A Especificidade: CEDH France - Todos Os Direitos de Utilização e de Tradução Reservados Jacques Boulet

A Especificidade
São Paulo Setembro 2009 - Copyright® CEDH France - Todos os direitos de utilização e de tradução reservados Jacques Boulet
Medicina e especificidade
Pode-se e como, nomear e classificar
as doenças, os doentes, os
medicamentos?
Pode-se dizer que um medicamento é

específico de uma doença ou
específico de um doente ?
Medicina e especificidade
A noção de especificidade em
medicina ?
Em homeopatia ?
Os antigos médicos da Grécia
• Hipócrates dava pouca importância aos

nomes das doenças.
460 a.C. – 370 a.C.
• Galeno: teoria dos humores,

Por volta de 130 a 210
Os antigos médicos da Grécia
as descrições exatas da varíola e da

varicela por um médico árabe do IX
século, Rhazes (ou al-Razi),
permaneceram clássicas
865- 925 Irã
Especificidade e nosologia
•A doutrina de especificidade das doenças só

vai surgir no século XVII com Thomas
Sydenham, “o Hipócrates inglês".
“É preciso reduzir todas
1624-1689
as doenças a espécies
precisas e determinadas, com o mesmo
cuidado e a mesma exatidão com que os
botânicos fizeram em seus tratados sobre as
plantas”.
Boissier de Sauvages
• Distinguir tantas doenças quanto possam

existir indicações curativas, para encontrar
um medicamento específico para cada
doença específica.
1706-1767
Boissier de Sauvages
• As doenças são para ele grupos de

sintomas. Cada grupo é caracterizado pelos
sintomas mais predominantes e os mais
constantes. Os sintomas patognomônicos.
Trousseau
• “A idéia de especificidade domina a Matéria
Médica, como ela domina a nosologia. Sem
esta idéia, os medicamentos seriam
confundidos com os agentes de higiene, e o
senso comum jamais o permitirá”.
1801-1867
Trousseau
• Uma restauração da especificidade em
nosologia se fará pela anatomia patológica.
Laennec
1781-1826
Philippe Pinel
1679 Théophile Bonnet
1745-1826
O mal-estar nosológico atual
• Ex : a psiquiatria
• Ex : a fibromialgia
Especificidade e efeito placebo
• Sejam eles gerais ou aparentemente locais,

os sintomas tratados são “não especificos”,
nem em relação à doença, nem em relação
ao doente. São sintomas comuns, banais,
dores de cabeça, dores sem modalidades
precisas, distúrbios do sono etc. As doenças
de origem psicossomática são
particularmente influenciadas.
Hahnemann
• Rejeita a concepção, muito abstrata e
artificial para ele, de espécie de doença
e, portanto, recusa a nosologia e a
classificação. Paradoxalmente, ele
admitia a existência de doenças
agudas epidêmicas específicas e iria
descrever três doenças crônicas
específicas: a sífilis, a sicose e a psora.
Hahnemann
• Nas patogenesias, ele determina o que

fundamenta a especificidade dos sintomas,
sua distinção em relação àquilo que é banal,
comum a uma infinidade de medicamentos e
de pacientes em experimentação.
O doente e sua reação
individual
• Por exemplo, o resfriado, as cãibras, os vômitos, a
diarreia profusa, a tendência ao colapso, sinais
patognômicos específicos da cólera sugerem
Camphora, Cuprum, Veratrum album, Antimonium
tartaricum, Arsenicum album etc.
Hahnemann
• A doença natural
• A doença medicamentosa
• A noção de substituição mórbida
Teoria hahnemanniana da
substituição mórbida
• « …a doença "não possui

incondicionalmente o poder de colocar o ser
humano em um estado mórbido. Nós
ficamos doentes, sob a sua influência,
unicamente quando nosso organismo está
suficientemente predisposto a ser agredido
pela causa morbífica presente ».
Teoria hahnemanniana da
substituição mórbida
• Qualquer medicamento verdadeiro age de fato a
qualquer momento, em todas as circunstâncias, em
qualquer ser vivo e desperta nele sintomas
particulares (que, aliás, são claramente percebidos
pelos sentidos quando a dose é suficientemente
forte) de maneira que o organismo humano seja
manifestamente atingido e infectado (pela doença
medicamentosa) a qualquer momento e de uma
maneira absoluta (incondicionalmente), o que, como
eu já havia dito, não é absolutamente o caso com
“as doenças naturais”.
Hahnemann farmacologista
• Farmacologia do infinitesimal e
especificidade individual;
• “Mesmo que a pessoa tenha durante muito
tempo antes sentido espontaneamente
sintomas semelhantes, o ressurgimento
desses sintomas ao longo da experiência
prova apenas que, em virtude da própria
constituição, essa pessoa tem uma
predisposição toda especial para que eles se
manifestem nela”.
Noções de sintomas reacionais
característicos de um campo
• Hahnemann e seus discípulos incorporaram
de maneira não ordenada os sintomas
primitivos dependendo das espécies de
doenças artificiais diretamente
patogenéticas e os sintomas reativos
curativos em relação com as predisposições
individuais.
Critérios de especificidade dos
medicamentos em farmacologia
homeopática
• O medicamento é verdadeiramente
homeopático, à medida que ele corresponda
a um máximo de fatores específicos
individualizados e valorizados.
A substância adequada ao
tratamento
• Segundo Hahnemann, “quando buscamos uma substância
homeopática específica, ou seja, quando comparamos o
conjunto dos sinais da doença natural às séries de sintomas
do medicamento de que dispomos para encontrar dentre eles
uma potência morbífica similar ao mal a ser tratado, não se
deve considerar apenas os sinais e sintomas
• mais evidentes,
• mais singulares,
• mais específicos
• e particulares (característicos) do caso mórbido,
• pois, é principalmente à eles que devem corresponder aqueles
do medicamento buscado para que este último seja a
substância mais adequada ao tratamento.
A substância adequada ao
tratamento
• Os sintomas gerais e indeterminados:
falta de apetite, dor de cabeça, prostração,
sono agitado, mal-estares etc.
merecem pouca atenção quando eles
ficam tão confusos e tão vagos, porque
existem sinais gerais em quase todas as
doenças e em quase todos os
medicamentos".
O específico na circunstância
• As indicações específicas se modificam de
acordo com o período de tempo da doença,
segundo a circunstância.
A noção de espécie implica na
de grupo
Na prática constatam-se:
• grupos de sintomas análogos;
• grupos de síndromes, de doenças definidas
por suas causas e suas evoluções etc.;
• grupos de doentes de acordo com seus tipos
sensíveis.
Medicamentos homeo-específicos
• de um sintoma funcional qualificado
por sua intensidade, sua localização, suas
modalidades e concomitantes. (Colocynthis)
• de uma síndrome qualificada (Antimonium

tartaricum)
• de uma lesão anatomopatológica qualificada

- pela localização e os sintomas
concomitantes;
- pela correspondência a uma causa mórbida
conhecida;
- pela correspondência a um modo reacional
geral. A lesão anatomopatológica é local
somente na aparência.
• de um período, de um estado de uma doença

aguda ou crônica qualificada
- por sua causa;
- por suas formas clínicas e sua evolução. (É
o específico na circunstância, segundo a
expressão de Samuel Hahnemann).
• do conjunto das especificidades etiológicas

de uma doença crônica no que se refere:
- às causas externas físicas e psíquicas; e
- às causas internas, disposições específicas
do doente em sua individualidade.
Homeopatia e « especifistas »
• Uma querela clássica e,

frequentemente, injusta, de ontem
e de hoje.
Conclusão
• Se não há doenças sem doentes, também
não existem doentes sem doenças;
• A sabedoria hipocrática: ela não opõe, ela
associa a doença, o doente e o médico.

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Pode-se dizer que um medicamento é

• Hipócrates dava pouca importância aos

460 a.C. – 370 a.C.

• Galeno: teoria dos humores,

as descrições exatas da varíola e da

865- 925 Irã

•A doutrina de especificidade das doenças só

• Distinguir tantas doenças quanto possam

• As doenças são para ele grupos de

• Sejam eles gerais ou aparentemente locais,

• Nas patogenesias, ele determina o que

• A noção de substituição mórbida

• « …a doença "não possui

• de uma síndrome qualificada (Antimonium

• de uma lesão anatomopatológica qualificada

• de um período, de um estado de uma doença

• do conjunto das especificidades etiológicas

• Uma querela clássica e,

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