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INTRODUÇÃO

Direito de Morrer e do Direito de Matar é mais comumente chamada


eutanásia, tema que apresenta uma série de controvérsias, dúvidas, angústias
e interrogações, traz no seu bojo a fatídica: a morte.
E dando ênfase ao processo da eutanásia que tem pôr significado “a morte
sem sofrimento e sem dor”, também expressa: “morte fácil e sem dor”,
“morte boa e honrosa”, “Alívio da dor”, “golpe de graça”, “morte direta e
indolor”, “morte suave”.
Nos dias atuais, a nomenclatura eutanásia vem sendo utilizada como ação
médica que tem pôr finalidade abreviar a vida de pessoas. Ainda que a morte
seja certa dentro em momentos, a destruição da vida é homicídio. Diga-se
mesmo quando a vítima se acha agonizando ou teria que ser executada
dentro de segundos. Sua morte antecipada é homicídio. Isto porque, durante
toda a sua existência a criatura humana é sempre membro de grupos, os
quais, no conjunto, formam a sociedade. Volta-se a questionar princípios tais
como Ética e Moral, sendo que para profissionais de várias áreas, surge
novo instituto chamado Deontologia.
A Bioética oportuniza-se pela conjunção desses novos pensamentos,
ocasionando uma nova postura a ser tomada nas ocasiões que envolvem a
vida humana.
Posições conflitantes quanto a sua prática, alegam os princípios religiosos,
entendendo que sendo a vida um dom divino, não tem o homem o direito de
subtraí-la de alguém, e, além do mais dizem que “O Homem foi feito à
imagem e semelhança de Deus, portanto qualquer ato contra a vida humana
é um ato contrário a Deus”.
Entendem alguns ainda, que quanto maior for o sofrimento, maior será o
benefício à alma humana.
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A ciência é muitas vezes usada para justificar um posicionamento moralista


a cerca do existir humano, as correntes que discutem a eutanásia se
avolumam, uns defendem a licitude ou a moralidade da eutanásia, não
vendo eles, periculosidade alguma no agente, quando há a suplicação
insistente da vítima e admitem, pacificamente, a impunidade mediante
perdão judicial. Outros consideram a eutanásia uma figura delituosa
considerando-a sempre um homicídio, embora privilegiado.
O Código Penal Uruguaio entende ser a eutanásia pacífica do perdão
judicial.
O Código Suíço e o Código Italiano embora divirjam um pouco, acabam
aquiescendo que deve haver uma atenuação para o caso em especial da
eutanásia.
Para a legislação brasileira não é propriamente o consentimento da vítima o
importante, mas sim o relevante valor moral, a piedade, os impulsos
altruísticos, que justifica a atenuação da pena.
Só neste ano o assunto foi abordado em dois filmes que concorreram ao
Oscar e que de fato, emocionaram platéias do mundo todo. Em Menina de
Ouro, a eutanásia ativa e discutida a partir da contextualização da vida de
uma moça pobre, aparentemente sem perspectiva que, com coragem, desafia
a fome e a pobreza e torna uma grande lutadora de boxe. Após sofrer um
golpe desleal de sua rival, vê se presa a uma cama, totalmente imóvel.
Diante da triste situação a menina pede ao treinador que alivie seu
sofrimento pôr meio de uma injeção letal.
Em Mar Adentro, o marinheiro Ramón procura transmitir as pessoas à idéia
de que viver não é sobreviver, como muito pretendem impor que a vida sem
liberdade não é vida, e, pôr isso, trava batalha judicial pôr longos anos, na
busca incessante pela morte. O filme retrata um caso verídico ocorrido na
Espanha, e mostra quão adorável e apaixonante é seu protagonista,
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extremamente grato às pessoas que o ajudavam na rotina diária, seus


interesses críticos se mostravam contrários àquele tipo de vida, razão ela
qual, a se ver vencido em juízo, tem dos amigos a ajuda necessária á prática
do suicídio.

E pôr falar casos verídicos, difíceis saber quem não se comove com o
calvário vivido pôr Terry Schiavo, mulher de 41 anos e o caso do garoto
Jhéck Breener de Oliveira de 4 anos está no leito de UTI, vítima de uma
doença degenerativa irreversível de Franca São Paulo.
Uma vez que a ciência nada mais poderia fazer para salvar-lhe a vida, as
máquinas assumiram o controle do seu organismo, apenas conseguindo
adiar um fim inevitável: a morte.
“O doutor Ulisses Lemos Torres, de São Paulo, apontado como o homem de
maior cultura médica do país, considera inteiramente antética a obstinação
terapêutica que tem como finalidade manter um resquício de vida
vegetativa, a manutenção das funções vitais artificialmente não prolonga a
vida, mas certamente aumenta a agonia da morte”.

Todo trabalho que vem sendo desenvolvido no sentido de manter “vivo” um


paciente praticamente “morto”, vem demonstrar que os poderes da
tecnologia médica são hoje extraordinários, mas que não tem o condão de
exigir sacrifício.
A eutanásia volta à tona nas discussões ocorridas em todas as esferas da
sociedade. Volta-se a questionar princípios ta tais como Ética e Moral, sendo
que, para os profissionais de várias áreas, surge novo instituto chamado de
Deontologia. A Bioética oportuniza-se pela conjunção desses novos
pensamentos, ocasionando uma nova postura a ser tomada nas ações que
envolvem a vida humana. Nota-se, hoje que a Eutanásia deixa de ser vista
apenas como a simples possibilidades de ocasionar a morte a alguém, que
está sofrendo em função de determinada moléstia.
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AO SER HUMANO - VIDA, CORPO E MORTE.

“No princípio era o


Verbo, e o Verbo estava
com Deus, e o Verbo era
Deus. Ele estava no
princípio com Deus.
Todas as coisas foram
feitas por ele, e sem ele
nada do que foi feito se
fez. Nele estava à vida, e a
vida era a luz dos
homens”.

São João Cap.01


ver. 01 ao 04.

Seguindo essa linha bíblica, Platão descreve que sábio não é o cientista
teórico, mas sim o homem virtuoso, ou o que busca a vida virtuosa, e a
virtude é uma purificação, sendo que através dela o homem descobre como
se desprender do corpo e com tudo que está ligado a esse terreno. O homem
que é virtuoso, para Platão, é o que está assimilando Deus naturalmente, que
a plebe da época não concordava com esses valores, pois via a hierarquia de
bens, descrita pelo filósofo, contraposta a sua, porém para Platão, o sábio
era aquele que busca assemelhar-se ao Deus.
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EUTANÁSIA

O termo EUTANÁSIA foi criado por Sir Francis Bacon (1561-1626),


Chanceler inglês e Barão de Verulamio, em 1623, em sua obra “História da
Vida e da Morte”. Influenciado pela corrente de pensamento da filosofia
experimental dominante na época. Bacon sustentou a tese de que, nas
enfermidades consideradas incuráveis, era absolutamente humano e
necessário dar uma boa morte e abolir o sofrimento dos enfermos.
Basicamente, seu sentido seria o de uma boa ou bela morte (prefixo eu =
beleza + sufixo tanatos = morte), tal como a morte dos heróis e dos
paladinos em obras famosas. Mas, em sentido mais amplo, significaria
"ajuda para morrer”. De fato, segundo suas próprias palavras na sua obra
“Novum Organum”:

“O médico deve acalmar


os sofrimentos e as dores
não somente quando este
traz a cura, mas também
quando serve de meio
para uma morte doce e
tranqüila”.

A palavra Eutanásia significa “morte doce, morte calma” tendo sido


empregada pela primeira vez por Frank Bacon, no século XVII. De qualquer
modo, suja qual for à definição da palavra eutanásia é preciso, inicialmente,
dizer que muitos a definem de acordo com suas concepções.
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Na análise da eutanásia, dois pontos merecem enfoque especial: Homicídio


e Suicídio, cujos temas serão objeto de ponderações, mais adiante.
Segundo os doutrinadores que se alinham nos compêndios, o suicídio e
homicídio são fatos antijurídicos, uma vez que o homem não pertence
somente a si, mas com exclusividade ao meio ambiente.
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DIREITO DE MATAR

Não há propriamente um direito de matar, o que á é um direito à vida e, para


protegê-la a lei assegura ao indivíduo a eliminação do agressor.
A legislação Penal vigente é clara quando afirma textualmente: “não há
crime quando o agente pratica o fato: Em estado de necessidade; em
legítima defesa; em estrito cumprimento ao dever legal ou no exercício
regular de direito”. Artigo 23 do Código Penal.
Segundo a legislação penal “considera-se Estado de Necessidade quem
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade,
nem poderia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se”.
Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o direito legal de
enfrentar o perigo “. Neste caso, inclui-se o salva-vidas, o bombeiro, etc...”.
Em legítima defesa, preceitua a lei: “Entende-se em legítima defesa quem,
usando moderadamente de meios necessários, repele injusta agressão, atual
ou iminente, a direito seu de outrem”.
O direito à vida é intangível e inegociável, mas, como explica Evandro
Corrêa de Menezes, “onde não implica a necessidade da existência social,
todo e qualquer direito é inalienável, mas cessa de sê-lo apenas e, ache-se
em colisão com aquela necessidade que é a suprema lei”.
Se viver é um direito, morrer também o é, especialmente quando se trata de
morrer bem e de modo digno.
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DIREITO DE MORRER

A vida é um bem jurídico tutelado pelo Estado, cabendo ao organismo


estatal promovê-la e defendê-la.
O verdadeiro direito de morrer se caracteriza pelo suicídio e neste caso não
há punição, eis que o sujeito ativo deixou de existir.
O suicídio é reprovável, atentando que sua prática contraria os princípios
constitucionais e religiosos.
Para Evandro Corrêa de Menezes, comentando Manzini, “não se pode
afirmar que o suicídio represente um exercício de um direito sobre a própria
pessoa”.
Também para Bento de Faria, “o suicídio não é considerado prática
delituosa pela ineficácia da pena, insuscetível de traduzir uma coação
psicológica a quem não mais poderia senti-la”.
O suicídio é uma fuga interior, onde o individuo tenta libertar-se de males
que o afligem, sejam eles financeiros psicológicos, morais ou afetivos.
O indivíduo tem a faculdade subjetiva de fazer o que bem entende com a sua
vida, uma vez que o Estado não tem como punir o morto.
A felicidade, a paz interior, o descanso eterno, não pode ser medido pelas
opiniões dos outros, nem tampouco pela lei, cuja finalidade básica é regular
as relações sociais entre os seres humanos.
Quem garante que a felicidade está apenas na terra? A vida terrena é um
caminho na busca da plenitude e, em assim sendo, deve ser lícito ao
indivíduo usar sua vida na consecução desse objetivo.
A eutanásia não atenta contra a vida, pois num corpo mórbido e sem forças,
não existe vida. O suicídio, cujo tema falaremos mais adiante, e a eutanásia
têm um resultado comum: a morte. A classificação terminológica entre o
suicídio e eutanásia está apenas na ação de quem executa o ato. Se o
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indivíduo se autodestrói, temos o suicídio, se outro o destrói, temos a


eutanásia.
Quem tem a autorização para condenar a eutanásia ou o suicídio?Deus?A lei
ou o homem?
Mesmo o próprio Deus, em toda a sua onipotência e onipresença, ousa
julgar “de qualquer modo” a prática delituosa de seus filhos.
A eutanásia pode ser praticada pelo paciente ou por terceiros. A eutanásia
também pode ser uma instigação, induzimento ou auxílio ao suicídio.
Sua finalidade é altruísta, tendo conotação como princípios de direitos
humanos, pois, morrer bem é um direito da pessoa humana.

“Só existe saber na


invenção, na reinvenção,
na busca inquieta,
impaciente, permanente,
que os homens fazem no
mundo, com o mundo e
com outros”.
Paulo Freire
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O SUICÍDIO

O suicídio se caracteriza pelo ato do indivíduo se matar. È autodestruição


consciente ou inconsciente.
O suicida, segundo psicólogos e filósofos, é motivado pelo desespero
provocado pelo vazio da vida pela falta de motivo para viver. Todavia,
“motivo para viver”, ou falta de motivo, é algo muito relativo, uma vez que
sua essência está no não ligada diretamente a quem, viver um determinado
problema. O que é falta de motivo para uns, pode não sê-lo para outros, e
essa “falta de motivo” é determinada pelo grau de entendimento das coisas e
do mundo que rodeia o ser humano.
Quem poderá acusar o suicida, se negligencia o que vai pelo seu mundo
interior?
O suicídio é e está alicerçado por um estado de depressão, quer seja político,
social, econômico ou religioso.
O suicídio foi amplamente condenado pelos antigos filósofos. Platão o
condenava porque entendia que a vida pertence aos deuses, não podendo o
homem subestimá-la.
Aristóteles diz ser o suicídio um ao contrário à sociedade e a seus objetivos.
O homem é um ser social.
Epicuro dizia que o ser humano deve suportar os sofrimentos e não eliminá-
los.
Não há denominador comum para todos os suicidas, uma vez que cada um
deles tem razões de ordem profunda que merecem não a crítica severa, mas
a compreensão na análise de cada ocorrência.
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No plano social o homem é amado pelos seus semelhantes, enquanto que na


esfera sobrenatural é eleito do Pai Celestial. Por isso, não deve buscar o fim
da vida através de suicídio.
Segundo a doutrina, “induzir é incitar”, incutir, mover, levar. No
induzimento, o sujeito faz penetrar na mente da vítima a idéia do auto de
destruição. Há instigação suicídio quando a vitima pensava em suicidar-se, e
esta idéia é acoroçoada pelo partícipe.

“E o sono teu repouso


mais doce; o invocas com
freqüência, e logo és
bastante estúpido para
tremer diante da morte,
que não é nada mais”.

Shakespeare
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AS DIFERENÇAS ENTRE BIOÉTICA E BIODIREITO

Bioética: Para o Dr. Calin, Bioética, é “a maneira de regulamentação das


novas práticas biomedicinas, atingindo três categorias de normas:
deontológicas, jurídicas e éticas, que exigem comportamento ético nas
relações da biologia com a medicina”.
Marcuo Segre entende que “é à parte da Ética, ramo da filosofia, que enfoca
as questões referentes à vida humana (e, portanto, à saúde). A bioética, tendo
a vida como objeto de estudo, trata também da morte (inerente à vida)”.
Pode-se afirmar que, a conceituação do termo bioética foi traduzida de uma
forma que nortearam todos os estudiosos das áreas envolvidas com o tema
Bioético, sendo que esse conceito foi o adotado pela enciclopédia de
Bioética, coordenada pó W.T. Reich, na edição de 1978, definindo a bioética
como “o estudo sistemático da conduta humana na área das ciências da vida
e dos cuidados da saúde na medida em que esta conduta é examinada à luz
dos valores e princípios morais”. (Clotet, 1993. p. 16). “Já na edição de
moral, decisão, conduta e políticas das ciências da vida e atenção à saúde,
utilizando uma variedade de metodologias éticas em um cenário
interdisciplinar” (Reich, 1995, p. 9).
A ética tem sido fundamental no exercício da Medicina em todas as épocas,
mas definitivamente, foi após a Segunda Guerra Mundial que a
problemática da Bioética passou a ser objeto de estudo também da Filosofia,
da Religião, das Ciências Sociais, do Direito, e principalmente, das
pesquisas em Ciências.
Pode se dizer que a Bioética analisa os problemas éticos dos pacientes e de
todos os envolvidos na assistência médica, bem como de pesquisas
cientificas relacionadas com o inicio, a continuação e o fim da vida como a
engenharia genética, transplantes de órgãos, a reprodução humana assistida
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(embriões congelados, fertilização in vidro), prolongamento artificial da


vida, os direitos dos pacientes terminais, a morte encefálica, a eutanásia,
dentre outros fenômenos. Enfim, a bioética visa unicamente analisar as
implicações morais e sociais das técnicas resultantes dos avanços nas
ciências.

Biodireito: É ramo muito recente da ciência jurídica, e tem por objeto a


análise, a partir de uma ótica jurídica, através de várias metodologias, dos
princípios e regras que criam, modificam e extinguem as relações entre
indivíduos e grupos, e entre esses com o Estado, quando essas relações
disserem respeito ao início da vida, e ao transcurso dela ou ao seu fim.
Tais descobertas cientificas, por serem recentes na literatura jurídica, e
muitos careceram de regulamentação especifica, demandam uma apreciação
cientifica e ética, a qual necessita ser precedida de um debate acerca dos
princípios que devem servir de parâmetros referencias para o legislador.
Todas essas descobertas venham ao encontro do homem, necessário é que
não fira o principio constitucional fundamental da Dignidade da Pessoa
Humana.
É preciso esclarecer que quando se fala em que o Direito tem se mostrado
inerte ou arrogante, se está falando da postura da grande maioria dos juristas
tradicionais, porque na realidade importantes vozes têm se levantado em
alerta para a defasagem já mencionada. De outro lado, tomada a expressão
bioética com a acepção original, com a abrangência pensada por Potter, se
pode verificar que em algumas áreas, como, por exemplo, o meio ambiente,
há certa preocupação dos legisladores e juristas, também, que o direito
experimentou uma razoável satisfatória, evolução neste campo nestas duas
últimas décadas.
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È preciso esclarecer que quando se fala em que o Direito tem se mostrado


inerte ou arrogante, se está falando da postura da grande maioria dos juristas
tradicionais, porque na realidade importantes vozes têm se levantado em
alerta para a defasagem já mencionada. Certo que tomada à expressão
bioética com a acepção original, com abrangências pensadas pôr Potter, se
pode verificar que em algumas áreas, como, pôr exemplo, o meio ambiente,
há certa preocupação dos legisladores e juristas, também, que o direito
experimentou uma razoável satisfatória, evolução neste campo nestas duas
últimas décadas.
São dinâmicas e interpenetradas umas em face do outro. Desta maneira, o
valor fundamental do Direito combina-se com as da Ética são dinâmicas e
interpenetradas, uma em face do outro. Desta maneira, o valor fundamental
do Direito combina-se com as da Ética num sentido amplo, estabelecendo
limites e contenções necessárias. Esta temática é quase tão antiga como a
própria história da civilização, já se refletindo a angústia do novo na
tragédia grega.
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PONTOS FUNDAMENTAIS DA BIOÉTICA

AUTONOMIA: Em primeiro lugar, no princípio da autonomia ou livre


arbítrio do ser humano como justificativa da eutanásia; aqui se reconhece a
inexistência de uma vida satisfatória para todos os indivíduos, coexistindo
uma pluralidade de tipos de vida, dando origem a diferentes critérios
pessoais de uma vida boa e útil. Da mesma maneira que se é autônomo para
escolher o tipo de educação, de opção sexual, formação de um núcleo
familiar, carreira profissional, emprego e objetivos de vida em geral, estaria
compreendida aqui também a maneira de morrer de cada indivíduo, em
particular. Assim, a deliberação de recusar tratamento médico quando este
estiver em evidente conflito com as perspectivas de uma vida boa e útil
parecem justificadas sob esta ótica. Este é o princípio que rege
predominantemente as relações médico-paciente nos países de cultura
anglo-saxônica, valorizando o consentimento esclarecido como pré-requisito
básico da autodeterminação e da autonomia individual de consentir ou não
na realização do ato médico;

BEMOFOCÊNCIA: Em segundo lugar, o princípio da beneficência que


interessa particularmente os médicos, configura-se como uma permissão, e
mais ainda, como um ato de humanidade e uma obrigação moral de
confortar e aliviar a dor daqueles pacientes terminais para os quais não resta
mais nenhuma esperança de vida, tal como a entendemos; desde tempos
imemoriais, este procedimento estaria, portanto previsto na práxis médica,
apesar do juramento hipocrático que impedia este ato médico bastante usual
na contingência das inúmeras enfermidades das qual a ciência praticada na
Grécia Antiga desconhecia os mecanismos intrínsecos, bem como possíveis
tratamentos ou curas eficazes. Tal princípio se destaca principalmente na
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cultura latina, valorizando o papel do médico de proteção é ética cuidadosa


e paternalista, sempre voltada para o bem do paciente;

JUSTIÇA: Em terceiro lugar, sob o aspecto ético e do princípio da justiça,


não haveria absolutamente diferença entre as duas formas principais de
eutanásia, a ativa e a passiva, isto é, desde que o fim a ser atingido fosse o
mesmo, ou seja, a morte do paciente. Pouco importaria se o médico
interrompesse voluntária e conscientemente os tratamentos em curso
capazes de manter artificialmente a vida, ou se utilizasse determinadas
drogas que pudessem diretamente abreviá-la; moralmente, não haveria
diferença significativa entre as duas condutas que seriam igualmente
aceitáveis e/ou desejáveis;

O argumento final e de maior relevância social está relacionado à


formulação de uma política de saúde pública que contemple a legalização
desta prática sob determinadas circunstâncias, embora restrita a condições
especialíssimas, conforme já se verifica hoje, oficiosamente, em numerosas
instituições hospitalares, onde ordens médicas do tipo D.N.R. (do not
ressucitat), ou seja, a não aplicação de manobras de ressuscitarão
cardiopulmonar nos casos de parada cardíaca para pacientes F.P.T. (fora de
possibilidades terapêuticas) já constituem um lugar comum observado por
toda a equipe médica.
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DIREITO PENAL ESTRANGEIRO

As diversas legislações estrangeiras têm se ocupado, com bastante


freqüência, do tema da eutanásia em seus respectivos códigos. Desta
maneira, vemos que a prática é vista como uma forma de homicídio
privilegiado pela maioria dos Povos latinos (Colômbia. Cuba, Bolívia, Costa
Rica, Uruguai), e até como uma ausência de delito em outros, exceto por
motivo egoístico (Peru),Embora alguns adotem ainda uma postura
extremamente conservadora, entre.Eles, a Argentina e o Brasil, que não
excluem o delito de figurar entre os tipos.De homicídio, em suas diversas
formas. No caso particular do vizinho Uruguai, o código elaborado por
Irureta-Goyena e recentemente aprovado estabelece o Perdão judicial nos
seguintes termos do seu artigo 37:

“Os juizes têm a


faculdade de exonerar do
castigo ao indivíduo de
antecedentes honestos,
autor de um homicídio
efetuado por móveis de
piedade, mediante
súplicas reiteradas da
vítima”.
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Por outro lado, as legislações européias são muito mais benevolentes, ora
Isentando-a de qualquer pena (Rússia, Código Criminal de 1922), ora
cominando penas atenuadas, como na Inglaterra, Holanda, Suíça,
Áustria,Noruega, República Checa e Itália, ainda que alguns outros não a
admitam.

Formalmente (Grécia, França, Espanha e Bélgica). Em Portugal, há


limitação da pena de seis meses a três anos, quando houver pedido do
paciente (Código Penal Português, Artigo 134) e, de um a cinco anos,
quando movido por compaixão, emoção violenta, desespero ou outro valor
relevante social ou moral (Artigo 133). Nos Estados Unidos, a questão vinha
sendo deixada ao livre arbítrio das legislações estaduais, o que foi revisto
por recente decisão da Corte Suprema norte-americana que estabeleceu ser a
matéria de competência legislativa privativa da União. No Canadá
francófono, a lei 145 introduziu, em 1990, a figura do curador público
designado livremente por qualquer cidadão, e que dispõe de poderes
executáveis ainda em vida (ao contrário do testamento), devendo ser
ratificado perante o registro público e homologado judicialmente, o qual se
torna possuidor de um mandado para agir em determinadas circunstâncias e
dentro dos limites propostos pela concedente. Tal mandado cobre, por
exemplo, a delegação de consentimento de cuidados médicos e a
administração de bens, sendo revogável a qualquer tempo, de acordo com os
mesmos procedimentos formais. Atualmente, o curador público representa
cerca de 16000 indivíduos maiores de idade e supervisiona 5000 curadores
privados e 12000 tutores, somente na província de Québec. Ele também
administra os bens das pessoas desconhecidas ou não encontráveis pelos
registros públicos.
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DIREITO PENAL BRASILEIRO

Apesar de não classificarem o suicídio como crime, os Códigos Criminais


brasileiros, desde 1830, tem classificado a eutanásia como crime de
terceiros,isto é,a ajuda , indução ou instigação ao suicídio como crime ,
cominando com a pena de reclusão, apesar de ter sido objeto de alguns
estudos de anteprojeto em legislações anteriores que visavam a reduzir a
pena ou excepcionar o delito em determinadas circunstâncias. Na realidade,
o que o legislador deseja punir não é o comportamento do suicida, e sim, o
de terceiro que auxilia, induz ou instiga a vítima a cometer o ato. Entretanto,
o que se observa é a progressiva ampliação das modalidades de colaboração
ao suicídio, pois se o artigo 196 do Código de 1830 punia como crime,
apenas, o auxílio ao suicídio, já o artigo 299 do Código de 1890 pune
também o induzimento, enquanto o artigo 122 do Código de 1940 (atual)
nomeia como núcleo do tipo as três formas, isto é, o auxílio, o induzimento
e a instigação. Apesar de se tratar um crime material, isto é, que só se
consuma com o resultado final morte ou lesão corporal do sujeito passivo, o
capitulado no artigo 122 não admite tentativo, a qual, entretanto pode dar
origem a um fato atípico, e como tal, ensejar punição pela lei (homicídio ou
lesão corporal). Também, sendo um crime doloso típico (ou eventual),
apesar de não admitir a forma culposa, esta pode ocorrer, sendo punível
como homicídio ou lesão corporal culposa. Exige, portanto, o exame de
corpo de delito (CPP, artigo 158), tratando-se de crime de ação pública
incondicionada. Em diversas legislaturas, tentou-se a exclusão do crime de
eutanásia do Código Penal. Todavia, não lograram êxito os anteprojetos
apresentados neste sentido, pois não obtiveram a aprovação Legislativa
Portanto, o legislador ateve-se ao princípio da sacralidade da vida, embora
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acolhesse a redução da pena prevista de seis a vinte anos no caput do artigo


121 § 1º que contempla o homicídio privilegiado:

“Se o agente comete o


crime impelido por motivo
de relevante valor social
ou moral, ou sob o
domínio de violenta
emoção, logo em seguida
à injusta provocação da
vítima, o juiz pode reduzir
a pena de um sexto a um
terço”.

Por outro lado, o diploma legal de 1940 define, com base na sua exposição
de motivos, o que considera ser motivo de relevante valor social ou moral:

“O motivo que, em si
mesmo, é aprovado pela
moral prática como, por
exemplo, a compaixão
ante irremediável
sofrimento da vítima”.

A lei penal brasileira atual não acolhe, portanto, o chamado “homicídio,

Piedoso”,haja vista ser a vida um direito indisponível conforme assegura


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Magna Carta (artigo 5ª), ao qual não se pode renunciar.Portanto, o


ordenamento jurídico atual não confere às pessoas o direito de morrer, sendo
inclusive lícito o uso de violência para impedir o suicídio ( CP, artigo 146
§3º,II). Todavia, não existindo crime no ato do suicídio propriamente
dito,contrariu sensu , de acordo com a teoria monista adotada pelo Código
vigente,conforme dispõe o artigo30 do CP, não deveria existir também
comunicabilidade em relação ao agente que auxilia, induz ou instiga ao
suicídio.

Além disso, sendo o estado de necessidade uma excludente da


antijuridicidade reconhecida pela lei (CP, artigo 23, I), o sujeito ativo do
crime pode alegar esta circunstância em sua defesa. Tal fato é inclusive
aceito, desde que haja consentimento expresso do paciente, conforme
preceitua o Anteprojeto da Parte Especial do Código Penal de 1984, o qual
indubitavelmente representa um avanço significativo no tratamento dado ao
tema polêmico da eutanásia passiva ou ortotanásia. Afirma textualmente a
redação final do artigo 121 §3º:

“Não constitui crime


deixar de manter a vida
de alguém por meio
artificial se previamente
atestada por dois
médicos, a morte como
iminente e inevitável, e
desde que haja
consentimento do doente
ou, na sua
impossibilidade, de
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ascendente, descendente,
conjugue ou irmão”.

Por outro lado, o Código de Ética Médica, em seu artigo 66, é bastante claro
quando veda ao médico a utilização, em qualquer caso, de meios destinados
à abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu
responsável legal.

Nosso entendimento é de que a proposta de reforma da lei maior do Código


Penal deveria ser estendida num sentido mais amplo com o objetivo de além
de isentar de pena a “eutanásia passiva ou por omissão”, contemplar
também a chamada a “eutanásia ativa”, sem, contudo descriminalizá-la,
porém concedendo o perdão judicial nos casos justificados, conforme
preceitua a avançada e atual legislação Uruguaia. Tal fato se deve a que nem
todos os pacientes poderiam, na atualidade da saúde pública brasileira, ter
acesso aos chamados meios artificiais hospitalares de manutenção da vida
por não terem quase sempre acesso ao próprio hospital, bem como muitos
dos chamados pacientes geriátricos ou terminais são, na realidade,
abandonados pelos familiares totalmente descompromissados com os
encargos econômicos e sociais que o ato de morrer representa, enfim
entregues à sua própria sorte. Na opinião do ilustre criminalista Luiz Flávio
D’ Urso:

“Hipocritamente, muitas
vezes, o que se observa
não é a piedade ou a
compaixão, mas sim o
propósito mórbido e
egoístico de poupar-se ao
pungente drama da dor
alheia”.
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Por seu turno, a autorização da eutanásia ativa seria concedida


judicialmente, através do curador público ou especial, após exteriorização
do desejo manifestado pelo indivíduo ainda capaz e referendado pelo
consenso médico, seguindo o exemplo anterior da legislação canadense.
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DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA

Apesar da Magna Carta preservar o direito à vida no caput do artigo 5º, o


direito à integridade física e moral e a dignidade humana no artigo 1º,
inciso III, e a saúde como direito de todos e dever do Estado no artigo 196 é
bastante escassa a interpretação doutrinária e jurisprudencial da eutanásia no
Direito Brasileiro.

Ressalvada a interpretação de Pontes de Miranda, conforme nos ensina em


seu Tratado de Direito Privado, volume VII/16/17,defendendo a integridade
do corpo (conforme também postulava Ihering), mas não a propriedade
desse mesmo corpo, o qual é portanto um bem absolutamente indisponível
em face do Direito:

"O objeto da integridade


física pode consistir em
não ser atingido o corpo
da pessoa, e não a
propriedade deste corpo,
advindo daí que o direito
à integridade corporal é
um bem em si, protegido
pelo Direito”.

Destarte, segundo esta concepção doutrinária, não se confunde o direito à


vida com o direito à integridade física individual, embora ambos sejam
indisponíveis, o primeiro de modo absoluto; o segundo, de modo relativo
(por exemplo, na doação de órgãos). Não se verifica, pois, o ius utendi, ius
25

fruendi, e o ius abutendi no direito à vida e/ou à integridade física, não


sendo, portanto lícito o suicídio, e por extensão, a eutanásia. Contrariu
sensu, seria lícito ao indivíduo, na qualidade de proprietário do seu próprio
corpo, poder mutilá-lo ou destruí-lo, estando também autorizadas extrema
diminuição permanente da integridade física que se traduziria na perda da
própria vida. Desse modo, estaria autorizado o suicídio, e por extensão, a
própria eutanásia.

Na jurisprudência, citam-se, apenas, alguns acórdãos do Tribunal de Justiça


de São Paulo, reconhecendo a não-existência de crime quando a vítima não
morre ou tenta se matar, sendo, portanto inadmissível a tentativa de
participação em suicídio no caso do artigo 122 do CP (TJSP, RT 531/326).
Também, o caráter comissivo do tipo é ressaltado, excluindo-se, portanto o
crime omissivo (TJSP, RT 491/285). A doutrina reconhece o chamado “dolo
específico”, seja direto ou eventual, e estabelece que se resulta crime
quando ocorre o resultado final morte ou lesão corporal grave. Para a
classificação do crime, exige o exame de corpo de delito previsto no artigo
158 do CPP. E ‘ relevante observar que o parágrafo único (inciso II) do
artigo 122 do CP dobra a pena cominada no “caput” do mesmo artigo,
quando a vítima tem a resistência diminuída por qualquer causa, como é
usual no caso de pacientes terminais ou idoso.

Disto resulta que a maior parte dos casos não tem sido levada a julgamento,
certamente por conveniência dos familiares e por consenso da própria
corporação médica que prefere acobertar os casos havidos freqüentemente
no meio hospitalar. Uma prova disso são as cada vez mais freqüentes ordens
médicas DNR (“do norressucitate”), utilizando-se a terminologia anglo-
saxônica para pacientes fora de possibilidades terapêuticas (FPT), na nossa
própria terminologia. Nestes casos, não se aplicam mais as manobras
heróicas de ressuscitarão cardiopulmonar (RCP), tais como massagem
26

cardíaca externa, intubação, uso de drogas cardioativas, etc., por estar


desaconselhada a própria manutenção da vida, configurando assim a
eutanásia passiva, a qual não é conceituada como crime em razão do seu
caráter omissivo.

De qualquer maneira, é a constatação da morte cerebral ou morte encefálica


que importa na fixação do momento da morte. Este já está razoavelmente
bem estabelecido por consenso internacional, existindo inclusive as
diretrizes baixadas pelo Conselho Federal de Medicina, na recente resolução
1480 de 8/8/97. Entretanto, este não era o entendimento do mestre Nelson
Hungria, para o qual:

“A mais elementar
prudência aconselha que
nenhum homem a pretexto
de piedade, ante o
padecimento alheio, se
atribua à faculdade ou o
direito de matar”.

Com o devido respeito ao insigne e douto mestre, há de se lembrar que, em


1953, quando este se manifestou, a medicina ainda carecia de recursos para
determinar o momento exato da morte cerebral, optando então pela morte
cardíaca, isto é, a cessação dos batimentos cardíacos, embora se saiba hoje
que a morte cerebral pode advir muito tempo antes.

Todavia, nos tribunais estrangeiros, é abundante a jurisprudência,


principalmente nos Estados Unidos, onde a “práxis” médica encontra-se sob
severo questionamento da sociedade, sendo estas questões levadas com
grande freqüência à apreciação das cortes. Deve-se mencionar que o caso
27

precursor da eutanásia, e talvez da consciência da importância da bioética


como um todo, adveio de uma decisão judicial no caso Karen Quinlan, em
1976, no qual o desligamento da aparelhagem que mantinha artificialmente
a vida vegetativa da paciente em coma profundo e internado em
estabelecimento hospitalar, a pedido do pai e em nítida discordância com a
equipe médica, ainda conservou a paciente viva por mais de dois anos,
mesmo sem a referida aparelhagem. A decisão da Corte baseou-se na análise
conjunta dos seguintes quesitos:

1. Existe um direito de interromper o tratamento médico?

2. Quais os tipos de tratamentos que podem ser interrompidos?

3. Em que tipo de pacientes eles podem ser interrompidos?

4. Quem é competente para tomar esta decisão?

5. Quais são os critérios adequados para justificar a interrupção do


tratamento?

As conclusões foram as seguintes:

a) A Corte de New Jersey reconheceu que o direito à privacidade incluía o


direito de recusar tratamento médico e reconheceu este direito para os
pacientes incompetentes.
b) Foi também reconhecido que este direito se aplicava aos aparelhos de
suporte vital artificial.
c) A Corte deliberou que os pacientes nos quais não fosse possível jamais o
retorno a uma existência cognitiva e sapiente, conforme a avaliação da
28

comissão de ética hospitalar, poderiam ser candidatos a este


procedimento.
d) Foi ainda decretado que, preferivelmente, o parente mais próximo na
função de garantidor, no caso seu pai, era competente para tal decisão,
não dependendo de recurso judicial posterior.
e) Finalmente, o Tribunal não determinou qualquer critério padrão para
interrupção do tratamento, mas considerou que, no caso concreto, haviam
sido utilizados recursos médicos “extraordinários”.

Desde então, multiplicam-se os casos na jurisprudência americana baseada


no direito dos costumes, ora reconhecendo o direito de pacientes
competentes de recusarem tratamento médico (Lane x Candura, 1978; Satz
x Perlmutter, 1980; Bartling x Corte Suprema, 1984; Tune x Hospital Walter
Reed, 1985; Bouvia x Corte Suprema, 1986; In re Farell, 1987), ora o
direito de pacientes incompetentes que eram previamente competentes para
recusarem tratamento médico (in re Eichner Brother Fox), 1981; Hospital
Kennedy x Bludworth, 1984; Brophy x Hospital New England Sinai, 1986;
in re Peter, (1987), ora reconhecendo o direito de pacientes incompetentes
que eram previamente competentes sem preferências explícitas para
recusarem tratamento médico (in re Dinnerstein. 1978; in re Spring, 1979;
Braber x Corte Suprema, 1983; in re Conroy, 1985; Corbett x
D’Alessandro, 1986; in re Jobes, 1987), ora reconhecendo o direito de
pacientes incompetentes que nunca foram competentes de recusarem
tratamento médico. Superintendente de Belchertown x Saikewicz, 1977; in
re Hamlin, (1984).

Todavia, diante das conflitantes legislações estaduais americanas, algumas


consentindo a prática legal da eutanásia baseada nos direitos constitucionais
assegurados (Oregon e Califórnia), outras a proibindo formalmente, a
29

Suprema Corte Americana deliberou por unanimidade, no primeiro


pronunciamento desta natureza, em súmula recente de 26 / 6 / 97, que o
suicídio assistido por médico não é um direito fundamental assegurado pela
Constituição dos Estados Unidos, portanto proibindo aos Estados de
legislarem sobre o assunto em pauta.

Entretanto, a polêmica que despertou a obra “Die Freigabe der vernichtung


lebensunwertern Lebens” (A autorização para exterminar vidas sem valor
vital) , dos alemães Binding (penalista) e Hoche (psiquiatra) , publicada em
1920 , na qual se defendia o extermínio dos portadores de deficiências física
e mental , desde que aprovado por uma comissão oficial , fundamentou as
origens da doutrina nazista que desencadeou o extermínio dos judeus e
outros desajustados sociais na Alemanha hitlerista . Atualmente, as
províncias do território norte da Austrália são as únicas que admitem
formalmente a eutanásia voluntária conforme a Lei sobre Direitos dos
Doentes Terminais aprovada recentemente, embora ainda sujeita à revisão
pelo Parlamento Nacional e apesar da oposição da Igreja Católica e de
diversas minorias étnicas existentes (aborígines). Esta lei estabelece que o
candidato deve ser examinado por três médicos residentes nos Territórios do
Norte da Austrália, sendo um especialista na doença do paciente e outro,
psiquiatra.
30

CONCLUSÃO

Pode-se afirma, sem receio algum, que a Eutanásia é tão antiga como a vida
em sociedade, que ela nasce do primado de a vida em seu término deve ser
cercada de cuidados e amenizações.
A vida é sagrada e inviolável sob qualquer circunstância.
A eutanásia não se presta para defender a morte dos inúteis, dos velhos e dos
improdutivos. A eutanásia visa libertação do sofrimento humano, quando
não há mais esperanças de cura e depois do paciente ter sido submetido a
uma junta médica, devendo sempre prevalecer à vontade do enfermo.a dor
por si só não autoriza a eliminação da vida, deve vir acompanhada da
impossibilidade da cura.
Longe do meu pensamento, em discorrer sobre a eutanásia, de ofender a
qualquer instituição religiosa, filantrópica.
31

ANEXOS
32

Pai pede eutanásia do filho de 4 anos

São Paulo - Há quatro meses, João, um garotinho de 4 anos (completará 5


no próximo dia 21) passa seus dias deitado em uma cama de hospital. João é
vítima de uma síndrome metabólica degenerativa que aos poucos está
paralisando os movimentos de seu corpo.

Internado no leito 4 do CTI (Centro de Terapia Intensiva) do Hospital


Unimed, em Franca, alimenta-se por meio de uma sonda ligada diretamente
a seu estômago e respira com ajuda de aparelhos.

Apesar de ainda registrar atividades cerebrais, ele já não enxerga, não fala e
não tem mais os movimentos do pescoço, braços e pernas.

A junta formada por três médicos especialistas que cuidam do garoto no


hospital disse que a doença não tem cura e que a progressão natural será a
morte, mas prefere não fazer previsões a respeito de quanto tempo ele ainda
tem de vida.

Pai quer eutanásia

Com base neste diagnóstico, o pai de João, Jeson de Oliveira, 35,


recepcionista em uma indústria de calçados, vai pedir a eutanásia
(autorização para desligar os aparelhos que mantêm a vida do garotinho) na
Justiça.

"Não agüento mais ver meu filho sofrendo. Ele não merece. É um garoto
lindo, muito amado, mas que não tem o direito de acompanhar o nascer do
sol... Não pode brincar, nunca vai saber o que é jogar futebol na rua ou
brigar com os colegas de escola... Nem o prazer de saborear os alimentos ele
tem, pra que viver assim?", desabafa.
33

Há três meses, Jeson não visita o filho. "Não suporto a dor de vê-lo na cama
com as perninhas atrofiando e morrendo aos poucos. Fico desesperado". Da
última vez que esteve no CTI, Jeson de Oliveira precisou ser contido pelos
médicos e funcionários do hospital.

"Fiquei com tanta raiva da vida e de Deus que, na ânsia de aliviar o


sofrimento do meu filho, tentei desligar os aparelhos eu mesmo, mas eles
me contiveram... Desde então não consegui voltar lá". Para o pai, não há
mais esperanças de encontrar uma cura para a doença de João.

Mãe quer filho vivo

Silvia (nome fictício), mãe do garoto, é contra o desligamento dos


aparelhos. A princípio, o Poder Judiciário também é contra. Segundo o
jurista Euclides Celso Berardo, na atual situação de saúde de João, a
autorização para a eutanásia é praticamente impossível.

"Esse garoto é a minha vida. Não posso admitir que alguém queira tirar-lhe
a vida, ainda que tênue. Eu tenho fé, acredito na força de Deus e sei que Ele
vai salvar meu filho", disse a mãe. Ao contrário do pai, Silvia, que tem 22
anos, visita o filho todos os dias, das 13h às 19h.

"Não entendo por que ele (o pai) quer pedir a eutanásia se mal liga para o
garoto", diz a mãe. Silvia conversou com a reportagem do Comércio na sala
de espera do CTI Infantil numa das muitas visitas que faz ao filho. Vestida
de preto e carregando um álbum com fotografias de João desde que nasceu
até a semana retrasada, ela contou o drama que enfrenta.

Separada do pai do garoto há cerca de dois anos, quando os problemas de


saúde de João se agravaram, ela vive sozinha num apartamento alugado no
Parque Vicente Leporace, não trabalha e sobrevive com a pensão de R$ 300
paga pelo INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social).
34

"Optei por não trabalhar para poder ficar o maior tempo possível ao lado do
meu filho. Não sei quanto tempo ele ainda vai viver e quero curtir cada
momento de sua vida. Ele é tudo pra mim".

Primeiros sintomas

O drama familiar começou há quase três anos João até os 18 meses de vida,
era um garoto normal. Quando completou um ano e meio, já andava e se
aventurava a falar as primeiras palavras: papai e mamãe.

Os primeiros sintomas de que algo errado estava ocorrendo foram algumas


convulsões. "De repente, ele perdia os sentidos, caía no chão se debatendo.
A pediatra dizia que ele tinha um atraso motor e nos encaminhou para a
Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais)", disse o pai.

Lá, João permaneceu por pouco mais de um ano. Seu estado de saúde só
piorou. "Ele perdeu o movimento das pernas e já não falava. Fiquei
desesperada porque nenhum médico identificava qual era o problema", disse
Silvia, mãe do garoto.

De tanto insistir, Silvia conseguiu marcar uma consulta com especialistas no


Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. "Lá ficamos mais de um mês
fazendo exames, tomografias e até biópsias. Ao final, veio o diagnóstico de
que ele era portador de uma síndrome que o mataria aos poucos. Minha vida
acabou ali".

De volta a Franca, ela procurou o Hospital Unimed para assumir o


tratamento de João que, desde então, vive uma rotina de internações. "A
última vez que meu filho foi pra casa foi no Natal do ano passado, quando a
prefeitura emprestou os aparelhos para que pudesse levá-lo comigo, mas
logo ele teve que voltar e não saiu mais".
35

Sem cura

A probabilidade de uma criança desenvolver a síndrome (os médicos não


revelaram o nome exato da doença) seria de uma em dois milhões de
nascimentos.

Segundo as informações superficiais, a síndrome,de origem genética,


impediria o organismo do garoto de produzir uma enzima, dificultando a
absorção de energia pelas células, o que provoca a degeneração gradual do
organismo, evoluindo naturalmente até a morte.

Advogado, professor de Direito Constitucional há mais de 20 anos e diretor


da Faculdade de Direito de Franca, Euclides Celso Berardo, disse que as
chances de Jeson de Oliveira obter sucesso no pedido de eutanásia de seu
filho hoje são muito remotas.

No Brasil, a Constituição Federal, que reúne os preceitos legais mais


importantes do País, defende o direito à vida em qualquer circunstância.

Priscilla Sales, do Comércio da Franca


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BIBLIOGRAFIA

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