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Disciplina: Historiografia.

Prof. Bruno Câmara.


o que é história?

Richard j. Evans
Professor de história moderna da
Universidade de Cambridge

A resposta à pergunta "O que é história?" parece bem


óbvia: a história é o estudo do passado. Mas, claro, não
é tão simples assim. Há algumas maneiras de estudar o pas-
sado que não podem ser classificadas como história. Histó-
ria é, em primeiro lugar, o estudo do passado que objetiva
descobrir a verdade sobre ele. Ao contrário de romancistas
ou cineastas, historiadores não inventam coisas que não acon-
teceram nem fazem vir ~ tona personagens que não existi-
ram. Dramaturgos e roteiristas podem alterar a matéria-prima
que usam quando estão tratando, como acontece muitas vezes,
de um item extraído do passado a fim de tornar o tema mais
interessante e mais estimulante. Eles podem introduzir o diá-
logo, incluir palavras em documentos históricos que não estão
nos originais e geralmente usam sua imaginação de uma for-
ma nada sujeita aos limites da evidência histórica. Historiado-
res não desfrutam desse luxo. Tratam do fato, não da ficção.
Esta distinção tem sido seguida por todos os historiado-
res desde que a primeira obra histórica séria surgiu no mun-
do antigo, a História da guerra no Peloponeso. Seu autor,

o que é história? 13

, I
Tucídides, rejeitou os mitos românticos apresentados pelos legitimidade por meio de textos sagrados fornecidos por pro-
poetas e conferiu todos os seus fatos, conforme disse aos seus fetas ou por seus discípulos de um passado longínquo. Tratar
leitores, "com todo o rigor possível". Mas então se queixa- historicamente esses textos, porém, significa deixar de lado
va, como historiadores têm feito regularmente desde então, sua sacralidade e questioná-los exatamente como se questio-
que a verdade não era nada fácil de descobrir: "Diferentes naria qualquer outra fonte histórica, um procedimento em-
testemunhas oculares dão versões diferentes dos mesmos pregado com mais vigor pelo maior dos historiadores do
fatos, falando parcialmente sobre um lado ou outro, ou algo iluminismo, Edward Gibbon, em seu Declínio e queda do Im~
I
. ,,
i mais devido a lembranças imperfeitas." pério Romano .
,:
Nos aproximadamente dois milênios e meio desde que Abordagens morais e legais do passado concentram-se em
Tucídides escreveu sua grande obra, historiadores elabora-
ram todo um arsenal de métodos sofisticados de conferir
pistas e de lidar com as lacunas e parcialidades de suas fon-
julgar a culpa ou a inocência e em atribuir responsabilidades
por ações classificadascomo boas ou más, legais ou criminosas.
Também são maneiras não históricas de abordagem. Em tem-
J
tes. Mas nunca conseguiram atingir um conhecimento per- pos recentes, virou moda rotular figuras históricas de uma
feito ou completo de toda a verdade. Tudo o que puderam época como o Terceiro Reich, ou o tráfico de escravos do
fazer foi estabelecer probabilidades - às vezes esmagado- Atlântico e a colonização europeia da Austrália, com termos
ras, às vezes menos, outras que nem chegaram a isso - sobre derivados da moral e da lei, como "criminosos", "vítimas",
partes do passado: essas partes que puderam ser acessadas "omissos", "colaboracionistas" etc., distribuindo-se conse-
por meio dos vestígios que chegaram, de uma forma ou quentemente elogios e censuras. Isto é profundamente estra-
:1. , . outra, à posteridade . nho à empreitada da história, que se interessa, em primeiro
q:
;1 ' A história envolve sempre uma seleção do que se sabe lugar, em explicar por que as pessoas fizeram o que fizeram,
I
.í,
sobre o passado porque tem uma segunda qualidade essencial, definindo causas, efeitos e interligações, não emitindo veredic-
além da busca da verdade: objetiva não só reconstruir e repre- tos arrogantes sobre questões morais complexas, baseados no
sentar o passado, como também entendê-lo e interpretá-Io. luxo de quem vê as coisas a posteriori.
Isto é o que torna a história diferente da narração cronológi- Claro, os historiadores podem, fazem e, em muitos casos,
ca, que faz o relato dos anos, descrevendo os fatos como acon- têm a obrigação de fornecer matérias-primas, evidências ou
teceram, mas sem tentar fazer alguma ligação entre eles ou sínteses do cenário histórico para ajudar instituições como
qualquer tentativa de explicar por que eles ocorreram. tribunais de crimes de guerra, ou comissões que examinam
A importância da explicação e interpretação para a his- pedidos de compensação por erros históricos legalmente
tória também torna a sua abordagem do passado diferente reconhecidos, assim como outro aspecto importante do seu
daquelas da religião, da moral e da lei. As religiões buscam trabalho consiste na produção de edições acadêmicas de

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14 Grandes questões da história o que é história?
documentos inéditos. Mas tal desenvolvimento do conheci-
homens" e grandes guerras. No século XXI, tudo é grão
mento, embora necessário, não é a principal atividade do
para o moinho do historiador. .
historiador. A tarefa do historiador é explicar; cabe aos ou-
Grandes questões incluem tanto a história da vida privada
tros julgar.
como da pública, das ideias e das crenças, do comportamento
Isso significa, entre outras coisas, que os historiadores têm
pessoal, até mesmo de questões mais amplas como o meio
de tentar compreender o passado a partir de uma variedade de
ambiente, a geografia e o mundo natural. Podem envolver
pontos de vista tão ampla quanto possível, não para vê-Io
qualquer parte do mundo, qualquer época do passado. Tudo
pelos olhos de um determinado contemporâneo ou grupo de
com uma condição: a pesquisa nessas áreas só é história se for-
contemporâneos, ainda menos para estudá-lo exclusivamen-
malmente realizada em busca da resposta para uma "grande
te à luz dos interesses do tempo em que estão escrevendo. A
pergunta". A história não é, e nunca foi, a mera acumulação
história escrita simplesmente para satisfazer um propósito da
de fatos e conhecimento como um fim em si: isso pode ser mais
atualidade, como estimular o orgulho nacional ou demons-
bem classificado como um gosto por antiguidades.
trar que um grupo étnico ou nacional foi oprimido ao longo
Sem dúvida, os historiadores sempre discordaram entre
do tempo por outro, provavelmente degenerará em propa-
si sobre virtualmente todas essas questões, bem como sobre
ganda, a menos que seja mantida sob o controle de uma pro-
,! a maioria das respostas que têm sido apresentadas de quando
! pensão a se curvar aos ditames dos fatos, onde a evidência
em quando às grandes perguntas sobre o passado. A contro-
corre na direção oposta à do propósito do historiador.
vérsia é uma forma indispensável de ampliar o conhecimento
Não obstante, ao mesmo tempo, a história também
histórico, na medida em que interpretações implausíveis ou
envolve inevitavelmente a formulação de hipóteses basea-
exageradas são removidas e o debate racional destina o argu-
das em teorias atuais para depois testá-Ias criticamente em
mento sem fundamento à lixeira das hipóteses desacreditadas.
relação a uma detalhada revisão dos fatos. As perspectivas
A difusão da controvérsia entre historiadores é uma razão pela
históricas sobre o passado mudam, não só com a distância
qual políticos estão sempre errados quando afirmam que "a
crescente do tempo, como também com novas ideias e os
história" os absolverá, irá julgá-Ios ou inocentá-Ios pelo que
interesses dos próprios historiadores, e com as ideias, mé-
fizeram. Historiadores provavelmente nunca irão concordar
todos e preocupações mutáveis do mundo intelectual e da
sobre quais líderes nacionais fizeram tais alegações, seja em
sociedade em que vivem os historiadores. Essa é uma razão
relação à revolução cubana ou à segunda guerra do Iraque.
importante por que, ao longo dos anos, o alcance da histó-
O preparo do historiador pode provocar um ceticismo
ria tem-se expandido constantemente. Já estão distantes os
saudável para invalidar as afirmações mais exageradas de po-
dias em que a história se preocupava apenas, ou principal-
líticos e estadistas. Pode, ou deve, ajudar qualquer um que
mente, com reis e batalhas, política e diplomacia, "grandes
tenta reconhecer uma fraude quando a vê, e exigir provas
16 Grandes questões da história
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~I.. -- _ .. _--------
claras de uma afirmação, antes de aceitá-Ia. Ser preparado
como historiador é essencial para toda uma variedade de em- Comentário de Harriet Swain
pregos na indústria de heranças e mais do que útil no campo Subeditora de reportagem do Times Higher Education Supplement

mais amplo da cultura, do turismo e das artes, que geram hoje


uma proporção bem mais alta da renda nacional e ganhos de
exportação do que as indústrias de manufaturas. Livros de
história, programas de televisão, emissões de rádio, artigos É DE E. H. CARR A PERGUNTA What is History?, título da sua
de revistas e outros produtos culturais nunca foram tão po- coletânea de ensaios de 1961. Mas ele certamente não foi o
pulares. A história, nesse sentido amplo, é um importante ge- primeiro a formular. Historiadores têm especulado sobre o
'" rador de renda econômica nacional. que andam fazendo desde o século V a.c., quando Heródo-
II Mas sua justificativa principal reside nos seus efeitos me- to afirmou no prefácio de sua obra que a história consistia
nos imediatamente tangíveis. A história pode nos ensinar em preservar a lembrança das ações dos gregos e dos bárbaros
I
i sobre outras sociedades, outras crenças e outros tempos, tor- e, em especial, além de tudo, explicar a causa das suas lutas
nando-nos mais tolerantes às diferenças em nosso mundo. E uns contra os outros.
pode nos conceder uma educação cívica democrática que nos Enquanto poucos dos seus sucessores sentiram necessi-
ajude a construir um mundo melhor para o futuro. dade de expressá-Ia, a ideia de que a história se refere à co-
.1
!
memoração de fatos importantes - especialmente daqueles
·1 que envolvem combates - e à explicação de por que eles
ij Outras leituras

;I CARR, E. H. What is Histary? (1961), edição de 40° aniversário, com


aconteceram, perdurou, embora não isoladamente. A partir
de Heródoto, historiadores sugeriram várias outras definições
do que é história, desde o que realmente aconteceu no passado
;\., introdução de Richard J. Evans. Palgrave Macmillan, 200l.
.! CARRADINE, David (ed.). What is History Naw? Palgrave Macmillan, a reconstruções para a televisão das vidas amorosas da realeza.
.1 200l. O estudo do estudo da história, contudo, é relativamente
,! ELTON, G. R. The Practice af History. Sydney, 1967, 2a edição, com um
recente, relativamente raro e, às vezes, controvertido. Não
11 posfácio de Richard J. Evans. Blackwell, 200l.

·1
I EVANS, Richard J. In Defence af History (1997); 2a edição com Reply to
Critics. Granta, 200l.
deveriam os historiadores se concentrar na explicação do pas-
sado em vez de agonizar sobre por que estão fazendo isso? E
--o Telling Lies About Hitler Verso, 2002. se passam mais tempo analisando a história do que escreven-
do-a, como podem falar com competência sobre o que é a
natureza da história?

18 Grandes questões da história o que é história? 19

r
Para muitos dos primeiros historiadores, era muito mais ção moral e deveria empregar um estilo retórico adequado
simples. A história se resumia à relação do homem com Deus para conseguir isso.
- sem perguntas. Textos sagrados hebraicos olhavam cons- A ideia de um propósito moral para a história persistiu
tantemente para o passado a fim de identificar a mão de Deus durante o iluminismo europeu, apesar de Deus ter sido des-
em determinados fatos. Antigos textos cristãos faziam o mes- cartado como força-guia por trás dos negócios humanos-
mo. Provavelmente o mais conhecido por sua "história sa- em geral - em favor da razão. Mas a ênfase então passou a
grada" é o escritor e filósofo Santo Agostinho, do século IV, estar no conhecimento derivado da observação do mundo ma-

J
cujo A cidade de Deus pintava uma visão da história como a terial, em vez de nas teorias a priori - uma filosofia desen-
revelação da vontade de Deus - uma visão que influenciou volvida por Francis Bacon (1561-1626) - formando a base
os textos históricos ocidentais durante centenas de anos. para o empirismo que dominou o estudo histórico nos dois
A religião também inspirou os antigos historiadores islâ- séculos seguintes. Esta visão "científica" da história é ligada
micos, levados pelo desejo de produzir relatos precisos e deta- sobretudo ao filósofo francês do século XIX, Augusto Comte,
lhados da vida do Profeta, e no caso uma ênfase importante que tentou identificar leis gerais que governariam a socieda-
foi estabelecer a autenticidade das fontes históricas. Esta foi de e a história humanas. Chamou sua filosofia de "positi-
uma das preocupações de Ibn Khaldun, um estudioso islâmi- vismo" para realçar sua ligação com dados "verdadeiros".
co do século XIV que provocou grande impacto sobre o es- O historiador que veio a representar a busca da verdade
tudo futuro da história no Oriente e no Ocidente. Sua história objetiva na história é Leopold von Ranke (1795-1886), graças
do mundo, Mugad dimah, esteve à frente de sua época ao a sua expressa intenção de escrever a história wie es eigentlich
estudar as forças psicológicas, econômicas, ambientais e gewesen - como aconteceu realmente. Disputas sobre até que
sociais na história e ele também foi um defensor pioneiro da ponto isso é possível continuam desde então. Claro, eram ace-
comparação do passado e do presente para ajudar a enten- sas na própria época de Ranke, com historiadores britânicos
der uma sociedade. como Thomas Babington Macaulay (1800-1859) e Thomas
A filosofia política de Nicolau Maquiavel (1469-1527) Carlyle (1795-1881), destacando os aspectos literários de sua
é, às vezes, ligada à de Khaldun e o interesse em estudar e profissão; para Macaulay, os fatos eram "apenas o entulho
autenticar textos antigos era uma parte importante do es- da história". Mas foi talvez o pensador italiano Benedetto
tudo histórico durante o Renascimento no Ocidente, mas Croce (1866-1952) que tocou conscientemente no assunto,
para historiadores renascentistas como Maquiavel, foi o afirmando que toda história era "história contemporânea",
antigo mundo clássico que explicitamente moldou a forma ou seja, era sempre vista pelos olhos do presente. O debate
como pensavam a história. Maquiavel seguiu os autores clás- pegou fogo. No começo do século XX, J. B. Bury decla-
sicos na crença de que a história deveria fornecer orienta- rou na sua aula inaugural na Universidade de Cambridge:

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''A história é uma ciência, nada menos e nada mais." R. G. mas conclusões convincentes, embora não definitivas, sobre
Collingwood repetiu Croce em The Idea of History, publica- o que tudo isso significou."
do em 1945, que dizia: ''A história é a reinterpretaçâo, na É o suficiente sobre como a história deve ser estudada.
mente do historiador, do pensamento cuja história ele está por muito tempo, a ideia do que ela deve estudar permaneceu
estudando." O relativista What Is History? (1961), de Carr, bem constante, com a curiosa exceção de pensadores como
insistiu em que "os fatos da história nunca chegam 'puros' Khaldun e, mais tarde, no século XVIII, Voltaire. Se a histó-
até nós, já que não existem nem podem existir em forma pura: ria devesse fornecer algum tipo de orientação moral ou reli-
eles sempre se refratam pela mente daquele que registra". Mas, giosa e oferecer exemplos para seguir, então certamente os
em 1967, outro acadêmico de Cambridge, G. R. Elton, grandes fatos e os grandes homens que deles participaram
posicionou-se, em The Practice of History, a favor da auto- estariam onde se deveria olhar. ''As guerras e a administra-
nomia da história e da importância do historiador profissional ção dos negócios públicos são os temas principais da histó-
- "aqueles que bracejam pelas fronteiras do conhecimento ria", escreveu Edward Gibbon no prefácio do seu Declínio e
com uma lente de aumento". queda do Império Romano (1776-88). Para Ranke, a política
Enquanto isso, na França, Michel Foucault, Roland Barthes e a diplomacia são os únicos lugares em que vale a pena bus-
e jacques Derrida estavam abrindo o caminho para o pós- car fatos objetivos.
modernismo, suscitando questões sobre laços entre a verdade Foi Karl Marx (1818-1883) que mudou a ênfase para va-
e os sistemas de poder que a determinam e sobre o significa- ler. Em Manifesto comunista, ele afirmou: ''A história de toda
do dos textos. Nos Estados Unidos dos anos 1970, Hayden sociedade que existiu até agora é a história das lutas de clas-
White descreveu as histórias como "ficções verbais, cujo con- ses." Sua interpretação da história, conhecida como "mate-
teúdo é tão inventado quanto descoberto". Tudo isso atingiu rialismo histórico", defendia que a força impulsora por trás
a Grã-Bretanha nas duas décadas seguintes, quando Alun da história era a de satisfazer as necessidades materiais e que
Munslow começou o diário Rethinking History e Keith as relações econômicas humanas estavam, portanto, no seu
Jenkins, num livro com o mesmo título, afirmou que "a his- núcleo. Isso ajudou a mudar quem e o que eram vistos como
tória é sobretudo o que os historiadores fazem", "um discur- temas apropriados para o estudo histórico. Segundo a orien-
so problemático cambiante". O debate continuou com In tação de Marx, as pessoas comuns desempenhavam um
Defence of History (1997), de Richard J. Evans, autor do importante papel no desenvolvimento das sociedades- também
artigo anexo deste livro. A obra de Evans é muito crítica com valia a pena olhar para elas.
relação a Jenkins e conclui: "Isso realmente aconteceu e real- Marx foi uma influência especial na escola de historiado-
mente podemos, se formos muito cuidadosos, escrupulosos res Annales, baseada em torno do jornal fundado em 1929
e autocríticos, descobrir como isso sucedeu e chegar a algu- por Lucien Febvre e Marc Bloch na França. Eles enfatizavam

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,"
I
'I ~
:; 11

JI
:1
(
a importância das forças sociais, econômicas, culturais e até
Greg Dening: "O efeito que mais vale a pena criar para um
escritor (...) é um leitor criativo. Temos de provocar o exegeta,
geográficas na história e depois as das mentalités - estrutu-
j despertar o crítico, juntá-Ios numa conversa (...) precisamos
I ras mentais. Seu objetivo era o de uma "história total", que
encenar novos textos." Ou a história como filme. Visions of
abrangesse todos os aspectos de uma sociedade. Annalistes
the Past:The Challenge ofFilm to Our Idea ofHistory (1998),
mais recentes, usando os novos recursos da informática, tam-
de Robert Rosenstone, afirma que os filmes históricos não
bém deram grande ênfase às estatísticas para explorar aspec-
,/1 I
tos como a mudança climática.
devem ser julgados segundo a precisão histórica - a na~reza
dos filmes torna a exatidão impossível-, mas pelo que reve-
<

iJ Os computadores estão mudando agora o estudo da his-


1 lam sobre o passado, apesar de tudo. A um curto passo do
tória de várias maneiras. Os hiperlinks oferecem a possibili-
filme histórico ficam a história na televisão e o recente culto
"
t
,1-
il dade da história sem uma única voz histórica, tornando mais
fácil para qualquer um se tornar, de certa forma, seu próprio
dos historiadores-celebridades. Aqui, não é a possibilidade de
:1 muitas vozes diferentes que predomina, mas a probabilidade
historiador. Isto contribuiu para a crescente popularidade de
de uma única e opinativa, chamando conscientemente o es-
ramos da história como a herança e a genealogia, que estão
pectador e destacando um ponto de vista pessoal do passado.
fora do domínio de historiadores profissionais. Também tem
As opiniões sobre a história nunca foram unânimes. Em
ajudado tendências globalizantes e democráticas no estudo
The Nature of History (1970), Arthur Marwick diz que "a
da história, apresentadas em obras como: The Social Circula-
-j história da escrita histórica não pode ser retalhada em com-
-j
tion ofthePast: English Historical Culture 1500-1730 (2003),
il partimentos definidos (...) em todas as épocas houve uma
:1 de Daniel Woolf, que mostra como pessoas que não foram
'/

!lI oposição ruidosa a qualquer ortodoxia que na historiografia


historiadores influenciaram os textos sobre história no pas-
<, convencional tenha sido vista como predominante no perío-
ri sado; e Alabi's World (1990), de Richard Price, que entrelaça
Ij do". Mais recentemente, Evans descreveu ocampo como um
,I as vozes de descendentes de escravos, relatórios coloniais e
.'/, "palimpsesto". Mesmo para aqueles que acreditam na possibi-
/
diários missionários com a sua própria voz de historiador .
lidade de respostas definitivas quanto à história, a pergunta
O pós-modernismo não só inspirou a tendência de a his-
"O que é história?" geralmente, se mostrou problemática,
tória cultural substituir as análises sociais e econômicas como I'
I
mas, como há aqueles que acreditam que ela nunca poderá I
também, em certa medida, desintegrou a ideia de uma ten-
ser respondida satisfatoriamente, provavelmente nunca se
dência dominante, com muitos tipos diferentes de história
parará de formulá-Ia.
sendo praticados agora. A história oral está recebendo aten-
ção maior, levando ao exame do papel da memória na histó-
ria. Outras ideias influenciadas pelo pós-modernismo incluem
o conceito da história como performance, descrito assim por
!.

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