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INTRODUÇÃO
Cristianismo, ocorreu-me fazer uma pesquisa sobre sua origem. Onde e como
A História das Religiões tem sido praticada de diversas maneiras: seja para
reafirmar a superioridade de uma religião sobre as demais, seja para
demonstrar que a religião é parte de um passado a ser ultrapassado pela
razão, seja para demonstrar que a religião é parte de um sistema de
opressão e de poder, seja para simples conhecimento acadêmico das
religiões ou para reivindicar a perenidade da experiência religiosa
(ALBUQUERQUE, 2005, p. 15).
cristãos, que deriva do latim Christus, “Cristo”, e este do grego Khristós, “ungido”. A
aceitação do Cristianismo pelos judeus ocorreu até o ano 65 d.C., ano em que se
A convicção dos cristãos de que Jesus Cristo, era o messias que havia
sido anunciado pelos profetas de Israel, era inadmissível para os judeus. Repudiado
dentre todas as conhecidas, cujo universalismo ela mesma se atribui desde a sua
do ponto de vista de sua influência tanto nos domínios da cultura, da vida social e da
Cristianismo era considerado como uma das numerosas religiões vindas dos confins
do império, da qual Jesus de Nazaré, fora o fundador. Para a maioria das religiões, a
sua origem é atribuída a uma divindade, e cuja revelação é recebida por homens
privilegiados, mas para os cristãos, Jesus, foi desde o início, muito mais que um
religião? Não seria Ele o personagem da história que quebraria todos os paradigmas
história da humanidade.
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profetas envia à terra seu filho como messias salvador. Ele nasce numa família
comum, morre, ressuscita e envia o Espírito Santo para permanecer no mundo até o
fim dos tempos. Desde o início o Cristianismo organiza-se como Igreja, sob a
Milhares de cristãos são mortos durante o reinado dos imperadores Nero, Trajano,
Império Romano
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anos. Desde aquela época, o povo hebreu, que habitava a região da Palestina, uma
Messias à terra. Essa profecia constava das páginas do Antigo Testamento, que
Palestina, mas traria a justiça aos homens, de modo que todos tivessem os mesmos
nesse período. Era uma região aparentemente bastante próspera, já que era palco
Eis que dias virão – oráculo de Iahveh – em que suscitarei a Davi um germe
justo; um rei reinará e agirá com inteligência e exercerá na terra o direito e a
justiça. Em seus dias, Judá será salvo e Israel habitará em segurança. Este é
o nome com que o chamarão: Iahveh, nossa justiça. (JEREMIAS, 23, 5-6).
hebraico, é Jehoshuà, que quer dizer “Javé é salvação” ou “Deus que salva”.
Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, ele recebeu o poder
sobre seus ombros, e lhe foi dado este: Conselheiro-maravilhoso, Deus-forte,
Pai-eterno, Príncipe-da-paz, para que se multiplique o poder, assegurando o
estabelecimento de uma paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu
reino, firmando-o consolidando-o sobre o direito e sobre a justiça. Desde
agora e para sempre, o amor ciumento de Iahveh dos Exércitos fará isto.
(ISAIAS, 9, 5-6).
fator que fortalecia o poder do Messias entre os hebreus, é que ele viria somente
para os hebreus e não para o resto do mundo, razão pela qual essa religião fosse
por Hillel, escriba que vivia no tempo de Herodes, o Grande, cuja escola tinha
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distribuída em três grupos, ou seja, a pirâmide social interna de Israel era assim:
da comunidade.
desde o berço, como impuros, em último grau. Veja o que o apóstolo Paulo,
1
Eles se julgavam descendentes de Levi, enquanto os sacerdotes se ufanavam da descendência de
Aarão.
2
Os prosélitos eram pagãos totalmente convertidos ao judaísmo e que aceitavam a circuncisão
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poder é exercido.
fiscal. No ano 6 depois de Cristo, quando seu filho Arquelau foi deposto, o judaísmo
da palestina trocou um poder opressor por outro, pois o primeiro ato da nova
Palestina, os impostos romanos não eram mais pesados que em outros lugares,
devendo ser pago “in natura” e se elevava até 20 a 25% da produção. O imposto
estradas, nas entradas de cidades e mercados. Plínio lembra estas barreiras fiscais:
todo o mundo romano. As despesas, como: renda dos chefes dos sacerdotes,
suscitou a cobiça dos conquistadores. Este poder econômico se justificava por ser o
1
Denário: moeda romana que valia dez asses (moeda romana de cobre)
2
Dracma: moeda e peso da Grécia antiga. Didracma: equivante a duas vezes a Dracma.
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governadores, delegados do imperador, mas a lei judaica não era outra que a Lei de
com o poder romano: ver, por exemplo, a processo de Jesus e de Paulo. Ocupava-
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Coorte – gente armada, multidão adepta de alguém. A décima parte de uma legião romana.
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funcionava como corte de justiça, e para condenar alguém à morte era preciso reunir
ratificada pelo representante de Roma, embora haja controvérsias sobre isso, já que
templo. Certo que a Judéia estava ocupada pela força militar romana, e Pilatos, o
respeitar a organização interna dos países ocupados, e no caso dos judeus mais
ainda, já que eram bastante radicais em seu modo de vida. O templo, então, com
seu mais alto funcionário, o sumo sacerdote, permanecia como sede do Estado
por suas intrigas, para conseguir ocupar o posto durante 50 anos. Vários de seus
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membros, entre os quais o famoso Caifás (18 a 36 dC) ocuparam o cargo. Deus
hebreu, a religião não era vista da mesma maneira por todos os judeus, distinguindo
redentor.
influentes na sociedade.
uma vez que tratavam a questão religiosa com a determinação de quem abraça a
vida militar.
Messias, servindo também como ponto de esperança entre os mais pobres, que não
sociais, não adorava um Deus específico e não tinha regras como as que
a crença de diferentes deuses, sendo que o único elemento que unia os indivíduos
com a história da religião judaica na Palestina? Para apontar as causas que levaram
império militar. O sistema militar romano durou de I a.C. a IV d.C., que dispondo de
certa liberdade para que eles mantivessem seus costumes, mas em alguns casos,
da religião judaica fosse permitido, o culto aos imperadores passou a ser obrigatório.
uma postura ainda mais radical, apontando levantes armados como a solução para
judaica, se ocorresse.
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2 AS SEITAS MESSIÂNICAS
como o futuro rei da casa de Davi, prometido por Deus, predito pelos profetas e
esperado pelo povo, que libertará do jugo estrangeiro, restaurando a antiga glória de
Israel.
conceito; porém, enquanto para a tradição judaica o Messias ainda é esperado, para
para Israel, eleito por Deus e, por meio de Israel, para toda a humanidade. Um
Vale lembrar que o povo judeu, desde o tempo de sua volta do exílio
maneira que os outros povos da terra. A Aliança e a condição de povo eleito por
Javé, um povo santo, que foi separado deste mundo, de seus interesses e ideais, e
mais remota antiguidade judaica. O exílio marca profundamente a alma dos judeus.
intérpretes dos livros santos, somente poderiam imaginar um Messias político, que
podia conferir com a realidade do pobre carpinteiro que nem mesmo dava
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Escatologia: Doutrina que cuida do destino do universo e do homem após a morte.
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Escriba: Pessoa que, entre os judeus, lia e interpretava as leis.
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carismática que mudasse o rumo da História num segundo, ao sopro de sua vontade
mencionadas neste trabalho, em sua introdução, porém vamos nos deter em uma
análise mais profunda para entendermos a partir de qual delas poderia ter surgido o
Cristianismo.
considerando que os zelotas eram apenas ativistas, arrolando seu membros entre
as demais seitas. Dizia ele: “Havia entre os judeus apenas três gêneros de filosofia:
um era seguido pelos fariseus, outro pelos saduceus e o terceiro, que todos pensam
ser o mais aprovado, era o dos essênios, judeus naturais, porém muito unidos pelo
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Gentio: Aquele que professa a religião pagã; idólatra.
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Tora: O Pentateuco, denominação grega dada aos primeiros cinco livros da Bíblia, atribuídos a Moisés.
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sacerdotes que não aceitavam a Tora oral, ou seja, a livre interpretação da Bíblia
numerosa, razão pela qual, não podiam alcançar a extensão de massa popular. Era
conceitos religiosos transmitidos pela Tora oral, como a ressurreição dos mortos ou
conceitos de Estado-cidade.
conservam o judaísmo vago, como veio até os tempos de Davi, ou até o final do
ressurreição, vida futura, anjos, culto de ritual muito rigoroso, etc., são rejeitados,
visto que não procedem de Moisés, facilitando aos saduceus a acomodação com a
modernidade helenística.
carinho, persuasivo para reconduzir o pecador, irado e disposto para cobrar justiça,
outras seitas. O povo que não era saduceu, sendo a maioria, via com escândalo a
acomodação filosófica dos sumos sacerdotes, sendo que eles, com a sua
narrativa de que os saduceus entregaram Jesus a Pilatos, uma vez que era acusado
uma abertura entre os gentios, cujo caminho aberto pelos saduceus será válvula de
lei e aos profetas, num momento em que a simpatia pelo humanismo helênico
quais dependem diretamente dos governantes. São geralmente leigos, nas funções
eles tinham a aspecto de uma sociedade, com caráter de escola religiosa, podendo
evangélico seguinte:
sete tipos de fariseus, dos quais um apenas seria bom. Um certo equilíbrio entre o
severo e o moderado caracterizou o farisaísmo, o que torna difícil o uso dos termos
essenciais.
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Talmud: coleção das leis e tradições rabínicas compiladas em 02 livros pelos doutores hebreus no séc. II.
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Lei (Torá), e também os Profetas, além de valerem das tradições, cujo depósito é o
Talmud por eles criado. Mantiveram os Profetas e as tradições como doutrina, a qual
desenvolveu após o exílio babilônico, onde tiveram contato com os persas e sua
nacionalismo religioso apregoado nas sinagogas. Em que pese tudo isto, os fariseus
foram mais inovadores que os saduceus, haja vista, que eles procuraram a
conversão dos gentios para o judaísmo, o que neste aspecto, tem muita afinidade
com o cristianismo.
adesão do fariseu Paulo, fizeram o cristianismo muito mais ritualista do que Jesus
estranhar que Jesus ataque, sobretudo os fariseus por causa de seu excessivo
formalismo. Ele tinha afinidades com o grupo, por isso mesmo se degladiava com
ele, tanto é que, o uso de formas literárias simples e imaginosas como as parábolas,
por exemplo, eram usadas pelos fariseus e que Jesus também adotou como estilo.
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Estoicismo: Doutrina filosófica de Zenão (séc. II a.C.) que pretendia tornar o homem insensível a todos os
males físicos e morais.
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Diz por exemplo o rabino Hillel, do século I a.C.: ‘Aquilo que não queres que te faça,
não faças a outro. Esta é toda a lei e o resto é apenas comentário’. Jesus repetiu o
vos façam, fazei também por eles; porque esta é a Lei e os Profetas’.(Mateus, 7,
12).
Não podemos dizer que Jesus era fariseu, mas como quase um fariseu
sua inteligência acima do vulgar e em parte pela freqüência às sinagogas, nas quais
subversiva, guerrilheira, talvez até mesmo terrorista. Não tinha organização definida
de que o poder maior de Deus dará aos judeus a possibilidade de vitória sobre as
forças romanas. O messianismo foi, portanto, a principal idéia clara dos zelotas. Não
uma idéia-força um objetivo. Não faziam oposição direta às demais seitas, mas
romanos.
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Segundo Hoornaert:
chamado Saduque, organizou um levante nacionalista, mas Judas foi morto, assim
como outros também o serão, conforme descrito em Atos: ‘Depois deste levantou-se
também ele pereceu e todos quantos o seguiam foram dispersados’. (Atos, 5, 37).
revolução de cunho messiânico foi comandada por Teudas, mas foi sufocada,
conforme Atos: ‘Faz algum tempo apareceu um certo Teudas, que se considerava
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mas são condenados à cruz. A soma desses incidentes tornam o partido dos zelotas
cada vez mais forte e o povo mais sensível ao nacionalismo messiânico. Com
eficiente. Eleazar era o principal chefe zelota. Após ele, surgiu um pregador
exaltado, judeu egípcio, que reuniu mil seguidores no monte das Oliveiras, para
extraordinária do poder divino lhes daria a vitória sobre os romanos, em que pese o
entre zelotas e cristãos, porém com a diferença que para os zelotas a luta é política,
enquanto que para os cristãos se trata também de luta moral, contra o pecado e as
‘Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e bandidos’ (JOÃO 10, 8),
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supõe uma clara alusão aos chefes ativistas zelotas, concebidos como messias,
tinham nada a perder se nada lhes fosse bem. Já os cristãos tinham entre seus
descrito que seu reino não seria temporal, alguns viam nele a possibilidade de um
líder temporal que os libertaria de Roma. Até mesmo um apóstolo leva o nome de
Simão, o Zelota. (Mt. 10, 4). Há a possibilidade de Judas Oscariotes ter sido um
zelota esclarecido, que percebendo que a direção espiritual de Jesus, dele tivesse
se desviado, além de o entregar aos seus inimigos. Ainda segundo Cullmam o nome
Iscariotes é uma deformação do termo latino sicarius (=sicário), que deriva de sica
zelotas. Como exemplo disso, coloca-se Barrabás como um zelota preso e que foi
dos zelotas, como por exemplo, a expulsão dos vendilhões do templo, a pregação
adorares’, ‘se és o Messias, converte as pedras em pão’, etc.. São apenas alguns
que eram ativistas e subversivos. Ao canalizar sua liderança numa direção espiritual,
Jesus converteu a idéia de reino, até então entendido como material, em reino
religião cristã, no entanto deve-se dizer que a idéia vingou em parte, já que para a
maioria dos judeus, o Messias historicamente idealizado é aquele que ainda não
veio.
cristianismo, pois os primeiros cristãos se confundem com eles, haja vista, que os
documentos cristãos não citam os essênios, assim como os que tratam dos
essênios não citam os cristãos como uma das seitas havidas entre os judeus.
(Guerra Judaica, livro 2, 7), que os chama de Essene. O filósofo Filon de Alexandria,
do sírio khasi (=piedade), no plural, khasem e khasuya,e que pela grecização ficou
essênio.
Hoornaert, escreve:
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Asceta: do grego asketés - pessoa cuja vida é dedicada à penitência e a contemplação
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proletária rural, como os zelotas, chegaram a ter quatro mil membros, e tiveram seu
fim marcado pela destruição da nação judia com a queda de Jerusalém em 70 d.C.,
pitagóricos11.
sente ao mesmo tempo, algo de elevado, mas apegada à matéria, da qual procura
se desprender.
11
Pitagorismo: Conjunto de doutrinas e regras de vida atribuídas a Pitágoras de Samos (séc. VI-V a.
C.), filósofo e matemático grego, e a seus seguidores, os pitagóricos, que, dos sécs. VI ao IV a. C.,
organizados em comunidades filosófico-religiosas multiplicadas pela Magna Grécia, constituíram a
chamada escola itálica ou escola pitagórica. Define-se o pitagorismo por duas tendências: a místico-
moralista, ligada ao orfismo e ao xamanismo, e a filosófico-matemática, de que resultou brilhante
acervo de conhecimentos aritméticos, geométricos, astronômicos e acústicos, integrados pelo
descobrimento de correspondências numéricas entre as várias ordens de realidade.
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divina.
divina. O batismo era o principal rito do neopitagorismo, rito que se conserva até
d) Deus: é o lugar das idéias, é uma unidade anterior na qual se situam as idéias,
não sendo reais, como propôs Platão, mas pensamentos apenas, ainda que
contato fácil com os essênios, já que existiam em toda a Palestina, e por motivo
familiar, já que João Batista, seu primo tinha indícios claros de ter sido um essênio.
A proximidade com João Batista, deixando-se batizar por ele, sugerem relações com
os essênios, já que era peculiar a eles pregar sobre a penitência dos pecados e usar
deserto uma comunidade essênia, onde fez sua penitência e jejum, costume dos
conhecimentos da escritura.
De acordo com Filon: ‘O dinheiro, que obtêm por seus vários trabalhos,
para a vida.’
doze membros, presidido por três sacerdotes, apresentando aqui, mais uma curiosa
semelhança com os doze apóstolos de Jesus, que tinham, mais próximos dele,
cristãos não se deve necessariamente a Jesus, porém atuando sobre eles que já
praticavam, passou a fazer parte do novo grupo. Daí a idéia de que a transformação
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do farisaísmo e dos zelotas, já que as idéias de Jesus e dos essênios eram mais
afins.
pecados e o curandeirismo.
Está alguém doente entre vós? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre
ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o
enfermo, e o aliviará o Senhor, e se estiver em pecado ser-lhe-ão perdoados’
(TIAGO, 5, 14-15).
teus pecados te são perdoados” – não deixa de ser um ritual essênio. Quanto aos
rituais, os dos essênios também se assemelham aos dos cristãos. Em relação aos
Por exemplo; os essênios praticavam uma cerimônia à parte, com destaque para a
ceia sagrada, com a participação de pelo menos dez pessoas e presidida por um
sacerdote, enquanto que na liturgia judaica a ceia era presidida pelo pai da família.
idéia de família, sugerindo que eram celibatários, e nela se benzia o pão e o vinho,
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judaica.
em outro dia, e Jesus também teria praticado a chamada Santa Ceia antes da data
oficial. Annie Jeubert, uma erudita católica, procurou demonstrar em livro de farta
Páscoa na tarde de terça-feira, e que a quinta-feira santa não faz parte da tradição
cristã primitiva.
essênios do que os fariseus, sendo este outro ponto em comum entre essênios e
cristãos, que suspeitavam e depois acreditaram que Jesus era o Messias prometido.
estás para fazer uma cerca e se, neste momento, te anunciam a chegada do
Messias, termina a tua cerca: terás bastante tempo para ires ao seu encontro’.
celibato era praticado pelos essênios, além da abstinência, banhos frios e outros
rigores. Flávio Josefo diz: ‘Rejeitam os prazeres como um mal, estimando que a
Vai mais fundo ainda com relação ao celibato dos essênios, quando
diz:
tomam esposa e não tem escravo. Pensam que este último não é justo, e que a
explicação mais detalhada é dada por Filon quando diz: ‘O esposo, encantado pelos
sortilégios de sua esposa ou preocupado com os filhos por necessidade natural, não
mais será o mesmo para os outros, e, pelo seu separatismo, torna-se um escravo e
não um homem livre’. A doutrina essênia sobre o celibato é enfatizada por Jesus,
quando diz: ‘Há aqueles que se fazem de eunucos pelo Reino de Deus. Aquele que
puder compreender que compreenda’. (MATEUS, 19, 12). Paulo apóstolo que
Quem caminhar nu perante o próximo, sem que tal seja necessário, será
castigado com seis meses.
Quem cuspir no meio da assembléia dos chefes, será punido com trinta
dias.
Quem tirar a mão de sob o vestuário, quando este se encontrar rasgado,
ao ponto de aparecer sua nudez, será punido com trinta dias.
Quem rir estupidamente, fazendo ouvir sua voz, será punido com trinta
dias.
Quem tirar a mão esquerda para gesticular, será punido com dez dias.
Quem maldizer do seu próximo será privado, durante um ano, da
alimentação sagrada, e será castigado.
Quem maldizer dos chefes será mandado embora para nunca mais
voltar.
Aquele que murmurar contra a instituição da comunidade será afastado e
não voltará; e se murmurar, sem razão, do seu próximo, será castigado
com seis meses. (PAULI, 1997)
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mesmo é céu e inferno e sobretudo a luta entre ambos, e que terá desfecho com a
vitória definitiva de Deus sobre o mal, e que o sentido da vida consiste em apoiar o
lado do bem.
existentes entre os Judeus, descritos por Flávio Josefo, que dá início o projeto de
expansão.
3 A EXPANSÃO DO CRISTIANISMO
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melhor cumprir o que achavam ser sua missão: convencer os judeus devotos de que
Pedro mostra que tudo foi anunciado pelos profetas e que, por conseguinte,
Jesus é o Cristo, o equivalente grego, língua em que Atos dos Apóstolos foi
escrito, do termo hebreu “Messias”. E conclui: “Saiba, portanto, com certeza,
toda a casa de Israel: Deus o constituiu Senhor e Cristo, este Jesus a quem
vós crucificastes”. (IBID., p. 31)
reuniam e partilhavam tudo o que tinham em favor dos pobres e das viúvas da
em grego de ecclesia, ou seja, igreja, que significa reunião, servindo também para
anos serviu para designar o conjunto das comunidades cristãs da diáspora judia que
Ninguém teria profetizado que a nova religião duraria muito, visto que,
renegados pelos próprios judeus. No entanto, dentro de uma geração após a morte
primeiro mártir, Estevão, de acordo com o livro Atos dos Apóstolos, capítulo 7,
Antioquia, Corinto e outros centros, lança as primeiras bases para se fazer ouvir
pelos pagãos. Até meados do século II d.C., o número de seus seguidores cresce
decorrer dos séculos II e III, grande força política que se consolida no governo de
Constantino (306-337).
em Antioquia, conforme Atos dos Apóstolos, capítulo 11, versículo 26, e cuja
século II.
Paulo, assim chamado depois de sua conversão ao Cristianismo, visto que antes era
conhecido como Saulo. Nascido em Tarso da Cilícia pelo início da nossa era Saulo
era de uma família judaica da tribo de Benjamim, mas ao mesmo tempo cidadão
tornar-se discípulo de Jesus, pregaria o fim da Lei em seus escritos aos Romanos.
pregação do evangelho por parte de outro homem, conforme descrito por Paulo em
Gálatas, capítulo I, versículos 11 e 12: “Com efeito, eu vos faço saber, irmãos, que o
evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, pois eu não o recebi nem
onde já prega, sobe a Jerusalém por volta do ano 37; depois retira-se para a Síria-
companhia de Barnabé e João Marco na direção oeste, para sua primeira viagem
Psídia, Icônio, Listra, Derbe, Perge e Antioquia da Síria; sendo que Marcos
sinagogas dos judeus e nas praças públicas, sendo sempre acolhidos por muitas
pessoas. Sempre que deixavam uma cidade onde tinham pregado e fundado um
mosaica.
perseverarem na fé. Paulo tinha como companheiro nesta viagem Silas, e em Listra
juntou-se a eles Timóteo, os quais chegaram a Trôade, cidade em que Lucas entrou
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Beréia, Acaia, e pelos muitos problemas acontecidos ali, Paulo foi forçado a fugir
para Atenas, escoltado por alguns cristãos, ficando Silas e Timóteo, só encontrando
religião que ele pregava, levaram-no até o Areópago15, e ali, ele falou:
de Deus e que não devemos pensar que a divindade seja semelhante ao ouro, à
prata, ou à pedra trabalhada pela mão do homem, porém quando falou da obra do
Filho de Deus em favor da humanidade, que tinha sido crucificado pelos judeus, mas
que tinha ressuscitado para a vida eterna, zombaram dele, pois não acreditavam na
encontraram um judeu com o nome de Áquila, recém chegado da Itália com sua
de Roma. Em Corinto sofreram ferrenha oposição dos judeus que tentaram expulsá-
14
Praça grega antiga onde era o mercado.
15
Sede do Supremo Tribunal de Atenas.
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los da cidade, mas, mesmo assim permaneceram lá por um ano e meio. De Corinto,
Paulo viajou para Éfeso, Cesaréia e Jerusalém, retornando para Antioquia na Síria.
cristãs a perseverarem na fé. Partiu daí para Éfeso, onde encontrou alguns
falar em línguas e profetizar. Evangelizou por dois anos na região da Ásia, que tem
Éfeso como centro e forma um grupo com sete cidades, as mencionadas sete
igrejas no apocalipse de São João, capítulo 1, versículo 11, ou seja, Èfeso, Ermirna,
por um bom tempo, partindo depois para a Grécia, onde permaneceu evangelizando
por três meses. De volta para a Macedônia, já com novos companheiros, como
qual, mandou chamar os anciãos da igreja de Éfeso, para se despedir dos amigos e
considero minha vida preciosa a mim mesmo, contanto que leve a bom termo
a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus: dar testemunho
do Evangelho da graça de Deus. Agora, porém, estou certo de que não mais
vereis minha face, vós todos entre os quais passei proclamando o reino. Eis
porque eu o atesto, hoje, diante de vós: estou puro do sangue de todos, pois
não me esquivei de vos anunciar todo o desígnio de Deus para vós. (ATOS,
20, 22-25)
anciãos da comunidade cristã da cidade, na casa de Tiago Menor, onde relatou seu
ministério junto aos gentios. Visitando o Templo, Paulo foi reconhecido por judeus
que viveram na Ásia e que não gostavam dele, dos quais ouviu que era traidor do
povo judeu e pregava contra a lei e o Templo. Arrastaram Paulo para fora do Templo
e bateram nele. Devido a essa agitação Paulo foi algemado e levado à Fortaleza
Antonia, onde ficava o Tribunal Romano, porém pediu ao tribuno que o levava para
ao povo que antes de sua conversão, era um fariseu zeloso que perseguia e matava
os cristãos, mas que Jesus o tinha mandado sair de Jerusalém para pregar aos
morte de Paulo.
incriminá-lo. Paulo voltou para a prisão, por ordem do tribuno Cláudio Lísias,
ano de 58 foi enviado para Cesaréia para lá ser julgado pelo procurador Antonio
Félix. Ficou preso no pretório de Herodes e continuou sendo incriminado pelo Sumo
preso. Após dois anos, Antonio Félix foi substituído por Pórcio Festo, que recebeu
queria ser enviado à Jerusalém para lá ser julgado, ao que Paulo respondeu:
dias. Paulo aproveitou para evangelizar o povo, curando doentes da ilha, e quando
encontro dando-lhe força para enfrentar a prisão, porém num regime especial de
comunidade cristã de Roma alugou. Após dois anos de cativeiro, de 61 a 63, já que
não podia se ausentar da casa, seu processo terminou e ele foi libertado, não
permanecendo em Roma por muito tempo. É provável que tenha viajado para
evangelizar a Espanha, conforme era seu desejo, manifestado em sua Carta aos
por isso os perseguiu caçando homens, mulheres e crianças para serem presos e
calabouço escreveu sua última carta ao seu discípulo Timóteo, a segunda Epístola a
martírio, tendo sido decepada sua cabeça por um golpe de espada, no mesmo dia
Apóstolo dos gentios, convém fazer um apanhado do que dizem suas Cartas e o
importa, desde que possa cumprir a missão pela qual se sente responsável. O amor
pela causa de Jesus Cristo lhe inspirou imensas e santas ambições: quando
confessa sua solicitude por todas as Igrejas; quando declara haver trabalhado mais
que os outros; quando piedosamente exorta os fiéis a imitá-lo, não por orgulho
humano, mas segundo ele, unicamente pela graça do Criador as grandes coisas
pregação, embora tenha falado aos gregos e judeus, foi direcionada à conversão
soluções para situações concretas que ocorriam nas comunidades cristãs que ele
fundou e sabiamente soube orientar, serve para além delas, a todos os fiéis cristãos.
Paulo não foi elaborada em cima de tratados de religião e nem construída somente
cristã, haja vista, que Paulo se dirigia em primeiro lugar aos judeus espalhados pelo
aderiram ao judaísmo, para depois chegar aos pagãos. Embora pouco sabemos, os
império.Dessa maneira, até o século II, protegidos pela Pax Romana, o Cristianismo
pagão que governou a Bitínia, na Ásia Menor, entre 101 a 113, vai se deparar com
um grande número de cristãos, tanto no seu território como no Ponto, que resolve
mesmo século II, houve a evolução do montanismo16, na Frigia, para uma espécie
Síria, na Mesopotâmia. Em Edessa, por exemplo, o rei Abgar se converteu com sua
mais antiga conservada até hoje, remontando ao ano de 232, e onde existem
Alexandria constituiu seu ponto de partida, através de sua escola de teologia, e pelo
Franzen afirma:
16
Heresia de Montano (séc. II), originário da Frígia, que professava uma encarnação do Espírito Santo
e extremo rigorismo moral.
56
relato do martírio de Cílio na Numídia por volta de 180, e a partir dos escritos de
Cartago reuniu um sínodo de mais de 70 bispos; vinte anos mais tarde, já eram 90 e
do século III.
apresentamos números apresentados por Ludwig von Herling, onde ele divide o
poucos milhares de cristãos; por volta do ano 200, várias dezenas de milhar e no
ano 300, cerca de dois milhões. Já no Oriente, nos primeiros três séculos, não se
pode esboçar vagas suposições, mas afirma que no ano 300 poderiam existir de 5 a
6 milhões de cristãos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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organização das coisas. E é estudando essas estruturas do povo judeu, que vamos
sociedade.
História, que ora concluímos, um assunto muito debatido foi o dos paradigmas. E
História sobre paradigmas, pensei comigo mesmo, se Jesus Cristo não teria
quebrado todos os paradigmas religiosos até então aceitos pelo povo judeu.
o povo judeu subjugado e cativo, fazendo dele uma grande nação capaz de
podemos citar, a cura de doente no sábado que era proibido pela Torá, comer em
sociedade judaica, razão pela qual foi desprezado, perseguido, preso, humilhado e
para o qual fora enviado para salvar, condenou-o por afrontar seus costumes e suas
ressurreição de Cristo. Foi a partir de sua ressurreição, de sua volta ao Pai e da sua
promessa de enviar o Espírito Santo, que o Cristianismo toma corpo na pessoa dos
da terra.
com a afirmação de que Jesus teria tido a intenção de fundar uma nova religião. Sua
intenção, pelos escritos bíblicos era levar os homens a olharem para dentro de si
mesmos e perceberem a centelha divina que cada um traz dentro de si. Que a vida
não é só comer, beber, dormir, galgar posições sociais e tudo o mais, mas viver de
uma maneira que inclua o próximo, seja ele de que cor, posição, raça ou filosofia for.
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busca de adeptos para essa filosofia cristã, mesmo que custasse suas vidas, como
aconteceu com a maioria. Foi em Antioquia que o nome Cristão foi utilizado pela
primeira vez, como aqueles que seguiam a Cristo, e embora se questione uma série
de coisas dentro do Cristianismo, o fato concreto é que ele atravessou vinte séculos
vivido hoje, não tem nada a ver com o Cristianismo primitivo. Esta mesma conclusão
levou Gandhi a afirmar ao ler os Evangelhos: “Como pode uma árvore com esta dar
os frutos que conhecemos?” Kalil Gibran Kalil viu metafisicamente numa colina do
que diz:
também me faço:
nome Dele?
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2 Se Cristo veio para que todos tivessem vida e vida em abundância, por que tantos
destroem e destroem seu próximo para acumular o que não levarão a lugar
nenhum?
4 Se Cristo é um só, e veio para salvar a todos, por que se disputam fiéis nas Igrejas
5 Se Cristo voltasse hoje à Terra, o que diria aos que falam em nome Dele?
6 E nós que acreditamos que os Judeus mataram o seu Messias, como agiríamos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DUFFY, Eamon. Santos & Pecadores – História dos Papas. Tradução: Luiz
Antonio Araújo. Cosac & Naify Edições Ltda. São Paulo, 1998.
FONTES
HISTÓRIA VIVA. Jesus: O Homem e seu tempo. São Paulo: Duetto Editorial;
Grandes Temas História Viva nº. I.
HISTÓRIA VIVA. Os Primeiros Cristãos. São Paulo. Duetto Editorial. Ano II, nº.
17, março, 2005.
ANEXOS
ANEXO A
ANEXO B
ANEXO C
ANEXO D
ANEXO E