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ESTADO DE MATO GROSSO

DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO


COMARCA DE CÁCERES

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE


DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO.

Paciente: NELQUEM MATIAS EGUEZ RAMOS


Impetrante: Marcello Affonso Barreto Ramires – Defensor Público
Autoridade COATORA: Juízo de Direito da 1ª Vara da Comarca de Cáceres/MT.

HABEAS CORPUS
com pedido de concessão liminar da Ordem

MARCELLO AFFONSO BARRETO


RAMIRES, Defensor Público do Estado de Mato Grosso, atuante no núcleo da
Defensoria Pública de Cáceres/MT, cujo endereço encontra-se inserto no rodapé da
presente, vem, com o devido acato, impetrar o presente Writ, com fulcro no art. 5º,
LXVIII, da Constituição Federal e nos termos dos arts. 647 e 648, I, do Código de
Processo Penal, em favor de NELQUEM MATIAS EGUEZ RAMOS,
adolescente, solteiro, residente e domiciliado no bairro San José, San Mathias,
Bolívia, submetido a procedimento de apuração de ato infracional, mediante
representação oferecida pelo parquet, como incurso nos artigos 33, caput, e 40, I,
ambos, da Lei nº 11.343/2006, contra ato ilegal do Excelentíssimo Senhor Doutor
Juiz de Direito da Primeira Vara da Comarca de Cáceres/MT, apresentando, para
tanto, as seguintes asserções de fato e de direito:

Defensoria Pública de Cáceres. Rua Cel. Faria esq. Tiradentes, 382. Fone: (65) 223-7005. 1
Centro. Cáceres – MT
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DOS FATOS

O Paciente foi representado pelo parquet como


incurso nos artigos 33, caput, e 40, I, da Lei nº 11.343/2006.

Ao final do procedimento em primeiro grau de


jurisdição, a autoridade apontada como coatora proferiu sentença aplicando ao
paciente a medida sócio-educativa de internação.

Irresignada, a defesa interpôs recurso de apelação.

Todavia, posto que na processualística menorista o


sobredito recurso não goza de efeito suspensivo (art. 196, VI, ECA), sendo certo
ainda que o paciente encontra-se internado, não sendo-lhe garantido o direito de
recorrer em liberdade, se fez necessária a impetração do presente remédio heróico.

Dito isso, pois bem.

INTERNAÇÃO. ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO DELITO DE TRÁFICO. ATO


ISOLADO NA VIDA DO PACIENTE. IMPOSSIBILIDADE.

Na seara da infância e juventude, há entendimento


jurisprudencial firmado no sentido de que o ato infracional análogo ao tráfico de
substâncias entorpecentes não é de grave ameaça ou violência, não podendo
ensejar a drástica medida sócio-educativa de internação.

Segundo nossos tribunais, não é correto


fundamentar a internação alegando que o ato infracional em questão é análogo ao
tráfico de drogas e que a violência é da essência de tal delito.

Realmente, pois o fato em apreço não encontra


guarida nas TAXATIVAS hipóteses previstas nos incisos do artigo 122 do Estatuto,
das quais o operador do direito não pode se afastar para decidir se aplica ou não a
medida de internação aos adolescentes envolvidos com atos infracionais.

Defensoria Pública de Cáceres. Rua Cel. Faria esq. Tiradentes, 382. Fone: (65) 223-7005. 2
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Nesse sentido, corroborando a assertiva supra com


ensinamentos da melhor doutrina, vale dizer, como o fez Paulo Afonso Garrido de
Paula, em sua obra Menores, Direito e Justiça,1que a internação possui finalidade
educativa e curativa, não sendo outras as razões pelas quais a Carta Política de
1988 e a legislação infraconstitucional consagraram os princípios da brevidade, da
excepcionalidade e do respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento
quando da aplicação de medida privativa de liberdade aos adolescentes.

A despeito da importância dos três princípios, o que


nos revela, aqui, maior importância é o da Excepcionalidade, segundo o qual a
medida de internação deve ser a derradeira trincheira no combate dos
comportamentos indesejados dos adolescentes, sendo aplicada tão-somente nas
taxativas hipóteses encontradiças no artigo 122 do ECA.

Sim, pois a medida de internação é tão severa e


contrária ao conjunto de intenções do ECA que só pode ser aplicada quando inviável
a adoção das demais.

A privação de liberdade, neste contexto, surge como


última ratio, após outras formas de advertência e repreensão, e não como um fim em
si mesmo.

Contudo, a autoridade indigitada com coatora,


totalmente divorciada do caráter pedagógico das medidas sócio-educativas e dos
princípios informadores da Lei 8.069/90, aplicou ao paciente a mais drástica
reprimenda.

Com certeza, não será no conhecido ambiente


carcerário — ambiente carcerário, não sejamos demagogos —, com todas as
promiscuidades imagináveis, que o paciente encontrará ambiente propício ao seu
bom desenvolvimento físico, moral ou, como argumentou a autoridade coatora, onde
1
PAULA, Paulo Affonso Garrido de. Menores. Direito e Justiça. São Paulo, Ed. RT, 1989.
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serão introjetadas “normas mínimas de comportamento e convivência em sociedade,


de modo que tenham condições de integrá-la, como indivíduos adaptados e úteis”
sic (fls. 160, autos de origem).

Faz-se mister, isto sim, que o aparelho Estatal


possibilite a ressocialização do paciente, profissionalizando-o, dando-lhe condições
para que possa viver como cidadão digno, o que, certamente, não ocorrerá com a
sua privação de liberdade em um estabelecimento inadequado, como é o que
dispomos.

Importante frisar que o paciente nada,


efetivamente nada, possui em sua vida pretérita que indique não ser eficiente
qualquer outra medida prevista no ECA, conforme se depreende da certidão de
fl. 90 dos autos de origem.

Destarte, havendo possibilidade de ser imposta


medida menos onerosa ao direito de liberdade do adolescente, deve tal ser imposta
em detrimento da internação, sempre levando-se em conta, também, a peculiar
situação de pessoa em desenvolvimento.

Sobre o tema os Tribunais têm decidido (HABEAS


CORPUS nº 13283/2004 classe I-09 – Comarca de Juína):

HABEAS CORPUS – ATO INFRACIONAL


ATRIBUÍDO A MENOR – INTERNAÇÃO
PROVISÓRIA – ALEGAÇÃO DE EXCESSO DE
PRAZO – NÃO CONFIGURAÇÃO – FEITO JÁ
SENTENCIADO – ATO INFRACIONAL ANÁLOGO
AO CRIME PREVISTO NO ART. 12 DA LEI
6.368/76 – MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE
INTERNAÇÃO – CONSTRANGIMENTO ILEGAL
EVIDENCIADO – ORDEM CONCEDIDA.

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Vejamos, pois pertinente, alguns trechos do que


ficou assentado no voto do Desembargador Mariano Alonso Ribeiro relator do
sobredito writ:

“No entanto, realmente, há outra causa


ensejadora de constrangimento ilegal, qual seja
a afronta ao art. 122 ECA.
É da letra do artigo 122 da Lei 8.069/90 (Estatuto
da Criança e do Adolescente):
‘Art. 122. A medida de internação só poderá ser
aplicada quando:
I – tratar-se de ato infracional cometido mediante
grave ameaça ou violência a pessoa;
II – por reiteração no cometimento de outras
infrações graves;
III – por descumprimento reiterado e
injustificável da medida anteriormente imposta.
Parágrafo 1º. O prazo de internação da hipótese
do inciso III deste artigo não poderá ser superior
a 3(três) meses.
Parágrafo 2º Em nenhuma hipótese será aplicada
a internação, havendo outra medida adequada.’
A medida de internação foi ministrada a adolescente
por praticar ato infracional análogo ao crime de
tráfico de substâncias entorpecentes.
Todavia, a internação do adolescente só deve ser
admitida em casos excepcionais, ou, ainda, quando
esgotados todos os esforços à reeducação do
mesmo, devendo respeitar sua condição de peculiar
pessoa em desenvolvimento.
Ao que se tem, o artigo 122 do Estatuto da Criança
e do Adolescente enumera de forma taxativa os
casos em que se aplica a medida sócio-educativa de
internação.

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Dessa forma, mesmo em se tratando


de crime de tráfico de entorpecentes,
ainda que considerado hediondo, é
inaplicável a medida sócio-educativa de
internação quando ausentes os demais
pressupostos autorizativos da medida
(incisos 1, 11 e 111 do artigo 122), por
expressa vedação legal.

Importante registrar, ainda, o parecer ministerial no


mesmo Habeas Corpus:

“É pacífico na doutrina e na jurisprudência que o


rol do art. 122 é exaustivo. Ocorre que, pela
análise da sentença acostada às fls. 21/23, o
caso da menor Jaqueline de Lima Alves não se
encaixa em nenhum dos três incisos, o que
conduz à impossibilidade de aplicação de
medida de internação. Senão, vejamos.
À menor foi atribuída a prática do ato infracional
tipificado no art. 12 da Lei nº 6.368/76 (tráfico de
substância entorpecente), restando a autoria e
materialidade devidamente comprovadas,
conforme a r. sentença inclusa. Na
fundamentação do decisum, em nenhum
momento o magistrado faz qualquer alusão ao
cometimento de outras infrações pela menor, o
que descarta de plano as hipóteses dos incisos II
e III. Também nada se registrou no sentido de
violência ou grave ameaça à pessoa, nos termos
do inciso I.

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Na verdade, a sentença aplica medida de internação


por considerar que o tráfico é ato de suma
gravidade, com alcance maléfico de proporções
imensuráveis, que põe em risco a integridade do
meio social. Irretorquível tal juízo, com o qual o
Ministério Público compactua integralmente.
Contudo, daí a se falar em violência ou grave
ameaça à pessoa vai uma longa distância.
Impossível, pois encaixar o ato da menor numa das
três hipóteses do art. 122. E, como já dito, tal rol é
exaustivo, não admitindo interpretação extensiva.”

Outro não é o entendimento do Superior Tribunal de


Justiça:

‘RECURSO EM HABEAS CORPUS. MENOR . ATO


INFRACIONAL. TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES. AUSÊNCIA DE VIOLÊNCIA OU
GRAVE AMEAÇA A PESSOA. MEDIDA SÓCIO-
EDUCATIVA DE INTERNAÇÃO. DESCABIMENTO.
ARTIGO 122 DA LEI 8.069/90. ENUMERAÇÃO
TAXATIVA.

1. O artigo 122 do Estatuto da Criança e do


Adolescente enumera, de forma taxativa, numerus
clausus, as hipóteses de cabimento da medida
sócio-educativa de internação, dentre as quais não
se enquadra o ato infracional equiparado a tráfico
ilícito de entorpecentes.

Recurso parcialmente provido para que se imponha


ao adolescente medida diversa da internação.” (RHC
15337/SP, 6ª Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido,
DJU de 03-05-2004)

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Saliente-se, ademais, que a medida sócio-educativa


de internação não pode ser aplicada como um castigo, conforme já decidiu nossos
Tribunais, vejamos:

“A internação da criança e do adolescente é medida


extrema, recomendável somente quando
desaconselhadas as medidas menos rigorosas.”
Grifou-se. 2

“A internação, no âmbito do procedimento


especializado para a apuração de atos infracionais
cometidos por adolescentes, é a medida sócio-
educativa mais grave e, por isso mesmo, apresenta-
se como exceção, onde a regra geral é o mínimo
afastamento do infrator do convívio familiar (art. 121,
caput, da Lei 8.069/90)” 3

“Apelação. Ato infracional análogo ao crime


capitulado no artigo 157,§2º, inciso I. Medida sócio-
educativa de liberdade assistida.
A gravidade do fato, por si só, não impede a
concessão da medida sócio-educativa de liberdade
assistida a adolescente que, além de se envolver
pela primeira vez em ato anti-social, tem histórico
familiar e referências sobre a conduta social
favoráveis, tendo ainda a possibilidade de participar
de programa de ressocialização e curso
profissionalizante.
Recurso a que se dá provimento.” 4
Grifou-se.

“Apelação – Estatuto da Criança e do Adolescente –

2
STJ – 6a T. – RHC 7447 – Rel. Luiz Vicente Chernicchiaro – j. 28.05.1998 – DJU 29.06.1998,
p. 323
3
STJ – 6a T. – HC 8499 – Rel. Fernando Gonçalves – j. 16.04.1999 – DJU 17.05.1999, p. 243
4
TJRJ, apelação nº 99.100.00008, 5ª Câmara Criminal
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Ato Infracional – Fato Análogo ao Roubo Qualificado


– Internação – Inconformismo – Condições
Favoráveis – Provimento – Concessão de Liberdade
Assistida.
A gravidade do ato infracional, por si só, não justifica
a aplicação de medida sócio educativa de
internação.
O direcionamento para a aplicação da medida
deverá ser aquele que melhor resultado se obterá
para o desenvolvimento do adolescente como
pessoa útil para a sociedade.
Assim, SE ELE SE MOSTRA ARREPENDIDO, RECONHECENDO O

ERRO COMETIDO, ENCONTRANDO APOIO DE SEUS FAMILIARES, COM

QUEM MANTÉM BOM RELACIONAMENTO, A MEDIDA DEVERÁ SER

5
MENOS GRAVOSA.”

Grifou-se.

“NO CASO SUB JUDICE SÓ O QUE SE TEM É A GRAVIDADE DO ATO


INFRACIONAL, O QUE NÃO BASTA, como vimos, para a
decretação da internação provisória. Importante ver
que o relatório de assistente social encarregado de
entrevistar o agravado diz que ele mora com a avó e
dois irmãos, porque a mãe é falecida e o pai é
desconhecido. Cursou até a 6a série do 1o grau e
abandonou os estudos porque não podia conciliar
estudo e trabalho (trabalhou como Office boy). O
irmão disse que ele sempre se portou
adequadamente, que não há conflito entre ele com a
família e não há envolvimento com drogas. Os autos
não falam mesmo em antecedentes infracionais.
DESTARTE, NÃO HAVIA MESMO NECESSIDADE IMPERIOSA DE SER

6
DECRETADA A MEDIDA.”

(grifos nossos)

5
TJRJ, apelação nº 2000.10000071, 1ª Câmara Criminal
6
TJSP – AI 262.202-0/2 – Rel. Oliveira Passos
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“Ato infracional – ROUBO DUPLAMENTE QUALIFICADO –


Sentença que impõe medida sócio-educativa
consistente em LIBERDADE ASSISTIDA por 12 meses –
Recurso do Ministério Público, objetivando aplicação
da medida de internação – AUSÊNCIA DE ANTECEDENTES E

RESPALDO SÓCIOFAMILIAR ALIADOS AO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE

LABORAL QUE INDICAM ACERTO DA DECISÃO APELADA – Recurso


não provido.” 7

Mister se faz lembrar, eis que salutar, a aplicação da


Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), ratificada pelo Brasil em 20 de
setembro de 1.990, instrumento internacional recepcionado pela Carta Magna de
1988, art. 5º, parágrafo 1º e 2º, dispondo que a internação do adolescente deve
ser usada como último recurso, e por período breve, vejamos:

ARTIGO 37 – OS ESTADOS-PARTES ASSEGURARÃO QUE:


...
 NENHUMA CRIANÇA SEJA PRIVADA DE SUA LIBERDADE DE

FORMA ILEGAL OU ARBITRÁRIA. A DETENÇÃO, A RECLUSÃO OU A

PRISÃO DE UMA CRIANÇA, SERÁ EFETUADA EM CONFORMIDADE

COM A LEI E APENAS COMO ÚLTIMO RECURSO, E DURANTE O MAIS

BREVE PERÍODO DE TEMPO QUE FOR APROPRIADO.

 TODA CRIANÇA PRIVADA DA LIBERDADE SEJA TRATADA COM

HUMILDADE E O RESPEITO QUE MERECE A DIGNIDADE INERENTE À

PESSOA HUMANA, E LEVANDO-SE EM CONSIDERAÇÃO AS

NECESSIDADES DE UMA PESSOA DE SUA IDADE. EM ESPECIAL,

TODA CRIANÇA PRIVADA DE SUA LIBERDADE FICARÁ SEPARADA DE

ADULTOS, A NÃO SER QUE TAL FATO SEJA CONSIDERADO

CONTRÁRIO AOS MELHORES INTERESSES DA CRIANÇA, E TERÁ

DIREITO A MANTER CONTATO COM SUA FAMÍLIA POR MEIO DE

CORRESPONDÊNCIA OU DE VISITAS, SALVO EM CIRCUNSTÂNCIAS

EXCEPCIONAIS.

7
TJSP – Câm. Esp. – Acv 43.269-0 – Rel. Álvaro Lazzarini – j. 25.06.1998
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 TODA CRIANÇA PRIVADA SUA LIBERDADE TENHA DIREITO A

RÁPIDO ACESSO A ASSISTÊNCIA JURÍDICA E A QUALQUER OUTRA

ASSISTÊNCIA ADEQUADA, BEM COMO DIREITO A IMPUGNAR A

LEGALIDADE DA PRIVAÇÃO DE SUA LIBERDADE PERANTE UM

TRIBUNAL OU OUTRA AUTORIDADE COMPETENTE, INDEPENDENTE E

IMPARCIAL E A UMA RÁPIDA DECISÃO A RESPEITO DE TAL AÇÃO.

Como se vê, não há como se perpetuar o ato


apontado como ilegal, pois que ameaça indevidamente a liberdade do
paciente.

Destarte, a privação da liberdade do paciente


reveste-se de grave ilegalidade, eis que não tem amparo na Legislação que informa
a matéria, trazendo graves e irreparáveis prejuízos ao adolescente.

A Constituição Federal, o Código de Processo Penal


Brasileiro, bem como o Estatuto da Criança e do Adolescente prescrevem,
respectivamente:

CF, Art. 5º...

LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre


que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

CP, Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre


que alguém sofrer ou se achar na iminência de
sofrer violência ou coação ilegal na sua
liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição
disciplinar.

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CP, Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:

I - quando não houver justa causa;


...

ECA, Art. 108. A internação, antes da sentença,


pode ser determinada pelo prazo máximo de
quarenta e cinco dias.

Parágrafo único. A decisão deverá ser


fundamentada e basear-se em indícios
suficientes de autoria e materialidade,
demonstrada a necessidade imperiosa da
medida.

ECA, Art. 122. A medida de internação só poderá


ser aplicada quando:

I - tratar-se de ato infracional cometido mediante


grave ameaça ou violência a pessoa;
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode
ser determinada pelo prazo máximo de quarenta
e cinco dias.

Parágrafo único. A decisão deverá ser


fundamentada e basear-se em indícios
suficientes de autoria e materialidade,
demonstrada a necessidade imperiosa da
medida.

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Outros dispositivos legais seguem o mesmo


raciocínio de inadmissibilidade da internação do paciente, vez que não se encontram
presentes as causas que ensejam tão drástica medida, motivo pelo qual deve ser
imediatamente desinternado.

DOS PRESSUPOSTOS DA MEDIDA LIMINAR

O caso em tela comporta prestação jurisdicional


liminar, posto que presentes os pressupostos para tanto.

O fumus boni iuris foi devidamente demonstrado


pelos argumentos fáticos e jurídicos alhures explicitados.

O periculum in mora, por sua vez, é patente, em


virtude do direito envolvido, bem como pelo fato de que o paciente está internado
num estabelecimento inadequado que não cumpre seu papel ressocializador em
face do ser humano em desenvolvimento.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer seja liminarmente


concedida ordem de Habeas Corpus, sendo expedido o competente alvará de
soltura em favor do paciente.

Após as informações da autoridade coatora, requer


seja concedida definitivamente a ordem, desinternando-se o paciente.

Pede deferimento.

Cáceres, 26 de maio de 2008.


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MARCELLO AFFONSO BARRETO RAMIRES


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