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O CRÍSTICO
INTRODUÇÃO
A Amorização do Universo

As páginas que seguem não são uma simples dissertação especulativa, expondo as
linhas maiores de algum sistema longamente amadurecido e engenhosamente reunido. Mas
elas apresentam o testemunho sustentado, com toda objetividade, sobre um certo
acontecimento interior, sobre uma certa experiência pessoal, onde me é impossível não
discernir a traça de uma derivação geral do humano sobre ele próprio.

Aos poucos, no decorrer da sua existência, despertou-se em mim (até tornar-se


habitual) a percepção de dois movimentos, ou de duas correntes psíquicas, fundamentais aos
quais participamos todos nós, - sem, todavia tomar cuidado nisto.

Aqui, a aproximação irresistível do meu pensamento individual com todo o resto do


que se pensa sobre a Terra, - e, portanto de perto em perto, com tudo o que está a “se
arrumar”, em qualquer lugar que seja, e a qualquer degrau que seja, - nas imensidades do
Tempo e do Espaço. E aí, a individualização persistente, no centro mesmo do meu pequeno
ego (= “eu”), de um ultra-Centro de pensamento e de ação: a subida impossível de deter
(=’inarrêtable’) no fundo da minha consciência de uma sorte de Outro que seria ainda mais eu
do que eu mesmo seja.

Aqui, um Fluxo, no mesmo tempo físico e psíquico, que enrolava sobre mim,
complicando-a, até fazê-la se co – refletir, a totalidade da Estofa das Coisas. E aí, sob as
espécies de um Divino encarnado, uma Presença tão íntima que ela exigia, para se satisfazer,
e para me satisfazer, de ser, por natureza, universal.

Duplo sentido (e sentimento) de uma Convergência cósmica e de uma Emergência


crística, que, cada uma com seu modo, me invadia todo inteiro. Apesar de que uma e outra
me afetar na medula do ser, é concebível que esses dois afluxos de consciência, por me
atingir em níveis e sob ângulos diferentes, tivessem permanecido sem efeito um em relação
ao outro. ...

Ora, exatamente o contrário (e aqui está, com toda precisão, a experiência que estas
páginas procuram traduzir) a alegria e a força de minha vida terão sido constatar que,
aproximados um do outro, esses dois ingredientes espirituais reagiam inesgotavelmente um
no outro com uma intensidade extraordinária: desencadeando, ´por sua implosão, uma luz
tão intensa que transfigurava (e até “transubstanciava”) para mim as próprias profundezas do
Mundo.

O acesso subitamente aberto ao Homem do século 20 pela maturação conjugada de


Revelação e Ciência, uma espécie de ultra–dimensão das
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coisas, onde (não por neutralização, mas por paroxismo) desmaiam todas diferenças entre
Ação, Paixão e Comunhão, nas temperaturas do Centre e na escala do Todo ... O universo
amorizando-se e personalizando-se no próprio dinamismo da sua evolução.

Já faz muito tempo que, na Missa sobre o Mundo e no Meio divino, tentei, frente a
essas perspectivas então apenas formadas em mim, fixar minha admiração e meu assombro.
Hoje, depois de quarenta anos de contínua reflexão (1), é ainda exatamente a mesma visão
fundamental que sinto a necessidade de apresentar, e de fazer partilhar, sob sua forma
amadurecida, - uma última vez. Aquilo com menos frescor e exuberância, na expressão, do
que na hora do primeiro encontro. Mas sempre com a mesma maravilha e a mesma paixão.

I. – A c o n v e r g ê n c i a do u n i v e r s o

Por bem ou por mal, que o reconheçamos ou não, todos nós nos tornamos, hoje,
“evolucionistas”. Pela fina fissura darwiniana, aberta, há um século, na zoologia, o sentido
da Duração tem tão bem invadido, desde então, a totalidade da nossa experiência que
precisamos fazer um esforço, por exemplo, para subir novamente aos tempos, não tão
longínquos (perto dos anos de 1900!), quando se discutia ainda com aspereza sobre a
formação das Espécies, sem suspeitar que, cinqüenta anos mais tarde, toda a economia da
Humanidade se encontraria baseada sobre o gênese do Átomo.

Hoje, repito, pensamos todos e agimos inevitavelmente como se o Mundo estivesse


em estado de contínua formação e transformação. Mas falta muito para que esta disposição
geral tenha ainda encontrado, no nosso pensamento, sua final e completa expressão.

Num primeiro degrau (o mais vago) evoluir pode significar mudar quaisquer que
sejam a natureza e as modalidades desta mudança: irregular ou orientada, contínua ou
periódica, aditiva ou dispersiva, etc. A este nível elementar, pode se dizer que na Física e na
Biologia a questão está totalmente pautada. O movimento que anima, em nós e ao redor de
nós, a Estofa do Universo não é uma simples agitação nem um simples escoamento no
homogêneo. Ele se apresenta inteiramente à nossa experiência como um processo, - ou mais
exatamente como a soma de dois processos, - de natureza dirigida.

a) Um de “arrumação” dando nascença, por “corpusculização” gradual da energia


cósmica, à infinita variedade (sempre mais complexa e sempre mais “psíquica” dos
átomos, moléculas, células vivas, etc.

b) Outro de desarranjo” (Entropia) reconduzindo constantemente a Energia arrumada


às suas formas as mais prováveis e, portanto, as mais simples.

Sobre esta figura geral de uma Evolução comparável em suma a um rio com águas
amorfas (Entropia) no seio do qual se individualizariam, por contra-corrente, inúmeros
turbilhões, pode-se dizer que os observadores competentes estão de acordo, hoje.
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Fenomenalmente falando, o Mundo se apresenta a nós, não apenas como um


sistema em simples movimento, mas como um sistema em estado de gênese, o que é
totalmente diferente. Através das metamorfoses da Matéria, alguma coisa se faz (e
simultaneamente se desfaz) seguindo uma orientação global, - irreversível e aditivamente.

Porém, então, por isso mesmo, descobre-se um problema ulterior (para não dizer
último). No caso do rio tomado acima em comparação, o que é o mais definitivo e o mais
importante é, evidentemente, a onda principal; e não os redemoinhos fugazmente aparecidos
na massa das águas descendentes. Em Cosmogênese, em compensação, como decidir do
valor relativo aos dois termos em presença ? “O que conta”, em matéria de Evolução, quer
dizer o que terá a última palavra, cosmicamente, será verdadeiramente (como poderia
parecer, na primeira vista) a majestosa e inflexível Entropia? Ou não seria, pelo contrário,
(apesar de certas aparências de fragilidade) os meios sempre mais complexos e sempre
melhor centrados sucessivamente formados no decorrer das idades planetárias ? Com outras
palavras: será em direção do ‘Mal arrumado’ inconsciente (solução materialista) que o
Universo cai sobre si em equilíbrio, ultimamente ?

Sobre este problema (tão vital seja ele para nós) de valor e de futuro, a Ciência ainda
nega tomar posição, e os espíritos permanecem divididos. Questão experimentalmente
insolúvel, dizem repetindo, cuja resposta é disputa de filosofia ou de sentimento ... Questão
tecnicamente solúvel, pelo contrário, bradaria eu, contanto que nossos olhos não fiquem
fechados à significação biocósmica de um fenômeno ao mesmo tempo tão grande e tão perto
de nós como é o fenômeno, como quero dizer, da humana co-reflexão.

Porque nascemos e vivemos no seio mesmo do acontecimento, parece-nos ainda


totalmente natural, não apenas pensar com nós mesmos, mas pensar inevitavelmente com
todos os outros no mesmo momento: isto é: nos encontrar sempre mais engajados por cada
um dos nossos gestos, na edificação de um ato humano total de visão e operação.

Procuremos, em compensação, tomando para isso o recuo suficiente, fazer penetrar


numa perspectiva geral do Mundo o processo de “co-conscientização” ao qual participamos.
Então, uma evidência clara (e extraordinariamente libertadora) se exala dos fatos: a de saber
que, debaixo da banalidade e da superficialidade aparentes da organização tecnico-social da
Terra, é a Evolução, ele mesma, que, por sua face orientada para o Improvável, se prolonga
e acelera para além de nossos pequenos centros individuais em direção de uma
complexidade-Consciência de dimensões planetárias.

(1) Nota em referência à p. 2: Em “No Coração da Matéria” (1950) procurei descrever,


numa espécie de auto-biografia, o processo geral e as principais fases da “aparição”
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E esta simples constatação é, ao mesmo tempo, de uma importância decisiva para nossa
inteligência e para nossa vontade. Entre os teóricos da biogênese, muitos falam ainda como
se o desvio do rumo cósmico (anti-entrópico) de Arranjo se traduzisse finalmente por uma
expansão diversificante e dispersificante das forças vivas. Pelo fato, corretamente
interpretado, da co-reflexão terrestre, resulta, pelo contrário, que este desvio, chegado à
maturidade, toma inevitavelmente a forma de uma centragem diferenciadora e
unanimizadora de toda a porção hominizada do Estofo das Coisas. Experimentalmente
observado nas suas zonas extremas, em direção ao Improvável, o Universo converge sobre
ele mesmo. ...
Ao meu ver, é impossível ser corretamente e plenamente evolucionista sem perceber
e admitir este ajuntamento “psicogénico” do Mundo sobre si mesmo. E quero acrescentar: é
impossível despertar para a percepção de uma tal forma “centrípeta” de cosmogênese sem
ser conduzido a reconhecer e decidir (por múltiplas razões tão físicas como também
psicológicas) (2) que é forçosamente no sentido em que se enrola sobre si mesmo (e não
seguindo a direção inversa) que o Universo toma totalmente ao mesmo tempo consistência e
valor.
Assim aparece e se afirma – transfigurando o Mundo que ele ilumina, aquece e
consolida – um Fluxo universal de unificação e irreversibilização no qual nos encontramos
banhados. Dinamismo superior, controlando e super-animando por dentro todos os demais
dinamismos ... Neo-meio de visão e de ação, fora do qual, de fato, poderia-se justamente
recear que o Antropogênese enlanguescesse e desfalecesse; porém no seio do qual, em
compensação, não tenha limite para a frente para as força de ultra-hominização.

2. - A e m e r g ê n c i a d o C r i s t o

Durante os parágrafos precedentes, procurei fazer sentir até que ponto a figura do
Mundo se transforma desde que se decide a lhe dar sua plena expressão e seu lugar completo
no Fenômeno Humano de Co-reflexão.

Voltando nosso olhar aparentemente numa direção totalmente diferente, isto é:


passando do terreno físico para o plano místico do conhecimento, vejamos se, porventura,
uma metamorfose de mesma ordem (simétrica ou até complementar) não se operaria nas
nossas perspectivas intelectuais e emocionais do Universo, por consideração mais atentiva
do Fenômeno Cristão da adoração.
O Fenômeno Cristão ...

Em conseqüência do desenvolvimento tomado em Ciência pelo estudo das religiões

(2) Razões físicas de estrutura: por natureza, a união consolida tanto tempo que a unificação
continua de agir. E razões psicológicas de exigência: se a unificação biológica do Mundo
podia ser concebida como precisando para um dia, a previsão deste fim (cf em baixo) seria
suficiente para matar em nós (por desgosto de ‘super-viver’) o esforço evolutivo de co-
reflexão.
comparadas, este grande acontecimento, unanimemente considerado no Ocidente, durante
perto de dois mil anos, como único na história do Mundo poderia parecer, na primeira vista,
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sofrer na mesma eclipse, neste momento, como nos inícios do Darwinismo o aparecimento
quaternário do Homem na Natureza. “O Cristianismo: uma notável espécie de religião, é
claro; mas entre muitas outras e somente para um tempo determinado”. Eis o que se dizem,
e dizem mais ou menos explicitamente, nestes dias, uma enorme maioridade de gente
“inteligente”.

Ora, da mesma forma que, no caso do Homem, bastou, para que o Humano voltasse
a ganhar sua primazia, (não mais no centro desta vez, mas em cabeça das coisas) que
aparecessem aos poucos, nas nossas perspectivas, o lugar e a função evolutivos da Reflexão;
da mesma forma, me parece, o Cristianismo, longe de perder sua primazia no seio do vasto
grupo religioso desencadeado pela totalização do mundo moderno, toma de novo e
consolida seu lugar axial e dirigente na flecha das energias psíquicas humanas: contanto que
se preste atenção suficiente ao seu extraordinário e significativo poder de ”panamorização”

O amor cristão – a caridade cristã ...

Por experiência, sei muito bem o que esta expressão desperta, o mais freqüentemente,
de benevolência ou de maliciosa incredulidade, logo que ela seja pronunciada diante de não
cristãos. “Amar a Deus e ao Mundo”, escutamos objetar, “não seria um ato
psicologicamente absurdo ? Como, com efeito, amar ao Intangível e ao Universal ? E tem
mais: na medida em que, mais ou menos metaforicamente, uma amor a tudo e ao Todo pode
ser dito possível, será que este gesto interior não é familiar aos Bagti hindus, aos Babaïstas
persas e a muitos outros ainda, longe de ser especificamente cristão ? . . . ”

Todavia, materialmente, - brutalmente, quase - será que os fatos não estão aí –


exatamente sob nossos Olhos – para nos provar o contrário ? Por um lado, seja como se
diga, um amor (um verdadeiro amor) de Deus é perfeitamente possível. Pois, se não o fosse,
todos os mosteiros e todas as igrejas se esvaziariam de um dia para o outro; e o
Cristianismo, apesar do seu quadro de ritos, de preceitos e de hierarquia, cairia a zero,
inevitavelmente. E, por outro lado, este amor tem, sem dúvida, alguma coisa mais forte no
cristianismo do que em nenhum outro lugar, porque, do contrário, apesar de todas as
virtudes e de todos os atrativos da doçura evangélica, faz muito tempo que a Doutrina das
Bem-Aventuranças e da Cruz teriam cedido o lugar a qualquer Credo (e mais especialmente
a qualquer humanismo ou terrenismo) mais conquistador..

Quaisquer que sejam os méritos das outras Religiões, que seja explicado como se queira,
é inegável que o mais ardente foco coletivo de um amor nunca ainda aparecido no Mundo
queima ‘hic et nunc’ (aqui e agora) no coração da Igreja de Deus.

De fato, nenhuma fé religiosa exala – e nunca exalou em algum momento da História –


um calor mais alto, um dinamismo mais intenso de unificação como o Cristianismo (quanto
mais é católico) neste momento.

E, de direito, é perfeitamente natural que seja assim; porque, em nenhum outro Credo,
existente no passado, não se encontram tão “milagrosamente” e eficazmente associadas,
para nos seduzir e cativar, as três características seguintes do Deus encarnado cristão:
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a) tangibilidade de ordem experimental, devida a inserção histórica, (por nascimento) do


Cristo Jesus no processo mesmo da Evolução. (em manuscrito, na margem: Encarnação)

b) expansibilidade de ordem universal, conferida ao centro crístico pelo jogo da


“ressurreição”. (mais uma vez, em manuscrito, na margem: Ressurreição)

c) poder assimilador enfim, de ordem orgânico, integrando potencialmente a totalidade do


gênero humano num só “corpo”. (mais uma vez, em manuscrito, na margem: Corpo Místico)

É fácil criticar abstratamente esta paradoxal mistura de “antropomorfismo” primitivo,


de maravilhoso místico, e de audácia gnóstica. Mas permanece o fato considerável, insisto,
que a combinação dos três elementos (por mais estranho que possa parecer) se mantem, que
ela opera e que bastaria atenuar a realidade (ou mesmo o realismo) de uma só entre as três
componentes em presença, para que a chama cristã se apague imediatamente.

O que faz, no final das contas, a invencível superioridade do Cristianismo sobre todas
outras espécies de Fé, é que se encontra identificado sempre mais conscientemente com um
Cristogênese – quer dizer com a subida, coletivamente percebida, de uma certa Presença
universal, no mesmo momento imortalizadora e unificadora. Exatamente a réplica do que
nos tinha revelado, lá em cima, (mas em termos de “Fluxo”!) a análise prolongada até o fim
do Fenômeno humano!

Aqui, no caso do Cristão, um Centro em expansão que se busca uma esfera. E ali, no
Humano, uma Esfera em via de aprofundamento que chama para um centro. Seria possível
que uma tão notável complementaridade fosse somente uma coincidência ou uma ilusão ?

3. - O universo cristificado

A consciência de sermos presos num Mundo no qual as duas metades (física e mística)
se fecham devagar sobre uma Humanidade, com toda a força de um Mundo que nasce de
suas aproximações. E, em conseqüência, a consciência de aceder a um hiper-meio de Vida
gerado pelo encontro entre um Cristo que emerge e um Universo que converge. ...

Eis nós aqui chegados ao coração da experiência da qual essas páginas se esforçam de
dar testemunho. Para dar mais força a esta experiência, procuremos pôr nelas organização. E
para isso, examinemos sucessivamente:
- em primeiro lugar como no decorrer do acontecimento, o Universo e o Cristo, cada um
por seu lado, se acabam enquanto se conjugam;
- e depois, como, a partir desta mesma conjugação, uma terceira coisa aparece (no mesmo
momento Elemento, Meio e Rosto universais) na qual se perdem, no mesmo momento, sua
oposição, e no entanto encontram sua plena expressão, as categorias as mais familiares da
nossa operação e de nosso entendimento.

a) A Consumação do Universo pelo Cristo


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Com toda sinceridade, tenho constatado, notado e gabado acima (primeira parte) a
realidade e o valor espiritualizante da nova forma de “sentido cósmico” despertada no
Homem moderno pela evidência que lhe traz a Ciência de pertencer a um Universo de tipo
convergente.

Tanto como ninguém, eu sei, por ter experimentado, quanto este “sentido evolutivo” (ou
“sentido humano”) tem, no mesmo momento, de cativante, de fortificante e de
entusiasmante. Por esta razão, estou absolutamente convencido de que seja a partir deste
novo elemento psíquico, e tendo ele como base, que possam somente se construir (e de fato
se construirão) os grandes edifícios espirituais de amanhã.

Reste que, por razões maiores, se permanece deixada com ela só, e por mais intensa
que seja em cada uma de nós, duvido que a consciência de participar de um Fluxo planetário
de co-reflexão seja capaz de fundamentar esta espécie de religião tão calorosamente e tão
brilhantemente anunciada por meu amigo J. Huxley sob o nome de Humanismo evolutivo.
Pois, enfim, por mais persuadidos que sejamos (quer por causa da curvatura específica do
meio cósmico onde somos engajados, quer por causa das exigências de irreversibilidade
inerente a nossa Ação refletida) de que um pólo superior de acabamento e de consolidação
(Vamos chamá-lo de Omega) nos espere no termo superior da Hominização, este pólo
Omega, terminantemente, somente é atingido pela extrapolação: ele fica de natureza
conjetural e postulada.

Sem contar que, mesmo sendo admitido como “garantido na sua existência futura”, ele
somente se apresenta à nossa espera sob os traços vagos e vaporosos, nos quais o Coletivo e
o Virtual se misturam perigosamente com o Pessoal e o Real. ...

Em compensação, o que está acontecendo se, por adesão simultânea, tanto no Neo-
cristianismo como no Neo-humanismo contemporâneos, nosso espírito desperta, primeiro,
para a suspeita, e depois, para a evidência de que o Cristo da Revelação não é outra coisa
que o Omega da Evolução ? Então, desta vez, o Universo experimental se remata e se ativa
definitivamente, diante de nossa vista e para nosso coração.

Por um lado, com efeito, por cima de nós, uma saída começa a luzir positivamente no
mais alto do futuro. Num Mundo certamente aberto no seu cume em Cristo Jesus, não
arriscamos mais, portanto, de morrer sufocados !
E por outro lado, descendo daquelas alturas, não é mais somente o ar: é o brilho de um
amor que desce. O mundo não é mais somente respirável para uma vida despertada para a
previsão do Futuro, mas ele se descobre, por seu cimo evolutivo, apaixonadamente atraente,
Energeticamente falando. É preciso reconhecer que o Cristo vem justamente a propósito,
nesses dias, não apenas para preservar o Homem de uma revolta legítima contra a Vida,
frente à simples ameaça, frente à simples desconfiança

de uma morte total, mas ainda para lhe trazer a excitação máxima, sem a qual o Pensamento
não saberia aparentemente atingir o termo planetário da sua Reflexão.
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Na verdade, o Cristo salva, mas não se deve acrescentar imediatamente que ele é no
mesmo momento salvo pela Evolução ?

b) A Consumação do Cristo pelo Universo

No Cristo total (sobre este ponto a tradição cristã é unânime) não há somente o homem e
o Deus. Mas há ainda aquele que, no seu ser “teândrico”, reúne toda a criação, no qual tudo
existe (ver 1ª carta aos Coríntios: 8 / 6).

Até aqui, apesar do lugar dominante que São Paulo lhe dá na sua visão do Mundo, este
terceiro aspecto ou função – ou mesmo se, num sentido verdadeiro, esta terceira “natureza” do
Cristo (natureza nem humana, nem divina, mas “cósmica”) – ainda não tem chamado muito a
atenção explícita dos fieis e dos teólogos.

Em compensação, agora, quando, por todas as vias da experiência, o Universo se põe a


crescer fantasticamente aos nossos olhos, o momento é sem dúvida chegado para o
Cristianismo despertar para uma consciência distinta do que o dogma da Universalidade do
Cristo, transposto a essas dimensões novas, suscita em esperanças e, no mesmo momento,
levanta como dificuldades.

Esperanças, evidentemente: porque, se o Mundo se torna tão formidavelmente vasto e


poderoso, é, portanto, porque o Cristo é bem maior do que nós pensávamos. Mas há
dificuldades, também, porque, enfim, como conceber que o Cristo se “imensifica” conforme o
pedido de nosso novo Espaço-tempo sem, pela mesma ocasião, perder sua personalidade
adorável e, de qualquer maneira, se volatilizar ? ...

E é aqui que estoura a surpreendente e libertadora harmonia entre uma religião de tipo
crística e uma Evolução de tipo convergente. Se o Mundo fosse um Cosmos estático, ou ainda,
se ele formasse um sistema divergente, somente – prestemos bem atenção – relacionamentos
de natureza conceptuais e jurídicos poderiam ser invocados para fundamentar a Primazia do
Cristo sobre a Criação. O Cristo, rei de todas as coisas, porque foi declarado tal, e não porque
nenhum relacionamento orgânico de dependência existe (nem mesmo possa concebivelmente
existir) entre Ele e uma Multiplicidade fundamentalmente irreduzível.

E, nesta perspectiva extrinsécista, mal podemos ainda falar honestamente duma


“cosmicidade” crística.

Mas se, em compensação, e como estabelecido pelos fatos, o Universo, nosso Universo,
forma bem uma espécie de “vortex” biológico dinamicamente centrado sobre si, então como
não perceber que uma posição única, singular, se revela no cume temporo-espacial do sistema,
onde o Cristo, sem deformação nem esforço, se torna literalmente, com um realismo inaudito,
o Pantocrator ?

A partir de um Omega evolutivo, onde se supõe que ele seja colocado, não apenas torna-
se concebível que o Cristo irradie fisicamente sobre a totalidade assustadora das coisas; mas,
ainda, é inevitável que esta irradiação atinja um máximo de penetração e ativação. Exigido
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como Motor Primeiro do movimento evolutivo de complexidade consciente, o Cristo-cósmico


se torna cosmicamente possível. E no mesmo momento, ipso facto, ele adquire e desenvolve,
em toda plenitude, uma verdadeira onipresença de transformação. Toda energia, todo
acontecimento, para cada um de nós, se superanima de sua influência e de sua atração. Em
última análise, o Cosmogênese, depois de se ter descoberto, seguindo seu eixo principal,
Biogênese, e depois Noogênese, culmina no Cristogênese que todo cristão reverencia.

E então, eis que, na vista maravilhada do crente, é o próprio mistério eucarístico que se
prolonga ao infinitivo numa verdadeira “transubstanciação” universal, na qual não é mais
somente sobre o pão e o vinho sacrificiais, pela Convergência do Mundo, mas bem sobre a
totalidade das alegrias e das penas engendrados nos seus progressos, pela Convergência do
Mundo, que caem as palavras da Consagração, e que descem, em conseqüência, as
possibilidades de uma universal Comunhão.

c) O Meio Divino

Nos seus esforços para se unir ao Divino, o Homem, até agora, somente tinha
experimentado duas vias. Ou antes, evadir-se do Mundo no “além”. Ou então, pelo contrário,
fundir-se nas coisas a fim de unificar-se com elas, moniticamente. E de fato, em regime de
Cosmos, qual outra atitude podia experimentar para fugir da multiplicidade interna e externa
que o torturava ?

Em compensação, a partir do momento em que, por Cosmogênese orientado sobre um


Omega crístico, o Universo toma, aos nossos olhos, a forma de um conjunto realmente
convergente; então uma terceira via, completamente nova, se abre ao “místico” para chegar à
unidade total. E já que a Esfera inteira do Mundo não é mais outra coisa senão um Centro em
curso de centração sobre si mesmo, aquilo consiste em coincidir, de todas as suas forças e de
todo seu coração, com o Foco, ainda estendido, e não obstante, já existente, de unificação
universal.

Com o Universo cristificado (ou, isto vem a dizer o mesmo, com o Cristo universalizado)
um super-meio evolutivo aparece (que já chamei “o Meio Divino”) do qual é de hoje em
diante indispensável, para todo homem, de bem compreender as propriedades (ou
“liberdades”) particulares, ligadas, elas também, à emergência de dimensões psíquicas
absolutamente novas.
Basicamente (em virtude de tudo o que acabei de dizer) o que caracteriza o Meio Divino,
é constituir uma realidade dinâmica na qual toda oposição vai se apagando (sem confusão)
entre Universal e Pessoal: os múltiplos elementos “refletidos” do Mundo se rematando cada
um no seu ego infinitesimal por acessão integrante à idade crística para a qual gravita a
totalidade do participado, que consume ao se consumindo.

3) relacionando-se à página 8: E provavelmente (na medida em que criar é unificar) todo


Universo possível.
[“Impossível amar o Cristo sem amar os Outros – Impossível amar os Outros sem amar o Cristo” manuscrito]
Em virtude desta total inter-ligação de convergência, nem um ego elementar pode
aproximar-se do Centro crístico sem fazer que se estreite mais um pouco sobre si a esfera
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inteira do Mundo; nem, reciprocamente, o Centro crístico pode se comunicar, por pouco que
seja, ao menor dos elementos do Mundo sem fazer que se estreite mais apertadamente sobre si
o mapa inteiro das coisas.
[Atividades = Homens Cristo Passividades = Cristo Homens] manuscrito.
Ascendente ou descendente, toda operação (pela própria curva do “espaço particular no
qual se efetua) é ultimamente panhumanizante e pan-cristifiante ao mesmo tempo. De sorte
que, para o “vidente”, se apaga toda oposição entre apego e desapego, ação e oração, busca e
adoração, centração sobre si e excentração sobre o Outro ...

Deus sendo doravante suportável e penhorável (e até rematável, num sentido verdadeiro)
pela totalidade envolvente do que chamamos Evolução, in Christo Jesu [=“no Cristo Jesus”].

Ainda e sempre o Cristianismo: evidentemente ! Mas um Cristianismo re-encarnado uma


segunda vez (e como na segunda potência) nas energias espirituais da Matéria. Exatamente o
“ultra-cristianismo” do qual precisamos neste momento para responder às exigências
montantes do “ultra-Humano”.

4. – A r e l i g i ã o d e a m a n h ã

Sem que ainda prestemos bastante atenção nisto, o problema nº 1, que começa a se pôr à
Humanidade em vista de um arranjo planetário, é um problema de ativação espiritual. Pondo
as mãos no Atômico, acabamos de tocar nas fontes primordiais da Energia de Evolução. Esta
conquista decisiva não poderia se terminar a não ser que, simetricamente, no outro pólo das
coisas, achemos o meio de fazer crescer, em proporções iguais, o Impulso de Evolução no
seio da Noosfera. A poderes novos, aspirações novas. Para equilibrar e utilizar seu sobressalto
de potência física, a Humanidade exige nada menos do que um rechaço de intensidade no seu
gosto de agir, no seu gosto buscar, no seu gosto de criar.

Ora, um tal gosto de se aperfeiçoar, no seu fundo total, em que consistiria, para um ser
refletido, senão na expectação de um Cume supremo de consciência a atingir e no qual se
instalar definitivamente ? E, por sua vez, uma tal fé esperançosa de qualquer consumação
futura, representa o que, no sentido mais verdadeiro e mais psicológico da palavra, senão uma
“religião” ?

Uma religião da Evolução: eis, finalmente, aquilo de que o Homem tem sempre mais
explicitamente necessidade, para sobreviver e super-viver, desde que acede à consciência do
seu poder e do seu dever de self-ultra-humanização. [O Futuro do Homem, “O único problema”]

“En regime de cosmo-noo-gênese o valor comparável dos Credos religiosos torna-se


mensurável por seu poder respectivo de ativação evolutiva.

Utilizando este parâmetro, aonde nos dirigir, no meio das diversas correntes

de pensamento moderno para encontrar, senão a plenitude, mas pelo menos o germe do que,
ao julgar seu poderio ultra-hominizador, pode ser olhado como a Religião de amanhã ?
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Nesta ordem de idéias, uma primeira constatação se impõe. É que, nem do lado das
religiões do Para Frente (humanista marxista, e outras), nem do lado das religiões do Para Alto
(teísmos e panteísmos diversos), a espécie de Fé energeticamente requista para o
funcionamento de um mundo humano totalizado ainda não foi formulada de modo satisfatório
em qualquer lugar que seja entre nós.

E do lado do Para Frente, digo bem – pois, quer por timidez em admitir a realidade e as
conseqüências de uma convergência biológica da humanidade sobre ela própria, quer por
obstinação em não ver na subida evolutiva do Psíquico senão um fugaz epi-fenômeno – todas
as formas de humanismo atualmente existentes (inclusive os menos materialistas) se mostram
igualmente incapazes de dar ao Homem a confiança estimulante (e indispensável) de avançar
em direção de um objetivo indestrutível, no termo das suas atividades. Quer seja por
coletivização despersonalizante dos indivíduos, ou então por ameaça não neutralizada de uma
morte total, não existe uma só, entre as “religiões” nascidas até agora da Ciência, nas quais o
Universo não se faça desesperadamente gelado e desesperadamente fechado (isto é:
inabitável) para frente, nas suas zonas “polares”. Eis a verdade !

Nem, adiria eu, do lado do Para Alto. Pois, para nos limitar, nesta direção, ao caso mais
significativo e mais favorável (quero falar aquele do Cristianismo “clássico”) será que não se
torna cada dia mais evidente que, para nossa geração, algo essencial está faltando a um
Evangelismo sub-maniqueizado, no qual os progressos do Conhecimento e da Técnica estão
ainda apresentados, não como co-condição primária, mas como um simples acréscimo da
espiritualização humana, no qual o revés toma tanto, senão mais valor significante, que o
sucesso; onde a Cruz é constantemente colocada sob nossos olhos para nos lembrar algum
falido [pecado original] inicial do Mundo no qual vivemos; onde a Parusia flutua no horizonte
como uma catástrofe, muito mais que como um acabamento ? ...

Confessemos. Se os neo-humanismos do século vinte nos desumanizam sob seu céu


baixo demais, por seu lado, as formas ainda vivas de teísmos, (começando pela forma cristã)
tendam a nos subumanizar na atmosfera rarefeita de um céu alto demais. Sistematicamente
fechadas ainda aos grandes horizontes e aos grandes sopros do Cosmogênese, elas não sentem
mais verdadeiramente em união com a Terra, uma Terra da qual eles podem bem, ainda,
atenuar as fricções internas, como por um óleo beneficente, mas não (como se deveria) animar
as molas.

E assim rebenta a virtude do “Crístico”, tal como este no apareceu acima,


engendrado pelo encontro progressivo, em nossa consciência, entre as exigências cósmicas de
um Verbo encarnado e as potencialidades espirituais de um Universo convergente. No seio do
Meio Divino, uma rigorosa composição se realiza, acabamos de ver, entre as forças

do céu e forças da Terra; uma exata conjunção se produz entre o antigo Deus do Para Cima e
o novo Deus do Para Frente..
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A partir do momento, em verdade, em que, em vez de isolá-lo e o opor ao que se mexe, a


gente o “liga” resolutadamente sobre o Mundo em movimento, o Cristianismo, por mais
desvalorizado que possa parecer aos olhos dos nossos modernos Gentios, retoma
instantaneamente e integralmente seu poder inicial de ativação e sedução.

Porque, então, somente ele, entre todas as formas de adoração nascidas no decorrer da
história humana, manifesta, em conseqüência desta “embreagem”, o extraordinário poder de
energificar ao extremo, “amorizando-as”, tanto as potências de crescimento e de vida, assim
como as potências de diminuição e de morte, no coração e no decorrer do Noogênese, no qual
nos encontramos tomados. Repito: o Cristianismo, ainda e sempre. Mas um Cristianismo
“renato”, seguro de triunfar amanhã como nos primeiros dias. Porque é o único capaz (pela
dupla virtude, enfim totalmente entendida, da sua Cruz e da sua Ressurreição) de se tornar a
Religião especificamente motora da Evolução.

Conclusão

Terra Prometida

A Energia tornando–se Presença.

E, portanto, a possibilidade, não somente de crer e de esperar, mas (coisa mais inesperada e
mais preciosa) de amar co-extensivamente e co-organicamente, descobrindo-se e abrindo-se
ao Homem, com todo o passado, o presente e o futuro de um Universo em via de concentração
sobre si mesmo. ...

Pareceria que um só raio de tal luz, caindo em qualquer lugar que seja, como uma faísca,
sobre a Noosfera, deveria ter provocado uma explosão bastante forte para abrasar e renovar
quase instantaneamente a face da Terra. Como, então, possa acontecer que, olhando ao redor
de mim, e ainda todo exaltado por tudo o que me apareceu, eu me ache quase só da minha
espécie ? Só para ter visto ... Incapaz, portanto, quando me perguntam, de citar um só autor,
um só escrito onde se reconheça, claramente expressa, a maravilhosa “Diafania” que, para
meu olhar tem tudo transfigurado ? E como pode ser, sobretudo, que, “descido da montanha”
e apesar da magnificência que carrego nos meus olhos, eu me reconheço a mim mesmo tão
pouco melhor, tão pouco pacificado, tão incapaz de fazer passar nos meus atos, e, portanto, de
comunicar efetivamente aos outros, a maravilhosa unidade onde me sinto mergulhado ?

O Cristo-Universal ? O Meio Divino ?

Afinal das contas, não seria eu somente o brinquedo de uma miragem interior ? ... Eis o
que freqüentemente me pergunto a mim mesmo.

Mas eis, também, contra aquilo, três ondas sucessivas de evidência, imergindo do fundo
de mim mesmo, cada vez que começo a duvidar, varrendo do meu espírito o falso medo de
que meu “Crístico” possa ser uma simples ilusão.
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Primeiro: evidência da coerência, que este inefável Elemento (ou Meio) estabelece no
recôndito do meu pensamento e do meu coração. Evidentemente (e aquilo sei demais) apesar
do ambicioso esplendor das minhas idéias, eu fico, na prática, com uma imperfeição que me
inquieta. A despeito das pretensões de sua formulação, minha fé não opera em mim tanta
caridade real, nem calma confiança, como na humilde pessoa ajoelhada ao meu lado, ou
conforme o catecismo que se ensina ainda às crianças. Mas, o que eu sei também, é que esta
Fé refinada, da qual eu me sirvo tão mal, é a única que eu possa suportar, a única que me
satisfaça – e até (não posso duvidar) a única que seja capaz de ser suficiente aos “carvoeiros”
e às “boas mulheres” de amanhã.

Depois: evidência do poder contagioso de uma forma de Caridade na qual torna-se


possível de amar Deus, não somente “de todo o seu coração e de toda a sua alma”, mas de
todo o Universo-en-evolução. Seria-me impossível – confessava acima – citar uma só
“autoridade” (religiosa ou leiga) da qual eu possa testemunhar de que nele, nem do lado
“visão cósmica”, nem do lado “visão crística”, eu me reconheça totalmente. Mas, em
compensação, como não sentir fremir ao meu redor (nem que seja pela maneira como se
espalham “minhas idéias”) a multidão daqueles que, desde as fronteiras da incredulidade e até
no fundo dos conventos, pensam, sentem ou pelo menos pressentem como eu ? Consciência
reconfortante, na verdade, de nada descobrir por mim mesmo, mas de ressoar com toda boa fé
a tudo que, por força (sendo dado um certo estado do Cristianismo e do Mundo) vibra em toda
parte nas almas que me rodeam. E consciência exultante, em conseqüência, de não ser nem eu
nem sozinho, mas de ser legião – mas de ser “todos” – até na medida em que se reconhece,
palpitando no fundo de mim, a unanimidade de amanhã.

Evidência, enfim, da superioridade (apesar de ser ao mesmo tempo a identidade) do que


eu vejo em relação a tudo o que me tinham ensinado. Por suas funções mesmas, nem Deus,
que nos atrae, pode ser menos perfeito, nem o Mundo, com o qual co-evoluimos, pode ser
menos estimulante do que nós o concebemos e de que temos necessidade. Num caso, como no
outro, é em direção do máximo que jaz a verdade. Ora, vimos aquilo acima, é no “Crístico”
que, no século em que vivemos, o Divino alcança o cume do adorável, e o Evolutivo um
extremo de ativação. Que quer dizer aquilo, então, senão que é por este lado, inevitavelmente,
que cai, e que , mais cedo ou mais tarde, se unificará o Humano ?

E, de uma vez, eis como se explicam, bem naturalmente, meu isolamento e minha
aparente singularidade.

Em todo lugar, sobre a Terra, neste momento, no seio da nova atmosfera espiritual
criada em conseqüência da aparição da idéia da Evolução, está flutuando num

estado de sensibilização mútua extrema, o amor de Deus e a fé no Mundo: os dois


composantes essenciais do Ultra-humano. Estes dois composantes estão em toda parte “no ar”;
mas geralmente não suficientemente fortes ambos no mesmo momento para se combinarem
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um com o outro, no mesmo sujeito. Em mim, por mera sorte (temperamento, educação,
meio ...) a proporção de um e do outro se achando favorável, e fusão se operou
espontaneamente – fraca demais, ainda, para se propagar explosivamente – mas suficiente,
todavia, para estabelecer que a reação é possível et que,um dia ou outro, a corrente se
estabelecerá.

Nova prova de que basta, para a Verdade, aparecer uma só vez, num só espírito, para
que nada possa, nunca mais, impedir que ela invada tudo e que tudo inflame.

(Nova Iorque, março de 1955)

Padre PIERRE TEILHARD DE CHARDIN S.J.

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