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SÃO LUÍS
2020
ALEFF YOURI SANTOS DE ABREU
CLEMILSON DA SILVA BARROS
CRISTIAN HENRIQUE RIBEIRO SILVA
GUILHERME SALAZAR CARDOSO
JÁREDE DE JESUS SILVA SOUZA JACINTO
RAÍRLLYSON MATOS AGUIAR
SÃO LUÍS
2020
1 INTRODUÇÃO
O direito é compreendido como um conjunto de normas que vislumbram
garantir a manutenção da harmonia social, prezando pelo bem estar-coletivo,
promovendo assim a justiça social. Isto significa o entendimento do Direito como um
importante instrumento regulador das relações sociais e que as transformações
naturais da evolução social, dentro de cada época, influenciam o entendimento do
Direito em diversos casos, como por exemplo, a ideia daquilo que hoje foge à norma
ou é ilegal, amanhã não pode ser mais, isso na visão do doutrinador (Duarte, 2019).
Interessando-se nisso, este trabalho trata da aplicação da Lei Penal dentro do
universo da atividade policial militar, bem como dissertar sobre os preceitos que
norteiam o exercício da vida castrense, havendo uma linha tênue entre legalidade e
ilegalidade das condutas executadas durante o serviço. Entendendo que o Código
Penal Brasileiro traz direcionamentos legais e normativos que direcionam e
condicionam as ações do policial em campo, posicionando-o de forma correta e
legalmente segura, sem ferir os regulamentos tipificados e as normas sociais, em
situações que poderiam configurar, por exemplo, em abuso de autoridade, conforme
a Lei nº 13.869, de 5 de setembro de 2019 ou atos ilegais que resultem o agente de
segurança pública responder no âmbito civil e administrativo pelo ato consumado
durante o serviço, haja vista que ele é um representante legal do Estado.
Um ponto importante a discorrer sobre o Direito Penal, é o fato de ser
entendido como o setor ou parcela do ordenamento jurídico público que tipifica as
ações ou omissões como delitivas, atribuindo a esses atos consequências jurídicas,
penas ou medidas de segurança. Desse modo, através da coação estatal, garante a
inquebrantabilidade da ordem pública. (Duarte, 2019)
Segundo a exegese do Código Penal à concepção da Constituição
Federal, têm-se os seguintes princípios basilares: a legalidade, em decorrência do
processo legal, culpabilidade, lesividade, proporcionalidade, individualização,
humanização e valor social da pena, subsidiariedade, fragmentariedade
(Dobrianskyj, 2009). Em suma, lei penal brasileira é um dispositivo de defesa do
cidadão em oposição ao poder punitivo do Estado.
Para refletir sobre essa questão, esse artigo dispõe de informações sobre
vacatio legis, legis,tempus regit actium, ultratividade da Lei Penal, lex mitior, lex
gravior, aplicação dos princípios para solucionar os conflitos de normas jurídicas no
período de vacatio legis, abolitio criminis e suas aplicabilidades.
2 VACATIO LEGIS
2.1 DEFINIÇÕES
De acordo com a ideologia de Guilherme de Souza Nucci, a vacatio legis
(também chamada período de vacância da lei) pode ser conceituada como “o
intervalo de tempo entre a publicação de uma lei e sua entrada em vigor” (Nucci,
2014). Desse modo, para esse doutrinador, tal intervalo é necessário para que a
sociedade tome conhecimento dessa nova norma jurídica e prepare-se para os
efeitos penais a ela relacionados.
Tal conceito de vacatio legis é majoritário na ciência do Direito e pode ser
comprovado ao comparamos o exposto por Nucci com os escritos de Júlio Fabrini
Mirabete (2011), o qual preceitua:
Em princípio, a lei é elaborada para viger por tempo indeterminado.
Após a promulgação, que é o ato governamental que declara a
existência da lei e ordena sua execução, é ela publicada. Ao período
decorrente entre a publicação e a data que começa sua vigência,
destinado a dar tempo ao conhecimento dela aos cidadãos, é dado o
nome de vacatio legis (Mirabete, 2001, p.43).
2.2 EXEMPLOS
Para exemplificar a doutrina a respeito da vacatio legis, pode-se citar a
Lei. n° 13.105, promulgada na data de 16 de março de 2015, a qual instituíra o Novo
Código de Processo Civil (Brasil, 2015) o qual descreve em seu Art. 1.045 que:
Art.1.045. Este Código entra em vigor após decorrido 1 (um) ano da
data de sua publicação oficial (Brasil, 2015).
No entanto em sua obra mais recente Nucci (2014), refaz seu próprio
posicionamento a respeito do tema:
A última nos parecia ser a melhor orientação. Não nos soava correto
que uma norma tivesse validade para beneficiar réus em geral, mas
não pudesse ser aplicada ao restante da população. Após minuciosa
análise do tema, em particular por conta da publicação de nosso
Princípios constitucionais Penais, refizemos a nossa posição.
Sob o ponto de vista formalista, todos são iguais perante a lei e o
período de vacatio deve ser respeitado em qualquer situação,
mesmo se cuidando de lei benéfica. Sob a ótica axiológica, os
valores ligados à dignidade da pessoa humana devem prevalecer
sob os aspectos formais do sistema legislativo, voltados
primordialmente a conferir segurança à sociedade. Constituindo a
vacatio legis um período de preparação de todos para o
conhecimento do conteúdo da nova norma, por certo, volta-se à
preservação e proteção dos direitos individuais, vale dizer, não se
instituíra uma sanção mais grave ou uma nova figura delitiva sem dar
espaço à comunidade para tomar ciência disso. Mas tratando-se de
lei penal ou processual penal benéfica, inexiste prejuízo algum para a
sociedade se imediatamente posta em prática. Diante disso, pode-se
aplicá-la de imediato (Nucci, 2014).
4 ABOLITIO CRIMINIS
4.1 DEFINIÇÕES
5.1 DEFINIÇÕES
Nem sempre a revogação formal de um dispositivo legal garante a
abolição do crime - abolitio criminis -, ou seja, a lei que promove a descriminalização
de uma determinada conduta que, até então, era considerada criminosa. Encontram-
se inúmeras leis revogando dispositivos penais, mas não é correto afirmar que
sempre ocorreu o abolitio criminis.
Greco (2015) explica que quando a revogação de um dispositivo
promove apenas a transposição de uma conduta que estava em um tipo penal para
outro, trata-se do princípio da continuidade normativo-típica. Nas palavras do autor:
Pode ocorrer que determinado tipo penal incriminador seja
expressamente revogado, mas seus elementos venham a migrar para outro tipo
penal já existente, ou mesmo criado por nova lei. Nesses casos, embora
aparentemente tenha havido uma abolição da figura típica, temos aquilo que se
denomina de continuidade normativo-típica (Greco, 2015, p. 164).
5.2 EXEMPLOS
A fim de exemplificar o princípio anteriormente mencionado,
analisa-se os crimes encontrados nos artigos 214, 216, e 219 do Código Penal
Brasileiro, e nas leis 12.015 e 11.106. O Art. 214 contempla o "Atentado violento ao
pudor". O Art. 216, "Violação sexual mediante fraude", e o Art. 219, " Rapto violento
ou mediante fraude".
Ocorre que a conduta antes descrita no Art. 214 foi fundida ao
tipo penal do Art. 213. do Código Penal Brasileiro (1940): "Constranger alguém,
mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir
que com ele se pratique outro ato libidinoso".
Anteriormente existiam dois crimes distintos contra a liberdade
sexual: estupro e atentado violento ao pudor. No estupro o sujeito era passivo
determinado, somente o gênero feminino, enquanto no atentado violento ao pudor
poderia ser cometido por ambos. Atualmente, após a alteração dada pela Lei n°
12.015 de 07 de agosto de 2009, o crime de estupro passou a existir um único
dispositivo que uniu as condutas atentatórias que atingem homens e mulheres, em
um crime que pode ser praticado e sofrido por ambos os gêneros.
O Art. 216 foi fundido ao Art. 215. Enquanto que o Art. 219 tornou-
se qualificador do "Cárcere privado". Não ocorrerá, portanto, a abolitio criminis, mas,
sim, a permanência da conduta anteriormente incriminada, só que em uma nova
caracterização, continuando em um novo tipo penal.
6 A IMPORTÂNCIA E APLICABILIDADE PARA A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL
DE SEGURANÇA PÚBLICA
Trabalhar na segurança pública é um desafio, pois o profissional dessa
área necessita de bastante conhecimento em diversas áreas do direito, já que atua
diretamente em problemas sociais.
A atividade policial, representa um risco a vida do operador, mas não
somente isso, trata-se também um risco quando esse não possui a cognição
necessária para respaldar suas ações na legislação a qual é subordinado, tanto
administrativamente, civilmente e penalmente.
Com a vigência da nova lei de abuso de autoridade os profissionais
precisaram se atualizar, muitos buscando graduação em direto para melhor
compreender tal lei e também oferecer um melhor serviço à sociedade.
Outros termos importantes que o policial precisa saber é o vacatio legis
que representa o período de vacância de uma lei, que dura entre a data de sua
publicação até a entra em vigor, assim também com o abolitio criminis que ocorre
quando um tipo penal anterior é excluído por uma lei nova, o descriminalizando.
Toda essa mutação que ocorre nas nossas legislações, são
extremamente dinâmicas, o que obriga o profissional de segurança pública se
adequar para poder realizar suas ações com respaldo legal necessário.
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GRECO, Rogério. Código Penal Comentado. ed. Impetus. 10ª edição. Rio de
Janeiro, p.14, 2016.
JESUS, Damásio Evangelista de. Âmbito de Eficácia Temporal da Lei Penal. In:
JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva,
2011.
LEMOS, Clério. Drogas: uma norma perspectiva. São Paulo: IBCCRIM, 2014.
NUCCI, Guilherme de Souza. Aplicação da Lei Penal no tempo. In: Nucci, Guilherme
de Sousa. Manual de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado – Parte geral. 8.ª ed. São Paulo:
MÉTODO, 2014.
MIRABETE, Júlio Fabrini. Vigência e Revogação da Lei. In: MIRABETE, Júlio Fabrini
Mirabete Manual de Direito Penal. São Paulo: Atlas, 2001.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 33. ed. São Paulo: Atlas. 2017.