Sei sulla pagina 1di 11

Personalidade Boderline

Incluído em 19/01/2005

Diversos autores o utilizam o termo borderline, há mais de um século, para se referir a


um grupo de pacientes que se caracterizam, basicamente, por apresentar uma alteração
na fronteira (ou na borda) entre a neurose e a psicose.

Como acontece sempre em psiquiatria com outros diagnósticos, o termo Transtorno


Borderline tem uma longa história, passando por diversos conceitos e denominações ao
logo do tempo. A primeira vez que aparece o termo borderline é em 1884. Nesse ano,
Hughes (psiquiatra inglês) designa assim aos estados borderline da loucura, definindo
assim essas pessoas que passaram toda sua vida de lado a outro da linha da sanidade.
Alguns autores da época usavam esse diagnóstico quando havia sintomas neuróticos
graves.

Bleuler considerava os pacientes portadores de uma esquizofrenia latente como se


fossem estados borderline. Freud, em “O homem dos lobos”, descreve um caso
diagnosticado como neurose obsessiva, mas que à luz das investigações atuais e a
revisão psicopatológica poderia ser entendido como um caso de patologia borderline.

Henry Claude falava de esquizomanias, Merenciano (Francisco Marco Merenciano,


Psicosis Mitis – Los enfermos mentales que consultan al internista) introduz o termo
“psicose mitis” para descrever esses pacientes, Wilhelm Reich usa o termo “caráter
impulsivo”.

Em 1927 Franz Alexander classifica os estados borderline dentro do que denomina de


“caráter neurótico”, e realmente, na época de Alexander tudo o que parecia fortemente
constitucional, irremovível, sabiamente era chamado de problemas de caráter. Stern, em
1938, finalmente formaliza o termo borderline. Refere-se a uma espécie de “hemorragia
mental”, desencadeada por grande intolerância à frustração. Os enfermos têm o
sentimento permanente de estar magoados, injuriados e feridos emocionalmente.

Em 1947, Melita Schmideberg enfatiza a grande instabilidade desses pacientes,


ressaltando ser o traço mais característico a falta de sentimentos normais e o profundo
transtorno da pessoalidade. Fenichel utiliza o termo “esquizofrenia marginal”, Hoch e
Polatin falam em “esquizofrenia pseudoneurótica” e, na mesma linha, Henri Ey usa o
termo esquizoneurose.

Em 1967, Grinker e outros descrevem a síndrome borderline, cujas características


seriam:

1. - Sentimento de raiva como afeto único ou essencial;


2. - Anáclise como transtorno nas relações objetais (aderência patológica – veja
Depressão Anaclínica);
3. - Ausência de auto-identidade consistente (instabilidade);
4. - Depressão sem sentimento de culpa, sem auto-acusação ou remorso.
Mahler faz uma a classificação evolutiva entre duas apresentações de Borderline:

1. - Estados borderline aparentemente bem adaptados, que geralmente não procuram


ajuda especializada;
2. - Síndrome borderline, com sintomas de depressão de abandono, fixação oral e medo
ou preocupação obsessiva de abandonado.

Gunderson explora cinco áreas na avaliação do Transtorno Borderline:

1. - A adaptação social: aparentemente sem dificuldades;


2. - Impulsos e ações: atitudes impulsivas, drogadição, álcool, auto-agressão,
promiscuidade, bulimia;
3. - Afetividade: depressão, raiva, ansiedade e desespero;
4. - Eventuais surtos psicóticos: normalmente breves, reativos e pouco severos;
5. - Relações interpessoais: não suportam a solidão e o abandono, necessitam do outro
em tempo integral, a todo o momento, são francamente dependentes, masoquistas e
manipuladores.

- Grinker RR Sr.- Diagnosis of borderlines: a discussion, Schizophr Bull. 1979;5(1):47-52.


- Gunderson JG, Kolb JE, Austin V - The diagnostic interview for borderline patients, Am J Psychiatry 1981;
138:896-903
- Mahler MS - Significance of the separation and individuation process for the evaluation of borderline
phenomena, Psyche (Stuttg). 1975 Dec;29(12):1078-95

Carlos Paz realiza uma experiência psicanalítica no tratamento do transtorno borderline.


Encontra:

1. - Transtornos na relação com a realidade, na qual ha alterações grosseiras ainda que


transitórias, sem perda do juízo da realidade.
2. - Transtornos do pensamento sob a forma de idéias de referência e paranóia,
3. - Transtornos no controle dos impulsos com explosões de raiva, violência e agressão.
4. - Transtornos da sexualidade com fantasias sexuais sadomasoquistas, atividade
masturbatórias com fantasias eróticas perversas, promiscuidade e, eventualmente,
impotência.
5. - Presença de ansiedades confusionais;

6. - Vínculo com o terapeuta característico, com viscosidade, aderência e manipulação.


Nos casos mais graves esses fenômenos de transferência problemática são bastante
primitivos e intensos, chamados por alguns autores de “transferência delirante”, ou
ainda de “transferência psicótica.

Há pessoas, simpáticas e agradáveis aos outros, que se comportam de maneira


totalmente diferente com as pessoas de sua intimidade. São explosivas, agressivas,
intolerantes, irritáveis, com tendência a manipular pessoas.... São pessoas com
Transtorno Borderline da Personalidade. Outros conseguem ser desarmônicos dentro e
fora do lar; podem ser os Sociopatas.

A patologia borderline, hoje em dia é, sem dúvida, uma problemática psicossocial


importante, já que freqüentemente se associam a quadros de drogadição, alcoolismo e
violência.
Certos autores comparam ao paciente borderline atual com os histéricos do final do
século XIX e princípios do século XX. Consideram as patologias equivalentes e não
sem uma boa dose de razão, considerando a histeria dita de caráter.

Uma classificação bastante didática divide o Transtorno Borderline em 4 grupos


clínicos:

Grupo A: Borderline com predomínio de características esquizóides e/ou paranóides,


mais próxima das psicoses.
Grupo B: Borderline com predomínio de características distímicas e afetivas.
Grupo C: Borderline com predomínio de características anti-sociais e perversas
(corresponderiam ao grupo de Transtorno de Pessoalidade Borderline, propriamente
dito, satisfazendo quase todos os critérios do DSM IV).
Grupo D: Borderline com predomínio de características neuróticas (obsessivo-
compulsivas, histéricas e fóbicas) graves.

Esta classificação tem objetivo mais didático que prático, porquanto na prática cotidiana
observamos com maior freqüência a ocorrência de casos mistos.

Na CID.10
Na atual classificação da Organização Mundial de Saúde (CID.10), o distúrbio
denominado Personalidade Borderline está incluído no capítulo dos Transtornos de
Personalidade Emocionalmente Instável. Este transtorno se subdivide em 2 tipos; o Tipo
Impulsivo e o Tipo Borderline. O subtipo Impulsivo é sinônimo do que conhecemos por
Transtorno Explosivo e Agressivo da Personalidade.

Primeiramente vejamos do que se trata o Transtorno de Personalidade Emocionalmente


Instável. A CID.10 diz que se trata de um transtorno de personalidade, no qual há uma
tendência marcante a agir impulsivamente e sem consideração das conseqüências,
juntamente com acentuada instabilidade afetiva.

Nessas pessoas a capacidade de planejar pode ser mínima e os acessos de raiva intensa
podem, com freqüência, levar à explosões comportamentais e de violência. Essas
explosões costumam ser facilmente precipitadas, principalmente quando esses atos
impulsivos são criticados ou impedidos por outros.

Duas variantes desse transtorno de personalidade são especificadas e ambas


compartilham esse tema geral de impulsividade e falta de autocontrole; o Tipo
Impulsivo e o Tipo Borderline. O Tipo Impulsivo se traduz por instabilidade emocional
e falta de controle de impulsos. Aqui os acessos de violência ou comportamento
ameaçador são comuns, particularmente em resposta a críticas de outros.Eu,
particularmente, não vejo muita diferença entre esse Tipo Borderline do
Emocionalmente Instável e o Transtorno Explosivo Intermitente de Personalidade.
Enfim, vamos descrever aqui o tipo Borderline.No Tipo Borderline ou Limítrofe várias
características de instabilidade emocional estão presentes. Somado à impulsividade, há
perturbação variável da auto-imagem, dos objetivos e das preferências internas,
incluindo a sexual.

O paciente Borderline freqüentemente se queixa de sentimentos crônicos de vazio. Há


sempre uma propensão a se envolver em relaciona-mentos intensos mas instáveis, os
quais podem causar nessas pessoas, repetidas crises emocionais. A CID.10 diz ainda
que esses pacientes se esforçam excessivamente para evitar o abandono, podendo haver
quanto a isso, uma série de ameaças de suicídio ou atos de auto-lesão.

No DSM.IV
Mas, como sempre, a melhor descrição da Personalidade Borderline está em outra
classificação; no DSM.IV (Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais)
da Associação Norte-Americana de Psiquiatria. Pelo DSM.IV vê-se que a característica
essencial do Transtorno da Personalidade Borderline é um padrão comportamental de
instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na auto-imagem e nos afetos. Há uma
acentuada impulsividade, a qual começa no início da idade adulta e persiste
indefinidamente.

Características do Ego e do Comportamento


Patologicamente podemos dizer que a pessoa portadora de Personalidade Borderline,
embora seja bem menos perturbada que os psicóticos, são muito mais complexas que os
neuróticos, embora não apresentem deformações de caráter típicas das personalidades
sociopáticas. Na realidade, o Borderline tem séria limitação para usufruir as
disponibilidades de opção emocional diante dos estímulos do cotidiano e, por causa
disso, pequenos estressores são capazes de enfurecê-lo.

São indivíduos sujeitos a acessos de ira e verdadeiros ataques de fúria ou de mau gênio,
em completa inadequação ao estímulo desencadeante. Essas crises de fúria e
agressividade acontecem de forma inesperada, intempestivamente e, habitualmente, tem
por alvo pessoas do convívio mais íntimo, como os pais, irmãos, familiares, amigos,
namoradas, cônjuges, etc.
Embora o Borderline mantenha condutas até bastante adequadas em grande número de
situações, ele tropeça escandalosamente em certas situações triviais e simples. O limiar
de tolerância às frustrações é extremamente susceptível nessas pessoas.

Este curto-circuito agressivo expresso pelo Borderline, sob forma de crise, pode
desempenhar várias funções psicodinâmica, como por exemplo, aliviar o excedente de
tensão interna, impedir maior conflito e frustração, ressaltar a presença do paciente,
ainda que de forma desagradável e ineficaz, melhorar a auto-afirmação, obrigar o
ambiente a reconhecer sua importância, ainda que para se lhe opor ou confrontar.

O Borderline também está sujeito a exuberantes manifestações de instabilidade afetiva,


oscilando bruscamente entre emoções como o amor e ódio, entre a indiferença ou apatia
e o entusiasmo exagerado, alegria efusiva e tristeza profunda. A vida conjugal com
essas pessoas pode ser muito problemática, pois, ao mesmo tempo em que se apegam ao
outro e se confessam dependentes e carentes desse outro, de repente, são capazes de
maltratá-lo cruelmente.

Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline se esforçam freneticamente


para evitarem um abandono, seja um abandono real ou imaginado. A perspectiva da
separação, perda ou rejeição podem ocasionar profundas alterações na auto-imagem,
afeto, cognição e no comportamento. O Borderline vive exigindo apoio, afeto e amor
continuadamente. Sem isso, aflora o temor à solidão ou a incapacidade de ficar só, em
presença de si mesmo.
Esses indivíduos são muito sensíveis às circunstâncias ambientais e o intenso temor de
abandono, mesmo diante de uma separação exigida pelo cotidiano e por tempo limitado,
são muito mal vivenciadas pelo Borderline. Esse medo do abandono está relacionado a
uma grande intolerância à solidão e à necessidade de ter outras pessoas consigo. Seus
esforços frenéticos para evitar o abandono podem incluir ações impulsivas, tais como
comportamentos de auto-mutilação ou ameaças de suicídio.

A tendência a alguma forma de adição, como o álcool, remédios, drogas, ou mesmo o


trabalho desenfreado, o sexo insistentemente perseguido, o esporte, alguma crença, etc.,
refletem uma busca desenfreada de "um algo mais" que lhe complete e lhe dê sossego.

Segundo Marco Aurélio Baggio, quem melhor descreve o Ego desses pacientes, os
Borderlines são pouco capazes de se empenharem numa tarefa com persistência e
acuidade. Desistem do esforço e circulam em torno daquilo que é preciso fazer mas não
fazem. Em relação ao contacto inter-pessoal, eles têm uma tendência a atacar o outro do
qual dependem, como forma de camuflar a grande necessidades de dependência. São
habilidosos em estimular o outro a lhes propiciar aquilo que precisam, mas recebem
tudo o que lhe fazem como quem nada deve.

A personalidade do Borderline é uma peça de teatro onde os atores coadjuvantes estão


sempre esperando ele, o ator principal. Trata-se de um ego que não tolera o vazio, a
separação, a ausência, não sabe superar com equilíbrio os conflitos.

Características de Personalidade e Comportamento


Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline têm um padrão de
relacionamentos instável e, ao mesmo tempo, intenso. Na vida a dois, eles podem
desenvolver intenções de protetores ou amantes já no primeiro ou no segundo encontro,
exigir que passem muito tempo juntos e compartilhem detalhes extremamente íntimos
ainda na fase inicial de um relacionamento. Essas pessoas podem sentir empatia e
carinho por outras pessoas, entretanto, tais sentimentos são frutos exclusivos da
expectativa de que a outra pessoa estará lá para atender suas próprias necessidades de
apoio, carinho e atenção.

Pode haver no Borderline, uma rápida passagem da idealização elogiosa para


sentimentos de desvalorização, por achar que a outra pessoa não se importa o suficiente
com ele, não dá o bastante de si, não se mobiliza o suficiente. Portanto, são insaciáveis
em termos de atenção. Eles são inclinados a mudanças súbitas em suas opiniões sobre
os outros.

A inconstância do Borderline se observa também em relação ao juízo que tem de si


mesmo e de sua vida. Ele pode ter súbitas mudanças de opiniões e planos acerca de sua
carreira, sua identidade sexual, seus valores e mesmo sobre os tipos de amigo ideal.

Os indivíduos com este transtorno exibem impulsividade em áreas potencialmente


prejudiciais para si próprios, tais como nos esportes, nos jogos de azar, no consumo de
tabaco, álcool, drogas, etc. Eles podem jogar, fazer gastos irresponsáveis, comer em
excesso, abusar de substâncias, engajar-se em sexo inseguro ou dirigir de forma
imprudente. As pessoas com Transtorno da Personalidade Borderline podem apresentar
comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou comportamento auto-mutilante .
O suicídio completado costuma ocorrer em 8 a 10% desses indivíduos impulsivos, e os
atos de auto-mutilação também impulsivos, como por exemplo, cortes ou queimaduras
também são comuns. Esses atos auto-destrutivos geralmente são precipitados por
ameaças de separação ou rejeição, por expectativas de que assumam maiores
responsabilidades ou mesmo por frustrações banais.

Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline podem apresentar


instabilidade afetiva, devido a uma acentuada reatividade do humor, como por exemplo,
euforia ou depressão (disforia) episódica, irritabilidade ou ansiedade, em geral durando
apenas algumas horas. O humor disfórico (euforia ou depressão) dos indivíduos com
Transtorno da Personalidade Borderline muitas vezes é acompanhado por períodos de
raiva, pânico ou desespero.

Essas pessoas ficam facilmente entediadas, não aceitam bem a constância ou mesmo a
serenidade, e podem estar sempre procurando algo para fazer. Os sentimentos
agressivos dessas pessoas não costumam ser dissimulados e eles freqüentemente
expressam raiva intensa e inadequada ou têm dificuldade para controlar essa raiva. Eles
podem exibir extremo sarcasmo, persistente amargura ou explosões verbais. Por outro
lado, essas expressões de raiva freqüentemente são seguidas de vergonha e culpa e
contribuem para o sentimento de baixa auto-estima.

Curso e Prevalência
O Transtorno da Personalidade Borderline é diagnosticado predominantemente em
mulheres, as quais compões cerca de 75% dos casos. Quanto à prevalência, estima-se
em cerca de 2% da população geral, ocorrendo em cerca de 10% dos pacientes de
consultórios psiquiátricos e em cerca de 20% dos pacientes psiquiátricos internados.
Entre os portadores de Transtornos da Personalidade em geral, a prevalência do
Transtorno da Personalidade Borderline varia de 30 a 60%.

O curso do Transtorno da Personalidade Borderline é instável, começando esse


distúrbio no início da idade adulta, com episódios de sério descontrole afetivo e
impulsivo. O prejuízo resultante desse transtorno e o risco de suicídio são maiores nos
anos iniciais da idade adulta e diminuem gradualmente com o avanço da idade. Durante
a faixa dos 30 e 40 anos, a maioria dos indivíduos com o transtorno adquire maior
estabilidade em seus relacionamentos e funcionamento profissional.

Também se sabe que o Transtorno da Personalidade Borderline é cerca de cinco vezes


mais freqüente entre parentes biológicos em primeiro grau também com o transtorno do
que na população geral.

QUADRO CLÍNICO

É conveniente explicitar o marco teórico referencial no qual nos baseamos para o


diagnóstico. Este está sustentado pelos aportes de distintas escolas, entre elas, a
psicanalítica americana, britânica e francesa.

A escola americana põe ênfase na labilidade do Ego ou do self e na difusão da


identidade. Melita Schmideberg admite que o Borderline apresenta transtornos em
quase todas as áreas da pessoalidade, principalmente nas relações interpessoais, na
profundidade (qualidade) dos sentimentos, na identificação e na empatia, na atitude
social, no controle da vontade (volição), na capacidade para o trabalho, na necessidade
de prazer, na vida sexual, no controle das emociones, na vida das fantasias, na
elaboração e valoração dos ideais e no planejamento das metas da vida.

Suas relações com o objeto são superficiais, carecendo de profundidade de sentimentos,


de constância, empatia e consideração pelos demais. Também apresenta transtornos de
caráter de nível variado e os sintomas clínicos são:

1. - Angustia

É crônica e difusa. Trata-se de um afeto contínuo e surdo mas que, no obstante, pode se
manifestar como uma crise de angústia aguda e com sintomas somáticos
correspondentes. Pode sobrevir uma crise histérica com comprometimento de todas as
funções psíquicas, juntamente com manifestações somáticas variadas, tais como
vertigem, taquicardia e outros característicos do Transtorno de Ansiedade Aguda.

A desrealização e a despersonalização aparecem como extremos dessas crises, também


acompanhadas de sintomas somáticos. É uma angústia ligada à perda de sentido, tal
como foi observada por Freud quando diante de perspectivas ou ameaças de separação.

2. - Incapacidade para sentir

Às vezes o paciente experimenta a consciência de um vazio afetivo, despersonalização e


incapacidade para sentir emoções. Outras vezes encenam episódios do tipo histérico,
com reações emocionais exageradas, ingerem álcool ou drogas, cometem delitos ou têm
relações sexuais patológicas para libertar-se da sensação de vazio existencial.

Ainda que não consigam experimentar emoções genuínas, também não podem suporta-
las caso existam. Protegem-se contra os sentimentos mantendo as relações em um nível
superficial ou mudando freqüentemente de trabalho, de amigos ou do lugar onde vivem.

Isso pode explicar a grande instabilidade dos pacientes Borderlines.

Schmideberg disse que os Borderlines são, fundamentalmente, não sociais e alguns,


declaradamente anti-sociais. Uma das manifestações da instabilidade é a instabilidade
afetiva, que pode perturbar suas relações sociais.

No plano ocupacional também se mostram instáveis. Mesmo que esses pacientes


tenham condições intelectuais normais, falta-lhes capacidade para a concentração, para
a perseverança e para o desejo para um esforço mais firme. Outros fatores que
contribuem para a instabilidade ocupacional são sua baixa tolerância à frustração,
hipersensibilidade às críticas e a expectativa de conseguir recompensas totalmente
desproporcionais. Também deve ser destacada a incapacidade para os Borderlines
aceitar as regras e a rotina. Por tudo isso eles acabam sendo despedidos de seus
empregos ou que eles mesmos pedem demissão.

3. - Depressão
A depressão do Borderline se caracteriza, basicamente, por sentimentos de vazio e
solidão. A diferença do que ocorre no verdadeiro depressivo, no qual existe medo da
destruição do objeto amado, no caso do Borderline ha explosões de ira ou raiva contra o
objeto considerado frustrante.

4. - Intolerância à solidão

A modalidade de relação com o objeto é do tipo anaclítica (procure por Depressão


Anaclínica). A intolerância a estar só se manifesta como um afã de prender-se
vorazmente, através da voz ou da presença física do outro, ou em determinados casos
por intermédio do objeto droga, álcool ou alimento, segundo seja a adicção, como
tentativa frustrada de supressão da falta. Na realidade, toda tensão de separação é
intolerável ao Borderline, produzindo as condutas de aderência exagerada ao objeto.

5. - Anedonia

É a incapacidade de sentir prazer (veja). Existe sempre no paciente Borderline uma


insatisfação permanente e manifesta, uma frustração constante e os objetivos de prazer
que pretendem nunca chegam consegui-los, são para eles, inalcançáveis. Ou, pior ainda,
quando são alcançados, perdem valor imediatamente. No pacientes Borderline a
tendência a evitar o desprazer se faz mais forte que a busca do prazer.

6. - Neurose poli-sintomática

O paciente borderline pode apresentar dois ou mais dos seguintes sintomas:

a) Fobias múltiplas, geralmente graves, especialmente a agorafobia. A relação com o


objeto está submetida à regulação da distância com mecanismos agorafóbicos e
claustrofóbicos. Essas sensações associadas a tendências paranóides, originam serias
inibições sociais.

b) Sintomas obsessivos-compulsivos. Normalmente esses sentimentos, muito


repudiados pelo portador de TOC, são Ego Sintônicos no paciente Borderline, inclusive
com tendência a racionalização.

c) Múltiplos sintomas de conversão (histéricos), geralmente crônicos.

d) Reações dissociativas (histéricas).

e) Transtornos de consciência, Estados Crepusculares, fugas e amnésias.

f) Hipocondria e exagerada preocupação por a saúde e temor crônico a enfermar.


Refere-se não só ao corpo, mas também à mente. Descrevem minuciosamente seu mal-
estar, com reações e sensações esdrúxulas. É comum o medo de enlouquecerem.

g) Tendências paranóides com idéias deliróides persecutórias.

h) Descontrole dos impulsos. Este descontrole impulsivo pode ser ego diatônico ou ego
sintônicos. O alcoolismo, drogadição, bulimia, compras descontroladas, cleptomania,
são sintomas impulsivos comuns entre os Borderlines.
8. - Tendências sexuais não-normais (Parafilias)

Podem coexistir varias tendências em forma de fantasias ou de ações. As formas


bizarras de sexualidade, principalmente as que manifestam agressão ou substituição
primitiva dos fins genitais, tais como atitudes eliminatórias (urinar, defecar). Às vezes a
homossexualidade pode funcionar como defesa contra a sensação e a ansiedade de
abandono.

A homossexualidade costuma representar a busca de gratificação das necessidades


orais. Pode também manifestar relações homossexuais sadomasoquistas e promíscuas.

9. - Episódios Psicóticos Breves

Aqui se incluem a desrealização e despersonalização. As idéias de auto-referência e os


quadros paranóides predominam nesses Episódios Psicóticos Breves. As manifestações
clínicas seriam: transtornos paranóides, depressões com idéias de suicídio, Episódios
Maníacos, quadros de automutilação. Esses episódios agudos costumam ser reativos,
normalmente à ruptura de algum vínculo

10) Adaptação social

Existem várias possibilidades para o contacto social borderline. A evitação, por


exemplo, acontece nos casos do borderline esquizóide e depressivo, mas o
relacionamento interpessoal também pode ter características anti-sociais. Em geral, as
relações interpessoais costumam estar prejudicadas e nas reações paranóides, tão
comuns entre esses pacientes, a conduta social pode ser agressiva.

Critérios Diagnósticos para F60.31 - 301.83 Transtorno da Personalidade Borderline


Um padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afetos e acentuada
impulsividade, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos, como
indicado por cinco (ou mais) dos seguintes critérios:
(1) esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado.
Nota: Não incluir comportamento suicida ou automutilante, coberto no Critério 5
(2) um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre
extremos de idealização e desvalorização
(3) perturbação da identidade: instabilidade acentuada e resistente da auto-imagem ou do sentimento de self
(4) impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais à própria pessoa (por ex., gastos
financeiros, sexo, abuso de substâncias, direção imprudente, comer compulsivamente).
Nota: Não incluir comportamento suicida ou automutilante, coberto no Critério 5
(5) recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante
(6) instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade do humor (por ex., episódios de intensa disforia,
irritabilidade ou ansiedade geralmente durando algumas horas e apenas raramente mais de alguns dias)
(7) sentimentos crônicos de vazio
(8) raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (por ex., demonstrações freqüentes de
irritação, raiva constante, lutas corporais recorrentes)
(9) ideação paranóide transitória e relacionada ao estresse ou severos sintomas dissociativos

Aspectos médico-legais do Borderline


O Transtorno Borderline da Personalidade é considerado um transtorno fronteiriço ou
limítrofe entre uma modalidade não-normal da personalidade relacionar-se com o
mundo e um estado que pode ser considerado francamente patológico. Assim sendo,
cada caso de paciente dito borderline deve ser considerado à parte.
O paciente borderline pode ser objeto de apreciação jurídica e legal quando a gravidade
de seu transtorno de personalidade é importante o suficiente para produzir um sério
transtorno psíquico de insanidade e incapacidade de auto-determinar-se.
A capacidade civil de uma pessoa deve estar condicionada à sua maturidade mental.
Classicamente, Krafft-Ebing (Krafft-Ebing, Medicina legal, España Moderna Madrid,
1992.) distingue 3 elementos fundamentais para que a pessoa seja considerada capaz e,
através dessa capacidade possa adquirir os direitos e deveres da vida em sociedade:

a) "conhecimento e consciência" dos direitos e deveres sociais e das regras da vida em


sociedade.
b) "juízo crítico" suficiente para a aplicação do item anterior.
c) "firmeza de vontade (volição)" para decidir com liberdade.

Conforme se vê na prática, e mesmo de acordo com o curso e evolução do Transtorno


Borderline referido na literatura internacional, não se pode dizer que esses pacientes
sejam considerados insanos, quer pela carência de sintomas psicóticos, quer pela
carência de prejuízo do juízo crítico, ambos necessários para atestar-se a insanidade.

Entretanto, atualmente tem-se enfatizado não apenas as características psicopatológicas


do paciente (réu) em apreço mas, sobretudo, uma série de circunstâncias vivenciais de
alguma forma atreladas ao ato delituoso. Circunstâncias atenuantes, por exemplo,
encontramos no caso da embriaguez habitual ou uso de estupefacientes. Nesses casos, a
pessoa poderá inabilitar-se judicialmente, caso estejam expostos a perpetrar atos
jurídicos prejudiciais a si próprio ou ao patrimônio.

Na justiça espanhola, essa questão de eventual prejuízo do patrimônio, visa a proteção


econômica (e social) dos familiares do Borderline. Trata-se da doutrina da
semicapacidade, uma solução técnica do direito contemporâneo para atenuar os efeitos
da alteração psíquica de certas pessoas em relação ao prejuízo sobre demais pessoas
mas, nem sempre, atenuando a punibilidade em relação à sua própria pessoa.

Como se vê, a figura de inabilitação e semicapacidade tem menor alcance que a


declaração de incapacidade por demência e, na prática, representa um recurso de
proteção mais patrimonial que pessoal. Essa atitude tem como um dos objetivos,
prevenir a dilapidação do patrimônio familiar pelo Borderline, com freqüência viciado
em jogo, drogas, álcool, etc.
O direito penal se relaciona com a psiquiatria forense através do conceito de
imputabilidade. Imputar significa atribuir algo a uma pessoa e esta, só será imputável,
quando se encontra em condições de valorizar e ajuizar seus atos e as conseqüências que
deles resultam. Resumindo, podemos dizer que a pessoa é imputável quando é
responsável sobre a culpabilidade de seus atos.

Alguns autores (Nestor Ricardo Stingo, Maria Cristina Zazzi, Liliana Avigo, Carlos
Luis Gatti) acham que a pessoa Borderline pode ser inimputável nos casos onde haveria
um estado de inconsciência, notadamente por intoxicação por drogas ou álcool ou,
ainda, devido a alteração mórbida das faculdades mentais. Este último caso, quase
exclusivamente diante da presença de sintomas psicóticos.

Evidentemente existem situações muito mais difíceis de se atestar o grau de


responsabilidade da pessoa Borderline. Essas se relacionam, basicamente, com os
episódios de descontrole impulsivo. Nesses casos estaria em jogo não a questão
psiquiátrica (de diagnóstico) mas, a questão psicológica da circunstância. O dilema
dessas questões está, exatamente, no fato dessas pessoas entenderem e compreenderem
a gravidade de seus atos mas, não obstante, serem incapazes de auto-controlarem suas
condutas.

Entretanto, nunca devemos esquecer que as questões referentes à capacidade,


incapacidade, imputabilidade e inimputabilidade são conceitos estritamente jurídicos,
competem estritamente ao juiz, sendo a função da medicina apenas assessorar a justiça
através de laudos e perícias.

Potrebbero piacerti anche