Sei sulla pagina 1di 5

CAMINHOS PARA UM PASTORADO SEGUNDO O

CORAÇÃO DE DEUS
POR ISAAC MAUNGUDI

INTRODUÇÃO

Atualmente existe muita confusão, expectativas, frustrações em torno da


pessoa e da função do pastor. Muitas pessoas têm determinadas expectativas em torno
da pessoa e da função do pastor, que na verdade não se enquadram nessa vocação
pastoral e muitos pastores tentam corresponder a essas expectativas e se desgastam.
Existem pastores que deixam de fazer aquilo que é propriamente uma demanda da
vocação pastoral, para fazer outras coisas, e com isto frustram as ovelhas e assim
sucessivamente.

Por isso, eu creio que um dos elementos essenciais para um possível diálogo a
respeito do assunto, é inicialmente buscar na Escritura, pistas e respostas norteadoras,
do que envolve o pastorado, sua natureza, responsabilidades, limites. Só depois de fazer
isto é que poderemos construir um diálogo a acerca de um pastorado segundo o coração
de Deus.

Este ensaio não pretende exaurir e responder a todas as perguntas acerca deste
assunto. O que pretendemos aqui é, apontar algumas desafinações contemporâneas em
torno do pastorado e finalmente oferecer algumas breves sugestões para um pastorado
segundo o coração de Deus.

1. UMA ANÁLISE CRÍTICA DO PASTORADO NOS DIAS DE HOJE

Henri Nouwen disse sabiamente que,

“No âmbito do relacionamento pastoral muitas expectativas


diferentes, que são muitas vezes a causa de grandes frustrações,
podem ser criadas entre duas pessoas. (...) há muitos pastores
cuja tristeza sobre seu cuidado pastoral individual está
diretamente ligada à falta de clareza do contrato”1.

Muita da distorção hodierna em torno do ministério pastoral, voltado para


gestão, ou “diretor de programações”,2 se dá justamente por causa da perda do
significado da natureza do ministério pastoral. E nessa perda, muitos atribuem seus
próprios significados e outros acabam por aceitar e sendo subjugados pelos significados
que o mercado gospel tem atribuído ao pastorado.

O Rev. Marcos Kopeska ao tratar do conceito do “Pastor empreendedor”, diz


que,

Adotamos um arquétipo pastoral no qual o ministério é


reinterpretado como um empreendimento e o ministro surge
como um executivo arrojado, orador da melhor estirpe,
inovador, dotado de criatividade artística e de intelecto
privilegiado. A sociedade mudou e essas mudanças
influenciaram profundamente os conceitos cristãos, a ponto de
descontruir muito da essência da igreja, da liderança e do
ministério. A igreja se reinventou em pouco mais de duas
décadas e o ministério pastoral, como cuidado e capacitação
espiritual, entrou em extinção. Novos paradigmas foram
estabelecidos3.

Na mesma direção, o pastor americano John Piper também aponta para o


mesmo desvio dizendo que,
Nós, pastores, estamos sendo massacrados pela
profissionalização do ministério pastoral. A mentalidade do
profissional não é a mentalidade do profeta. Não é a mentalidade
do escravo de Cristo. O profissionalismo não tem nada que ver
com a essência e o cerne do ministério cristão. Quanto mais
profissionais desejamos ser, mais morte espiritual deixaremos
em nosso rastro.4

2. O MODELO PASTORAL BABILÔNICO

Creio que o paradigma atual do pastoral é o que podemos chamar de “Modelo


Pastoral Babilônico”. O livro do Gênesis, no capítulo 11, diz que “Ao migrarem do
leste, encontraram uma planície na terra da Babilônia, onde se estabeleceram. (...)
1
Nouwen, 2008, p.74.
2
Silva, 2017, p.45
3
Kopeska, 2018, p.18.
4
Piper, 2009, 15.
Depois, disseram: ‘Venham, vamos construir uma cidade com uma torre que chegue até
o céu. Assim, ficaremos famosos e não seremos espalhados pelo mundo’” (v2,4)5. O
interesse dessas pessoas nada tinha a ver com o propósito de Deus. O interesse delas era
completamente autocentrado, construir uma cidade com uma torre, com o propósito de
ficarem famosos e não serem espalhados pela terra, quando o mandamento de Deus era
para que se espalhassem pela terra6.

O projeto ministerial dessas pessoas estava alicerçado na grandeza, poder, fama


e egoísmo. Esse projeto não tinha qualquer interesse em abençoar as pessoas. Ele era
complemente voltado para si mesmo. Era um projeto baseado em receber/consumir e
não em dar/servir. Neste tipo de projeto, usa-se as pessoas para lucrar em cima delas,
para usufruir de tudo que elas podem nos dar. As pessoas se tornam bens de consumo e
valem para enquanto servem aos interesses do nosso projeto, enquanto nos são úteis,
quando não são mais úteis, essas mesmas pessoas são descartadas, deixadas para trás,
como objetos descartáveis, como se fosse uma peça quebrada e é substituída por outras.

Nesse modelo, as pessoas são meros números de relatórios e produtos a serem


consumidos e nada mais. Nesse modelo, a importância e o valor das pessoas está
associado a sua utilidade e prestação de serviço que aos interesses dos projetos pessoais.
As pessoas são úteis por causa dos rendimentos financeiros, status e vantagens que elas
podem trazer em termos de recursos recursos humanos, de mão de obra gratuita.

Mas nesse modelo pastoral, não acontece apenas o consumismo da liderança


para com os membros, mas também dos membros para com a liderança. As pessoas têm
uma relação com a igreja baseada em como a igreja pode satisfazê-las. A igreja é vista
como um mero produto a ser consumido. A igreja tem que me dar isso, tem que fazer
isso e isso por mim. Isso é uma relação de consumo, baseada no quanto eu posso ser
servido e não no quanto eu posso servir aos outros e ser benção na vida de outras
pessoas.

3. CAMINHOS PARA UM PASTORADO SEGUNDO O CORAÇÃO DE


DEUS: O MODELO PASTORAL ABRAÂMICO

5
Nova Versão Transformadora.
6
Cf. Gênesis 9.7
A sugestão de um caminho pastoral segundo o coração de Deus é a mudança
do paradigma de Babel para o “Modelo Abraâmico”. No capítulo 12 de Gênesis, Deus
se revela a Abrão e lhe diz, “Deixe a sua terra natal, seus parentes e a família de seu pai
e vá à terra que eu lhe mostrarei. Farei de você uma grande nação, o abençoarei e o
tornarei famoso, e você será uma benção para os outros. (...) Por meio de você, todas as
famílias da terra serão abençoadas” (v1-3)7.

Complemente diferente do modelo babilônico, o modelo pastoral Abraâmico é


alicerçado nas seguintes características, (1) Renúncia. “Deixe a sua terra natal”. O abrir
mão de uma vida voltada para si mesmo. Richard Baxter disse que, “A abnegação é
absolutamente necessária para todo cristão, mas duplamente necessária para o pastor
Nenhum obreiro poderá se render sequer uma hora de serviço fiel para o Senhor, se não
tomar sua cruz para segui-lo”8.

A segunda marca é (2) Ser. “Farei de você... e o tornarei famoso e você será
uma benção para os outros”. No modelo pastoral Abraâmico, o ser vem antes do ter e
fazer. Deus está mais interessado no tipo de pessoas que somos do que nas coisas que
podemos ter e fazer. O caráter vem antes. Ser vem as do fazer. E a finalmente, (3)
Servir. “Por meio de você, todas as famílias da terra serão abençoadas”. No fim, o
ministério pastoral consiste em servir as pessoas, todos os tipos de pessoas, sem
preconceitos. Abençoar as pessoas por meio dos dons que recebemos de Deus.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diferente do modelo babilônico, no modelo pastoral Abraâmico, o pastorado


não é um projeto autocentrado de busca de poder, grandeza e fama, no modelo
Abraâmico, quem fornece a fama é Deus, se assim for da sua vontade e seus propósitos.
Neste modelo, o alvo é ser uma benção e então como resultado do ser uma benção,
abençoar os outros. Neste modelo, não esperamos que os outros venham até nós, mas
somos nós vamos até aqueles que precisam. Saímos da nossa terra, e indo até os que
precisam ser uma benção para eles. Neste modelo pastoral, a missão é voltada para fora
e não para dentro.

7
Nova Versão Transformadora.
8
Baxter, 2008, p.93.
BIBLIOGRAFIA

BAXTER, Richard. Manual Pastoral de Discipulado. São Paulo: Cultura Cristã: 2008.

KOPESKA, Marcos. O Pastor na Modernidade Líquida. Curitiba: Schütz, 2018.

NOUWEN, Henri. Ministério Criativo. Brasília: Palavra, 2008

PIPER, John. Irmãos não somos profissionais. São Paulo: Shedd Publicações, 2009.

SILVA, Marcos Nunes. Teologia Pastoral: Guia de estudos. São Paulo, 2017.

Potrebbero piacerti anche