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Informativo 682-STJ (RESUMIDO)


Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO À INFORMAÇÃO
Jornal poderá acessar dados sobre mortes registradas em ocorrências policiais

Caso concreto: o jornal Folha de São Paulo pediu para que o Governo do Estado fornecesse
informações relacionadas a mortes registradas pela polícia em boletins de ocorrência. O
pedido foi negado sob o fundamento de que, apesar de terem natureza pública, esses dados
deveriam ser divulgados com cautela e não seriam indispensáveis para o trabalho jornalístico.
O STJ não concordou e afirmou que não cabe à administração pública ou ao Poder Judiciário
discutir o uso que se pretende dar à informação de natureza pública. A informação, por ser
pública, deve estar disponível ao público, independentemente de justificações ou
considerações quanto aos interesses a que se destina.
Não se pode vedar o exercício de um direito – acessar a informação pública – pelo mero receio
do abuso no exercício de um outro e distinto direito – o de livre comunicar.
Em suma: veículo de imprensa jornalística possui direito líquido e certo de obter dados
públicos sobre óbitos relacionados a ocorrências policiais.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.852.629-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 06/10/2020 (Info 682).

DIREITO ADMINISTRATIVO

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR


Não há nulidade do PAD pela suposta inobservância do direito à não autoincriminação, quando
a testemunha, até então não envolvida, noticia elementos que trazem para si responsabilidade
pelos episódios em investigação

Caso concreto: foi instaurado PAD para apurar a conduta de João, servidor do INSS. Pedro,
outro servidor da autarquia que trabalhava no mesmo setor do investigado, foi convocado
para depor na condição de testemunha, tendo assinado termo de compromisso de dizer a
verdade.
Ocorre que Pedro não apenas confirmou as imputações feitas contra João, mas também
confessou que participou dos ilícitos em apuração. Ao final do PAD, João e Pedro foram
demitidos.
Pedro alegou que que o PAD que originou sua demissão se encontraria eivado de ilicitude,
considerando que foi obrigado a produzir provas contra si mesmo.
Não houve nulidade.
Quando o servidor foi chamado, ele não era investigado. Ele prestou voluntariamente seu
depoimento e, em nenhum momento, insurgiu-se contra isso, o que permite concluir que,
também voluntariamente, ele dispensou o uso da faculdade de não incriminar a si próprio.
Informativo 682-STJ (04/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1
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Logo, ele não pode, posteriormente, invocar o direito ao silêncio considerando que, por sua
própria vontade, apontou, durante sua oitiva, fatos que atraíram para si a responsabilidade
solidária pelos ilícitos em apuração.
STJ. 1ª Seção. MS 21.205-DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14/10/2020 (Info 682).

DIREITO CIVIL

PESSOAS JURÍDICAS (OUTROS TEMAS)


A responsabilidade do ex-cooperado pelo rateio dos prejuízos acumulados não se limita ao
prazo de 2 anos contados do desligamento da cooperativa, previsto no art. 1.003, parágrafo
único, e no art. 1.032, do Código Civil

Exemplo: João fazia parte de uma cooperativa e saiu formalmente em 2010. Em 2014, a
cooperativa ajuizou ação contra João cobrando o pagamento de parte proporcional de
prejuízo que a entidade sofreu em 2009.
O STJ afirmou o ex-cooperado pode responder porque não se aplica o limite de prazo de 2 anos,
previsto no art. 1.003, parágrafo único e no art. 1.032, do Código Civil:
Art. 1.003 (...) Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato,
responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas
obrigações que tinha como sócio.
Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da
responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a resolução
da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não
se requerer a averbação.
Esses dispositivos mencionados pertencem ao regime das sociedades simples e somente se
aplicariam às cooperativas caso a lei fosse omissa (art. 1.096 do CC). Ocorre que o art. 89 da
Lei nº 5.764/71 trata sobre o tema e não estipula prazo.
Por fim, vale mencionar que o prazo prescricional para cobrança de ato cooperativo é de 10
anos, nos temos do art. 205 do CC.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.774.434-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 01/09/2020 (Info 682).

OBRIGAÇÕES (JUROS)
Na hipótese em que pactuada a capitalização diária de juros remuneratórios, é dever da
instituição financeira informar ao consumidor acerca da taxa diária aplicada

Se o contrato, ao tratar sobre os encargos, menciona a taxa de juros mensal e anual, mas não
prevê qual é a taxa diária dos juros, há abusividade.
Viola o dever de informação, o contrato que somente prevê uma cláusula genérica de
capitalização diária, sem informar a taxa diária de juros remuneratórios.
A informação acerca da capitalização diária, sem indicação da respectiva taxa diária, subtrai
do consumidor a possibilidade de estimar previamente a evolução da dívida, e de aferir a
equivalência entre a taxa diária e as taxas efetivas mensal e anual.
A falta de previsão da taxa diária, portanto, dificulta a compreensão do consumidor acerca do
alcance da capitalização diária, o que configura descumprimento do dever de informação
trazido pelo art. 46 do CDC.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.826.463-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 14/10/2020 (Info 682).

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OBRIGAÇÕES (COBRANÇA JUDICIAL DE DÍVIDA JÁ PAGA)


É cabível o pedido de repetição de indébito em dobro, previsto no art. 940 do CC/2002,
em sede de embargos monitórios

O réu, citado na ação monitória, pode apresentar embargos monitórios, que são uma forma de
defesa, semelhante à contestação (art. 702 do CPC). Os embargos podem se fundar em qualquer
matéria que poderia ser alegada como defesa no procedimento comum (§ 1º do art. 702).
Assim, o réu pode, nos embargos monitórios, alegar que a dívida já está paga e pedir a
repetição de indébito em dobro, nos termos do art. 940 do CC.
A condenação ao pagamento em dobro do valor indevidamente cobrado pode ser formulada
em qualquer via processual, inclusive, em sede de embargos à execução, embargos monitórios
e ou reconvenção, até mesmo reconvenção, prescindindo de ação própria para tanto.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.877.292-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/10/2020 (Info 682).

DANOS MORAIS
Súmula 642-STJ

Súmula 642-STJ: O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do
titular, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação
indenizatória.
STJ. Corte Especial. Aprovada em 02/12/2020, DJe 07/12/2020.

CONTRATO MARÍTIMO
Prescrição para cobrança de valores relativos a sobre-estadias de contêineres (demurrage)

A pretensão de cobrança de valores relativos a despesas de sobre-estadias de contêineres


(demurrage) previamente estabelecidos em contrato de transporte marítimo (unimodal)
prescreve em 5 (cinco) anos, a teor do que dispõe o art. 206, § 5º, inciso I, do Código Civil de 2002.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.819.826-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 28/10/2020
(Recurso Repetitivo – Tema 1035) (Info 682).

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS


No contrato de prestação de serviços advocatícios não é cabível a estipulação de multa pela
renúncia ou revogação unilateral do mandato

O Código de Ética e Disciplina da OAB (CED-OAB), ao dispor sobre as relações entre cliente e
advogado, assevera expressamente que o fundamento que as norteia é a confiança recíproca.
Assim, em razão da relação de fidúcia (confiança) entre advogado e cliente (considerando se
tratar de contrato personalíssimo), o Código de Ética prevê, em seu art. 16, que o mandato
perdura enquanto houver confiança recíproca entre cliente e advogado.
Como existe a possibilidade de quebra da fidúcia (confiança) entre cliente/advogado, há o direito
potestativo do patrono em renunciar ao patrocínio (sem prejuízo do cliente ser reparado por
eventuais danos sofridos), bem como do cliente em revogar o mandato outorgado (sem prejuízo
do causídico em receber verba remuneratória pelos serviços então prestados).
Dessa forma, a revogação unilateral, pelo cliente, do mandato outorgado ao advogado é causa
lícita de rescisão do contrato de prestação de serviços advocatícios, não ensejando o

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pagamento de multa prevista em cláusula penal. A mesma lógica pode e deve ser aplicada
também quando ocorrer o inverso, na hipótese de renúncia do mandato pelo causídico.
Vale ressaltar, por fim, que é possível a existência de cláusula penal nos contratos de prestação
de serviços advocatícios, contudo adstrita às situações de mora e/ou inadimplemento, desde
que respeitada a razoabilidade, sob pena de interferência judicial.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.882.117-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/10/2020 (Info 682).

CONTRATO DE CONCESSÃO COMERCIAL


É descabida a condenação da montadora ao pagamento da indenização prevista no art. 24 da Lei
Ferrari na hipótese em que a resolução do contrato encontra justificativa na gravidade das
infrações praticadas pela concessionária

Entre a pessoa jurídica fabricante (montadora de carros, chamada de concedente; ex: General
Motors) e o distribuidor (concessionária), há uma relação de concessão comercial cujo objeto
é o veículo a ser vendido ao consumidor. Esse vínculo, sob o ponto de vista comercial, é regido
pela Lei nº 6.729/79, conhecida como Lei Ferrari.
Caso concreto: a montadora (concedente) e a concessionária celebraram contrato de
concessão de veículos, peças e acessórios por prazo indeterminado. A montadora promoveu a
resolução do contrato, sob alegação de que a concessionária teria praticado diversas
irregularidades graves, como a adulteração de ordens de serviço.
A concessionária ajuizou ação pedindo o pagamento da indenização prevista no art. 24 da Lei
Ferrari, que diz: “Art. 24. Se o concedente der causa à rescisão do contrato de prazo
indeterminado, deverá reparar o concessionário: (...)”
O STJ entendeu que era descabida a condenação da montadora.
O art. 24 da Lei Ferrari prevê uma série de parcelas indenizatórias devidas à concessionária
no caso de resolução do contrato, mas esse pagamento só ocorre se o concedente tiver dado
causa a essa resolução. Na situação em tela, as irregularidades praticadas pela concessionária
foram graves, a ponto de ensejar o reconhecimento de sua culpa pela resolução do contrato.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.683.245-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 06/10/2020
(Info 682).

ALIMENTOS (ASPECTOS PROCESSUAIS)


A oferta de pagamento espontâneo em audiência de conciliação em execução de dívida
alimentar pelo devedor perante o Judiciário e com a concordância do representante da parte
contrária apto a tanto tem caráter vinculante em relação ao proponente

Caso concreto: “M” ajuizou ação de execução de alimentos contra seu pai (“J”) pedindo para
receber as parcelas correspondentes aos meses de maio/2007 a abril/2009. O juiz designou
audiência de conciliação. “M” não compareceu. “J” se fez presente e propôs o pagamento da
dívida relativa aos 2 últimos meses da pensão alimentícia perante o Magistrado e o Promotor
de Justiça, tendo a proposta sido homologada com a concordância do advogado de “M”.
Essa proposta feita pelo genitor/executado pode ser considerada como reconhecimento
parcial da dívida?
Sim. A proposta de pagamento parcial por devedor de alimentos em audiência de conciliação
já na fase de cumprimento de sentença, perante o patrono da parte contrária, vincula o
devedor no limite da proposta, restando assegurada nova negociação quanto ao valor
remanescente.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.821.906-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 20/10/2020 (Info 682).

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DIREITO DO CONSUMIDOR

PLANO DE SAÚDE
O rol de procedimentos e eventos da ANS é meramente explicativo?

Tema polêmico!
O rol de procedimentos e eventos da ANS é meramente explicativo?
• SIM. Posição da 3ª Turma do STJ.
O fato de o procedimento não constar no rol da ANS não significa que não possa ser exigido
pelo usuário, uma vez que se trata de rol exemplificativo.
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1.874.078-PE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/10/2020
(Info 682).

• NÃO. Posição da 4ª Turma do STJ.


O rol de procedimentos e eventos em saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS
não é meramente exemplificativo.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.733.013-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/12/2019 (Info 665).

CONTRATOS BANCÁRIOS
Na hipótese em que pactuada a capitalização diária de juros remuneratórios, é dever da
instituição financeira informar ao consumidor acerca da taxa diária aplicada

Se o contrato, ao tratar sobre os encargos, menciona a taxa de juros mensal e anual, mas não
prevê qual é a taxa diária dos juros, há abusividade.
Viola o dever de informação, o contrato que somente prevê uma cláusula genérica de
capitalização diária, sem informar a taxa diária de juros remuneratórios.
A informação acerca da capitalização diária, sem indicação da respectiva taxa diária, subtrai
do consumidor a possibilidade de estimar previamente a evolução da dívida, e de aferir a
equivalência entre a taxa diária e as taxas efetivas mensal e anual.
A falta de previsão da taxa diária, portanto, dificulta a compreensão do consumidor acerca do
alcance da capitalização diária, o que configura descumprimento do dever de informação
trazido pelo art. 46 do CDC.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.826.463-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 14/10/2020 (Info 682).

CONTRATOS BANCÁRIOS
Bancos envolvidos na portabilidade de crédito possuem o dever de apurar a regularidade do
consentimento e da transferência da operação, respondendo solidariamente pelas falhas na
prestação do serviço

As instituições financeiras envolvidas na operação de portabilidade, ainda que concorrentes,


passam a integrar uma mesma cadeia de fornecimento, impondo-se a ambas o dever de apurar
a regularidade do consentimento e da transferência da operação, recaindo sobre elas a
responsabilidade solidária em relação aos danos decorrentes de falha na prestação do serviço.
Reconhecida a fraude na assinatura do contrato que deu ensejo à operação de portabilidade,
impõe-se a reparação dos danos sofridos pelo consumidor.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.771.984-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 20/10/2020 (Info 682).

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DIREITO EMPRESARIAL

MARCA
Em ação de infração de patente e desenho industrial, é possível a arguição incidental de nulidade
de tais direitos de propriedade industrial, como matéria de defesa, perante a justiça estadual

Importante!!!
O art. 175 da Lei de Propriedade Industrial exige que a ação de nulidade do registro de marca
seja ajuizada no foro da Justiça Federal, devendo o INPI, quando não for o autor,
necessariamente intervir no feito. Não há, na lei, qualquer exceção a essa regra.
O mesmo, porém, não ocorre no que diz respeito à patente e ao desenho industrial.
Os arts. 56, § 1º, e 118, da Lei nº 9.279/96 preveem a possibilidade de arguição da nulidade de
patentes e de desenhos industriais como matéria de defesa em ações de infração, de
competência da Justiça Estadual, dispensando, nesses casos, a participação do INPI.
Vale ressaltar, por fim, que o reconhecimento da nulidade de patentes e de desenhos
industriais pelo juízo estadual, por ocorrer apenas incidenter tantum, não faz coisa julgada e
não opera efeitos para fora do processo, tendo apenas o condão de levar à improcedência do
pedido veiculado na ação de infração.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.843.507-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 06/10/2020
(Info 682).

RECUPERAÇÃO JUDICIAL
O Ministério Público é parte legítima para recorrer da decisão que
fixa os honorários do administrador na recuperação judicial

A interpretação conjunta da regra do art. 52, V, da LFRE – que determina a intimação do


Ministério Público acerca da decisão que defere o processamento da recuperação judicial - e
daquela constante no art. 179, II, do CPC/2015 - que autoriza, expressamente, a interposição
de recurso pelo órgão ministerial quando a este incumbir intervir como fiscal da ordem
jurídica - evidencia a legitimidade do Parquet para recorrer contra a decisão que fixa os
honorários do administrador na recuperação judicial.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.884.860-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/10/2020 (Info 682).

LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL
O § 1º do art. 24-A da Lei nº 9.656/98 prevê a indisponibilidade dos bens das pessoas que
exerceram a administração do plano de saúde nos 12 meses antes do ato que decretar a direção
fiscal ou a liquidação extrajudicial; o juiz pode ampliar esse prazo

O caput do art. 24-A prevê que os administradores das operadoras de planos de saúde que
estejam em regime de direção fiscal ou de liquidação extrajudicial, ficarão com todos os seus
bens indisponíveis. O § 1º afirma que essa indisponibilidade atinge a todos aqueles que
tenham estado no exercício das funções nos doze meses anteriores ao ato que decretar a
direção fiscal ou a liquidação extrajudicial.
Esse prazo legal pode ser ampliado pelo juiz para atingir algum ex-administrador que tenha
saído há mais de doze meses?

Informativo 682-STJ (04/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 6


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Sim. O prazo do § 1º do art. 24-A da Lei nº 9.656/98 pode ser ampliado pelo juízo da insolvência
civil de operadora de plano de saúde para atingir os bens de ex-conselheiro fiscal que deixou
o cargo antes dos doze meses que antecederam o ato de decretação da liquidação extrajudicial.
Desde que observados os requisitos legais, pode o Juízo, com base no poder geral de cautela,
ampliar o alcance da norma quando verificar a existência de fundados indícios de
responsabilidade de determinado agente, a fim de assegurar, concretamente, a eficácia e a
utilidade do provimento jurisdicional de caráter satisfativo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.845.214-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/10/2020 (Info 682).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

EXECUÇÃO
Juiz não pode se recusar a determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de
inadimplentes (art. 782, § 3º, do CPC/2015) sob o fundamento de que o exequente teria
condições de fazer isso diretamente

Caso concreto: uma empresa exequente pediu ao juiz a inclusão do nome da executada nos
cadastros de inadimplentes, nos termos do art. 782, § 3º do CPC. O requerimento foi indeferido
pelo magistrado sob o argumento de que a exequente possui condições de pedir diretamente
a inscrição.
O STJ não concordou com a recusa.
O requerimento da inclusão do nome da executada em cadastros de inadimplentes (art. 782,
§ 3º, do CPC/2015) não pode ser indeferido pelo juiz tão somente sob o fundamento de que as
exequentes possuem meios técnicos e a expertise necessária para promover, por si mesmas, a
inscrição direta junto aos órgãos de proteção ao crédito.
O art. 782, § 3º, do CPC/2015 prevê que, a requerimento da parte, o juiz pode determinar a
inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes.
O dispositivo legal que autoriza a inclusão do nome do devedor nos cadastros de
inadimplentes exige, necessariamente, o requerimento da parte, não podendo o juízo
promovê-lo de ofício.
Ademais, depreende-se da redação do referido dispositivo legal que, havendo o requerimento,
não há a obrigação legal de o Juiz determinar a negativação do nome do devedor, tratando-se
de mera discricionariedade. A medida, então, deverá ser analisada casuisticamente, de acordo
com as particularidades do caso concreto.
Não cabe, contudo, ao julgador criar restrições que a própria lei não criou, limitando o seu alcance,
por exemplo, à comprovação da hipossuficiência da parte. Tal atitude vai de encontro ao próprio
espírito da efetividade da tutela jurisdicional, norteador de todo o sistema processual.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.887.712-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/10/2020 (Info 682).

AÇÃO MONITÓRIA
É cabível o pedido de repetição de indébito em dobro,
previsto no art. 940 do CC/2002, em sede de embargos monitórios

O réu, citado na ação monitória, pode apresentar embargos monitórios, que são uma forma de
defesa, semelhante à contestação (art. 702 do CPC).
Os embargos podem se fundar em qualquer matéria que poderia ser alegada como defesa no
procedimento comum (§ 1º do art. 702).

Informativo 682-STJ (04/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 7


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Assim, o réu pode, nos embargos monitórios, alegar que a dívida já está paga e pedir a
repetição de indébito em dobro, nos termos do art. 940 do CC.
A condenação ao pagamento em dobro do valor indevidamente cobrado pode ser formulada
em qualquer via processual, inclusive, em sede de embargos à execução, embargos monitórios
e ou reconvenção, até mesmo reconvenção, prescindindo de ação própria para tanto.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.877.292-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/10/2020 (Info 682).

DIREITO PENAL

MARIA DA PENHA
Quem julga o crime de estupro de vulnerável praticado por pai contra filha de 4 anos: vara
criminal “comum” ou vara de violência doméstica e familiar contra a mulher?

Se o fator determinante que ensejou a prática do crime foi a tenra idade da vítima fica afastada
a vara de violência doméstica e familiar? Ex: estupro de vulnerável praticado por pai contra a
filha, de 4 anos.
• SIM. Posição da 5ª Turma do STJ:
Se o fato de a vítima ser do sexo feminino não foi determinante para a caracterização do crime
de estupro de vulnerável, mas sim a tenra idade da ofendida, que residia sobre o mesmo teto
do réu, que com ela manteve relações sexuais, não há que se falar em competência do Juizado
Especial de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1020280/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 23/08/2018.

• NÃO. Julgado recente da 6ª Turma do STJ:


A idade da vítima é irrelevante para afastar a competência da vara especializada em violência
doméstica e familiar contra a mulher e as normas protetivas da Lei Maria da Penha.
STJ. 6ª Turma. RHC 121.813-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/10/2020 (Info 682).

DIREITO PROCESSUAL PENAL

PRISÃO
Depois da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), não é mais possível que o juiz, de ofício,
converta a prisão em flagrante em prisão preventiva (é indispensável requerimento)

Importante!!!
Depois da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), não é mais possível que o juiz, de ofício,
converta a prisão em flagrante em prisão preventiva (é indispensável requerimento)
Não é possível a decretação “ex officio” de prisão preventiva em qualquer situação (em juízo
ou no curso de investigação penal), inclusive no contexto de audiência de custódia, sem que
haja, mesmo na hipótese da conversão a que se refere o art. 310, II, do CPP, prévia, necessária
e indispensável provocação do Ministério Público ou da autoridade policial.
A Lei nº 13.964/2019, ao suprimir a expressão “de ofício” que constava do art. 282, § 2º, e do
art. 311, ambos do CPP, vedou, de forma absoluta, a decretação da prisão preventiva sem o
prévio requerimento das partes ou representação da autoridade policial.

Informativo 682-STJ (04/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 8


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Logo, não é mais possível, com base no ordenamento jurídico vigente, a atuação ‘ex officio’ do
Juízo processante em tema de privação cautelar da liberdade.
A interpretação do art. 310, II, do CPP deve ser realizada à luz do art. 282, § 2º e do art. 311,
significando que se tornou inviável, mesmo no contexto da audiência de custódia, a conversão,
de ofício, da prisão em flagrante de qualquer pessoa em prisão preventiva, sendo necessária,
por isso mesmo, para tal efeito, anterior e formal provocação do Ministério Público, da
autoridade policial ou, quando for o caso, do querelante ou do assistente do MP.
STJ. 5ª Turma. HC 590.039/GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2020 (Info 682).
STF. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/10/2020 (Info 994).

Em sentido contrário temos a posição minoritária da 6ª Turma do STJ, que deve ser superada em
breve: mesmo após as inovações trazidas pelo Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/2019), não há
ilegalidade na conversão da prisão em flagrante em preventiva, de ofício, pelo magistrado (STJ. 6ª
Turma. HC 605.305-MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. Acd. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
06/10/2020) (Info 682).

PROVAS
Para o acesso a dados telemáticos não é necessário
a delimitação temporal para fins de investigações criminais

Não é necessário especificar a limitação temporal para os acessos requeridos pelo Ministério
Público, por se tratar de dados estáticos, constantes nas plataformas de dados.
Apesar de o art. 22, III, da Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) determinar que a
requisição judicial de registro deve conter o período ao qual se referem, tal quesito só é
necessário para o fluxo de comunicações, sendo inaplicável nos casos de dados já
armazenados que devem ser obtidos para fins de investigações criminais.
STJ. 6ª Turma. HC 587.732-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 20/10/2020 (Info 682).

DIREITO TRIBUTÁRIO
ITBI
A nulidade de negócio jurídico de compra e venda de imóvel
viabiliza a restituição do valor recolhido pelo contribuinte a título de ITBI

Importante!!!
ITBI significa imposto sobre transmissão inter vivos, sendo tributo de competência dos
Municípios.
Segundo o art. 156, II da CF/88, o ITBI será cobrado quando houver “transmissão inter vivos, a
qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos
reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição”.
Exemplo: João vendeu uma casa a Pedro. Sobre essa transmissão, há incidência do ITBI, que
foi pago pelo comprador. Suponha, no entanto, que, posteriormente, esse negócio jurídico
(compra e venda) tenha sido anulada por sentença judicial transitada em julgado.
Neste caso, conclui-se que não houve a transmissão da propriedade, estando ausente o fato
gerador do imposto. Logo, é devida a restituição do ITBI que foi pago.
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.493.162-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 14/10/2020
(Info 682).

Informativo 682-STJ (04/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 9

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