Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
REDENACIONALDEALTOSESTUDOSEMSEGURANÇAPÚBLICA
PÓS-GRADUAÇÃO LATOSENSO: “Violência,Criminalidade ePolíticasPúblicas”
São Cristóvão/SE
2008
MÁRCIO RICARDO SANTOS COSTA
São Cristóvão/SE
2008
MÁRCIO RICARDO SANTOS COSTA
Aprovada em ____/____/_____
Banca Examinadora
___________________________
Profº Dr. Antônio Ponciano Bezerra
Orientador
_______________________________
Membro da Banca Examinadora
_______________________________
Membro da Banca Examinadora
A todos os policiais honestos e guerreiros que
melhor.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais que se sacrificaram buscando durante as suas vidas a educação de
paradigmas e, dessa forma, contribuir para a construção de uma sociedade mais humana
e justa.
À minha filha Mirella Letícia, que renova a cada dia a minha vontade de fazer
Ao meu orientador, Prof Dr. Antônio Ponciano Bezerra, que acreditou que esse
trabalho seria de grande valia para a sociedade Aos oficiais e praças do COE, em
especial o Sgt F. Costa, que confiaram e reconheceram meu trabalho, dando-me suporte
(FRANK TIBOLT)
7
RESUMO
O tema proposto visa criar uma nova postura nos organismos policiais, especialmente
no estado de Sergipe, no trato das ocorrências denominadas de crises, bem como servir de
orientação para os operadores de segurança pública, quer sejam policiais ou não. Os termos
crise e gerenciamento de crises são relativamente novos no meio policial brasileiro, sendo sua
capítulo foi destinado exclusivamente às definições dos diversos termos técnicos utilizados na
doutrina atualmente no Brasil, o que tornará mais didática a sua explicação. Procuramos aqui
subsidiar uma visão geral sobre o tema, partindo do princípio da história dessa modalidade de
das alternativas táticas”: a Negociação. Expõem-se problemas antigos que, embora debatidos,
não foram solucionados e os problemas atuais que urgem solução. A ausência de métodos
padrão para resolver a crise exigiu que se buscasse apoio na doutrina do FBI, porém
e, ainda, sugere medidas para consolidar as técnicas de gerenciamento de crises, tudo isto,
Tem-se por objetivo resgatar a história e aprender com ela, a fim de que os policiais
militares, que porventura venham a se deparar com esse tipo de ocorrência, apliquem, de
forma plena e cirúrgica, todos os recursos necessários para a resolução de uma ocorrência
com reféns localizados, alcançando ao final, o melhor resultado possível que consiste na
8
infratores da lei.
9
ABSTRACT
The theme aims to create a new position in the police agencies, particularly in the
state of Sergipe, in the treatment of occurrences called crises, as well as provide guidance
for operators of public safety, whether police or not. The terms crisis and crisis
management are relatively new in the middle Brazilian police, and their full understanding
is fundamental to the understanding of the work. Therefore, the first chapter was devoted
exclusively to the definitions of the various technical terms used in the doctrine currently
in Brazil, which will make its more didactic explanation. We here subsidize an overview
on the subject, assuming the history of this type of occurrence, showing up the successes,
discussed, were not resolved and the current problems that need immediate solution. The
lack of standard methods for solving the crisis demanded that if buscasse support in the
doctrine of the FBI, but interpreted and demonstrably applicable in Brazil Despite these
constraints and the complexity of the issue the search presents some procedures that help
the sergipana police enormously to the success of the resolution in events such
complexity, and suggests measures to consolidate the technical management of crises, all
proposed to the State Secretariat of the Public Safety of the state of Sergipe.
Has been designed to rescue the history and learn from it so that the military
police, which probably will be faced with this type of occurrence, implement, in full and
with perfection, all resources necessary for the resolution of a occurrence with hostage
located, reaching the end, the best possible result that is the preservation of life, the
10
physical integrity and dignity of all persons, including those violators of the law.
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
PERICULOSIDADE ........................................................................................................... 35
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
ALEGRE/SE ...................................................................................................................... 56
CONCLUSÃO.................................................................................................................... 64
13
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 66
14
INTRODUÇÃO
de todo o mundo passaram a estudar cientificamente tais situações para, dessa forma,
encontrar a resposta ideal a ser dada pela polícia, dando ênfase à técnica e aos direitos
humanos. Diante desses eventos, de violência, denominados pelos estudiosos do tema como
eventos críticos, percebeu-se que não mais seria possível o tratamento empírico e improvisado
por parte de um organismo estatal encarregado de garantir e trazer a ordem pública e, em tese,
Nessa busca contínua de melhoria na eficácia de suas ações, passaram as polícias por
intensa evolução e, concomitantemente, pois não poderíamos deixar de citar, também por
diversos e desastrosos tropeços, em que várias vidas humanas foram ceifadas nas tentativas de
resolução. É bem verdade que a polícia, qualquer que seja sua especificidade, não tem
intenção de errar, ao contrário, pressupõe-se que todos os seus atos sejam para salvaguardar
vidas e aplicar a lei uma vez que o objetivo maior em situações difíceis é o Gerenciamento de
Críticas, destacando as que envolvem reféns localizados, é oriunda dos Estados Unidos da
por alguns ajustes, antes de sua aplicabilidade ser posta em prática. Sua identificação e
interpretação às realidades sócio-econômicas e culturais no Brasil, foi fator decisivo para sua
sendo justificada sua utilização face às diversas ocorrências bem sucedidas, ao longo desses
14 anos.
especial, surgiu para, além de evitar o mínimo de lesão possível com relação aos reféns,
enfatizar a busca, pela polícia, de uma solução pacífica, em relação ao que acontece em tais
situações de crise, demonstrando dessa forma uma preocupação com as garantias dos Direitos
Humanos, proporcionando até mesmo uma “segunda chance” aos provocadores dos eventos
críticos, além de evitar, ao máximo, o uso da força, mesmo quando sua utilização, por si só,
seja justificada.
diversas vezes, foi mencionado o termo “A Rainha das alternativas táticas”, termo que não
soava bem aos ouvidos do público assistente das palestras. Após um maior aprofundamento
polícias brasileiras. Especialmente para a polícia sergipana, não há registros recentes que
Esses eventos críticos têm sido tratados de forma improvisada não somente pela
que pretenda dar ao problema uma abordagem de caráter científico, o que evitaria atitudes e
estão fazendo “o certo” em nome da sociedade e da lei, generalizando o uso da força para tal.
16
No dia 28 de abril de dois mil e sete, os policiais militares que destacavam na cidade
encontravam em atitude suspeita. Após a aproximação dos policiais, houve reação por parte
dos indivíduos, o que os levou a fugir, sendo que um deles homiziou-se em uma farmácia
provocando dois homicídios e o ferimento de mais uma refém. Esse fato foi amplamente
PMSE em atender casos dessa magnitude em todo o Estado, englobando o interior e a Grande
Aracaju1.
Diante da gravidade do fato, muito se debateu sobre o nível de resposta, o uso da força
divulgado pela mídia (de acordo com uma visão empírica do ocorrido), tornou público o
desenrolar dos fatos e alude para “estratégias não convincentes ou ineficazes” utilizadas por
1
A região da Grande Aracaju foi redefinida pelo Plano de Desenvolvimento implementado pelo Governo do
Estado de Sergipe, em 2007, que passou a ser composto pelos seguintes municípios: Aracaju, N. Srª. do Socorro,
Barra dos Coqueiros, São Cristóvão, Laranjeiras, Riachuelo, Maruim e Santo Amaro das Brotas.
17
crise já vem há mais de duas décadas recebendo o devido tratamento científico, estando
Nos Estados Unidos da América (EUA), a questão é analisada com seriedade, dando-
se tratamento científico tanto nos cursos de formação quanto nos cursos de especialização e
preparando e instrumentalizando o policial, que trabalha nas ruas (área operacional), pelo
menos, com o mínimo de conhecimento possível sobre a doutrina para enfrentar esses eventos
críticos. Além disso, a definição de uma doutrina no tratamento desses eventos, adequada à
proporciona uma solução segura e, portanto aceitável. Essa padronização e divulgação de uma
Para termos uma idéia, segundo pesquisas realizadas na própria instituição da Polícia
Militar, o Estado sergipano ainda não possui uma padronização dos procedimentos, quanto ao
Sergipe (PMSE), unidade responsável e treinada para atender a ocorrências desse porte, não
18
há uma padronização nos procedimentos técnicos. Segundo o atual comandante do COE, está
de eventos daquele porte. No entanto, ainda não há uma doutrina no Estado que se baseie em
crítico, poderá pôr em risco vidas inocentes, o que descredibilizará a polícia perante a
sociedade.
Com o intuito de se evitar que fatos ocorridos, como o deste estudo, aconteçam e, em
resposta, sugerimos alguns procedimentos e posturas que podem e devem ser adotadas pelos
Enfatizamos, porém, que não buscamos aqui expor os profissionais que atuaram ou
estiveram presentes ao evento em estudo, muito menos expô-los a situações vexatórias, mas
sim analisar e divulgar quais os procedimentos mais adequados a serem tomados em tais
adotar medidas com vista a dar às situações com reféns localizados o tratamento estratégico e
doutrinário que o assunto exige, através do alto comando da Polícia Militar de Sergipe.
pesquisa. Em razão, exatamente da falta destes preceitos no cenário nacional, buscou-se apoio
Paulo, através do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE), da Polícia Militar desse Estado,
A segunda parte deste estudo classifica os graus de risco ou ameaça representada pelo
evento crítico, de acordo com o perfil do Causador da Crise (CC) bem como indica os
respectivos níveis de resposta a serem analisados pelos gerentes e seus assessores. Apresenta,
sumariamente explicadas, de maneira que faça entender como são feitos todos os trabalhos
garantia aos direitos humanos. Serão apresentados os recursos que um negociador policial
de crise com reféns localizados, e, portanto, não constar nos setores de estatísticas das polícias
militar e civil do Estado sergipano dados que possam subsidiar esse estudo, apresentaremos
Brasil, mais especificamente nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
2
Vínculo de confiança estabelecido entre o negociador e o causador da crise.
20
CAPÍTULO I
CRISE
Para iniciarmos nosso trabalho, vamos apresentar definições e explicitar alguns termos
em estudo.
especial deve ser oriunda da polícia, e não de um outro órgão, seja ele estatal ou não. Como
pode se observar, no comentário do oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo, no ano
3
Definição retirada da Apostila do Curso de Gerenciamento de Crises ministrado pelo Grupo de Ações Táticas
Especiais da PMESP em junho de 2007.
22
Porém, de acordo com pesquisas realizadas sobre diversas ocorrências atendidas por
grupamentos policiais especializados para esses tipos de eventos, sabe-se que, a depender de
mau atendimento a eventos críticos, o que acaba por comprometer a imagem das instituições
características essenciais.
Segundo doutrina do FBI, seguida pelos grandes grupos especializados das polícias do
1. imprevisibilidade;
3. ameaça de vida; e
4. necessidade de:
alguém que não conhecemos. O máximo que poderemos imaginar acontecer como atitude a
ser tomada pode referir-se a uma pessoa conhecida, próxima de nós, e, ainda assim, às vezes,
suas peculiaridades, a crise exige dos órgãos operadores de segurança pública agilidade na
execução e planejamento da resposta ao evento. Porém, um gerente de crise deve atentar para
o critério de ação da aceitabilidade dos resultados a tais eventos, o que implica dizer que a
resposta deverá ser rápida, porém minuciosamente planejada e treinada, não se admitindo
falhas em sua execução. Em suma, agir de forma rápida não significa dizer que a polícia deva
A ameaça de vida em um evento crítico também deve ser bastante avaliada ainda nos
primeiros contatos dos primeiros interventores com o evento crítico, ou seja, antes mesmo do
aferição leva aos primeiros policiais que chegam a um local de crise a possibilidade de
identificação, tanto do grau de risco que o evento oferece, quanto do nível de resposta que a
polícia deverá planejar. Até mesmo evita a mobilização desnecessária de meios e efetivo ao
A análise da ameaça de vida em uma crise possibilita, ainda, que os policiais evitem
que o evento crítico tome grandes dimensões, o que agravaria a situação colocando em risco a
crise em epígrafe, já que o acionamento se deu aproximadamente uma hora e meia após o
que a polícia deve ter em eventos de crise. No caso em análise, no Estado de Sergipe, uma
tropa de Batalhão de Área não está apta a conduzir tal tipo de evento, pelo simples fato de que
É bem verdade que prudente seria que todas as unidades e sub-unidades da polícia
estivessem aptas a operar nesses eventos, mas é notório que o regime diferenciado na escala
de serviço e suas missões precípuas definem a inconstância no treinamento básico para uma
tropa policial, e menos ainda em eventos de crise, com o porte de nosso caso em estudo. De
todas as características essenciais, é aquela que talvez cause maiores transtornos ao processo
de gerenciamento de crises. Contudo, é a única cujos efeitos podem ser minimizados, graças a
críticos.
as técnicas dos primeiros atendimentos àqueles eventos são defendidas e sugeridas nesse
trabalho, mesmo com dificuldades, o que ainda assim não habilitaria uma unidade de área a
crise é fator definidor de uma política de segurança séria e organizada. Além de doutrinar e
segurança e competência para a sociedade, dar maior respaldo e aceitabilidade aos resultados
das ações da polícia. Vale ressaltar que os procedimentos apresentados visam também a
qualificar e dar segurança aos operadores de segurança pública, diante dessas ocorrências,
devendo os primeiros interventores buscar sempre uma maior interação com outros
sempre levar em consideração, visto que não se trata de uma “fórmula de bolo”, com a qual o
Sun Tzu5 dera os primeiros indícios de como se gerenciar situações adversas, em seu caso de
referência:
135)
Esclareçamos aqui duas situações: a primeira diz respeito à questão do soberano que,
à ênfase do termo “inimigo”. Não se trata de ver no causador da crise um inimigo potencial
infrator que, por motivos até então desconhecidos, está motivado a cometer um ato ilícito,
mas que goza, ainda assim, de direitos e deveres como qualquer outro cidadão, até que se
comprove o contrário. Em seu texto “Espaço público, polícia e cidadania: em busca de novas
4
Definição retirada da Apostila do Curso de Gerenciamento de Crises realizado pelo GATE/PMESP em junho
de 2007.
5
Sun Tzu foi o general chinês que viveu à época da dinastia de Sung (960 – 1280). Seu livro, A Arte da Guerra,
é considerado por muitos como o maior tratado de guerra de todos os tempos, definida como a Bíblia da
estratégia, sendo utilizada amplamente no mundo dos negócios, conquistando pessoas e mercados, sem
mencionar na aplicabilidade militar.
27
formas de sociabilidades”, Paulo Sérgio da Costa Neves6 faz a seguinte reflexão sobre a
ou seja, a ele cabe filtrar e analisar todas as informações, sugestões e divergências de opiniões
advindas de seus assessores diretos, os chefes de grupos, quais sejam: chefe do grupo de
snipers. Tão complexa quanto a coordenação dos chefes de equipes das alternativas táticas é a
missão tão árdua quanto a resolução da crise para os envolvidos no perímetro interno do
crítico, trabalho que deverá ser coordenado pelo gerente de crises com harmonia e liderança.
Sun Tzu mencionara em seu tratado sobre a árdua, porém possível missão de gerenciar:
que devem ser tomados nesses tipos de eventos, o que acaba por refletir no mau desempenho
dos operadores de segurança quando no atendimento a tais eventos. No FBI e em quase todas
6
Paulo Sérgio da Costa Neves é professor do Departamento e do Núcleo de Pós-Graduação em Ciências
Sociais, coordenador da CDH/UFS e membro do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Exclusão, Cidadania e
Direitos Humanos (Gepec).
28
matéria consolidada em bases doutrinárias consistentes. Nas academias de polícia dos EUA, o
gerenciamento de crises é matéria de grande importância, tanto nos cursos de formação como
nos cursos de aperfeiçoamento de policiais. Nenhum executivo de polícia daquele país deixou
O resultado dessa política mostra que as crises são tratadas de maneira quase uniforme
nos EUA, verificando-se, destarte, que apesar das diferenças de legislação de um estado para
outro, as organizações policiais (não importa qual seja a sua natureza) adotam uma mesma
doutrina de trabalho com relação a esse assunto e, o que é mais importante, falando uma
mesma linguagem.
a) preservar vidas; e
b) aplicar a lei.
que existe uma polêmica por trás do primeiro objetivo, preservar vidas. Na verdade, eles (os
dois objetivos) estão colocados rigorosamente em uma ordem axiológica, ou seja, o bem
29
jurídico tutelado deverá ser sempre a preservação da vida, em detrimento de quaisquer outros
tipos de prioridades que sejam apresentados, mesmo que se necessário tenha que ir de
encontro à lei.
A polêmica gira em torno de que algumas forças policiais, isso inclui a SWAT de
prioridade de vidas é:
1º) o refém;
2º o público;
3º) os policiais;
Na verdade, o que a maioria dos alunos dos cursos de formação questiona, e tem
fundamento, é que não se pode mensurar que uma vida seja mais importante que a outra,
mesmo que esta seja uma vida marcada por crimes os mais diversificados possíveis. Mas essa
é uma discussão que exige um estudo mais aprofundado e que deve ser dada a atenção
especial.
sobrepujar a aplicação da lei, mesmo que seja necessário transgredi-la, conforme afirma
MASCARENHAS 2002:
A aplicação da lei pode esperar por alguns meses até que sejam presos
os desencadeadores da crise, enquanto que as perdas de vida são
irreversíveis.
30
elaboração ou aplicação de um plano, três critérios de ação. Esses critérios servirão para
avaliar a situação como um todo, ou seja, serão analisadas todas as possibilidades, desde
aspectos técnicos envolvendo negociadores, grupo tático e sniper, até aspectos políticos
possível utilização das outras alternativas táticas, mesmo que sejam letais.
Vejamos abaixo os critérios de ação, estabelecidos pelo FBI, que devem ser cuidadosamente
a) necessidade – significa dizer que para que uma ação seja posta em prática
qualquer ação, deverão ser levados em conta todos os riscos, e se esses riscos são
c) aceitabilidade - Implica que toda a ação deve ter respaldo legal, moral e
ético. Significa dizer que um desfecho de uma ocorrência não necessariamente deverá ser
considerado o ideal pelo simples motivo de ter neutralizado os causadores da crise e libertado
os reféns. Mais do que isso! Deverá ter respaldo não somente no aspecto legal, mas também
CAPÍTULO II
que ela representa. Tal adoção torna-se necessária para que os operadores de segurança
empenhados na resolução desse evento tenham a real dimensão da situação. Isso serve de
parâmetro para mobilizar os materiais necessários, efetivo suficiente, apoio externo, enfim,
toda uma logística e pessoal qualificado e quantificado para a melhor solução do evento.
a) alto risco – eventos críticos que podem ser solucionados com recursos
locais, partindo-se do pressuposto que os órgãos locais estão com todos os equipamentos
necessários para tal, por exemplo: um assalto a banco sem reféns com os assaltantes em locais
de difícil acesso. Como exemplo, podemos citar uma ocorrência de assalto a banco sem reféns
de outras forças (Ex: terroristas armados que dominam os tripulantes de uma aeronave).
população inteira por um indivíduo conduzindo consigo veneno, vírus, material radioativo etc.
Estado sergipano e foi identificado que elas ainda não estão preparadas (com treinamento e
equipamento) para atender a esses tipos de ocorrências, mesmo sendo crises consideradas as
mais simples, o que as obriga recorrer à unidade especializada da Polícia Militar, o COE, que
é a unidade treinada e parcialmente equipada para atender a eventos críticos em todo o estado
sergipano.
elementos essenciais de informação, que são as pessoas e os materiais que estão diretamente
ligados ao evento crítico. É através das informações colhidas desses elementos essenciais que
o gerente de crise definirá todas as diretrizes para a busca da solução do evento crítico,
inclusive o rumo das negociações. Da definição e da colheita das informações, resultará ainda
a identificação do grau de risco e do nível de resposta que será dada para a solução do evento.
a) causadores da crise – quantos são, sua motivação, seu estado mental, sua
habilidade, seu histórico no crime, sua habilidade no manuseio com armas de fogo etc;
b) reféns – quantos são, idade, estado de saúde, condição física (se estão
colhidas pelos elementos essenciais acima mencionados, pois a solução do evento crítico será
convenientemente estudada.
Como já foi dito, o nível de resposta a ser dado pela polícia deverá ser proporcional à
agressão provocada pelo causador da crise. Para cada grau de risco identificado pelos
primeiros interventores, ou mesmo pelo gerente de uma crise, dar-se-á uma resposta de igual
Deve-se atentar, portanto, que não necessariamente uma resposta inicialmente dada em um
determinado momento será mantida durante toda a ocorrência. Ela deverá acompanhar a
Diante de tal situação, deverão ser observados outros níveis de resposta proporcionais à
agressão.
Polícia Civil do Estado, o que seria de extrema importância à integração, principalmente junto
à Polícia Federal.
Percebe-se, então, que o COE, por estar em constante estudo e treinamento para o
identifiquem como crise, pois já no nível 1 ele poderá ser acionado. Através de pesquisas
realizadas nos arquivos do COE, já existe, no cronograma dessa unidade, a previsão, de pelo
menos uma vez por ano, de um treinamento de ocorrências de grau quatro. Esses treinamentos
contam com a participação do Exército Brasileiro, Polícia Militar, Polícia Federal, Infraero,
Corpo de Bombeiros Militar e SAMU estadual, nos quais há a simulação de ocorrências com
situação, o que pode ser constatado através do estudo do evento em Monte Alegre/SE.
35
DA SUA PERICULOSIDADE
de Crises sobre a denominada Tipologia dos Causadores da Crise. Trata-se de fazer um pré-
diagnóstico, traçar um perfil psicológico pelo qual está passando o provocador do evento
crítico, personagem que deve ser analisado e definido o mais preciso possível. No caso em
psicopatia. A partir de então, reza a doutrina que, nesses casos, o gerente de crises deve mudar
do evento. Desde então, caso o policial responsável pelo atendimento desse evento tivesse à
função desses tipos de eventos, deveria ter mudado de estratégia, inclusive coordenar a
gerente de crises.
7
Segundo o FBI, há dois tipos de negociação, a Tática ou Estratégica e a Técnica ou Real. A tática deve existir
quando não mais houver possibilidade de negociação, provocada pelo causador da crise. Já a técnica deve
perdurar enquanto houver possibilidade de negociação e solução pacífica do evento.
36
crítico é de vital importância para uma solução aceitável de um evento. Informações como, os
levaram a cometer o ilícito, a prática com armas devem ser levantadas e consideradas para a
Sabe-se, porém, que apenas algumas horas em contato com um determinado indivíduo
podem ser consideradas inadequadas para se definir o perfil psicológico de uma pessoa,
mesmo porque, em um evento crítico, o nível de estresse atinge o pico, o que poderá provocar
uma reação por parte do causador da crise que nunca acontecera em outras situações. Essa
questão servirá como base para outros estudos sobre o tema, mas seguiremos a atual
definição, em virtude de não haver pesquisas científicas sobre o tema, por atualmente estarem
que atuará não somente em crises cujos provocadores são criminosos. Pessoas sadias, mas
com problemas emocionais, motivadas por ideologias políticas, com problemas conjugais,
enfim, problemas outros que não se tratam de desvios de conduta à luz do Código Penal,
religiosos, motivados politicamente e seqüestradores. Para fins desse estudo de caso, ater-nos-
execução de uma atividade ilícita, mais especificamente, em um assalto frustrado (ou em sua
37
se mantém através de repetidos furtos e roubos e de uma vida dedicada ao crime. Geralmente
provoca uma crise por acidente, como o fato acontecido que estamos estudando. Segundo
Ângelo Salignac, Perito Criminal Federal e autor do livro “O Gerenciamento das Situações
Policiais Críticas”, os eventos críticos provocados por elementos com esse perfil torna as
ocorrências como sendo as de mais fácil resolução, caso não seja detectado nenhum desvio
informado pelo negociador, deverá considerar uma possível atuação do grupo tático, sempre
após a tentativa de uma negociação real ou tática, o que subsidiará a atuação do grupo tático
o negociador deverá estar alerta para o fato de que o captor provavelmente saberá o que se
esperar por parte da polícia, e também o que precisa falar ou fazer para sair vivo daquela
situação, mesmo tendo cometido crimes antecedentes ao evento. Nesses casos, a equipe de
negociação deverá direcionar suas técnicas a fim de saber o que ocorrera momentos antes
daquele estado no evento, sempre enfatizando que o provocador do evento crítico terá sua
e define uma situação envolvendo um criminoso com essa tipologia, quando afirma:
Estudos de casos realizados pelo FBI e por algumas polícias brasileiras afirmam que
os momentos mais críticos dos eventos provocados por esse tipo de criminoso são os
encontra-se no topo, e ele se torna capaz de qualquer coisa. Nesses casos, o negociador deve
sugerir ao gerente da crise que cesse qualquer movimento por parte da polícia que possa
aumentar ainda mais o estresse do captor, devendo ainda ganhar tempo, a fim de que novas
crises e das técnicas de negociação, não houve sincronia entre os policiais que ali operaram,
como mostram as imagens cedidas pela TV Sergipe, que focalizam os policiais conversando
com o provocador do evento crítico, com suas armas em punho e/ou em seus coldres. Essa
atitude provoca uma elevação no nível de estresse de qualquer pessoa, ainda mais se tratando
Como fora dito, analisaremos agora uma subespécie da tipologia dos criminosos
É prudente advertirmos aqui que esse trabalho não aprofunda o conhecimento no ramo
de 1997 nos EUA, cerca de 50%8 dos eventos críticos lá ocorridos são provocados por uma
A identificação desse tipo de criminoso, logo nos primeiros momentos da crise, faz
com que várias possibilidades sejam apresentadas a fim de se obter a solução pacífica do
evento crítico, já que o fator tempo passaria a contar em desfavor dos policiais. Mas a solução
8
Dado retirado da monografia intitulada “Ações do Policial Negociador em Ocorrências com Reféns”, do Ten.
Cel. PMESP Wanderley Mascarenhas de Souza.
39
aguçada percepção dos limites da negociação, o que, na maioria dos casos, obriga ao uso do
envolvidos.
bem como identifica suas possíveis atitudes e intenções quando envolvidos em situações em
Um fato que chama atenção nesses indivíduos é que seus antecedentes criminais
quinze anos de idade), não são pessoas confiáveis, com grande tendência de ludibriar as
pessoas. Mentem contumazmente e são bastante agressivos, característica que junto com
outras o faz se envolver em violências. Eles são frios e calculistas, pois racionalizam com
facilidade os prejuízos que provocam e as violências que praticam. Devemos memorizar essas
CAPÍTULO III
CRISE
evento e identifica todas as características de um evento crítico. É a partir desse momento que
polícia civil, a guarda municipal, uma unidade de área da PM, enfim, qualquer que seja a
instituição de segurança que primeiro se depare com tal situação, as medidas iniciais de
Em suma, qualquer que seja a autoridade policial, quando identificada uma crise,
a) conter a crise;
seja, que a crise venha a provocar maiores danos que os previstos. Essa medida, por exemplo,
impede que novas pessoas sejam tomadas como reféns, outros danos materiais sejam
causados, que os perpetradores ampliem sua área de domínio, enfim, que tenham acesso a
42
outros recursos que possam dificultar a solução do evento crítico. Dessa forma, torna-se
prudente mencionar, por exemplo, que não é recomendável o gerente da crise permitir a saída
do perpetrador de uma casa, mesmo que aparentemente não ofereça risco a outras pessoas.
Mas a depender da situação e, devidamente analisada pelo gerente da crise e seus assessores,
Medidas como: cortar linha telefônica, colocar jornais nas janelas, cortar energia
elétrica, estabelecimento dos perímetros táticos etc, são formas de isolamento de local de
crise.
exclusivamente de iniciativa e deliberação do gerente de crises, pois ele e seus assessores são
Já nos momentos iniciais de uma crise, é importante que o gerente de crises considere
Ações Táticas Especiais da Polícia Militar de São Paulo (GATE), unidade policial pioneira no
Brasil no atendimento a ocorrências com reféns localizados, um gerente de crises tem a seu
a) negociação;
3.2.1 A NEGOCIAÇÃO
as suas alternativas táticas, está embasada no Princípio Básico N.º 4, enfatizando, em último
tática deliberado e aprovado pela Organização das Nações Unidas em 1990, que diz:
reféns localizados impondo-se pela força do número, com ataque frontal e direto, sem
Desde 1971, essas situações, com envolvimento de reféns, passaram a ser objeto de atenção
pública. Naquele ano, ocorreu o famigerado motim no presídio de Attica, em Nova York.
como reféns, durante alguns dias de negociações confusas e sem técnicas. Quando finalmente
um contingente policial invadiu o presídio, vinte e oito presidiários e onze reféns foram
mortos - todos vitimados por tiros saídos das armas empunhadas pela força invasora, ou seja,
todo o mundo. Nesse tiroteio, foram mortos: um tripulante do avião, cinco dos oito terroristas
baixou ordens para que fossem tomadas medidas que capacitassem a instituição a lidar
corretamente com situações semelhantes. Para o preparo de um plano adequado, foi designado
que várias situações delicadas, muitas vezes envolvendo reféns, haviam sido resolvidas
desenvolver uma ação metódica, com emprego de técnicas específicas e adequadas a situações
dessa espécie. O plano foi aprovado pela chefia, mas não com muito entusiasmo.
com certo desprezo pelos policiais tradicionais, homens de ação e acostumados a impor-se
pela força. Paulatinamente, à vista dos bons resultados, em muitos casos resolvidos sem
mortes e outros traumas usuais com o velho estilo clássico, as equipes de negociação foram
conquistando o respeito dos cidadãos em geral e dos próprios policiais tradicionais. Hoje,
quase todos os departamentos de polícia das cidades americanas, grandes, médias e até
mais do que um simples acréscimo nos quadros da instituição. Produziu uma verdadeira
mudança de mentalidade, não só no trato dessas situações delicadas, mas também com
reflexos positivos em todas as áreas da atividade policial. O que antes era resolvido pela força,
havendo sempre uma expectativa de possível morticínio, passou a ser solucionado de maneira
civilizada, com mais eficiência, sem dolorosas e inúteis perdas de vidas, pois, já dizia Sun
Tzu:
última solução, e só deve ser travada quando não existir outra saída.
eficiência, deve ser composta por cinco profissionais especializados: dois especialistas em
confiança do suspeito e conduzir todas as conversações para que a negociação possa ter
46
sucesso. É uma tarefa que requer grande coragem e um profissional com talentos especiais. O
negociador deve ter plena confiança que seus trabalhos farão com que o evento crítico seja
solucionado pacificamente.
modo, contribuir para o sucesso da negociação. Esses dados informativos são passados ao
dá assessoria especializada sobre o perfil e o estado psicológico dos envolvidos, a partir das
informações que recebe do negociador secundário sobre o andamento das conversações, dos
dados colhidos e oferecidos pelo investigador e da sua própria avaliação profissional. Caso a
Polícia Militar, a Polícia Civil ou qualquer órgão estatal não possua em seus quadros de
entidades, desde que devidamente orientado tudo o que deverá fazer. Esse profissional, dada a
O objetivo maior será sempre o de poupar vidas: de reféns, de policiais e dos próprios
tomadores de reféns. Muitas vezes, o tomador de reféns é um indivíduo que está mentalmente
perturbado, por medo, efeito de álcool, drogas, ou por qualquer outro motivo. Se ele
realmente quisesse matar os reféns, já o teria feito. Se os tomou é porque quer negociar.
Paciência e tranqüilidade são as armas do negociador, portanto, o negociador deverá, logo nos
primeiros momentos, verificar as condições (físicas, psicológicas, saúde etc) dos reféns. Esse
argumento se dá por um simples fato: Quando vamos negociar a compra de um objeto, qual
nossa primeira reação? Obviamente seria solicitar ao vendedor o objeto para que pudesse ver
e analisar se o objeto lhe agradara. Pois bem! Na negociação policial deve acontecer da
mesma forma, mesmo porque o objeto da negociação é a vida humana. Vida esta que depende
Os negociadores que mantêm a conversação não devem ter grau hierárquico que os
habilite a tomar decisões definitivas. Com isso, evita-se que decisões cruciais venham a ser
tomadas sob pressão durante a conversação. O negociador, diante de uma exigência incomum,
inclusive do próprio provocador do evento, explicando que quer ajudar o captor a sair daquela
situação. É fundamental que o negociador deva ter o cuidado de não passar uma outra
imagem, a não ser a do próprio negociador, daí a necessidade de se treinar situações de fala
que focalizem temas de que se refiram a como se deve auxiliar, ajudar o seqüestrador a sair
daquela situação com segurança, a fim de se obter confiança e minimizar os riscos para os
reféns. Portanto, no contato com o perpetrador, o negociador deverá sempre demonstrar que
não tem poder de decisão, mas que tem uma grande intenção de resolver pacificamente a
crise, podendo dizer: “olha eu quero te ajudar, mas não sei se “eles” concordarão com isso,
48
da polícia. O tomador de reféns será atingido pelo cansaço, sono, fome e todas as exigências
da condição humana.
negociação tática, ou seja, aquela em que o negociador esgota todos os artifícios técnicos para
a resolução de uma crise, passa a negociar a fim de subsidiar a utilização de outra alternativa
tática.
e opinar por uma determinada estratégia, pois a decisão caberá sempre ao gerente de crise
negociação de reféns é tarefa para profissionais, o “achismo” aqui pode ser perigoso para as
vidas em jogo.
49
OU INTERMEDIÁRIOS”
A tarefa de negociação policial, dada a sua primazia, não pode ser confiada a todo o
tipo de perfil do policial, muito menos a pessoas não policiais. Dela ficará encarregado um
gerenciamento de crises, sendo muitas as suas atribuições. Seu trabalho pode ser considerado
um dos mais árduos, pois a negociação é a única alternativa tática que perdura do início ao
fim da crise, quer seja com possibilidades reais para resolução do evento crítico, quer seja
Ratificando, não se pode admitir que qualquer pessoa, seja ela voluntária ou não, atue
Porém, a prática nos revela que tal fato costuma ocorrer freqüentemente, principalmente nas
negociadores) da negociação.
localizado na rua Laurindo, bairro Azenha, em Porto Alegre. Antes de o grupo sair, a Brigada
em direção ao solo, utilizando um revólver de calibre 38, e tomaram 16 pessoas como reféns.
O local foi isolado por trinta integrantes do 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM) e do
50
com o trio ficou a cargo do comandante do BOE, tenente-coronel Rodolfo Pacheco. Ele
passou a negociar com um dos assaltantes, que estava desarmado. Foi solicitada à BM, então,
advogada no prédio, três reféns foram libertados. Depois de uma hora e 35 minutos, os
assaltantes finalmente se renderam. Foram presos Alex Sandro Torres Ferreira, 23 anos,
Cristiano da Silva, 23, e Cirius Brenner Gomes, 21. Todos os reféns saíram ilesos.
terceiros e, estando a polícia bem preparada, pode-se fazer o uso seguindo a doutrina da
negociação subsidiada pelas orientações dos negociadores policiais, mas nunca por iniciativa
própria do terceiro; a segunda é que algumas polícias não possuem em seus quadros pessoas
capacitadas para negociação com reféns, como é o caso da PMSE9, fato que obriga os
A prática mostra que em muitos desses casos, a solução da crise se deu de forma
pacífica e eficaz, porém, torna-se prudente frisar que esses terceiros, independente de serem
arduamente treinada, devendo ainda ser fiéis a todas as recomendações dadas, sob pena de
não lhes ser permitido atuar. A confiança que o captor tem no terceiro deve ser transferida
para o negociador policial. É importante, portanto, que o policial saiba que o uso de terceiros
nas negociações policiais, via de regra, não é recomendável, sendo considerada uma opção de
alto risco. DWAYNE FUSELIER é peremptório ao dizer que “essas pessoas, em virtude de
9
Atualmente, a Polícia Militar de Sergipe não possui em seus quadros negociadores com curso específico.
Apenas alguns oficiais possuem curso de Gerenciamento de Crises com noções de Negociação, o que não os
habilita a atuarem como negociadores policiais.
51
geralmente não terem sido treinadas para a negociação, tenderão, provavelmente, devido ao
stress causado pela situação, a se apegar aos seus modos e maneiras de falar, ao dialogarem
com os bandidos”.
Entretanto, a experiência tem mostrado que os agentes tidos como não-letais, se mal
(projéteis de borracha), por exemplo, se lançados a uma distância inferior a vinte metros,
granadas lacrimogêneas (CS), granadas pimenta (OC) etc. As técnicas de defesa pessoal
também podem ser consideradas como técnicas não-letais, pois busca não apenas a
imobilização do agressor, mas também a neutralização do oponente sem o uso letal da força.
Vale lembrar que, assim como todas as alternativas táticas, o uso de técnicas não-letais
deve ser amplamente deliberado e analisadas todas as possibilidades pelo gerente da crise e
seus assessores, principalmente a reação dos reféns (saúde dos reféns) diante de uma possível
utilização.
capacitação profissionais percebe-se que de todas as alternativas táticas, a que causa maior
fascínio por parte dos alunos é justamente a utilização do atirador de elite. Também chamados
52
treinados para atingirem um alvo com precisão, seja qual for a distância que o alvo esteja,
Porém, aplicação dessa alternativa tática necessita de uma avaliação minuciosa de todo
equipamento, que são os elementos fundamentais para que o objetivo idealizado seja
alcançado.
Poucas são as polícias do mundo que possuem em seus quadros atiradores de elite e,
portanto, navegam nas quatro alternativas táticas de maneira segura. No Brasil, a realidade é
ainda mais desmotivadora. Caracterizada como uma técnica que exige grandes quantidades de
recursos materiais, por exigir grande utilização de munições, fuzis de alta precisão (que são
espotagem, miras de visão noturna etc), muitas polícias brasileiras não conseguem dar
treinamento a esses atiradores, o que reflete no resultados das ocorrências quando sua
presença se faz necessária, ou seja, quando sua utilização poderia salvar vidas.
A Polícia Militar do Estado de Sergipe durante toda a sua existência não possuiu
atiradores de elite propriamente ditos. O que existia era alguns militares que, por
voluntariado, treinavam tiros de precisão, e o faziam muito bem. Mas, as técnicas e a teoria
sobre os atiradores de elite exigem muito mais do que bons atiradores. Exige disciplina e
conforme reza a doutrina, cada atirador de elite deve possuir uma arma adequada e exclusiva
para treinamento e operações reais, ou seja, sua arma deverá já estar regulada e adaptada,
53
pronta para emprego. No início, a solicitação causou espanto, visto que cada fuzil solicitado
custa $22.000,00 (vinte e dois mil dólares). Sob o argumento de que a vida humana vale mais
que qualquer bem material e que não há armamento adequado na carga da PMSE para esse
Não se trata, aqui, em fomentar a utilização dessa alternativa tática, mas demonstrar a
sabendo que seu uso deve se restringir a salvar a vida do refém, mesmo que seja necessário
sniper deve ser subsidiada pela negociação, sempre em sincronia e quando essa não mais
utilização do Grupo Tático. São conhecidos como Grupo de Assalto, Grupo de Entradas
treinamentos, equipamentos, perfis dos integrantes e até mesmo tipo de serviço. Essa
realidade, visto a complexidade das ocorrências para as quais são designados à resolução, sem
Não é por acaso que, na ordem de prioridade de utilização das alternativas táticas, o
emprego do grupo tático é o último recurso. À medida que vão se esgotando as possibilidades
reais de resolução da crise, vão sendo analisadas outras alternativas, sabendo o gerente da
crise que à medida que segue a ordem de opção, ou seja, negociação, técnicas não-letais,
54
atiradores de elite e grupo tático, aumenta o grau de risco para policiais, reféns e, inclusive,
Portanto, o uso do grupo tático é a mais arriscada das alternativas táticas, devendo ser
Porém, sabe-se que em virtude da escassez de munições para treinamento, a utilização desses
grupos em um eventos críticos torna essa opção ainda mais arriscada, fato esse que provoca
insegurança até mesmo para os próprios integrantes do grupo tático. A falta de munições para
eventos que envolvem reféns localizados. Outros recursos como lanternas táticas adequadas
adaptáveis para o armamento, óculos táticos de proteção individual, óculos táticos de visão
adequadas e equipadas para transporte da tropa, enfim, outros recursos que, mesmo sendo de
custo elevado, subsidiariam o grupo tático, servindo para minimizar os riscos advindos de
uma entrada tática de forma a reduzir a exposição dos reféns e/ou vítimas que porventura
existam.
Na crise ocorrida em Monte Alegre/SE, os policiais não dispunham desse recurso para
elementos essenciais de informação em uma crise, o que nesse evento serviria como potencial
equipamentos necessários para uma invasão tática, tais como: escudos balísticos, capacetes
balísticos, fuzis de precisão adequados para o atirador de elite, viaturas adequadas (furgão
55
para os negociadores, caminhão para o posto de comando etc), aeronave para deslocamento
imediato dos negociadores e gerente de crise, já que o local da crise situa a 156Km da base do
COE. Caso o COE interviesse, o faria totalmente desprotegido, sem suporte logístico, o que
É previsto na doutrina que aos causadores de eventos críticos, deve ser dada a
saída pacífica, honrosa e segura para o problema que eles próprios criaram. Porém, extintas
possibilidades das negociações por ato unilateral deles, e começadas inequívocas ações contra
as vidas dos reféns, não se pode esperar que um policial condicionado a atirar para matar vá
bandido será preservada, caso contrário, o resultado será adverso para ele.
ambos no ano de 1995. O primeiro ocorreu em Marechal Cândido Rondon, Estado do Paraná,
1995. Em ambos os casos, esgotaram-se as negociações, havia iminente risco de morte dos
reféns, e então, não restando alternativa, senão o uso de força letal, o gerente da crise
determinou a entrada do Grupo Tático Especial como última rátio para solucionar a crise. Os
resultados foram legal e moralmente aceitos pela opinião pública. No caso Monte Alegre/SE,
não havia grupo tático posicionado, nem mesmo quando o menor infrator entregou sua arma
houve um grupo tático de emergência para ir ao encontro imediato das reféns, a fim de se
CAPÍTULO IV
ALEGRE/SE
No dia vinte e oito de abril de dois mil e sete, aproximadamente às 15h, a sociedade
qual passou horas de terror e sofrimento que ficarão encravadas nas mentes de todos os
proximidades de uma farmácia e, frustrados por terem sido abordados não conseguindo
consumar o assalto, tentam fugir. Um deles consegue fugir e o segundo infrator entra em uma
de uma pilastra dentro da farmácia e atira contra os policiais, que respondem atirando contra o
Ato contínuo, um dos policiais deslocou-se até os fundos da casa vizinha, momento
em que ouve mais três disparos e alguns gemidos de dentro da farmácia. Nesse instante, duas
outras pessoas que ainda estavam na farmácia conseguem fugir e tomaram destino ignorado.
57
Deduzindo que o provocador do evento crítico havia atirado novamente nos policiais, um dos
policiais que trocou tiros com o perpetrador começou a verbalizar e a exigir sua rendição.
Como o policial ouvira um gemido, interpretou, então, que havia reféns, e que os
reféns estavam vivos, porém, não sabia que o menor infrator havia desferido três disparos, um
nas cabeças de cada uma das três reféns que se encontravam dentro do banheiro da farmácia.
reforço, momento em que um deles deslocou-se à delegacia a fim de entrar em contato via
próximas ao ponto crítico e que alguns policiais estavam posicionados com armas apontadas
para o causador da crise, que ainda se encontrava dentro da farmácia. Durante todo o contato,
o perpetrador afirmava que as reféns estavam bem, mas não as mostrava para os policiais que
buscavam o diálogo. O infrator exige a presença de uma pessoa, que não fosse policial, para
negociar. Os policiais solicitam, primeiramente, que o marido de uma das reféns assuma as
negociações, mas este não aceitou temente por sua morte. Posteriormente, a polícia localizou
um psicólogo que se encontrava na multidão que assistia de perto a ocorrência, e solicitou que
O captor exigia, em troca de sua rendição, que a polícia fornecesse uma ambulância
para que fosse atendido em virtude de seu ferimento no ombro. Vislumbrando a possibilidade
da solução do evento, os policiais atenderam ao pedido, mas não atentaram que as reféns
poderiam estar feridas. Quando o captor se entregou e, os policiais o conduziam para dentro
reféns, momento em que uma das reféns informou que duas reféns haviam sido atingidas na
58
cabeça por tiros desferidos pelo captor. De imediato, a população tentou linchar o provocador
motorista havia desaparecido, saiu de imediato sem prestar socorro primeiro às reféns feridas.
Passadas algumas horas, o oficial da PM, percebendo que se tratava de uma ocorrência
complexa e, consequentemente, que exigia um trato diferenciado por parte da polícia, acionou
caminhonetes, aproximadamente duas horas após o acionamento, o COE chegou ao local, mas
a crise já havia tido um desfecho trágico e, uma viatura do SAMU estava indo em direção ao
horas e, durante toda a ocorrência, a partir do momento em que foram iniciados os primeiros
OCORRÊNCIA
Conforme constam nos autos dos diferentes documentos10 pesquisados, percebe-se que
os policiais, ainda na perseguição dos dois infratores, trocaram tiros. Uma importante
observação que deve ser feita é de que por mais que o desfecho da crise tenha sido trágico, os
Não foram os policiais que provocaram a crise! Estavam agindo de maneira preventiva e sob
fundada suspeita, já que receberam informações de que os dois elementos estavam para
executar o assalto.
Quanto na perseguição o infrator foge para o interior da farmácia. Diz a doutrina que
no momento em que a polícia percebe que um infrator adentra em uma edificação e, lá não se
10
Foram analisados autos do Inquérito Policial, Relatório do Supervisor do COE, Autos do documento elaborado
pela Comissão nomeada para a análise do fato e vídeo cedido pela imprensa local.
59
sabe ao certo que há a presença de pessoas inocentes naquele recinto, tudo deve ser feito para
não acirrar mais o ânimo do causador do evento. A contenção da crise deve ser feita
imediatamente, fazendo com que a polícia cerque o local impedindo que o provocador do
evento fuga. Percebe-se, então, que os primeiros contatos verbais com o perpetrador
aconteceu ainda sob forte estresse, visto que houve troca de tiros já com o infrator dentro da
farmácia, resultando em um ferimento em seu ombro, fato esse que possivelmente provocou
A CRISE
indicavam que algo desastroso poderia acontecer em algum município sergipano, era só uma
questão de tempo e oportunidade. Considerada por vários policiais do estado como uma uma
Militar, em especial, contava com um efetivo de dois homens no dia da tragédia. Porém, sabe-
se que os policiais militares estavam em desvio de função, já que tomavam conta de presos
Quando o menor infrator entrou na farmácia, houve a contenção da crise, mas isso
somente aconteceu em virtude de a farmácia não ter saída pelos fundos. Como os policiais
não tinham efetivo suficiente e, caso tivesse uma saída pelos fundos, o infratores
conseguiriam fugir.
zebradas à sua disposição. Custando aproximadamente R$ 5,00, esses acessórios devem fazer
60
parte de toda unidade policial, especializada ou não, já que os policiais podem necessitar a
todo instante desse material não somente para isolar um local de crise, mas também um local
de crime, um acidente etc. Não houve isolamento, e as pessoas ouviram e assistiram toda a
poderiam ser atingidas por disparos de arma de fogo caso o perpetrador o fizesse. O próprio
marido de uma das reféns estava participando das decisões dos policiais, sendo até mesmo
a farmácia quando houve a rendição do captor, fazendo com que os policiais perdessem
parte do causador da crise, os policiais buscaram acalmar os ânimos. Mas, o que esperar de
uma “negociação” realizada por policiais que tinham acabado de trocar tiros com o infrator?
Fica claro que o rapport com o captor seria de difícil estabelecimento, pois, qualquer ser-
humano desconfiaria de qualquer oferta de uma pessoa que acabara de ter um conflito, neste
caso, um conflito armado, o que complicou ainda mais as negociações. Porém, a única
circunstâncias, foi uma possível negociação a fim de evitar maiores prejuízos, é fato. Não se
pode esperar algo racional de uma pessoa quando ela está sob forte estresse. A aplicação das
técnicas de negociação, uma delas a leitura da linguagem corporal, forneceria aos policiais
uma visão periférica do evento, o que poderia ter permitido um desfecho não tão trágico.
curso de negociação. No episódio em estudo, vários gestos realizados pelo causador da crise
indicavam que ele poderia estar mentindo ou forjando algo. Provavelmente, se estas
expressões fossem descobertas durante os contatos, a polícia poderia ter traçado algum plano,
mesmo antes da chegada do COE, o que permitiria um atendimento médico antecipado aos
reféns.
com personalidade anti-social, ou seja, um sociopata. Como visto, esses indivíduos são
manipular as pessoas em benefício próprio. Esses seriam motivos substanciais para fazer com
que o gerente de crise, orientado pelos negociadores, tomasse uma outra postura com relação
A crise, logo nos primeiros momentos, tomara grandes proporções, pois passara do
nível I para o nível II, já que houve a tomada das três pessoas como reféns. Neste momento, o
melhor e principal procedimento era o acionamento do COE, fato esse desconhecido pelos
Sergipe (SSP), verifica-se que o horário médio de acionamento, desde iniciada a crise, foi de
uma duas horas. Devido à falta de rádios transceptores do tipo HT e de outros recursos
básicos, um dos policiais precisou retornar à delegacia (perdendo total contato com o ponto
crítico) para acionar o oficial responsável por aquela área. Somente após a chegada do oficial,
62
e por iniciativa deste, o COE foi acionado, por volta das 17h30min.
O deslocamento do COE para a cidade de Monte Alegre/SE foi realizado com duas
caminhonetes da unidade. O tempo de uso das caminhonetes era de três anos, tempo esse
considerado alto, levando-se em conta que o tempo de vida útil de viaturas policiais é em
média de dois anos. A aquisição ou locação de novas viaturas, bem como de uma aeronave,
de crise. Tentou-se até mesmo posicionar um “atirador de elite” a fim de uma possível
necessidade de utilização, mas sabe-se que não é todo policial que tem condições de operar
como um atirador de elite, como já discutido. O armamento não era adequado, pois, nem o
precisão, como é exigido em crises com reféns. Não havia conhecimento técnico suficiente
que capacitasse o policial a atuar nesses eventos. Além disso, devido ao pouco conhecimento
da doutrina, vários policiais raciocinam que o atirador de elite serve apenas para eliminar o
Na verdade, não existia equipes definidas, ou seja, equipe de negociação, grupo tático
especial nem equipe de sniper, sequer uma interação entre eles, esta fundamental para o
ações policiais que exigem grande treinamento e organização para sua resolução. Policiais que
costumam focar suas atenções no criminoso, esquecendo até mesmo do estado físico e mental
imprensa, dos curiosos e do SAMU, que iam chegando ao local. Não existia estacionamento
específico para as viaturas policiais e para as viaturas do SAMU, que somente foi percebido
quando no socorrimento do perpetrador e das reféns, sendo estas socorridas apó’s o próprio
policiais na negociação com o captor. Porém, a prática mostra que vários casos foram
Não há dúvidas que essa foi a intenção dos policiais quando solicitaram que o psicólogo
assumisse as negociações.
ao captor várias coisas, a seu modo. A negociação cara-a-cara, sem colete balístico, enfim,
sem qualquer assistência por parte da polícia demonstrou claramente que as unidades do
treinamento para o atendimento dessas e de outras ocorrências complexas, bem como uma
pessoa despreparada, do ponto de vista técnico-policial, porque nem mesmo sabia como
CONCLUSÃO
a qual somente definirá como postura correta e aceitável quando os organismos policiais, de
um modo geral, passarem a dar um tratamento científico aos casos. Não só as crises têm sido
tratadas de forma improvisada pelos diversos segmentos da polícia brasileira, mas também
verifica-se que existe, de forma ainda precária, uma intenção de estabelecimento e aplicação
amadorísticos
ocorrência com reféns localizados, estão calcadas nos princípios da legalidade, necessidade,
proporcionalidade e ética, os quais estão diretamente ligados aos direitos humanos. Sem
dúvida, esses princípios exigem, respectivamente, que a força, principalmente a letal, somente
seja usada pela polícia dentro de parâmetros legais, quando estritamente necessária para que
seja preservada a paz social. Com a intenção de restringir o uso da força, a polícia deve tornar
disponível toda uma gama de recursos para o uso diferenciado da força. Para a atividade de
gerenciamento de crises policiais, onde a vida de reféns está envolvida, é necessário ter
crise e, como vimos, implica outros problemas, de ordem social, econômica, religiosa ou
mesmo política.
minuciosa dos riscos ou conseqüências que o evento poderia trazer. A falta de preparo
profissional resultou na tragédia que abalou toda a sociedade sergipana e repercutiu no país
65
inteiro.
quando no atendimento ao evento crítico em questão. Se expôs a riscos e não conseguiu evitar
a tragédia promovida pelo infrator da lei. Assim, a ação improvisada da polícia não evitou o
sofrimento e dor daquelas famílias, e contribuiu para a formação de uma imagem frágil e
despreparada da força policial sergipana. É bem verdade que os policiais que ali se
encontravam tentaram resolver da melhor forma possível o evento crítico, mas lhes faltaram o
Vale frisar, portanto, que tão responsáveis quanto os operadores de segurança pública
são os governos e a sociedade que não exige de seus governantes ação profissional de seu
atividades laborais dos policiais, quais sejam: salários dignos, equipamentos, treinamentos e
BIBLIOGRAFIA
BRETON, Philippe, A Manipulação da Palavra. Tradução São Paulo, SP: Editora Loyola,
1999.
refém.
FRANÇA, W., “Reféns Foram Utilizados Como Cobaias”. Folha de São Paulo, Cotidiano,
25/06/2000.
GIRALDI, Nilson. Seqüestro com refém– atirador de elite–o mito e a realidade. São Paulo: A
<www.folha.uol.com.br>.
Sicurezza, 2000.
ZELADA, A.. A. J., Caso de Estudo Presídio Nilton Gonçalves”. Trabalho de Pós-Graduação
NEVES, Paulo Sérgio da Costa, RIQUE, Célia D. G e FREITAS, Fábio F. B., Polícia e
004/2/89. Fixa normas para emprego da Cia PM, constituída por Grupos de Ações Táticas
Fixa norma para atuação da Corporação em ocorrências em que haja emprego conjugado de
meios e/ou naquelas de grande vulto ou passíveis de repercussão, principalmente com reféns
localizados.
69
obra The definitive book of body language. Tradução Pedro Jorgensen Júnior. Rio de Janeiro,
Relatório de serviço Emitido pelo Oficial Supervisor do COE, referente ao evento crítico
SALIGNAC, Ângelo Oliveira & THOMÉ, Ricardo Lemos, O Gerenciamento das Situações
TZU Sun,.A Arte da Guerra. Ed. Jardim dos Livros, edição completa. Tradução e adaptação
Vídeo relativo à ocorrência do dia 28/04/2007, que se trata da crise policial estabelecida no
12/12/2007.