e Sandro.
ção,  demonstrando  que  na  principais componentes, que fa­
prática  os  sólidos  complexos  zem de um jogo um produto de  No  segundo  dia  do  even­
são  formados  por  elementos  software  que  integra  arte  e  en­ to,  ocorreu  o  primeiro  mini­cur­
mais  simples,  confeccionados  genharia  de  software  em  prol  so  ministrado  pelo  Cicero: 
com  uma  técnica  acessível  a  da diversão e educação dos se­ Inkscape  ­  Desenhos  vetoriais 
qualquer  pessoa  que  deseje  res humanos, e como estão or­ com  ferramenta  livre.  Destaco 
aprender  e  esteja  disposto  a  ganizados  e  balanceados  os  o fato de muitos olharem pra in­
treinar.  Com  muita  vontade  e  componentes  de  um  jogo  open  terface  simples  do  programa  e 
poucos comandos é possível fa­ source  (roteiro,  arte,  código,  o  compararem  a  versão  anti­
zer  maravilhas  no  Blender.  etc)  desenvolvido  com  a  BGE  gas  do  Corel,  ou  mesmo  dize­
Mas não basta modelar é preci­ (Blender Game Engine).  rem  que  ele  não  tem 
praticamente  nada  de  ferra­

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |87
EVENTO ∙ RELATO DE EVENTO: SOLIVRE X 2010 ­ MARINGÁ/PR

putação  principalmente  para  o  Marke­


Gráfica,  sen­ ting  para  vendas  de  produtos 
do  uma  área  eletrônicos.
de pesquisa in­ Assim  a  palestra  mostrou 
terdisciplinar  e  várias  tecnologias  e  softwares 
multidiscipli­ livres para a criação e elabora­
nar,  pois  abra­ ção  de  ambientes  virtuais  de 
ça  todas  as  Realidade Virtual.
áreas  do  co­
nhecimento.  Em  seguida,  foi  a  vez  de 
Pode­se  utili­ Breno  Azevedo,  com  o  tema: 
zar  a  Realida­ Design de Games ­ Novos pro­
Figura 2: Alegria durante o evento de  Virtual  na  cessos e tendências. O proces­
Educação, En­ so  de  confecção  de  jogos 
mentas  de  trabalho,  o  que  é  genharia, Saúde e principalmen­ eletrônicos,  os  três  pilares  dis­
um  engano,  como  puderam  te entretenimento. ciplinares básicos ­ design, pro­
comprovar  durante  o  mini­cur­ gramação  e  arte,  enfoque  no 
so. Seguindo no mesmo cami­ processo  de  design  de  games 
nho  e  dependente  da  Realida­
As  palestras  da  segunda  de  Virtual,  a  Realidade  em  si,  suas  tendências  (design 
noite foram especiais, pois mos­ Aumentada,  vislumbra  o  vídeo  emergente,  re­jogabilidade,  so­
traram  o  quanto  é  possível  tra­ como meio de integrar Ambien­ cial  gameplay),  como  escolher 
balhar  com  animação  tanto  tes  Virtuais  e Ambientes  Reais.  um  tema  e  um  escopo  com 
com  ferramentas  livres  quanto  A  Realidade  Aumentada  hoje  grandes  chances  de  sucesso 
proprietárias. de  aceitação,  apresentação  de 
já  é  realidade  em  algumas  estatísticas  e  tendências  do 
Wender  foi  o  primeiro  pa­ agências  de  publicidade  e  pro­ mercado  mundial  de  desenvol­
lestrante,  falando  sobre  o  te­ paganda,  na  TV  e  nos  telejor­ vimento de games.
ma:  Realidade  Aumentada.  nais.  Na  área  de 
Apresentou os tipos de arquite­ entretenimento, a Realidade Au­ Para  quem  tem  interesse 
tura para construção de ambien­ mentada  chega  fortemente,  em  seguir  carreira  nessa  área, 
tes  virtuais  de  Realidade  principalmente  com  dispositi­ a  palestra  serviu  para  refletir 
Aumentada,  fez  a  apresenta­ vos móveis e equipamentos es­ sobre o assunto.
ção de uma interface de intera­ peciais.  A 
ção  com  o  usuário  baseada  Realidade  Au­
em ARToolKit e ainda ser apre­ mentada  é  de 
sentado  os  conceitos  de  certa  forma, 
VRML,  ARToolKit  e  FLARTool­ um  convite  a 
Kit.  diversão... 
Principalmen­
A  Realidade  Virtual  como 
te  com  as  no­
uma  inovação  da  Interface  Hu­
vas 
mano Computador, aparece co­
tecnologias 
mo  a  mais  nova  forma  de 
voltadas  para 
interação  e  de  interatividade 
a  internet.  As 
com  computadores.  A  Realida­
possibilidades 
de  Virtual  está  dentro  da  Com­
são  enormes,      Figura 3: Pose para foto dentro do laboratório

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |88
EVENTO ∙ RELATO DE EVENTO: SOLIVRE X 2010 ­ MARINGÁ/PR

do  Projeto  Mo­ dia  do  evento,  pôde  colocar 


no. Nas primei­ em  prática  e  tirar  duvidas  so­
ras  2  bre o funcionamento do progra­
semanas  do  ma.
lançamento  Já  na  parte  de  palestras, 
da  versão  2.0  Sandro  Bihaiko  deu  início  com 
foram  mais  de  o  Hand's  ON  ­  Criando  um  jo­
600 mil downlo­ go  3D  em  45  minutos,  mostra­
ads oficiais. In­ ndo  os  conceitos  básicos  de 
felizmente,  funcionamento  e  operação  da 
muitos  criti­ Engine Unity3D.
cam  essa  tec­
Figura 4: Solivre X em Maringá/PR nologia  por  Finalizando  o  evento,  foi 
ser  baseada  a vez de Cesar Brod, com o te­
A  palestra  final  da  sexta­ no dotNet da Microsoft, mas ig­ ma: Corel pra quê? Hoje é fato 
feira ficou por conta de Alessan­ noram  fatos  importantes,  como  que  a  maioria  das  gráficas  e 
dro  Binhara,  com  base  no  te­ o reaproveitamento do conheci­ agências  de  publicidade  utili­
ma:  Criando  Aplicações  e  mento  de  quem  já  programa  zam  o  Corel  Draw  ou  o Adobe 
Games  para  Web  2.0  com  Mo­ nessa  linguagem.  Há  também  Illustrator  para  gerar  seu  mate­
onLight.  Comentou­se  sobre  a  o  caso  de  programadores  que  rial impresso. A troca deste ma­
nova  onda  de  aplicações  e  jo­ podem  criar  soluções  em  qual­ terial  com  seus  clientes,  por 
gos  que  está  surgindo  com  a  quer sistema operacional e por­ muito  tempo,  obrigou  que  os 
RIA  (Rich  Internet  Aplications),  tá­las  sem  grandes  mesmos  também  tivessem 
ou  aplicações  ricas  para  inter­ dificuldades. softwares  similares  para  que 
net,  que  estão  levando  o  usuá­ pudessem  interagir  diretamen­
No  terceiro  e  último  dia  te com o material em desenvol­
rio  a  uma  nova  experiência  de evento, tivemos quatro mini­
com  videos  de  alta  resolução,  vimento  ou,  na  impossibilidade 
cursos,  sendo  um  no  período  disto, lidar com a ida e volta de 
animações  2D  e  3D,  web  ga­ da  manhã,  por  Cícero  Morais, 
mes,  e  muitas  outras  novida­ arquivos  não  editáveis  vetorial­
com  o  tema:  Gimp  na  Prática.  mente  em  formatos  de  mapas 
des.  Apresentou  também  as  Mostrou como trabalhar com es­
novidades  tecnológicas  como  de  bits,  postscript  pu  pdf.  O 
sa excelente ferramenta de edi­
zoom  infinito  para  fotos  (Deep­ ção  de 
Zoom),  criação  de  ambientes  imagens  que 
3D  a  partir  de  fotos,  transmis­ concorre  com 
são de vídeos em HD com ban­ o Photoshop.
da  variável,  criação  de 
animações  2D.  Tudo  isso  sen­ No  perío­
do  criado  dentro  de  ambientes  do  da  tarde, 
de  software  livre  em  Linux,  ele  retornou 
MAC  ou  Windows,  o  que  não  com  outro  mi­
obriga  os  usuários  a  depende­ ni­curso:  Blen­
rem de um único sistema opera­ der  na 
cional  para  trabalhar.  Foi  Prática. 
apresentada a tecnologia Open­ Quem  confe­
Source  chamada  MoonLight,  riu  a  palestra       Figura 5: O evento prendeu a atenção dos presentes
no  primeiro 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |89
EVENTO ∙ RELATO DE EVENTO: SOLIVRE X 2010 ­ MARINGÁ/PR

mesmo  como,  Corel  Draw.  As  possibilidades 


usando  as  fer­ são muitas", afirmou Brod.
ramentas  dis­
Durante  o  evento,  um  ra­
poníveis  na 
paz que trabalha em uma gráfi­
GUI  do  sK1 
ca  contou  a  Brod  que  após  a 
consigo  repro­
palestra  viu  possibilidades  de 
duzir,  a  partir 
economizar  dinheiro  para  a 
do  zero,  o  lo­
sua  empresa.  Eles  possuem 
go  da  nossa 
cerca  de  20  pessoas  que 
empresa.  Mas 
usam  o  Corel  mas,  na  verda­
o  mais  baca­
de, apenas duas ou três fazem 
na  é  que  o 
produção  criativa  massiva.  Os 
Figura 6: O evento proporcionou uma experiência única aos participantes sK1  tem  toda 
demais  fazem  pequenas  finali­
a  sua  infraes­
zações e ajustes para os clien­
sK1  é  um  programa  cuja  finali­ trutura livremente disponível, in­ tes,  que  podem  muito  bem  ser 
dade  é  justamente  trabalhar  clusive  na  forma  completa  de  feitas  no  sK1. Assim,  ele  man­
com material para a pré­impres­ uma  API  ou  linha  de  comando  teria  o  Corel  apenas  para 
são,  trabalhando  nativamente  (uniconvertor)  que  podem  ser  quem  realmente  precisa  e  já 
com  os  formatos  gerados  pelo  usadas  por  outros  programas.  adquiriu  agilidade  com  a  ferra­
Corel  Draw  ou  Adobe  Illustra­ Assim,  ferramentas  como  o  menta. 
tor  e  salvando­os  nestes  mes­ Inkscape  e  o  Scribus  (para  a 
mos  formatos.  Assim,  para  edição de gráficos vetoriais pa­
Para mais informações:
pequenas  modificações  em  ar­ ra  a  web  e  editoração  gráfica, 
quivos  gerados  por  agências,  respectivamente)  podem  usar  Site Solivre X
facilitando a interação no desen­ o  uniconvertor  para  importar  e  http://solivrex.psl­pr.org.br
volvimento  de  trabalhos,  o  sK1  exportar  arquivos  para  outros 
é  perfeito.  De  fato,  ele  já  pos­ formatos.  De  fato,  nós  usamos 
suiu  uma  interface  de  usuário  o sK1 para abrir arquivos gera­
bastante  completa  e  familiar  dos no Adobe Illustrator, separa­ DAIGO ASUKA é 
àqueles  já  acostumados  a  tra­ mos  os  elementos  que  nos  tecnico em 
balhar  com  softwares  de  edi­ interessam  no  sK1,  usamos  o  informática desde 
1997. Usuário de 
ção vetorial.  Inkscape  para  gerar  material  a  Linux desde 2006, 
ser  usado  em  páginas  web  e  atualmente trabalha 
"Na  minha  palestra  mos­ podemos até usar o blender pa­ em um projeto de 
trei,  de  forma  bem  básica,  co­ ra,  por  exemplo,  criar  imagens  Linux voltado a 
empresas, além de 
mo  interajo  com  material  que  tridimensionais a partir de um lo­ estar fazendo um 
recebo  da  agência  de  comuni­ gotipo  que  pode  ter  sido  gera­ curso de segurança 
hacker e curso 
cação  de  nossa  empresa  e  do,  originalmente,  em  um  completo de Linux.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |90
EVENTO ∙ RELATO DE EVENTO: UBUNTU GLOBAL JAM ­ RIO DE JANEIRO/RJ

Relato do evento

Por Ronald Kaiser

Estou  aqui  para  compartilhar  com  vocês 


minhas  impressões  sobre  o  último  Ubuntu 
Global Jam que aconteceu no dia 28 de agosto, 
no  colégio  Santo  Inácio,  em  Botafogo,  Rio  de 
Janeiro.  Como  qualquer  outro  evento  open 
source,  foi  uma  oportunidade  incrível  de 
encontrar  pessoas  que  lidam  com  os  mesmos 
problemas  diários,  ajustar  a  máquina  para 
realizar o que precisamos.

Figura 1: Rodrigo Carvalho, Oscar e Ronald Kaiser

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |91
EVENTO ∙ RELATO DE EVENTO: UBUNTU GLOBAL JAM ­ RIO DE JANEIRO/RJ

No  evento  encontrei  Rodrigo  Carvalho  e  Além  disso,  também  tivemos  junto  um 
Oscar  (da  esquerda  para  a  direita  na  figura  encontro  do  ArduInRio,  o  grupo  de  Arduino  do 
acima)  e  tentamos  ajudar  o  sistema  operacional  Rio  de  Janeiro.  Para  quem  não  sabe,  o Arduino 
Ubuntu  com  algumas  traduções  e  é  um  hardware  livre  que  pode  ser  programado 
empacotamentos.  Aprendemos  a  criar  pacotes  para  construir  robôs  e  fazer  automação  em 
Debian,  geramos  um  .deb  de  um  plugin  para  o  geral.
gedit,  que  pode  ser  baixado  em  Foi  um  belo  dia  de  tecnologia.  Obrigado  a 
http://geditplugininstaller.bravehost.com,  e  todos que participaram!
enquanto  isso,  algumas  discussões  ocorreram 
no canal #ubuntu­br do Freenode.

RONALD KAISER é graduando do último 
período do curso de Ciência da 
Computação da UFRJ, entusiasta de linux, 
atualmente trabalhando como 
desenvolvedor de software da Intelie. 
Email: raios.catodicos@gmail.com.

Figura 2: O pessoal se mobilizou em prol do evento

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EVENTO ∙ RELATO DE EVENTO: III FSLBHBETIM ­ BETIM/MG

Relato do evento: III Festival 
de Software Livre BH/Betim
Por Samara Cristina

No  dia  14  de  Agosto  de  2010,  aconteceu 


na cidade de Betim­MG, o III Festival de Softwa­
re Livre BH/Betim. O evento foi sediado pela Fa­
culdade  Pitágoras  e  idealizado  pelo  grupo 
KDE­MG  e  pela  Comunidade  Betim  Open 
Source ­ BOS, voltada para a organização e pro­
moção de eventos de Software Livre, de forma a 
promover o uso e desenvolvimento de  ferramen­
tas livres.

Figura 1: III Festival de Software Livre BH/Betim

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |93
EVENTO ∙ RELATO DE EVENTO: III FSLBHBETIM ­ BETIM/MG

Figura 2: Atenção total dos participantes durante o evento Figura 3: Itens arrecadados no evento

de da Comunidade Betim Open Source). 
As  duas  primeiras  edições  do  Festival  de 
Os  brinquedos  arrecadados  pela  BOS  fo­
Software  Livre,  foram  realizadas  em  BH,  e  seu 
ram doados no dia 21 de Agosto, ao "Lar Efatá", 
sucesso  fez  com  que  nascesse  o  desejo  de  um 
casa que abriga aproximadamente 30 crianças. 
evento do tipo em Betim. Daí a idéia de trazer o 
FSLBH,  junto  com  o  pessoal  do  KDE­MG,  para 
dar  uma  "palhinha"  do  evento  para  a  comunida­
de betinense.
O  III  FSLBh/Betim  contou  com  a  presença 
de palestrantes de renome no mundo do Softwa­
re  Livre,  como  Rodolfo  Alves,  Ewerson  Guima­
rães  (Crash),  Duda  Nogueira,  Diego  Oliveira, 
Tales Augusto, Lamarque Vieira, Júlio César, An­
selmo Lacerda, Felipe Ribeiro, Túlio Quites e Vi­
viane Torres...  todos  falando  do  que  há  de  mais 
atual  no  assunto:  Programação  para  Web  usan­
do framework Django, Software Livre e Mercado 
de Trabalho, Soluções Open Source para empre­
endedores,  mini­cursos  de  Gnu/Linux  Básico  e 
Qt,  dentre  outros,  e  foi  um  sucesso  graças  ao  Figura 4: Entrega dos brinquedos e alegria da criançada
apoio  de  parceiros  como  a  Revista  Espírito  Li­
Para alegrar ainda mais a criançada, a fes­
vre,  da  Empresa  Power  Logic,  do  Portal  Ceviu, 
tinha contou com distribuição de algodão doce e 
dentre outros.
pipoca,  graças  ao  patrocínio  fornecido  pela  em­
Foram  registradas  mais  de  500  inscrições,  presa Power Logic.
e  destas,  cerca  de  350  pessoas  estiveram  pre­
sente nas palestras.
As inscrições foram confirmadas com a doa­
ção  de  brinquedos.  Estes  foram  divididos  em 
SAMARA CRISTINA integra a comunidade Betim Open Source 
50% para doação em Belo Horizonte (cidade se­ e participou da coordenação do evento.
de do KDE­MG) e a outra parte para Betim (cida­

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |94
EVENTO ∙ 1º ENSOLBA ­ TEIXEIRA DE FREITAS/BA

Por Rita de Cássia Gonçalves Silva

O  I  Encontro  de  Software  livre  no  Extremo 


Sul  da  Bahia  tem  como  objetivo  realizar  um 
evento de âmbito nacional, mostrando a filosofia 
do  Software  livre,  a  sua  importância  social, 
inclusão  digital  e  a  importância  para  o 
desenvolvimento  da  região  como  um  todo.  
Através  dos  setores  privado  e  público  e  toda  a 
sociedade  civil,  podemos  fazer  com  que  a 
nossa  região  se  torne  referência  no  âmbito 
nacional da igualdade social e econômica.
Para  isso,  abriremos  espaço  para 
discussão  e  reflexão  sobre  o  papel  do  Software 
Livre  na  sociedade  civil  e  profissional,  visando 

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |95
EVENTO ∙ 1º ENSOLBA ­ TEIXEIRA DE FREITAS/BA

acabar  com  a  desigualdade  social  e  digital  em  Software  Livre  e  embaixador  Fedora;  Uirá 
regiões  mais  pobres,  com  o  tema  "O  Ribeiro,  especialista  em  telecomunicações, 
Conhecimento é um Direito de Todos". redes de comutação de pacotes e Voz sobre IP; 
Vemos  essa  como  uma  grande  Julio  Cesar  Neves,  Analista  de  Suporte  de 
oportunidade  de  aproximar  a  sociedade  civil  e  Sistemas  e  professor  universitário;  Carlos 
empresarial  do  Extremo  Sul  Baiano  com  a  Eduardo  Mattos  da  Cruz,  designer  que  utiliza 
cultura  do  Software  Livre,  como  benefícios  e  somente  software  livre  e  membro  dos  grupos 
qualidade  de  serviço.  Além  de  temas  políticos,  LINUERJ, Debian RJ, SLRJ e um dos designers 
culturais,  econômicos,  educacionais  e  sociais,  o  da  Revista  Espírito  Livre;  Diogenes  de  Souza 
encontro  tem  como  objetivo  apresentar  novas  Leão  Filho,  diretor  executivo  da  Fuctura 
formas  colaborativas  de  trabalho,  solidariedade  Tecnologia;    Guilherme  Razgriz,  mantenedor  do 
e o avanço da ciência e da tecnologia. É preciso  portal  O  GIMP,  referência  em  Gimp  no  Brasil  e 
ter  em  mente  que  "O  Conhecimento  é  um  fundador  da  primeira  escola  de  computação 
Direito  de  Todos"  ­  o  Software  Livre  é  um  dos  gráfica  livre  do  Brasil,  o  Cria  Livre;  João 
principais aliados na inclusão sócio­digital.  Fernando  Costa  Júnior,  responsável  pela 
Revista  Espírito  Livre; Adonel  Bezerra,  fundador 
Com  o  apoio  da  Faculdade  Pitágoras  e  e  mantenedor  de  um  dos  maiores  portais  de 
nossos demais parceiros como Clube do Hacker  Segurança  de  sistema  do  Brasil,  o  portal  Clube 
e a própria Revista Espírito Livre, é com grande  do Hacker; entre outros.
satisfação  que,  envolvidos  nesse  projeto, 
vislumbramos  um  resultado  proativo  nas  nossas  O  ENSOLBA  acontecerá  nos  dias  29,  30, 
ações durante o evento. O I ENSOLBA permitirá  31  de  Outubro  e  01  de  Novembro  de  2010  na 
a  seus  participantes,  palestras,  oficinas,  Install  Faculdade  Pitágoras  ­  Unidade  Teixeira  de 
Fast,  entre  outras  atividades.  A  realização  do  Freitas, que fica localizado na Avenida Juscelino 
evento  fica  a  cargo  do  Colegiado  de  Ciência  da  Kubitschek 3000 ­ Br 101 KM 879,4 ­ Teixeira de 
Computação  da  Faculdade  Pitágoras  de  Freitas/BA. 
Teixeira  de  Freitas/BA,  sob  a  orientação  do 
Professor Ramilton Costa & Equipe. 
A  grade  de  programação  do  evento  Para mais informações:
apresenta  Sandro  Melo,  evangelista  de  Site Oficial ENSOLBA
www.ensolba.com.br

RITA DE CÁSSIA GONÇALVES SILVA é 
Analista de Suporte Técnico, cursa Ciência 
da Computação pela Faculdade Pitágoras, 
é membro OSUM Open Source e compõe 
a equipe organizadora do ENSOLBA.

Figura 1 ­ O evento acontecerá nas dependências da Faculdade 
Pitágoras

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |96
EVENTO ∙ II FETEC ­ BELO JARDIM/PE

II FETEC
Belo Jardim, no agreste de Pernambuco, uma 
bandeira do Software Livre
Por João Almeida e Silva

O  agreste  de  Pernambuco  continua  avan­


çando na difusão do conhecimento técnico, livre 
e  sustentável.  Na  oportunidade,  estará  ocorren­
do,  no  campus  Belo  Jardim  do  Instituto  Federal 
de Pernambuco, de 26 a 31 de outubro, a 2ª fei­
ra tecnológica (FETEC), instrumento de compar­
tilhamento  de  conhecimento,  onde  o  bazar  se 
torna realidade. 
Belo Jardim é uma pacata cidade situada a 
180Km de Recife, conhecida como terra de  mú­
sicos  e  das  Baterias  Moura,    que  tem  nos  últi­
mos  anos  aparecido  como  referência  na 
formação  de  mão­de­obra  técnica  na  área  de 
tecnologia com ênfase em software livre.
Mesmo antes de tornar­se IFPE, como par­
te do plano de expansão das escolas de ensino 
técnico e tecnológico, a então Escola Agrotécni­
ca  de  Belo  Jardim,  através  do  curso  de  técnico 
em  informática,  primeiro  na  região,  por  meio  de 
ações entusiastas de professores, buscou resga­

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |97
EVENTO ∙ II FETEC ­ BELO JARDIM/PE

tar em 2006 as feiras tecnológicas, onde os alu­ Portanto, a 2ª FETEC (www.belojardim.ifpe 
nos podem expor seus trabalhos e trocar experi­ .edu.br/fetec),  é  um  momento  onde  estaremos 
ências com palestrantes de outras instituições. buscando  fortalecer  o  software  livre  em  nossa 
Desse primeiro evento, os alunos  de infor­ região,  em  nosso  estado  e  porque  não  em  nos­
mática já tinham em seu plano de curso as disci­ so país, é uma ousadia salutar pois o objetivo é 
plinas  de  sistemas  operacionais,  administração  compartilhar.  Através  dessa  tremenda  oportuni­
de redes, gerência e segurança de redes, todas  dade  da  Revista  Espírito  Livre,  denotando  seu 
com ênfase e utilização de software livre. Assim  compromisso com a comunidade brasileira, que­
não poderia ser outro o caminho. O sonho do pro­ remos lançar o convite a você leitor a vir conhe­
fessor  João Almeida  a  frente  dessas  disciplinas  cer  e  a  divulgar  este  pequeno  evento,  feito  por 
passou  a  concretizar­se  sob  duas  vertentes:    a  entusiastas  e  atualmente  sob  a  coordenação 
primeira que já é a realidade de formar profissio­ dos próprios alunos como forma de exercício da 
nais  livres,  críticos,  capazes  e  comprometidos  teoria. Temos a grata satisfação de lançar oficial­
com  a  liberdade  do  conhecimento.  A  segunda  mente o grupo de tradução SAMBA­BR que nas­
que requer um prazo e esforço muito maior que  ceu  de  uma  proposta  em  sala  de  aula  e  foi 
é  tornar  Belo  Jardim  uma  referência  tecnológica  prontamente  encabeçada  pelo  aluno  Sérgio  Ri­
em software livre de Pernambuco. cardo  e  já  conta  com  mais  de  15  voluntários  de 
várias  partes  do  Brasil.  Contaremos  também 
Como  frutos  do  primeiro  sonho,  regando  com a presença ilustre dos amigos Marcelo San­
os  alunos  à  atividades  extracurriculares,  partici­ tana que ministrará um mini­curso de cluster, Ri­
pações nos encontros de software livre da Paraí­ cardo  Brazileiro  com  a  aprendizagem  lúdica 
ba,  duas  visitas  do  mestre  Etiene  De  Lacroix,  através  do Arduino,  entre  outras  atividades  que 
massivas  doses  de  motivação,  e  duas  edições  você poderá acompanhar pelo endereço eletrôni­
da  semana  tecnológica,  os  talentos  começaram  co. Esse é nosso combustível, nossa realização: 
a aparecer como os exemplos de:. poder  lançar  e  ver  germinar  essa  semente  que, 
­  Marlon  Santos  Parente,  17  anos  ,  Arte  pela tecnologia nos aproxima e nos faz mais hu­
com software livre [  palestrou no 5º SOLISC; manos.
­  Gregory  Laborde,  18  anos,  Educação 
com Software Livre [  palestrou no 11º FISL;
Para mais informações:
­  Thiago  Vitor,  18  anos,  Programação  com  Site Oficial 2ª FETEC
Go [  Palestrou no 11º FISL; http://www.belojardim.ifpe.edu.br/fetec
Sabemos que hoje não há limites geográfi­
cos  para  se  produzir  tecnologia  e  aqui  busca­
mos  atuar  como  agentes  de  transformação, 
porém  uma  transformação  solidária,  colaborati­
va. 
A  única  forma  de  poder  dar  aos  alunos  a  JOÃO ALMEIDA E SILVA é professor das 
condição  de  além  de  conhecerem  tecnologias  disciplinas de redes de computadores e 
sistemas operacionais livres no IFPE 
mas  também  a  produzirem,  tornarem­se  empre­ campus de Belo Jardim. Especialista em 
endedores, é ensinando os caminhos do softwa­ adminstração de redes Linux pela 
Universidade Federal de Lavras ­ MG e 
re  livre,  mostrando­lhes  que  tem  uma  opção  de  mestrando em Ciência da Computação 
escolha  sem  infringir  a  lei,  cidadãos  na  teoria  e  pela UFPE. Primeiro usuário Linux na 
cidade de Belo Jardim em 1998. 
prática. Coordenador do FLISOL de Belo Jardim.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |98
QUADRINHOS

QUADRINHOS
Por José James Figueira Teixeira E André Farias Oliveira

DEPARTAMENTO TÉCNICO

SUPORTE_

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |99
AGENDA ∙ O QUE TÁ ROLANDO NO MUNDO DE TI

AGENDA
OUTUBRO

Evento:  2ª  Conferência  WEB  Evento: PythonBrasil[6] Evento: YAPC::Brasil 2010


W3C Brasil Data: 21 a 23/10/2010 Data: 25 a 31/10/2010
Data: 05 e 06/10/2010 Local: Curitiba/PR Local: Fortaleza/CE
Local: Belo Horizonte/MG
Evento: PGDay SP 2010 Evento: 2ª FETEC
Evento:  EMSL  ­  Encontro  Data: 22/10/2010 Data: 26 a 31/10/2010
Mineiro de Software Livre Local: São Paulo/SP Local: Belo Jardim/PE
Data: 14 a 16/10/2010
Local: Uberlândia/MG Evento: WordCamp Curitiba Evento:  1º  Encontro  de 
Data: 22/10/2010 Software  Livre  do  Extremo 
Evento: II COALTi Local: Curitiba/PR Sul da Bahia ­ ENSOLBA
Data: 15 a 17/10/2010 Data: 29/10 a 01/11/2010
Local: Maceió/AL Evento: 5º SoLiSC.gz Local: Fortaleza/CE
Data: 22 e 23/10/2010
Evento: 15º EDTEC Local: Florianopolis/SC
Data: 16/10/2010
Local: Fortaleza/CE

ENTRE ASPAS ∙ CITAÇÕES E OUTRAS FRASES CÉLEBRES

          Como a mente funciona ainda é um mistério. 
Nós entendemos o hardware, mas não temos a menor 
ideia sobre o sistema operacional.
James Watson ­ Biólogo americano

Fonte: Wikiquote

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |100

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