Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3

Cadernos PDE

I
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
 PARA ALÉM DOS PALCOS: EXPRESSÃO CORPORAL NAS AULAS DE
EDUCAÇÃO FÍSICA.

Luciane Souza Martins1

Verônica Volski2

Resumo: Muitas crianças e jovens vivem uma vida agitada, complexa, tecnológica que acaba,
de certa forma, podando suas potencialidades criativas. Desse modo, todo aluno precisa ter
estímulo constante à criação para liberar sua personalidade e espontaneidade. Este estudo
buscou oportunizar aos professores uma possibilidade de trabalhar a criatividade através da
expressão corporal e suas manifestações. O objetivo desse trabalho foi promover a produção
cultural, individual e coletiva, permitindo a articulação da expressão corporal com a realidade,
para suscitar aprendizagem e atitudes transformadoras, como autoestima, autoconfiança,
espontaneidade e pensamento crítico. O trabalho se desenvolveu com alunos do ensino médio,
que ao final do projeto desenvolveram um evento cultural para a comunidade. Durante os
encontros as atividades foram desenvolvidas da seguinte maneira: introdução ao estudo da
expressão corporal, planejamento e organização de evento artístico/cultural, realização do
evento e avaliação. Evento este que não iniciou no abrir das cortinas e nem se findou no
apagar das luzes.

Palavras-chave: Expressão corporal, Educação Física, cultura, aprendizagem.

1. Introdução

Expressão corporal é uma maneira de comunicar-se com o mundo ao

nosso redor, pela qual podemos transmitir nossos sentimento e emoções
através de movimentos corporais.Segundo Stokoe e Harf (1987) a expressão
corporal pode ser considerada uma forma de linguagem, a partir da qual os
indivíduos demonstram suas emoções e sensações, a forma como sentem e
pensam o seu corpo.
A expressão corporal trás muitos benefícios quando trabalhada na
escola, seja nas aulas de Educação Física, Arte ou demais disciplinas e
projetos interdisciplinares. Contudo, na literatura encontramos poucos
estudos que relatam os benefícios de um trabalho envolvendo expressão
corporal. A maioria dos trabalhos dão ênfase à dança e são relacionados aos
seus benefícios. Segundo Nanni (1999, p.47):

1
Professora. Aluna do Curso do PDE ofertado pela Universidade Estadual do Centro-Oeste.
2015. E-mail: lusmpalmital@hotmail.com - Área de conhecimento: Educação Física.
2
Docente do Departamento de Educação Física da Unicentro, Campus Cedeteg, Guarapuava-
Pr. Mestre em Educação pela Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO.
vvolski@unicentro.br.

1
 Além disso, nas Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE) disciplina de
Educação Física (PARANÁ, 2008) não trazem nenhuma mençãoa respeito
da expressão corporal, somente sobre dança em específico. Uma das
hipóteses em não se ter nada relacionado à expressão corporal nas (DCE),
pode ser devido à dança e expressão corporal serem inter-relacionadas.
Desse modo, entendemos que, dentre os benefícios da dança
podemos conceber a expressão corporal.

[...] um valor físico-performático maior, sob a perspectiva artístico-

cultural, esta atividade possui inúmeras possibilidades educacionais.
Acreditamos que a dança pode prestar contribuição significativa para a
melhoria da consciência corporal, com aplicação no desenvolvimento
da autoimagem, do autoconhecimento e da autoestima do educando
(NANNI, 1999, p.47).

Como professora de Educação Física, venho nos últimos seis anos,

desenvolvendo junto com alguns colegas de Arte e Português um evento
cultural que envolvia a expressão corporal que através da dança, do teatro,
da poesia, da imitação, da dublagem, da música e das artes visuais
revelasse novos talentos na escola. Revelar talentos no sentido de dar uma
oportunidade de serem vistos pela comunidade sem nenhum teor
classificatório e competitivo, somente de incentivo a cultura. Com o passar
dos anos, o evento foi ficando cada vez mais complexo, percebemos que
através da expressão corporal os alunos estavam com mais autoestima e
autoconfiança, havia uma mudança de comportamento e o revelar talentos
era o aspecto menos importante nesse processo.
Entretanto, para a comunidade escolar esse evento não passava de
mais uma noite de talentos que iniciava quando as cortinas se abriam e
encerrava quando eles se fechavam. Resolvi então fazer desse evento objeto
de estudo e torná-lo relevante no contexto pedagógico da escola, dentro e
fora dela. Apesar dele já ter sua importância cultural não estava sendo visto
como ferramenta para melhora do ensino/aprendizagem. Acredito ser um dos
motivos para tal visão a concepção por parte da comunidade escolar de que
o aluno só aprende sentado nas carteiras escolares.
Partindo do pressuposto de que a expressão corporal pode ser
experimentada e vivenciada nas aulas de Educação Física, este estudo se

2
 torna importante para revermos, enquanto educadores, o que vem a ser a
expressão corporal seus benefícios e como podemos desenvolvê-la na
escola. Este trabalho pode ser, uma oportunidade para educadores, em sua
jornada de sala de aula, compreenderem e utilizarem a expressão corporal
na melhoria da aprendizagem.

2. Revisão de Literatura

O referencial teórico foi dividido em duas partes. A primeira parte aborda

a expressão corporal, seus conceitos, importância e benefícios. A segunda
relaciona expressão corporal e a Educação Física, destacando seu papel nas
aulas da disciplina.

2.1. Expressão corporal

Ser expressivo é conseguir exprimir seus pensamentos para os outros.

Quando utilizamos movimentos corporais estamos transformando nossos
pensamentos em gestos. Sendo assim, a expressão corporal é um
possibilidade de comunicação entre os indivíduos.
Segundo Silva e Schwartz (1999), o movimento corporal é uma
linguagem que cadapessoa possui para manifestar-se e, a expressão corporal
é o resgate dessa linguagem individual.

[...] o corpo tem a capacidade de se manifestar, o que, na

expressãocorporal, se apresenta através do vivido corporal. Este
vivido corporal equivale à maneira pela qual o corpo apresenta-se
disponível (SILVA e SCHWARTZ, 1999, p. 169).

Nesse sentido, temos nas vivências corporais a possibilidade de

favorecer a expressão do movimento através das experiências vividas pelo
corpo podemos enriquecer os gestos expressivos deixando-os mais
criatividade e espontâneos. Tanto para expor seus pensamentos como para
transmitir uma mensagem.
Sobre estas considerações Silva (1995), afirma que:

3
 As atividades expressivas objetivam, através de vivências corporais,
da dança e de outras manifestações, levar o homem, a mulher, a
sentir o corpo-próprio, ampliar sua sensibilidade, eliminar os limites,
as influências e preconceitos determinados pelo ambiente cultural”
SILVA, 1995, P. 93).

Desse modo, a expressão corporal, quando trabalhada de maneira

planejada, espontânea e criativa sem submeter o corpo a técnicas
padronizadas, movimentos repetitivos trás inúmeros benefícios.
Segundo Brikman(1989), a expressão corporal resgata e desenvolve
todas as possibilidades humanas, (corpo e mente), transmitidas no movimento
corporal. A expressão corporal carrega as possibilidades de desenvolvimento
corporal como um todo, oportunizando esse corpo a expor suas emoções,
muitas vezes oprimidas e ignoradas, portanto a expressão corporal e todos
seus benefícios podem ser evidenciados no desenvolvimento humano e no
processo educacional.

2.2. Expressão corporal e Educação Física

Durante muito tempo a escola transmitia conhecimento ao aluno através

da leitura, da escrita e dos cálculos, nunca em movimento. Tinha-se como
verdade que o aluno só aprendia se estivesse parado. A herança dessa
educação tradicional e rígida está presente até os dias de hoje.
É comum vermos orientações em escolas para que os alunos não
corram, não pulem não se movimentem, além disso, muitas vezes o movimento
está associado à indisciplina.
Apesar destas atitudes ainda estarem presentes na escola, muitos
estudos têm nos mostrado o contrário. Dessa forma, devemos buscar um
diálogo entre o movimento corporal e o produzir conhecimento que supere essa
concepção.
Para Rego (2011), é necessária a busca de uma prática docente que
possibilite aos alunos um pensamento crítico, a partir da valorização da
criatividade, da reflexão e da participação, condições indispensáveis para a
inserção social e construção da cidadania.

4
 O movimento é uma forma de expressão e comunicação do aluno,
objetivando torná-lo um cidadão crítico, participativo e responsável,
capaz de expressar-se em variadas linguagens, desenvolvendo a
autoexpressão e aprendendo a pensar em termos de movimento.
(SCARPATO, 2001, p.59).

Ainda para Scarpato (2001), o trabalho com o corpo gera a consciência

corporal,o aluno começa a expressar seus desejos de modo mais espontâneo,
o que pode criar dificuldades numa pedagogia autoritária, que ainda acredita
que ele só aprende sentado na carteira.
Sendo o movimento indispensável para o processo educacional e o
corpo objeto de estudo da Educação Física, este tem papel fundamental na
escolarização e deve ter umaformação mais humana, que valorize a cultura
corporal e tudo que a ela esteja relacionado.
Podemos destacar a importância da educação física como disciplina que
tem como objetivo:

Desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de

representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da
história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas,
exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica
e outros, que podem ser identificados como formas de representação
simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e
culturalmente desenvolvidas (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.
38).

Diante disso, a Educação Física enfrenta o desafio de tornar a

expressão corporal um conhecimento importante no processo de formação
humana e dar a ela uma relevante importância no trabalho pedagógica na
escola.

3. Metodologia

É no interior desse conjunto de idéias que foi desenvolvido uma

intervenção pedagógica que aconteceu no segundo semestre de 2015, no
Colégio Estadual João Cavalli da Costa – Ensino Fundamental e Médio,
localizado no município de Palmital-PR, com alunos do 1º, 2º e 3º ano do
Ensino Médio matutino. Cerca de 50 alunos participaram do projeto.
Os encontros aconteceram em contra turno escolar, nas dependências
do próprio colégio, onde foram disponibilizadas salas de aula e espaços

5
comuns da escola, além de toda infra-estrutura necessária, tais como materiais
eletrônicos, materiais pedagógicos e alimentação. Condições que contribuíram
muito para o desenvolvimento e sucesso desse projeto.
“Para além dos palcos: expressão corporal nas aulas de Educação
Física” foi organizado em três partes:

PARTE I – Introdução ao estudo da expressão corporal:

 Diagnóstico sobre o conhecimento dos alunos sobre a expressão
corporal;
 Reflexão sobre a expressão corporal e sua importância ao longo dos
tempos;
 Dinâmicas e atividades de sensibilização, criatividade, cooperação,
ritmo, socialização, autoestima, expressão corporal, coreografias;

PARTE II – Planejamento e organização de evento artístico/cultural:

 Escolha do tema gerador das apresentações;
 Pesquisa sobre tema escolhido; quais atrações farão parte do evento;
 Escolha dos figurinos, das músicas, da decoração;
 Divulgação do evento e ensaios;

PARTE III – Realização do evento e avaliação

 Encerramento com o evento para a comunidade.
 Feedback dos alunos sobre todas as atividades.

4. Resultados e discussão

Os resultados deste trabalho serão expostos e discutidos levando em

consideração as etapas propostas na metodologia. A parte I (Introdução ao
estudo da expressão corporal), foi composta dos planos de aula 01, 02 e 03.
Buscaram apresentar o projeto aos alunos, verificar o conhecimento dos alunos
sobre expressão corporal e situá-los no contexto da expressão corporal. Os
aluno fizeram parte através de aulas expositivas e dinâmicas.

6
 O questionário (quadro 1) foi o instrumento utilizado para diagnosticar o
conhecimento que os alunos tinham sobre expressão corporal. Composto de
quatro perguntas abertas, basicamente buscaram saber o que é expressão
corporal, sua importância e as vivências que eles tiveram com ela.

Quadro 01 – Questionário sobre expressão corporal.

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE

Professora Luciane Martins

Série: __________ Turma: ______________

(não precisa se identificar, apenas a série e turma)

1. O que você acha que é expressão corporal?

2. Para que você acha importante usar a expressão corporal?

3. Você gosta de praticar algo relacionado com dança, música, teatro, poesia? Por quê?

4. Que tipo de práticas envolvendo dança, música, teatro, poesia, você já realizou?

Obrigada pela participação!

Fonte: as autoras (2015)

Na primeira pergunta, que diz respeito ao que é expressão corporal, a

grande maioria dos alunos disseram que é a maneira de expressar sentimentos
através do corpo. Usando respostas como estas:

“Uma forma de expressar o que você sente com o corpo” (aluno 1)

“Expressar com o corpo os sentimentos”. (aluno 5)
“É o ato de expressar sentimentos através do corpo”. (aluno 23)
“Demonstra sentimentos e expressões com o corpo”. (aluno 14)

Na segunda pergunta, que buscou saber a importância em se usar a

expressão corporal, a maioria apontou ser importante para conseguir transmitir
suas emoções, como vemos nessas respostas:

“Para mostrar o que eu sinto”. (aluno 7).

“Para comunicar nossos sentimentos”. (aluno 12).
“Para as pessoas saberem como você está”. (aluno 23).

7
 Em seguida, a terceira pergunta, refere-se a saber se os alunos gostam
de praticar algo relacionado com dança, música, teatro, poesia. Um aluno diz
que vai ser a primeira experiência com expressão corporal. A grande maioria
disse que praticam atividades relacionadas a expressão corporal. Dos que
justificaram sua resposta, a maioria diz que praticam por ser legal, divertido,
prazeroso, interessante, descontrai, é saudável, etc. Três relatam que foi a
maneira que eles acharam pra se expressar. Como notamos nas frases abaixo:

“Por que é a maneira que eu posso me expressar” (aluno 23).

“Por que é a maneira que eu gosto de me expressar”. (aluno 18).
“Foi a forma que eu achei para me expressar”. (aluno12).

Dois alunos acham que é para melhorar a desenvoltura no palco. Outros

dois educandos para perder a timidez e um aluno diz que pratica porque sabe
fazer poesia.
Finalmente, na quarta pergunta, a qual indaga sobre quais atividades já
realizaram, a maioria realizou mais de uma atividade, sendo dança e teatro as
mais citadas.
As dinâmicas escolhidas para trabalhar expressão corporal nesta
intervenção pedagógica eram conhecidas e não necessitavam de muitos
recursos. Além disso, eram fáceis de ser substituídas por outras com o mesmo
perfil além ou passar por adaptações. Elas aconteceram como o planejado e a
maioria delas teve grande aceitação. Aquelas que trabalharam
especificadamente com expressão oral e exposição perante a turma geraram,
inicialmente, inibição por parte dos alunos, que aos poucos foram “se soltando”.
As três primeiras dinâmicas, respectivamente, Escravos de Jó, Telefone
sem Fio e Prezi Prezi Vice Vice, as quais trabalhavam, sobretudo, com
coordenação, ritmo, criatividade e lateralidade, foram bem divertidas e
contaram com a participação de todos. Foram realizadas variações como, por
exemplo, no Escravos de Jó, utilizando garrafinhas de água, e no lugar do
canto da música, somente o som do ritmo através de vibrações vocais. Já no
Telefone sem Fio houve bastante dificuldade, sendo necessária adaptações e a
intervenção do professor para que a atividade se desenvolvesse, mas os
alunos encaram como desafio.

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 No Prezi Prezi Vice Vice houve muita diversão e participação, pois conta
com o atrativo da competição, complementando a brincadeira. Nesta atividade,
durante o Grupo de Trabalho em Rede (GTR) uma professora fez uma
complementação, que foi de caracterizar com adereços o presidente e o vice,
tornando a atividade muito mais dinâmica e cênica. Ainda sobre a atividade
Prezi Prezi Vice Vice, houve a contextualização da brincadeira com a
organização do trabalho em nossa sociedade, gerando um debate interessante
e oportuno sobre hierarquia, condições de trabalho, valores, ética, etc.
Nas atividades seguintes, procurou-se potencializar conceitos de dança,
consciência corporal, ritmo, desenvoltura e criatividade. Foram elas: Dança das
Dobradiças, Dança da cadeira Criativa e Dançando e Expressando. Nelas os
alunos começaram as demonstrar inibição, foi preciso incentivar e preparar um
ambiente descontraído e motivador. A dança das dobradiças não teve muita
aceitação, os alunos realizaram sem muita empolgação e ninguém quis fazer o
papel do professor para se expressar e criar novos movimentos.
Em seguida, nas atividades Jogo da Mímica Expressivo e Teatro
Divertido, trabalhou-se a expressão corporal através da criatividade,
dramatização, sensibilidade, oralidade, entre outros. O Teatro Divertido foi uma
atividade interessante, os alunos assistiram um vídeo de uma pequena peça
de teatro, em seguida reescreveram a peça dando um final diferente. Eles
foram críticos, levantaram pontos negativos e positivos. O final escolhido foi
ensaiado e produzido. Revelando criatividade, como vemos no texto de um dos
alunos.

“Eu acho que tinha que mudar a voz da morte e o final, pois acabou
muito sem graça. Tinha que mostrar ele nos seus últimos 5 dias
fazendo caridade, doando seu dinheiro para instituições e no final ele
não morrer e ficar pobre sem nada”. (aluno 14).

Já nas atividades 10 e 11 buscou-se trabalhar a musicalidade, presença

de palco e ritmo. Atividade foi divertida e com boa participação, pois os alunos
já estavam acostumados uns com os outros e com as atividades. Para essas
atividades foi preparado um ambiente propício com caixa de som, microfone e
luz. Os alunos sentiram-se motivados e soltaram a voz.

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 Finalmente, na atividade 12, a sensibilização foi trabalhada de forma a
valorizar qualquer trabalho, seja qual for. Também discutiram sobre o sucesso,
fama, talento e respeito.
Por sua vez, na parte II da implementação deste projeto ( planejamento
e organização de evento artístico-cultural) as atividades foram pensadas para
planejar e organizar o evento propriamente dito. Realizou-se a escolha do tema
que nortearia as manifestações artísticas, pesquisa sobre a temática, definição
das apresentações e divulgação o evento.
Nessa fase os alunos participaram intensamente e depois de escolhido o
tema houve uma grande movimentação para criação das apresentações. Além
das aulas os alunos organizaram um grupo, através de um aplicativo de celular,
onde trocavam informações, opiniões, idéias, descobertas. O tema escolhido
foi “Brasil, mostra a tua cara!”
A par disso, os alunos começaram a desenvolver suas atividades
colocando em prática suas idéias. Cada aluno buscou o grupo que mais se
identificou. Abaixo as fotos de algumas atividades realizadas pela turma da
decoração.
Figura 01 – Foto das decorações

Fonte: as autoras (2015).

No plano de aula 07, planejado para divulgar o evento, os alunos fizeram

um trabalho bonito e com baixo custo. Confeccionaram cartazes utilizando
materiais alternativos como: retalhos, restos de lantejoulas, CDs, picotes de
E.V.A, botões. Além disso, fizeram ampla divulgação usando as redes sociais
com as imagens dos cartazes customizados e outras artes feitas com
programas de computador. O nome do evento foi “Revelli” que remete às
revelações do colégio João Cavalli da Costa.

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 Figura 02 Divulgação do evento

Fonte: as autoras (2015).

Em seguida, iniciou-se a parte III desta implementação: o dia do evento.

Foi uma grande festa, os alunos ansiosos para as apresentações, esperando
seus colegas e familiares na plateia. Toda a escola colaborou na preparação
do salão onde ocorreu o evento. O grupo da decoração organizou seus
trabalhos ornamentando o salão. Tudo para, enfim, esperar as cortinas se
abrirem.
Figura 03 – O dia do evento.

Fonte: as autoras (2015).

Posteriormente ao evento os alunos realizaram o diagnóstico final,

respondendo a três perguntas que questionavam sobre o que chamou atenção
nas apresentações, os pontos positivos e negativos do evento e o que eles
acharam das atividades do projeto sobre expressão corporal.

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 O que mais chamou atenção dos alunos nas apresentações foi a
dedicação, entusiasmo e esforço dos alunos e professores envolvidos. Outros
acharam que foi a valorização da cultura brasileira. Muitos pontos positivos
foram relatados e nenhum negativo.
Dos pontos positivos os que mais foram citados foram à beleza do
evento, a satisfação do público, os aplausos, a diversão e a oportunidade que
tiveram de se expressar, criar e interagir. A maioria dos alunos destacou dois
pontos: a participação dos alunos no planejamento, organização e execução
das atividades e do evento em si; atividades que estimularam a criatividade, o
trabalho em equipe e a possibilidade de aprender coisas novas.

“Sobre as atividades foram muito bem elaboradas, muita criatividade,

todo mundo ajuda e o tema muito bem escolhido e escolhido pelos
alunos”. (aluno 2)
“...a cada ano nós apresemos coisas diferentes. É muito interessante
ver o trabalho em equipe feita por alguns professores, a criatividade e
esforço de todos”. (aluno 23).

É oportuno reproduzir o quão importante foi a colaboração da direção,

funcionários e professores para o sucesso deste evento. Cada um, de sua
maneira, oportunizou o possível para melhor atender as necessidades de um
projeto que envolveu toda comunidade escolar. Nos fóruns de trocas de
experiências do grupo de professores do GTR, por muitas vezes esse assunto
foi citado como fator determinante para o desenvolvimento de projetos desse
perfil.
Além da intervenção pedagógica realizada em sala de aula foi
desenvolvido, no segundo semestre de 2015, o Grupo de Trabalho em Rede
(GTR). As atividades foram expostas aos professores participantes do grupo.
Como tutora, o GTR possibilitou experiência profissional e as situações
vivenciadas agregaram para a carreira de docente.
Ao longo do GTR houveram momentos de interação e colaboração,
excelentes discussões nos fóruns que contribuíram para este trabalho. Agregou
conhecimento e experiência para as práticas diárias.
Como exemplo das situações vivenciadas, seguem alguns relatos de
integrantes do GTR:

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 “...Com certeza os conteúdos abordados contribuem para o trabalho
escolar, desde o início do trabalho, nas primeiras trocas de
experiências com outros colegas, isso já vai interferindo nas nossas
praticas e isso é o mais legal dos trabalhos em rede. Os conteúdos
são interessantes e levam a gente fazer uma analise da nossa
prática. Com certeza aplicaria esse projeto em minha escola claro
fazendo algumas adaptações para encaixar mais nas realidades dos
meus alunos, mas ele é uma base e irá me ajudar muito...” (professor
8).

“...Esse projeto de intervenção ele se torna importante porque além

de oportunizar ao aluno essa aprendizagem significativa ele trata de
um tema que ainda é carente no ensino médio, pois sabemos que
ainda a ênfase maior se dá ao esporte. Portanto além de beneficiar
esses alunos que participaram desse projeto ele vai ajudar nos
professores a trabalhar com nossos alunos sobre essa temática...”
(professor 2).

5. Considerações finais

Buscou-se promover, neste estudo, a produção cultural individual e

coletiva, permitindo a articulação da expressão corporal com a realidade, para
suscitar aprendizagem e atitudes transformadoras.
A produção cultural superou as expectativas, pois o evento final foi um
sucesso. Salão lotado e apresentações de teatro, música, poesia e dança, que
foram elogiadas pela plateia e pela comunidade escolar. Entre outros,
principalmente, por não utilizar músicas e coreografias apelativas, visto que
estas são muito difundidas entre os adolescentes.
Cabe aqui ressaltar a satisfação que os alunos demonstravam ao final
do espetáculo, transmitindo alegria, prazer e autoestima. Isso também ficou
evidente nos relatos dos alunos no diagnóstico final.
Em relação à articulação da expressão corporal com a aprendizagem
levando em consideração a realidade dos educandos, foi estimulada,
vivenciada e resultou em algumas atitudes transformadoras principalmente em

13
relação à melhora da autoestima, da espontaneidade e da criatividade. Deste
fato decorre a tendência para uma mudança de comportamento em sala de
aula.
Neste sentido, percebeu-se, por meio da produção cultural e
participação dos alunos, que o trabalho pedagógico relacionadoà expressão
corporal proporcionou atitudes transformadoras “além dos palcos”. Participou
do processo de construção do conhecimento e, consequentemente, da
melhoria de sua postura enquanto cidadão na escola.

6. Referências

BRIKMAN, L. A Linguagem do movimento corpoal. São Paulo: Summus,

1989.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São

Paulo: Cortez, 1992.

NANNI, D. O. Ensino da dança na estruturação/expansão da consciência

corporal e da auto estima do educando. Fitness & Performance Journal. V. 4,
n.1, fevereiro, 2005.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares

Estaduais para Educação Básica: Educação Física. Curitiba, 2008.

REGO, I. S. P. A formação do Corpo na Dança: reflexão para o ensino da

Dança. V Coloquial Internacional, São Cristovão – SE. 2011.

SCARPATO, M. T. Dança educativa: um fato em escolas de São Paulo. São

Paulo: Caderno Cedes, ano XXI, V. 53, abril/2001.

SILVA, J. B. Educação Física, esporte, lazer: aprender a aprender fazendo.

Londrina: Lido, 1995.

14
SILVA , M. G. M. S.; SCHWARTZ, G. M. A expressividade na dança: visão do
profissional. Motriz- Volume 5, Número 2, Dezembro/1999.

STOKOE, P.; HARF, R. Expressão corporal na pré escola. São Paulo:

Summus, 1987.

15