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ESCOLA POLITÉCNICA
Salvador - Bahia
2009
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Salvador - Bahia
2009
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ESCOLA POLITÉCNICA
AGRADECIMENTOS
A minha família
RESUMO
Das 100 milhões de lâmpadas fluorescentes produzidas por ano, quase metade é trocada
anualmente. Destas 50 milhões descartadas, apenas 6% chegam às empresas recicladoras.
Somente 8% encontram destinação em aterros sanitários apropriados para receber resíduos
com contaminantes tóxicos. Assim, 43 milhões de lâmpadas são jogadas fora de maneira
prejudicial ao ambiente e à saúde pública.
ABSTRACT
Of the 100 million fluorescent lamps produced per year, almost half is exchanged
annually. 50 million out of these, only 6% reach businesses recycled. Only 8% are appropriate
destination in landfills to receive waste with toxic contaminants. Thus, 43 million light bulbs
are thrown out of the way detrimental to the environment and public health.
With the energy crisis of 2001, the brazilians have changed their habits and patterns of
energy consumption. After the consumer adopting simple as turn off the light when leaving an
environment, or replace incandescent bulbs for fluorescent, the energy spent in the country
has fallen considerably. The compact fluorescent costs more expensive than the incandescent,
but in the end, the cost-benefit has been rewarding, depending on the economy of electricity
provided.
The problem is the disposal of these bulbs, because when the rupture is contained
mercury expelled can poison humans and the environment. It is then up to the government in
their spheres national, state and / or municipal, to use its power of legislature, and establish
rules related to allocation of lamps containing mercury. As in Brazil there is still no
comprehensive legislation on solid waste, the improper disposal of the lamps in landfills has
been the choice of most consumers, especially residential.
Since the nineties companies specializing in recycling began to appear in the brazilian
market as an alternative to the disposal of lamps containing mercury. Concurrently began to
appear also questions about the suitability of these companies and the same ability to waste
the allocation of lamps properly.
Considering this context, the aim of this monograph is to study the lights that contain
mercury and its disposal with specialized firms that make a business of recycling, is
responsible for the disposal of waste. The main focus is the potential environmental and
occupational risks from this activity, specifically a company that operates in Bahia,
performing the "Operação Papa-Lâmpadas".
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SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS....................................................................................... 10
LISTA DE SIGLAS........................................................................................... 12
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 14
ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ..................................................................................... 16
3. METODOLOGIA ......................................................................................... 75
3.1. OBJETIVOS ................................................................................................................... 75
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LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SIGLAS
1. INTRODUÇÃO
Depois de ser incorporada em grande parte dos lares do país, a lâmpada fluorescente
compacta tornou-se uma boa alternativa para economizar energia. O problema está no
descarte, pois essas lâmpadas, juntamente com as fluorescentes tubulares e outros modelos
não tão conhecidos popularmente, são na verdade produtos tóxicos que contém metais
pesados. Quando há o rompimento dessas lâmpadas o mercúrio que é expelido pode intoxicar
os seres humanos, afetando o sistema nervoso central e outros órgãos. Se jogadas no lixo
comum podem acabar contaminando o solo e também o lençol freático, chegando, inclusive, à
cadeia alimentar do homem.
Com base nessa realidade, verifica-se então que cabe ao governo, em suas esferas
nacional, estadual e/ou municipal, fazer uso de seu poder de legislar para estabelecer as regras
relacionadas à destinação das lâmpadas que contêm mercúrio, definindo exatamente como
proceder e quem são os responsáveis. Como no Brasil ainda não existe uma regulamentação
abrangente sobre os resíduos sólidos, apesar das discussões a respeito ocorrerem há pelo
menos duas décadas, o descarte inadequado das lâmpadas acaba sendo a alternativa da
maioria dos consumidores, especialmente os residenciais.
ESTRUTURA DA MONOGRAFIA
Por fim, o quinto capítulo traz as conclusões sobre o estudo e sugestões para colaborar
com o prosseguimento das pesquisas nesta área e com os usuários de lâmpadas que contêm
mercúrio.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As formas nas quais pode ser encontrado são o mercúrio metálico (Hgº), mercúrio (I) e
mercúrio (II), nas quais os átomos perdem um ou dois elétrons, respectivamente, formando o
mercúrio mercuroso (Hg2++) e o mercúrio mercúrico (Hg++). Estes dois últimos, mercuroso e
mercúrico, formam diversos compostos químicos orgânicos e inorgânicos. As formas
orgânicas são aquelas em que o mercúrio é anexado covalentemente a, pelo menos, um átomo
de carbono. (WHO, 1990).
Os compostos formados a partir do mercúrio (II) são mais abundantes que aqueles
formados a partir do (I), e em adição a sais simples como cloretos, nitratos e sulfatos, formam
uma importante classe de compostos organomercuriais. Do ponto de vista toxicológico, os
compostos organomercuriais que causam maior preocupação são os ligados aos radicais
alquila de cadeia curta, onde o mercúrio se liga aos grupos metila, etila e propila. (WHO,
1976).
Para Nascimento & Chasin (2001), a crosta terrestre é fonte importante para a
contaminação de corpos aquáticos naturais. Uma parcela do mercúrio encontrado na água é de
origem natural, embora possa parcialmente ser de origem atmosférica e ter sido gerada,
também, por atividade antropogênica (humana). Portanto, é difícil avaliar quantitativamente
as contribuições relativas à atividade antropogênica e à natural em relação aos mercuriais que
sofrem lixiviação do solo para a água.
De acordo com Allan (1997), apud Nascimento & Chasin (2001), as estimativas de
emissão natural de Hg nos anos 70 são baseadas em análises de geleiras na Groenlândia, além
de outros locais no mundo. Novas técnicas de coleta de amostras e análise de metal em água e
gelo foram implementadas nos anos 80, assim, as estimativas mais recentes admitem uma
proporção de 50/50 para as emissões globais naturais / antropogênicas.
Já os compostos orgânicos de mercúrio, que são aqueles nos quais o mercúrio está
ligado diretamente a um átomo de carbono, têm suas principais utilizações na prática médica,
sendo usados como anti-sépticos, germicidas, diuréticos e contraceptivos; no domínio dos
pesticidas, como algicidas, fungicidas, herbicidas e limocidas; como conservantes em tintas,
ceras e pastas para remover o mofo, tintas anti-incrustantes, tintas de látex; no tratamento de
microbicidas têxteis, papel, cortiça e madeira para uso em climas úmidos; na indústria
química, atuando como catalisadores nas diversas reações (OIT, 1998). A tabela 2.1 apresenta
algumas aplicações específicas de compostos orgânicos e inorgânicos do mercúrio.
No Brasil os principais setores que usam o mercúrio são: garimpo, indústria de cloro-
soda, fabricação de aparelhos elétricos, instrumentos científicos, lâmpadas fluorescentes,
catalisadores, odontologia, laboratórios de pesquisa, de análises químicas e biológicas,
indústria farmacêutica, refino do petróleo, fabricação de ácido acético e de acetaldeído (a
partir do acetileno) e indústrias de papel (AZEVEDO, 2003). A tabela 2.2 demonstra uma
estimativa anual de uso e emissão de mercúrio no Brasil e respectivas quantidades, para
diversos setores.
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Quantidade
Setor Uso
Anual (T)
Estimativa do mercúrio de origem externa - importação
Garimpo de ouro Amálgama 130,0
Indústrias de cloro-soda Células de eletrólise 17,0
Lâmpadas fluorescentes Componente 1,1
Odontologia Amálgama dentário 2,8
Aterros sanitários e lixões Resíduo 5,0
Estimativa do mercúrio de origem interna - exportação
Produção de aço e ferro Contaminante do processo 12,0
Pirometalurgia (Pb, Zn, Cd) Contaminante do processo 4,5
Combustíveis fósseis e gás natural Contaminante 4,2
Queimadas Contaminante 8,7
Total estimado de origem externa - importação 29,4
Total estimado de origem interna - exportação 155,9
Total geral 185,9
Fonte: AZEVEDO, 2003
O mercúrio foi usado na medicina desde a época de Aristóteles até a Idade Média. Os
antigos chineses acreditavam que o cinábrio e o mercúrio tinham propriedades
medicamentosas que prolongavam a vida. Vários imperadores morreram de mercurialismo na
tentativa de assegurar a imortalidade, através da ingestão constante desse metal. Os antigos
hindus, por outro lado, acreditavam que o mercúrio possuía propriedades afrodisíacas. No
início do primeiro século depois de Cristo, na Grécia, o mercúrio foi usado como ungüento
medicinal. Foi muito usado como componente de ungüentos ou pomadas para o tratamento de
diversas doenças da pele, além de cosméticos, pelos romanos (D’ITRI, 1972; QUEIROZ,
1995; YAMADA et al., 1997; apud NASCIMENTO & CHASIN, 2001).
Durante a Idade Média o mercúrio foi muito usado pelos alquimistas, que tentavam
transformar o chumbo em ouro usando o mercúrio neste processo. O uso medicinal do
mercúrio ganhou maior importância a partir do século XVI, quando passou a ser aplicado na
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tentativa de curar inúmeras doenças, principalmente nas feridas produzidas pela sífilis e como
diurético. Em 1557 o francês Jean Fernel descrevia os sinais e sintomas de intoxicação
mercurial em pacientes que recebiam o mercúrio como medicamento. Contudo, até o século
XIX, o mercúrio ainda era usado como medicamento para desobstrução intestinal e, no século
XX, o famoso mercuriocromo foi usado como anti-séptico (AZEVEDO, 2003).
Indicador Biológico
Concentração Referência
de Exposição (IBE)
< 2 (também para metilmercúrio) LAUWERYS, 1986
< 1-5 (sangue total) HAMMOND, 1980
3-4 (limite máximo de concentração normal) KLAASEN, 1986
Sangue (µg/dL) > 4 (anormal em adultos) KLAASEN, 1986
até 10 BRAS IL, 1983
25 (máximo na população normal) KLAASEN, 1986
< 100 (corrigida a densidade para 1,018) HAMMOND, 1980
Urina (µg/g creatinina) < 5 LAUWERYS, 1986
1 SHAHRISTANI et al, 1976
Cabelo (µg/g)
2 OPS, 1987
Fonte: NASCIMENTO & CHASIN, 2001
c) populações de regiões com contaminação por mercúrio (nas situações em que ocorra
tal contaminação, principalmente das águas, todos os habitantes locais que se alimentam da
fauna regional têm risco significativo de desenvolver intoxicação crônica);
Segundo Albert (1988), quando o vapor de mercúrio é absorvido pelos seres vivos,
especialmente os animais superiores como o ser humano, se distribui por todo o organismo
através da circulação sanguínea. Quando chega ao cérebro se ioniza e une às proteínas,
demorando a ser liberado, o que ocasiona danos reversíveis e irreversíveis neste e em outros
órgãos. Os compostos alquimercuriais entram nos organismos pela via respiratória, digestiva e
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cutânea, pela qual podem ser absorvidas quantidades suficientes para causar intoxicações
graves.
A contaminação ambiental humana por ingestão do mercúrio e seus compostos teve dois
casos de maior relevância ao longo da história, os quais são relatados por diversos autores: o
de Minamata no Japão e o do Iraque.
O mal se notabilizou como “Doença de Minamata”. Até 1984 haviam sido oficialmente
documentados 2.578 casos de doença pelo Japão, com 656 mortes. A primeira morte
aconteceu em 1954, com um pico de incidência em 1956. Após 1972, o número de mortes
tornou a aumentar rapidamente, com um segundo pico de incidência em 1976 (TAMASHIRO
et al., 1984 apud AZEVEDO, 2003).
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O estudo foi realizado transversalmente compreendendo três aspectos, entre eles uma
visita à fábrica para entendimento dos processos de trabalho, determinação dos diferentes
grupos de risco e atendimento aos trabalhadores, que foram submetidos à avaliação clínica,
neurológica, psiquiátrica e psicológica.
Tempo de Não
Intoxicados Inconclusivos Total
Exposição Intoxicados
(em anos) Nº % Nº % Nº % Nº %
Menos de 1 7 70,00 2 20,00 1 10,00 10 100,00
1-3 31 86,11 3 8,33 2 5,56 36 100,00
4-6 19 85,00 2 10,00 1 5,00 22 100,00
7-9 5 100,00 - - - - 5 100,00
10 - 12 7 77,78 2 22,22 - - 9 100,00
13 - 15 4 100,00 - - - - 4 100,00
16 - 18 1 50,00 1 50,00 - - 2 100,00
19 - 21 1 100,00 - - - - 1 100,00
22 - 24 1 100,00 - - - - 1 100,00
Acima de 24 1 100,00 - - - - 1 100,00
Total 77 84,89 10 10,46 4 4,65 91 100,00
Fonte: ZAVARIZ & GLINA, 1993
De acordo com Zavariz & Glina (1993), os sintomas referidos foram agrupados nas
síndromes gastrintestinal, neurológica, eretismo psíquico e outros. Na sintomatologia
gastrintestinal destacaram-se a epigastralgia (63,73%), digestão difícil (53,84%), gosto
metálico (52,74%). Na sintomatologia neurológica predominaram a cefaléia (79,12%),
parestesia (56,04%), insônia (52,74%) e tremores (50,54%). No eretismo psíquico os sintomas
mais referidos foram nervosismo (72,52%), irritabilidade (68,13%), distúrbios de memória
(50,54%) e tristeza (39,56%). Em outros sinto- mas foram encontrados irritação nos olhos
(64,83%), fraqueza muscular (61,53%) e borramento visual (48,35%).
Sinais Detectados Nº %
Tremores 69 75,82
Hipertensão Arterial 50 54,95
Faringite 47 51,65
Amigdalite 43 47,25
Conjuntivite 35 38,46
Hepatomegalia 20 21,98
Linha Azul na Margem Alveolar 16 17,58
Arritmia Cardíaca 14 15,38
Edema de Membros Inferiores 14 15,38
Sopro Sistológico de Foco Mitral 12 13,19
Depósitos Gengivais 8 8,79
Ulcerações Orais 8 8,79
Auscuta Pulmonar Alterada 5 5,49
Dor à Palpação da Região Epigástrica 4 4,40
Alterações Cutâneas 4 4,40
Alterações de Sensibilidade 2 2,20
Nistagmo Multidirecional Bilateral 1 1,09
Espondilite Anquilosante 1 1,09
Extração Renal 1 1,09
Punho Percussão Positiva 1 1,09
Dentes Moles 1 1,09
Alterações de Reflexos 1 1,09
Edema Gengival 1 1,09
Fonte: ZAVARIZ & GLINA, 1993
Resultado de HgU Nº %
Abaixo de 10 µg/1 23 11,97
10 - 19 µg/1 36 18,75
20 - 29 µg/1 32 16,66
30 - 39 µg/1 17 8,85
40 - 49 µg/1 15 7,82
50 e acima 27 14,06
Sem Informação 42 21,87
Total 192 100,00
Fonte: ZAVARIZ & GLINA, 1993
Trabalhadores
Alterações Combinadas aos Exames
Nº %
Clínico, Neurológico, Psiquiátrico, Psicológico 45 58,44
Clínico, Neurológico, Psicológico 9 11,69
Neurológico, Psiquiátrico, Psicológico 7 9,09
Neurológico, Psicológico 6 7,79
Clínico, Psiquiátrico, Psicológico 4 5,19
Psiquiátrico, Psicológico 3 3,90
Clínico, Psicológico 2 2,60
Clínico, Neurológico 1 1,30
Total 77 100,00
Fonte: ZAVARIZ & GLINA, 1993
Segundo Azevedo & Ramos (1993), o mercúrio foi a primeira substância a ser objeto de
legislação para controle da doença por ele causada em trabalhadores. Em meados do século
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XVII, nas minas de mercúrio em Idrija, Iugoslávia, o dia de trabalho foi reduzido para 6 horas
em oposição às 14 horas normais em outras atividades àquele tempo. O hidrargirismo ou
mercurialismo (intoxicação crônica por mercúrio) é a mais antiga das doenças profissionais
conhecidas e foi descrita por Pope em 1665, embora Paracelso já a tivesse relatado em 1567.
A intoxicação por mercúrio, principalmente aquela a longo prazo, pode ocorrer entre
trabalhadores em qualquer tipo de atividade ou indústria em que se utilize o mercúrio, seja
numa etapa intermediária de um processo, seja na obtenção de produtos derivados. Em locais
de trabalho onde se emprega o mercúrio metálico, altas concentrações de seu vapor podem
ocorrer no ar ambiente em conseqüência de sua volatilidade, o que se pode constituir em sério
risco de mercurialismo. Muitas vezes laboratórios químicos, físicos e gabinetes odontológicos
chegam a apresentar concentrações de mercúrio no ar superiores ao limite recomendado
(SALGADO et al., 1986 apud AZEVEDO, 2003).
Além da via respiratória, as vias cutânea, ocular e digestiva também são importantes
meios de penetração/absorção do mercúrio e seus compostos, considerando-se a exposição
ocupacional (NASCIMENTO & CHASIN, 2001).
Para o HSDB (2000) apud Nascimento & Chasin (2001), o parkinsonismo mercurial
apresenta-se como andar cambaleante, oscilante e irregular, ausência de reflexos de equilíbrio
e hipotonia, sintomas vegetativos leves com rigidez facial, sialorréia, dentre outros.
Entretanto, esse parkinsonismo é geralmente leve.
Indicador
Agente Biológico Método
VR* IBMP** Analítico Amostragem Interpretação
Químico Material Análise
Biológico
Mercúrio Urina Mercúrio Até 5 35 µg/g EA A PU T-12 EE
Inorgânico µg/g creatinina 12
creatinina
* IBMP - Índice Biológico Máximo Permitido: é o valor máximo do indicador biológico para o qual se supõe
que a maioria das pessoas ocupacionalmente expostas não corre risco de dano à saúde. A ultrapassagem deste
valor significa exposição excessiva
** VR - Valor de Referência da Normalidade: valor possível de ser encontrado em populações não-expostas
ocupacionalmente
Fonte: BRASIL, 1994
Segundo Zavariz (2007), os valores para níveis de mercúrio no ar nos locais de trabalho
previstos na legislação brasileira estão totalmente defasados. Embora nenhum valor limite
para vapores de mercúrio no ar seja seguro, devem ser adotados minimamente os valores
internacionais recomendados pelos órgãos mundialmente reconhecidos, desde que não
resultem em contaminação ou alterações à saúde dos expostos. São os seguintes:
• Valor Limite de Tolerância de 0.025 mg/m3 (0.025 mg de mercúrio por metro cúbico
de ar) para jornada normal de 8 horas diárias e 40 horas semanais (adotado pela ACGIH -
American Conference of Governmental Industrial Hyienists).
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• Limite Teto de 0.1 mg/m3 de ar. Este valor não pode ser ultrapassado em nenhum
momento da jornada de trabalho (adotado pela OSHA - Occupational Safety and Health
Administration).
Tabela 2.11. Limites de exposição aos vapores de Hg pela OSHA, NIOSH e ACGIH
Compostos
Tipo Compostos Alquil Compostos Aril
Inorgânicos
OSHA
8 horas TWA 0.01 mg/m3 0.1 mg/m3 0.1 mg/m3
C (Teto) 0.04 mg/m3 - -
NIOSH
8 horas TWA 0.01 mg/m3 - Pele 0.05 mg/m3 - Pele 0.05 mg/m3 - Pele
STEL/C (Teto) 0.03 mg/m (STEL) - Pele 0.1 mg/m (C) - Pele 0.1 mg/m3 (C) - Pele
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2.2.4. Medidas de ordem técnica e médica para redução dos riscos ocupacionais
• os assoalhos - não devem ser porosos pois o mercúrio pode acumular-se em cantos ou
frestas e, devido à sua elevada volatilidade, contaminar o ambiente, e devem ser lavados com
solução de sulfeto de cálcio ou com outro reagente disponível;
• lentes de contato - devem ser evitadas por trabalhadores que manipulam mercuriais;
• pele e mãos - quando contaminadas, devem ser imediatamente lavadas com água.
De acordo com a OIT (1998), todo o esforço possível deve ser feito para substituir o
mercúrio por outras substâncias que envolvem menos riscos. Por exemplo, a indústria do
feltro pode usar compostos sem mercúrio. Especificamente nas minas, podem-se aplicar
técnicas de perfuração úmidas. A ventilação é a medida de segurança principal e, se uma não
existir a ventilação apropriada, os trabalhadores terão que usar o equipamento de proteção
respiratória.
A OIT (1998) recomenda ainda que os trabalhos têm de ser projetados de modo que se
reduza ao mínimo o número de pessoas expostas ao mercúrio. É necessário evitar a
contaminação da roupa e das partes expostas do corpo, o que pode constituir numa fonte
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perigosa de vapor do mercúrio perto da zona respiratória. As roupas protetoras são para uso
especial, devendo ser trocadas a cada retorno ao trabalho. As operações de pintura com tintas
que contêm compostos de mercúrio devem ser feitas com EPI e ventilação apropriada.
Nascimento & Chasin (2001) destacam que medidas preventivas de ordem médica
também devem ser estabelecidas para controle da exposição ocupacional ao mercúrio, e
incluem:
• Exame médico periódico, no qual o médico do trabalho deve observar, entre outros
aspectos, lesões gengivais, alterações neurológicas (tremores) e oculares (estado do cristalino
anterior). A espécie do metal e o tipo de exposição determinam o órgão crítico a ser avaliado
pelo clínico (DINMAN, 1973 apud NASCIMENTO & CHASIN, 2001). A avaliação da
condução nervosa, os testes neurocomportamentais e os testes cognitivos podem, também, ser
de muita valia.
O IBE mais utilizado para se aferir a exposição ao mercúrio e ao metilmercúrio são suas
próprias determinações em diferentes constituintes do organismo, mais freqüentemente
sangue, cabelo e urina (FRIBERG, 1985 apud NASCIMENTO & CHASIN, 2001).
Para Nascimento & Chasin (2001), o IBE a ser escolhido para adoção em programa de
toxicovigilância da exposição ao mercúrio, em pesquisa, ou em análise de emergência, irá
depender além, obviamente, da disponibilidade de condições analíticas, do tipo de exposição
(intencional, acidental, ocupacional, ambiental, alimentar, medicamentosa) e do composto
mercurial a que se está exposto. Não há uma regra única, nem a existência para o mercúrio de
um IBE que seja universal.
De acordo com estas autoras, a avaliação dos dados toxicológicos e das evidências
epidemiológicas permite o estabelecimento da identificação do risco para alguns efeitos, tais
como, carcinogenicidade, mutagenicidade, efeitos na reprodução e toxicidade sistêmica.
Diversos autores citados por Azevedo (2003) mencionam que toda vez que um
organismo contaminado por mercúrio estiver em nível inferior numa cadeia trófica, seu
predador absorverá aquele mercúrio orgânico, mas revelará concentrações comparativamente
aumentadas, fenômeno este conhecido como biomagnificação.
Quanto à toxicidade para os diversos seres vivos, o mercúrio afeta de diferentes formas
os microorganismos, as plantas e animais aquáticos e as plantas e animais terrestres, conforme
exposto a seguir.
O acúmulo de mercúrio nas cadeias aquática e terrestre resulta em risco para o homem,
principalmente pelo consumo de peixe de águas contaminadas, particularmente os predadores,
como atum, peixe-espada e outros peixes de água salgada, mesmo se pescados distantes da
região costeira, frutos do mar como mariscos, além de pássaros e mamíferos que se alimentam
de peixes e ovos de pássaros (WHO, 1976).
Dos animais terrestres que se contaminam com mercúrio, os pássaros são os mais
estudados. A forma como essas aves armazenam o mercúrio é variada e depende da espécie,
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órgão e locais onde vivem. Os mais contaminados são os que se alimentam em estuários
(WHO, 1989).
Azevedo (2003) destaca que existem poucos estudos que avaliam os efeitos do mercúrio
em mamíferos selvagens, e a maior parte está relacionada com o vison (espécie de marta) e
com o Microtus ochrogaster. Nestes animais o metilmercúrio mostrou-se mais tóxico que as
espécies inorgânicas do mercúrio.
De acordo com Clayton (1982) apud Nascimento & Chasin (2001), o mercúrio é obtido
quase que exclusivamente do HgS, mineral cuja composição é de 86,2% Hg e 13,8% S,
embora possa ser encontrado em outros minérios na forma de mercúrio elementar, sendo mais
freqüente em calcário, arenito, serpentina, andesita, basalto e riolita (alkaline feldspar e
quartzo).
mercúrio para a atmosfera devido à atividade humana, embora difícil de ser avaliada com
precisão, é estimada em torno de 3.000 toneladas / ano (WHO, 1991).
A Resolução CONAMA 357 (BRASIL, 2005) dispõe sobre a classificação dos corpos
de água (doces, salobras e salinas) e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem
como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. Especificamente para o
mercúrio, são estabelecidos os seguintes valores máximos conforme demonstra a tabela 2.12.
Tabela 2.12. Valor máximo de mercúrio total admitido nas águas e efluentes no Brasil
até 2,0% em peso de mercúrio, quando for do tipo pilha-botão, bateria de pilha botão e pilha
miniatura;
Mercúrio 0,001
Fonte: ABNT, 2004
Segundo Durão & Windmöller (2008), o teste de lixiviação descrito na norma NBR
10005:2004, consiste em simular em laboratório as condições mais inadequadas possíveis nos
processos de deposição e verificar o quanto de mercúrio é extraído do resíduo nessas
condições. A fase líquida usada como extrator constituirá o lixiviado que será submetido a
análises químicas para verificar a periculosidade do resíduo. Caso a concentração do mercúrio
no lixiviado esteja acima do limite máximo, ele deve ser disposto em instalações adequadas.
Mais especificamente, com relação aos resíduos gerados pelas lâmpadas fluorescentes, o
bulbo de vidro de uma lâmpada apresenta 70% da massa total de uma lâmpada de vapor de
mercúrio. O chumbo, presente no vidro, excede os limites estabelecidos pela NBR
10004:2004, logo, esse resíduo é classificado como perigoso, ou seja, um resíduo de Classe I.
O pó de fósforo, que representa 2% da massa total de uma lâmpada fluorescente, contém
mercúrio e cádmio. Concentrações elevadas do mercúrio, que podem variar de lâmpada para
lâmpada, também qualificam esse resíduo como perigoso (DURÃO & WINDMÖLLER,
2008).
Zavariz (2007) destaca no Brasil não existe legislação específica que abarca os diversos
aspectos, de modo a prevenir os riscos advindos do uso de mercúrio em lâmpadas. Entretanto,
existem fundamentos legais que dão embasamento para se estabelecer padronizações de
procedimentos e exigências. Também não existe determinação legal da quantidade de
mercúrio que deve ser utilizada, por tipo de lâmpada, de modo a reduzir os riscos para a vida.
A Constituição de 1988, no artigo 225 define que “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações” (ZAVARIZ, 2007).
Para suprir esta lacuna legislativa, destaca Zavariz (2007), a coordenadora do Programa
Nacional de Mercúrio, do Ministério do Trabalho e Emprego/Delegacia Regional do Trabalho
no Estado de São Paulo, no início do ano de 2006, convidou diversas entidades
representativas da área governamental e da sociedade civil organizada para discutir e elaborar
um documento em comum acordo, abordando todos os aspectos preventivos aos riscos
relacionados à fabricação, importação e exportação, uso, transporte, descarte, coleta,
reciclagem e disposição final de lâmpadas com mercúrio e dar encaminhamentos ao mesmo.
A primeira reunião ocorreu em março de 2006, quando foi criado um grupo de trabalho,
o GT - Lâmpadas, constituído por representantes das entidades presentes, que assumiram o
compromisso de participar das reuniões do grupo, até a finalização dos trabalhos, tendo como
objetivo discutir e elaborar um documento abordando todas as questões relativas às lâmpadas
com mercúrio, desde a fabricação até o destino final dos produtos, perpassando pela
quantidade de mercúrio utilizada por tipo de lâmpada, a forma de reciclagem, recuperação de
mercúrio, a coleta, o transporte, a armazenagem, o manuseio e o descarte, inclusive
doméstico, e que servirá de subsídio para adoção de procedimentos e regulamentações a
serem implementados pelos órgãos competentes (ZAVARIZ, 2007).
No Rio Grande do Sul, a Lei nº 11.187 de 1998, estabelece normas para o descarte de
pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes que contenham mercúrio, proibindo a disposição em
depósitos públicos de resíduos sólidos e a sua incineração. Em Caxias do Sul, estado de Rio
Grande do Sul, a Lei nº 5.873 de 2002, disciplina o descarte e o gerenciamento adequado de
pilhas, baterias e lâmpadas usadas no município. O Estado de Santa Catarina, pela Lei nº
11.347 de 2000, regulamenta sobre a coleta, o recolhimento e o destino final de resíduos
sólidos potencialmente perigosos, tais como baterias, pilhas e lâmpadas de mercúrio e proíbe
sua disposição em aterros sanitários (POLANCO, 2007).
Na Bahia, em específico, foi criado o Projeto de Lei nº 11.305 em 1997, para dispor
sobre o descarte de lâmpadas fluorescentes, baterias de telefones celulares e relógios. Uma
busca recente por esta Lei, porém, não produziu resultados, o que aparentemente demonstra
que a mesma não passou da fase de projeto.
Uma lâmpada é um conversor de energia. Ainda que possa realizar funções secundárias,
seu principal propósito é a transformação de energia elétrica em radiação eletromagnética
visível. Existem muitas maneiras de criar luz, porém o método normalmente utilizado na
iluminação geral é a conversão de energia elétrica em luz (OIT, 1998).
49
A descarga elétrica é uma técnica utilizada em modernas fontes de luz para o comércio
e indústria, porque a produção de luz é mais eficaz. Alguns tipos de lâmpadas combinam a
descarga elétrica com a fotoluminescência. Uma corrente elétrica passa através de um gás
excita os átomos e moléculas que emitem radiação com um espectro característico dos
elementos presentes. Normalmente dois metais são utilizados, de sódio e mercúrio, porque as
suas características permitem radiação no espectro visível. Lâmpadas de descarga são
geralmente divididas em categorias de baixa ou alta pressão (OIT, 1998).
de luz também superava em muito tudo o que já se tinha obtido. Esta lâmpada que foi usada
para iluminar ruas, prédios públicos e docas, tornou-se atrativo em praticamente todos os
eventos industriais e sobre eletricidade desde o seu lançamento até 1890 (ANDRÉ, 2004).
Para André (2004), durante estes pouco mais de cem anos da existência deste tipo de
lâmpada, registrou-se uma grande evolução, sendo uma das etapas importantes neste
desenvolvimento foi a invenção, por Peter Cooper-Hewitt em 1901, da lâmpada de vapor de
mercúrio.
A Instituição “Net Resíduos” de Portugal realizou um estudo quanto aos riscos inerentes
aos usos das lâmpadas, com base nas legislações vigentes na Comunidade Européia e na
presença, na lâmpada, de compostos potencialmente perigosos. Neste estudo, foi realizada a
distinção dos tipos de lâmpadas existentes em duas categorias distintas: “lâmpadas não
potencialmente perigosas para o meio ambiente” composta pelas lâmpadas incandescentes, e
“lâmpadas potencialmente perigosas para o meio ambiente” composta de lâmpadas que
contêm mercúrio (ZANICHELI et al., 2004). A tabela 2.18 apresenta o resultado desta
classificação para lâmpadas potencialmente perigosas para o meio ambiente.
51
Alguns dados sobre os principais tipos de lâmpadas de descarga elétrica que contêm
mercúrio são apresentados a seguir:
Segundo André (2004), uma das lâmpadas de descargas mais comuns, na atualidade, é a
lâmpada fluorescente de baixa pressão. A lâmpada fluorescente é uma lâmpada de descarga
de mercúrio de baixa pressão, de seção normalmente circular, podendo ter cátodos frios ou
quentes, na qual a maior parte da luz é emitida por uma camada de material fluorescente
excitada pela radiação ultravioleta gerada pela descarga (figura 2.1).
52
Battye et al.(1994) apud Raposo & Roeser (2000) explicam que uma lâmpada
fluorescente típica é composta de um tubo selado de vidro preenchido com gás argônio à
baixa pressão (2,5 Torr) e vapor de mercúrio à baixa pressão parcial. Nestas condições, o tubo
está em vácuo parcial. O interior do tubo é revestido com uma poeira fosforosa composta de
vários elementos, conforme demonstra a tabela 2.19.
O tubo usado numa lâmpada fluorescente padrão é fabricado com vidro é similar ao
usado por toda a indústria de vidro para a fabricação de garrafas e outros itens de consumo
comum. Os terminais da lâmpada são de alumínio ou plástico, enquanto os eletrodos são
53
feitos de tungstênio, níquel, cobre ou ferro. Nenhum desses materiais apresenta risco potencial
se a lâmpada quebrar, exceto o perigo óbvio do vidro quebrado. A camada branca,
normalmente chamada de fósforo, que reveste o tubo de uma lâmpada fluorescente padrão é
geralmente um clorofluorfosfato de cálcio, com pequenas quantidades de antimônio e
manganês (1 a 2%) na matriz de fósforo. A quantidade destes componentes menores pode
mudar ligeiramente dependendo da cor da lâmpada. Uma lâmpada padrão de 4' tem cerca de 4
a 6 gramas de poeira fosforosa (BATTYE et al.,1994 apud RAPOSO & ROESER, 2000).
• Lâmpadas de vapor metálico: São lâmpadas que combinam iodetos metálicos, com
altíssima eficiência energética, excelente reprodução de cor, longa durabilidade e baixa carga
térmica. Sua luz é muito branca e brilhante. Tem versões de alta potência recomendadas para
grandes áreas, com índice de reprodução de cor de até 90%, eficiência energética de até
100lm/W e temperatura de cor de 4.000 a 6.000K, em vários formatos, e de baixa potência de
70 a 400W, com formato tubular com diversas bases, apresentando alta eficiência, ótima
reprodução de cor, vida útil longa e baixa carga térmica (CATÁLOGO OSRAM, 1998 apud
APLIQUIM, 2009).
3.000K ou vice versa. São utilizadas em áreas comerciais, hotéis, exposições, edifícios
históricos, teatros, stands, etc. (CATÁLOGO OSRAM, 1998 apud APLIQUIM, 2009).
Tabela 2.22. Quantidade de mercúrio contido nas lâmpadas por tipo de consumidor
Número de Quantidade de
Tipo de consumidor estabelecimentos mercúrio % de mercúrio total
eletrificados (x 1000) (Kg)
Industrial, Comercial 6000 1.013 92,4
e Serviços
Residencial 41000 83 7,6
Total 47000 1.096 100
Fonte: ABILUX, 2003
Nas figuras 2.2 e 2.3 são exibidos gráficos com informações relativas à distribuição de
lâmpadas, segundo os diferentes tipos, nos domicílios dos clientes residenciais no Brasil e na
região Nordeste, respectivamente. O levantamento foi realizado em 2005 pela Eletrobrás e
Procel e mostra que as lâmpadas incandescentes ainda são utilizadas em proporções
significativas, mas as lâmpadas fluorescentes, especificamente as compactas, já têm uso
predominante na região Nordeste (ELETROBRÁS/PROCEL, 2005).
56
25W Inc.
2% 1% 1% 1% 5% 40W Inc.
17%
60W Inc.
100W Inc.
150W Inc.
20W Fluor. Tubular
40W Fluor. Tubular
Fluor. Comp. até 15W
15% Fluor. Comp. >15W
37% Fluor. Circular
9%
6% 0% 6% Dicróica
Outro
Fonte: ELETROBRÁS/PROCEL, 2005
25W Inc.
2% 0% 1% 2% 8% 40W Inc.
29% 60W Inc.
100W Inc.
150W Inc.
20W Fluor. Tubular
40W Fluor. Tubular
Fluor. Comp. até 15W
29% Fluor. Comp. >15W
14% 1%
6% 0% Fluor. Circular
8%
Dicróica
Outro
Para Raposo & Roeser (2000) as lâmpadas de mercúrio têm um tempo de vida de três a
cinco anos, ou um tempo de operação de aproximadamente 20.000 horas, sob condições
normais de uso.
A versão LUMILUX® da OSRAM, por exemplo, consome apenas 15% da energia que
uma lâmpada incandescente comum precisa para gerar a mesma quantidade de luz. Em termos
de durabilidade, elas são ainda uma excelente alternativa, pois a vida média de uma lâmpada
58
Com base em dados coletados nos Estados Unidos é possível verificar outras tendências
de melhoria ao longo dos anos, em diversos índices associados à reciclagem de lâmpadas que
contém mercúrio, conforme demonstra a tabela 2.23 (NEMA, 2000).
Anos
Aspectos Avaliados
1990 1995 2000 2004*
Número de lâmpadas dispostas (milhões) 440 530 620 680
Total de mercúrio contido nas lâmpadas (t) 24 27 17 13
Total de mercúrio liberado no ar e água (t)** 3,66 2,3 1,1 0,36
Disposição por reciclagem (%) 2 8 15 25
Disposição em aterros (%) 82 77 71 64
Disposição em incineradores (%) 16 15 14 11
Liberação pelos incineradores no ar e água (%) 90 51 33 9
Lâmpadas quebradas (%) 98 92 85 75
Mercúrio contido no vidro reciclado (mg/lâmpada) 1,5 1,5 1,5 0,75
* Projeção ** Redução principalmente por melhorias nos processos de incineração
Fonte: NEMA, 2000
59
Segundo Durão & Windmöller (2008), o uso de lâmpadas fluorescentes pode até
representar uma significativa economia doméstica, comercial e industrial. No entanto, se por
um lado a natureza agradece a economia no uso dos recursos naturais pelo uso de lâmpadas
fluorescentes na iluminação, a proliferação do seu uso está gerando uma nova demanda
ambiental: O que fazer com as lâmpadas queimadas?
O risco oferecido por uma única lâmpada é quase nulo. No entanto, levando em
consideração que o Brasil comercializa cerca de 100 milhões de lâmpadas por ano, o
problema do descarte destas se agrava enormemente. Isso sem contar que as indústrias de
reciclagem de lâmpadas de mercúrio são responsáveis pelo controle de apenas
60
A Abilux (2003) estimou que a quantidade total de mercúrio utilizada nas lâmpadas
comercializadas no Brasil em 2001 foi de aproximadamente 1,1 tonelada, conforme detalhado
na tabela 2.24.
Segundo Sanches (2008) a reciclagem das lâmpadas fluorescentes deve satisfazer aos
interesses econômicos das empresas envolvidas, ou seja, da indústria de reciclagem e das
empresas que compram os materiais reciclados para utilizá-los como matéria-prima em seus
processos produtivos. Os preços de venda dos reciclados, portanto, devem ser competitivos
em relação aos preços das matérias-primas virgens que irão substituir.
A quantidade de material reciclado das lâmpadas, de acordo com Sanches (2008), deve
ser suficiente e constante para que possibilite a realização de atividades em escala econômica.
Com a qualidade e os baixos preços comprovados, o material reciclado passa a ser uma
62
matéria-prima, por isso, quanto maior a quantidade comercializada, maior a economia gerada
no lote.
Além disso, é necessário que exista mercado para os produtos fabricados com materiais
reciclados, pois este fator vai refletir nas demandas dos reciclados. Exemplo: se a indústria de
termômetros apresentar uma queda nas vendas, conseqüentemente consumirá menos mercúrio
reciclado de lâmpadas, ou seja, a demanda desta matéria-prima será afetada pela baixa
demanda do produto final (SANCHES, 2008).
A logística reversa de pós-consumo do setor apresenta um fluxo reverso que não utiliza
etapas da cadeia de suprimentos direta, ou seja, existe uma cadeia de distribuição própria para
o processo reverso das lâmpadas fluorescentes, cujos objetivos dividem-se em ecológico,
legal e econômico. O primeiro é voltado para a preservação do meio ambiente e o uso
sustentável de recursos, o segundo associa-se a necessária intervenção governamental por
meio da legislação para permitir um melhor equacionamento da questão das lâmpadas
fluorescentes de pós-consumo, e o terceiro envolve o lucro obtido pelas indústrias de
reciclagem que comercializam os materiais recuperados de lâmpadas fluorescentes, além das
organizações que reduzem as despesas comprando matéria-prima reciclada (SANCHES,
2008).
As etapas consideradas como mais importantes são: recebimento, separação por tipo e
tamanho, contagem, armazenamento em local adequado, separação dos resíduos e obtenção
de matéria-prima secundária por meio do processo de reciclagem, armazenamento dos
materiais reciclados e comercialização para variados segmentos (SANCHES, 2008).
Com relação a estas diferentes iniciativas, Kiperstok et al. (2002) salientam que as
técnicas para redução da poluição dividem-se em duas categorias: fim-de-tubo (end-of-pipe) e
prevenção. As tecnologias fim-de-tubo se caracterizam pelo baixo valor de seus produtos,
pelo alto custo da sua implementação e pelo fato de não eliminar os poluentes, mas apenas
transferi-los de um meio receptor para outro. Para esses autores, nas medidas de fim-de-tubo
assume-se que os resíduos são inevitáveis e procura-se apenas reduzir o impacto do seu
lançamento no meio ambiente. Para isto se gasta energia e outros insumos.
65
Este novo enfoque pode ser melhor visualizado na figura 2.7, na qual as possíveis
tecnologias e/ou atitudes gerenciais e técnicas, organizam-se da esquerda para a direita, e de
cima para baixo, segundo sua importância ou prioridade de aplicação (LAGREGA, 1994 apud
KIPERSTOK et al., 2002).
Para Kiperstok et al. (2002) a redução na fonte prioriza medidas baseadas em mudanças
no produto, nos insumos, na tecnologia empregada e nas boas práticas operacionais, e ocorre a
partir do questionamento “precisamos de um determinado produto ou o produzimos/
compramos/usamos porque sempre foi assim?”.
Uma vez esgotadas as idéias para redução na fonte, passa-se a pensar no reuso e
reciclagem de resíduos gerados. Normalmente se define reuso como sendo o aproveitamento
de um resíduo ou efluente diretamente em outro processo, sem que para isso haja necessidade
de promover qualquer adequação de suas características. Já a reciclagem é o aproveitamento
do resíduo a partir de uma modificação das suas características para atender aos requisitos de
outro processo. A reciclagem interna reintegra os resíduos ao próprio processo de produção da
empresa (corrente residual), enquanto a externa tem o processamento dos resíduos fora da
empresa (KIPERSTOK et al., 2002).
O processo inicia-se pelo recebimento das lâmpadas. Na maioria das vezes elas são
doadas, porém em algumas épocas há necessidade de serem compradas. O armazenamento
das lâmpadas é feito de forma precária, por empilhamento num galpão. O processo produtivo
pode ser dividido em quatro etapas: a abertura, a lavagem, a confecção das peças e a
embalagem (PEREIRA, 2004).
Pereira (2004) esclarece que a etapa de abertura inicia-se com um leve aquecimento nas
extremidades da lâmpada, seguido de um choque térmico para gerar o trincamento, e em
seguida as lâmpadas são encaminhadas para a área de lavagem aonde as extremidades
metálicas são retiradas. Neste ponto ocorre a liberação de vapor sob forte pressão carreando
parte da poeira que se espalha no ar, e se deposita sobre o operador e à sua volta. A etapa de
lavagem é realizada em dois reservatórios contendo água inicialmente limpa. Em um deles, o
67
resíduo de cada lâmpada é retirado com auxílio de uma esponja presa na ponta de um cabo de
madeira. A finalização da lavagem é feita com a água do segundo reservatório e o efluente é
descartado diretamente no esgoto urbano.
O tubo de vidro já lavado é encaminhado para a etapa da confecção das peças, onde
com o auxilio de um maçarico o tubo começa a tomar forma de ampolas com duas pontas.
Esta é a estrutura básica para a confecção das outras peças. A última etapa é a embalagem,
que é feita após o resfriamento das peças, sendo utilizadas folhas de jornal e caixas de papelão
para o armazenamento (PEREIRA, 2004).
Pereira (2004) identificou como pontos críticos em sua pesquisa, do ponto de vista da
saúde ocupacional, que entre os voluntários avaliados somente oito participaram em mais de
uma campanha, e que seis deles apresentam um aumento significativo na relação
Hg/creatinina, sendo todos acima dos valores recomendados pela NR 7. Dado a
complexibilidade da situação, os voluntários foram encaminhados a buscar o
acompanhamento médico no Ambulatório de Saúde Ambiental e Ocupacional e o Núcleo de
Estudos de Saúde Coletiva (NESC). Os resultados mostram que os trabalhadores estão tendo
um aumento contínuo do teor de mercúrio na urina decorrente de sua atividade laboral.
Raposo & Roeser (2000) explicam que inicialmente as lâmpadas são implodidas e/ou
quebradas em pequenos fragmentos, por meio de um processador (britador e/ou moinho). Isto
permite separar a poeira de fósforo contendo mercúrio dos outros elementos constituintes. As
partículas esmagadas restantes são conduzidas a um ciclone por um sistema de exaustão, onde
as partículas maiores, tais como vidro quebrado, terminais de alumínio e pinos de latão são
separados e ejetados para fora do ciclone, onde são separados por diferença gravimétrica e por
separação eletrostática. A poeira fosforosa e particulados são coletados em um filtro no
interior do ciclone.
De acordo com Durão & Windmöller (2008) todos os constituintes das lâmpadas podem
ser reciclados, exceto o isolamento baquelítico. Os vidros podem ser recuperados para
69
Tabela 2.26. Valor dos materiais recuperados pela reciclagem de lâmpadas fluorescentes
Valor de Economia em
Material Comprador de
compra aprox. relação à Observação
reciclado material reciclado
(R$/kg) matéria-prima
Metais (latão Diversos 0,90 100% Preço de sucata
e alumínio)
Vidro Indústria cerâmica 0,20 100% Preço de sucata
Mercúrio Indústria de termô- 1000,00 Praticamente Preço de
metros e barôme- não existe matéria-prima
tros e de lâmpadas
fluorescentes
Fonte: SANCHES, 2008
Até 1993 não existiam alternativas para tratamento de lâmpadas no Brasil, e a totalidade
das lâmpadas era descartada no lixo comum, sendo normalmente direcionadas a aterros
sanitários. Não existem estudos sobre o impacto causado por esta destinação inadequada de
lâmpadas. A partir de 1993, surgiram várias empresas no mercado se propondo a fazer o
tratamento das lâmpadas (ZANICHELI et al., 2004).
variam, estando relacionados, de uma forma geral, ao tipo de equipamento e à região onde a
empresa atua.
Custo sem
Capacidadetransporte (R$)
Empresa UF Tipo de Processamento
(lâmpadas/mês)
Lâmpada Kg
Apliquim SP Fragmentação seca + recuperação 400.000 0,70 -
térmica de Hg
Brasil SC Corte de terminais + separação de 160.000 0,45 2,56
Recicle componentes
HG MG Trituração e separação química - 0,50 -
Desconta-
minação
Mega PR Trituração e separação química 150.000 0,45 a -
Reciclagem 0,58
Naturalis SP Trituração no próprio cliente e 38.000 0,60 -
do Brasil disposição dos filtros contaminados
em aterro de resíduos Classe I
Recitec MG Fragmentação seca + recuperação 200.000 0,75 4,00
térmica de Hg
Sílex SC Fragmentação seca + recuperação 144.000 0,55 a 3,60 a
térmica de Hg no próprio cliente 0,60 3,70
Tramppo SP Sopro + recuperação térmica de Hg 120.000 0,50 -
Fonte: POLANCO, 2007
2.5.4.1. Apliquim
• Preço: R$ 0,65 por lâmpada para descontaminação de lotes de 1.000 a 2.999 unidades.
Esse preço é válido para qualquer tamanho, tipo e potência de lâmpada. Para descontaminação
de lâmpadas já quebradas o preço é de R$ 3,50 por quilograma (dados do início de 2008).
Estes valores são para material posto na unidade de processamento, pois a Apliquim não faz
retirada fora do estado de São Paulo (PGR, 2009).
72
Zanicheli et al. (2004) por sua vez, destacam que a Mega Reciclagem possui todas as
licenças para comercialização do mercúrio, no entanto, contatos realizados com a empresa e
seus clientes não proporcionaram detalhes quanto ao receptor do resíduo de mercúrio.
• Preço: R$ 0,45 a R$ 0,58 por lâmpada (OSADA, 2006 apud POLANCO, 2007).
Com base em um levantamento realizado, a PGR (2008) menciona que juntamente com
a Nota Fiscal e Fatura, a Brasil Recicle envia o CRR - Certificado de Recepção e
Responsabilidade, devidamente reconhecido pelo cartório.
• Preço: R$ 0,63 para lâmpadas fluorescentes acima de 1,21 m e R$ 0,45 para as demais
(custo unitário no início de 2008). Lâmpadas quebradas são processadas por R$ 2,56 / Kg. A
coleta deverá obedecer à quantidade mínima de 1000 (mil) lâmpadas por descarte,ou
faturamento de R$ 450,00. A empresa Brasil Recicle não cobra pelo frete. (PGR, 2009).
2.5.4.4. Tramppo
possui tecnologia similar à existente na Suécia, conhecida como tratamento por sopro, mas foi
desenvolvido integralmente pela própria empresa e patenteado em 2005 (POLANCO, 2007).
• Resíduos: Por enquanto, a empresa ainda não está vendendo o mercúrio retirado das
lâmpadas, porque a quantidade é muito pequena (o mínimo para comercialização é de 1 quilo,
sendo que de cada mil lâmpadas são retiradas 8 gramas de mercúrio, em média). O vidro
triturado é vendido para uma grande fabricante nacional de vidros e o pó fosfórico está sendo
negociado para utilização na produção de tintas. Os terminais de alumínio, separados no início
do processo, são destinados para uma cooperativa de um conjunto habitacional popular de São
Paulo e depois para uma empresa recicladora da matéria-prima (FAPESP, 2008).
3. METODOLOGIA
3.1. OBJETIVOS
3.1.1. Geral
3.1.2. Específicos
A avaliação foi realizada somente em uma empresa, por ser a única que atua
regularmente em Salvador e região metropolitana. Com relação aos trabalhadores envolvidos,
a empresa possui três funcionários que preparam, manuseiam, transportam e operam o
equipamento de dascaracterização de lâmpadas e seus acessórios, bem como auxiliam na
disposição dos resíduos. Os laudos das análises amostrais de exposição dos trabalhadores ao
mercúrio e da descontaminação dos resíduos foram obtidos no acervo da própria empresa de
reciclagem.
77
Para serviços realizados até 60 km da sede da Ivomax, os preços por lâmpada reciclada
são os apresentados na tabela 4.1.
79
O fluxo mais detalhado contendo todas as etapas do processo pode ser visualizado na
figura 4.2.
Com relação ao retorno do equipamento e tambores cheios para a sede, a Ivomax está
dispensada da obtenção da ATRP - Autorização de Transporte de Resíduos Perigosos - junto
aos órgãos ambientais, pois os tambores são fechados com tampa e fecho de segurança, e em
seu interior ficam apenas componentes já descontaminados. A condicionante VII da Licença
do CRA apresenta como requisito que qualquer acidente no transporte do equipamento seja
comunicado imediatamente ao CRA. Havendo qualquer derramamento indesejado, os
resíduos são coletados com utensílios comuns e recolocados nos tambores.
Os filtros primário e secundário, por sua vez, ficam inseridos no próprio equipamento,
sendo transportados com ele. Quando saturados, são embalados em sacos plásticos e
colocados em tambores para serem encaminhados para a sede da empresa e, posteriormente,
para a destinação final. O filtro de carvão ativado fica acondicionado em um recipiente
blindado que é transportado junto com o equipamento e conectado durante a operação.
No transporte para destinação final também não são requeridos maiores cuidados com
relação aos tambores e filtros primário e secundário. Já o filtro de carvão ativado, conforme
condicionante V da Licença do CRA, requer uma ATRP para o transporte até o local de
descarte. Até o momento a empresa teve de transportar um único filtro em setembro de 2008,
o qual foi retirado do equipamento, acondicionado em dois sacos plásticos e colocado dentro
de um tambor metálico lacrado. Tal procedimento foi apresentado previamente pela Ivomax
ao CRA por meio de um Manifesto de Resíduos, sendo fornecido pelo CRA a ATRP nº
0225/2008-1371.
Desta forma, os rótulos de risco são fixados no recipiente do carvão ativado adsorvido
de mercúrio, na ocasião do seu embarque, conforme determina a classificação da ONU
(inflamabilidade, corrosividade, etc.). O veículo que transporta os resíduos perigosos também
é identificado através das placas de risco conforme legislação vigente.
vapor de mercúrio é adsorvido nos filtros à base de carvão ativado. Nenhum material sólido
ou líquido é colocado dentro dos tambores, exceto o vidro, o alumínio das lâmpadas
quebradas e os filtros usados. As fotografias da figura 4.7 mostram o estoque de lâmpadas
inteiras (antes) e de resíduos de vidro e alumínio (depois).
Figura 4.7. Detalhes do estoque inicial de lâmpadas e dos resíduos de vidro e alumínio
A análise química dos resíduos sólidos foi feita inicialmente em 2002, na época da
aquisição dos equipamentos, pelo IPT- Instituto de Pesquisas Tecnológicas, por solicitação da
empresa denominada Naturalis do Brasil, que é parceira da Ivomax e atua em São Paulo. Os
ensaios de lixiviação e solubilização para detectar os níveis de mercúrio no vidro e no pó
fosfórico foram realizados conforme as normas NBR 10004, NBR 10005, NBR 10006 e NBR
10007 vigentes na época, publicadas em 1987. A tabela 4.2 apresenta os resultados obtidos
pelo IPT nas análises químicas das lâmpadas.
86
O IPT concluiu que o mercúrio estava dentro do limite máximo permitido para o extrato
de lixiviação e acima do limite permitido para o extrato de solubilização, tanto nas amostras
de vidro como na amostra de pó fosfórico, e com base nos resultados obtidos classificou os
resíduos como Classe II - não inertes, ou seja, os resíduos não foram considerados perigosos.
Já a Ivomax realizou a análise química do vidro e alumínio duas vezes desde a entrada
em atividade, e a análise do pó fosfórico foi feita em uma ocasião. Os ensaios de lixiviação e
solubilização para detectar os níveis de mercúrio foram realizados segundo as normas NBR
10004, NBR 10005, NBR 10006 e NBR 10007 publicadas em 2004. As tabelas 4.3 e 4.4
apresentam os resultados dos laudos disponibilizados pela Ivomax, obtidos pela Engequímica
nas análises químicas do vidro e alumínio e do pó fosfórico das lâmpadas, respectivamente.
Data da
Parâmetros Métodos Limites Lixiviado Solubilizado
análise
Mercúrio EPA 7470 ≤ 0,1 09/02/06 0,048 mg/L -
Mercúrio EPA 7470 ≤ 0,001 09/02/06 - 0,177 mg/L
Fonte: ENGEQUÍMICA, 2006
Data da
Parâmetros Métodos Limites Lixiviado Solubilizado
análise
Mercúrio EPA 7470 ≤ 0,1 09/02/06 0,1 mg/L -
Fonte: ENGEQUÍMICA, 2007
Sobre o descarte dos resíduos cabe destacar ainda que a Ivomax paga para as empresas
receptoras para que dêem a destinação apresentada acima, diferentemente da prática descrita
por Sanches (2008) na tabela 2.25, onde os materiais recuperados na reciclagem de lâmpadas
têm valor comercial.
Para prestar serviços no estado de Sergipe a Ivomax possui uma Licença de Operação
de nº 648/2008 emitida pela ADEMA - Administração Estadual do Meio Ambiente. A licença
foi renovada em dezembro de 2008.
Como foi relatado no item 2.3.2 desta monografia, não existe uma legislação abrangente
a nível federal sobre o descarte de lâmpadas que contém mercúrio, e nos estados e municípios
89
existem somente algumas leis pioneiras a cerca do assunto. Assim sendo, para a prestação de
serviços em outros estados a Ivomax não tem exigências específicas, adicionais àquelas já
atendidas na Bahia e Sergipe. Cabe ressaltar, adicionalmente, que muitos dos clientes acabam
solicitando por conta própria a apresentação de atestados e licenças para prestação do serviço,
mesmo que de outros estados, de forma a se respaldar em relação a possíveis fiscalizações de
órgãos ambientais.
Tabela 4.6. Resultados das análises de ar atmosférico para fins de higiene ocupacional
Para atender a NR 7 a Ivomax realiza os exames periódicos, nos quais são monitorados
os níveis de mercúrio no organismo dos trabalhadores através da urina. Como os resultados
dos exames são de acesso exclusivo do médico do trabalho e do próprio funcionário, foram
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A empresa conta ainda com armários metálicos nas suas instalações para guarda dos
EPI´s, de forma que fiquem separados das roupas e acessórios de uso externo dos
trabalhadores. A higienização dos EPI´s é de responsabilidade dos próprios funcionários.
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5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Considerando as limitações da pesquisa, que foi feita sem nenhuma visita para
acompanhamento da operação in company, e as informações obtidas na revisão bibliográfica,
são retomados os objetivos desta monografia e realizadas a seguir algumas considerações
sobre o serviço de reciclagem de lâmpadas que contém mercúrio com equipamento móvel.
A EPA (2001) destaca, no entanto, que os ensaios da Air Cycle Corporation foram
realizados durante um período de 8 horas, mas parte do tempo foi com o equipamento em
operação e outra parte com o equipamento ocioso. Os relatórios não forneceram detalhes
sobre as condições de realização dos ensaios, como se o filtro de carvão ativado era novo ou
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Em sua avaliação a EPA (2001) destaca ainda que tambores que tenham qualquer
irregularidade na área de contato com a tampa do equipamento ou danos no dispositivo de
vedação também podem permitir a liberação de partículas e de vapor de mercúrio durante a
operação. Assim sendo, os trituradores devem ser instalados em áreas externas ou em locais
bem ventilados, acessíveis apenas ao pessoal devidamente treinado.
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Atividades como a substituição dos filtros e tambores devem ser realizados por
trabalhadores equipados com EPI´s adequados, incluindo máscara facial com respirador (com
indicadores do "fim de vida"), luvas resistentes e macacão de material especial. Quando o
aparelho não estiver em uso, a via de alimentação das lâmpadas precisa ser fechada com
tampa ou dispositivo similar para impedir a liberação das emissões de mercúrio (EPA, 2001).
A EPA (2001) em sua pesquisa destaca que a principal vantagem dos equipamentos
móveis é que eles ocupam menos espaço, e dispensam embalagens e outros cuidados
adicionais para prevenir a quebra das lâmpadas durante o armazenamento ou transporte até
uma recicladora. Baseada em um estudo de três empresas que usam equipamentos móveis,
porém, a EPA concluiu que aparentemente não há vantagens significativas em termos de
redução nos custos quando o processamento é feito nas instalações dos clientes.
Outro inconveniente apontado pela EPA (2001) com relação aos equipamentos da Air
Cycle Corporation é que nenhum dos modelos avaliados na pesquisa estava equipado com um
sistema de contagem de lâmpadas, de monitoramento do mercúrio, nem indicadores para
advertir sobre a necessidade de mudanças dos filtros ou de tambores cheios. O operador
precisa monitorar o número e tipo de lâmpada esmagada para determinar quando os filtros de
carvão ativado precisam ser substituídos.
A ACPO (2006) menciona em seu relatório sobre o mercado de mercúrio no Brasil que
as empresas recicladoras necessitam de rígido e constante controle para o cumprimento da
legislação, independentemente do seu método de processamento, de forma que estas cumpram
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o seu desejável papel ambiental e não coloquem em risco o ambiente laboral, o meio ambiente
e a vida no seu entorno.
Apesar das limitações da pesquisa, acredita-se que tal objetivo foi alcançado, uma vez
que um volume considerável de informações a cerca da reciclagem de lâmpadas que contém
mercúrio foi sintetizado em um único documento. Tais informações podem servir,
primeiramente, para se decidir de forma mais consciente entre reciclar ou não as lâmpadas, e
em segundo lugar, para facilitar na escolha da empresa recicladora.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Florianópolis, 2004. 142 p. Tese de Doutorado - Departamento de Engenharia Elétrica,
Universidade Federal de Santa Catarina.
ATIYEL, S.O. Gestão de resíduos sólidos: o caso das lâmpadas fluorescentes. Porto Alegre,
2001. 101 p. Dissertação (Mestrado em Administração) - Escola de Administração, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul.
______. NR 15 - Atividades e Operações Insalubres. Brasília: MTE, 1978b. Disponível em: <
http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_15.pdf >. Acesso em 01 mar. 09.
EPA - Environmental Protection Agency. Survey and initial evaluation of small on-site
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FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Pesquisa FAPESP online.
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fluorescentes. Disponível em: <http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=3500&bd=
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OSHA - Occupational Safety & Health Administrations. Exposure Limits. 2007. Disponível
em: <http://www.osha.gov/SLTC/mercury/exposure_limits.html>. Acesso em: 23 mar. 2009.
_____. Environmental Health Criteria 86: Mercury - environmental aspects. Geneva: WHO,
1989. 115p.
_____. Environmental Health Criteria 101: Methylmercury. Geneva: WHO, 1990. 144 p.
_____. Environmental Health Criteria 118: Inorganic mercury. Geneva: WHO, 1991. 168 p.
PIPE - Pequenas que Inovam. Boletim Inovação Unicamp - PIPE/FAPESP. Tramppo Recicla
Lâmpadas: Empresa desenvolve equipamento que evita poluição de lâmpada fluorescente -
mercado depende da difusão da idéia de reciclar. Atualizado em 25/06/2007. Disponível em
<http://www.inovacao.unicamp.br/pipe/report/070124-tramppo.shtml>. Acesso em 21 jul. 2008.