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FACULDADE DE DIREITO DE ITU

DIREITO EMPRESARIAL II

CHEQUE

Professor: Diogenis Brotas

ITU

2015
TRABALHO DE DIREITO EMPRESARIAL II

CHEQUE

ALTAIR GARCIA DE OLIVEIRA, RA. 0120140164

BRUNA LOURENÇO FERRAZ, RA. 0120140062

FELIPE ALBUQUERQUE LEITE PEREIRA, RA. 0120140033

FERNANDA JAQUELINE DE PAULO, RA. 0120140116

GRAZIELA DOMINGUES VIEIRA, RA. 0120140170

RENAN RAFAEL DO NASCIMENTO, RA. 0120140037

THAYNÁ DE OLIVEIRA CEZAR, RA. 0120136020

ITU

2015
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4

1. CONCEITO ......................................................................................................... 6

2. CIRCULAÇÃO ..................................................................................................... 6

3. MODALIDADES DE CHEQUES ....................................................................... 7

3.1. CHEQUE VISADO ....................................................................................7

3.2. CHEQUE CRUZADO ................................................................................ 8

3.3. CHEQUE ADMINISTRATIVO .................................................................. 8

3.4. CREDITADO EM CONTA ......................................................................... 9

4. CHEQUE PÓS-DATADO ................................................................................. 10

4.1. LICITUDE DO CHEQUE PÓS-DATADO .............................................. 10

4.2. EFEITOS DA PÓS-DATAÇÃO QUANTO AOS PRAZOS DE


APRESENTAÇÃO E PRESCRIÇÃO. ................................................................... 12

4.3. FORMAS DE PÓS-DATAÇÃO ................................................................13

5. SUSTAÇÃO DO CHEQUE ............................................................................... 13

6. CHEQUE SEM FUNDO ...................................................................................14

6.1. REPRESSÃO AO USO DO CHEQUE SEM FUNDO............................16

7. ENDOSSO E AVAL NO CHEQUE .................................................................. 17

7.1. ENDOSSO ...............................................................................................18

7.2. AVAL ........................................................................................................ 19

8. PAGAMENTO, APRESENTAÇÃO E PROTESTO........................................... 19

8.1. PAGAMENTO ..........................................................................................19

8.2. APRESENTAÇÃO ....................................................................................20

8.3. PROTESTO ..............................................................................................21

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 22

3
INTRODUÇÃO

A palavra crédito vem de creditum, credere, importa um ato de fé, de


confiança.

Segundo Stuart Mill economista inglês “O crédito não é mais do que a


permissão para usar do capital alheio”. Para Rubens Requião o crédito não
cria nem produz riquezas, somente garante a transferência de riqueza de
uma pessoa para outra.

A origem dos títulos de crédito remonta à Era Romana, no início a


obrigação constituía um elo pessoal entre credor e devedor, a obrigação
aderia ao corpo do devedor.

Conforme disposto na Lei das XII Tábuas era proibido cobrar a dívida
nos bens do devedor, desta forma se este não honrasse a dívida pagaria com
sua própria vida ou seria vendido como escravo.

O filme “O mercador de Veneza” baseado na obra de William


Shakespeare expressa perfeitamente esta ideia, quando Shylock (Al Pacino)
vai cobrar a sua dívida; ele quer a morte (e humilhação) do devedor Antonio
(Jeremy Irons) e consequente vingança. Com a Lex Papiria as garantias dos
pagamentos das dívidas passaram a recair sobre o patrimônio do devedor.

Na Idade Média as relações comerciais intensificaram- se, desta forma


a circulação dos títulos de crédito aperfeiçoou- se e foi neste período que
surgiu a letra de câmbio.

A história do cheque é permeada de controvérsias, de modo que há


divergências desde a origem da palavra, até o lugar e momento em que teria
surgido.

Conforme informações do Banco Central do Brasil os franceses


atribuem a origem da palavra cheque ao vocábulo inglês to check -
"verificar", "conferir" – os ingleses sustentam que a palavra é originária do
francês echequier que significa "tabuleiro de xadrez". Segundo os ingleses, as

4
mesas usadas pelos banqueiros tinham a forma de um tabuleiro de xadrez,
daí seu nome. A origem é remota e está ligada à letra de câmbio.

Alguns especialistas afirmam que o cheque foi inventado pelos


romanos em 352 a.C. há ainda aqueles que acreditam que tenha surgido da
Holanda, precisamente em Amsterdã, quando as pessoas tinham o costume
de depositar seu dinheiro nos cashiers. Há ainda aqueles que dizem que
surgiu na Idade Média, do costume dos senhores feudais de depositarem o
ouro nas oficinas dos ourives.

Com a expansão dos atos de comércio na Europa, surgiu a


necessidade de novos documentos, assim foi criada a letra de câmbio, que
deu origem ao cheque.

O primeiro banco a aceitar as letras de câmbio foi o banco dos Médici


de Florença e consequentemente todos os bancos passaram a aceitar.

O primeiro país que legislou sobre o cheque foi a França, com a Lei de
14 de junho de 1865. Na Inglaterra, onde ele se expandiu mais rapidamente,
a legislação específica só foi baixada em 18 de agosto de 1882.

No Brasil, a primeira referência ao cheque apareceu em 1845, quando


se fundou o Banco Comercial da Bahia; mas, mesmo assim, sob a
denominação de cautela. Só em 1893, pela Lei 149-B, surgiu a primeira
citação referente ao cheque, no seu art. 16, letra "a", vindo o instituto a ser
regulamentado pelo decreto 2.591, de 7 de agosto de 1912.

Atualmente os títulos de crédito no Brasil são regulados pela Lei


Uniforme de Genebra, a qual o Brasil ratificou com reservas e só passou a
cumprir em 1966 através do Decreto n° 57.663.

Com base na literatura jurídica acerca dos títulos de crédito, mais


precisamente sobre o cheque, o presente trabalho tem o objetivo de discorrer
sobre o tema, sem, no entanto, esgotá-lo haja vista a extensão do tema.

5
1. CONCEITO

O cheque é um título de crédito que se estrutura como ordem de


pagamento à vista que envolve três figuras distintas, quais sejam:
emitente/sacador; beneficiário; e sacado.1 Embora este título também
envolva sacado – assim como na duplicata e letra de câmbio – deve-se
destacar que não há a figura do aceite, pois o devedor principal sempre será
o emitente/sacador. Nessa esteira, a instituição financeira que será somente
sacado do cheque, em regra não terá obrigação de pagar o valor descrito no
título, cabendo ressalva, porém, em relação ao cheque visado e o cheque
administrativo, conforme veremos adiante.

Os requisitos para que o cheque tenha validade estão descritos no


artigo 1º da Lei nº 7.357, de 2-9-1985, onde se tem que o cheque deve: a)
conter a denominação “cheque” expresso no título; b) ser uma ordem pura,
simples e incondicional; c) conter o nome do banco ou instituição financeira
– sacado; d) indicar o lugar do pagamento; e) indicar a data e local de
emissão; e f) conter assinatura do emitente, ou mandatário com poderes
especiais – sendo admitida chancela mecânica ou processo equivalente.2

2. CIRCULAÇÃO

Visto está, conforme o art. 17, caput, da LC, que o cheque pode ser
emitido com ou sem cláusula “à ordem”, o que consequentemente determina
sua forma de circulação. Posto isso, tem-se que o cheque pode ser
transmitido por endosso, ou, havendo cláusula “não à ordem”, com os efeitos
de cessão de crédito.

Portanto, independentemente da cláusula contida na emissão, o


cheque não deixa de cumprir o papel fundamental dos títulos de crédito, que

1 http://www.bcb.gov.br/?CHEQUESFAQ.
2 LC nº 7.357, de 2-9-1985, art. 1º.
6
é a circulação de riquezas, devendo-se apenas observar se será por endosso
ou cessão de crédito.

3. MODALIDADES DE CHEQUES

3.1. CHEQUE VISADO

Conforme preceitua o artigo 7º da LC, o cheque pode ser visado


pela instituição financeira ou banco antes de sua transmissão por
endosso e a pedido do emitente/sacador3. Dessa forma, destaque-se
que o banco somente carimba o cheque se houver provisão de fundos
suficientes na conta do emitente, cabendo ao sacado reservar o valor
exato contido no cheque para garantir seu pagamento ao beneficiário.
Em consonância, Fábio Ulhoa Coelho nos ensina que:

Claro está que, se o banco não proceder à


obrigação legal de reservar, da conta do
correntista, numerário suficiente para a liquidação
do cheque visado, responderá pelo pagamento do
cheque ao credor, se os fundos não existiam ou
deixaram de existir. Isto não significa, contudo, que
o sacado do cheque tenha alguma obrigação
cambial, posto que se trata, no caso, de
responsabilidade decorrente da inobservância de
determinação lega e não do título de crédito. Tanto
é assim que o sacado não poderá ser protestado,
nem executado, nesta hipótese, cabendo ao credor
apenas ação declaratória. Uma vez condenado a
pagar o cheque irregularmente visado, o banco terá
direito de regresso contra o seu emitente.4

3 LC nº 7.357, de 2-9-1985, art. 7º.


4 Fábio Ulhoa Coelho, Manual de Direito Comercial, 23. ed., p. 312.
7
Não se confunde, porém, o cheque visado com o cheque
administrativo, o qual é emitido pelo próprio banco, ao passo que
aquele é emitido pelo cliente e possui apenas visto do banco de que há
fundos suficientes para seu pagamento.

3.2. CHEQUE CRUZADO

Previsto no Capítulo V (arts. 44/45) da LC, o cheque cruzado se


dá com “dois traços paralelos no anverso do título”, classificando-se o
cruzamento em geral ou especial. O cruzamento geral se dá quando há
apenas os dois traços paralelos, ou contendo a denominação “banco”
ou equivalente entre os traços. Já o especial ocorre quando consta
entre as duas linhas o nome da instituição financeira a quem deve ser
pago5.

Destaque-se que a conversão de cruzamento geral em especial é


possível, ao passo que o contrário não ocorre.6

O pagamento do cheque cruzado se dá com crédito em conta do


credor, ou seja, mediante depósito bancário, diferente do cheque sem
cruzamento onde o credor recebe do banco o valor descrito em
dinheiro. Com o cruzamento do cheque, o que se obtêm também é a
identificação do credor a quem foi pago o título.

3.3. CHEQUE ADMINISTRATIVO

Como já dito, este não se confunde com o cheque visado, posto


que não é emitido por uma pessoa, mas pela própria instituição
financeira contra um de seus estabelecimentos. Nesse caso sacador e
sacado são os mesmos. Essa modalidade de cheque foi inserida no
ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto nº 24.777, de 1934, o

5
LC nº 7.357, de 2-9-1985, art. 44, caput e § 1º; Rubens Requião, Curso de Direito Comercial, 31. ed.,
p. 623.
6 LC nº 7.357, de 2-9-1985, art. 44, § 2º.

8
qual, conforme pontua Fábio Ulhoa Coelho, foi “tacitamente revogado
pelo art. 9º, III, da LC, que disciplinou o assunto”.7

A emissão dessa modalidade de cheque é feita pelo próprio


banco e a pedido do cliente, conferindo certeza de pagamento ao
beneficiário. Normalmente é usado em pagamento de valores altos,
como por exemplo em compra de imóvel. Nessa esteira, tendo o banco
a certeza de que seu cliente terá fundos para honrar o pagamento, este
emite um cheque administrativo para pagar o beneficiário, o qual tem
garantia total do pagamento do título.

Conforme pontua Fábio Ulhoa Coelho, uma das espécies mais


conhecidas dessa modalidade de cheque é o traveller’s check, ou
cheque viajante, que é uma ordem de pagamento à vista emitida por
um banco contra qualquer um de seus estabelecimentos.8 A finalidade
dessa espécie é promover a segurança aos viajantes, uma vez que não
seria prudente viajar portando grandes valores.

Cabe destacar que embora seja uma ferramenta válida e vigente,


o cheque administrativo caiu em desuso, tendo em vistas as vantagens
do TED e DOC, que são mais rápidos e práticos.9

3.4. CREDITADO EM CONTA

A finalidade do cheque creditado em conta – ou para “se levar


em conta” –, é a mesma do cheque cruzado, ou seja, a identificação da
pessoa a quem se paga o valor do título.10 Nessa modalidade de
cheque há uma cláusula impeditiva de pagamento em dinheiro,
devendo o sacado lançar o pagamento na conta do beneficiário. Para

7
Fábio Ulhoa Coelho, Manual de Direito Comercial, 23. ed., p. 312.
8 Fábio Ulhoa Coelho, Manual de Direito Comercial, 23. ed., p. 312.
9 http://www.mundodosbancos.com/cheque-administrativo/
10 Fábio Ulhoa Coelho, Manual de Direito Comercial, 23. ed., p. 314.

9
tanto, o sacador, ao emitir o cheque, deve constar do anverso do
cheque a expressão “para levar em conta”, ou outra equivalente.11

4. CHEQUE PÓS-DATADO

Embora o cheque seja uma ordem de pagamento à vista, é forçoso


dizer que houve uma disseminação na prática do uso do cheque pós-datado,
comumente denominado de forma errônea como cheque pré-datado. Essa
prática se realiza principalmente em comércios, tratando-se de um acordo
estabelecido entre as partes que determinam uma data futura para o
pagamento do titulo. Conforme pontua Covello Apud Andreatta:

O cheque pré-datado, ou pós-datado, como prefere


parte da doutrina, é o cheque emitido com cláusula
de cobrança em determinada data, em geral a
indicada como data da emissão, ou a consignada
no canto direito do talão.12

4.1. LICITUDE DO CHEQUE PÓS-DATADO

Tem-se discutido, ao longo do tempo, a existência, a validade e a


eficácia da relação jurídica criada a partir do cheque pós-datado e se a
apresentação antecipada do cheque pode fundamentar uma ação
indenizatória, a título de dano moral e material, questão que gera
grande insegurança pois não há uniformidade entre as decisões dos
juízes ou entre os doutrinadores.

A prática do cheque pós-datado, a princípio, não possui amparo


legal, tendo em vista o artigo 32 da LC (7.357/85) que dispõe que o
“cheque é pagável à vista. Considera-se não escrita qualquer menção
em contrário”. Sendo assim, não pode o sacado recusar o pagamento

11 Rubens Requião, Curso de Direito Comercial, 31. ed., p. 625.


12 Sérgio Carlos Covello, Prática do Cheque, 3. ed., Edipro 1999.
10
do título quando da apresentação, ainda que ocorra anterior à data
convencionada, ainda que este se denomine pós-datado.

Contudo, a prática comercial de seu uso ainda não prevista em


lei ocasiona um grande número de ações propostas até as instâncias
superiores, gerando apreciações do tema nos Tribunais Superiores.
Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) editou a Súmula
370 que tem como conteúdo: “caracteriza dano moral a apresentação
antecipada de cheque pré-datado”, ou seja, o STJ se posiciona de
modo em que este é “válido e eficaz” pois, o cheque continua como
uma ordem de pagamento à vista ainda que desviada de sua função,
tal irregularidade não lhe retira a validade.

Em decorrência do conflito entre a lei e os costumes, a


apresentação antecipada do cheque pós-datado pode fundamentar
ação indenizatória por danos morais ou materiais. Conforme se
manifesta Fábio Ulhoa Coelho:

Está se desenvolvendo o entendimento de que o


comerciante, ao aceitar o pagamento com cheque
pós-datado, assume obrigação de não fazer,
consistente em abster-se de apresentar o título ao
sacado antes da data avençada com o consumidor.
De modo que o descumprimento dessa obrigação
acarretaria o dever de indenizar o emitente.13

Do mesmo modo, a jurisprudência nos mostra que:

O cheque pré-datado hoje se constitui em


verdadeiro contrato comercial, pelo qual o emitente
se obriga a ter saldo na data constante no
documento, enquanto o credor obriga-se a só
apresentar na data avençada. O irrestrito apego ao
direito cambiário, dentro das circunstâncias hoje

13Fábio Ulhoa Coelho, Código Comercial e Legislação Complementar Anotados, 5. ed., Saraiva
2002.
11
vividas no País, seria desconsiderar a realidade e
privilegiar o comerciante desonesto.14

Assim, em decorrência do princípio geral da boa-fé, disposto no


artigo 1482 do Código Civil, "os contratantes são obrigados a guardar,
assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios
de probidade e de boa-fé". O beneficiário que apresentar antes da data
pactuada estará descumprindo a obrigação assumida, devendo este
ressarcir os danos ocasionados gerados no ato da apresentação, como
danos morais e materiais.

4.2. EFEITOS DA PÓS-DATAÇÃO QUANTO AOS PRAZOS DE

APRESENTAÇÃO E PRESCRIÇÃO.

Como visto anteriormente, o sacado não possui autonomia para


evitar o pagamento no ato da apresentação do título (art. 32 da LC),
porém, a pós-datação gera efeitos nos prazos em que o cheque deverá
ser apresentado. Conforme dispõe o artigo 33 da aludida Lei, in verbis:

O cheque deve ser apresentado para pagamento, a


contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta)
dias, quando emitido no lugar onde houver de ser
pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em
outro lugar do País ou no exterior.

Ou seja, há o entendimento por parte da doutrina e do STJ de


que a pós-datação aumenta o prazo de validade do cheque, em vista da
data constante no documento.

Deve-se ressaltar que em caso de endosso, e este documento vir


a ser apresentado pelo endossatário em data anterior a avençada entre
o emitente e o beneficiário (endossante), poderá o emitente mover ação
indenizatória em face do beneficiário, pois este descumpriu com a

14BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. 18. Câmara Cível. Desembargador Relator
José Francisco Pellegrini. Apelação Cível 198.083.321, publicado no DJ de 29-4-1999.
12
obrigação; e o endossante, por sua vez, terá direito de mover ação
indenizatória em face do endossatário, caso estivesse ciente da pós-
datação; ou terá também, o beneficiário, a possibilidade de denunciar
à lide o endossatário.

4.3. FORMAS DE PÓS-DATAÇÃO

A pós-datação possui duas formas de realização, onde a primeira


informa uma data futura como emissão do cheque, ou seja, o emitente
não informa a data real em que o documento foi emitido; e a segunda é
a consignação da data futura no lado direito inferior do cheque,
contendo anotação com a expressão bom para, tendo a data real de
sua emissão mais a data em que este deverá ser depositado.

Em ambos os casos a pós-datação é feita no próprio documento.


Ressalte-se, porém, que há outra maneira muito utilizada no comércio,
que é através de lembretes, não contidos no título, informando a data
que o título deve ser apresentado. Esta modalidade não possui
segurança jurídica, pois é difícil a comprovação de que data futura foi
compactuada na data da emissão, podendo, inclusive, ocasionar
sentença desfavorável ao emitente.

5. SUSTAÇÃO DO CHEQUE

A sustação é uma hipótese para a não liquidação do pagamento,


prevista nos arts. 35 e 36 da LC, sendo ela de duas formas: a revogação –
também conhecida como contraordem – e a oposição.15

No primeiro (previsto no artigo 35, caput, da LC), temos que apenas o


emitente pode se utilizar. Ela é manifestada através de um aviso epistolar ou
notificação que contenha os motivos para a utilização deste instituto, que se
dá por via judicial ou extrajudicial. Ressalte-se que a revogação somente

15 Fábio Ulhoa Coelho, Manual de Direito Comercial, 23. ed., p. 316.


13
pode ser utilizada após o prazo de apresentação anteriormente previsto na
emissão do cheque.

Por seu turno, a oposição é uma espécie de suspensão temporária do


pagamento e está previsto no art. 36, caput, da LC, onde se tem que tanto o
emitente quanto o beneficiário podem se utilizar a qualquer tempo após a
emissão. A oposição se dá através de uma manifestação ao sacado, por
escrito, com fundamento relevante juridicamente.16

Destaque-se que a sustação do cheque não pode ser utilizada quando


há emissão do cheque por conta de uma prestação de serviço e o mesmo não
foi cumprido integralmente. Vale ressaltar que o banco, quando há
solicitação da sustação do cheque, tanto na revogação quanto na oposição,
não pode considerar os motivos que levaram o emitente ou o beneficiário a se
utilizar deste instituto. De acordo como artigo 36 § 2° da LC, o banco deverá
acatar a solicitação da sustação enviada pelo interessado, sem se utilizar de
exigências burocráticas, sob pena de sujeitar-se a punições legais e
eventuais prejuízos causados. Desse modo, a única hipótese em que o
sacado poderá solicitar documentos probatórios, será quando houver roubo
ou furto do talonário, devendo o interessado apresentar o boletim de
ocorrência.

A sustação ainda poderá configurar fraude no pagamento por cheque,


quando vier a ser utilizada dolosamente e causar dano ao seu portador,
incorrendo o interessado no previsto no artigo 171 § 2°, VI, do Código Penal.
17

6. CHEQUE SEM FUNDO

O cheque é considerado sem fundos quando seu emitente (sacador)


não tem suficiente provisão de fundos em sua conta para que possa honrar
com o pagamento. Apresentado o cheque e ocorrendo sua devolução, pela

16 Fábio Ulhoa Coelho, Manual de Direito Comercial, 23. ed., p. 316.


17 Fábio Ulhoa Coelho, Manual de Direito Comercial, 23. ed., p. 316.
14
primeira vez, com a justificativa de insuficiência de fundos para o
pagamento, o beneficiário poderá reapresentar o cheque em data posterior.
Se ainda assim não houver provisão de fundo suficiente em conta, o nome
daquele que emitiu o cheque pode ser levado ao CCF (Cadastro de Emitentes
de Cheques sem Fundos) do Banco Central e daí para a SERASA, sendo
difundida entre as demais instituições financeiras e SPC. Ressalte-se que
quando a conta for conjunta, o nome e o CPF enviados ao CCF, devem ser do
titular emitente do cheque (aquele que assinou a cártula), conforme Circular
3.334 do Banco Central do Brasil, de 5-12-2006.18 A normatização anterior
previa que os nomes e CPFs de todos os titulares da conta fossem incluídos.

É importante ressaltar que a emissão de cheque sem fundo também


configura crime de fraude no pagamento por meio de cheque. Nesse sentido,
a legislação especial (LC) estatui que “os efeitos penais da emissão do cheque
sem suficiente provisão de fundos, […] continuam regidos pela legislação
criminal”.19 Em consonância com o disposto na LC, o inciso VI, do §2º, do
artigo 171 do Código Penal tipifica como fraude a emissão de cheque sem
suficiente provisão que frustre o pagamento, incorrendo o emitente na
mesma pena do crime de estelionato.20

Há que se considerar, porém, que para a configuração de crime de


fraude no pagamento deve-se ficar comprovado que houve emprego de ardil
ou outro meio fraudulento, do contrário a emissão de cheque pós-datado,
que não pôde ser compensado por falta de fundos, não caracteriza crime.
Sob este entendimento, a 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul negou apelação interposta pelo Ministério Público,
inconformado com a sentença que absolveu uma mulher da acusação de
passar cheques "frios" em um supermercado de Piratininga, interior gaúcho.
Para os desembargadores, “não há dolo específico na conduta de quem emite

18 BANCO CENTRAL DO BRASIL, Circular nº 3.334, de 5-12-2006, art. 1º.


19 LC nº 7.357, art. 65.
20 CP, art. 171, §2º, VI – tipifica a fraude no pagamento por meio de cheque.

15
o cheque sem fundos, acreditando que, até a apresentação do título,
conseguirá suprir a falta de provisão de fundos”.21

Quanto ao protesto, assunto que será abordado mais adiante no


presente trabalho, vale ressaltar que o credor deve protestar o cheque sem
fundos no prazo fixado em lei, no que tange sua apresentação a pagamento,
ou seja, 30(trinta) ou 60(sessenta) dias, dependendo da praça da emissão do
cheque. Isso se faz necessário para que o credor conserve o direito creditício
em relação aos coobrigados.22

Quanto a execução do cheque sem fundos, esta prescreve em 6(seis)


meses a partir do término do prazo para apresentação (30 dias após a
emissão quando for emitido no mesmo lugar de onde deve ser pago e 60 dias
após emissão quando for emitido em outro lugar do país ou exterior).23

Ocorrendo a perda dos prazos o título perde a força de execução, bem


como o credor perde a segurança que este lhe dá dentro destes prazos,
restando ao credor outra forma de cobrança, que é a ação cambial. Esta, por
seu turno, lhe dá o benefício de não precisar fazer prova além da
apresentação do cheque, embora seja muito mais morosa e sem muitas
garantias de obter sucesso na cobrança.

Nesse contexto, há a ação cambial de enriquecimento ilícito, com prazo


de dois anos de prescrição, contados do término da ação executiva, conforme
dispõe a LC.24

6.1. REPRESSÃO AO USO DO CHEQUE SEM FUNDO

O Banco Central, por meio da Resolução BC n. 1.682, de 1990,


estabeleceu que o emitente de cheque sem fundos está sujeito ao

21 http://www.conjur.com.br/2012-mar-05/emissao-cheque-fundos-intencao-fraude-nao-estelionato;
Apelação Crime nº 70044921070 2011/CRIME (Apelante: Ministério Público do Rio Grande do Sul,
Apelada: Silvia Renata Nunes de Oliveira Amaral).
22
Fábio Ulhoa Coelho, Manual de Direito Comercial, 23. ed., p. 318.
23 LC nº 7.357, art. 59; Fábio Ulhoa Coelho, Manual de Direito Comercial, 23. ed., p. 319.
24 LC nº 7.357, de 2-9-1985, art. 61; Jus Navigandi: http://jus.com.br/; Banco Central do Brasil:

http://www.bcb.gov.br.
16
pagamento de taxas, a cada devolução, ao Serviço de Compensação de
Cheques. Além disso, o emitente é inserido no CCF.25

Nos ensina Fábio Ulhoa Coelho que:

O correntista que tiver o mesmo cheque devolvido


duas vezes por insuficiência de fundos e aquele
que incorrer em prática espúria devem ser inscritos
no CCF. A mesma resolução define prática espúria
como sendo a emissão de três cheques sem fundos
contra o banco sacado que havia assumido o
compromisso de apronto acolhimento (o chamado
‘cheque garantido’). O banco não pode entregar
talonário ao correntista inscrito no CCF, mas não
está obrigado a resolver o contrato de conta-
corrente respectivo, salvo se o Banco Central
determinar o seu encerramento.26

Nesse sentido, conclui-se que se o emitente for inserido no CCF,


o banco deve se atentar ao fornecimento de novo talonário de cheque,
haja vista que é vedada entrega ao correntista figurante do referido
cadastro.27

7. ENDOSSO E AVAL NO CHEQUE

Assim como na letra de câmbio, duplicata e nota promissória, a figura


do endosso também está presente no cheque. É forçoso admitir, portanto,
que não poderia ser diferente, posto que o cheque é um título de crédito, que
tem como finalidade a circulação de riquezas. No mesmo sentido, garantida
a circulação deste título por meio do endosso, é patente afirmar que essa
transmissão necessita de garantias de pagamento do devedor principal
25 Fábio Ulhoa Coelho, Manual de Direito Comercial, 23. ed., p. 320/321; Regulamento Anexo à
Resolução 1.631, de 24-8-1989 - alterado pela Resolução 1.682 de 31-1-1990 -, art. 10.
26 Fábio Ulhoa Coelho, Manual de Direito Comercial, 23. ed., p. 321.
27 Regulamento Anexo à Resolução 1.631, de 24-8-1989 - alterado pela Resolução 1.682 de 31-1-

1990 -, art. 2º, “a”.


17
(sacador) ao beneficiário, ou dos endossantes aos endossatários, fazendo-se
necessária essa garantia por meio do aval.

Tanto o endosso quanto o aval estão previstos na LC, sendo aquele


disposto no Capítulo II (arts. 17/28) e este no Capítulo III (arts. 29/31).

7.1. ENDOSSO

O endosso se dá com a assinatura do endossante (que transmite


o título) no verso do cheque, mas a assinatura também pode ser no
anverso, devendo o endossante, nesse caso, identificar o beneficiário
com a expressão “endossado à (nome do beneficiário) ”, ou expressão
equivalente. Ressalte-se ainda que o endosso deve ser: incondicional;
puro e simples; não pode ser parcial; tampouco é válido quando feito
pelo sacado.28

Cumpre destacar que este ato jurídico trasladador da


titularidade do crédito é cabível apenas quando o cheque contém
cláusula nominal “à ordem”. Nessa esteira, não cabe endosso quando
tratar-se de cheque com cláusula “não à ordem”, uma vez que o § 2º
do artigo 17 da LC dispõe que o “cheque pagável a pessoa nomeada,
com a cláusula ‘não à ordem’, ou outra equivalente, só é transmissível
pela forma e com efeitos de cessão”.29 Do mesmo modo, nos ensina
Fábio Ulhoa Coelho que quando o endosso é feito tardiamente, ou seja,
realizado após o prazo de apresentação, também gera efeitos de cessão
civil de crédito.30

Ainda nessa esteira, no tocante ao endosso tardio, Rubens


Requião nos ensina que o “endosso posterior ao protesto, ou
declaração equivalente, ou à expiração do prazo de apresentação, vale
insistir, produz apenas os efeitos de cessão”.31

28
LC nº 7.357, de 2-9-1985, art. 18.
29 LC nº 7.357, de 2-9-1985, art. 17, §2º.
30 Fábio Ulhoa Coelho, Manual de Direito Comercial, 23. ed., p. 311.
31 Rubens Requião, Curso de Direito Comercial, 31. ed., p. 613.

18
Conforme preceitua Fábio Ulhoa Coelho, o endosso “transfere a
titularidade do crédito […], do endossante para o endossatário” e
“vincula o endossante ao pagamento do título, na qualidade de
coobrigado (LU, art. 15)”.32

7.2. AVAL

O texto do artigo 29 da LC é claro quanto a permissão do aval no


título de crédito, pontuando que o “pagamento do cheque pode ser
garantido, no todo ou em parte, por aval prestado por terceiro, exceto o
sacado, ou mesmo por signatário do título”.33 Com efeito, o avalista
torna-se obrigado ao pagamento do título assim como o avalizado.

Cabe ressaltar que o aval deve indicar o avalizado, sendo que


não havendo indicação considera-se que este é o emitente do cheque
(art. 30, parágrafo único).

No mais, o aval no cheque tem os mesmos efeitos gerados em


qualquer outro título de crédito, pois sua essência é a garantia do
pagamento do título, em circunstâncias em que o avalizado não possa
honrar com o pagamento.

8. PAGAMENTO, APRESENTAÇÃO E PROTESTO

8.1. PAGAMENTO

O pagamento do cheque, como em qualquer outro título de


crédito, é a forma natural da extinção do título e da obrigação que o
gerou. Pode-se dizer, com isso, que o pagamento realizado pelo banco,
ou instituição financeira, ao beneficiário, resolve todas as obrigações
em que o título fora transmitido. Mister salientar que o devedor

32 Fábio Ulhoa Coelho, Manual de Direito Comercial, 23. ed., p. 286.


33 LC nº 7.357, de 2-9-1985, art. 29.
19
principal sempre será o emitente/sacador, pois no cheque não há a
figura do aceite como ocorre em outros títulos de crédito, sendo certo
que não havendo provisão de fundos para que o sacado efetue o
pagamento, caberá ação contra o emitente, e não contra o sacado.

8.2. APRESENTAÇÃO

A apresentação está relacionada com o princípio da


cartularidade, que revela que o credor, para que possa exigir o crédito,
deve apresentar a cártula original.

Essa apresentação no cheque tem prazos estipulados por lei,


sendo que quando forem emitidos em um mesmo local de pagamento
(mesma praça) tem o prazo de 30 dias; e para os cheques emitidos em
outro lugar do país (outra praça), terão o prazo de 60 dias para sua
apresentação.34

Porém, insta salientar que os prazos não são somente estes. Há


também um prazo prescricional, que é o prazo que estipulará o
“cancelamento” do título, tanto para ações cambiais – como já visto no
item 4 –, quanto para sua execução. Este prazo foi fixado em 6(seis)
meses, mas há uma grande discussão em que se questiona a partir de
quando deve ser contato esse prazo. Desse modo, tem-se que o prazo
prescricional se iniciará da expiração do prazo para apresentação, ou
seja, dos 30(trinta) ou 60(sessenta) dias regidos pelo artigo 33, caput,
da LC.

Essa discussão iniciou-se pelo fato de que o cheque é


considerado ordem de pagamento à vista, e não pagamento à vista.
Embora parecidos, deve-se citar que a ordem de pagamento à vista é
uma determinação para que o sacado (banco ou instituição financeira)
pague por este cheque, mediante sua apresentação, o valor

34 LC nº 7.357, de 2-9-1985, art. 33, caput.


20
correspondente em sua totalidade e em espécie, ressaltando-se, para
tanto, que deve haver fundos suficientes para o pagamento do título.

8.3. PROTESTO

O protesto é a prova literal de que o título foi apresentado à


instituição financeira ou banco, e que seu pagamento não foi efetuado
por este; sendo esta uma forma de assegurar o direito do beneficiário.
Segundo a Lei 9.492/97, que regula o protesto dos títulos de crédito,
protesto “é ato formal e solene pelo qual se prova inadimplência e o
descumprimento de obrigação originada em títulos e outros
documentos de dívida”. Estatui ainda, o art. 6º da referida Lei, que
“poderá o protesto ser lavrado no lugar do pagamento ou do domicílio
do emitente, devendo do referido cheque constar a prova do de
apresentação ao Banco sacado […]”.35

Note-se que o protesto não é necessariamente um meio de


cobrança, mas sim uma forma de produzir provas. Contudo, devemos
destacar que muitos se utilizam desse meio para cobrar a respectiva
dívida, haja vista que com o protesto o nome do devedor é incluso no
rol de inadimplentes constantes dos órgãos de proteção ao crédito.

Agora, qual o prazo para o protesto de um cheque? O protesto


interrompe ou renova o prazo para prescrição do direito de cobrança
da dívida?

Nosso ordenamento jurídico estipula, no artigo 206, § 3º, VIII do


Código Civil, que prescreve em 3 anos “a pretensão para haver o
pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as
disposições de lei especial”.36

A justiça tem entendido que prescrito o título o mesmo não


poderá ser protestado após o prazo da prescrição. Porém, após

35 Lei nº 9.492 de 10-9-1997, art. 1º, caput; e art. 6º.


36 CC, art. 206, § 3º, VIII.
21
transcorrido o prazo prescricional, o consumidor tem direito a exigir
na justiça a sua imediata sustação, e, ainda, os cartórios de protestos
não estão obrigados a negar o protesto dos títulos de crédito
prescritos. Vale ressaltar ainda, que embora o prazo de prescrição seja
de 3 anos para efeitos de execução, no que tange ao SPC e SERASA o
prazo é de 5 anos a contar da dívida, e caso o protesto aconteça em
prazo superior, será causa de danos morais.

CONCLUSÃO

No decorrer do presente trabalho discorremos acerca dos títulos de


crédito, mais especificamente sobre o cheque, desde a sua origem permeada
por controvérsias, o conceito, as espécies que existem, desde o cheque
visado até o cheque pós-datado (como prefere a doutrina).

Tratamos aqui também acerca da figura do aceite, endosso, aval,


prazos de apresentação, bem como prazos de prescrição do cheque, protesto
e eventuais ações cabíveis.

Cumpre destacar que o cheque surgiu a partir da letra de câmbio e


ganhou o mundo devido a sua facilidade de circulação. Apesar de
atualmente ser menos usado, mantem sua força como título de crédito.

Discorremos ainda acerca da repressão exercida sobre o uso dos


cheques sem fundo, que inclusive acarreta sanções penais àqueles que agem
sem a boa – fé que se exige dos contratantes.

Ante o exposto, fica claro que o objetivo da Lei do Cheque, bem como
os demais dispositivos que regulam o cheque, visam garantir a circulação
dos títulos de crédito e consequentemente das riquezas, visando sempre
proteger àqueles que agem imbuídos de boa – fé.

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