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IVA II
Mestrado em Direito Fiscal
Prof. Odete Oliveira
2018/2019
UCP-CRP
FVL
Introdução
Os impostos indiretos são os impostos que nenhum Estado abdica porque dão uma
receita muito grande e, portanto, a determinação da matéria coletável não é muito
complexa
É um imposto autoliquidado
Este imposto está dotado de uma grande anestesia fiscal, ao contrário dos impostos
sobre o rendimento por isso é que os impostos indiretos têm um papel mais
importante devido ao elevado peso destes impostos
Esta anestesia de um imposto que se confunde com o preço é mais fácil de se
lidar sem manifestações
Por isso, ninguém abdica destes impostos
Deste modo, depois da I e II Grande Guerra os países criaram este imposto para se
poderem financiar
Temos 3 tipos de impostos:
Impostos monofásicos
Impostos plurifásicos com efeito cumulativo (sobre o valor total de venda)
A carga fiscal neste tipo de imposto é muito grande
Esta integração vertical dos circuitos distorce a transparência e a
concorrência e cria inconvenientes muito grandes
Impostos plurifásicos sobre o valor acrescentado
Em 1957 criou-se através do tratado de Roma, a CEE cujo objetivo primeiro era que os
bens circulassem dentro dos estados que compunham essa unidade económica e
pretendia-se que os bens circulassem em situações de concorrência
Os impostos indiretos são impostos que se repercutem no preço e tal repercussão para o
cliente é obrigatória
É necessário pensar qual vai ser o pais em que o bem vai ser tributado, como estamos
perante um imposto sobre o consumo tributação é no pais de consumo
Mas, o problema é quando os bens são produzidos no Estado A e consumidos no Estado
B ora, eles vão ser tributados no Estado B porque é onde vão ser consumidos, mas
como foram produzidos no Estado A também ai foram sujeitos a tributação teríamos
uma dupla tributação
Para se resolver esta situação criou-se o principio do destino tributação no pais de
destino, mas com o corolário de que não haja tributação no pais de origem (para evitar a
dupla tributação)
Como pode acontecer de não se saber se o bem vai ser exportado ou não, então
há tributação
Mas, se depois sair do país, ele vai sair com 0 de imposto e, para além de
isentar, eu vou ter de restituir ao exportador todo o imposto que ele suportou
sobre aquele produto, de modo a assegurar que o produto chegue ao país de
consumo sem tributação, para que seja tributado no país de destino extramente
nos mesmos moldes de tributação dos produtos internamente produzidos
Portanto, exportação sem imposto, mas como restituição dos inputs que
o produtor suportou para fabricar o bem
Importação com aplicação do imposto igual ao dos produtos produzidos
internamente
Como os Estados tinham impostos plurifásicos sobre o valor de venda, para restituirmos
a carga fiscal do produto quando ele saia não sabíamos se ele tinha atravessado um
circuito longo ou se tinha vindo de um circuito integrado diretamente do produtor
não sabíamos qual era a carga fiscal do produto
Para isso, os países mandaram fazer cálculos de taxas médias, mas,
comunicaram taxas médias superiores às reais e, portanto, estavam a tributar
mais os produtos importados em relação aos produtos internos
Francês decidiu criar um imposto sobre o valor acrescentado, mas apenas ao produtor
apenas existia na fase de produção
Isto teve sucesso em França e, portanto, criou-se um comité que adotou esse
principio para estabelecer num imposto que fosse não monofásico, mas sim
plurifásico (que atuasse em todas as fases), com o objetivo de que só o consumo
final fosse tributado
Este imposto nasceu com a I e II Diretivas de 11 de Abril de 1967 e, em 1977 na
Diretiva 77/288 CEE (6ª Diretiva) saiu uma legislação muito complexa do IVA que
deixa muito pouca margem de manobra aos EM e, esta 6ª Diretiva é conhecida por
Código Europeu do IVA IVA como modelo de tributação geral do consumo
Hoje, o regime de IVA é o mesmo em toda a união europeia devido à existência da
Diretiva
Nota: quando se faz uma exportação não basta dizer que a venda está isenta, é
necessário restituir os inputs necessários suportados para fabricar o bem
A ideia foi sempre a de abolir as fronteiras físicas para que os cidadãos pudessem
circular no espaço comunitário da mesma forma que circulam no seu próprio país
Mas, é necessário existir quem controle que, nas exportações saem mesmo do território
nacional com destino no estrangeiro para tal, existem as alfândegas
Portanto, o principio do destino para operar precisa como condição sine qua
non das alfandegas para controlar os produtos
Tal significa que, se não houver liquidação a jusante, não há dedução a montante
isenções internas/ isenções simples ou sem direito a dedução
Ex. hospital publico tem os outputs isentos, o que significa que, o hospital não
liquida imposto nos serviços que presta, mas depois também não tem direito a
dedução nas coisas que compra – art.9º CIVA
Apesar de não haver liquidação a jusante, é obrigatório que haja dedução a montante do
imposto suportado isenções do comércio externo (comunitário ou internacional
isenções totais ou completas/ isenções com direito a dedução
Esta isenção é uma distorção aos princípios gerais, portanto, há quem diga que,
continua a haver uma liquidação, mas à taxa zero
Compra Venda
P. liq IVA P. liq IVA IVA
Notas:
Inputs Outputs
Matérias primas 1000 100 Mercadorias 15000 1500
Mercadorias 3000 300 Serviços 4500 450
Maquinarias 9000 900 Máq. Usadas 500 50
Serviços 2000 200 Total 20 000 2 000
Total 15000 1500
IVA do período = IVA liquidado (-) IVA dedutível = 2000
o Em cada período eu subtraio ao IVA das vendas o IVA que suportei nas
compras desse período, eu não estou à espera de vender para deduzir porque a
dedução é financeira (pela fatura de compra) e não física
o Quem vai dizer se eu posso deduzir ou não o imposto dos inputs são os
outputs, portanto, o imposto que eu suportei é todo ele dedutível, portanto, eu
sei que aos 2 000 eu deduzo os 1 500 e fico com 500 que é o IVA a pagar ao
Estado
Inputs Outputs
Matérias primas 1000 100
Mercadorias 3000 300 Serviços 4500 450
Maquinarias 9000 900 Máq. Usadas 500 50
Serviços 2000 200 Total 5000 500
Total 15000 1500
IVA do período = IVA liquidado – IVA dedutível = 500 – 1500 = 1000 de IVA a
receber
o Em principio, é provável que, no período seguinte haja um imposto a pagar
superior a 1000 e portanto, vou deduzir estes 1000 que tinha a receber ao
período seguinte
Inputs Outputs
Matérias primas 1000 100 Exportações 45000 Exp. = 0
Mercadorias 3000 300 Serviços 4500 450
Maquinarias 9000 900 Máq. Usadas 500 50
Serviços 2000 200 Total 50 000 500
Total 15000 1500
Sujeito passivo X
Inputs Outputs
Matérias primas 1000 100
Mercadorias 3000 300 Serviços 40 000 Isenção simples
– art.9º nº 26
IVA
Maquinarias 9000 900 Vendas de bens 10 000 1000
Serviços 2000 200 Total 50 000 1000
Total 15000 1500
Nos outputs, uma parte dá direito a dedução e outra parte não dá
Como é que sei qual é dedutível?
o Se tiver uma contabilidade organizada: faz-se uma afetação real, ou seja, afeto
cada input a cada output a que se destina
o Se não puder fazer afetação real, faço um prorata: portanto, tenho 50 000 de
outputs e, destes quanto é que dá direito a dedução? 10 000 no denominador
coloca-se o total dos outputs e no dominador o nº que dá direito a dedução,
portanto:
Incidência do IVA
Art.1ºCIVA
Âmbito geral de incidência de imposto
Transmissão de bens ou prestação de serviços, a titulo oneroso e realizadas no
território nacional art.3º e 4º
Apresenta uma grande dificuldade nas prestações de serviços devido à
sua imaterialidade, o que justifica que, para efeitos de territorialidade
do imposto o código contenha o art.6º
Art.6ºCIVA - localização de operações tributáveis de prestações de
bens ou serviços
Art. 1º/2 e nº 3 – tem um conjunto de definições
b) Países terceiros – países não integrantes da EU e, algumas parcelas de EM
que, por razoes diversas foi entendido que deviam ficar fora da EU
d) Território terceiro – ex. Canárias, para efeitos aduaneiros são UE, mas para
efeitos de IVA as Canárias não são EU
Art. 2º CIVA – Incidência pessoal
O sujeito passivo não é o contribuinte (não é aquele que contribui), são os
operadores económicos e os contribuintes são os particulares que suportam o
imposto
Sujeito passivo de facto é o consumidor final
Sujeito passivo de direito são os operadores económicos que funcionam
como cobradores do Estado, tendo de arrecadar o imposto e entregar ao Estado
Nº1
a) Pessoas singulares ou coletivas que, de modo independente e com
carater de habitualidade (...)
= pessoas singulares ou coletivas, que desenvolvam uma
atividade de caráter permanente, qualquer que seja a atividade
desenvolvida
Prestação de serviços
o Ac. Polysar – AT entendeu que era um sujeito passivo
porque exercia uma atividade de prestação de serviços
Supremo entendeu que havia uma questão
Incidência real
Art.3º - Conceito de transmissão de bens
1. Considera-se, em geral, transmissão de bens a transferência onerosa de bens
corpóreos por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade
ou seja, quem o entrega tem de entregar como proprietário
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ou de uma parte dele, quando o adquirente seja ou venha a ser sujeito passivo
de imposto
Ex. tio deixa-me uma lanchonete e eu quero vendê-la, se quem a
comprar for exercer exatamente a mesma atividade então não vale a
pena estar a liquidar tudo essa passagem não é considerada uma
transmissão
Going concern
6. Os agricultores membros das cooperativas normalmente têm direito a x de
azeite ou vinho portanto, essa entrega não são consideradas como
transmissões e, portanto, não têm de liquidar imposto
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