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Resenha Crítica

Texto: PAZ, Octavio. “O desconhecido de si mesmo – Fernando Pessoa”. In: “Signos em


rotação”. São Paulo: Perspectiva, 1996, 3ª Edição, p. 201-220.

Esta resenha tem como objetivo apresentar e sintetizar o ensaio, proposto pelo
crítico e poeta mexicano Octavio Paz, intitulado “O desconhecido de si mesmo –
Fernando Pessoa” de 1961, um dos textos mais importantes e complexos dentre toda a
fortuna crítica do poeta português.
Paz propõe, de forma singular, uma análise geral do conjunto da obra produzida
pelo escritor e poeta português Fernando Pessoa. O ensaio se encontra no livro “Signos
em rotação”, em que Octavio Paz desenvolve vários ensaios analisando o fazer poético
modernista, o romance, a fundação da literatura hispano-americana, entre outros, uma
obra vasta e intrigante.
O ensaio em questão se inicia com as considerações de Paz em relação à origem
etimológica do sobrenome Pessoa e estabelece uma relação entre a realidade vivida pelo
poeta e as ficções criadas por ele com seus heterônimos: Alberto Caeiro, Álvaro de
Campos, e Ricardo Reis. Traça ainda um panorama da vida e história familiar de
Fernando Pessoa, sobretudo, o seu nascimento em Lisboa e sua partida, juntamente a
família, para morar na África do Sul. Ao voltar para Lisboa, Pessoa se estabelece na
cidade de onde não mais sairá.
Segundo Paz, Pessoa teve educação inglesa, logo, era bilíngue e esse fato terá
grande influência em seu pensamento e sua obra (p. 202). O percurso “acadêmico” de
Fernando Pessoa é bem conturbado. Pessoa chega a abandonar a Faculdade de Letras
em Lisboa, e passa a desenvolver trabalhos na tipografia e trabalhos como
redator/tradutor de cartas comerciais em inglês e francês (p.202).
Para Paz, a vida pública de Pessoa se estabelece pendularmente entre “... o
quase-anonimato e a quase-celebridade” (p. 203), tornando-o conhecido por todos, mas
sem deixar tão claro o seu ofício. Apaixonado e imaginativo, Pessoa tem sempre matéria
de poesia e reflexão a ser desenvolvida em seus textos, que segundo Paz, é uma questão
de necessidade, o que difere o poeta como um “.... escritor autêntico de outro que
simplesmente tem talento” (p. 203-204).
Fernando Pessoa escreve seus primeiros poemas entre 1905 e 1908. A influência
das leituras de poetas ingleses e a influência de leituras da obra do poeta simbolista,
Charles Baudelaire, é grande e permanecerá por muito tempo nas produções do
português. A partir de 1913, segundo Paz, Pessoa conhece dois jovens que serão
parceiros em uma incursão futurista: o poeta Mário de Sá-Carneiro e o pintor Almada
Negreiros. Entre outros companheiros, surge um movimento forte na produção literária de
Fernando Pessoa, mas o grande acontecimento viria em 1914, com a irrupção de seus
heterônimos: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos (futurista) e Ricardo Reis (neoclássico).
A partir desse momento o cenário estava dado e propício ao surgimento, em
Portugal, da revista Orpheu em abril de 1915 (1º número) e em julho, do mesmo ano, o
segundo e último número da revista (p. 204). Revista que foi recebida pelo público e
jornalistas com total indignação (p.205). Entre escritos e publicações de vários escritores
e poetas, lá estavam publicações de Mário de Sá-Carneiro e de Álvaro de Campos
(heterônimos de Fernando Pessoa).
Um pouco mais tarde, após já haver publicado poemas de Alberto Caeiro, “O
Guardador de rebanhos” (obra póstuma), em 1917 é publicada por Almada Negreiros a
Portugal Futurista, em volume único, com poema de Álvaro de Campos. Com todos os
acontecimentos relacionados a Orpheu, com o suicídio de Sá-Carneiro e a dispersão de
todo o grupo de intelectuais, Pessoa passará por um período de ausência. Mas, em 1922,
Pessoa publica em Contemporânea um texto em prosa: “O Banqueiro Anarquista” (p.205).
Segundo Paz, Pessoa passará por uma última experiência literária por ocasião de
uma solicitação da Secretaria de Propaganda Nacional, em que o poeta apresentará a
obra ortônima “Mensagem”, com poemas “... que são uma interpretação ‘cultista’ e
simbólica da história portuguesa” (p. 206).
Esse polimorfismo característico da obra de Fernando Pessoa nos é apresentado
por Paz por meio de um trecho de uma carta de Pessoa para Adolfo Casais Monteiro.
Carta em que o poeta explica como ocorreu o surgimento de seus heterônimos e, por
conseguinte, as suas obras. Primeiro, o surgimento do heterônimo Ricardo Reis “.... de
índole pagã” (p. 206). Tempos depois, em um dia como que em uma espécie de êxtase,
ao escrever por volta de trinta poemas sem parar, nasce então, Alberto Caeiro, a quem
Pessoa denominará como “... o meu mestre” (p. 206-207). E opondo-se as características
de Ricardo Reis, surge Álvaro de Campos (p. 207). Segundo Paz, até mesmo Fernando
Pessoa buscou explicações no campo da psicologia para explicar suas neuroses e seus
“amigos imaginários” (p. 207-208).
Octavio Paz destaca que a obra de Fernando Pessoa se configura como fábula,
como uma ficção. E que dessa forma, seus heterônimos são criações poéticas, nascendo
de um jogo, configurando-se como arte. Trata-se ainda da total autenticidade da criação
poética de Pessoa que se caracteriza pela sua verossimilhança. Criações essas que se
consagraram fazendo-se necessárias para o poeta e para nós enquanto leitores (p. 208).
Para Paz, Pessoa “... não é um inventor de personagens-poetas e sim um criador de
obras-de-poetas” (p. 209)
Entre todos eles, destaca Paz, há um que é o mestre de todos os outros, segundo
Pessoa: Alberto Caeiro. “Caeiro é o sol e em torno dele giram Reis, Campos e o próprio
Pessoa. Em todos eles há partículas de negação ou irrealidade: Reis acredita na forma,
Campos na sensação, Pessoa nos símbolos. Caeiro não acredita em nada: existe” (p.
209)
Paz discorre sobre as especificidades de cada um dos heterônimos. Caeiro e
Campos são poetas opostos, o primeiro é o que Pessoa não poderia ser, o segundo é o
que Pessoa poderia ter sido e não foi (p. 212). Campos é futurista (p. 213) e Reis
neoclássico (p. 215).
Sobre a produção em prosa de Pessoa, Paz diz que há publicações em nome de
Pessoa (ortônimo) e de seus pseudônimos como o barão de Teive (um aristocrata em
decadência) e Bernardo Soares – um empregado de comércio.(p. 217)
Paz ainda discorre sobre as características gerais de Mensagem e Cancioneiro de
Fernando Pessoa. Sobre Mensagem, destaca que trata-se de uma obra quase que por
encomenda por tratar-se de um hino às glórias de Portugal (p. 218). Entretanto,
Cancioneiro, apresenta uma seleção de melhores poemas já vistos na obra de Pessoa.
Dessa forma, pode-se observar que este ensaio se torna uma referência para
uma possível iniciação ao estudo da obra do poeta Fernando Pessoa. Ensaio este que
possui uma linguagem acessível, apesar de haver partes do texto em que a quantidade e
a complexidade de informações podem trazer momentos de confusão. O percurso traçado
por Paz nos traz um panorama da produção de Pessoa, assim como fica claro como se
deu o início do processo da heteronímia na produção pessoana.

Ao abordar as obras de Fernando Pessoa e contextualizar o conteúdo, o objetivo


a ser discutido, e ao situar o leitor em qual período da produção literária de Pessoa a
referida obra se encontra, Paz nos traz não somente uma possível análise de forma geral
das obras produzidas pelos heterônimos, mas também um possível percurso de leitura
sobre o poeta. Como exímio crítico que é, Paz nos toca e nos convida a conhecer o poeta
português por meio de sua postura ética e respeitosa que aborda a produção de
Fernando Pessoa.

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