Sei sulla pagina 1di 2

NOTA PÚBLICA DE REPÚDIO

A Associação Iwipurãga da Aldeia do Povo Borari de Alter do Chão e Associação


Indígena Borari de Alter do Chão, por meio de seus presidentes e em nome dos indígenas
associados, vêm, através desta nota, manifestar seu profundo descontentamento e repúdio
aos inúmeros ataques que vem sofrendo por meio de discursos de ódio e injúrias raciais,
de pessoas que acreditam que suas “opiniões” possam ir em desencontro as leis, em razão
da vacinação legal da população indígena da região.

A identificação e delimitação da Terra Indígena Borari atende uma demanda de nosso


povo, datada de 30 de setembro de 2003, como forma de proteger a posse do território
que historicamente ocupamos, desde antes mesmo da missão ‘Nossa Senhora da
Purificação dos Borari’ de 1738, sobrevindo Grupo Técnico instituído pela Portaria da
Funai nº 776 de 04 de julho de 2008 e publicado no Diário Oficial da União em 09 de
julho do mesmo ano. Além do Processo de Demarcação da Terra Indígena na FUNAI n.º
08620.045555/2015-80.

Assim, conforme resposta de ofício encaminhado ao Ministério da Justiça e Segurança


Pública em 10 de dezembro de 2019, pelo então Presidente Substituto da Funai, consta
como “Processos de Terras Indígenas Delimitadas pendentes de encaminhamento para o
MJSP com vista à edição de Portaria Declaratório: Nº 94 – Terra Indígena: Borari de Alter
do Chão – Povo: Borari – UF: PA – Município: Santarém – Portaria de Constituição GT
de Identificação: 776 de 04/07/2008”. Território este, subdividido em 03 aldeias: Aldeia
Alter do Chão, Aldeia Curucuruí e Aldeia Caranã. Não existe mais a possibilidade de
discussão acerca da existência ou não de indígenas na região, é fato, nós existimos,
resistimos e exigimos nossos direitos.

Desta forma, considerando que a distinção entre indígenas “aldeados” e “não aldeados”,
bem como o fato de os indígenas residirem em contexto urbano, carrega viés
discriminatório e inconstitucional. Isto porque, não há na Constituição ou na legislação
ordinária, qualquer disposição que autorize a diferenciação entre indígenas com terras
demarcadas e não demarcadas, ou entre indígenas que vivam nas aldeias ou nos centros
urbanos, sobretudo para negar acesso ao direito à saúde diferenciada.

O fato de nós Borari sermos nativos de Alter do Chão, não nos torna menos indígena,
nossos antepassados estavam aqui antes do estado nação, antes da colonização, que trouxe
a cidade para nossa aldeia, inclusive o nome Alter do Chão. No entanto, ser indígena
aldeado não é está fora da “civilização”, que para nós indígena é um termo muito racista.

Não obstante, a União já fora condenada em sentença proferida na Justiça Federal de


Santarém, nos autos da Ação Civil Pública n.º 0002096-29.2015.4.01.3902, para
regularizar o atendimento à saúde diferenciada aos povos indígenas do Baixo Tapajós,
incluindo aquelas que ocupam tradicionalmente territórios ainda não demarcados, bem
como os indígenas que estejam em contexto urbano.

A “Lei do SUS” (Lei n.º 8.080/1990), com as alterações promovidas pela Lei n.º
9.836/1999, instituiu o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, cujas ações e serviços
de saúde são voltados para o atendimento dos povos indígenas em todo território nacional,
coletiva ou individualmente e que assim, os povos indígenas têm direito a uma política
de saúde diferenciada.

Em nível local cabe aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) e Polos Base –
órgãos superiores da estrutura SESAI (Secretaria Especial de Saúde Indígena), conforme
Portaria do Ministério da Saúde n.º 254/2002, a promoção de “ações especificas em
situações especiais”, a exemplo do combate a epidemias, surtos, dentre outras.

No entanto, nós indígenas de Alter do Chão fazemos parte do Polo Santarém e TODOS
OS INDÍGENAS VACINADOS NA ALDEIA DE ALTER DO CHÃO SÃO
DEVIDAMENTE CADASTRADOS no Sistema de Informação da Saúde Indígena –
SIASI, de competência do Distrito Sanitário Especial Indígena Guamá-Tocantins. Pois
trata-se de direitos constitucionais, direitos originários. Desinformados profanam
opiniões criminosas e contra esse tipo de pessoa, apresentamos a Lei.

Por fim, informamos que medidas judiciais estão sendo tomadas para reparação dos danos
causados ao nosso povo, pela propagação de opiniões travestidas de racismo, preconceito
e ódio. Ferindo direitos e desvalorizando a história e a cultura de uma população.

Exigimos NOSSOS DIREITOS e RESPEITO.

Cordialmente,

JECILAINE FERREIRA SILVA JOÃO PEDRO GONÇALVES DIAS


Presidente da IWIPURÃGA Presidente da AIBAC

Potrebbero piacerti anche