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CADERNO DE EMPRESARIAL
TÍTULOS DE CRÉDITO
Para Maria Bernardete Miranda, o CRÉDITO é a “transação entre duas partes, na qual
uma delas (o credor) entrega a outra (o devedor) determinada quantidade de dinheiro,
bens ou serviços, em troca de uma promessa de pagamento.”
São elementos essenciais do crédito: (i) a confiança e (ii) o tempo. Para Sérgio Covello,
destacam-se 4 elementos do crédito: (i) a confiança; (ii) o prazo; (iii) o interesse e (iv)
o risco. O interesse é a remuneração pela concessão do crédito, ou seja, os juros pagos
pelo crédito (no caso de crédito bancário). Já o risco é ineretne a todo tipo de crédito.
A disciplina dos títulos de crédito ganhou importância, na medida em que eles são os
principais instrumentos de circulação de riquezas no mundo moderno.
A Teoria Geral dos Títulos de Crédito permitiu uma disciplina uniforme para
documentos que, embora diversos entre si, apresentam características comuns.
Podemos afirmar que são 4 as fases que marcaram a evolução do direito cambiário:
(i) Período Italiano – até 1650: mercadores das cidades italianas / necessidade
de operar com moedas diferentes em praças diversas (letras de câmbio);
(ii) Período francês: (1650 até 1848): surge o endosso / a letra de câmbio deixou
de ser instrumento de pagamento para instrumento de crédito (podia ser
repassado);
(iv) Período Uniforme: aprovação, em 1930, das leis uniformes genebrinas sobre
letras de câmbio e notas promissórias, e, em 1931, sobre cheques.
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Várias teorias tentam explicar a natureza dos títulos de crédito, destacando entre as
principais:
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Por outro lado, para a Teoria da Emissão, a obrigação cambial ainda não teria se
aperfeiçoado, e, portanto, o sacador não assumiria, nesses casos, obrigação cambial
alguma.
No CC, temos traços da Teoria da Criação e traços da Teoria da Emissão. Assim, nos
arts. 896 e 905, parágrafo único do CC verifica-se a adoção da Teoria da Criação,
protegendo o portador de boa-fé do título de crédito, na medida em que ele teria seus
direitos resguardados. O art. 905, parágrafo único, determina que “a prestação é
devida ainda que o título tenha entrado em circulação contra a vontade do emitente”.
O art. 909 do CC, por sua vez, filia-se à Teoria da Emissão, uma vez que visa a proteger
quem for injustamente desapossado do título.
Títulos cambiais, genuínos, são apenas (i) letra de câmbio e (ii) nota promissória.
Todos os demais títulos de créditos, como o cheque, a duplicata etc., são considerados
apenas assemelhados ou cambiariformes, conforme leciona Pontes de Miranda.
letra de câmbio;
nota promissória;
cheque;
duplicata;
títulos de crédito rural (nota promissória rural, duplicata rural, cédula rural
pignoratícia, cédula rural hipotecária, cédula rural pignoratícia e hipotecária e
nota de crédito rural);
títulos de crédito industrial (cédula de crédito industrial e nota de crédito
industrial);
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debêntures;
warrant;
conhecimento de transportes;
ações;
títulos da dívida pública;
letra imobiliária;
cédula hipotecária.
Essa definição existe há mais de 200 anos, porque em poucas palavras ela trata dos
requisitos essenciais do título de crédito. Quando se fala que o crédito está incorporado
no documento, esta-se falando de cartularidade. Ademais, o conceito traz também os
requisitos da literalidade e da autonomia.
Existem diversos tipos de documentos que representam crédito, por exemplo, cartão
de crédito que coloca dinheiro para o ticket do metrô. Mas nem todo documento que
representa um crédito será necessariamente um título de crédito. Para esses
documentos que representam um crédito mas que não tem os requisitos de um título
de crédito, dá-se o nome de FALSO TÍTULO DE CRÉDITO.
Ainda dentro do conceito de títulos de crédito cumpre destacar o conceito trazido por
Alberto Asquini: “título de crédito é o documento de um direito literal destinado à
circulação, idôneo para conferir de modo autônomo a titularidade de tal direito ao
proprietário do documento e necessário e suficiente para legitimar o possuidor ao
exercício do próprio direito.”
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Assim, podemos afirmar que a função primordial dos títulos de crédito é a mobilização
do crédito. Sua finalidade é a circulação. O título de crédito só é verdadeiramente tal
quando circula. Fora daí ele deve ser visto mais como documento, do que como título
propriamente dito.
Essa visão, aliás, é consagrada pela jurisprudência, que não mais aceita o documento
formal, como meio de o credor se beneficiar de uma situação de abstração ou
autonomia. Assim é que em muitos casos, demonstrado que o título foi criado não para
atender sua função primordial de circulação e mobilização do crédito, tem-se deixado
de aplicar certos princípios favoráveis ao credor.
São conhecidos acórdãos que veem em notas promissórias emitidas unicamente como
garantia de certos contratos de financiamento, ou de abertura de crédito, não mais
um título abstrato, mas um documento representativo de um direito, para cujo
exercício se impõe a demonstração da origem do débito.
Por isso, muitos comercialistas não veem como incorretas decisões que não aceitam o
título para execução, exigindo a comprovação dos débitos mediante a anexação do
contrato e dos demonstrativos contábeis.
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Os particulares podem criar novos tipos de títulos de crédito não previstos em lei?
Como visto acima, podemos concluir, portanto, que existe uma classificação que divide
os títulos de crédito em:
TÍPICOS (NOMINADOS): são aqueles criados por uma legislação específica, que
os regulamenta. Exs: letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata,
cédulas e notas de crédito.
IMPORTANTE!!!!!
É interessante mencionar que os títulos atípicos, embora sejam títulos de crédito,
não são títulos executivos, na medida em que a executividade pressupõe um
reconhecimento legal específico. A atipicidade não atinge mais os títulos de crédito,
e sim os títulos executivos.
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O art. 903 do CC explica que a codificação privada (Código Civil) somente se aplica
para os títulos de crédito típicos de forma subsidiária. Vejamos:
“Art. 903 do CC: “Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de
crédito pelo disposto neste Código.”
Vejamos abaixo uma tabela com as principais diferenças dos títulos de crédito típicos
para os títulos atípicos:
Exemplo:
Podemos citar como exemplo de título atípico o FICA, ou “vaca-papel”, que consagra
os direitos decorrentes do contrato de parceria pecuária. O objeto do contrato é a
cessão das vacas para cria, engorda, mediante partilha dos riscos e dos lucros. O título
(vaca-papel) representaria justamente o direito ao recebimento dos lucros e à
devolução dos animais entregues.
Tal título tem sido desvirtuado, servindo para simular a existência de um mútuo com
juros extorsivos. Nesse caso, o negócoi se mostra nulo pela existência de simulação e
fraude à lei. Apesar desse desvirtuamento, a existência do título, sem qualquer
simulação ou fraude, seria perfeitamente válida, como um título de crédito atípico.
TERMINOLOGIA:
(i) cartularidade;
(ii) literalidade;
(iii) autonomia;
(iv) abstração; e
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(v) independência.
Quando a lei trata desses itens ela não os define como sendo um atributo, requisito,
princípio ou uma característica. Logo, cada doutrinador usa uma nomenclatura
diferente para definir cada um desses itens.
Exemplo:
Prof. Eunápio Borges fala em “atributos essenciais ordinários dos títulos de
crédito”.
Prof. Ricardo Negrão e Luiz Emygdio falam em “princípios essenciais ordinários
dos títulos de crédito”.
Já Rubens Requião fala em “características essenciais ordinárias”.
[nomenclatura a ser utilizada na prova EMERJ]
Passemos a análise de cada uma dessas características essenciais ordinárias dos títulos
de crédito:
1. CARTULARIDADE ou INCORPORAÇÃO:
O título de crédito deve possuir uma existência física, córporea, traduzida em uma
cártula, cuja a exibição é necessária para legitimar o exercício do direito cambial
(crédito) nele contido.
(i) A posse do título pelo devedor presume o pagamento do título. Assim, para
se ter a prova do pagamento do título, é necessária a entrega do próprio
título, afastando a regra do art. 309 do CC, que admite a validade do
pagamento feito ao credor putativo;
(ii) Somente é possível protestar o título apresentando-o; e
(iii) Só é possível executar o título apresentando-o, não suprindo a sua ausência
nem mesmo com cópia autenticada.
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O título INCORPORA de tal forma o direito creditício mencionado, que a sua entrega a
outra pessoa significa a transferência da titularidade do crédito. A aquisição da
propriedade do documento representaria a aquisição do próprio direito de crédito.
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CORRENTE 1) O STJ e parte da doutrina entendem que a duplica virtual é uma exceção
à cartularidade. Ou seja, a duplicata virtual não significa o fim da característica da
cartularidade, isso porque TODOS os demais TCs exigem a cartula, com exceção da
duplicata virtual.
O STJ (Infos 502 e 547) determina que o protesto será feito por mera indicação, mas
exige também o recibo, o boleto e o comprovante de entrega da mercadoria, ou seja,
provas de que a relação causal realmente ocorreu.
IMPORTANTE!!!
Registre-se interessante decisão do Superior Tribunal de Justiça, que
entendeu ser título executivo extrajudicial duplicatas virtuais – emitidas por
meio magnético ou de geração eletrônica, não se exigindo, para o
ajuizamento da execução judicial, a exibição do título.
Também os boletos de cobrança bancária vinculados ao título virtual
devidamente acompanhados dos instrumentos de protesto por indicação e
dos comprovantes de entrega da mercadoria ou da prestação dos serviços
suprem a ausência física do título cambiário eletrônico e constituem, em
princípio, títulos executivos extrajudiciais.
Já o mero borderô (contrato de desconto bancário) não é considerado por si
só um título executivo extrajudicial. Segundo entendimento do Superior
Tribunal de Justiça, a executabilidade nesse caso dependerá do título de
crédito dado em garantia ou à assinatura do devedor e de duas testemunhas.
Temática importante.
CORRENTE 2) Outra parte da doutrina entende que, na verdade, não se trata de uma
exceção, pois a cartularidade em si, existe, dentro de um processo de
desmaterialização dos TCs, ou seja, a cártula existe, mas é virtual.
Crítica: o art. 889, par. 3 do CC não está dizendo que o título pode ser corporificado
por um meio eletrônico, ele está dizendo apenas que o título pode ser emitido por
meios eletrônicos (titulo pode ser impresso no computador).
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2. LITERALIDADE:
Esse requisito consagra que o título de crédito se expressa por meio do enunciado
lançado na cártula, de modo que somente o que está nela escrito deve ser levado em
consideração.
Assim, podemos concluir que obrigações que não constam na cártula, não geram
efeitos cambiais.
Exemplo:
Se o título prevê expressamente um valor de R$10mil, mas foi combinado
verbalmente um valor de R$15mil só poderá ser exigido o valor literal.
Avalista em documento apartado não é devedor do título.
Assim, temos que os atos documentados em instrumentos apartados ainda que válidos,
nao podem ser opostos ao portador de boa-fé do título.
Exemplo:
A quitação dada em documento apartado não pode ser oposta ao possuidor de
boa-fé que tenha adquirido o título por meio de circulação.
STF diz que as lacunas podem ser preenchidas, conforme se depreende da redação da
Súmula 387.
Súmula 387 do STF: a cambial emitida ou aceita com omissões ou em branco pode
ser completada pelo credor de boa fé, antes da cobrança e do protesto.
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IMPORTANTE!!!!
A jurisprudência do STJ inicialmente não admitia a cobrança de encargos não
expressamente previstos no título, ainda que decorrentes do contrato
subjacente.
Todavia, tal orientação foi superada, uma vez que não haveria sentido em
não impor ao devedor uma obrigação que ele conhece e já assumiu nos
termos do contrato subjacente.
Por isso no REsp 167707 o STJ decidiu que: “a nota promissória vinculada a
contrato de empréstimo pessoal e fazendo-se acompanhar deste último, a
taxa de juros é aquela estabelecida na avença.”
Dentro da mesma linha, tem se admitido que esse outro documento a que se
refere o título de crédito supra até algum dos requisitos essenciais ao título
de crédito, uma vez que a vinculação expressa permitiria a qualquer um ter
a ciência de todos os elmentos que interessam sobre a obrigação (REsp
968.320)
Quando falamos em título de crédito estamos falando de direito privado, que está
intimamente ligado ao Princípio da Legalidade. Assim, pode-se fazer qualquer
convenção no título de crédito, desde que nao seja proibida por lei.
E se lançar na cártula uma previsão ilegal? A cártula perde seu valor juridico?
Não! A cártula não perde seu valor jurídico, isso porque as disposições ilegais lançadas
na cártula são consideradas como NÃO-ESCRITAS.
3. AUTONOMIA:
Assim, cada um dos credores ou devedores do título possui uma obrigação autônoma,
no sentido de que seu crédito ou seu débito não é afetado por questões que digam
respeito a outras pessoas.
Sob o ponto de vista dos sucessivos credores, a autonomia se aplica em duas situações
essenciais:
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AgRg no AREsp 724.963: “à luz dos arts. 915 e 916 do CC, o devedor só pode ao
portador as exceções fundadas na relação pessoal com este ou em relação ao
título, em aspectos formais e materiais, salvo na hipótese de má-fé do
endossatário, não verificada na espécie.”
Exemplo:
Romário emitiu uma nota promissória (que recebeu o aval de Ricardo) para Edmundo
que a endossou para Ronaldo. Considerando que houve 3 assinaturas (emissão, endosso
e aval), sem qualquer menção em contrário, temos 3 devedores solidários desse título.
RICARDO
SE Romário for absolutamente incapaz e não for representado, a sua obrigação é nula.
Embora seja sua assinatura que crie o título, isso não invalida o título em si, nem as
demais obrigações. Ricardo e Edmundo continuarão sendo devedores do TC. Do mesmo
modo, se a assinatura de Romário for falsa, todas as outras obrigações se mantém,
dada a autonomia das obrigações (art. 7 da LUG)
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Sendo assim, o portador do título não pode ser atingido por defesas relativas a negócios
do qual ele não participou. O título chega a ele completamente livre de vícios que
eventualmente adquiriu em relações pretéritas.
Esse princípio está assegurado no art. 7 da LUG e no mesmo sentido dispõe o art. 916
do CC.
Exemplo:
Cleber vende o celular para Nestor (compra e venda de celular). Acertam o valor de
300 reais. Nestor emite uma nota promissória com vencimento para 25/11/14. Nestor
passa a ser o devedor da nota promissória e Cleber o credor. O celular apresentou vício
e Nestor não pagou. Cleber ajuizou execução e nos embargos Nestor pode sim
apresentar a exceção pessoal de falha no produto. Mas vamos supor que Cleber passe
a nota promissória para Novelino (terceiro de boa-fé – novo credor). Novelino procura
Nestor para o pagamento e ele alega que o celular está com defeito. Isso pode? NÃO.
Aí é que está a autonomia, que é a grande garantia do crédito. Pouco importa o que
ocorreu nas relações anteriores.
Exemplo: incapaz que assina a promissória, mas o avalista que assinou no mesmo título
é capaz. Embora a obrigação do incapaz seja inválida (obrigação principal), a obrigação
do avalista é valida, logo, se o avalista for acionado, deverá pagar o valor do título.
O acessório não segue a sorte do principal quando se trata de TCs. Não há falar em
acessoriedade quando a discussão envolver um título de crédito.
4. ABSTRAÇÃO:
O atributo da abstração está presente quando a emissão do título de crédito não está
vinculada por lei a nenhuma modalidade específica de negócio jurídico.
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A abstração tem relação direta com o princípio da boa fé. Se o credor está de boa-fé
ele não ser afetado por defesas causas, isto é, por defesas ligadas ao negócio jurídico.
Por outro lado, se o credor está de má-fé, não há motivo para protege-lo e, por isso,
ele poderá ser afetado pelo negócio jurídico que deu origem ao título.
Assim, a abstração não poderá ser invocada pelo credor sempre, isto é, o credor ainda
ficará sujeito as exceções causais, baseadas no negócio subjacente, quando ele não
estiver de boa-fé. Essa ausência de boa fé se apresenta em 3 situações:
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AUTONOMIA ABSTRAÇÃO
Independência das relações Desvinculação do negócio à causa
cambiárias; debendi.
Não influência de uma obrigação
sobre as outras obrigações do TC.
5. INDEPENDÊNCIA:
A independência consagra a ideia de que o título vale por si só, não precisando ser
complementado por outros documentos. O TC basta a si mesmo.
Exemplo:
Em um eventual processo de execução de um cheque, o título é suficiente, não
precisando, em regra, ser acompanhado de outros documentos, como contratos ou
notas fiscais.
Essa característica não se aplica a todos os títulos, pois alguns títulos, como a cédula
de crédito rural, em que a própria lei estabelece a necessidade de vir acompanhada
de orçamento ou as cédulas de crédito bancário que devem ser acompanhadas de
extratos bancários.
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A não observância dos requisitos não gera nulidade do documento, mas apenas não se
reconhece ao documento os efeitos de um título de crédito (art. 888 do CC).
Assim, se uma nota promissória não contiver o nome de seu beneficiário, por exemplo,
ela nao pode ser tratada como uma nota promissória, não podendo gozar, portanto, do
tratamento peculiar dos títulos de crédito, não sendo, por exemplo, passivel de
execução.
Como no caso dos TC o devedor não tem certeza de quem é o atual credor do título
(em razão da circulação), nada mais lógico que o credor apresente o TC ao devedor
para poder exigir seu pagamento.
A natureza quesível dos TCs é o que vai justificar o instituto do protesto. Se o título
não é pago, o tabelião certifica que houve a cobrança pessoal, mas o pagamento não
foi feito.
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Em regra todos os tcs possuem caráter pro-solvendo, o que significa dizer que o
surgimento da obrigação cambial não substitui a obrigação contratual que lhe deu
causa.
O TC nasce por causa de uma relação jurídica causal para criar um crédito para uma
pessoa. Entretanto, ao nascer, ele se desprende dessa relação para possuir
negociabilidade e circulabilidade.
Exemplo:
Relação causal de c&v de imóvel: nota promissória // c&v de mercadoria ou prestação
de serviço: duplicata
Assim, a relação que deu origem ao título só se extingue com o efetivo pagamento do
título. A simples entrega do título ao credor não significa a efetivação do pagamento.
Em outras palavras, a emissão do título não extingue a obrigação que lhe deu origem,
de modo que as duas, a obrigação cambial e a originária, coexistem.
Existe alguma exceção à regra de que os títulos de crédito tem natureza pro
solvendo?
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Exemplo:
Maria comprou um sapato com um cheque. A loja endossou o cheque para um credor
X seu. Caso X perca o prazo de apresentação do cheque, ele terá direito de ingressar
com ação monitória. Caso também perca o prazo da ação monitória, terá direito a
ingressar com uma ação de conhecimento devendo provar toda a relação causal até o
título chegar em suas mãos. Entretanto, se o TC tiver natureza pro soluto, a relação
causal não existirá mais e ele não terá mais esse direito.
CIRCULAÇÃO:
Uma das funções do TC é justamente permitir a circulação mais ágil de riquezas, daí
falar-se em cambiariedade dos TCs, entendida como a possibilidade de mudança do
credor, a possibilidade de transferência do crédito.
Isso não quer dizer, contudo, que os títulos de crédito sempre vão circular. Os TC
nascem para circular e essa é uma possibilidade que, em regra, se põe à disposição do
credor.
TÍTULOS DE APRESENTAÇÃO:
TÍTULO DE RESGATE:
EXECUTIVIDADE:
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O art. 783 do CPC exige que a execução seja fundada em um título liquido, certo e
exigível. Assim, qualquer título só poderá ser executado se atender esses 3
pressupostos.
O títulos de crédito possuem, a princípio, liquidez e certeza, uma vez que o documento
é suficiente para atestar a existência do crédito e, em regra, seu valor ou os critérios
para se chegar a seu valor estão definidos no título. Isso não impede, todavia, provas
em sentido contrário que podem afastar a liquidez ou a certeza do título de crédito.
SOLIDARIEDADE CAMBIÁRIA:
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DO COSMOPOLITISMO:
Os títulos de crédito foram criados com ânimo de gerar circulação de riqueza mesmo
fora dos limites geográficos de um único país. Dentro desse contexto, percebe-se um
esforço a nível mundial de harmonizar o tratamento dos títulos de crédito, o que se
traduz no cosmopolitismo e tem sua maior expressão na LUG que é o tratado
internacional assinado por todos os países civilizados do mundo e que contém regras
básicas de direito cambial que no Brasil valem para TODOS os títulos de crédito típicos.
Os títulos de crédito apresentam várias formas possíveis e, por isso, podem ser reunidos
em categorias para efeito de classificação, cujo valor é apenas didático e não guarda
uniformidade na doutrina. Vejamos abaixo algumas dessas classificações:
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Casos Concretos:
Questão 1)
Resposta:
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que haveria a necessidade de lei específica sobre cada título de crédito. Assim, os
particulares poderiam criar documentos de crédito, mas não títulos de crédito; logo,
tais documentos não seriam passíveis dos institutos típicos dos títulos de crédito, como
endosso e aval, e seriam submetidos ao regime geral dos contratos.
CORRENTE 2) Corrente defendida por Luiz Emygdio Rosa Júnior, José Engrácia Antunes,
Newton de Lucca, Marlon Tomazette defende que é possível SIM a compatibilização da
duplicata virtual com a cartularidade, pois se destinam a negócios peculiares quando
os títulos típicos não sejam capazes de atender às necessidades privadas.
Questão 2)
Por que se pode afirmar que a nota promissória, na condição de título cambiário, é
um título de crédito cartular, literal, autônomo e abstrato?
Resposta:
A nota promissória se refere a uma promessa de pagamento em que o saque cria duas
posições jurídicas: o sacador e o sacado. Dessa forma, diz-se que se trata de um título
CARTULAR porque o crédito deve estar materializado em um documento, ou seja, para
a transferência do crédito é necessária a transferência do documento.
Além disso, entende-se que esse é um título LITERAL porque só tem validade para o
direito cambiário as relações constantes do próprio título e, por isso, assegura a
certeza quanto à natureza, conteúdo e modalidade da prestação prometida ou
ordenada, impedindo que meros ajustes verbais possam influenciar no exercício
mencionado no título.
É também tido como um título AUTÔNOMO, uma vez que as relações jurídico-cambiais
são autônomas e independentes entre si. Dessa forma, as obrigações cambiárias não
dependem da validade de uma declaração do subscritor.
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Por fim, é considerado como ABSTRATO em virtude do fato que com a transferência do
título a terceiro de boa-fé ocorre a desvinculação do negócio que lhe deu origem.
Questão 3)
Resposta:
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LETRA DE CÂMBIO:
Quem cria o título promete que outra pessoa efetuará o pagamento. Neste documento
o que interessa é que o sacador promete que o sacado vai pagar o beneficiário.
NATUREZA JURÍDICA:
(i) SACADOR (EMITENTE): é aquele que emite a letra, aquele que ordena o
pagamento para o sacado e responde pelo não cumprimento por parte deste.
Em suma, o sacador dá uma ordem ao sacado para que ele pague determinada quantia
ao beneficiário.
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SACADOR SACADO
BENEFICIÁRIO
Destaca-se, ainda, que uma mesma pessoa pode ocupar mais de uma posição (ex.:
sacador e tomador ou sacador e sacado). Dessa forma, o sacador, sacado e tomador
não precisam necessariamente ser pessoas diferentes. É possível, por exemplo, sacador
e tomador serem a mesma pessoa.
De fato, a LUG admite, em seu art. 3.º, que a letra seja sacada:
No Brasil a letra de crédito não vingou, pois foi substituída pela duplicata.
O saque é o ato de criação do título de crédito, exercido pela figura do sacador, que
o emite em favor de um terceiro (tomador) ou do próprio sacador. Ainda, também é
possível que o sacador emita um título de crédito em desfavor dele mesmo (ex.1).
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Da mesma maneira, a LC pode ser objeto de AVAL. Com o aval, passa-se a ter a figura
do avalista e do avalizado.
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL:
Assim, temos como legislação primária a LUG naquilo em que não foi objeto de reserva
e também os dispositivos citados do Decreto 2044/1908 em relação às reservas e
omissões da LUG. Além disso, é certo que o Código Civil (art. 903) se aplicará
supletivamente, ou seja, na ausência de legislação especial.
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Assim, caso seja adotada uma reserva ou sendo a LUG omissa, tem aplicação o Decreto
2.044/1908 que permanece em vigor. Veja o quadro abaixo:
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vencimento. A
inobservância só opera
5 Art. 38 (completar) efeitos se a letra é
“sem despesas” (perda
do direito de ação
contra os coobrigados -
art. 53 da LUG);
2) Se for pagável no
território nacional, tem
que ser exibida até o
vencimento, sob pena
exclusiva de perdas e
danos.
Permite a
determinação interna
do que seja câmara de
compensação. Norma
6 Art. 38, al. 2ª inaplicável por falta de
definição pátria (PL
3608/2008 arquivado).
Pagamento efetivo em
moeda nacional pode
eventualmente
7 Art. 41, al. 3ª (pode sujeitar-se as condições
ser afastado) de câmbio previstas no
art. 41, al. 1ª
Prazo para protesto por
falta de pagamento,
9 Art. 44, al. 3ª Art. 28 como sendo o 1º dia útil
seguinte ao
vencimento.
Vencimento
extraordinário da letra
10 Art. 43, nº 2 e 3; Art. 19, II pelo não aceite ou a
Art.44, nº 5 e 6 falência do aceitante.
13 Art. 48, “2” e 49 Art. 406 do CC Fixação interna de taxa
de juros.
Direito do portador à
indenização em caso de
decadência ou
15 Art. 48 prescrição, com o
locupletamento injusto
do sacador ou
aceitante.
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Constituição de
16 provisão à data do
vencimento e direitos
especiais do portador
sobre essa provisão.
Fixação interna das
causas de interrupção e
prescrição; e também
do início da prescrição
17 Art. 71 Art. 202, III do CC para a ação de regresso
de endossante contra
endossante ou sacador.
Liberdade na
19 Art. 75, item 1 Art. 54, I nomenclatura das notas
promissórias.
Aplicação das reservas
20 Art. 46 e art. 77 às notas promissórias.
da LUG
OBRIGAÇÕES DO SACADOR:
Obs: tal nomenclatura é de suma importância, visto que a prescrição cambial contra o
devedor principal é de 3 anos, enquanto a prescrição cambial contra os coobrigados
garantidores é de 1 ano.
A garantia do aceite significa que no caso de negativa do aceite, o sacador poderá ser
demandado direta e antecipadamente pelo crédito. Por sua vez, a garantia do
pagamento significa que diante de negativa do pagamento pelo aceitante, o sacador
poderá ser demandado diretamente por todo o valor do título.
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A letra de câmbio se refere a uma declaração de vontade, devendo, por isso, atender
certos requisitos intrínsecos do art. 104 do CC, destacando-se:
Art. 888 do CC: “A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua
validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que
lhe deu origem.”
Os requisitos se dividem em dois grupos, os essenciais, que não podem estar ausentes
de forma alguma, e os não essenciais, que podem ser supridos.
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1. REQUISITOS ESSENCIAIS:
Prevalece que a lei não veda o saque cambial com correção monetária por
índice oficial ou de amplo conhecimento no comércio.
A cláusula de juros é permitida nas letras: (a) à vista; (b) a certo termo de
vista. O título deve indicar a taxa, contando-se da data da emissão, se outra
não for indicada.
c) Nome do Sacado: deverá haver também a sua identificação pelo RG, CPF, título
de eleitor ou carteira profissional.
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Não possuindo um dos Requisitos Essenciais, o título não é considerado nulo, mas
ineficaz cambiariamente.
b) Local de Emissão: tal requisito não é essencial porque pode ser suprido. Assim,
se não houver indicação do local, considerar-se-á o indicado ao lado do nome
do sacador, que também será seu domicílio. Não havendo nenhuma indicação,
a letra é nula, não gozando de eficácia cambial.
INSTITUTOS CAMBIÁRIOS:
A par dessa declaração, que sempre existirá, podem surgir outras declarações de
vontade na letra de câmbio, tais como:
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As várias declarações que eventualmente sejam feitas na letra de câmbio são todas
independentes entre si, ou seja, os vícios de uma das declarações não afetam as
demais. Cada declaração de vontade é autônoma e se mantém imune a problemas nas
outras declarações.
TÍTULO EM BRANCO:
A presença dos requisitos impostos em lei faz com que o documento seja considerado
como um título de crédito. Todavia, a verificação da obediência desses requisitos não
é necessária desde a emissão do título.
Contudo, eles deverão ser completados antes da cobrança ou protesto do título (STF,
Súmula 387 e CC, art. 891) – o portador de boa-fé é procurador bastante do sacador
para completar o título - TEORIA DO MANDATO IMPLÍCITO OU PRESUMIDO.
Art. 891 do CC: “O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser
preenchido de conformidade com os ajustes realizados.
Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes previstos neste artigo pelos que
deles participaram, não constitui motivo de oposição ao terceiro portador, salvo
se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé.”
Emitido o título em branco, isto é, sem todos os elementos exigidos pela legislação, é
certo que pode haver o preenchimento do título ao longo da sua vida, mas antes do
exercício do direito. Esse preenchimento das lacunas da letra emitida em branco pode
ser feito pelo próprio credor do título, que possui uma espécie de mandato para
preencher o documento.
Caso o devedor emita um título em branco, compete a ele devedor demonstrar que o
preenchimento pelo credor foi abusivo. A princípio presume-se a boa-fé do credor,
competindo ao devedor a prova de má-fé. Demonstrada a má-fé, qualquer obrigação
presente no título se tornará inexigível.
VENCIMENTO E PAGAMENTO:
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(iv) A tempo certo termo da vista: o prazo somente começa a correr da data do
aceite e, na falta deste, do protesto.
VENCIMENTO ANTECIPADO:
Mesmo que tenha sido estipulada uma data de vencimento, em determinados casos o
título vence antecipadamente, ou seja, torna-se exigível antes do dia inicialmente
previsto.
Pela difusão dos títulos de crédito para operações não empresariais, a insolvência civil
do devedor, decretada judicialmente, também é uma hipótese de vencimento
antecipado.
PRORROGAÇÃO DO VENCIMENTO:
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PAGAMENTO:
O pagamento deverá abranger aquilo que está escrito no título. Contudo, nem sempre
o pagamento se limitará a tal valor, podendo haver a incidência de alguns encargos
sobre o valor previsto no título.
Tais encargos podem ser dos mais diversos tipos (multas, juros de mora, juros
remuneratórios), sendo certo que, a maior parte desses encargos, somente poderá ser
exigidoa se estiver expressamente prevista no título.
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Trata-se de mora ex re que não depende de qualquer notificação ao devedor, uma vez
que ela é caracterizada pelo simples fato do não pagamento no vencimento.
O STJ se divide em relação a taxa de juros a ser cobrada nesses casos. Em que pese a
Corte Especial ter entendido no REsp 727.842 que os juros de mora decorrentes do
descumprimento de obrigação civil são calculados conforme a taxa Selic, por ser ela
que incide como juros moratórios dos tributos federais; posteriormente, ainda se
verificam decisões divergindo sobre o tema. Nesse sentido, registre a decisão do STJ
que diz que “as Turmas integrantes da Segunda Seção deste Tribunal firmaram sua
orientação no sentido de que, na responsabilidade extracontratual, os juros de mora
incidem a partir do evento danoso (Súmula 54 do STJ), pela taxa do art. 1062 do
CC/1916 até 10-1-2003 (0,5% ao mês) e, após essa data, com a entrada do CC/02, pela
prevista no art. 406 (1% ao mês).
Não!!! Os JUROS REMUNERATÓRIOS, por sua vez, têm como função remunerar o credor
pela indisponibilidade do capital. A ideia fundamental aqui é a de frutos civis do
capital, e não de uma sanção como nos juros moratórios.
Os juros remuneratórios não decorrem automaticamente da lei. Assim, para que eles
possam ser exigidos nos títulos de crédito, é essencial que eles estejam previstos no
documento, por força do princípio da literalidade.
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Em regra, a prova de pagamento do título deve ser feita por escrito no próprio título,
isto é, o recibo de quitação NÃO deverá ser dado em instrumento separado, mas no
próprio documento.
Tal exigência visa a proteger o próprio devedor, uma vez que qualquer pessoa que tiver
o título em mãos saberá que o título já foi pago. O recibo dado em separado não tem
valor perante terceiros, produzindo efeitos apenas na relação entre as partes,
produzindo efeito apenas entre as partes. Assim, se o título circular e chegar às mãos
de um terceiro de boa-fé, o devedor será obrigado a pagar novamente.
Destaca-se, por fim, que a simples entrega do título representa apenas uma presunção
de pagamento, que poderá ser elidida por prova em contrário nos 60 dias que se
seguirem (art. 324 do CC).
Ocorrendo pagamento parcial, deverá haver uma dupla quitação, uma escrita no título
e outra em separado. Não havendo falar em entrega do título nesse caso, uma vez que
ele ainda será usado para cobrança do valor restante.
Se o devedor resolver pagar antes o título, ele assumirá o risco integral por tal
pagamento, não gozando das normas que protegem o devedor, isto é, se fizer o
pagamento à pessoa errada, será obrigado a pagar de novo.
Caso o portador do título o recuse, ele perde o direito contra os obrigados indiretos
em relação à quantia oferecida para pagamento. Tal regra visa a proteger os devedores
indiretos, que só devem responder pela falta de pagamento do devedor principal ou
do sacdo. Se a falta de pagamento é parcial, sua responsabilidade também deverá ser
parcial.
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Destaca-se, ainda, que o pagamento parcial não representa o efetivo pagamento, isto
é, ele equivale a um não pagamento, que deverá ser demonstrado por meio de
protesto, para que o credor possa cobrar a parte faltante dos devedores indiretos.
Como funciona o perdão da dívida (remissão) no caso dos títulos de crédito com
mais de um devedor solidário?
Tal regra também será aplicável aos títulos de crédito, mas deverá ser compatibilizada
com o regime cambiário. Nesse caso, temos devedores solidários, mas há aqui uma
solidariedade cambial entre os devedores, na qual o direito de regresso se exerce pela
totalidade da obrigação.
Assim, nos títulos de crédito, a remissão vai beneficiar a pessoa a quem foi dirigido o
perdão, bem como os coobrigados posteriores, como se fosse o próprio pagamento
feito pelo codevedor.
APRESENTAÇÃO:
Art. 38 da LUG: “O portador de uma letra pagável em dia fixo ou a certo termo
de data ou de vista deve apresentá-la a pagamento no dia em que ela é pagável
ou num dos 2 (dois) dias úteis seguintes.”
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O Brasil, contudo, formou reserva prevista no art. 5 do Anexo II, prevalecendo, pois, a
regra prevista no art. 20 do Decreto 2044, que dispõe:
A apresentação deverá ser feita pelo portador legítimo de título (art. 38 da LUG) que
é a pessoa que justifica o seu direito pela presenção do seu nome no título, ou por uma
sequência ininterrupta de endossos.
A apresentação se justifica pois esses são os devedores principais do título, logo são
eles que têm a obrigação final de efetuar o pagamento.
Via de regra, nos títulos à vista, a apresentação deverá ocorrer até 1 ano após a
emissão do título, admitida alterações desse prazo pelo sacador e apenas reduções
pelos endossantes.
Nos demais tipos de vencimento, a apresentação deve ser feita no dia do vencimento,
ou em um ou dois dias úteis seguintes (art. 38 da LUG). O Brasil adotou a reserva ao
texto da LUG, prevista no art. 5 do anexo II do Decreto 57.663/66 pelo qual poder-se-
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á prever que, “em relação às letras pagáveis no seu território, o portador deverá fazer
a apresentação no próprio dia do vencimento”.
Para a maior parte da doutrina, contudo, está em vigor a norma do art. 20 do Decreto
2044/08, exceto no que tange à sanção, que exige a apresentação no dia do
vencimento, ou, se feriado, no primeiro dia útil imediato.
A não apresentação do título no prazo não implica a apreda de quaisquer direitos conra
os devedores indiretos, o que só ocorrerá se não for feito o protesto.
PROTESTO:
AÇÃO CAMBIAL:
Casos Concretos:
Questão 1)
Resposta:
A letra de câmbio consiste na ordem de pagamento pura e simples emitida pelo sacador
contra o sacado, em favor do tomador, no valor e nos termos dela constantes. Por
outro lado, o aval consiste na garantia pessoal do crédito que pode ser tida pela simples
assinatura no anverso.
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O caso concreto versa sobre a possibilidade de aval parcial. Observa-se que o art. 897,
§ ún. do CC traz uma vedação quanto a sua possibilidade, excepcionando-a no caso de
disposição diversa em lei especial. O art. 30 do Dec. 57.663/66 traz a possibilidade de
o aval se dar pelo total ou parte do crédito, não devendo ser aplicada a vedação do
Código Civil.
Com base nos argumentos acima deve ser acolhida a alegação do embargante,
limitando a sua responsabilidade a 50% do crédito.
Questão 2)
Resposta:
Entre os requisitos para a letra de câmbio destacam-se: (i) data do saque e (ii) local
de sua emissão.
Por sua vez, o requisito de indicação do local da emissão é tido como um requisito não
essencial, ou seja, suprível. Assim, se não houver indicação do local, considerar-se-á
o indicado ao lado do nome do sacador, que também será seu domicílio. Não havendo
nenhuma indicação, a letra é nula, não gozando de eficácia cambial.
No caso concreto, observa-se que tanto o local quanto a data estão ausentes no título
e, por isso, esse deve ser considerado nulo ante a ausência de elemento essencial de
validade. A LC não gozará, portanto, de eficácia cambial.
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EMENTA: SAQUE.
Obrigação do sacador.
ACEITE (conceito).
Forma.
Data do aceite.
Lugar de apresentação.
Apresentação para aceite.
Entrega e retenção do título.
Efeitos do aceite.
Falta e recusa do aceite.
Aceite qualificado.
Cláusula não aceitável.
SAQUE:
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OBRIGAÇÃO DO SACADOR:
O sacador é aquele que cria a cártula, logo deverá responder por esse fato. Por essa
razão ele é considerado o garante da obrigação cambiária. Ele assume a
responsabilidade pelo adimplmento da obrigação cambiária.
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ACEITE:
Assim, temos que o aceite é uma declaração unilateral de vontade dada pelo sacado
antes do vencimento do título que, ao se tornar aceitante de forma espontânea, torna-
se também o devedor principal passando a integrar a relação cambiária. Portanto, nos
títulos de crédito emitidos pelo próprio devedor cambial, não há que se falar em
aceite.
O aceite é facultativo e imotivado, mas uma vez feito, é irretratável, pois caso o
tomador endosse o TC aceito para um terceiro, este pressupõe que poderá cobrar o TC
do aceitante.
Uma das funções da letra de câmbio é unificar em uma única relação cambiária duas
relações de crédito.
Exemplo: Sacador era credor do sacado (relação 1) e uma outra relação entre sacador
e beneficiário (relação 2 – em que o sacador é devedor do beneficiário). A LC consegue
unificar 2 relações de crédito em uma única relação cambiária.
Letra de câmbio
Sacado
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Todo aquele que opuser sua assinatura na letra, ainda que não seja o sacado, será
considerado aceitante. Ou seja, um representante sem poderes do sacado será
considerado o aceitante da LC e devedor principal do título de crédito.
Por outro lado, diante do aceite, os demais obrigados (sacador e endossantes) são
garantidores do pagamento do título de crédito, não devedores. Portanto, no
vencimento da LC, se o sacado não pagá-la, mesmo tendo aceitado, os demais
coobrigados poderão ser acionados.
Art. 8 da LUG: “Todo aquele que apuser a sua assinatura numa letra, como
representante de uma pessoa, para representar a qual não tinha de fato poderes,
fica obrigado em virtude da letra e, se a pagar, tem os mesmos direitos que o
pretendido representado. A mesma regra se aplica ao representante que tenha
excedido os seus poderes.”
O art. 8º da LUG estabelece que todo aquele que opuser sua assinatura na letra, como
representante de uma pessoa, para representar a qual não tinha de fato poderes ou
extrapolar seus poderes, fica obrigado em virtude da letra. A isso se chama aceite a
rogo.
Não!!! O aceite é instituto exclusivo do direito cambiário aplicável nos casos de ordens
de pagamento à prazo, ou seja, em que há um lapso temporal entre a emissão da
cártula e a data do seu vencimento.
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o aceite ele não integra a obrigação cambiária, e aí ele não pode ser demandado para
cumprir essa obrigação.
Não se pode exigir do sacado que não aceitou o cumprimento da obrigação cambiária.
Ele só se torna devedor quando dá o seu aceite. Ele é chamado de devedor direto pois
ele pode ser chamado a cumprir a obrigação cambiária na data do seu vencimento. No
caso do aceitante é desnecessário o protesto pois ele é devedor direto.
A duplicata é emitida nas compras e vendas com prazo superior a 30 dias e nas
prestações de serviço. O credor-vendedor emite a duplicata diretamente ao devedor-
comprador. O aceite é portanto juridicamente obrigatório. Ainda que o devedor não
dê formalmente o seu aceite, ele está vinculado ao cumprimento da obrigação.
CARACTERÍSITICAS DO ACEITE:
(i) EVENTUAL: o aceite é eventual ou facultativo, ou seja, o aceite pode ser dado
ou não. O fato de não ter aceite não retira a eficácia do título. Ainda que não
haja o aceite do sacado, a obrigação cambiária continua a existir e o sacador se
tornará garante dessa obrigação.
(ii) ATO FORMAL: o aceite deve ser dado formalmente no título. O aceite quanto ato
formal pode ser de 2 tipos:
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O aceite é manifestação direta do sacado ou pode ser feita por um terceiro com
poderes especiais. Se esse terceiro não tiver poderes especiais, ele passa a se obrigar
pessoalmente na condição de aceitante pelo cumprimento da obrigação.
FORMA DE ACEITE:
Para assumir a condição de devedor do título, o sacado deve expressar sua vontade
aceitando a ordem que lhe foi dada. Essa manifestação de vontade deve ser
exteriorizada no próprio título, mediante a assinatura do sacado ou de procurador com
poderes especiais.
Via de regra o aceite deve ser firmado no próprio título em razão do princípio da
literalidade, em que vale aquilo que está no título, contudo a doutrina diverge sobre
o tema:
CORRENTE 1) Corrente capitaneada por Bulgarelli e Mamede defende que o aceite fora
do título produz efeitos normalmente, tornando o sacado devedor da obrigação.
CORRENTE 2) Corrente defendida por Luiz Emygdio sustenta que o aceite dado em
separado produz efeitos não cambiários, como um reconhecimento de dívida, mas
admite a possibilidade do aceite dado em separado, no caso de aceite riscado pelo
sacado, nos termos do art. 29 da LUG.
Art. 29 da LUG: “Se o sacado, antes da restituição da letra, riscar o aceite que
tiver dado, tal aceite é considerado como recusado. Salvo prova em contrário, a
anulação do aceite considera-se feita antes da restituição da letra.
Se, porém, o sacado tiver informado por escrito o portador ou qualquer outro
signatário da letra de que aceita, fica obrigado para com estes, nos termos do seu
aceite.”
Todavia, se ele comunicou por escrito a qualquer dos signatários da LC que deu o
aceite, ele fica vinculado em relação a essas pessoas que receberam a comunicação.
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Não se trata exatamente de um aceite dado fora do título, mas da não produção dos
efeitos do cancelamento do aceite em relação àqueles que foram comunicados. [TIRAR
DÚVIDA PROF]
DATA DO ACEITE:
Caso não seja colocado o dia do aceite nas letras a certo termo da vista, o portador
poderá promover um protesto por falta da data de aceite, cujo dia será estabelecido
como o dia do aceite. Tal protesto não é essencial, na medida em que, para efeito do
vencimento do título, considera-se a data do aceite o último dia do prazo para
apresentação (art. 35 da LUG), contando-se daí o respectivo prazo.
LUGAR DE APRESENTAÇÃO:
A apresentação para aceite é o ato por meio do qual o credor apresenta materialmente
o título ao sacado para que ele aceite ou não a obrigação.
O prazo para apresentação do título para aceite, em regra, é até a data de vencimento
do título. Até o vencimento o credor pode apresentar o título para aceite.
Na verdade, como regra geral, a apresentação para aceite acaba sendo uma garantia
para o credor de que ele tem uma pessoa para exigir no momento do vencimento sem
a necessidade de protesto. É uma garantia para ele, pois ele apresenta antes do
vencimento e já fica sabendo se vai ter um devedor ou não para a obrigação. Mas nada
impede que ele apresente o título na data do vencimento, já para pagamento. Aí se o
sacado pagar está implícito que ele aceitou e pagou.
Nos títulos com vencimento à vista não se tem a apresentação para aceite. Os títulos
com vencimento à vista são aqueles títulos que vencem no momento da apresentação.
A exibição do título já leva ao vencimento porque o título é a vista, não sendo
aplicável, nesse caso, o instituto do aceite.
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Será que nos títulos com vencimento à vista há uma absoluta impossibilidade para
apresentação para aceite?
Tem-se admitido aceite em título com vencimento à vista, desde que não se coloque
a data, porque se colocar data venceu naquela data e se não pagar vai ter que
protestar. O objetivo aqui é apenas dar a certeza ao credor de que o sacado aceitou o
aceite.
Essa apresentação deve se dar, como regra, até 1 ano a contar da data de emissão do
título, sob pena de se perder o direito de cobrar os demais coobrigados.
Esse prazo de 1 ano pode ser ampliado ou reduzido pelo sacador quando emite o título.
O sacador pode estabelecer o prazo maior ou menor de 1 ano para apresentação do
título para aceite.
Os endossantes também podem alterar esse prazo caso o título circule antes da
apresentação para aceite. Só que no caso dos endossantes, eles só podem REDUZIR
esse prazo, eles não podem aumentar esse prazo.
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O prazo para exibição da letra de câmbio só possui consequência em face dos demais
coobrigados, pois a exibição para aceite fora do prazo gera a exoneração dos demais
coobrigados, de forma que o portador só poderá cobrar do devedor principal se este
houver dado o aceite, ainda que fora do prazo (art. 53, lug).
A letra emitida à certo termo da vista é apresentada para vista no prazo de 1 ano
(salvo pacto expresso em contrário) e, depois dela, começa a correr o prazo de
vencimento do pagamento.
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Ex: vence daqui 6 meses (da data de emissão) - se a letra foi emitida na 6ª f, o prazo
começa na 2ª f.
A legislação não estabelece o prazo no qual deverá haver a devolução do título, sendo
razoável admitir que esse prazo seja de 24 horas, caso não haja nenhum prazo
combinado entre as partes. Passado esse prazo, a retenção do título se mostra
indevida, sendo cabivel medidas de tutela de urgência visando a busca e apreensão do
título.
TIPOS DE ACEITE:
(i) ACEITE TOTAL: é a regra, em que o Sacado assume o Valor do TC por inteiro.
(ii) ACEITE PARCIAL: é a exceção, em que o sacado assume apenas uma parcela
do valor do TC, ou seja, apenas parte da obrigação cambiária. Sendo o
aceite parcial, considera-se que houve recusa sobre o montante restante,
ocasionando o vencimento antecipado sobre o valor recusado.
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Art. 26 da LUG: “O aceite é puro e simples, mas o sacado pode limitá-lo a uma
parte da importância sacada. Qualquer outra modificação introduzida pelo aceite
no enunciado da letra equivale a uma recusa de aceite. O aceitante fica, todavia,
obrigado nos termos do seu aceite.”
OBS: São chamados de aceite qualificado tanto o aceite limitativo (aceite parcial)
quanto o modificativo, devendo ficar atento em provas objetivas.
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(v) ACEITE POR INTERVENÇÃO: é aquele em que um terceiro que não o sacado
aceita a ordem de pagamento e assume a condição de devedor.
EFEITOS DO ACEITE:
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Exemplo: o sacado está internado na UTI ou o sacado está viajando fora do país.
Nota-se que aqui não há propriamente uma recusa, há, na verdade, uma
impossibilidade de aceitação. Nesse caso, o credor poderá aguardar até o termino do
prazo de apresentação do aceite para reapresentar.
O aceite pode ser dado, como regra, até a data de vencimento do título (exceto se for
letra a certo termo de vista que terá como prazo 1 ano para apresentação por aceite).
Então, o credor tem todo esse lapso temporal para obter o aceite e ter a garantia do
aceitante. Se o credor não quiser esperar, o credor faz o PROTESTO POR FALTA DE
ACEITE, que tem como consequencia o vencimento antecipado da obrigação cambiária
e o credor vai poder exigir imediatamente de TODOS os coobrigados o cumprimento da
obrigação.
Ela será tácita quando o sacado agir de modo inequivocamente a não aceitar.
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Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Nesses casos o credor fará o protesto por recusa do aceite antecipando o vencimento
da obrigação.
Esse aceite parcial é considerado uma recusa de aceite. O aceitante parcial se vincula
a obrigaçao na forma como ele aceitou, ou seja, se ele aceitou parcialmente, ele se
vincula ao crédito parcial. Por conta disso, o credor não é obrigado a aceitar o aceite
parcial. Então, o credor tem a possibilidade de nesses casos em que há uma limitaçao
de aceite, PROTESTAR POR RECUSA DE ACEITE, acarretando o vencimento antecipado
da obrigação cambiária.
A LUG autoriza no art. 24 que o sacado peça ao credor que apresente o título para
aceite no dia seguinte a data em que ele apresentou o título para aceite. O sacado
teria 24 horas para refletir se aceita ou não aquela obrigação (PRAZO PARA RESPIRO).
Art. 24 da LUG: “O sacado pode pedir que a letra lhe seja apresentada uma
segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentação. Os interessados somente
podem ser admitidos a pretender que não foi dada satisfação a este pedido no
caso de ele figurar no protesto.
O portador não é obrigado a deixar nas mãos do aceitante a letra apresentada ao
aceite.”
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Se ele por escrito comunicar que aceitou e depois cancelar o aceite, ele fica vinculado
a obrigação cambiária, mas tão somente aquela pessoa que ele comunicou a sua
aceitação.
Exemplo:
Credor apresentou o título para o sacado. O sacado vai e dá o aceite no título e manda
e-mail dizendo que deu o aceite na obrigação. Depois que ele envia o email, ele desiste
e risca o aceite e devolve o título para o credor e o credor endossa esse título para
frente. Perante esse credor que ele mandou o email ele está vinculado, perante os
demais ele nao esta vinculado.
Por outro lado, a garantia de pagamento não é exonerável, sendo considerada não
escrita.
Admite-se que o sacador insira na cártula uma cláusula proibitiva de aceite, tambem
chamada de cláusula não aceitável.
SIM!!!! Pode se apresentar o título para aceite, e se houver o aceite, ok, tudo bem.
Agora se houver a recusa, o portador estará impedido de protestar o título, porque nao
podia nem ter apresentado para aceite.
Não!!! Nos títulos com vencimento a certo termo de vista não é possível essa cláusula
proibitiva de aceite. Porque os títulos com certo termo de vista tem que ter
necessariamente a data do aceite, logo, não se pode ter uma cláusula proibitiva de
aceite.
Casos Concretos:
Questão 1)
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Resposta:
Questão 2)
Credor de letra de câmbio com vencimento a certo termo de vista apresentou o
título para aceite do sacado dois anos da data de emissão. Em razão da recusa do
aceite, ajuizou ação cambial em face de um dos endossantes, que, em embargos,
alegou que a letra, com vencimento a certo termo de vista, só tem força executiva
se comprovada a dação de aceite pelo sacado.
Resposta:
No caso em questão, não procedem os embargos, pois em havendo recusa do aceite
pelo sacado, o prazo de vencimento é contado a partir do protesto comprobatório da
recusa, não sendo o aceite requisito essencial para a execução dos coobrigados de letra
de câmbio.
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EMENTA: ENDOSSO I.
Conceito.
Pressuposto.
Forma.
Endosso em branco e em preto.
Endosso parcial.
Efeitos do endosso.
Diferenças do endosso para a cessão de crédito.
Cadeia de endossos.
ENDOSSO:
O endosso é o ato por meio do qual o portador da cártula a transfere a terceiro, bem
como o direito nela corporificado. O endosso é instituto exclusivo do direito cambiário.
É o ato em que o credor (portador da cártula) transfere esse título e o crédito para
terceiro.
Deve-se destacar que, salvo cláusula expressa em sentido contrário, nos títulos de
crédito típicos, a obrigação cambiária é sempre solidária e de regresso com relação
aos endossantes anteriores, que tornam-se devedores cambiários indiretos,
garantidores solidários, não havendo benefício de ordem entre os endossantes.
contudo, é necessária a prova de que o aceitante não pagou o TC por meio do protesto.
Por outro lado, no caso dos títulos atípicos (não previsto em lei e regidos pelo CC), o
art. 914 determina que os endossantes não são garantidores solidários, salvo cláusula
expressa em sentido contrário.
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Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Caso E cobre de qualquer um que não seja o devedor principal e este dê quitação
parcial ao TC, o título continuará sendo exigível dos endossatários posteriores ao
pagador pela parte não paga que não ficarão exonerados. O pagador terá direito de
regresso contra o sacador, o tomador, o aceitante e outros coobrigados anteriores.
Dessa forma, a referida cláusula serve como pressuposto para que se transfira o título
de crédito por meio do endosso.
Por ser o endosso a forma usual de transferência, o art. 11 da LUG e art. 17 da Lei
7.357/85 estabelece que a cláusula à ordem será presumida na letra de câmbio, na
nota promissória e cheque. Nesses casos, caso queira se impedir o endosso, deve-se
escrever expressamente a cláusula não à ordem ou outra equivalente.
Inserida expressamente a cláusula não à ordem, o título só poderá ser transferido com
a forma e os efeitos de uma cessão ordinária de créditos (LUG – art. 11, Lei no 7.357/85
– art. 17, § 1º), vale dizer, sem a mesma agilidade e segurança para o credor, garantida
pelo endosso.
CORRENTE 1) Corrente defendida por Alberto Asquini e Luiz Emygdio da Rosa Jr – afirma
que o endosso não irá produzir qualquer efeito, uma vez que a legislação exige que a
transferência do título se dê como a forma e os efeitos de uma cessão de crédito.
Embora a lei fale que, com a cláusula não à ordem, o título só poderá ser transferido
com a forma de uma cessão ordinária de créditos, é certo que o endosso feito nesse
caso tem todos os elementos necessários para a cessão de crédito, permitindo a
conversão substancial do negócio jurídico. Nesse caso, as duas partes manifestaram
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Emerj CPIII-A Direito Empresarial
sua vontade de transferir e de receber o título, o que, mesmo sem um contrato escrito,
é suficiente para a cessão de crédito. Além disso, é claro que intenção das partes era
de efetivamente transferir o título.
OBSERVAÇÃO:
Segundo o prof. é muito comum dizer que o endosso é modo de transmissão ou
transferência do título à ordem, ou seja, aqueles títulos em que se tem indicação do
beneficiário e não há claúsula proibitiva do endosso. No entanto, a própria LUG
ressalva a possibilidade de endossar qualquer letra de câmbio (art. 11 da LUG). Assim,
toda letra de câmbio mesmo que não envolva a claúsula à ordem é transmissível por
endosso.
Assim, mesmo os títulos ao portador podem ser endossados. O endosso não se resume
a transmissão dos títulos à ordem. A unica vedação ao endosso são os títulos não a
ordem, nesses casos a transmissão se dará pela cessão civil dos títulos.
FORMA DO ENDOSSO:
Caso não haja espaço suficiente no título, deverá colar uma folha de papel (anexo ou
alongamento) ao título e endossar nessa folha, que, para todos os efeitos, é o próprio
título de crédito.
CARACTERÍSTICAS DO ENDOSSO:
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(iii) FORMAL: o endosso por ser formal tem que ser feito no próprio título, é um
ato formal. A depender da cadeia de endosso admite-se as chamadas folhas
anexas ou folhas de alongamento, tem que estar anexa ao título (não é uma
folha apartada do título)
Além da assinatura do beneficiário, o endosso pode identificar ou não a pessoa que vai
receber o título. Ao endossar o título, o beneficiário deixa de ser o credor daquela
obrigação, passando a assumir outra condição, a de endossante. É a presença do nome
do endossatário que irá diferenciar o endosso em preto do endosso em branco.
Assim, temos que:
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ENDOSSO PARCIAL:
É considerado nulo o endosso parcial (parte do valor da letra). Nesse caso, o endosso
será considerado ineficaz, e tratado como cessão civil de crédito.
Além disso, é considerada não escrita (ineficaz) a cláusula que impõe condição
(suspensiva ou resolutiva) ao endosso. Assim, considera-se eficaz o endosso e ineficaz
a condição.
Art. 12 da LUG: “O endosso deve ser puro e simples. (...) O endosso parcial é
nulo.”
Art. 910, §2º, CC. “A transferência por endosso completa-se com a tradição do
título.”
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Dessa forma, aplica-se o art. 170, CC e considera-se que a transmissão possui natureza
de cessão civil de crédito, em que o cedente garante apenas a existência do crédito e
não a solvência (Art. 296, CC c/c 914, CC).
Art. 170 do CC: “Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro,
subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam
querido, se houvessem previsto a nulidade.”
EFEITOS DO ENDOSSO:
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Vejamos abaixo tabela com as principais diferenças entre o instituto do endosso para
a cessão de crédito:
Instituto típico do direito cambiário. Não Exige a notificação do devedor para ter
exige notificação do devedor. eficácia em relação a este (art. 290 do CC);
O endosso pode ser dado no próprio título Pode ser dada no documento em que se
ou em folha anexo. materializou o título ou em outro
documento (termo de cessão de crédito).
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ESPÉCIES DE ENDOSSO:
Exemplo:
Pedro tem uma letra de câmbio, mas não quer ter o trabalho de cobrá-la. Ele
procura uma empresa de cobrança/banco para fazê-lo. Pedro tem que
investir o banco dos poderes para cobrar. No entanto, não transfere a
titularidade do título. Quando o banco proceder à cobrança e obtiver o valor
do título constante ele terá que devolvê-lo a Pedro.
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comprovado que este agiu com excesso em seus poderes, nos termos do
enunciado 476 da Súmula do STJ:
Sim, mas desde que seja outro endosso mandato. Isso porque depois de um
endosso-mandato, só cabe outro endosso-mandato (art. 18 da LUG). Nada
mais é do que um substabelecimento, com todas as implicações previstas no
art. 667 do CC. O endossatário-mandatário transfere para outrem apenas o
poder de cobrança que possui através de um novo endosso-mandato.
Certamente não há transferência da propriedade, pois só se pode transferir
o que se tem.
B) ENDOSSO-CAUÇÃO (PIGNORATÍCIO):
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C) ENDOSSO PÓSTUMO (TARDIO): é aquele feito após o protesto do título por falta
de pagamento ou após ultrapassado o prazo para protesto por falta de
pagamento. Depois de protestado o título por falta de pagamento, ou depois de
ultrapassado o prazo para protesto, tem-se a morte cambiária do título.
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CADEIA DE ENDOSSOS:
O legislador permite a realização de endossos seguidos (art. 911 do CC), ainda que
após o vencimento do título (art. 920 do CC).
Art. 911 do CC: “Considera-se legítimo possuidor o portador do título à ordem com
série regular e ininterrupta de endossos, ainda que o último seja em branco.
Parágrafo único. Aquele que paga o título está obrigado a verificar a regularidade
da série de endossos, mas não a autenticidade das assinaturas.”
FACTORING E ENDOSSO:
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O STJ tem decisões afirmando que a transferência dos créditos no factoring deverá
ocorrer por meio de cessão de crédito, e não endosso, afastando os princípios da
autonomia e abstração em benefício do credor.
Pelo risco inerente ao contrato, o STJ tem entendido que não poderiam ser aplicados
os princípios próprios dos títulos de crédito, mas, sim, as regras da cessão de crédito,
que de certa forma não protegem tanto o credor.
Contudo, muito se discute quanto ao tema, já que o próprio STJ no passado admitiu
que não é admissível restringir o uso do endosso nas operações de factoring, mantendo
a vigência dos princípios dos títulos de crédito.
JULGADO FACTORING
Resp 1236701 É desnecessária a notificação de emitente de cheque com cláusula
"à ordem", para que o faturizador que tenha recebido a cártula por
meio de endosso possa cobrar o crédito decorrente de operação de
factoring.
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Casos Concretos:
Questão 1)
Uma letra de câmbio foi emitida por VERA contra GERALDO em favor de EDUARDO,
que a transferiu por endosso em branco para ROBERTO e este, por tradição, para
JOSÉ. O portador (José) endossou em branco para SOLANGE, que, por tradição,
transferiu a CAROL. O sacado não aceitou a ordem dada. Vencido o título, quem o
portador pode demandar para satisfação do seu crédito? Resposta fundamentada.
Resposta:
Carol somente teria ação contra José, Eduardo e Vera. Geraldo também não pode ser
cobrado porque não deu o aceite.
Questão 2)
Uma letra de câmbio aceita por Florentina foi entregue pelo sacador a Roberval,
que a endossou em branco para Miguel. Que opções tem o endossatário para
transferir o crédito a terceiro?
Resposta:
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O crédito é incorporado ao título e pode ser transferido pela via do endosso, que é
forma especial de transferência de título à ordem. Nos títulos de crédito quando há o
endosso, o endossante, via de regra, assume a responsabilidade pelo pagamento. É
portanto, um devedor solidário, um coobrigado.
No entanto, essa regra foi afastada pelo Código Civil. O endosso está previsto no art
914, caput do CC.
Algumas disposições do CC podem ser afastadas se houver previsão em lei especial (art.
903 CC). O CC estabelece que se o título for à ordem, havendo endosso, o endosso será
sem garantia.
Contudo, pelo art. 914, parágrafo 1º, CC diz que o endossante pode ser
responsabilizado pelo pagamento, se indicar que se torna coobrigado, que garante o
pagamento. Isso deve estar escrito no título, "como pagarei" ou "respondo pelo
pagamento" pelo endossante ou por seu procurador com poderes especiais.
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Na legislação especial, nós não temos uma regra uniforme, ou seja, depende do título
em espécie (nominados). Em alguns títulos em espécie, temos a mesma regra do Código
Civil.
Para outros títulos, aplica-se uma regra oposta: o endosso, a princípio, é com garantia.
Quando o endossante endossa, se torna um coobrigado, se torna um devedor solidário.
Ele poderá, contudo, excepcionar essa regra e colocar uma cláusula sem garantia, em
que ele nao responderá pelo pagamento. Nesse caso, ele apenas transmitirá o título.
A definição de título de crédito não inclui "à ordem", porque é possível que a lei
especial crie título de crédito que não seja à ordem. O endosso só poderá ser usado se
o título for à ordem. Para ser não à ordem, a legislação especial deverá prever
expressamente.
De acordo com o art. 15, primeiros alínea, salvo disposição em contrário, o endossante
garante o pagamento. O endossante é, portanto, devedor solidário/coobrigado. A
disposição em contrário, se houver, deve estar expressamente escrita no título.
Em suma:
Como regra, quem transfere o título responde pelo pagamento do título. No entanto,
pode haver cláusula em contrário, caso em que teremos um endosso sem garantia.
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O sacador, por expressa disposição do art. 9º da LUG, não pode excluir sua
responsabilidade pelo pagamento e pela aceitação do título.
Exemplo:
A endossa para B, mas, ao endossar o título, proíbe novo endosso. A como endossante
é co-devedora. No entanto, se B desrespeita a cláusula proibitiva de novo endosso e
endossa para C, A não poderá mais ser executada (ela não responde por esse novo
endosso). A responde perante B (garante o endossatário seguinte), mas não responde
perante novos endossatários (C, D etc.).
Difere, portanto, do endosso sem garantia, pois no endosso sem garantia o endossante
não garante o endossatário seguinte e nem os demais.
A cláusula proibitiva de novo endosso também não se confunde com a cláusula não à
ordem. Na cláusula não à ordem, o título só poderá ser transferido por meio de uma
cessão de crédito. Já na cláusula proibitiva de novo endosso, o endosso ainda poderá
ser realizado; contudo, os novos endossatários não terão o direito de cobrar da pessoa
que proibiu o novo endosso.
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A fez endosso para B, que fez endosso para C, mas é um endosso com proibição de
novo endosso. Assim, B garante o pagamento, mas se C não receber essa quantia, B
será solidário. Contudo, C tem uma restrição: C não poderá fazer novo endosso. Se C
respeitar essa restrição, B responderá pelo pagamento. Se C fizer um novo endosso,
descumprindo a cláusula, B não responderá às pessoas para quem o título for
posteriormente endossado.
1. Endosso-mandato;
2. Endosso-penhor; e
3. Endosso fiduciário.
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1. ENDOSSO-MANDATO:
Como se trata de um endosso impróprio, todo endosso impróprio deve especificar que
não se trata de endosso comum, pelo princípio da literalidade. Assim, deve haver junto
com o endosso a cláusula-mandato. E qualquer palavra, expressão ou texto que indique
que aquele endosso é um endosso mandato. Do contrário, será um endosso
comum/endosso próprio.
OBS: O endosso mandato deve ser em preto; deve-se indicar expressamente quem é o
mandatório e também deve conter a expressão "mandato", ou equivalente,
registrando-se que se trata de endosso impróprio.
Como se trata de um mandato, o mandatário não pode exercer mais direitos do que
recebeu. Assim, o mandatário não poderá fazer um novo endosso/alienar o título. Se
é mandatário, não tem poderes de alienação, a menos que esteja expressamente
autorizado, o que deve estar escrito na cártula.
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O mandato que resulta de um endosso por procuração não se extingue por morte
ou sobrevinda incapacidade legal do mandatário.
O art 917, parágrafo 2º traz uma distinção do mandato comum do direito civil. Com a
morte, o endosso-mandato não perde validade. Contudo, pelo ART 682, II, CC cessa o
mandato pela morte ou interdição de uma das partes. Se for um mandato decorrente
do endosso não extingue. É uma exação trazida pelo ART 917, parágrafo 2º ao ART 682,
II, todos do CC.
Exemplo.: B fez endosso mandato para C. X, que é devedor, pode opor exceção por ser
dívida de jogo. Como é endosso impróprio, não há abstração e, assim, as exceções
serão as mesmas, podendo ser opostas ao endossatário.
Esse endosso mandato não habilita a cobrança judicial. É um endosso apenas para atos
extrajudiciais. Para a cobrança judicial, a menos que seja em juizado, devemos
contratar um advogado. Isso envolve contratação de um profissional e fixação de
honorários. São questões que extrapolam um simples mandato cambiário. Não tem
efeito de cláusula judicia, que é um mandato específico. É, na verdade, um mandato
ad negocia.
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exercer todos os direitos emergentes da letra, mas um endosso feito por ele só
vale como endosso a título de procuração.
Os coobrigados não podem invocar contra o portador as exceções fundadas sobre
as relações pessoais deles com o endossante, a menos que o portador, ao receber
a letra, tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor.”
Penhor não é alienação definitiva da coisa. Penhor é garantia real. O bem empenhado
pode voltar à disposição do proprietário.
O que é dado em garantia é o crédito, podendo ser representado pelo valor ou pela
mercadoria.
O credor pignoratício não pode ficar com o bem, ele não tem status de proprietário.
Para tanto, é preciso cobrar o penhor, já que o título é executivo extrajudicial. Como
o credor pignoratício não é dono do crédito, não poderá fazer endosso comum. Só
poderá fazer o endosso-procuração.
O credor pignoratício não pode fazer novo endosso penhor porque não dispõe da coisa.
Se é endosso impróprio, o credor apenas tem o título em garantia: não faz dele novo
credor daquele crédito. Razão pela qual não pode fazer um novo endosso: não pode
fazer endosso comum nem endosso penhor. Pode apenas fazer o endosso-procuração.
3. ENDOSSO FIDUCIÁRIO:
Está previsto no art. 66-B, parágrafo 3, da lei 4728/65. Essa lei instituiu a alienação
fiduciária em garantia para obrigações assumidas no âmbito do mercado financeiro e
de capitais.
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O parágrafo 3º não usa a expressão endosso fiduciário, mas deduzimos que ele está
autorizado pela leitura do dispositivo.
b) quando for posterior à expiração do prazo para protesto (ex. o prazo para
protestar letra de câmbio e nota promissória é o primeiro dia útil após o
vencimento – art. 28 do Dec. 2.044/08; o da duplicata é de 30 dias após o
vencimento – art. 13, L. 5474/68; o do cheque é o mesmo do da apresentação
– art. 48, L. 7357/85).
Nesses casos, tendo efeito de cessão civil de créditos, só poderá mover ação civil de
cobrança direta em face daquele que diretamente lhe transferiu o crédito
postumamente, pois o título morreu para o mundo cambiário (morre junto com ele
eventual aval que tenha sido dado), ou mover execução cambial em face do devedor
principal (sacado que tenha dado o aceite na letra de câmbio, por exemplo). Os demais
coobrigados não poderão ser cobrados pelo endossatário póstumo (somente poderão
ser cobrados em regresso pelo endossante póstumo).
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possuía – um direito derivado. Por isso, as defesas que poderiam ser opostas ao
endossante póstumo se comunicam ao endossatário póstumo.
Exemplo:
O prazo para protestar uma duplicata é de 30 dias após seu vencimento.
CANCELAMENTO DO ENDOSSO:
Art. 50 da LUG: “Qualquer dos coobrigados, contra o qual se intentou ou pode ser
intentada uma ação, pode exigir, desde que pague a letra, que ela lhe seja
entregue com o protesto e um recibo.
Qualquer dos endossantes que tenha pago uma letra pode riscar o seu endosso e
os dos endossantes subseqüentes.”
Entretanto, essa regra foi mitigada porque o art 50, segunda alínea da LUG possibilita
o cancelamento se a letra tiver sido paga. Pode-se riscar a expressão que indica o
cancelamento na cártula.
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Se o cancelamento for feito por endossante anterior ou que não pagou, não poderá
riscar o endosso. Só pode riscar o endosso a própria pessoa que pagou e os devedores
posteriores. Fora isso segue sendo não escrito.
CLÁUSULA PROPÓSITO
ENDOSSO A cláusula não à ordem só pode ser inserida pelo emitente
NÃO À ORDEM do título, e faz com que a circulação seja feita
exclusivamente por meio de termo de cessão de crédito.
Dessa forma, os cedentes não respondem solidariamente
pela obrigação diante da regra do art. 296, cc, salvo
estipulação em contrário.
Duplicata: a cláusula é proibida, pois seus requisitos são
essenciais que prevê a cláusula à ordem (art. 2º, §1º, vii, lei
de duplicatas).
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Deve-se destacar que o art. 890 do CC afirma que, no caso do título que circula
por meio de cessão de crédito regulado pelo código civil, as cláusulas sem
garantia; proibitiva de novo endosso e sem protesto são consideradas não
escritas.
Casos Concretos:
Uma letra de câmbio foi emitida no dia 04/02/2009 com vencimento a 1 (um) mês
da data. O título foi aceito 7 (sete) dias após sua emissão. No dia 06/03/2009, o
beneficiário (Paulo) endossou a cártula para "A" e, como não tivesse ainda o
aceitante honrado o pagamento, no mesmo dia foi realizado o aponte para protesto.
O protesto foi lavrado e registrado em 11/03/2009. Na data do endosso, "A" exigiu
do beneficiário um avalista e este apresentou "B", que lançou aval em preto no
título em favor de Paulo ("avalizo Paulo, assinado "B"") e datou seu aval. No dia
12/03/2009, munido do título e da certidão de protesto, "A" ajuizou cambial em
face do aceitante, do sacador, de Paulo e de seu avalista. Todos alegaram carência
do direito de ação de "A". O juiz acolheu a alegação e extinguiu o processo. "A"
apelou e invocou em síntese: a) que pode cobrar a dívida de qualquer um dos
coobrigados; b) que o endosso de Paulo foi feito antes do protesto (dia 06/03); c)
que o endosso depois do vencimento tem o mesmo efeito (art. 920, do Código Civil);
c) que foi observado o prazo do art. 44, 3ª alínea da LUG. Analise o caso e informe
se agiu corretamente o juiz ao reconhecer a carência do direito de ação em face
dos devedores.
Resposta:
Trata a questão de endosso póstumo. O endosso depois do prazo para aponte a protesto
tem efeito de cessão de crédito. No caso em tela, o endosso foi feito quando o prazo
do art. 28 do Decreto 2044/1908 já havia expirado, acarretando a incidência do art.
53 da LUG, ou seja, a perda do direito de ação em face do (i) sacador; (ii) endossante
e (iii) avalistas, à exceção do aceitante.
Ademais, não cabe invocar o art. 920 do CC, em razão da norma do art. 20 da LUG e o
art. 44, 3 alínea foi objeto de reserva (art. 9, Anexo II).
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Art. 28 do Decreto 2044: “A letra que houver de ser protestada por falta de aceite
ou de pagamento deve ser entregue ao oficial competente, no primeiro dia útil
que se seguir ao da recusa do aceite ou ao do vencimento, e o respectivo protesto,
tirado dentro de três dias úteis.”
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EMENTA: AVAL.
Conceito.
Forma.
Outorga conjugal.
Aval limitado.
Avalizado.
Aval antecipado.
Avais simultâneos.
Aval sucessivo.
Responsabilidade do avalista.
Direito do avalista.
Diferença entre o aval e a fiança.
Diferença entre o aval e o endosso.
Aval posterior ao vencimento.
AVAL:
Apesar dessa autonomia, o avalista responde da mesma forma que o avalizado. Isto
significa que, se o avalizado for devedor principal do título, o avalista também será
tratado como tal, ou seja, não será necessário protesto para cobrá-lo e o prazo
prescricional para sua execução é o mesmo do avalizado.
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LEGISLAÇÃO DO AVAL:
FORMA DO AVAL:
Para que a garantia se efetive é necessário que o avalista declare sua vontade por
escrito. Essa assinatura poderá tanto ser feita de próprio punho como por procurador
com poderes especiais.
O local correto para o aval é na frente, na face, no anverso do título. Se o aval for
dado no dorso, desde que esteja claro que é um aval, deve ser respeitado, em
observância ao princípio da literalidade, sendo este o entendimento de Luiz Emydgio.
O aval em branco, na LUG, presume-se dado em favor do sacador (art. 31, LUG). Em
relação aos títulos atípicos, em favor do emitente ou devedor final (art. 899, CC).
Art. 31 da LUG: “O aval é escrito na própria letra ou numa folha anexa. Exprime-
se pelas palavras "bom para aval" ou por qualquer fórmula equivalente; e assinado
pelo dador do aval.
O aval considera-se como resultante da simples assinatura do dador aposta na face
anterior da letra, salvo se se trata das assinaturas do sacado ou do sacador.
O aval deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de indicação, entender-se-
á pelo sacador.
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CARACTERÍSTICAS DO AVAL:
O aval é uma declaração cambiária, própria dos títulos de crédito, em que uma pessoa
garante uma obrigação assumida no título firmado pelo avalizado.
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O art. 1647, “iii” do CC exige que se o conjuge for casado, ele precisa obter autorização
do outro conjuge, SALVO se o casamento for pelo regime de separação absoluta de
bens (com pacto nupcial). Para qualquer outro tipo de regime de separação, será
necessário o aval do conjuge.
Contudo, se interpretarmos que a legislação espcial nao trata da matéria porque não
precisa, caso de silencio eloquente, logo não se aplica o CC, ou seja, não há
necessidade de autorização conjugal para a concessão do aval.
A primeira posição do STJ era pela LACUNA da legislação especial, logo aplicável o CC,
seria necessária a outorga conjugal (posição prof. Alexandre).
Em 2016, contudo, o STJ entendeu que não era mais lacuna, mas sim silêncio
eloquente, ou seja, nao prevê a outorga conjugal porque não precisa. É suficiente a
assinatura de apenas um dos conjuges, estaria implicitamente dispensada a outorga
conjugal (art. 31 da LUG), mas, apenas para títulos que tenham o aval regulado em lei
própria.
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REsp 1526560-MG: “Não é necessária prévia autorização do cônjuge para que a pessoa
preste aval em títulos de créditos típicos. O art. 1.647, III, do Código Civil de 2002 previu
que uma pessoa casada somente pode prestar aval se houver autorização do seu cônjuge
(exceção: se o regime de bens for da separação absoluta). Essa norma exige uma interpretação
razoável e restritiva, sob pena de descaracterizar o aval como instituto cambiário. Diante
disso, o STJ afirmou que esse art. 1.647, III, do CC somente é aplicado para os títulos de
créditos inominados, considerando que eles são regidos pelo Código Civil. Por outro lado, os
títulos de créditos nominados (típicos), que são regidos por leis especiais, não precisam
obedecer essa regra do art. 1.647, III, do CC. Em suma, o aval dado aos títulos de créditos
nominados (típicos) prescinde de outorga uxória ou marital. Exemplos de títulos de créditos
nominados: letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, cédulas e notas de crédito.”
O Código Civil proíbe o aval parcial para os títulos atípicos, conforme o art. 897, §un.
Contudo, tal vedação não se aplica para os títulos que sejam regidos por leis especiais:
cheques, letra de câmbio, nota promissória e duplicata. Assim, ao contrário do endosso
parcial que é nulo, o aval parcial é perfeitamente admitido, ou seja, o avalista pode
garantir parte da dívida (art. 30 da LUG c/c art. 29 da Lei 7357/85 e art. 25 da Lei
5474/68).
AVAL ANTECIPADO:
Pode o avalista dar o aval pelo sacado quando este ainda não é devedor do título,
isto é, antes de o sacado dar o aceite?
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CORRENTE 1) Corrente defendida por Luiz Emydgio, Fábio Ulhôa e Rubens Requião
entende que o aval dado em favor do sacado vai produzir efeitos independentemente
do aceite ou não por parte deste, uma vez que a obrigação do avalista é autônoma e
sua intenção deve ser preservada.
CORRENTE 2) Corrente defendida por Fran Martins, Alberto Asquini entende que o aval
dado em favor do sacado só produzirá efeitos caso o sacado se torne aceitante, pois o
avalista assume obrigações da mesma natureza que a do avalizado (art. 32, LUG).
AVAL SIMULTÂNEO:
Ocorre quando uma pessoa é avalizada por dois ou mais avalistas. Não existe limitação
ao número de avalistas, desde que seja um terceiro, o avalizado pode ter dois ou mais
avalistas. A obrigação avalizada pode ter mais de um garantidor. Aplicam-se as normas
da solidariedade passiva, ou seja, a solidariedade de devedores. Assim, cada coavalista
responde pelo valor integral perante o portador. O portador do titulo pode cobrar o
valor integral de qq um dos avalistas. O avalista que pagar ao portador tem ação de
regresso contra os demais avalistas pela quota-parte. Qualquer coavalista pode ser
cobrado pelo quantia integral, o regresso contra os coavalistas deve observar o limite
da quota-parte de cada um.
AVAL SUCESSIVO:
Nesse caso, todos os eventuais avalistas dos avalistas terão a mesma responsabilidade
do avalizado, ou seja, aquele que pagar a dívida terá direito de regresso em relação
ao total da dívida e não apenas em relação a uma parte dela.
A regra é igual a da cadeia de endossos, assim, o avalista que paga libera os posteriores
e pode cobrar dos anteriores. Se o avalizado paga, ele libera todos os avalistas.
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quebra-se a cadeia de avais. Todos os avais precisam ser em preto para se indentificar
o entrelaçamento. Para ser sucessivo o aval tem que ser necessariamente em preto.
Por isso o STF entende que avais em branco, ainda que superpostos, não podem ser
sucessivos, são considerados avais simultâneos – em favor do sacado.
RESPONSABILIDADE DO AVALISTA:
Ao dar uma aval eficaz o avalista se torna devedor solidário do título de crédito – art.
47 da LUG. Assim, mesmo que o avalizado possua bens, o avalista estará obrigado a
pagar a integralidade da obrigação.
O avalista não possui benefício de ordem, isto é, ele não pode indicar bens livres e
desembaraçados do avalizado quando for demandado para honrar sua obrigação.
Ele poderá ainda ser um devedor principal ou indireto, uma vez que ele responde da
mesma forma que o avalizado. Assim, se o avalizado for devedor principal, o avalista
será devedor principal. Se o avalizado for um devedor indireto, o avalista também será
um devedor indireto.
Diante dessa equiparação o STJ entendeu possível a inclusão do nome do avalista nos
cadastros de inadimplentes, mesmo sem protesto ou execução, desde que ele seja
devidamente avisado.
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pode ter seu nome inscrito no Serasa uma vez caracterizado o inadimplemento,
independentemente de propositura da ação de cobrança ou de protesto.
Impedimento existiria se a relação obrigacional estivesse sub judice, por iniciativa
do credor ou do devedor, o que não acontece. Recurso conhecido e provido.”
Assim, mesmo que a obrigação do avalizado seja considerada nula, ou mesmo se for
falsa a assinatura do avalizado, o aval permanece.
Contudo, no caso de vícios formais do título o documento não terá valor como título
de crédito e, diante disso, não subsistirá o aval (art. 7º e 32 da LUG).
Art. 32 da LUG: O dador de aval é responsável da mesma maneira que a pessoa por
ele afiançada.
A sua obrigação mantém-se, mesmo no caso de a obrigação que ele garantiu ser
nula por qualquer razão que não seja um vício de forma.
Se o dador de aval paga a letra, fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra
contra a pessoa a favor de quem foi dado o aval e contra os obrigados para com
esta em virtude da letra.
A obrigação do avalista é uma garantia pessoal, mas não é personalíssima. Por isso, ela
será transmitida aos herdeiros do avalista, dentro das forças da herança (art. 1792 do
CC).
CARACTERÍSTICAS DO AVAL:
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DIREITO DO AVALISTA:
O avalista possui um direito, qual seja, o DIREITO DE REGRESSO, que nasce ao efetuar
o pagamento do título de crédito.
O direito de regresso se aplica contra as mesmas pessoas contra quem o avalizado teria
o direito de regresso. Ele tem os mesmos direitos do avalizado e do direito de cobrar
o próprio avalizado.
Ao pagar, o avalista pode riscar do título seu aval, bem como a assinatura dos obrigados
posteriores (art. 50 da LUG)
SITUAÇÃO 1)
Romário emitiu uma NP (que recebeu aval de Ricardo) para Edmundo, que a endossou
para Ronaldo. Todavia, caso Ricardo pague esse título, ele não poderá exercer seu
direito de regresso em face de Romário e Edmundo, porquanto o direito de regresso
somente pode ser exercido por devedores anteriores, ficando liberados os posteriores.
Ao pagar o título, Ricardo somente poderá exercer o direito de regresso contra
Romário, uma vez que Edmundo é devedor posterior a ele.
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RICARDO
SITUAÇÃO 2)
Caso Ricardo fosse avalista de Edmundo, ele teria direito de regresso contra o avalizado
(Edmundo) e contra os coobrigados anteriores.
RICARDO
O AVAL, por sua vez, é ato unilateral de vontade. O aval, embora seja um ato unilateral
de vontade, ele tem a finalidade de garantir uma obrigação que existe no título. Essa
obrigação que existe no título, ela pode ser NULA, mas mesmo assim o avalista
responde, porque a obrigação do avalista é cambial, ela é autônoma. O avalista não
tem benefício de ordem. A nulidade da obrigação avalizada não se estende ao avalista.
O aval é declaração cambiária, não é formalizado em um contrato. O aval decorre da
assinatura do avalista ou de um procurador com poderes especiais (não precisa de um
documento de aval). Não é possível avalizar obrigações futuras. A obrigação do avalista
se mantem, ainda que nula a obrigação do avalizado. O avalista não pode opor
exceções pessoais ao credor.
AVAL FIANÇA
GARANTIAS PESSOAIS
Instituto do direito cambiário Instituto do direito civil
Declaração unilateral de vontade Declaração bilateral de vontade
Vigora o princípio da literalidade, pelo Não vigora o princípio da literalidade,
que deve constar do título pelo que pode vir em documento
separado
Vigora o princípio da autonomia, razão Em regra, a fiança não é autônoma, mas
pela qual os vícios da obrigação acessória, razão pela qual nulo o
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principal não maculam o aval nem vice- contrato ao qual se vincula, extinta
versa estará a fiança (art. 837, CC)
Existe solidariedade na cadeia Em regra, o fiador pode invocar o
cambiária, não podendo o avalista benefício de ordem (art. 827, CC)
invocar benefício de ordem
A insolvência ou incapacidade O credor pode exigir a substituição do
superveniente do avalista não autoriza fiador insolvente ou incapaz (art. 826,
sua substituição CC)
Se houver mais de um avalista, cada Se houver mais de um fiador, eles
avalista paga a dívida inteira ao credor podem se reservar o benefício da
divisão
A obrigação do avalista se transfere aos Só se transfere se o fiador já fosse
herdeiros independente da data do responsável quando do óbito
óbito
AVAL ENDOSSO
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CORRENTE 1) Corrente defendida por Fran Martins e Waldirio Bulgarelli defende que
com o vencimento do título de crédito, o mundo cambial morre. Portanto, não é mais
possível a utilização de instrumentos cambiários. Logo, o aval valerá como fiança,
desde que preenchidos os requisitos formais necessários para a fiança. É minoritária.
CORRENTE 2) Corrente defendida por Luiz Emydgio e adotada pelo STJ defende que o
título não morre com o vencimento, mas com o protesto ou com o fim do prazo para
protesto. Logo, para essa corrente devemos avaliar o momento em que o aval foi
concedido:
Art. 897, parágrafo único veda o aval parcial. Assim, o aval parcial é NULO. No CC p
aval é uma declaração cambiária INTEGRAL. Só que na legislação cambiária existem
leis que admitem o AVAL PARCIAL.
Assim, a depender da legislação, o aval pode ser parcial ou integral. A regra do CC é
que o aval é sempre integral, porque o aval parcial é nulo, logo a legislaçao especial
tem que admitir de modo expresso para que o parcial seja aplicado. Se a legislação
especial não falar em aval parcial de forma expressa, mas mandar aplicar a legislação
cambial, então, será possivel o aval parcial. Se nao tiver referência à legislação
cambial, não poderá aplicar o aval parcial.
Art. 898 do CC: “O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título.
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Enquanto o endosso é apenas assinatura, ele só tem eficácia se for dado no dorso, nas
costas do título; no caso do aval ocorre o oposto, quando se tem apenas a assinatura,
ela só tem eficácia se for no rosto do título.
O AVAL QUALIFICADO a assinatura é identificada por aval. Aqui também é possível que
o aval seja dado por mandatário (art. 892 do CC) – aqui pode-se assinar em qualquer
lugar do título (verso ou anverso).
Art. 892 do CC: “Aquele que, sem ter poderes, ou excedendo os que tem, lança a
sua assinatura em título de crédito, como mandatário ou representante de
outrem, fica pessoalmente obrigado, e, pagando o título, tem ele os mesmos
direitos que teria o suposto mandante ou representado.”
A regra é a de que o aval uma vez firmado não pode ser cancelado, desde que ainda
exista obrigação a ser garantida e exigível. Se o avalista pagar ou se a dívida estiver
prescrita, então, o avalista poderá cancelar seu aval. O aval cancelado considera-se
não escrito.
Atenção ao art. 24, par. único do D 2044 que consagra que o avalista que paga pode
riscar o próprio aval ou dos endossadores e avalistas posteriores. O CC, por sua vez,
não faz tal ressalva, em que pese ficar implícito tal ideia.
Art. 899 do CC: O avalista equipara-se àquele cujo nome indicar; na falta de
indicação, ao emitente ou devedor final.
§ 1 - Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o seu avalizado e
demais coobrigados anteriores.
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O avalista equipara-se àquele cujo nome indicar. Ele não se equipara a qualquer
devedor, somente aquele cujo nome indicar (aval em preto). Se o aval for em branco,
ele se equipara ao emitente.
Atenção ao tema pois as pessoas confundem. O avalista tem ação de regresso contra o
seu avalizado, mas o avalizado não tem ação de regresso contra o seu avalista. Se o
avalista pagar ele terá ação de regresso contra o avalizado e seus garantes. O avalizado
se pagar, libera o seu avalista. O avalizado desonera o avalista (libera-o de
responsabilidade).
Art. 899, par. 2 comparado com o art. 824 do CC. Se o documento tem vício de forma
ele não vale como TC, então, o avalista poderá alegar a exceção de vício de forma. Na
fiança, é o oposto.
Esse dispositivo trata do aval póstumo ou tardio, é aquele aval dado após o vencimento.
O CC permite o instituto do aval póstumo e como não há vedação expressa na legislação
cambiária, logo o aval póstumo é permitido pelo art. 900 do CC (c/c art. 903)
ART. 30 DA LUG:
Para ser avalista precisa ser capaz, porque a capacidade cambiária é a capacidade
civil. Sendo a pessoa capaz, ela poderá prestar aval sozinho sem nenhuma assistência,
também é possível dar aval um signatário da letra (ex: um avalista do sacador poderá
figurar como avalista de outro obrigado no titulo, PORÉM o patrimônio é único)
ART. 31 da LUG:
No CC (art. 898) o aval é dado no próprio título, contudo no art. 31 da LUG prevê o
aval dado em folha anexa ao título, um prolongamento.
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O CC determina que o aval exprime-se pelas palavras: “bom por aval”, “aval de” ...
trata-se do aval qualificado, podendo ser dado no verso ou anverso. O aval é assinado
pelo dador do aval. Mesmo que o título seja eletrônico, tem que ter a assinatura
(assinatura digital).
ART. 32 DA LUG:
São as mesmas informações do art. 899 do CC. Essa expressão “afiançada” está errada.
A obrigação do avalista se mantem mesmo no caso da obrigação ser nula, salvo vício
de forma. E o avalista que paga tem direito de regresso contra o avalizado e seus
garantes.
Casos Concretos:
Questão 1)
Paulo Silva é o devedor principal de uma letra de câmbio. Seus colegas de trabalho,
José Bento e Henrique Neto, garantiram por aval a referida obrigação cambiária, a
pedido de Paulo. Os avais foram lançados no anverso da letra, de forma sobreposta
e sem indicação do avalizado. Considerando a situação apresentada, responda se
houve, na hipótese, avais simultâneos ou sucessivos, discorrendo, ainda, sobre a
solidariedade nos avais simultâneos e sucessivos. Resposta fundamentada.
Respostas fundamentadas.
Resposta:
A Súmula 189 do STF estabelece que o aval em branco, ainda que superposto, é
considerado simultâneo e não sucessivo. Assim, no caso concreto verifica-se que está
configurado o aval simultâneo.
Questão 2)
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Resposta:
Questão 3)
Resposta:
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1 – Não. Embora não exista a figura do aval contratual, eis que esse instituto somente
tem cambimento nos títulos de crédito pagáveis em dinheiro, foi dado aval aos sócios
na nota promissória. Esse título pode ser avalizado e os avalistas são responsáveis
solidários com o avalizado (sem benefício de ordem) perante o portador do título,
conforme os arts. 77 e 32 da LUG.
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EMENTA: PROTESTO.
Conceito.
Modalidades.
Procedimento.
Avisos.
Efeitos.
Prazo.
Sustação do protesto.
Sustação dos efeitos do protesto.
Cancelamento.
Protesto indevido.
Cláusula sem protesto.
CONCEITO DE PROTESTO:
O protesto é um ato praticado pelo credor, perante o competente cartório, para fins
de incorporar no título de crédito a prova de fato relevante para as relações cambiais.
É o ato oficial pelo qual se prova a não realização da promessa contida na letra.
Lei 9.492/97;
Artigos 44 ao 46 da LUG;
Reservas dos artigos 9 e 10 do Anexo II.
CARACTERÍSTICAS DO PROTESTO:
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(iii) Ato cambiário público: uma de suas principais intenções é dar publicidade
a um fato relevante para as relações cambiais, fazendo com que o fato
produza efeitos para além da relação em que ocorreu. Essa é a natureza
jurídica do protesto.
EFEITOS CAMBIÁRIOS:
EFEITOS EXTRACAMBIÁRIOS:
FUNÇÃO DO PROTESTO:
Não se pode utilizar o protesto de maneira equivocada, isto é, como meio de coação
indireta ao pagamento, de forçar a cobrança.
OBJETO DO PROTESTO:
a) Título de crédito;
b) Título executivo;
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CORRENTE 1) Corrente defendida pelos tabeliães entende que o boleto bancário pode
ser protestado, sob o argumento de ser um documento de dívida.
Sim!!! Antigamente, o STJ entendia não ser possível o protesto da CDA, sob o
argumento de que não haveria interesse de agir da Fazenda, dada a existência de um
procedimento próprio de execução fiscal.
MODALIDADES DE PROTESTO:
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A LUG foi objeto de reserva quanto ao prazo para protesto, optando o Brasil por
aplicar o art. 28 do Decreto 2.044/1908, que prevê que o protesto deve se dar um
dia útil após o vencimento do título.
(ii) PROTESTO POR FALTA DE ACEITE: serve para provar, nas letras de câmbio e
duplicatas, que o sacado não aceitou a ordem que lhe foi dada.
Só poderá ser realizado este protesto enquanto for possível dar o aceite, ou seja,
até o vencimento do título (art. 44 da LUG e art. 21, §1º, da Lei 9.492/97). Se o
título for apresentado no último dia do prazo e o sacado pedir uma segunda
apresentação, o protesto pode ser tirado no dia útil seguinte ao da apresentação.
A recusa do aceite gera o vencimento antecipado da letra de câmbio (art. 43, LUG).
No caso de o sacado não ter aceitado a ordem, o protesto é essencial, pois é a única
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(iv) PROTESTO POR FALTA DE DATA NO ACEITE: caso o título que tenha vencimento
a certo termo da vista seja aceito, mas não datado, compete ao portador tirar
em tempo hábil o protesto para que conste a data do aceite (ou completar a
lacuna, desde que de boa-fé).
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Segundo entendimento do STJ, cheque prescrito não pode ser protestado (AgRg
no AREsp 270557/RJ), gerando danos in re ipsa.
IMPORTANTE!!!
Protesto para fim falimentar: não precisa respeitar o prazo prescricional de
seis meses.
O art. 202, III, do Código Civil afirma que o protesto é causa interruptiva do
prazo prescricional, razão pela qual não mais subsiste o verbete sumular 153
do STF.
PROCEDIMENTO DO PROTESTO:
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(ii) INTIMAÇÃO:
A princípio, a intimação não precisa ser pessoal. No entanto, no protesto para fins de
falência, o STJ já se manifestou pela essencialidade da identificação da pessoa que
recebeu a intimação, em razão de sua gravidade (Súmula 361, STJ).
Atenção: A corrente majoritária (STJ e Luiz Emydgio) entende que os três dias não
devem ser contados do protocolo, mas sim da intimação (exclui-se o dia da intimação
e conta-se o terceiro dia).
RESUMO E OBSERVAÇÕES:
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Atenção: O STJ entende que o mero apontamento inicial para protesto, ou seja, a
protocolização em si, não gera ressarcimento de danos. Só o registro de um protesto
indevido pode gerar danos passíveis de indenização.
SUSTAÇÃO DO PROTESTO:
A sustação do protesto tem por objetivo impedir que o protesto seja lavrado e,
consequenteente, produza seus efeitos.
É uma medida judicial que ocorre diante da utilização equivocada do protesto, ou seja,
com desvio de finalidade, com outro objetivo que não o probatório, principalmente o
de coação indireta para pagamento.
Há dois fundamentos para essa medida: o art. 17, §§2º e 3º, da Lei 9.492/97 e o poder
geral de cautela do magistrado que pode até mesmo liminarmente sustar o protesto.
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A jurisprudência entende que nesse caso não cabe sustação. Ex. protesto por falta de
aceite – se não for realizado, o credor não pode cobrar de ninguém, sendo essencial
sua tempestividade (art. 53, LUG), e, além disso, nenhum efeito terá para o sacado. E
quando causar efeitos ao sacado? Nesse caso, o ideal seria limitar os efeitos do protesto
e não proibir sua sustação.
Nesse caso, não há mais como sustar o protesto, mas se admite a sustação dos efeitos
do protesto, bem como de sua divulgação, para evitar que danos sejam ocasionados.
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Evita que o protesto seja realizado. Significa que o protesto já foi realizado e
apenas se quer sustar os seus efeitos
enquanto se discute a matéria. Assim, se
deseja o cancelamento do protesto.
Ocorre nos 3 dias anteriores ao registro. Ocorre após os 3 dias do registro.
Lavrado o protesto, não se pode cogitar mais de sua sustação, podendo no máximo
haver a sustação dos seus efeitos. Apesar disso, o protesto estará concluído e ficará
registrado nos assentamentos do cartório. Para retirar tal registro, devese
providenciar o cancelamento do protesto (Lei no 9.492/97 – art. 26).
Tal cancelamento poderá ocorrer se não mais subsistir o fato provado pelo protesto,
isto é, o pagamento do título enseja o cancelamento do protesto. Nesse caso, devese
apresentar ao cartório a prova desse pagamento, o que, em regra, se dá pela
apresentação do próprio título. Excepcionalmente, contudo, apenas para fins de
cancelamento do protesto, admitese como prova de pagamento uma declaração da
pessoa que figurou no protesto como credor, com a sua identificação e firma
reconhecida.
PROTESTO INDEVIDO:
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Considera-se indevido o protesto irregular sob o ponto de vista formal; o protesto por
falta de pagamento se a dívida inexiste; o protesto abusivo, sem qualquer finalidade
ou com finalidade coativa etc.
Ao se inserir tal cláusula no título a cobrança dos devedores indiretos passa a não
depender do protesto. O credor faz o protesto se quiser, uma vez qie poderá cobrar o
título, independentemente da realização do protesto.
Verifica-se, pois, que a clausula sem protesto não proíve a realização do protesto.
Contudo, se realizado o protesto, as despesas do credor não serão reembolsáveis.
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Pode ser considerado como abuso de direito a realização de protesto em caso que
existe a cláusula sem protesto?
JULGADO PROTESTO
Info 415 do STJ Observa que, com a prescrição da própria dívida, o crédito
desveste-se da sua exigibilidade jurídica. Entretanto destaca
que a eventual perda do atributo de executividade do cheque
não importa o cancelamento do protesto (art. 1º da Lei n.
9.492/1997).
Info 433 do STJ A Súmula 153 do STF teve a sua eficácia limitada no tempo em
virtude do art. 202, III do CC. Assim, o protesto interrompe a
prescrição.
Info 460 do STJ Na ação cautelar de sustação de protesto, não tem o valor da
causa necessariamente correspondência com o valor da ação
principal, pois as tutelas jurisdicionais almejadas nessas ações
não se assemelham. Assim, é razoável considerar o valor da
causa por estimativa na referida ação cautelar.
Info 463 do STJ O endossatário que recebe, por endosso translativo, título de
crédito contendo vício formal, por não existir a causa para
conferir lastro a emissão de duplicata, responde pelos danos
causados diante de protesto indevido, ressalvado seu direito
de regresso contra os endossantes e avalistas.
Info 483 do STJ Só responde por danos materiais e morais o endossatário que
recebe título de crédito por endosso-mandato e o leva a
protesto, extrapolando os poderes do mandatário em razão de
ato culposo próprio, como no caso de apontamento depois da
ciência acerca do pagamento anterior ou da falta de higidez
da cártula.
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Casos Concretos:
Questão 1)
ALFA ALIMENTOS Ltda. foi citada para pagar uma dívida de R$10.000,00 (dez mil
reais) materializada numa duplicata de venda sacada por BETA MÓVEIS S/A. e
endossada, simplesmente para cobrança, para o BANCO Y S/A. A ré provou que a
duplicata era fria, que o protesto foi indevido e a ação foi extinta. Sentindo-se
prejudicada pela conduta do endossatário-mandatário, ALFA ALIMENTOS Ltda.
ajuizou ação indenizatória em face do Banco Y S/A., pleiteando danos morais pelo
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Resposta:
Como consequência, a ação deve ser movida contra o sacador/endossante que era
quem tinha o dever de protestar o título.
No caso do endosso translativo, a resposta seria diversa, já que, nesse caso, aplica-se
a Súmula 475 do STJ. Dessa forma, o endossatário irá responder pelos danos
decorrentes de protesto indevido em caso de vício formal, cabendo ação contra
endossantes e avalistas.
Questão 2)
Resposta:
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Nada na lei permite inferir que o cancelamento do protesto possa ser exigido por fato
objetivo outro que não o pagamento. A prescrição do título, objetivamente
considerada, não tem como consequência automática o cancelamento do protesto.
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Se o título não for pago no vencimento, poderá ser realizado o protesto. O protesto
serve como meio de prova. Para receber a obrigação não paga, o credor pode entrar
com a chamada ação cambial.
A ação cambial é uma ação executiva regida pelo Livro II do CPC. Os títulos de crédito
possuem uma presunção de certeza tão forte que a lei permite ao credor pleitear
medidas satisfativas de seu crédito desde já, uma vez que são títulos executivos.
Assim, o credor tem uma opção mais ágil e rápida para receber seu crédito, uma vez
que a citação nesse processo é para que o devedor efetue o pagamento em 3 dias (art.
829 do CPC).
Assim, entende-se por ação cambial aquela ação definida pela lei que regulamenta o
título de crédito típico, com prazo prescricional específico, com o objetivo de cobrar
aqueles que se obrigaram ao título (obrigados cambiários).
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(i) AÇÃO DIRETA: é aquela ação ajuizada pelo credor/portador do título contra o
aceitante e seus avalistas, isto é, contra os DEVEDORES PRINCIPAIS e, por isso,
não depende de protesto.
Passamos à analise da ação cambial direta que nada mais é um do que uma ação de
execução.
AÇÃO DE EXECUÇÃO:
Quem tem legitimidade ativa para propor essa ação de execução cambial?
É legitimado ativo para promover a ação de execução o portador do título que possua
poderes para exercer o direito de ação.
Existem determinadas pessoas que portam o título, mas não possuem os devidos
poderes para exercerem o direito de cobrar judicialmente aquele título. Nem toda
pessoa que está na posse do documento é efetivamente seu credor, tal qual ocorre no
caso do endossatário-mandatário e no caso do endossatário-pignoratício.
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ATENÇÃO!!!!
Não confundir o endosso-mandato com o factoring ou com o desconto bancário em
que o credor transfere o crédito para uma empresa faturizadora ou para a
instituição financeira, respectivamente. Transferido o crédito, a empresa
faturizadora e a instituição financeira passam a ser as credoras e se promoverem
ação de execução estarão agindo em legitimação ordinária.
Quem tem legitimidade passiva para figurar no polo passivo dessa ação de execução
cambial?
Cada pessoa que assume uma obrigação no título não o assume perante uma pessoa
determinada, mas exclusivamente com o título. Isto porque, com a circulação do
título, há o fenômeno da abstração da relação jurídica originária.
Para isso, porém, deve se atentar para um pressuposto: para acionar determinados
devedores do título, precisará comprovar de forma solene a falta de aceite ou a falta
de pagamento pelo devedor principal.
O art. 44 da LUG explicita este pressuposto denominado protesto (seja por falta de
aceite ou por falta de pagamento). É ele quem comprova a legitimidade passiva dos
devedores indiretos. Por esta razão, a perda do prazo para protestar em face dos
devedores indiretos acarreta a perda da força executiva do título em relação a estes
(art. 53 da LUG). Em contrapartida, para que se promova a ação em face do devedor
principal – o aceitante ou o emitente –, não há necessidade de protesto, ou seja, este
pressuposto não é necessário.
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Este crédito é líquido e certo, o que possibilita que o rito da ação cambial seja o
executivo.
O próprio CPC estabelece que alguns documentos, por terem liquidez e certeza,
dispensam a fase cognitiva do processo, quais sejam os chamados títulos executivos
extrajudiciais (art. 784 do CPC/15). Os títulos de crédito se enquadram nessa
categoria.
A ação cambial devidamente instruída será processada pelo rito da ação de execução
por quantia certa (art. 824 do CPC).
O devedor será citado pessoalmente, ou seja, via oficial de justiça para pagar em 3
dias (art. 829 do CPC) – não se admite a citação por via postal. Excepcionalmente,
admite-se citação por edital com a nomeação de curador especial (art. 72 do CPC c/c
Súmula 196 do STJ).
O devedor tem prazo de 3 dias para efetuar o pagamento da data da citação. Caso ele
efetue o pagamento no prazo de 3 dias, ele só será obrigado a pagar 50% dos honorários
advocatícios arbitrados pelo juiz, uma vez que o trabalho do advogado foi bastante
diminuído (art. 827, par. 1 do CPC).
Ademais, o art. 916 do CPC estabelece que o devedor tem 15 dias para requerer o
pagamento parcelado do débito em até 6 prestações mensais, acrescidas de correção
monetária e juros de mora de 1% ao mês, desde que deposite 30% do valor devido,
inclusive custas e honorários.
Não havendo pagamento, procede-se à penhora dos bens (art. 829, §1º, do CPC) e
posteriormente à sua expropriação (transferência coativa do bem do domínio do bem
penhorado), mediante: (i) adjudicação (aquisição do bem pelo próprio credor pelo
valor da avaliação); ou (ii) alienação por iniciativa particular (conduzida pelo próprio
credor); (iii) alienação em hasta pública (leilão ou praça) ou usufruto de bem móvel
ou imóvel. Efetuado o pagamento, a execução será extinta.
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O direito de crédito não é imprescritível. Por esta razão, existe um prazo prescricional
para que se promova a ação cambial pelo rito executivo.
A ação cambial somente poderá ser ajuizada dentro dos prazos prescricionais previstos
expressamente em lei.
Caso transcorra o prazo previsto em lei, sem o ajuizamento da ação, o credor perde a
pretensão, isto é, perde o seu direito de ação.
Assim, a ação cambial terá prazos diversificados de acordo com o título exequendo e
com a pessoa executada.
Apesar de uma letra de câmbio conter a cláusula sem despesas, isto não
significa que o credor não tenha prazo para apresentar a letra para
pagamento, em função do que prevê o art. 38 da LUG. Acontece que este
artigo foi objeto de reserva pelo Brasil em razão da autorização contida no
art. 5º do Anexo II da LUG. No Brasil, aplica-se o art. 20 do Decreto
2.044/1908: a apresentação de qualquer tipo de letra para pagamento deve
ser feita no dia do vencimento e, se este não for dia útil, no primeiro dia
útil seguinte. Se a letra não for apresentada no prazo para pagamento, diz
o art. 20 que o portador perde o direito de cobrar dos devedores indiretos.
Essa penalidade, contudo, tem que ser compatibilizada com a LUG, pois o
Brasil só adotou o art. 20 para mudar o prazo de apresentação para
pagamento. Os efeitos da não apresentação são os do art. 53, alínea 3, da
LUG: a inobservância do prazo de apresentação para pagamento, contido no
art. 20 do Dec. 2.044/1908, só acarreta prejuízo ao credor quando a letra
contiver cláusula sem despesas. Nessa hipótese, não poderá exercer a ação
cambial em face dos devedores indiretos.
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PRESCRIÇÃO CAMBIAL:
A LUG é omissa neste ponto. Porém, o art. 16, alínea 2, do Anexo II da LUG estabelece
que a LUG não irá comentar quaisquer questões que se liguem à relação jurídica que
deu origem ao título.
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Embora o art. 914 do CPC afirme a ampla abrangência dos embargos à execução, o
Decreto 2.044/1908, em seu art. 51, aplicável em razão da omissão da LUG, restringe
as matérias de defesa alegáveis pelo réu em uma ação cambial:
Entendia-se que tal petição só é cabível em caso de matéria cognoscível de ofício pelo
juiz. Contudo, jurisprudência e doutrina vêm ampliando sua abrangência para
quaisquer matérias que sejam demonstradas de plano, ou seja, que não dependam de
dilação probatória, ainda que não cognoscíveis de ofício.
IMPORTANTE!!!
É cabível denunciação à lide e chamamento ao processo nos casos de ações cambiais?
Na ação cambial, não cabe denunciação da lide (art. 125, III, do CPC) nem chamamento
ao processo (art. 130, III, do CPC), pois tais intervenções visam formar o título e na
ação cambial o título já existe. Além disso, no chamamento, o que há é solidariedade
civil e não solidariedade cambial com obrigações autônomas.
A LUG estabeleceu apenas uma forma de lograr o recebimento do crédito, qual seja,
a ação cambial. Todavia, o Brasil adotou a reserva prevista no artigo 15 do Anexo II,
pelo qual se poderia admitir uma segunda ação para buscar o recebimento do título de
crédito, quando perdido o prazo do protesto ou o prazo prescricional.
Assim, no Direito brasileiro, além da ação cambial, existe uma segunda ação que busca
o recebimento do crédito, a chamada ação de locupletamento, estabelecida no D. 2044
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O portador de título prescrito, embora não possa mais promover a ação de execução,
poderá promover em face do sacador ou do aceitante a ação de locupletamento para
que lhe seja restituído o valor com o qual o sacador ou o aceitante se locupletaram.
Havendo aceitante, a legitimidade será dele; não havendo, será do sacador.
Assim, podemos afirmar que o credor tem 3 anos, contados do vencimento do título,
para executar o aceitante. Findo esse prazo, ele terá mais 3 anos para ajuizar a ação
de locupletamento contra o aceitante, perfazendo um prazo total de 6 anos, contados
do vencimento.
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Emerj CPIII-A Direito Empresarial
A ação causal é aquela que tem por base o negócio jurídico que deu origem ao próprio
título ou que permitiu a sua circulação, vale dizer, a causa de pedir dessa ação será o
descumprimento do negócio jurídico subjacente. A ação causal se liga à existência de
uma relação jurídica havida entre as partes litigantes, razão pela qual deverá ser
perquirida a causa que deu origem a esta relação.
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A legitimidade para a ação causal será definida pelo negócio jurídico subjacente, isto
é, as partes do negócio jurídico é que terão legitimidade para a ação. Apenas os
sujeitos ligados diretamente pela relação que gerou a emissão ou a circulação do título
é que terão a legimitidade para propor a presente ação.
O objeto da ação causal (de cobrança) será o objeto do negócio jurídico cobrado, isto
é, o valor combinado entre as partes que, geralmente, é o valor do próprio título.
Assim, o prazo prescricional irá depender do tipo de negócio que deu origem ao título.
Na ação causal, não se pdoerá seguir o rito executivo, restando para a ação causal o
procedimento comum. A depender do valor, poderá ser usado também o procedimento
do juizado especial (até 40 salários mínimos – Lei 9099)
127
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Como o título está prescrito, não será mais considerado título de crédito, e, portanto,
não há mais que se falar em autonomia, abstração e inoponibilidade das exceções
pessoais que se faziam presentes na execução cambial.
Por outro lado, ao ajuizar uma ação monitória, em que pese o título de dívida perder
a sua autonomia da causa originária (não causalidade material), haverá a chamada não
causalidade processual, pois o código afirma que o lastro documental da monitória é o
simples título de dívida, não sendo necessário apresentar a sua causa originária. É o
que se depreende da Súmula 531 do STJ.
128
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Casos Concretos:
Questão 1)
Uma letra de câmbio emitida por "A" em favor de "B", com aval de "C", foi
sucessivamente endossada a "D", "E" e "F". O sacado, Ulysses, não aceitou a cártula.
a) Vencido o título, pode "F" propor a ação pertinente contra qualquer um dos
integrantes da relação cambiária? Justifique.
b) E se o título estiver prescrito? Pode a ação de locupletamento ser dirigida contra
o avalista ou qualquer um dos endossantes? Justifique.
Resposta:
A. Sim, o art. 47 da LUG dispõe que a ação poderá ser proposta em face dos
sacadores, aceitante, endossantes ou avalistas, já que esses são todos
solidariamente responsáveis para com o portador. Contudo, se não tiver havido
o aceite, deverá ser observado o prazo estabelecido no art. 53 da LUG.
129
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B. Não, nesse caso, com base no art. 48 do Decreto 2044/1908, tanto os avalistas
quanto os endossantes têm a responsabilidade extinta com a prescrição da ação
cambial. Assim, somente será possível o ajuizamento de ação de locupletamento
em face de A, ou seja, em face do sacador da letra de câmbio (deve ser
demandada contra quem se locupletou).
Questão 2)
Resposta:
130
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Nessa linha de entendimento, qualquer matéria que não dependa de dilação probatória
pode ser oposta por meio de exceção de pré-executividade.
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EMENTA: DUPLICATA.
Conceito.
Natureza jurídica.
Requisitos.
Hipóteses de admissibilidade de sua emissão.
Declarações cambiais na duplicata.
Aceite.
Endosso.
Aval.
Vencimento.
Pagamento.
Protesto.
Ação Cambial.
Outros tipos de ação para o recebimento da duplicata.
Triplicata.
Duplicata de prestação de serviços.
Duplicata virtual.
ORIGEM DA DUPLICATA:
CONCEITO DE DUPLICATA:
Trata-se de um título que pode ser criado pelo próprio credor, para representar o seu
crédito, nos contratos de compra e venda mercantil e prestação de serviços. Em razão
disso, se refere a uma ordem de pagamento e não uma promessa.
Na duplicata, o credor (sacador) dá uma ordem ao devedor para que pague o valor
devido a ele mesmo. Há uma estrutura similar a letra de câmbio, só que o sacador e
beneficiário são a mesma pessoa.
132
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A duplicata sempre será emitida pelo seu credor originário, ou seja, o sacador
e o credor na duplicata são a mesma pessoa. É quem vendeu ou prestou o
serviço. O sacado é o obrigado/o devedor deste título, pois comprou alguma
mercadoria ou se beneficiou dos serviços prestados. As mesmas partes do
contrato que deram origem à duplicata estão no título – duplicidade da relação
jurídica em relação civil e relação cambial. Difere da letra de câmbio em que
o sacador é garante do título (art. 9º, LUG); difere da nota promissória em que
o emitente é o devedor;
Nas vendas mercantis o pagamento pode tanto ocorrer à vista como à prazo. Dessa
forma, a duplicata poderá ser utilizada para ambos os casos.
A duplicata é o único título que pode ser sacado pelo credor para retratar créditos
oriundos de compra e venda mercantis e/ou prestação de serviços.
Segundo Luiz Emygdio somente empresários podem emitir duplicatas. Em que pese
esse entendimento, não há na lei nenhum dispositivo que sustente esse
posicionamento, logo a maioria da doutrina entende que não há nenhuma vedação a
emissão de duplicata por não empresários.
CORRENTE 1) Segundo Luiz Emygdio a duplicata simulada é sim uma duplicata porque
a formalidade do título já é suficiente para configurar a relação cambial,
independentemente da simulação da compra e venda ou prestação de serviço.
CORRENTE 2) Corrente defendida por Fábio Ulhoa entende que não pode ser
considerada duplicata porque não houve a compra e venda ou prestação do serviço,
logo essa duplicata é ilegal.
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NATUREZA JURÍDICA:
CARACTERÍSTICAS DA DUPLICATA:
(i) Título de crédito causal: essa é a sua natureza jurídica. A duplicata é um título
causal, já que está ligada a uma fatura de compra e venda ou prestação de
serviços.
Nos títulos causais, a causa é conhecida por todos, pois é mencionada no próprio
documento. Tem-se uma vinculação do título ao negócio jurídico que lhe deu
origem.
(ii) Facultativa: a compra e venda mercantil pode ser feita de diversas formas, uma
delas é a duplicata. Assim, não há uma obrigatoriedade pela escolha da
duplicata, podendo ocorrer por nota promissória, cheque, cartão de crédito.
(iii) Somente pode circular por endosso: não é possível que haja a sua circulação por
meio de cessão de crédito.
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL:
A duplicata possui lei própria - Lei 5474/68. Contudo, essa lei é demasiadamente
pequena e, por isso, não consegue disciplinar integralmente o instituto. Dessa forma,
o seu art. 25 estabelece a aplicação subsidiária da legislação da Letra de câmbio (LUG).
134
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REQUISITOS ESSENCIAIS:
Os requisitos formais essenciais das duplicatas estão previstos no art. 2, §1º da Lei
5474/68.
Primeiramente, importa ressaltar que aquele que vendeu ou prestou ou serviço não
pode emitir qualquer outro título que não seja a duplicata para representar
cambialmente aquela relação (art. 2º, caput, da LD). Nada impede, porém, que a outra
parte – o devedor –, ou seja, aquela que comprou ou foi beneficiada pelo serviço, emita
outro título de crédito, como nota promissória, cheque etc.
Todos os requisitos do art. 2º, §1º, da LD, são requisitos essenciais e não supríveis,
razão pela qual devem obrigatoriamente constar do título:
135
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CORRENTE 1) Corrente defendida por Arnaldo Rizzardo entende que se não houver
vencimento estipulado na duplicata presume-se que é à vista.
CORRENTE 2) Corrente defendida por Luiz Emydgio da Rosa e Tomazette defende que
a ausência de especificação do vencimento inviabiliza que o título seja considerado
uma duplicata, pois é requisito essencial.
Sim. O credor pode prorrogar o vencimento por ato unilateral no próprio título ou em
declaração em separado (art. 11, LD). Ocorre que os endossantes e avalistas só se
manterão responsáveis se manifestarem expressamente sua concordância com tal
prorrogação (art. 11, p.ú, LD).
(v) Nome e domicílio do comprador + identificação pelo RG, CPF, título de eleitor
ou carteira profissional;
(vii) Importância a pagar escrita por extenso: tem que ser líquido e certo o valor. Aqui
é vedada em toda e qualquer hipótese a estipulação em moeda estrangeira,
inclusive nas hipóteses do DL 857/69.
O último requisito da duplicata está no art. 27 da LD, qual seja a utilização do modelo-
padrão de duplicata estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional, uma vez que a
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Ademais o art. 24 da Lei 5474 permite que se incluam outros requisitos, tais como,
multa, correção monetária e etc.
No mesmo art. 2º (§§ 2 e 3 da Lei 5474) são trazidas algumas observações, que seguem:
PARTES NA DUPLICATA:
(I) Emitente ou sacador: é o vendedor que saca (emite) a fatura. Ele poderá
sacar uma duplicata com base no crédito representado na fatura.
(i) Saque: trata-se da emissão da duplicata, que somente poderá ser realizada pelo
vendedor.
(ii) Aceite: trata-se de uma ordem de pagamento em dinheiro e, por isso, é admitido
o aceite. Ele é facultativo.
(iii) Endosso: é admitido que haja a sua circulação por meio do endosso e não por
cessão de crédito. A cláusula à ordem é essencial.
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ACEITE NA DUPLICATA:
É o ato unilateral pelo qual o sacado se obriga a pagar o título de crédito. Há, porém,
uma diferença essencial em relação à letra de câmbio. Por ser um título causal, na
duplicata, o aceite seria apenas a transformação de uma obrigação contratual em uma
obrigação cambial entre aquelas mesmas partes.
(i) Aceite expresso ou ordinário (art. 15, I, da LD): é aquele que se dá com a
assinatura do sacado no título, assumindo a condição de devedor principal
da obrigação. Pode ser de próprio punho ou mediante procurador com
poderes especiais.
(ii) Aceite presumido (art. 15, II, da LD): é uma mitigação do princípio da
literalidade, pois, apesar de não constar no título de crédito a assinatura
do sacado, pode-se considerar que aquele aceite foi dado e promover a ação
cambial em face do sacado, quando cumulativamente:
O sacado pode recusar o aceite, mas essa recusa não é tão ampla, visto que estamos
diante de um título causal.
A recusa do aceite deve ser justificada, dentro do prazo de 10 dias do dia em que lhe
foi apresentado o título, sob pena de se considerar o aceite presumido (art. 7º, parte
final, da LD).
Para o sacado recusar o aceite, ele deve alegar algum vício na relação que deu origem
àquela duplicata, quais sejam aqueles previstos no art. 8º (duplicata mercantil) e no
art. 21 da LD (duplicata de prestação de serviços) (ex. avaria da mercadoria, falha no
serviço prestado etc.).
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A duplicata deve ser remetida pelo vendedor (remessa direta) para aceite em 30 dias
contados de sua emissão (art. 6º, §1º). Se houver intermediário para o sacado (remessa
indireta), ele tem 10 dias para apresentar ao sacado após o recebimento (art. 6º, §2º).
A inobservância de tais prazos não gera qualquer consequência já que o aceite é
facultativo.
Art. 7: A duplicata, quando não for à vista, deverá ser devolvida pelo comprador
ao apresentante dentro do prazo de 10 (dez) dias, contado da data de sua
apresentação, devidamente assinada ou acompanhada de declaração, por escrito,
contendo as razões da falta do aceite.
§ 1º Havendo expressa concordância da instituição financeira cobradora, o sacado
poderá reter a duplicata em seu poder até a data do vencimento, desde que
comunique, por escrito, à apresentante o aceite e a retenção.
§ 2º - A comunicação de que trata o parágrafo anterior substituirá, quando
necessário, no ato do protesto ou na execução judicial, a duplicata a que se refere.
Mas e se a razão alegada pelo sacado para recusar o aceite não for verossímil (ex.
disse que o serviço foi mal prestado e não foi)?
Obviamente não poderá ser tratado como aceite presumido, pois o sacado declinou as
razões da recusa.
O art. 16 da LUG diz que, nessa hipótese, pode o credor promover ação ordinária para
ilidir as razões invocadas para recusa. Só que é mais prático para o credor executar
diretamente o contrato, uma vez que este negócio jurídico não é substituído pelo título
de crédito.
OBSERVAÇÃO:
A duplicata à vista não admite aceite, ao contrário da letra de câmbio que permite a
existência do aceite mesmo no caso de letra de câmbio à vista.
(i) O sacador tem a duplicata aceita (física ou virtual): ela poderá ser
executada se não for paga no vencimento, independentemente de protesto
(art. 15, I da Lei 5474/68). O aceitante (comprador) se torna devedor
139
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(ii) Duplicata não foi aceita com causa relevante de recusa: o art. 7º da lei
5474/68 estabelece que a duplicata deverá ser devolvida acompanhada das
razões da falta de aceite (justificativa pela falta de aceite). Isso ocorre
porque algumas justificativas são consideradas relevantes para o não aceite
e, por isso, o sacador estará impedido a executar a duplicata ainda que
protestada. Se não for informada a razão, presume-se pela recusa imotivada
ou não relevante.
Assim, temos que a recusa do aceite pode ser legítima se estiver dentro das
hipóteses previstas em lei e desde que seja motivada, de forma ostensiva.
Nesses casos, o sacado estará exonerado da responsabilidade cambial pelo
pagamento do título.
(iii) Duplicata não foi aceita e não teve justificativa relevante: para a sua
execução será necessário que a duplicata seja levada a protesto e haja o
comprovante de entrega da mercadoria (art. 15, II da Lei 5474/68). Nesse
caso, mesmo sem aceite será possível que seja executado. Assim, há a
vinculação do sacado, mesmo sem o aceite, diferenciando-se dos demais
títulos de crédito). O prazo para execução também será de 3 anos da data
do seu vencimento (art. 18, I da Lei 5474/68).
(iv) Duplicata foi retida: a duplicata física se for apresentada para aceite pode
ocorrer de ser retida. Essa situação pode ocorrer quando a duplicata é
aceita ou não aceita. A duplicata pode ficar retida por até 10 dias, é um
direito do sacado.
140
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Nesse caso, o protesto ocorre pela indicação do portador da duplicata para que o
tabelião faça a intimação e lavre o protesto.
É interessante mencionar que no título à vista, não tem aceite, devendo seguir o
procedimento da duplicata sem aceite.
ENDOSSO NA DUPLICATA:
Na duplicata, a cláusula à ordem é expressa e, portanto, ela pode ser endossada (art.
2º, §1º, LD).
Quem endossa transfere o título, mas garante o seu pagamento e a sua aceitação, ou
seja, torna-se coobrigado, devedor indireto, que poderá ser cobrado caso provado o
descumprimento da obrigação pelo devedor direto.
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IMPORTANTE!!!
Um credor possui em suas mãos uma duplicata que lhe foi endossada, não tendo
participado do contrato que deu origem ao título. Esse credor promove a ação
em face dos endossantes anteriores. Os endossantes anteriores, compelidos a
pagar, afirmam que não irão fazê-lo, pois a duplicata é fria/simulada. O STJ, no
REsp 1105012, entendeu que essa alegação é possível, pois, sendo a duplicata um
título causal, ela está diretamente ligada ao negócio jurídico que lhe deu
origem, devendo, então, quem quer se precaver, analisar se ela foi emitida com
lastro probatório. O princípio da abstração, portanto, é mitigado somente no
que diz respeito à existência da causa originária do título – uma compra e venda
mercantil ou uma prestação de serviços. Só há oponibilidade em relação a este
ponto. Outras defesas pessoais não poderão ser alegadas se a duplicata circulou
em observância ao princípio da abstração.
Essa questão está diretamente ligada também ao atual posicionamento do STJ
no sentido de responsabilizar o endossatário-mandatário que protesta uma
duplicata fria/simulada que lhe foi endossada sem ter as cautelas de verificar
se houve ou não lastro probatório.
Esse mesmo entendimento valerá para os demais títulos de crédito que sejam
causais (ex. conhecimento de depósito, warrant), bem como para a nota
promissória vinculada.
AVAL NA DUPLICATA:
A Lei de Duplicatas, em seu art. 12, presume o aval em branco como sendo dado em
garantia à obrigação do sacado (comprador), pois não faz sentido presumir que seja
dado em favor do sacador (como ocorre na letra de câmbio), uma vez que, na
duplicata, o sacador é credor.
A obrigação de quem avaliza é uma obrigação autônoma, o que significa que mesmo
que a obrigação principal seja considerada nula, o aval permanece, salvo em virtude
de vícios formais do título (art. 32, 2ª alínea, da LUG). Apesar dessa autonomia, a
obrigação do avalista só pode ser exigida da mesma forma que seria a obrigação do
avalizado – devedor direto ou indireto.
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Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Logo, não é admissível aval parcial para a duplicata, por vedação expressa do Código
Civil. O aval deve ser integral.
O seu parágrafo único trata do aval posterior ao vencimento, não sendo necessário
recorrer ao Código Civil. Esse é considerado válido, possui o mesmo valor ao dado
anteriormente.
O art. 25 da Lei das duplicatas não manda aplicar as disposições do aval da LUG, mas
tão somente os dispositivos da LUG que disponham sobre a emissão, circulação e
pagamento das letras de câmbio. Assim, deve-se aplicar supletivamente as regras de
aval previstas no Código Civil.
O pagamento deve ser buscado por iniciativa do credor (obrigação quesível). Nada
impede, contudo, que o sacado queira pagar antecipadamente o título (art. 9º, LD),
não cabendo ao credor negar tal possibilidade.
A prova do pagamento decorre de recibo escrito no próprio título ou fora dele (art. 9º,
§1º, LD), sendo uma exceção ao princípio da literalidade, dado pelo legítimo credor ou
seu representante. Também é prova do pagamento a liquidação de cheque a favor do
estabelecimento endossatário cujo valor tenha sido destinado ao pagamento da
duplicata (art. 9º, §2º, LD).
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PROTESTO NA DUPLICATA:
Os efeitos do protesto por falta de pagamento pelo sacado quando do vencimento são
os mesmos do protesto por falta de aceite. A única distinção é que o protesto, para
possibilitar a cobrança dos devedores indiretos, deve ser tempestivo, ou seja, feito até
30 dias depois do vencimento (art. 13, §4º, LD). Depois desse prazo, se não for feito o
protesto, os devedores indiretos estarão desobrigados.
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(i) Retenção indevida do título pelo sacado (art. 13 da LD e art. 21, §3º,
L. 9492/97): a jurisprudência admite nessa hipótese a extração de triplicata,
mas sua extração não é obrigatória. Pode o credor fazer o protesto por falta
de devolução com base em indicações, inclusive em meio magnético (art. 8º,
p.ú, L. 9492/97). O credor responde pelos danos causados em razão de
protesto lavrado com base em indicações equivocadas.
CORRENTE 2) Corrente majoritária defendida por Luiz Emydgio; Fábio Ulhôa e STJ,
(EREsp 1024691/PR) entende que é cabível o protesto por indicações de duplicata
virtual. O art. 15 da LD c/c art. 8º, p.ú, da L. 9492/97 admitem a execução sem a
apresentação do título, desde que feito o protesto por indicações encaminhadas em
meio magnético e desde que acompanhado do comprovante de recebimento das
mercadorias ou de prestação do serviço.
AÇÃO CAMBIAL:
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Deve ser apresentado o título e o protesto tempestivo (art. 13, §4º, LD) (30 dias
contados do vencimento). Ressalte-se que não é necessário o comprovante de
entrega da mercadoria ou da prestação do serviço, pois, com a circulação do
título, operou-se a abstração e os devedores indiretos são alheios à relação
causal que embasa o título.
PRESCRIÇÃO:
O art. 18 da LD diz:
Também é possível a ação causal (art. 16 da LD), desde que haja a relação pessoal
entre autor e réu como já visto anteriormente, que poderá seguir o rito ordinário, o
rito sumário, o do juizado especial. Nesse caso, o prazo prescricional será o do negócio
jurídico.
TRIPLICATA:
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Assim, verifica-se que a triplicata pode ser admitida por duas causas: (i) retenção
indevida ou (ii) perda/extravio do título.
Sua possibilidade somente passou a ser admitida com a Lei de Duplicata, antes a
duplicata somente era utilizada para a compra e venda mercantil.
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DUPLICATA VIRTUAL:
Assim, esses documentos com infra-estrutura de chaves públicas (ICP), desde que
assinados digitalmente, passaram a ter os mesmos efeitos legais dos documentos
físicos.
Contudo, o Código Civil de 2002 estabelece que os títulos de crédito somente são
válidos se contiverem os requisitos exigidos em lei. Dessa forma, para justificar a
admissibilidade da duplicata virtual deve ser combinado o art. 10 da MP 2.200/2000
com o art. 887 do CC (título como documento formal) com o art. 2, §1º da Lei 5474/68.
Contudo, existem situações em que a duplicada não pode ser executada e existem
outra s situações em que ela não pode mais ser executada em virtude da prescrição.
Nas duas situações, caberá a sua cobrança pelo procedimento ordinário.
Essa possibilidade trazida pela Lei de duplicata (art. 16) é anterior à ação monitória.
Dessa forma, não será necessariamente uma ação de cobrança. Poderá haver a
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cobrança pelo procedimento comum ou pela ação monitória (art. 700 do CPC). Isso
porque tem-se em mãos o documento que representa a existência quantia certa (título
executivo que não tem mais força executiva). O prazo para as duas ações será de 5
anos da data do vencimento.
JULGADO DUPLICATA
REsp 1356541 Possibilidade de emissão de duplicata com base em mais de uma
(2016) nota fiscal;
Uma só duplicata pode corresponder à soma de diversas notas
fiscais parciais. Em outras palavras, uma única duplicata poderá
abranger mais de uma nota fiscal. Não há proibição legal para que
se somem vendas parceladas procedidas no curso de um
determinado período (ex: um mês), e do montante se formule
uma fatura única ao seu final.
149
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Casos Concretos:
Questão 1)
Resposta:
Não assiste razão ao devedor, uma vez que o art. 2º da Lei 5474/68 é norma dirigida
ao vendedor da mercadoria, não se admitindo a emissão de título diverso da duplicata
para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador. O
comprador pode emitir cheque ou nota promissória para pagamento do preço.
Questão 2)
Banco de Parnaíba S/A. ajuizou ação de cobrança em face de Aphir Barril e Ophir
Aldão com base em duas duplicatas de venda sacadas em face de ROA Artes Gráficas
Ltda. e avalizadas pelos réus. Em contestação, os réus alegaram que a condição de
sócio da sociedade não poderia ensejar a cobrança direta deles, a uma porque a
sociedade é dotada de personalidade jurídica e os sócios respondem sempre
subsidiariamente e a duas, porque como sócios de responsabilidade limitada, só
respondem até o valor de suas quotas. Aduziram que não ostentavam mais a
condição de sócios na data da prestação do aval, apresentando alteração contratual,
na qual constava nova composição societária, porém não foi arquivada na Junta
Comercial. Assiste razão aos réus? Resposta fundamentada.
Resposta:
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NOTA PROMISSÓRIA:
Verifica-se, portanto, que a nota promissória é um título que contém uma promessa
de pagamento em dinheiro, diferentemente da letra de câmbio e do cheque (ordem
de pagamento). Enquanto na ordem de pagamento existe a figura do sacado, aquele
indicado no título como responsável pelo pagamento, na promessa de pagamento, não
existe tal figura, pois o próprio emitente ou subscritor do título é o devedor. É ele
quem promete pagar, não havendo uma ordem a terceiro (promessa de fato próprio).
(i) Como não há sacado na nota promissória, também não há a figura do aceite
nem a figura da intervenção para o aceite. A nota promissória nasce aceita,
pois o reconhecimento do débito pelo devedor se dá no próprio ato da
emissão;
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Emerj CPIII-A Direito Empresarial
NATUREZA JURÍDICA:
A abstração está presente quando o título não é vinculado por lei a nenhuma
modalidade específica de negocio jurídico, de modo que a sua emissão é válida para
retratar qualquer espécie de negócio jurídico.
A nota promissória não tem previsão expressa de ser emitida em meio eletrônico,
mas também não tem vedação. Há uma lacuna legal, pois a LUG é de 1930, quando
não se cogitava de suporte eletrônico. Não há nenhum impedimento de que,
observados os requisitos essenciais, a nota promissória seja emitida
eletronicamente.
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No art. 77 da LUG tem-se que são aplicadas as notas promissórias, nas partes em que
não lhe sejam contrárias, os dispositivos pertinentes às letras de câmbio.
Por fim, não se aplica às NPs o instituto do aceite, na medida em que não há ordem
nela veiculada. No caso das NPs não existe hipótese cambial de vencimento
antecipado, enquanto que na LC tem vencimento antecipado na hipótese de recusa do
aceite.
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL:
Assim, desde 1908 a legislação trata de maneira continua a letra de câmbio e a nota
promissória, devendo-se aplicar as disposições da LUG que passou posteriormente a
regular o tema, observando-se também as reservas.
Dois artigos ficaram prejudicados, um porque a LUG trata da mesma matéria e outra a
LUG trata de forma diferente, devendo essa prevalecer. São os arts. 54 (art. 74/75 da
LUG) e 55 (78 da LUG) do Decreto 2044/1908.
EM SUMA: A nota promissória tem a mesma legislação que a letra de câmbio, qual
seja a Lei Uniforme de Genebra e, nas suas omissões e reservas, o Decreto
2.044/1908. Eventualmente, será aplicado o Código Civil, caso o Decreto 2.044
também seja omisso, ex. aval posterior ao vencimento (art. 900 do CC).
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A nota promissória contém uma promessa de pagamento em dinheiro que pode ser à
vista ou a prazo.
A nota promissória à vista tem a mesma regra da letra de câmbio à vista, qual seja
aquela que não tem uma data certa para o pagamento. O vencimento à vista é
presumido na ausência de outra disposição, na medida em que a data para pagamento
não é característica essencial da letra de câmbio, também não o sendo na nota
promissória.
Se este prazo não for observado, o portador perde o direito de ação contra os
coobrigados, a exceção do aceitante (art. 53, alínea 1, da LUG).
Como não há aceitante na nota promissória, dispõe o art. 78 da LUG que o subscritor
da nota promissória é equiparado ao aceitante. Portanto, caso uma nota promissória à
vista seja apresentada fora do prazo do art. 34 da LUG, o portador mantém o seu
direito de ação em face do emitente (e seu respectivo avalista), porque a lei o
equipara, para esse fim, ao aceitante da letra de câmbio, ou seja, à condição de
obrigado principal, mas perde o direito contra os demais coobrigados, quais sejam
endossantes e respectivos avalistas.
a. Em dia certo;
b. A certo termo de data – a data é a data de emissão.
c. A certo termo de vista – o art. 78 da LUG, 2ª alínea, da LUG chama esta nota
promissória de “a certo termo de visto”. Na letra de câmbio, o vencimento a
certo termo de vista tem como referência a data em que o sacado teve a vista
do título para o aceite (a data do aceite). Na nota promissória, não há aceite,
porque não há sacado. Portanto, não se pode dizer que é “a certo termo de
vista”, tendo como termo inicial a data do aceite, razão pela qual o legislador
fez uma adaptação e chamou a nota promissória de “a certo termo de visto”.
155
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Esse visto não é emissão, mas sim uma confirmação da emissão apenas para
efeito de vencimento. A data do visto será o termo inicial da contagem.
(v) Assinatura do sacador e sua identificação pelo RG, CPF, título de eleitor ou
carteira profissional: se não souber ou não puder assinar, o sacador deverá
156
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Contudo, o seu preenchimento deve se dar antes do vencimento (S. 387 do STF).
Como visto a nota promissória pode ser emitida por procurador em virtude do art. 8º
da LUG c/c art. 77 do Dec. 2044/1908. Esse somente irá responder se extrapolar os
poderes e se não possuir expressos poderes.
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Emerj CPIII-A Direito Empresarial
O art. 887 do CC dispõe que o título de crédito somente produzirá efeitos se contiver
os requisitos da lei, demonstrando que os títulos devem sempre seguir o formalismo.
O art. 77 da LUG deixa claro porque somente dispõe 4 artigos sobre a nota promissória.
Isso porque a maioria das disposições da letra de câmbio são aplicáveis a nota
promissória.
Abaixo lista dos artigos da letra de câmbio que são aplicáveis a nota promissória:
Observa-se que é possível que a nota promissória seja à ordem ou não à ordem como
admite-se na letra de câmbio.
158
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As notas promissórias pagáveis a certo termo de vista devem ser presentes ao visto dos
subscritores nos prazos fixados no artigo 23. O termo de vista conta-se da data do visto
dado pelo subscritor. A recusa do subscritor a dar o seu visto é comprovada por um
protesto (artigo 25), cuja data serve de início ao termo de vista.
A segunda linha desse mesmo artigo que fundamenta o fato de o art. 55 do Dec.
2044/1908 não ser mais aplicável. Essa traz a possibilidade que a nota promissória seja
a certo termo de vista (deve indicar um prazo para que o beneficiário emita um visto
no título e a partir desse passará a correr um prazo para o vencimento). Esse tipo de
nota promissória acaba não sendo utilizada na prática, uma vez que o emitente já é o
obrigado principal e não há necessidade dessa burocracia.
Em razão da natureza pro solvendo das NPs, a emissão desse título não provoca
nenhuma espécie de modificação na relação jurídica extracambial que deu causa a
emissão desse título.
Admite-se, contudo, que as partes atribuam ao título caráter pro soluto e nessa
hipótese a simples emissão do título provoca a extinção da relação jurídica
extracambial – opera-se no caso uma novação.
As notas promissórias de caráter pro soluto têm o mesmo efeito de uma novação do
crédito anterior e, portanto, em relação a elas não se pode alegar questões
relacionadas à relação jurídica que lhe deu origem. O caráter pro soluto tem que ser
expresso. Diferentemente, as notas promissórias de caráter pro solvendo não possuem
esse efeito de novação e, portanto, os vícios existentes na relação jurídica originária,
podem ser alegados. O caráter pro solvendo se presume.
Tal vinculação não desnatura a essência da nota promissória como título de crédito.
Todavia, pela jurisprudência, há uma mudança no seu regime, qual seja a
inaplicabilidade do princípio da abstração (STJ, REsp 659.327/MG).
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IMPORTANTE!!!!
STJ: A iliquidez do contrato contamina a nota promissória a ele vinculada,
inviabilizando sua execução – art. 586 do CPC (REsp 422.403/SP). Ex. Contrato de
abertura de crédito em conta corrente – Súmula 258 do STJ.
CLÁUSULA DE MANDATO:
Em virtude do art. 8º da LUG, admite-se que a nota promissória seja efetivada por
procuração. A cláusula mandato se refere a possibilidade de o devedor autorizar o
credor a emitir nota promissória como mandatário do devedor em favor do próprio
mandatário (mandato em interesse próprio). Era interessante porque o contrato não
servia como título executivo e a nota promissória sim.
Contudo, o STJ na década de 60 com a S. 60 entendeu que essa cláusula era ilícita,
uma vez que a obrigação cambial era assumida em interesse do próprio procurador.
160
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161
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Casos Concretos:
Questão 1)
Resposta:
O endossatário Daniel recebeu o título por endosso em branco e, nos termos do art. 77
e 14 da LUG, pode preencher o endosso em branco, quer com seu nome, quer com
nome de outra pessoa. O emitente de uma nota promissória é responsável da mesma
forma que o aceitante de uma letra de câmbio (arts. 78 e 28).
Logo, o emitente não pode opor ao endossatário de boa-fé exceções pessoais (art. 17).
Cabe observar que Daniel Rocha é endossatário do título e não beneficiário originário.
O enunciado menciona que Carlos Sá endossou a cártula e, como o endosso é escrito
no título e assinado pelo endossante, conclui-se que a pessoa que dispôs do crédito foi
Carlos Sá, primeiro beneficiário. Portanto, ao preencher seu nome como
“beneficiário”, Daniel Rocha agiu em conformidade com o art. 14 da LUG e não como
portador que preencheu título emitido em branco, não endossado.
Questão 2)
Incorporadora Imobiliária S/A. contratou com a Edificadora Construa Fácil S/A. uma
construção multifamiliar, para entrega em 40 meses. A Incorporadora se obrigou ao
pagamento das prestações, mediante a emisssão de notas promissórias mensais,
vinculadas ao contrato. Faltando 10 meses para seu término e como a obra se
encontrasse cronologicamente com 50% realizados, sem tempo para concluir-se no
prazo ajustado, a Incorporadora Imobiliária S/A. suspendeu os pagamentos das
notas promissórias, alegando exceptio nom adimpleti contractus. Em ação de
162
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execução, a Edificadora Construa Fácil S/A. exige o pagamento dos títulos vencidos,
sustentando que o prazo global não se esgotara. Procede a defesa da executada?
Decidir a questão, com fundamentação adequada.
Resposta:
163
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EMENTA: CHEQUE I.
Conceito.
Natureza jurídica.
Pressupostos de emissão.
Legislação.
Requisitos.
Modalidades de cheque.
Inexistência de aceite.
Endosso.
Aval.
Formas de circulação.
Cheque pós-datado.
CHEQUE (CONCEITO):
O art. 32 da Lei 7357/85 estabelece que será considerada não escrita qualquer menção
em contrário, deixando claro que se trata de uma ordem de pagamento à vista.
164
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Atenção pois o prazo só começa a contar da data que estiver estampada no título de
crédito.
O comerciante que apresentar o cheque antes da data pode ser responsabilizado por
dano moral. Contudo, o banco que descontar o cheque pos-datado antes do prazo está
agindo de maneira lícita e não poderá ser processado. [CONFIRMAR]
Em regra o cheque é pro solvendo. Isso porque, toda vez que se emite um cheque
existirá uma relação jurídica extra-cambiária que será o motivo da emissão desse
cheque (negócio jurídico subjacente ou negócio causal); quando o título é emitido ele
não significa uma novação ao negócio juridico subjacente, subsistindo as duas causas
(a causa cambiária e a causa extracambiária), ou seja, a emissão do cheque não
significa o cumprimento da obrigação.
Cuidado pois o título de crédito pode ser criado pro soluto (“em cumprimento da
obrigação”), ou seja, a relação jurídica extra-cambiária desapareceu. A relação
jurídica cambiária operará uma novação em relação àquela relação extracambiária, ou
seja, o cheque vai substituir a relação juridica extracambiária. Se o cheque não for
adimplido, o credor não poderá desfazer o negócio juridico, ele só poderá promover
uma cobrança do título e não pleitear uma rescisão do contrato, por exemplo.
165
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Sim!!! O cheque não tem curso forçado no direito brasileiro porque não é dinheiro. O
empresário pode se recusar a receber um cheque. Contudo, o empresário tem que
informar a forma de pagamento que ele aceita, para não causar uma eventual surpresa
ao consumidor.
Se o empresário pode recusar o cheque, ele pode também estabelecer condições para
aceitar o cheque com base na lógica de que “quem pode mais, pode menos”. Logo, o
empresário pode sim exigir, por exemplo, no mínimo de 6 meses de conta aberta, para
aceitar o cheque.
ATENÇÃO!!!!
O cheque é necessariamente cartular. Isto significa que ele não pode ser
desmaterializado, colocado em qualquer outro suporte que não o físico, pois o
Conselho Monetário Nacional, em observância ao art. 69 da LC, adota uma
padronização para o modelo de cheque. Não existe cheque virtual.
O portador que não apresentar o cheque no prazo legal mantém seu direito de ação
em face do emitente, mas perde o direito de cobrar os coobrigados (art. 47, II, da LC
– se o cheque apresentado em tempo hábil).
166
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O emitente e seus avalistas podem ser cobrados pelo cheque ainda que a apresentação
do cheque tenha sido intempestiva. Isto porque, diferentemente do art. 47, II, da LC,
o art. 47, I, da LC não condiciona a pretensão à execução do cheque à apresentação
do cheque em tempo hábil, qual seja o prazo do art. 33 da LC.
Súmula 600 do STF: “Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda
que não apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita
a ação cambiária.”
NATUREZA JURÍDICA:
CORRENTE 2) Carlos da Cunha Peixoto, por sua vez, defende que o cheque tem uma
dupla natureza, ou seja: o cheque pode funcionar tanto como um instrumento de
pagamento quanto como um instrumento de dilação.
167
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(ii) Existência de fundos disponíveis e estar autorizado para emitir cheque: o art. 4º
da Lei 7357/85 estabelece que devem estar configurados esses requisitos para
que o banco esteja obrigado a efetuar o pagamento do cheque. Além disso, o
contrato irá estabelecer a forma de emissão de cheque.
LEGISLAÇÃO:
Assim como a letra de câmbio, o cheque pode ser usado em negócios internacionais.
Em virtude do elevado número de reservas feitos à Lei Uniforme, foi editada a lei
7357/85 que disciplina o cheque.
REQUISITOS DO CHEQUE:
No contexto do rigor formal, para se considerado como cheque devem ser atendidos
os requisitos do art. 1º da Lei 7357/85, que seguem:
(I) Expressão “cheque”: inserta no próprio corpo do texto, não bastando estar
fora, mesmo que em destaque.
(III) Identificação do banco sacado: não existe cheque emitido contra sacado
não banqueiro.
(VI) Assinatura do sacador e sua identificação pelo RG, CPF, título de eleitor ou
carteira profissional: pode haver emissão por mandatário com poderes
especiais → o analfabeto pode emitir cheque através de mandatário
(instrumento público com poderes especiais), não sendo possível que a
168
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O art. 2º da Lei 7357/85 determina quais requisitos são essenciais ou não e na sua falta
como poderão ser supridos, como segue:
“Art 2: O título, a que falte qualquer dos requisitos enumerados no artigo precedente
não vale como cheque, salvo nos casos determinados a seguir:
I - na falta de indicação especial, é considerado lugar de pagamento o lugar designado
junto ao nome do sacado; se designados vários lugares, o cheque é pagável no
primeiro deles; não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável no lugar de sua
emissão;
II - não indicado o lugar de emissão, considera-se emitido o cheque no lugar indicado
junto ao nome do emitente.
V. a indicação da data e do lugar de emissão; [sendo Ordem de Pagamento à Vista, os
Prazos de Apresentação e de Prescrição do Cheque possuem a Data de Emissão do
Título como Marco Inicial.]
VI. a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais.
Parágrafo Único: A assinatura do emitente ou a de seu mandatário com poderes
especiais pode ser constituída, na forma de legislação específica, por chancela
mecânica ou processo equivalente.
Como o cheque é de modelo vinculado, a sua emissão somente pode ser feita em
documento padronizado, fornecido pelo banco ao correntista e não gera efeitos
cambiais o documento que não observe o padrão legal.
169
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Art. 41 da Lei do Cheque: “O sacado pode pedir explicações ou garantia para pagar
cheque mutilado, rasgado ou partido, ou que contenha borrões, emendas e dizeres
que não pareçam formalmente normais.”
Tal dispositivo prevê que o estabelecimento bancário tem que tomar providências de
cautela ao pagar um cheque, ou seja, deve atuar diligentemente. Trata-se de um
poder-dever de cautela de exigir explicações se houver indício de algum vício na
assinatura antes de proceder ao pagamento. Ademais, registre-se que o cliente paga
pelo serviço de compensação do cheque, havendo com o banco uma relação
consumerista.
170
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Portanto, se ele fizer um pagamento sem que tenha tomado as cautelas necessárias,
ele responde pela má prestação do serviço.
Pode o banco, porém, comprovar que houve culpa concorrente do emitente, de forma
a reduzir sua responsabilidade (ex. perdeu o talão e não sustou o cheque), ou culpa
exclusiva do emitente, de forma a excluir sua responsabilidade. Portanto, não se trata
de risco integral.
MODALIDADES DE CHEQUE:
(i) CHEQUE VISADO: está previsto no art. 7 da Lei 7357/85. Ocorre quando o banco
sacado a pedido do emitente pode declarar na cártula a existência de fundos
disponíveis suficientes para o pagamento do título. Além disso, o sacado irá
separar o valor do título na conta (é mantido na conta, mas está indisponível
para uso), garantindo uma maior segurança a quem for recebê-lo.
Diferencia-se do aceite porque não vincula o banco, que responde apenas se não
reservar fundos decorrentes durante o prazo de apresentação, mas a obrigação
não é cambial (deve ser demandado em ação declaratória, não podendo ser
protestado ou executado).
171
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
(ii) CHEQUE BANCÁRIO ou ADMINISTRATIVO: encontra previsão no art. 9º, iii, da lei
7357/85. Nesse caso, o sacador e sacado são a mesma pessoa. Ele é emitido pelo
banco sacado contra um de seus estabelecimentos (sacador e sacado se
identificam).
É aquele em que o banco é ao mesmo tempo sacador e sacado, tendo que ser
necessariamente nominal. Portanto, é o banco na qualidade de emitente que se
obriga pelo título. Não há qualquer responsabilidade cambial do correntista.
Difere do cheque comum em que o sacador é o correntista e o sacado é o banco.
(iii) CHEQUE VIAGEM OU CHEQUE VIAJANTE (TRAVELLERS’ CHECK): traz consigo uma
operação de cambio, consorcia o trabalho de caixa do banco com o caixa de
operação de câmbio. Assim, emprega maior segurança aos viajantes, que não
precisam transportar dinheiro (pode ou não ser vinculado a um contrato de
câmbio).
Com o cartão de crédito diminuiu o seu uso. Contudo, com o aumento do IOF
voltou a ser usado.
(iv) CHEQUE MARCADO: essa figura não é mais aceita no direito brasileiro. Nesse caso,
era marcada a data de apresentação do cheque.
172
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
(v) CHEQUE CRUZADO: encontra previsão nos arts. 44 e 45 da lei 7357/85. Fica
caracterizado pela presença de dois traços transversais no anverso do título.
Como consequência, o cheque cruzado somente pode ser pago mediante depósito
em conta, não pode receber o dinheiro no caixa.
(vi) CHEQUE PARA SER CREDITADO EM CONTA: esta previsto no art. 46 da Lei de
Cheques.
O cheque para ser creditado em conta também não tem liquidez imediata (não
é pago em dinheiro), pois só é pago mediante compensação. Para assim ser
considerado, deve o emitente ou portador inserir a expressão “para ser creditado
em conta” no anverso do título.
173
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
É bastante similar ao cheque cruzado. Assim, não poderá ser pago em dinheiro
diretamente ao portador, devendo sua liquidação ser feita por lançamento
contábil. Emitido de forma nominativa, prescinde de endosso quando depositado
em conta corrente do favorecido – visa possibilitar a identificação da pessoa em
favor de quem o título foi liquidado. Não havendo fundos, o cheque poderá ser
cobrado diretamente de qualquer dos devedores, inclusive do sacador.
(vii) CHEQUE POSTAL: não é possível enviar dinheiro pelo correio. Trata-se de um
instrumento comercial financeiro.
(viii) CHEQUE FISCAL: está em desuso e se refere ao cheque utilizado pela instituição
pública para restituição com o pagamento de imposto. Hoje em dia é feito por
meio de depósito.
(x) CHEQUE EM CONTA CONJUNTA: qualquer dos correntistas pode emitir cheques
isoladamente e só o emitente pode ser responsabilizado pelo pagamento (STJ).
174
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Se uma pessoa assinou o cheque e ele foi devolvido, podem-se executar TODOS
os correntistas daquela conta, ao fundamento de que a conta é conjunta e
que, portanto, são dois obrigados cambiários?
Não, pois a conta conjunta não é um cheque, mas um contrato, razão pela qual
não há falar em solidariedade cambiária.
Não pode a execução ser promovida contra aquele que não assinou. Se há alguma
solidariedade entre os contratantes, ela não é cambiária, mas obrigacional (os
fundos respondem solidariamente em face do banco).
INEXISTÊNCIA DE ACEITE:
O art. 6º da Lei 7357/85 estabelece que não se admite aceite no cheque, considerando-
se não escrita qualquer declaração com esse sentido.
Embora o cheque também seja uma ordem de pagamento como a letra de câmbio, no
qual constam o emitente, o sacado e normalmente o beneficiário, não há que se cogitar
de assunção de responsabilidade pelo sacado.
O sacado (banco) é apenas alguém que presta serviços ao emitente, não assumindo,
enquanto sacado, jamais a condição de devedor do cheque.
ENDOSSO:
O cheque é à ordem ou não à ordem, exigindo-se para ser “não à ordem” cláusula
expressa. Se for à ordem, transmite-se via endosso. Se for não à ordem, transmite-se
via cessão.
Embora não admita a figura do aceite, o cheque admite o endosso. Contudo, o banco
sacado não poderá nunca figurar como endossante do cheque.
O endosso do sacado (banco) é nulo, conforme art. 18, §1º, da Lei do Cheque. Portanto,
o banco não pode ser aceitante, nem endossante.
O sacado não pode ser endossante, mas pode ser endossatário. O banco pode receber
um cheque por endosso. O endosso ao sacado é válido, sendo denominado de endosso-
quitação, uma vez que o banco não poderá endossá-lo novamente.
175
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
A regra será a circulação mediante endosso, pois título é criado com a cláusula
cambiária à ordem. Entretanto, é possível inserir a cláusula não à ordem e, neste caso,
a circulação será mediante cessão de crédito.
O cheque possui implícita a cláusula à ordem, podendo circular por endosso ainda que
tal cláusula não conste expressamente no documento (art. 17 da Lei 7357/85). Para
impedir o endosso é necessária que haja expressa a cláusula “não endossável” e, nesse
caso, se o cheque for endossado, o apositor não se responsabilizará pelo pagamento
do cheque com relação aos endossos posteriores.
Por fim, é interessante mencionar que não há mais limite para número endossos no
cheque.
AVAL:
Além do endosso, o cheque também admite aval (art. 29 da Lei 7357), entendido como
o ato pelo qual alguém assume a obrigação de pagar, total ou parcialmente o título
nas mesmas condições que um devedor desse título (garantia pessoal). O aval deverá
estar escrito no próprio título, como também será exigida a outorga conjugal, salvo se
o regime de bens for o da separação absoluta.
Uma vez dado o aval no cheque, o avalista assume a obrigação de pagar o título na
mesma forma que um devedor desse título (avalizado), isto é, poderá ser um devedor
principal, se o avalizado for devedor principal, ou um devedor indireto, se o avalizado
for um devedor indireto.
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O aval dado aos títulos de crédito nominados prescinde de outorga uxória ou marital,
na forma do Inf. 604 do STJ.
É admissível ao aval parcial no cheque. A diferença é que o sacado pode ser avalista
na letra de câmbio, mas não pode ser avalista no cheque (art. 29).
FORMAS DE CIRCULAÇÃO:
(i) AO PORTADOR: não indica quem é beneficiário. O cheque até R$100,00 pode ser
ao portador.
Assim, temos que o cheque pode circular por endosso (cheque à ordem), por cessão de
crédito (cheque não à ordem) ou ao portador (mediante tradição ou mediante endosso
em branco).
CHEQUE PÓS-DATADO:
O cheque é ordem de pagamento à vista e, por isso, deve ser desprezada qualquer
espécie de “pós-datação”. Contudo, a pós-datação pode configurar uma convenção
entre o beneficiário e sacador e sua apresentação antes do prazo pode gerar a
responsabilização do beneficiário.
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Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Aceite (art. 6): o cheque não admite aceite considerando-se não escrita
qualquer declaração com esse sentido;
Casos Concretos:
Questão 1)
Resposta:
O cheque se refere a uma ordem de pagamento à vista, sacada contra um banco, com
base em suficiente provisão de de fundos depositados pelo sacador em mãos do sacado
ou decorrente de abertura de crédito.
Assim, se o banco sacado recusar cumprir a ordem de pagamento por qualquer motivo,
justo ou não, é o emitente quem responde diretamente pelo pagamento a ser feito ao
portador, considerando-se não escrita qualquer declaração pela qual se exima o
emitente dessa garantia (art. 15 Lei do Cheque).
178
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Entre o Banco sacado e o terceiro beneficiário (não sendo o correntista) não existe
relação jurídica alguma com base no cheque e entre o Banco sacado e o orrentista a
relação jurídica tem por base o contrato firmando entre as partes.
Se o banco errou, o emitente tem que entrar com ação de responsabilidade civil
(Sumula 388 do STJ).
Questão 2)
Resposta:
Dessa forma, somente o marido deverá responder pela emissão do cheque sem fundo,
não podendo ser ajuizada execução em face da mulher.
179
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
APRESENTAÇÃO:
Com a apresentação do cheque, será possível que o sacado (banco) saiba a quem
deverá efetuar o pagamento, já que até o momento não participou da relação
cambiária (na criação do cheque somente há atuação do emitente e beneficiário).
Art. 33 da Lei 7357: “O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do
dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver
de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no
exterior.
Parágrafo único: Quando o cheque é emitido entre lugares com calendários
diferentes, considera-se como de emissão o dia correspondente do calendário do
lugar de pagamento.”
180
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Se o dia ad quem cair em dia não útil, o prazo prorroga-se para o dia útil seguinte.
Tratando-se de cheque pós-datado (com data futura no local da data de emissão)
considera-se a data constante do cheque (há prorrogação da data de apresentação).
Em regra, somente se exige uma única apresentação do cheque. Contudo, nem sempre
o sacado efetuará o pagamento do cheque nessa primeira apresentação, como, por
exemplo, no caso de ausência de fundos disponíveis.
Em razão disso, é facultada uma segunda apresentação do cheque, a qual poderá ser
feita após dois dias úteis da primeira apresentação. Caso perdure a insuficiência de
fundos, o banco deverá inscrever o nome do cliente no Cadastro de Emitentes de
Cheques Sem Fundo (CCF), sendo-lhe vedado fornecer a esse talonários enquanto seu
nome estiver inscrito nesse cadastro.
Para o sacado (banco), o prazo de apresentação não tem maior importância, isto é,
ele é obrigado a pagar o cheque regular caso a execução ainda não esteja prescrita,
independentemente do decurso ou não do prazo de apresentação.
181
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Súmula 600 STF: “Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas,
ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que
não prescrita a ação cambiária.”
O ônus da prova de tal situação é do próprio emitente. Cabe a ele demonstrar que
tinha fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e que, após decorrido esse
prazo, deixou de têlos por motivos que não lhe sejam imputáveis. Só com a prova
conjunta desses fatos é que o emitente fica exonerado da execução, mas não da
obrigação de pagar, que poderá ser exigida por meio da ação de locupletamento ou da
ação causal.
Por fim, é interessante mencionar que é cabível indenização por danos morais do
correntista contra a instituição financeira quando o cheque apresentado fora do prazo
legal e já prescrito é devolvido sob o argumento de insuficiência de fundos (STJ, REsp
1.297.353/SP).
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Emerj CPIII-A Direito Empresarial
PAGAMENTO DO CHEQUE:
Uma vez apresentado o cheque ao sacado, a obrigação ali consignada se torna exigível.
Assim, estando regular o título e existindo provisão de fundos, o sacado deverá efetuar
seu pagamento.
Caso o emitente possua fundos no sacado, mas estes não sejam suficientes para cobrir
o valor total do cheque, o sacado poderá efetuar o pagamento parcial do cheque.
Trata-se de uma faculdade do banco, em que o banco devolverá o título ao beneficiário
com a menção expressa no document de um pagamento parcial.
O beneficiário não pode recusar o pagamento parcial, caso o banco queira fazê-lo (não
ocorre na prática), mas consta da lei (art. 38, parágrafo único).
Sendo dois cheques apresentados no mesmo dia, e não havendo fundos para pagamento
de ambos, deve ser pago o título de emissão mais antiga ou, sendo de mesma data, o
cheque com numeração inferior – mais antifgo (presunção de antiguidade).
183
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Na forma do art. 39 da Lei, o sacado que paga cheque “à ordem” é obrigado a verificar
a regularidade da série de endossos, mas não a autenticidade das assinaturas dos
endossantes.
Art. 39 da Lei 7357: “O sacado que paga cheque "à ordem" é obrigado a verificar a
regularidade da série de endossos, mas não a autenticidade das assinaturas dos
endossantes. A mesma obrigação incumbe ao banco apresentante do cheque a
câmara de compensação.”
Resguardase, contudo, ao sacado o direito de reaver o que pagou nos casos de dolo
ou culpa do correntista, do endossante ou do beneficiário.
184
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Fica o sacado obrigado a pagar um cheque mutilado que venha a ser apresentado?
O art. 1º, II, da LC, diz que o cheque contém uma ordem incondicional de pagamento
ao sacado – imperativo afirmativo do verbo pagar (“pague por este cheque a quantia
de...”). No entanto, essa ordem é relativamente incondicional, pois existem algumas
situações em que tal ordem não será honrada: falta de fundos disponíveis, revogação
da ordem pelo emitente etc.
A ordem de pagamento contida no cheque admite revogação pelo seu emitente (ato
privativo dele). É denominada contra-ordem, está prevista no art. 36, e tem caráter
definitivo (não admite arrependimento). O cheque, portanto, não poderá ser
apresentado a pagamento. Se for apresentado, tem que ser devolvido.
O cheque sem fundos, diferentemente, pode ser reapresentado (o BACEN admite uma
segunda apresentação).
A contraordem não interfere na cobrança do cheque, não retira sua executividade, não
interfere nos prazos prescricionais, não o torna um documento comum de dívida
(quirógrafo). O cheque com contraordem continua sendo título executivo extrajudicial,
podendo ser executado no prazo prescricional legal.
185
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
dentro do prazo de apresentação, mas só produzirá efeitos depois deste. (art. 35,
p.ú. c/c art. 33, da LC).
Assim, para que o cheque não seja pago anteriormente, se apresentado antes do fim
do prazo, basta que se proceda primeiramente à sustação do cheque (sustação durante
o prazo de apresentação + contra-ordem findo o prazo de apresentação).
Não sendo dada contraordem, o sacado pode pagar o cheque somente até que ocorra
o prazo prescricional (art. 35, p.ú, parte final). A contrário senso, o banco não pode
pagar cheque prescrito. Portanto, este é o fundamento para que os bancos, na
qualidade de sacados, devolvam cheques prescritos.
Atenção! A sustação não pode ser concomitante nem posterior à contraordem. Ela
sempre será anterior, pois vige durante o prazo de apresentação, enquanto a contra-
ordem só produz efeitos depois de findo o referido prazo.
Embora a lei diga que a oposição ou sustação tenha que ser fundada em relevante
razão de direito, dando a impressão de que não seria um direito potestativo, mas
subjetivo, ao qual o banco poderia se opor, isso não é verdade. Trata-se de um direito
potestativo do emitente ou portador e não cabe ao sacado julgar da relevância da
razão invocada pelo oponente, conforme art. 36, §2º, da LC.
Tanto a sustação como a contra-ordem têm que ser feitas por escrito, em razão da
exigência dos arts. 35 (“por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial”) e 36
(“por escrito”). Tal exigência é uma garantia para o banco, pois eventual
responsabilidade pela sustação e contra-ordem fraudulentas recairá sobre aquele que
a solicitou.
186
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
REVOGAÇÃO SUSTAÇÃO
Ordem definitiva; Não é ordem definitiva, pode voltar
Ocorre após o prazo de apresentação; atrás;
É ato exclusivo do emitente. Ocorre durante o prazo de
apresentação; e
Ato exclusivo do emitente ou do
portador
PROTESTO DO CHEQUE:
Nos cheques o protesto é o meio solene de prova feito perante o competente cartório,
para fins e incorporar ao título a prova do não pagamento no vencimento.
O inciso ii do art. 47 permite que a declaração do banco sacado de que não pagou o
cheque supra a necessidade de protesto como meio de prova do inadimplemento do
título, permitindo a cobrança dos coobrigados independente de qualquer protesto.
187
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
§3º. O portador que não apresentar o cheque em tempo hábil, ou não comprovar
a recusa de pagamento pela forma indicada neste artigo, perde o direito de
execução contra o emitente, se este tinha fundos disponíveis durante o prazo de
apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável.
§4º. A execução independe do protesto e das declarações previstas neste artigo,
se a apresentação ou o pagamento do cheque são obstados pelo fato de o sacado
ter sido submetido a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência.”
O art. 48 da Lei de Cheque estabelece que o protesto deve ocorrer antes de expirado
o prazo de apresentação do cheque (30 ou 60 dias da data da emissão).
É possível que o cheque sustado seja levado a protesto pelo endossatário terceiro
de boa-fé?
188
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
O tabelião não pode se recusar a protestar esse título. Isso porque o tabelião não tem
o poder de analisar a prescrição do título (art. 9 da Lei de protesto). Essa incumbência
cabe ao juiz e não ao tabelião.
Ademais, o tabelião não poderá ser responsabilizado caso venha a realizar o protesto,
somente quem apresentou o título poderá ser responsabilizado.
Sim. Enquanto tiver força executiva é possível o protesto, mas não para fins cambiários
e sim para fins falimentares.
Quando o EMITENTE dispensar o protesto, dispensa para todos a sua frente na cadeia,
ou seja, todos os outros poderão ser cobrados sem protesto.
EFEITOS DO PROTESTO:
189
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
(i) Interrupção da Prescrição: isso ocorre porque com essa prova o devedor terá
ciência inequívoca de que o credor pretende receber. Para tal efeito, é
necessário que o protesto seja realizado enquanto a prescrição não estiver
consumada, pois uma vez consumada não há mais o que interromper.
(iii) Possibilidade de cobrança dos devedores indiretos: esse ato não é privativo do
protesto, sendo suficiente o carimbo de devolução do cheque apresentado
tempestivamente.
No cheque existe uma peculiaridade, uma vez que o nome do devedor intimado no
protesto será encaminhado aos cadastros de inadimplentes, como o SPC, SERASA e
Equifax. Nesses casos, o protesto representará a prova da inadimplência de
determinada obrigação e, por isso, o nome do emitente poderá ser negativado.
O protesto do cheque apenas atesta o não pagamento desse título quando ele foi
apresentado ao sacado, independentemente do motivo da sua devolução. Ao não
distinguir os motivos da devolução, o protesto pode gerar os mesmos efeitos em um
cheque não pago sem fundos e em um cheque pago por ter sido furtado.
Em virtude disso, a doutrina passou a discutir que nesses casos deve ser evitado o
protesto, devendo haver a retenção do cheque para fins de instrução de eventual ação
penal.
O provimento 30/2013 do CNJ, além de vedar, como regra geral, o protesto nos casos
de fraude, furto, roubo ou extravio, também tentou evitar outros abusos no protesto
do cheque.
190
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Em todas essas hipóteses de recusa, o titulo será devolvido ao apresentante com uma
nota justificativa, podendo haver a revisão de tal decisão pelo juiz competente.
AÇÃO CAMBIAL:
Em face do sacador e de seu avalista (art. 47, I): pode ser feita ainda que o
cheque tenha sido apresentado após o fim do prazo de apresentação e
independe de protesto.
(i) que o cheque tenha sido apresentado em tempo hábil (art. 33);
191
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Prescrita a ação cambial executiva, pode o portador do cheque ajuizar uma demanda
de locupletamento, visando ao recebimento do valor consignado no título.
É uma ação subsidiária, ou seja, somente surge quando não é mais possível ajuizar a
ação cambial. Ela é promovida pelo portador em face do emitente ou outros obrigados
que tenham se locupletado injustamente com o não pagamento do cheque.
Ela não pode ser promovida contra qualquer signatário do cheque, mas contra aquele
que efetivamente se locupletou com o não pagamento. Na letra de câmbio, presume-
se que houve locupletamento por parte do sacador ou do aceitante.
No cheque, o autor tem que provar o enriquecimento sem causa para mover esta ação
contra qualquer outro obrigado que não seja o emitente (que é obrigado principal).
Ela prescreve no prazo de 2 anos contados do fim do prazo prescricional para a ação
cambial.
Não havendo novação, ou seja, se o cheque foi emitido pro solvendo, a emissão ou
transferência do cheque não impedem a propositura de ação causal, isto é, fundada
no negócio jurídico originário, desde que provado o não pagamento.
ATENÇÃO!!!
Se o cheque foi emitido em caráter pro soluto, houve novação e não cabe ação causal
fundada no negócio jurídico originário.
192
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
meio de ação monitória (Enunciado nº 299 da Súmula do STJ), mas por meio da
ação de cobrança prevista no art. 62 da Lei nº 7.357/1985. 2. Na ação de cobrança
prevista no art. 62 da Lei nº 7.357/1985 - hipótese dos autos - é imprescindível a
demonstração da causa debendi, não apenas porque o cheque já perdeu sua
natureza cambial, mas porque o referido dispositivo legal é claro ao afirmar que
tal ação deve ser "fundada na relação causal". Precedentes.” 3. Tendo o tribunal
local afirmado expressamente que "o autor não logrou demonstrar o fato
constitutivo de seu direito, sequer precisando, na inicial, as circunstâncias em que
recebeu os títulos", é inegável que esta Corte não pode reexaminar o conjunto
fático-probatório dos autos para chegar a conclusão distinta. Incidência do
enunciado nº 7 da Súmula do STJ. 4. Agravo regimental desprovido.”
O art. 62 não indica o procedimento nem o prazo prescricional da referida ação causal.
Em razão da causa de pedir dessa ação, fica nítido que seus limites temporais não são
aqueles da ação cambial, mas os próprios do negócio jurídico subjacente.
O prazo prescricional vai depender do tipo de negócio que deu origem ao título. Assim,
se o negócio jurídico subjacente for um contrato de prestação de serviços por
professores, o prazo prescricional será de 5 anos. Caso seja uma compra e venda, que
não possui prazo no CC, será de 10 anos (art. 205 do CC).
Em que pese esse entendimento, o STJ, na Súmula 503 determinou que o termo inicial
conta a parti do primeiro dia útil seguinte ao dia da emissão do título, presumindo pela
natureza à vista do cheque, que o dia da sua emissão é o dia de vencimento do cheque.
AÇÃO MONITÓRIA:
O STJ tem reconhecido a ação monitória como uma ação autônoma, na tentativa de
receber o valor do título de crédito. Seria uma ação diferente, cujo cabimento seria
considerado à parte dos outros processos para tentar receber o valor estampado no
título.
193
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Súmula 531 do STJ: “Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada
contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à
emissão da cártula.”
Qual o prazo prescricional da ação monitória envolvendo cobrança de cheque?
JULGADO CHEQUE
REsp 1677772 Não cabem danos morais se houve protesto de cheque prescrito, mas
(2017) cuja dívida ainda poderia ser cobrada por outros meios.
O protesto irregular de cheque prescrito não caracteriza abalo de
crédito apto a ensejar danos morais ao devedor, se ainda remanescer
ao credor vias alternativas para a cobrança da dívida consubstanciada
no título.
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Emerj CPIII-A Direito Empresarial
REsp 1324125 Ausência de responsabilidade do banco por cheque cancelado que não
(2015) é pago.
Durante assalto ocorrido em um banco, os ladrões roubaram 50
talonários de cheques. Tais talonários estavam impressos com nomes
de clientes e seriam ainda entregues aos correntistas para que
iniciassem seu uso. Diante desse fato, o banco efetuou o cancelamento
dos referidos cheques. Cerca de um mês depois do assalto, um dos
ladrões foi até o supermercado e comprou diversos produtos. A conta
foi paga com o cheque roubado. O funcionário do supermercado foi
tentar descontar o cheque, mas ele foi devolvido, tendo a bancária
informado que aquele cheque não poderia ser pago porque havia sido
cancelado pela instituição financeira, com base no motivo 25 da
Resolução 1.631/1989, do Banco Central. O banco deverá responder
pelo prejuízo do supermercado? NÃO. A instituição financeira não deve
responder pelos prejuízos suportados por sociedade empresária que,
no exercício de sua atividade empresarial, recebera como pagamento
cheque que havia sido roubado durante o envio ao correntista e que
não pode ser descontado em razão do prévio cancelamento do
talonário (motivo 25 da Resolução 1.631/1989 do Bacen).
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Emerj CPIII-A Direito Empresarial
REsp 1124709 Cheque sustado pode ser levado a protesto por endossatário terceiro
(2013) de boa-fé.
É possível o protesto de cheque, por endossatário terceiro de boa-fé,
após o decurso do prazo de apresentação, mas antes da expiração do
prazo para ação cambial de execução, ainda que, em momento
anterior, o título tenha sido sustado pelo emitente em razão do
inadimplemento do negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
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Emerj CPIII-A Direito Empresarial
REsp 1297353 Cheque devolvido por motivo errado e responsabilização civil do banco
(2012) É cabível a indenização por danos morais pela instituição financeira
quando o cheque apresentado fora do prazo legal e já prescrito é
devolvido sob o argumento de insuficiência de fundos.
INFO 533 Prazo da ação monitória em caso de cheque sem força executiva
Súmula 503-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face
do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do
dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.
Casos Concretos:
Questão 1)
Resposta:
2) Sim. O cheque visado ocorre quando o banco sacado lança uma declaração de
suficiência de fundos a pedido do emitente, separando o valor do título na
197
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
conta. Com base no art. 7, §2º da Lei 7357/85, o sacado creditará à conta do
emitente a quantia reservada, uma vez que estiver vencido o prazo de
apresentação.
3) Sim. Com base no art. 36 da Lei 7357/85, a sustação pode ser promovida antes
ou após a expiração do prazo de apresentação e tem efeito imediato. O cheque
pode ser apresentado ao sacado até que ocorra a prescrição e durante esse
período poderá ser devolvido por insuficiência de fundos.
Questão 2)
Resposta:
Se Marlene fosse cobrar o Cristiano ela somente poderia cobrar metade. No endosso
tardio tranfere-se para o endossatorio aquilo que se teria para cobrar (no caso em tela,
apenas 50% da obrigação). Isso porque o endosso tardio tem efeito de cessão de
crédito. Logo o Cristiano deverá pagar apenas 50% porque já pagou metade a Marlene.
198
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Por ser cessão, será oponível a defesa que Cristiano tem de alegar que já pagou os 50%
que Cristiano fez a Marlene.
199
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
CÉDULAS DE CRÉDITO:
Tendo em vista que esses títulos são títulos executivos extrajudiciais, caso não haja
pagamento, entra-se diretamente com execução. São títulos causais. Isso porque não
se pode emitir esses títulos para outros fins (ex: cédula de crédito industrial é
vinculada ao contrato de financiamento a prazo e também para determinadas
finalidades, nesse caso, a finalidade industrial).
200
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Tal qual a duplicata que se prende a fatura de venda ou prestação de serviços, sendo
um título causal e dependente; as cédulas de crédito também são TÍTULOS CAUSAIS E
DEPENDENTES.
A cédula de crédito rural foi instituida pelo Decreto 167/67. A cédula de crédito rural
é um título de credito causal e dependente cujos recursos oriundos do financiamento
deverão ser usados em atividade rural.
201
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Sobre o tema, o art. 406 do CC preve que os juros se forem sem taxa estipulada ou
quando provierem de determinação da lei serão fixados segundo a taxa de impostos
devido à Fazenda Nacional. É a taxa de 1% ao mês. Só que a taxa de 1% ao mês é
RESIDUAL, ou seja, quando não houver taxa estipulada. No caso das cédulas de crédito
existe uma regra própria que não manda aplicar a taxa de juros legal. Ao contrário, a
lei especial estabelece que vencerão juros na taxa que o CMN fixar.
Essa taxa pode ser superior a 1% ao mês ou 12% ao ano SIM, conforme se depreende da
Súmula 596 do STF:
Atenção, pois nas outras cédulas também os juros não seguem a Lei da Usura, ou seja,
serão os juros pactuados pelo CMN. O Decreto Lei 413 (art. 5) que se aplica a cedula
de crédito industrial e as demais cédulas replicou o art. de juros, ou seja, também se
aplicam os juros fixados pelo CMN.
O art. 591 do CC prevê a capitalização ANUAL de juros nos mútuos de fins econômicos.
Enquanto que o art. 5 do DL 167 prevê a CAPITALIZAÇÃO SEMESTRAL dos juros. Sobre
o tema, destaca-se a Sumula 93 do STJ:
202
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Art 7 do D167/67: “O credor poderá, sempre que julgar conveniente e por pessoas
de sua indicação, não só percorrer tôdas e quaisquer dependências dos imóveis
referidos no título, como verificar o andamento dos serviços nêles existentes.”
A garantia deve estar prevista na própria cédula, ou seja, a descrição dos bens está
prevista na própria cédula. Não se precisa fazer um documento a parte, a própria
cédula já descreverá os bens.
De acordo com o tipo de garantia prestada, a cédula poderá ser das seguintes espécies:
203
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
O art. 10 do D167/67 estabelece que a cédula de crédito é titulo líquido e certo e que
em caso de inadimplemento se deve executar o título.
Art 10 do D167/67: A cédula de crédito rural é título civil, líquido e certo, exigível
pela soma dêla constante ou do endôsso, além dos juros, da comissão de
fiscalização, se houver, e demais despesas que o credor fizer para segurança,
regularidade e realização de seu direito creditório.
§ 1 - Se o emitente houver deixado de levantar qualquer parcela do crédito
deferido ou tiver feito pagamentos parciais, o credor descenta-los-á da soma
declarada na cédula, tornando-se exigível apenas o saldo.
§ 2 - Não constando do endôsso o valor pelo qual se transfere a cédula, prevalecerá
o da soma declarada no título acrescido dos acessórios, na forma deste artigo,
deduzido o valor das quitações parciais passadas no próprio título.
O mencionado dispositivo afirma que a cédula de crédito é título civil, mas isso está
ultrapassado, pois o legislador ficou preso aquela ideia antiga que a atividade rural
não era ato de comércio. Hoje isso não é mais pertinente pois o produtor rural pode
exercer atividade de empresário se fizer o registro na Junta Comercial.
204
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
O primeiro endossante e seus avalistas não são coobrigados, ou seja, não tem
responsabilidade cambiária; e
O protesto é sempre facultativo para cobrança.
Quanto ao aval, será admitido o aval parcial e esse se dará em relação ao emitente.
Contudo, somente pode ser avalista, de acordo com o art. 60, par.3:
Atenção pois a PF que não for sócio da empresa não pode ser avalista, sob pena de
nulidade do aval. [HOUVE MUDANÇA DE ENTENDIMENTO – VIDE CASO CONCRETO
ABAIXO]
205
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
§ 3 -Também são nulas quaisquer outras garantias, reais ou pessoais, salvo quando
prestadas pelas pessoas físicas participantes da empresa emitente, por esta ou
por outras pessoas jurídicas.
§ 4 - Às transações realizadas entre produtores rurais e entre estes e suas
cooperativas não se aplicam as disposições dos parágrafos anteriores.
Como regra, quanto o título possui coobrigados, é necessário que haja o protesto para
preservar sua responsabilidade (art. 53 da LUG). Contudo, o art. 60, caput, do Decreto
167/67 torna o PROTESTO COMO FACULTATIVO, mesmo tendo coobrigados.
O art. 29 estabelece que para que as cédulas de crédito tenham efeitos em relação a
terceiros, elas devem ser INSCRITAS EM REGISTRO DE IMÓVEIS.
(i) Nota de Crédito Rural: mesmo não tendo garantia real, deverá ser feita a
inscrição no RI competente. O RI competente será o do municipio/comarca
onde está situado o imóvel do local onde será aplicado o financiamento;
206
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Art. 23 do DL 167: Podem ser objeto de hipoteca cedular imóveis rurais e urbanos.
O art. 28 do D 167 estabelece que o credor tem um privilégio especial que recai sobre
os bens discriminados no art. 1563 do CC (não foi reproduzido no CC/2002). Esse
privilegio deixou de existir pois nao se tem mais esse dispositivo no CC (foi revogado
sem dispositivo correspondente) para aplicar o privilegio. Logo não há mais falar em
privilégio especial, porque esse crédito passou a ser um CRÉDITO QUIROGRAFÁRIO.
O D167/67 que trata da cédula de crédito rural não prevê os prazos prescricionais, mas
consagra no art. 60 que aplicam-se as normas do direito cambial.
Logo, a prescrição da ação cambial está no art. 70 da LUG porque se tem um dispositivo
da Lei Brasileira e tem um dispositivo na LUG e como nao teve reserva deve prevalecer
a LUG. Como não houve reserva qt a prescrição da ação cambial na LUG, devemos
aplicar o art. 70 da LUG, que estabelece que o prazo é trienal.
207
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
(i) hipoteca;
(ii) penhor; e
(iii) alienação fiduciária, na forma do art. 19 do D. 413/69.
Ela também serve para financiar infraestrutura para exportação (terminal de carga e
logistica em transporte).
Embora a cédula se chame cédula comercial, a própria lei diz que se aplica nos casos
de comércio e prestação de serviço.
OBSERVAÇÃO:
208
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
209
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
A cédula de produto rural é prevista pela Lei 8929/94. O que vai diferenciar é o
pagamento. O pagamento não será feito em dinheiro, mas sim em produto rural.
Permite-se ao produtor rural ficar imune as variações de cotações de seu preço,
entregando o próprio produto rural.
A cédula de produto rural pode estar ligada a produtores rurais e terceiros, nao precisa
necessariamente ser emitida com instituições financeiras.
A CPR pode ser com ou sem garantia cedular. Se ela não tiver a garantia cedular ainda
assim ela vai se chamar “Cédula de Produto Rural”, ou seja, ela não vai se chamar
“Nota de Produto Rural” – essa nomenclatura é errada.
Nota-se, portanto, que é um título voltado para o produtor rural, não é voltado para a
industria.
210
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
É, portanto, uma PROMESSA INCONDICIONAL, uma vez que nos termos do art. 11 da Lei
8929/94 a alegação de fortuito ou força maior não pode ser invocada pelo produtor
rural para se eximir da prestação. A lei responsabiliza o emitente da CPR pelo evento
de fortuito ou força maior. Ele terá que fornecer o produto mesmo diante do fortuito
e força maior – ele terá que comprar de terceiros para honrar o compromisso. Atenção
pois essa orientação da lei especial é contrária ao que dispõe o CC.
Art. 11 da Lei 8929/94: “Além de responder pela evicção, não pode o emitente da
CPR invocar em seu benefício o caso fortuito ou de força maior.”
O prazo da ação de execução envolvendo a CPR é o prazo previsto no art. 10, ou seja,
aplica-se à CPR, no que for cabível, as normas do direito cambial, ou seja, observa-se
PRAZO DE 3 ANOS DA DATA DE ENTREGA DO PRODUTO. Cabe execução para entrega da
coisa, observado o prazo trienal da data da entrega.
211
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Casos Concretos:
Questão 1)
212
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Resposta:
O prazo prescricional trienal já decorreu, isso porque ele entrou com a ação em 2015
e o prazo prescricional começa a correr a partir de 10 de fevereiro de 2010, quando
ocorreu o inadimplemento. Lembrando que a partir do inadimplemento pode-se cobrar
o vencimento antecipado de toda a obrigação.
O STJ entendeu que as cédulas de crédito são titulos que seguem as normas do direrito
cambial. Logo, por ser um titulo assemelhado ao direito cambial por força do art. 60,
tem que observar os prazos da LUG. Em se tratando de emitente a ação de execução
prescreve em 3 anos.
213
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Questão 2)
214
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Roger emitiu três cédulas de crédito rural, com data e condições de pagamento
lançados na cártula, em favor do Banco ABC S/A, todas avalizadas por Adalto.
Verificado o inadimplemento relativo por parte do emitente, o Banco credor ajuizou
ação de execução. Ocorre que o magistrado de primeiro grau acolheu a exceção de
pré-executividade arguida pelos herdeiros do falecido avalista, reconhecendo a
nulidade do aval. Irresignada, a instituição financeira recorre sustentando a
legalidade do aval, na medida em que a proibição contida no § 2º do artigo 60 do
Decreto-Lei n. 167/67 diz respeito, exclusivamente, ao aval conferido em nota
promissória rural ou duplicata rural, não sendo aplicável aos demais títulos de
crédito não elencados (Cédula Rural Pignoratícia, Cédula Rural Hipotecária, Cédula
Rural Pignoratícia e Hipotecária e Nota de Crédito Rural). Diante dessa situação
hipotética, decida fundamentadamente a questão em no máximo 15 (quinze) linhas.
Resposta:
Não tem razão o banco em sustentar a validade do aval. Isso porque o par. 3 do art 60
do D167/67 consagra que é NULO o aval prestado por avalista Pessoa Natural nos títulos
regulados pelo respectivo decreto, SALVO se a Pessoa Física for participante da
empresa emitente da cédula. As garantias pessoais são nulas salvo se prestada por PJ
ou PF participante da entidade emitente.
REsp 1353244: “CÉDULA DE CRÉDITO RURAL EMITIDA POR PESSOA FÍSICA. AVAL.
GARANTIA PRESTADA POR TERCEIRO. NULIDADE. EXEGESE DO ARTIGO 60, § 3º, DO
DECRETO-LEI N.º 167/67. 1. É nulo o aval prestado por terceiro, pessoa física, em
Cédula de Crédito Rural emitida também por pessoa física, nos termos do disposto
no art. 60, § 3º, do Decreto-Lei n. 167/67. Precedente da Terceira Turma. 2. -
Recurso Especial improvido.”
Atenção pois o julgado acima é de 2013. Houve mudança de orientação no STJ sobre o
tema. Agora, pode sim avalista PF (mesmo que não seja sócio) nas cédulas de crédito
rurais. Isso porque desvinculou-se o par. 3 do caput do art. 60 e associou-se ao par. 2
do art. 60. Abaixo julgado de 2015 modificando o entendimento.
215
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
NOCÕES GERAIS:
Dessa forma, por Medida Provisória foi instituída a cédula de crédito bancário em 1999,
garantindo segurança jurídica às instituições financeiras. Se refere a abertura de
crédito de qualquer modalidade (art. 26 da Lei 10.931/04). Somente é possível a
emissão de CBB por meio de instituição financeira, mas serve para qualquer espécie
de financiamento.
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Emerj CPIII-A Direito Empresarial
CONCEITO:
Toda cédula de credito pode ser instituída por qualquer tipo de garantia na própria
cártula, ou seja, os já frequentes avais, mas também por garantias reais (penhor,
hipoteca e alienação fiduciária).
LEGISLAÇÃO:
REQUISITOS:
(I) A cédula de crédito bancária pode ser emitida em diversas vias, no entanto
somente uma é negociável, sendo as demais apontadas como cópias.
(II) A cédula de crédito bancária pode ser retificada (art. 29, §1º, da Lei
10.931/04). Assim como a duplicata, a cédula de crédito bancária pode ser
levada a protesto por indicação na forma do art. 8º, parágrafo único da Lei
9.492/97.
217
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
(III) A cédula de crédito bancária também faz parte do rol de exceções quanto
ao protesto regressivo, ou seja, não há necessidade de protestar o titulo
no caso de cobrança em relação aos coobrigados (art. 44, da Lei 10.931/04).
(IV) A lei permite que essas instituições lastreadas na sua carteira de cédula de
crédito bancária, emita um titulo denominado certificado de cédulas de
credito bancário. Esse certificado é emitido considerando a quantidade de
cédulas de crédito bancária guardadas pela instituição financeira. Esse
certificado também é uma promessa de pagamento, que é emitida em favor
de outra instituição financeira ou qualquer outra pessoa jurídica que queira
investir na instituição que emitiu o certificado. Em regra, esse certificado
é vinculado a uma taxa atrelada ao CDI.
(V) Segundo a melhor doutrina, deve-se aplicar a disposição do art. 889, §3º,
do CC, uma vez que não há previsão expressa na Lei 10.931/04, nem na
LUG, o Código Civil. Dessa forma, há autores que entendem que há
possibilidade de tornar escritural a cédula de crédito bancária e qualquer
outro título de crédito.
GARANTIAS:
REGISTRO:
A eficácia da CCB e sua validade não dependem de registro, mas as garantias reais
ficam sujeitas aos registros e averbações.
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Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Art. 27 da Lei 10931: “A Cédula de Crédito Bancário poderá ser emitida, com ou
sem garantia, real ou fidejussória, cedularmente constituída.
Parágrafo único. A garantia constituída será especificada na Cédula de Crédito
Bancário, observadas as disposições deste Capítulo e, no que não forem com elas
conflitantes, as da legislação comum ou especial aplicável.”
AVAL:
Pode a CCB ter também a garantia fidejussória do AVAL. Não vai ser fiança nesse caso,
porque o art. 44 manda aplicar a CCB a legislação cambial, então essa garantia vai ser
o AVAL.
O art. 27 estabelece nome específico mesmo que não tenha uma garantia real.
CIRCULAÇÃO:
A CCB pode ser negociada por endosso, sendo que apenas o credor pode negociar, e a
circulação da CCB é por meio de ENDOSSO EM PRETO.
PAGAMENTO:
PROTESTO:
A CCB pode ser protestada por indicação. O art. 8, par. único da Lei 9492/97 preve o
chamado protesto por indicação. O título não é entregue diretamente ao tabelião. As
informações do título são lançadas em sistema e por esse sistema que se comunica com
o tabelionato, as informações são recebidas pelo tabelionato por meio desse sistema.
Assim, o tabelião não tem a vista do título, mas ele tem as informações do título
recebidas por meio virtual. Com base nessas informações, intima-se o devedor a pagar.
Se o devedor não pagar, essas indicações que ele recebeu, o tabelião irá lavrar o
protesto.
219
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Assim, o tabelião poderá protestar com base no titulo que ele tem em mãos ou com
base em indicações a protesto, informações da dívida, que são remitidas ao tabelião
por meio virtual (sistema).
O art. 43 da Lei estabelece que a CCB não precisa ser apresentada ao tabelião para
fins de protesto.
EXECUÇÃO:
O art. 28 da Lei 10.931 estabelece que a CCB é titulo executivo extrajudicial, líquido
e certo.
Ao se executar uma CCB tem que se deixar demonstrado toda a evolução do montante
da dívida, devendo-se apresentar uma planilha de cálculo de evolução da dívida
quando da execução.
A matéria é tratada no art. 28, par. 2 da Lei 10.931, que estabelece que a CCB não
pode ser cobrada sem os extratos demonstrativos.
CERTIFICADO:
JULGADO JURISPRUDÊNCIA
REsp 1398356 Local onde deverá ser realizado o protesto de cédula de
crédito bancário garantida por alienação fiduciária;
É possível, à escolha do credor, o protesto de cédula de crédito
bancário garantida por alienação fiduciária, no tabelionato em
220
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Casos Concretos:
Questão 1)
Resposta:
A pretensão do Banco Povão S.A. deve ser acolhida. A CCB é título executivo
extrajudicial, representativo de operações de crédito de qualquer natureza,
circunstância que autoriza sua emissão para documentar a abertura de crédito em
conta corrente, nas modalidades de crédito rotativo ou cheque especial.
O título de crédito deve vir acompanhado de claro demonstrativo acerca dos valores
utilizados pelo cliente, trazendo o diploma legal, de maneira taxativa, a relação de
exigências que o credor deverá cumprir, de modo a conferir liquidez e exequibilidade
à cédula (art. 28, par. 2, I e II da Lei 10.931).
221
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Não havendo essa demonstração de forma clara dos valores cobrados, poderá o
consumidor confrontar o contrato com a planilha financeira fornecida pelo banco.
222
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A matéria é regulada no Decreto 1102/1903 que trata dos armazéns gerais e também
dos títulos do conhecimento de depósito e warrant.
Até o ano de 2004 só existia para representar as mercadorias depositadas nos armazens
gerais o título conhecimento de deposito e o warrant.
Em 2004 foram criados dois títulos voltados especificamente para o agronegócio, para
produtos agropecurários e derivados, resíduos de valor economico e subprodutos.
Foram criados: (i) o Certificado de Deposito Agropecuário e (ii) o Warrant
Agropecuário.
Esses dois títulos são emitidos juntos, unidos (art. 15 do Decreto 1102). É crime a
emissão de um sem a emissão do outro. São títulos causais. A causa é o depósito de
mercadoriais que não sejam produtos agropecuários.
223
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Embora esses dois títulos sejam emitidos juntos, eles podem circular separadamente.
Se o depositante não solicitar a emissão desses títulos, qual vai ser a prova do
depósito?
O art. 15 do Decreto 11.102 consagra que os títulos conhecimento e warrant são títulos
emitidos a pedido. Contudo, na forma do art. 6, quando não for emitido o
conhecimento de deposito ou warrant, deve-se emitir um RECIBO DE DEPÓSITO.
Atenção pois esse recibo não tem natureza cambiária, ou seja, ele não circula.
224
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Durante o prazo de depósito, pode-se retirar parte da mercadoria (ex: deixei 100 sacos
de soja e retiro 10 sacos), devendo ser anotado a RETIRADA PARCIAL. A retirada parcial
é anotada no verso do título.
O conhecimento de depósito e warrant não podem ser emitidos juntos com o recibo,
ou seja, é um ou o outro. Apenas com o recibo verifica-se que a mercadoria nao pode
ser mobilizada (negociada). Já com o conhecimento ou warrant a mercadoria pode ser
mobilizada (negociada).
O direito real de penhor é aquele que o warrant incorpora. O warrant não é pago em
mercadoria, ele é pago em DINHEIRO, sendo protestável por falta de pagamento. Só
que embora ele seja pago em dinheiro, ele representa um direito real, por isso que
toda retirada tem que ser retirada nos dois títulos, inclusive no warrant.
225
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Os títulos circulam por ENDOSSO (art. 15) pois os dois títulos são à ordem. Em relação
à circulação temos também o art. 18. Que consagra que os títulos podem circular
unidos ou separadamente.
Como o endossatário tem os 2 títulos, ele tem a plena disposição, podendo fazer o que
quiser com a mercadoria, na forma do art. 21.
Nesse caso, diz-se que o endosso do conhecimento, separado do warrant, tem efeito
de retenção simbolica da mercadoria. Se não se entrega o endossatário do
conhecimento, o warrant, ele não pode retirar a mercadoria.
226
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A lei no art. 19 determina que seja feito um procedimento. Não basta endossar, deve
observar um procedimento especial. O endossante do warrant tem que anotar no verso
do warrant que foi constituida uma dívida, pagável em dinheiro que é garantida pelas
mercadorias representadas no warrant.
Essa formalidade toda existe pois o bem dado em penhor pode ser vendido (penhor não
impede a alienação do bem), a mercadoria warrantada pode ser vendida. Então, como
o novo proprietário vai saber que esta adquirindo uma mercadoria que foi warrantada?
Ele terá ciência da dívida em razão justamente desse procedimento de se anotar as
informações nos títulos. Assim, os adquirentes dessa mercadoria saberão que as
mercadorias estão gravadas com penhor.
Visa informar terceiro adquirente de que a mercadoria que está sendo comprada está
gravada.
227
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Se o conhecimento for endossado, mas o warrant foi retido, não se pode retirar a
mercadoria. Então enquanto o warrant não for entregue ao endossatário, a mercadoria
está bloqueada. Uma vez entregue o warrant ao endossatário, ai ele pode ir no
Armazém retirar a mercadoria. Se o Armazém não quiser devolver, cabivel Ação por
Entrega de Coisa Certa.
Se apenas o warrant for endossado, existe uma dívida pagável em dinheiro, oriunda do
primeiro endosso. O art. 23 da Lei preve um procedimento de cobrança: o credor
pignoratício vai procurar o Armazém e verificar se a dívida foi consignada pelo portador
do conhecimento. Isso porque o art. 22 autoriza a retirada da mercadoria dada em
penhor mediante consignação em pagamento. Se ele não conseguir resgatar esse
penhor por algum motivo, ele não precisa entrar com ação de consignação em
pagamento, ele pode fazer extrajudicialmente, fazendo a consignação no Armazém
Geral mediante o depósito na conta do Armazém. Ele saberá os valores da dívida
porque foram reproduzidos no próprio título. Se ele fizer essa consignação, ele vai
entregar o conhecimento para o Armazém. Nesse caso, o penhor foi resgatado por meio
da consignação em pagamento. Logo, nesse caso, após o pagamento, o Armazem
passará recibo dessa consignação, liberando a mercadoria, mediante a entrega do
conhecimento. O Armazem irá pagar ao credor pignoratício o valor consignado, e o
warrant será devolvido ao Armazém.
Suponhamos que não tenha consignação, a dívida do warrant venceu. Nesse caso,
deverá ocorrer o PROTESTO DO WARRANT por falta de pagamento, na forma do art. 23
da Lei.
Nos outros títulos que são protestáveis, o protesto é prévio a ação judicial. Aqui é
diferente. Depois do protesto do título, o credor pignoratício irá vender a mercadoria
em leilão (direito de excussão). Essa venda é extrajudicial, não se tem que entrar em
juizo. Promove-se a venda da mercadoria warrantada no próprio Armazém Geral. O
credor pignoratício vai ao Armazém, apresenta a certidão do protesto; o Armazém,
então, promoverá a venda da mercadoria no próprio Armazém. Não precisa entrar com
execução de penhor requerendo o leilão judicial da mercadoria. O leilão será
extrajudicial.
228
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(ii) Se com a venda da mercadoria em leilão houver um saldo a maior, esse saldo a
maior deverá ser entregue ao portador do conhecimento (proprietário da
mercadoria).
(iii) Se com a venda da mercadoria em leilão o valor arrematado não for suficiente
para quitar o valor da garantia e além disso o credor pignoratício somente recebe
o valor liquido, ou seja, do valor pago pelo arrematante existem descontos
obrigatórios, tais como, comissão do leiloeiro, impostos, taxas de armazenagem
que estiverem pendentes junto ao Armazém (art. 26 da Lei). Apos esse
descontos, temos o produto liquido.
Se o produto liquido não pagar a divida do credor pignoratício, então, nesse caso,
caberá Ação de Execução do Saldo. O credor pignoratício não vai devolver o
warrant para o Armazém. O credor pignoratício vai pedir para o Armazem anotar
quanto recebeu, ele vai juntar a documentação, protesto, certidão do leilão, e
vai entrar com a execução para a cobrança do saldo (art. 25).
Qual o prazo prescricional para entrar com ação de execução no caso de venda de
mercadoria em leilão cujo produto foi insuficiente para quitar a dívida?
Tanto a CDA quanto o WA são títulos causais, logo tem que ocorrer o deposito da
mercadoria.
229
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Para a negociação do mercado de valores mobiliários têm que ter registro do título.
Nenhum valor mobiliário será negociado sem registro. Não se negocia titulo no mercado
cartular, é sempre escritural.
Tem-se 30 dias (da data de emissão dos títulos) para submeter a CDA e WA a registro
no mercado (art. 15) – na B3. Se não fizer em 30 dias, caduca. Deve-se voltar par ao
Armazem e pedir outro.
Uma vez registrado, a negociação não vai ser feita no papel. Será feita no documento
eletronico. Aquele titulo cartular, tem que passar a escritural, a partir do momento
registro (art. 3). Com o registro, o título passa a ser eletrônico. Ai o endosso ocorrerá
de forma eletrônica, tudo feito pelo sistema. É a ideia de commoditie. A negociação
pode ser sucessiva (podemos ter varios endossos).
Quando o ultimo portador não quiser mais negociar, ele solicita a baixa do registro.
Com a baixa do registro, tem-se que retirar a mercadoria. Apos a baixa, o titulo que
estava em custodia, é entregue ao novo proprietário e aí é formalmente endossado
para saber quem é o novo proprietário (so aparece na cartula o ultimo endosso, as
demais transferências estão registradas no sistema). Leva-se o título ao Armazem Geral
para liberar a mercadoria.
É como se fosse uma lagarta que vira borboleta, e que depois volta a ser lagarta. Era
papel (cartula), com o registro do título na B3 (instituição do mercado financeiro
responsável pelo registro) ocorre a DESMATERIALIZAÇÃO, o título fica em custódia com
a entidade registradora. Poderão ocorrer transferências (circulação) desse título – mas
tudo por meio de sistema (as negociações são todas eletrônicas). O último portador vai
pedir para dar baixa no registro, devolve-se o título (cartula) ao proprietário com a
formalização do ultimo endosso. Aí com o título em mãos, o portador do título poderá
ir ao Armazem para retirar a mercadoria mediante a apresentação dos dois títulos.
No caso do WA, o título está registrado na B3. Imaginemos que o titular do título precise
de um financiamento com o banco. Dá-se uma ordem para a entidade registradora
negocie o Warrant (que está eletrônico), que vai transferir eletronicamente o WA para
o credor pignoratício. Paguei a dívida, o banco dá a baixa no registro, receb-se os
títulos de volta e retiro a mercadoria do Armazém.
Se não pagar a dívida, o banco não recebeu, deve-se PROTESTAR o WA. O credor pede
para a B3 dar baixa no registro. Entrega o Warrant na mão do credor e ele vai promover
o leilão, na forma do art. 17 da Lei.
Casos Concretos:
Questão 1)
José Bento interpôs agravo de instrumento contra a decisão proferida nos autos da
ação cautelar que move contra Topper Corretora S/A., na qual o juiz a quo indeferiu
230
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
a liminar pleiteada para vedar a entrega para a agravada de 200 sacas de café de
sua propriedade, depositadas em armazém geral. Sustentou o agravante ser
proprietário das citadas 200 sacas de café beneficiado, tipo 6-30, da safra 2006-
2007, depositadas nos armazéns da Cooperativa de Produção dos Cafeicultores de
Silvestre Ferraz. Aduziu que a armazenadora expediu, na forma da lei, o warrant
representativo dos créditos das mercadorias depositadas. Alegou que endossou o
conhecimento de depósito unido ao warrant à agravada para garantia de eventual
débito, que, contudo, não possui certeza e liquidez, tanto que não houve
preenchimento do campo relativo à quantia devida e à data de vencimento no
warrant. Assim, aduziu que jamais transferiu os créditos da mercadoria à recorrida.
Entretanto, esta procurou a depositária do café e, com o intuito de requerer a
transferência da mercadoria, apresentou uma declaração, na qual afirma que lhe
teriam sido transferidos, por endosso, os direitos sobre ela. Sustentou que os títulos
são desprovidos de legalidade, não possuindo a agravada qualquer direito sobre as
sacas de café, tendo a decisão monocrática se equivocado, ao considerar que ela
estaria no exercício regular de seu direito, quando pleiteia a transferência da
mercadoria. Requereu a atribuição de efeito suspensivo ativo ao agravo, para
deferir a liminar e impedir que a agravada retire do depósito a mercadoria. A
agravada, devidamente intimada, apresentou contraminuta, na qual observou que
somente na hipótese de circulação isolada do warrant é que o valor da dívida por
ele garantido deverá ser anotado no verso do conhecimento, sendo certo que se o
warrant não circulou separadamente, não há necessidade de discriminação dos
valores da dívida. Analise o caso sob todos os aspectos.
Resposta:
O Armazem Geral não pode se negar a devolver a mercadoria. A liminar deve ser
indeferida e a decisão deve ser mantida. Isso porque o endosso do conhecimento unido
ao warrant, na forma do art. 18 c/c art. 21, confere a livre disposição da mercadoria
ao endossatário. Logo, não há razão para vedar ao Armazem Geral a entrega da
mercadoria, se os dois títulos forem entregues ao Armazem.
Questão 2)
Irmãos Soares & Cia. Ltda. depositou num armazém geral 5.000 sacas de café, que
foram dadas em penhor ao Banco Milenar S/A., mediante endosso do warrant. É
lícito ao depositante vender a mercadoria empenhada? Por quê? Explique e dê o
amparo legal.
Resposta:
231
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
232
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
CONHECIMENTO DE TRANSPORTE:
IMPORTANTE!!!!
O conhecimento de depósito e o de transporte não são títulos executivos
extrajudiciais, logo é cabivel a ação prevista no art. 700, II do CPC (admite ação
monitória). Já o warrant é título executivo, logo caberá ação de execução.
233
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O art. 6, parágrafo único do decreto 19.430 preve ação sumária, só que não existe mais
ação sumária, logo caberá a ação monitória. Se o emitente não entregar a mercadoria
cabe ação monitória com base no art. 700, ii do CPC.
O Decreto 1930 prevê que o conhecimento é título à ordem, podendo circular por
endosso. Pelo endosso do conhecimento de transporte, transfere-se simbolicamente a
mercadoria que está sendo transportada.
O Decreto 20.454/31 (tem força de lei) admite que o conhecimento possa ser emitido
NÃO À ORDEM, logo, nesse caso, a transmissão se dará por meio de CESSÃO DE CRÉDITO.
A cessão de crédito só é eficaz se houver notificação (art. 290 do CC). A cláusula não
à ordem tem que ser sempre expressa.
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Nada impede que o conhecimento seja digital (a assinatura também deverá ser digital).
Se não tiver expresso na lei a necessidade do título ser escrito, ele poderá ser
desmaterializado, ou seja, poderá ser por meio digital, mas deverá observar os mesmos
requisitos.
Somente se após a Lei 8088 tiver uma autorização em lei especial quanto a
possibilidade “ao portador” é que a emissão ao portador será válida.
O art. 5 preve que o endosso é puro e simples, e o endosso parcial é nulo. O endosso
não pode ser subordinado a condição, sendo eventual condiçao considerada não
escrita.
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TRANSPORTE AÉREO: existe o conhecimento aéreo que é regulado pelo art. 235
da Lei 7565/86.
Casos Concretos:
Questão 1)
Resposta:
Sim, porque não se pode vincular a Adm. Pública ao contrato de transporte uma vez
que ela nao participou de tal contrato. Ademais, ela não anuiu quanto a essa
estipulação (art. 436 do CC). Não se aplica a Teoria da Aparência para a Administração
Pública, nem tampouco a anuência tácita.
A simples indicação da Adm. Pública na nota fiscal emitida pelo transportador não é
suficiente para provar a anuência da Adm. Pública.
236
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Questão 2)
Resposta:
237
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CONCEITO:
Trata-se de um título de renda fixa, criado pela Lei 10.931/04. Nesse caso, a
instituição financeira concede crédito imobiliário, tendo uma quantidade deles, seja
garantido ou não, poderá juntar essa carteira de crédito imobiliário e emitir letra de
crédito imobiliário (LCI). Podem ser emitidos inúmeras letras de crédito, desde que
não ultrapassem o valor da carteira de crédito imobiliário.
São promessas de pagamento, que asseguram aos titulares direitos de crédito pelo
valor nominal, juros e, se for o caso, atualização monetária nelas estipulados, sendo
garantidos por créditos hipotecários ou alienação fiduciária de imóveis.
OBJETIVO:
Esse título foi criado para incentivar a circulação de riquezas, sendo isento de
Imposto de Renda para pessoa física.
CARACTERÍSTICAS:
(I) Pessoas físicas que compram LCI são isentas de imposto de renda e IOF; PJ
segue tabela.
238
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
EMISSÃO:
Dessa forma, somente podem ser emitidas por instituições financeiras autorizadas
pelo Banco Central, com carteira de credito imobiliário.
239
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
REQUISITOS:
(VI) Juros, fixos ou flutuantes, que poderão ser renegociáveis, a critério das
partes;
GARANTIAS:
Formas de garantia:
(I) Garantia obrigatória – a LCI deve ser lastreada por créditos imobiliários por
hipoteca ou por alienação fiduciária de coisa imóvel (art. 12). Trata-se
de uma garantia compulsória.
(III) A LCI poderá ser garantida por um ou mais créditos imobiliários, mas a
soma do principal das LCI emitidas não poderá exceder o valor total dos
créditos imobiliários em poder da instituição emitente (art.15) – há uma
fungibilidade, ou seja, pode haver a substituição das garantias, desde que
seja mantido o seu lastro (art.15, §2º).
240
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
CIRCULAÇÃO:
A LCI pode circular por endosso e, diferente da letra de câmbio, nota promissória e
cheque, não está implícita no título a cláusula à ordem. A circulação desses títulos é
apenas pro soluto, ou seja, os endossantes não serão devedores cambiários indiretos.
A LCI não pode ser emitida ao portador e nem circular ao portador. Dessa forma, há
uma grande diferença dos títulos anteriormente tratado.
RESPONSABILIDADE DO ENDOSSANTE:
Segundo o art. 16, o endossante da LCI responderá pela veracidade do título, mas
contra ele não será admitido direito de cobrança regressiva. Essa característica
também diferencia a LCI dos demais títulos de crédito (o endossante não garante
pagamento). Essa característica está sempre presente nos títulos de financiamento.
CONCEITO:
OBJETIVO:
Assim, a CCI permite que a transferência do crédito imobiliário ocorra de forma mais
simples e ágil, facilitando o acesso aos recursos, oriundos especialmente das
secutitizadoras. Quem adquire a CCI antecipa recursos e se torna titular do crédito
imobiliário representado, podendo lançar mão inclusive de execução para o
recebimento do crédito, salvo se houver outro procedimento previsto para o
recebimento do crédito representado.
241
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
FIGURAS JURÍDICAS:
CARACTERÍSTICAS:
EMISSÃO:
REQUISITOS:
242
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
GARANTIAS:
A CCI pode ser com ou sem garantia, mas na prática acaba sendo com (art. 18, §3º).
Podem ser oferecidas garantias reais sobre a cédula de crédito imobiliário, podendo
ser penhor, hipoteca e alienação fiduciária. Caso o crédito imobiliário tenha garantia
real, a cédula de crédito imobiliário deve ser averbada no RGI (art. 18, §5º). Tal
averbação não será possível, se o registro do imóvel já possuir prenotação ou registro
de qualquer outro ônus real.
CIRCULAÇÃO:
RESPONSABILIDADE DO ENDOSSANTE
O endossante será garantidor do pagamento, uma vez que é uma operação específica,
individualizada, podendo se impor a responsabilidade ao endossante. A Lei 10.931/04
não trata dessa questão quanto a cédula de crédito imobiliário, assim, aplica-se a LUG.
OBJETIVO:
243
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
CARACTERÍSTICAS
FIGURAS JURÍDICAS
EMISSÃO
Após a elaboração de tal termo, serão emitidos os CRIs, que são títulos de crédito
nominativos, de livre negociação, lastreados em créditos imobiliários, que
representam promessas de pagamento, que podem ter até garantia flutuante (um
privilégio geral sobre o ativo da emitente). Quem adquire o CRI fornece recursos à
securitizadora e passa a ser credor dela, com a remuneração decorrente dos
créditos securitizados.
REQUISITOS
O art. 7º da Lei 9.514/97 estabelece que o CRI deve conter os seguintes requisitos:
244
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
GARANTIAS
No CRI, a garantia não é obrigatória. Poderá existir garantia real, fidejussória ou até
mesmo flutuantes (art. 7º, §2º da Lei 9.514/97). No caso da garantia flutuante, há uma
classificação do crédito no caso de concurso de curadores e gera o direito de receber
antes dos demais (tem privilégios em relação aos quirografários).
CIRCULAÇÃO
245
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Aula 18 – Prof.
7/10/18
Figuras jurídicas
LCI LIG
O lastro somente pode se dar em crédito A captação é para o investimento no
imobiliário. mercado imobiliário, mas é possível que
dê lastro em outros ativos, que não apenas
imobiliários (tem uma maior
versatilidade).
246
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Objetivo
Características
(I) Trata-se de título executivo extrajudicial (art. 64, §1º da Lei 13.097/15) –
executoriedade independe do protesto.
(II) Isenta de IR para a pessoa física.
(III) Trata-se de uma promessa de pagamento.
(IV) Aplicação subsidiária da LUG
Requisitos
247
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Garantia
A carteira de ativos, de acordo com o art. 66 da Lei 13.097/15, pode ser integrada
pelos seguintes ativos:
Além disso, os ativos que integram a Carteira de Ativos não podem estar sujeitos a
qualquer tipo de ônus, exceto aqueles relacionados à garantia dos direitos dos titulares
das LIG. Como consequência, confere-se uma maior segurança com esse título.
Circulação e pagamento
É livremente negociada. Com tal negociação, o seu titular irá receber valores,
transferindo seus direitos a outra pessoa. A LIG e os ativos que integram a Carteira de
Ativos devem ser depositados em entidade autorizada a exercer a atividade de
depósito centralizado pelo Banco Central do Brasil, podendo ser negociadas
escrituralmente.
248
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Pagamento
Objetivo
Características
249
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
(I) Há uma boa margem de segurança – o valor total dos recursos obtidos por
meio das letras hipotecárias não poderá ser superior ao valor total de
créditos hipotecários da emitente.
(II) As letras deverão ter vencimento inferior ao dos créditos dados em garantia.
(III) Deverá ser mantido um controle extracontábil que permita a identificação
dos créditos caucionados.
Emissão
A letra hipotecária pode ser emitida sob a forma cartular ou escritural. Neste último
caso, ela funcionará como uma espécie de conta corrente de titularidade do
beneficiário. Caso ela seja emitida fisicamente, deverá ser feito um certificado.
O art. 1º, §2º da Lei 7.684/88 estabelece que a letra hipotecária deve conter os
seguintes requisitos:
Garantia
Os créditos hipotecários não são transferidos, mas sim dados em garantia. Além disso,
em reforço, poderá ser estabelecida ainda garantia pessoal concedida por outra
instituição financeira.
Circulação
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Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Conceito
A cédula hipotecária é um título que visa captar recursos junto ao mercado pela
transferência, no todo ou em parte, de créditos hipotecários de titularidade do
emitente. Ela diferencia-se da LCI e da letra hipotecária pelo fatos e representar a
transferência desses créditos e não apenas serem dados em garantia.
Objetivo
Tal operação não é admitida em qualquer situação, mas apenas nos casos previstos
no artigo 10 do Decretolei no 70/66. São eles:
(II) Poderá ser emitida representar qualquer crédito hipotecário, cujo credor
seja uma instituição financeira ou uma seguradora.
(III) Poderá ser emitida para representar quaisquer outros créditos hipotecários,
desde que sua emissão seja a favor de uma instituição financeira ou de uma
seguradora.
Emissão
Uma vez emitida a cédula, o crédito hipotecário a ela se incorpora, passando a circular
juntamente com o próprio documento. O titular da cédula será o titular do crédito e
terá o direito de recebêlo. Não se trata de uma garantia, mas da transferência do
próprio crédito; prova disso é a possibilidade de novas transferências.
Requisitos
251
Emerj CPIII-A Direito Empresarial
Circulação
Esse título é regido pelo Decreto-lei 70/66 e sua emissão e circulação dispensam a
outorga conjugal.
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