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ISBN 85-7304-158-7
Impresso no Brasil
I. OS ESCRITORES E OS DESTINATÁRIOS
A. Os Escritores
2. O Irmão Sóstenes
Em 1:1, Paulo não só se refere a si mesmo mas
também menciona o irmão Sóstenes. Provavelmente
esse Sóstenes não era o mesmo de Atos 18:17, que era
o principal da sinagoga em Corinto quando Paulo foi
perseguido ali. Essa Epístola foi escrita em Éfeso (1Co
16:8), pouco depois de o apóstolo ter deixado Corinto.
Esse Sóstenes, um irmão no Senhor, deve ter-se
unido ao apóstolo em seu ministério itinerante. A
menção dele aqui fortalece o apostolado de Paulo e
indica o princípio do Corpo.
B. Os Destinatários
II. SAUDAÇÃO
No versículo 3, ternos a saudação de Paulo aos
coríntios: “Graça a vós outros e paz, da parte de Deus
nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”. Graça é Deus
como nosso desfrute (Jo 1:17; 1Co 15:10), e paz é urna
condição decorrente da graça, resultante do desfrute
de Deus nosso Pai.
I. CRISTO
1. Poder
Em 1:24, Paulo diz: “Mas para os que foram
chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a
Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus”. O Cristo
crucificado pregado por Paulo é o poder de Deus.
Esse poder visa realizar e cumprir o que Deus
planejou e propôs.
2. Sabedoria
Conforme 1:24, Cristo é também a sabedoria de
Deus. Sabedoria visa planejar e propor. Na economia
de Deus, Cristo é tanto sabedoria para planejamento
como poder para realizar o que foi planejado.
3. Justiça
Em 1:30, Paulo diz que Cristo é nossa justiça.
Especificamente, essa justiça visa ao nosso passado e
nos capacita a ser justificados por Deus.
4. Santificação
O versículo 30 revela também que Cristo é nossa
santificação. Isso é para o presente e relaciona-se com
a santificação da alma.
5. Redenção
De acordo com 1:30, Cristo é também nossa
redenção. Isso é para o futuro e relaciona-se
especificamente com a redenção do corpo (Rm 8:23).
6. Glória
Em 2:7, Paulo diz: “Mas falamos a sabedoria de
Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus
preordenou desde a eternidade para a nossa glória”.
Cristo, o Senhor da glória (2:8), é nossa vida hoje
(CI3:4) e será nossa glória no futuro (Cl 1:27). Para
essa glória Deus nos chamou (1Pe 5:10) e nela nos
introduzirá (Hb 2:10). Esse é o objetivo da salvação
de Deus. Quão maravilhoso é que Cristo seja nossa
glória para nossa glorificação!
7. Profundezas de Deus
Em 2:10, Paulo diz: “O Espírito a todas as coisas
perscruta, até mesmo as profundezas de Deus”. Cristo
é as profundezas de Deus. Esse aspecto de Cristo vai
muito além de nossa experiência e capacidade de
abstração. Refere-se às coisas profundas de Deus, a
Cristo em muitos aspectos como nossa porção eterna.
9. Páscoa
Em 5:7, Paulo diz: “Pois também Cristo, nosso
Cordeiro pascal, foi imolado”. O vocábulo grego para
Cordeiro pascal é páscoa. Dizer que Cristo é nossa
Páscoa significa não só que Ele é o Cordeiro pascal
mas também toda a Páscoa.
14. Cabeça
Em 11:3, vemos que Cristo é a Cabeça. Ele é
Cabeça de todo homem.
15. O Corpo
De acordo com 12:12, Cristo é também o Corpo.
Isso quer dizer que Ele é não só a Cabeça, mas
também é constituído em nós para, de fato, tornar-se
nós. Assim, Ele é tanto a Cabeça como o Corpo. É
difícil explicar como Ele pode ser o Corpo.
Entretanto, a Bíblia revela isso, e nós cremos nela.
16. Primícias
Em 15:20, Paulo diz: “Mas, de fato, Cristo
ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias
dos que dormem”. No versículo 23, ele novamente se
refere a “Cristo, as primícias”. Assim, o próprio Cristo
é as primícias.
II. A CRUZ
A cruz de Cristo é também parte da única solução
para os problemas na igreja. A primeira obra que a
cruz faz em nossa experiência é pôr fim a nós.
Segundo a minha observação, os irmãos
normalmente são mais dispostos que as irmãs para
ser aniquilados. Nesses anos todos na restauração do
Senhor, tenho visto poucas irmãs dispostas a ser
aniquiladas pela cruz. Você percebe que todo
casamento é um aniquilamento? Quando uma irmã
se casa, ela usa um véu. Esse véu é sinal de
aniquilamento e sepultamento. Se não estiver
disposta a sofrer tal aniquilamento, ela não deve
cobrir a cabeça na hora do casamento. Além disso, ela
perde o nome de solteira e toma outro sobrenome, o
do marido.
A cruz opera em nós para aniquilar-nos. Por um
lado, Cristo é nosso desfrute; por outro, a cruz é nosso
aniquilamento. Pela experiência sabemos que quanto
mais desfrutamos Cristo, mais somos aniquilados.
Quando a cruz opera para aniquilar-nos, que
devemos fazer? Não devemos fazer nada exceto
permanecer em descanso no lugar onde se processa o
aniquilamento.
É maravilhoso que tudo o que é aniquilado pela
cruz é redimido. Como isso é animador! O desfrute da
redenção depende da experiência de aniquilamento.
Determinados santos têm pouco desfrute da redenção
porque não estão dispostos a ser aniquilados.
A cruz resolve todos os embaraços que
enfrentamos na vida da igreja e principalmente em
nossa vida conjugal. Segundo a minha experiência, a
vida conjugal pode ser muito cheia de embaraços,
aborrecida e confusa. Que pode desembaraçar as
complicações e resolver os problemas? Precisamos de
um instrumento para cortar todo o embaraço, e esse
instrumento, essa faca afiada, chama-se cruz.
Somente ela pode salvar-nos dos embaraços da vida
conjugal. Quando somos cortados por ela, não somos
embaraçados por mais nada.
A vida humana é cheia de problemas e
embaraços. O simples fato de estar vivo significa
encontrar problemas e encrencas. Isso é verdade não
apenas na vida conjugal e familiar, mas também na
vida da igreja. De acordo com a maneira humana, o
meio de resolver problemas ou embaraços é a
negociação. Um irmão e uma irmã podem tentar
resolver problemas dessa forma. Entretanto, essa não
é a maneira divina. A maneira de Deus é suprir você
de Cristo e aniquilá-lo pela cruz. Sempre que há um
problema na vida familiar ou na vida da igreja, o
homem natural pode imediatamente tentar negociar
e resolver o problema por meio de conversação. Pela
misericórdia do Senhor, posso testificar que sempre
que enfrento essa tentação, bem lá no fundo tenho a
sensação de que não tenho necessidade de falar ou
negociar. Minha única necessidade é ir à cruz e ser
aniquilado. Cristo então chega com suprimento para
resolver todo o problema. Essa é a maneira de Deus
resolver todos os problemas na vida da igreja.
Devemos prestar total atenção a Cristo. Ele é
nossa única preferência e escolha. Além disso,
precisamos ter uma compreensão adequada acerca da
cruz, percebendo que o propósito dela é aniquilar
tudo o que somos. Precisamos tomá-la e desfrutar
Cristo. Essa é a única solução para todos os
problemas na igreja. Para os judeus a cruz é uma
ofensa, e para os gentios é uma tolice. Para nós,
porém, os chamados de Deus, é de fato poder e
sabedoria de Deus (1:24). De acordo com nossa
mentalidade natural e cultural, é tolice ser crucificado
e eliminado, mas, para os chamados, sabemos que a
cruz é a sabedoria e poder de Deus.
ESTUDO-VIDA DE PRIMEIRA CORÍNTIOS
MENSAGEM SEIS
CRISTO NÃO DIVIDIDO
SALVOS DA FACCIOSIDADE
Por natureza, todos somos facciosos. Nascemos
com um elemento faccioso. A única maneira de ser
resgatados dessa tendência é ver o Cristo
todo-inclusivo e aprender o segredo de desfrutá-Lo.
Por favor, atente cuidadosamente para o fato de que a
única maneira de evitar divisões é ver Cristo,
recebê-Lo e desfrutá-Lo. Isso, e tão-somente isso,
poderá tomar-nos sintonizados no mesmo parecer.
Então haverá verdadeira harmonia entre nós.
Se você visitar outra cidade, não procure saber
das coisas sobre a igreja lá. Não pergunte sobre os
presbíteros ou os jovens. Em vez disso, importe-se
somente com a harmonia que advém do desfrute de
Cristo. Quando visito uma igreja, importo-me
somente em contemplar tal harmonia. Se essa
harmonia não estiver presente em certa igreja,
percebo que os santos nesse lugar não desfrutam
Cristo adequadamente; mas se desfrutarmos Cristo
continuamente, haverá harmonia entre nós.
Às vezes, fico desapontado quando os santos me
dizem o que viram em suas visitas às igrejas em
diferentes lugares. O que me desapontou não foram
as notícias que me relataram, mas o próprio fato de
falarem de outras coisas que não o desfrute de Cristo.
Sua conversa indica que não têm uma visão adequada
e que não foram totalmente resgatados de sua
natureza facciosa. Em vez de se importar com Cristo,
estão interessados na maneira como os presbíteros
dirigem a igreja ou na forma como os jovens
avançam. Importar-se com tais coisas em vez de
Cristo é faccioso. Sempre que visitar a igreja em outra
cidade, você deve procurar ser cego e nada ver além
de Cristo. Você, então, será alguém que aprendeu o
segredo, fala a mesma coisa e tem a mesma
disposição mental e o mesmo parecer.
Vamos aprender a não ter escolha, preferência ou
gosto por nada além de Cristo. O Cristo
todo-inclusivo é nossa única escolha, preferência,
gosto e desfrute. Isso nos preservará na igreja na
restauração do Senhor até que Ele volte. Senão,
posteriormente ficaremos decepcionados ou
distraídos e renunciaremos à restauração do Senhor.
O CRISTO CRUCIFICADO
Os primeiros dois capítulos de 1 Coríntios são
muito difíceis de entender. Você pode lê-los muitas
vezes sem entender o que Paulo está falando. Pode
ficar impressionado com muitos versículos e ainda
não ser capaz de ver o ponto central do autor. O ponto
central é que, em seu espírito, Paulo se esforçava para
conduzir os crentes filosóficos distraídos de volta a
Cristo. Por esse motivo, o autor não enfatiza o Cristo
ressurreto ou ascendido; antes, enfatiza o Cristo
crucificado. Em 2:2, ele diz: “Porque decidi nada
saber entre vós, senão a Cristo Jesus, e esse
crucificado”. Para os coríntios, Paulo proclamou um
Cristo crucificado, um Cristo que tinha sido morto.
Já enfatizamos que a melhor maneira de resolver
problemas entre as pessoas é dar fim a todos os
envolvidos. Contudo, a maneira humana de resolver
problemas é negociar. A maneira de Deus, antes, não
é negociar, mas dar fim. Quando todos estão
exterminados, há silêncio. A melhor maneira de
introduzir o silêncio e a simplicidade é ter o Cristo
crucificado. Parece que Paulo dizia aos coríntios:
“Testifiquei a vocês de um Cristo que foi crucificado.
Quando fui pela primeira vez até vocês, preguei sobre
o Cristo crucificado. A vida do Senhor na terra
terminou com a morte pela crucificação”.
O fato de Cristo ter sido crucificado implica
muitas coisas.
Implica que Ele foi desprezado, rejeitado e
derrotado. Ninguém poderia ser crucificado sem
primeiro ser rejeitado e derrotado. Mediante a
crucificação, Ele sofreu a rejeição dos homens. Ele era
capaz de evitar a morte na cruz, mas não o fez. Ele só
pôde ser crucificado porque estava disposto a ser
morto. A crucificação de Cristo silenciou todo o
universo e simplificou a situação extremamente
complicada no universo.
Bem no fundo de seu espírito, Paulo estava
ansioso por impressionar os cristãos distraídos e
filosóficos em Corinto com esse Cristo crucificado.
Entre os santos havia perturbação e tumulto. Muitas
vozes falavam várias coisas: “Eu sou de Apolo”, “eu
sou de Cefas”, “eu sou de Paulo”, “eu sou de Cristo”.
Que poderia silenciá-las? Paulo sabia que poderiam
ser silenciadas somente por um Cristo crucificado.
Por isso, no seu espírito havia encargo de conduzir os
crentes de volta ao Cristo que ele lhes havia pregado e
testificado. Ele podia dizer: “O Cristo que preguei a
vocês era um Cristo silencioso, que estava disposto a
ser crucificado sem uma palavra. Estava disposto a
ser desprezado, rejeitado e levado à morte. Esse é o
Cristo que ministrei a vocês quando cheguei. Agora
quero que vocês saibam que tal Cristo é o poder de
Deus. Somente um Cristo crucificado pode salvá-los.
O poder salvador de Deus não é um Cristo forte, mas
um Cristo crucificado; não um Cristo lutador, mas um
Cristo derrotado”. Repito: no espírito, Paulo queria
trazer de volta esses cristãos rixosos e filosóficos à
simplicidade e ao silêncio do Cristo crucificado.
Além disso, em 1:17, Paulo disse que pregava o
evangelho, “não com sabedoria de palavra, para que
se não anule a cruz de Cristo”. Nesse versículo,
sabedoria de palavra se refere a especulações
filosóficas. Em 2:1, ele diz: “Eu, irmãos, quando fui
ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus,
não o fiz com ostentação de linguagem, ou de
sabedoria”. Literalmente, a palavra grega traduzida
por “com ostentação de linguagem” significa de
acordo com exaltação ou superioridade. Paulo não
foi a Corinto para mostrar um discurso excelente ou
sabedoria filosófica no testemunho de Deus. Pelo
contrário, ele evitou especulação filosófica e
excelência de discurso, e pregou a simples palavra da
cruz. A palavra da cruz é simples, nada tendo a ver
com a ostentação de linguagem.
Ao ministrar Cristo aos coríntios, Paulo não
exercitou sabedoria filosófica porque percebeu que
eles eram um povo filosófico, nasceram num
ambiente filosófico e cresceram sob tal influência. O
objetivo dele era livrá-los da filosofia na qual
nasceram. Ele parece estar dizendo: “Vocês nasceram
em filosofia e sabedoria mundana; eu, porém, fui a
vocês não com filosofia, mas com Cristo e a cruz. Não
prego Cristo de acordo com a ostentação de suas
especulações filosóficas; antes, prego-lhes Cristo de
forma simples, dizendo-lhes que Ele foi crucificado.
Ele estava disposto a ser desprezado e rejeitado. Ele
aceitou a rejeição do homem. Quando foi preso, não
resistiu. Quando foi levado à cruz, não lutou. Ficou
em silêncio porque estava disposto a ser crucificado.
Esse é o Cristo que preguei a vocês”.
A pregação de Paulo era totalmente contrária ao
princípio da filosofia grega. Conforme a filosofia dos
gregos, a pregação de Paulo de um Cristo crucificado
não era nem lógica nem filosófica. Ele aqui parece
estar dizendo aos coríntios: “Minha pregação não foi
de acordo com filosofia ou sabedoria mundana.
Entretanto, vocês aceitaram minha pregação e
testemunho, foram enriquecidos em Cristo em toda
expressão e conhecimento, e pela graça receberam os
dons iniciais: a vida divina e o Espírito Santo.
Todavia, vocês não viveram segundo o que receberam
do Senhor. Os dons iniciais que receberam não foram
desenvolvidos. Eles não cresceram até a maturidade;
antes, permaneceram no estágio de infância. Ainda
são bebês em Cristo. Agora, o meu encargo é
conduzi-los de volta ao Cristo crucificado e aos dons
iniciais. Vocês precisam esquecer sua cultura,
sabedoria e filosofia grega, e voltar a Cristo e esse
crucificado”. Esse era o espírito de Paulo ao escrever
os dois primeiros capítulos de 1 Coríntios. Escrevendo
com tal espírito, ele chamou a atenção dos coríntios
para o Cristo crucificado e falou-lhes a palavra da
cruz. Ele lhes disse que o Cristo crucificado é o poder
de Deus para salvar-nos e a sabedoria de Deus para
cumprir Seu plano.
Nesta mensagem, vamos considerar 1:18-25
Nosso entendimento desses versículos depende de
uma compreensão adequada dos dezessete versículos
anteriores. Os versículos 1 a 9 são a introdução dessa
Epístola, em que Paulo fala dos dons iniciais e da
participação em Cristo. Nos versículos 10 a 17, ele
prossegue mostrando que Cristo não está dividido.
Ele roga aos santos pelo nome de nosso Senhor Jesus
Cristo que falem todos a mesma coisa: Cristo e a cruz,
e que fiquem sintonizados na mesma disposição
mental e parecer. Então, nos versículos 18 a 25, ele
nos mostra que o Cristo crucificado é o poder e a
sabedoria de Deus.
A CRUZ DE CRISTO
O versículo 18 diz: “Certamente a palavra da cruz
é loucura para os que se perdem, mas para nós, que
somos salvos, poder de Deus”. A Versão Corrigida
inicia esse versículo com a palavra “porque”. Isso
indica que o versículo 18 é uma explicação do 17. No
versículo 17, Paulo declara: “Porque não me enviou
Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não
com sabedoria de palavra, para que não se anule a
cruz de Cristo”. A cruz de Cristo é o centro do
cumprimento da economia neotestamentária de
Deus, que é ter uma igreja produzida por meio da
redenção de Cristo. Paulo pregava a Cristo crucificado
(v. 23; 2:2; Gl 3:1) e se gloriava na cruz de Cristo
(GI6:14), e não na lei com a circuncisão, pela qual os
judeus e alguns dos crentes judeus contendiam (Gl
3:11; 5:11; 6:12-13), nem a filosofia promovida pelos
gregos e alguns crentes gentios (CI2:8, 20). A cruz de
Cristo aboliu as ordenanças da lei (Ef 2:15; CI2:14), e
nós, os crentes, morremos para a filosofia, um
elemento do mundo (CI2:20). Mas Satanás instigou
os judaizantes e os filósofos a pregar seus ismos de
sabedoria humana, para que a cruz de Cristo fosse
anulada. O apóstolo Paulo estava alerta quanto a isso.
Ao lidar com a divisão entre os crentes coríntios,
advinda principalmente por causa dos antecedentes
de religião judaica e filosofia grega, ele enfatizou
Cristo e Sua cruz. Quando Cristo é tomado para
substituir opiniões religiosas e sabedoria filosófica, e
Sua cruz opera para lidar com a carne aliada a
qualquer passado, acabam as divisões. A exaltação da
preferência natural e da sabedoria humana não pode
resistir diante de Cristo e Sua cruz.
A PALAVRA DA CRUZ
Paulo não queria que a cruz de Cristo fosse
anulada por meio da pregação em sabedoria de
linguagem, isso é, em especulações filosóficas. Ele
não fora enviado por Cristo para pregar o evangelho
na sabedoria de linguagem e se recusava a ser
tolerante com as especulações filosóficas. Ele estava
preocupado com que a cruz de Cristo fosse anulada.
Percebera que a palavra da cruz é loucura para os que
perecem. Eles consideram a palavra da cruz algo
simples demais, e loucura.
O termo grego traduzido por palavra nesse
versículo é o mesmo usado em 1:5. A palavra da cruz é
a pregação da cruz. Tal pregação é desprezada e
considerada loucura pelos que se perdem, ou
perecem, mas honrada e recebida como poder de
Deus pelos que somos salvos. Paulo, em seu
ministério, enfatizou a cruz como o centro da
salvação de Deus (GI2:20; 3:1; 5:11, 24; 6:14; Ef 2:15;
Fp 2:8; 3:18; Cl 2:14).
Muitos professores e pessoas cultas hoje tratam a
palavra da cruz como tolice. Para eles, é loucura falar
sobre um Cristo desprezado, rejeitado e crucificado.
Eles não querem ouvir de um Cristo que foi morto
sem reagir em defesa própria. Quando lhes é
apresentada a palavra sobre o Cristo crucificado,
dizem: “Isso é loucura; não me falem sobre isso. Se
alguém me despreza, eu reajo. Se alguém me rejeita,
eu luto. Além disso, se alguém tenta matar-me, eu me
protejo e o golpeio primeiro. Até mesmo as leis
terrenas me garantem o direito de legítima defesa.
Não me fale de um Cristo crucificado”. Assim, a
palavra da cruz ainda é loucura para os que se
perdem, principalmente as pessoas filosóficas.
SER SALVOS
No versículo 18, Paulo fala de “nós, que somos
salvos”. Aprecio a expressão “somos salvos”. O tempo
verbal grego também permite a tradução “estamos
sendo salvos”. Se alguém lhe perguntar se é salvo,
você pode querer responder: “Estou no processo de
ser salvo. Fui salvo parcialmente, até certo ponto.
Todavia, ainda não estou totalmente salvo, mas sendo
salvo”. Para nós, que estamos no processo de ser
salvos, a palavra da cruz é o poder de Deus.
A LOUCURA DA PREGAÇÃO
No versículo 21, Paulo prossegue: “Visto como,
na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por
sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar aos que
crêem, pela loucura da pregação”. Aqui, a pregação
difere de pregar. Pregar é o meio de ministrar a
palavra. A pregação aqui é o que é pregado, ou seja, a
mensagem. Deus se apraz na loucura da pregação, da
mensagem, do que é pregado, para salvar os que
crêem.
Nesse versículo, Paulo se refere à loucura da
mensagem. Ao falar e escrever, eu intencionalmente
uso expressões simples. Outros me têm advertido
contra essa prática dizendo que expressões simples
não atraem pessoas cultas. Entretanto, não quero
usar expressões eloqüentes. Isso não é pregar a Cristo
ou a cruz. Na pregação de Cristo e da cruz, devemos
usar termos e expressões simples. Não somos os que
pregam a ostentação de linguagem. Assim, devemos
seguir o exemplo de João em seu Evangelho. Seus
escritos são muito simples. Por exemplo, João 1:1 diz:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus,
e o Verbo era Deus”. No versículo 4, João diz: “Nele
estava a vida, e a vida era a luz dos homens”. No
versículo 14, ele nos diz simplesmente: “E o Verbo
tomou-se carne, e armou tabernáculo entre nós”.
Ao pregar a Cristo e a cruz às pessoas filosóficas,
Paulo falou de forma simples. De acordo com nossa
opinião, ele devia ter exercitado seu conhecimento
para expressar excelentes palavras de linguagem
filosófica. Ele, porém, deliberadamente evitou isso.
Quando foi a Corinto pregar a Cristo e a cruz, ele
decidiu nada saber quanto à ostentação de
linguagem. Pelo contrário, usou expressões simples e
breves, expressões consideradas loucura pelos gregos
filosóficos. Entretanto, ele diz que Deus usa a loucura
da pregação para salvar os que crêem. Pela pregação
de Cristo e a cruz de forma simples, as pessoas creram
e foram salvas. Como resultado, temos a certeza de
que creram não na ostentação de linguagem, mas em
Cristo e na cruz que pregamos.
SINAIS E SABEDORIA
O versículo 22 diz: “Porque tanto os judeus
pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria”.
Um sinal é uma prova miraculosa (Mt 12:38-39) para
consubstanciar o que é pregado. A religião necessita
de sinais, e os judeus continuavam a exigi-los. A
sabedoria é pertinente à filosofia e era
constantemente buscada pelos gregos.
No versículo 22, Paulo se refere a dois tipos de
pessoas: os judeus religiosos e os gregos filosóficos.
Os religiosos desejam sinais e milagres, e os filósofos
buscam sabedoria. Mas ao pregar o Cristo
crucificado, Paulo não se importava com sabedoria ou
sinais.
Quando o Senhor Jesus estava na cruz, os judeus
escarneciam Dele e diziam: “Tu que destróis o templo
e em três dias o reedificas, salva-Te a Ti mesmo! Se és
Filho de Deus, desce da cruz!” (Mt 27:40). Os
principais sacerdotes, escribas e anciãos diziam:
“Salvou a outros, a Si mesmo não pode salvar-Se. É
Rei de Israel! desça agora da cruz, e creremos Nele”
(v. 42). Eles desafiaram o Senhor a provar que era o
Cristo, o Filho de Deus, libertando-Se da cruz. Mas
Ele permaneceu em silêncio; nada fez para salvar-Se.
Em vez de milagre e sabedoria, houve fraqueza e
loucura. De acordo com a sabedoria humana, ser
crucificado é algo totalmente louco, sem sentido.
Ao dizer “eu sou de Paulo” ou “eu sou de Cefas”,
os coríntios estavam exercitando sua sabedoria.
Estavam seguindo sua filosofia, e não Cristo. Paulo,
porém, pregou-lhes o Cristo crucificado, escândalo
para os judeus que buscavam sinais e gregos que
buscavam sabedoria. Mas para os que são chamados,
esse Cristo é sabedoria e poder de Deus.
I. O CRISTO CRUCIFICADO
Como crentes em Cristo, todos precisamos ser
capazes de responder esta pergunta: Por que era
necessário que Cristo fosse crucificado? Em sua
pregação aos gregos filosóficos em Corinto, Paulo
deve ter indicado a razão disso. Talvez a resposta
mais comum a essa pergunta seja dizer que Cristo
tinha de ser crucificado para Deus nos salvar. Deus
não poderia salvar-nos sem a crucificação de Cristo.
Conforme o Novo Testamento, Deus não tem como
salvar ninguém sem a cruz de Cristo. Vamos
considerar sucintamente por que isso é assim.
No universo, há muitos tipos de problemas. Há
os problemas de Satanás, do mundo e do pecado. Há
também o problema do homem. o homem criado por
Deus para o Seu propósito caiu e tomou-se
pecaminoso. Outros problemas relacionados com o
homem são a carne e a vida natural. Além disso, tudo
no universo se tomou velho, isto é, tomou-se podre,
corrupto. O que é corrupto é velho. Velhice indica
escassez de vida. Quando uma árvore cresce, ela tem
vida. Mas quando começa a morrer há carência de
vida. Por causa de Satanás, do mundo e do homem
pecaminoso, carnal e natural, o universo todo, que
inclui os céus e a terra, tomaram-se velhos, corruptos,
arruinados e cheios de morte.
Além de todos esses problemas, há o problema
das ordenanças e regulamentos dados por Deus para
o viver do homem. Por isso, a cruz resolve o problema
de Satanás, do mundo, do pecado, do homem, da
carne, da vida natural, da velhice e das ordenanças.
Para que esses problemas sejam resolvidos, era
necessário que Cristo fosse crucificado.
Antes de Cristo ser crucificado para resolver
todos os problemas, Ele tinha de se revestir da
natureza humana. Isso quer dizer que tinha de se
tomar um homem, uma criatura. Tomando-se um
homem, Ele tomou-se uma criatura. Ele Se revestiu
da natureza humana, não só com o objetivo de morrer
por nós e derramar Seu sangue pelos nossos pecados,
mas também com o propósito de resolver o problema
de Satanás, do mundo, do pecado, do homem caído,
da vida natural, da carne, da velhice e das
ordenanças.
Embora pudesse ter recusado a morte da cruz,
Cristo foi crucificado. De acordo com a compreensão
humana, Ele foi executado por outros. Todavia, a Sua
compreensão foi diferente. Em João 10:11, Ele diz:
“Eu sou o bom pastor. O bom Pastor dá a Sua vida
pelas ovelhas”. Sobre Sua vida, o Senhor prossegue
em 10:18: “Ninguém a tira de Mim; pelo contrário, Eu
espontaneamente a dou. Tenho autoridade para dá-la
e tenho autoridade para retomá-la”. Sua vida não foi
tirada Dele. Pelo contrário, Ele a deu por nós. Se Ele
não tivesse disposto a dar a vida, as pessoas não
poderiam executá-Lo. Em vez de defender-Se, Ele
aceitou a morte na cruz. Ele estava disposto a ser
crucificado a fim de cumprir a redenção e resolver
todos os problemas no universo. O Cristo crucificado
é escândalo para os que buscam sinais e loucura para
os que buscam sabedoria. Mas para nós que cremos,
Ele é o poder e sabedoria de Deus.
I. A ESCOLHA DE DEUS
A Encarnação
Muito depois de Deus ter cumprido a obra de
2
Beneplácito, em latim beneplacitum, ou seja, bom prazer, aprazimento, agrado, satisfação. (N.T.)
criação, que foi o primeiro passo visando à
dispensação de Si mesmo a nós, Ele deu o segundo
passo: a encarnação. Um dia, o Deus infinito, o
próprio Deus que criou o universo, tomou-se um
homem. De acordo com João 1:1 e 14, o Verbo, que é
Deus, tomou-se carne, ou seja, tomou-se um homem.
Nas palavras de Isaías 9:6, um filho nos nasceu cujo
nome é Deus forte. O bebê nascido numa manjedoura
em Belém era na verdade o Deus forte. O Senhor
Jesus viveu na terra de forma humilde. Foi criado no
lar de um carpinteiro, e Ele mesmo trabalhou como
tal. Quem poderia pensar que o próprio Deus
habitava Nele? Com trinta anos Ele saiu a ministrar.
Algumas das coisas que fez faziam as pessoas pensar
sobre Ele. Suas palavras eram muito mais filosóficas
que as proferidas pelos maiores filósofos. Alguns dos
que O ouviram maravilharam-se e disseram: “Como
sabe este letras sem ter estudado?” (Jo 7:15). Outros
ficavam ofendidos e diziam conhecer Sua mãe,
irmãos e irmãs. Por fim, Ele foi à cruz e morreu.
A Crucificação
Pela encarnação, o Senhor Se revestiu de
humanidade. O homem é a cabeça da velha criação.
Quando Adão caiu, toda a criação, que ele
representava, caiu com ele e envelheceu. Quando
Deus Se revestiu de humanidade, Ele vestiu toda a
velha criação. Assim, quando Ele foi crucificado, a
criação também o foi. Por isso, pela Sua morte na
cruz, Ele pôs fim a toda a criação, inclusive você e eu.
Mediante essa morte maravilhosa e todo-inclusiva,
Ele nos redimiu. Ele nos trouxe de volta a Deus, mas
em ressurreição Ele nos substitui Consigo mesmo.
Por isso, Ele nos aniquilou, trouxe-nos de volta para
Deus e em ressurreição substitui-nos Consigo
mesmo.
A Ressurreição
Em João 11:25, o Senhor Jesus disse: “Eu sou a
ressurreição e a vida”. Como ressurreição, Ele é o
elemento com o qual somos substituídos. Além disso,
em ressurreição Ele se tomou o Espírito que dá vida
(1Co 15:45). Ressurreição é na verdade a Pessoa viva
de Cristo, o Deus encarnado, que viveu na terra como
homem, morreu na cruz para nossa redenção e em
ressurreição se tomou o Espírito que dá vida. Assim,
Ele é tanto a ressurreição como o Espírito. Ele se
tomou o Espírito e o Espírito é a ressurreição. Como o
Espírito e como a ressurreição, Ele agora é nosso
substituto.
Depois que Cristo se tomou o Espírito que dá
vida em ressurreição, foi possível Ele entrar em nós.
Ele, a eletricidade divina, pode entrar em nosso
receptor. Contudo, é necessário que O recebamos
mediante arrependimento, crendo Nele e invocando
Seu nome. Um pecador pode orar: “Senhor Jesus, sou
pecador, mas, Senhor, Tu és meu Salvador. Agora eu
me abro a Ti, e Te recebo”. Sempre que alguém ora
dessa forma, essa Pessoa maravilhosa excelente, que
é o próprio Espírito e ressurreição, entra nele. Isso
não é mera teologia; é um fato maravilhoso. Todo
cristão autêntico pode testificar que quando creu no
Senhor e invocou o Seu nome, algo incomum
aconteceu a ele. O Senhor, como o Espírito que dá
vida, entrou nele. Urna vez que recebemos o Senhor
em nós, Ele nunca irá deixar-nos, mesmo se nos
arrependermos de nos ter tomado cristãos. Depois
que creu no Senhor Jesus, você nunca mais será
capaz de parar de crer Nele. Urna vez que Ele entrou
em nós, nunca nos deixará. Agora podemos ver qual a
maneira de Deus dispensar-Se a nós.
Você percebe que tipo de Deus está
dispensando-Se a você? Ele é o Deus Triúno, o Pai, o
Filho e o Espírito. Aquele que recebemos é Cristo, o
Redentor, o Salvador, o Espírito que dá vida e a
ressurreição. Tudo isso são aspectos diferentes de
urna só Pessoa.
O SENTIDO DA COMUNHÃO
Em 1:9, Paulo diz que Deus nos chamou à
comunhão de Seu Filho. O sentido da palavra
comunhão é muito profundo. O Novo Testamento
ilustra essa comunhão com um banquete. Nos
Evangelhos, o Senhor Jesus disse que um banquete
foi preparado e que pessoas foram convidadas (Mt
22:1-3; Lc 14:16-17). Todos fomos convidados a um
banquete maravilhoso, no qual desfrutamos muitos
pratos. O desfrute desse banquete é uma participação
mútua e conjunta. Assim, na comunhão do Filho de
Deus temos desfrute. Esse desfrute, contudo, é
corporativo, e não individual. Enquanto desfrutamos
esse banquete juntos, temos comunhão.
Algumas versões traduzem a palavra grega
koinonía como comunhão. Ter comunhão é partilhar
alguma coisa em comum. Quando você toma café' da
manhã sozinho, você não desfruta comunhão; mas
quando vai a um banquete onde há muitas pessoas e o
desfruta com elas, você tem comunhão. Essa
comunhão é um desfrute coletivo, uma participação
conjunta.
Comunhão também inclui comunicação. Sempre
que festejamos com outros, há comunicação. Você se
comunica com outros e eles com você.
A comunhão à qual Deus nos chamou é de Seu
Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor. Ela inclui o Deus
Triúno, o Pai, o Filho e o Espírito. É a comunhão do
Cristo encarnado, crucificado e ressurreto, que em
ressurreição é o Espírito que dá vida. Essa Pessoa
todo-inclusiva é nosso banquete e esse banquete é a
comunhão. Como pessoas chamadas a essa
comunhão, agora desfrutamos Cristo, festejando-O.
Além disso, temos comunhão e estamos em
comunicação uns com os outros. Essa comunhão é a
vida da igreja.
A vida da igreja é a vida de ressurreição da qual
todos participamos. Ademais, essa ressurreição é o
Espírito que dá vida, o Espírito que dá vida é Cristo e
Cristo é o Deus encarnado. Cristo, como alguém
todo-inclusivo, também implica em justificação,
santificação e redenção. Cristo é Deus, até mesmo o
Deus Triúno, o Pai, o Filho e o Espírito. Como alguém
encarnado, crucificado e ressurreto, Ele é a
ressurreição e o Espírito que dá vida. Ele é até mesmo
nosso banquete. Além disso, o próprio Cristo é na
verdade a comunhão à qual Deus nos chamou. Dizer
que fomos chamados à comunhão de Jesus Cristo
significa que fomos chamados a Ele. Ele é vida,
ressurreição, santificação, redenção e tudo para nós.
Por isso, Ele próprio é a comunhão.
EXPERIMENTAR E DESFRUTAR A
COMUNHÃO
. Vimos que a comunhão é o desfrute de Cristo e a
participação conjunta Nele. Não há necessidade de
analisar essa comunhão de forma doutrinária a fim de
experimentá-la. Quando toma café da manhã, você
analisa tudo o que come? faz um estudo da
composição dos ovos, da torrada e do suco? Ninguém
seria tão tolo a ponto de estudar o alimento em vez de
desfrutá-lo. Além disso, não devemos ficar
preocupados sobre os utensílios usados para comer.
Que tolice seria brigar por causa de talheres, copos ou
tigelas! Não seria ridículo alguém se voltar da comida
preparada para seu desfrute e se preocupar com
facas, garfos e colheres na mesa? Entretanto, isso é
uma ilustração da atual situação entre os cristãos. Em
vez de se importar com Cristo como sua única porção,
muitos discutem doutrinas e práticas.
Suponha que você chegue a uma reunião da
igreja e encontre as cadeiras arrumadas de maneira
muito incomum. Se isso o incomoda, prova que você
não viu o que é a igreja. A vida adequada da igreja não
depende do arranjo específico de cadeiras. A igreja é a
comunhão, a participação conjunta, o desfrute mútuo
de Cristo. Ele é agora a ressurreição e o Espírito. Se
você viu que a vida da igreja consiste nessa
comunhão, não ficará preocupado acerca de coisas
como arranjo de cadeiras no salão de reunião. Além
disso, não se desviará de Cristo por doutrinas ou
práticas.
Encorajo-o a buscar a experiência e o desfrute da
comunhão do Filho de Deus. Quanto mais
desfrutamos a participação conjunta nessa
comunhão, melhor será a vida da igreja. Precisamos
desfrutá-la em casa e nas reuniões. Então não
seremos perturbados por opiniões, mexericos ou
ensinamentos diferentes, porque não nos
importaremos com nada além do desfrute conjunto
prático do Cristo todo-inclusivo, que é para nós o
Espírito, a ressurreição e o Deus Triúno. Essa
comunhão é a realidade da igreja. Assim, precisamos
buscar experimentá-la em todo o tempo. Então
desfrutaremos Cristo na igreja.
ESTUDO-VIDA DE PRIMEIRA CORÍNTIOS
MENSAGEM DOZE
PARTICIPAR DE CRISTO COMO NOSSA PORÇÃO
EM RESSURREIÇÃO
Nosso Cristo é todo-inclusivo; Ele é o Deus
Triúno, o Pai, o Filho e o Espírito. Como Deus
encarnado, Ele viveu como homem na terra por trinta
e três anos e meio. Por meio de Sua morte na cruz, Ele
crucificou a velha criação. Ao fazer isso, conduziu a
criação de volta para Deus. Agora que nos aniquilou
na cruz, Ele está substituindo por Si mesmo em
ressurreição aquilo a que deu fim. Em ressurreição,
Ele tomou-se o Espírito que dá vida. Na verdade, o
Espírito que dá vida é a ressurreição. Assim, a
ressurreição não é meramente uma coisa ou questão,
é uma Pessoa viva. Em João 11:25, Ele disse: “Eu sou
a ressurreição e a vida”.
Hoje, a Pessoa maravilhosa de Cristo, por meio
de quem todas as coisas foram criadas, que passou
pela encarnação, crucificação e ressurreição, é o
Espírito que dá vida, todo-inclusivo. Esse Espírito é a
expressão final, máxima e consumada do Deus
Triúno.
Se alguém nos perguntar onde estamos hoje,
devemos dizer que estamos em ressurreição.
Ressurreição é o Espírito que dá vida, o Espírito que
dá vida é Cristo, e Cristo é o Deus Triúno processado.
No livro de 1 Coríntios, Paulo lida com onze
problemas. Seis deles são abordados nos primeiros
dez capítulos, e cinco, nos últimos seis capítulos. Os
primeiros seis problemas são divisão, litígios, incesto,
abuso de liberdade no comer e no casamento, a
questão do casamento propriamente dito, e comer
coisas sacrificadas a ídolos. Todos eles estão
relacionados com a humanidade, a vida humana. O
segundo grupo envolve o âmbito da administração de
Deus: o encabeçamento, a mesa do Senhor, os dons
espirituais, a ressurreição e a oferta de bens
materiais. Ao lidar com o problema da ressurreição,
Paulo profere uma palavra maravilhosa. Em 15:45,
ele diz que o último Adão tomou-se o Espírito que dá
vida. Isso é ressurreição. Quando era simplesmente o
último Adão, Cristo ainda não estava em ressurreição,
antes, estava na carne, na humanidade. Mas pela
morte Ele entrou em ressurreição e agora, em
ressurreição, não está mais na carne, pois é o Espírito
que dá vida. Esse Espírito é a realidade da
ressurreição.
Quando estamos no espírito, estamos em
ressurreição. Ressurreição é a vida que vence a morte.
Se de fato estivermos em ressurreição na experiência,
estaremos cheios de frescor e vivos, com vida
borbulhando interiormente. Em tal caso, podemos
ser comparados a uma planta. Uma planta pode ser
usada como ilustração de ressurreição. Se ela viceja e
floresce, podemos dizer que está em ressurreição,
mas se ela murcha e morre, não podemos dizer que
está em ressurreição. Do mesmo modo, se estivermos
vivos e cheios de frescor, estaremos de fato em
ressurreição. Mas se nos sentarmos nas reuniões de
modo formal, religioso, certamente não estaremos em
ressurreição. Pelo contrário, em geral, ainda
estaremos no túmulo.
COMO PAULO LIDAVA COM PROBLEMAS
Já enfatizamos que os primeiros seis problemas
abordados em 1 Coríntios estão relacionados com o
viver humano. A maneira de Paulo lidar com eles é
muito diferente da que é praticada pelos ministros e
pastores de hoje. Por exemplo, se um casal tem um
problema e consulta o pastor, ele vai lidar com o
problema ou de maneira religiosa ou natural. A
maneira de Paulo é profunda e muito difícil de
descrever. Sua maneira de lidar com problemas é
gradualmente revelada nos primeiros dez capítulos.
Ela é espiritual e elevada. Podemos compará-la a uma
corrente que tem muitos elos. O primeiro capítulo
dessa Epístola começa com um elo da corrente e o
último capítulo termina com outro. Paulo começa em
1:2 com a palavra sobre Cristo sendo deles e nosso. Os
problemas entre os crentes em Corinto foram todos
devidos ao fato de negligenciarem Cristo como sua
única porção. Sua porção não era a filosofia grega ou
a sabedoria mundana, era o Cristo todo-inclusivo
ministrado por Paulo. Esse Cristo todo-inclusivo é
tanto deles como nosso. Isso quer dizer que Ele é
nossa única porção.
Se um casal com problemas na vida conjugal
fosse contatar Paulo, ele não os ajudaria de forma
religiosa. Ele não encarregaria o marido de amar a
mulher ou a mulher de submeter-se ao marido. Essa,
entretanto, é a maneira praticada por pastores hoje. A
maneira de Paulo lidar com problemas humanos é
muito diferente. Mesmo o que ele diz em 1:2 acerca
dos santos chamados, os santificados em Cristo
Jesus, e os que invocam o nome de nosso Senhor
Jesus Cristo em todo lugar, tanto deles como nosso, é
uma palavra relacionada com os problemas
abordados nessa Epístola. Embora esse versículo não
apareça como parte da maneira de Paulo abordar os
problemas humanos, na verdade contém as riquezas
espirituais usadas por ele para resolvê-los. De acordo
com esse versículo, nós cristãos precisamos perceber
que o Cristo todo-inclusivo é nosso. Além do mais,
somos santos chamados, os que foram chamados por
Deus para invocar o querido e precioso nome do
Senhor Jesus Cristo. Se uma irmã casada invoca o
nome do Cristo todo-inclusivo, ela de fato será
submissa ao marido. O motivo de a mulher não ser
submissa é que lhe falta o desfrute do Cristo
todo-inclusivo. Irmãs, quando vocês estão com
dificuldades para se submeter ao marido,
simplesmente invoquem o nome do Senhor. Eu lhes
asseguro que depois de invocá-Lo algumas vezes, o
Senhor as tocará e suprirá. Espontaneamente vocês
se tornarão muito submissas. Esse é o resultado de
desfrutar Cristo como nossa porção.
Por muitos anos, as irmãs sempre vêm a mim
com problemas sobre a vida conjugal. Em muitos
casos, não só me solidarizo, mas também concordo
com elas. Nos primeiros anos do meu ministério, eu
me comportava igual a muitos pastores. Encorajava
as irmãs a ler Efésios 5 e também a orar, mesmo com
jejum se necessário. Muitas vezes uma irmã voltava
para dizer que o que eu sugerira não funcionara. Tudo
o que eu podia fazer, então, era dizer à irmã que se
conformasse e eu tentaria ajudá-la. Na verdade, eu
não a ajudava em nada. Gradualmente, aprendi que
problemas na vida conjugal não são resolvidos
simplesmente orando e lendo a Bíblia. São
necessários nutrição e suprimento de vida. Não
podemos receber a nutrição de que necessitamos
simplesmente da Bíblia em preto e branco, porque
precisamos do próprio Cristo vivo. Orando-lendo a
Palavra e invocando o nome do Senhor, recebemos a
nutrição e o suprimento necessários. Quando uma
irmã é suprida dessa forma, ela pode encontrar a
solução do problema que enfrenta com o marido.
Às vezes, quando invoco o nome do Senhor
Jesus, fico profundamente tocado por Ele e até choro.
Esse toque então se toma minha nutrição,
suprimento e força. Além disso, tenho percebido que
ao invocá-Lo, posso fazer coisas que não sou capaz
em minha própria força. Isso é o desfrute de Cristo
segundo 1:2. Se invocarmos o nome do Senhor Jesus
em todo lugar, saberemos que Cristo é nosso, e O
desfrutaremos.
Primeira Coríntios 1:9 diz: “Fiel é Deus, pelo qual
fostes chamados à comunhão de Seu Filho Jesus
Cristo nosso Senhor”. Fomos chamados à comunhão
do Cristo todo-inclusivo como nossa porção. Essa
comunhão é nada menos que a Sua Pessoa viva. Isso
quer dizer que fomos chamados para essa Pessoa e
Sua comunhão. Deus nos chamou a Cristo com vistas
à nossa participação conjunta e desfrute.
A MANEIRA DIVINA
Não é fácil compreender ou explicar a sabedoria,
justiça, santificação e redenção. Prefiro falar dessas
questões de acordo com a experiência espiritual. Nos
versículos 24 e 30, a sabedoria de Deus denota a
maneira divina. Se tivermos sabedoria, saberemos a
maneira adequada de fazer as coisas, mas, se não
formos sábios, nossa maneira de fazer as coisas será
tola. Para ter a melhor maneira, precisamos de
sabedoria. Sabedoria nesses versículos equivale à
maneira, ou caminho, em João 14:6, em que o Senhor
Jesus diz: “Eu sou o caminho”. Fora de Cristo como
caminho, ou maneira, não temos acesso ao Pai. Daí, a
maneira de Deus é Sua sabedoria. Como podemos
desfrutar Deus e participar Dele? Se quisermos
desfrutá-Lo e participar Dele, precisamos ter uma
maneira, que é a sabedoria de Deus.
Como ilustração da relação entre sabedoria e
maneira, podemos usar as aulas de direção. Alguém
que está aprendendo a dirigir pode achar difícil fazer
uma curva. Visto que não tem a sabedoria adequada,
ele não sabe fazê-la corretamente. Entretanto, um
motorista habilidoso e experiente tem a sabedoria
para manobrar o carro. Ele tem como controlá-lo,
fazê-lo ir aonde deseja. Isso é a sabedoria do
motorista.
Como sabedoria para nós da parte de Deus, a
maneira de Deus, isto é, Cristo é justiça, santificação e
redenção. Na verdade, são três passos dessa maneira.
Naturalmente, tal compreensão se relaciona com
nossa experiência.
Suponha que uma irmã tenha problema com o
marido. Ela exercita o espírito e invoca o nome do
Senhor Jesus. Como resultado, é salva do problema.
Para ser mais exato, ela recebe Cristo como sabedoria
para ela da parte de Deus. Antes de aprender a
exercitar o espírito e invocar o Senhor, ela discutia
com o marido. Isso é tolice. Entretanto, as mulheres
sempre discutem com o marido, tentando
convencê-lo e até subjugá-lo. Por exemplo, um
marido pode habitualmente chegar tarde à casa. Com
base em sua sabedoria natural, a mulher pode tentar
mudar o comportamento dele. Contudo, quanto mais
ela discute com ele, mais freqüentemente ele volta
tarde para casa. A argumentação dela na verdade
piora o problema. Em vez de discutir com o marido,
ela deve exercitar o espírito e invocar o nome do
Senhor. Então terá a sabedoria, ou maneira, de lidar
com o problema.
TORNAR-SE JUSTO
Justiça, santificação e redenção são os materiais
usados na construção da rodovia em nossa vida
cristã. Você alguma vez já percebeu que sabedoria é
nossa maneira, nosso caminho, e que justiça,
santificação e redenção são os materiais usados para
pavimentar o caminho? Isso é bem verdade com
relação à nossa experiência cristã. Quando
desfrutamos Cristo, o primeiro aspecto da virtude
divina, da bondade divina, o que vamos experimentar
é Deus como nossa justiça. Sempre que desfrutamos
Cristo e O experimentamos, primeiro temos Deus
como nossa justiça. Isso quer dizer que quando
exercitamos o espírito e invocamos o nome do Senhor
Jesus, tomamo-nos justos. Quanto mais o invocamos,
mais justos nos tomamos.
Vamos novamente mencionar uma ilustração da
vida conjugal. Com certeza é errado o marido chegar
tarde à casa. Todavia, a mulher pode estar errada e
ser injusta na maneira de lidar com ele sobre essa
questão. Ela pode ser totalmente injusta,
condenando-o e colocando toda a culpa nele. Ela
nunca se condena ou culpa a si mesma. Sua atitude
também é errada, e ela é injusta ao discutir com ele.
Embora ele esteja somente dez por cento errado, a
mulher o condena como se estivesse totalmente
errado. Por isso, a atitude e o comportamento dela
para com ele são noventa por cento injustos.
Sempre que marido e mulher discutem, os dois
lados são injustos. Ele vai declarar que está certo e
que ela está completamente errada. Ela vai insistir
que ele está totalmente errado e somente ela está
certa. Como conseqüência, tanto o marido como a
mulher se tomam injustos. Se ela começar a exercitar
o espírito e invocar o nome do Senhor Jesus, irá
perceber que tem sido injusta para com ele. Ela,
então, vai dizer para si mesma: “Sim, meu marido
está errado até certo ponto, mas eu pus culpa demais
nele. Além do mais, estou errada ao discutir com ele e
condená-lo. Agora vejo que ele está errado somente
numa pequena parte, mas eu estou muito mais errada
do que ele. Sou pelo menos duas vezes mais injusta
que ele”. Quando percebe sua situação, invocando o
nome do Senhor, a irmã espontaneamente se toma
justa, porque Cristo toma-se justiça para ela.
Sempre que há uma contenda ou discussão entre
as pessoas, nenhuma das partes envolvidas é justa.
Por exemplo, suponha que um presbítero e um irmão
na igreja tenham uma discussão. Em vez de exercitar
o espírito para invocar o nome do Senhor, o
presbítero se defende. Em tal caso, ele não está sendo
justo. Ademais, ele pode dizer aos outros presbíteros:
“Tal irmão traz morte às reuniões”. Mais tarde,
quando esse presbítero exercita o espírito e invoca o
nome do Senhor, percebe que foi injusto. Ele pode
também perceber que o irmão em questão raramente
espalha morte nas reuniões. O presbítero, entretanto,
disse aos outros que esse irmão sempre traz morte às
reuniões da igreja. Portanto, percebendo que não foi
justo, ele vai precisar confessar aos outros presbíteros
e dizer: “Irmãos, peço-lhes que me perdoem porque
falei sobre esse irmão. Confessei ao Senhor e Ele me
perdoou. Agora também confesso a vocês. De acordo
com o que me lembro, somente numa ocasião ele
trouxe morte à reunião. Eu, porém, disse que ele
sempre faz isso. Não estava certo, nem fui justo”.
Quando invocamos o nome do Senhor e
exercitamos o espírito, tomamo-nos justos. À medida
que nos tomamos justos dessa forma, tornamo-nos
justos também na forma de falar ao cônjuge. Suponha
que uma irmã seja muito justa com respeito ao
marido. Por fim, sua justiça vai convencê-lo e
subjugá-lo. Ele pode dizer para si mesmo:
“Anteriormente minha mulher não era assim. Sempre
que eu estava errado, ela me condenava muito.
Admito que estava errado, mas ela estava mais errada
ainda na forma que me condenava”. Por condenar o
marido, ela o ofendeu fazendo-o reagir
negativamente. Mas agora ela está correta para com
ele porquanto exercita o espírito invocando o nome
do Senhor. Dessa forma, o Senhor se torna justiça
para ela.
Toda vez que nos tomamos justos invocando o
Senhor, ficamos calmos. A justiça nos acalma. O
motivo de marido e mulher discutirem e trocarem
palavras ásperas é que nenhum lado é justo. Mas, se
um lado se torna justo, essa justiça fará o outro lado
se acalmar. Suponha que seja a mulher que se volte
para o Senhor, invoque-O e se torne justa ao lidar
com o marido. Imediatamente ele vai perceber que
ela mudou e agora é justa e correta com relação a ele.
O que tenho descrito sobre justiça, aprendi por
meio da experiência, e não de livros. Pela minha
experiência sei que ser justo é ser sábio. Ter Cristo
como nossa justiça é tê-Lo como nossa sabedoria.
Dessa forma, Ele se toma sabedoria para nós da parte
de Deus.
SER SANTIFICADO
Já enfatizamos que quanto mais exercitamos o
espírito para invocar o nome do Senhor', mais justos
nos tornamos. Agora precisamos ver que não só nos
tomamos justos e santos, mas somos também
santificados. Isso significa que quanto mais
exercitamos o espírito para invocar o nome do Senhor
Jesus, mais somos separados do que é comum e
deixamos de ser comuns. Toda vez que uma irmã
briga com o marido, discutindo com ele e trocando
palavras ásperas, ela é comum. Ela não é diferente da
mulher descrente. Toda mulher mundana e descrente
briga com o marido, mas quando uma irmã invoca o
nome do Senhor e se toma justa, experimenta Cristo
como santificação e é santificada. O Cristo que ela
desfruta a toma santa, santificada, separada. Como
resultado, o marido percebe a diferença. Mesmo que
não creia no Senhor, ele vai saber que a mulher não é
mais comum.
Através dos anos, tenho conhecido muitas irmãs
que se tomaram santificadas de fato. Em muitos
casos, a santificação dela convenceu o marido e o
influenciou a crer no Senhor. Como conseqüência, ele
se tomou um bom irmão no Senhor.
Tanto justiça como santificação são aspectos de
Cristo como sabedoria para nós da parte de Deus.
Temos enfatizado que sabedoria é a maneira, ou
caminho. Como recebemos a sabedoria de que
precisamos? Ela advém do desfrute de Cristo. Dia
após dia e hora após hora, não devemos viver na
alma, no ego, mas no espírito, exercitando-o ao
invocar o nome do Senhor Jesus. Cristo, então, se
tomará nosso desfrute, nutrição, apoio e suprimento
de forma muito prática. O resultado é que nos
tomamos justos. Em vez de condenar os outros e
culpá-los, sabemos somente culpar e condenar a nós
mesmos. Vemos que estamos errados para com os
outros de muitas maneiras. Daí, tomamo-nos justos e
corretos. Além disso, tomamo-nos maridos diferentes
ou mulheres diferentes dos demais. Já não somos
comuns. Pelo contrário, somos separados,
santificados e até mesmo especiais. Isso é
santificação.
EM CRISTO
Primeira Coríntios 1:30 diz: “Mas vós sois Dele,
em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de
Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção”.
Deus nos colocou em Cristo e agora estamos Nele.
Anteriormente, estávamos em Adão, mas fomos
transferidos de Adão para Cristo. Isso não foi uma
transferência exterior, mas interior e em vida. Em
vida fomos transferidos de um reino para outro, de
Adão para Cristo. Agora todos podemos declarar:
“Aleluia, estou em Cristo! Quão feliz estou por estar
em Cristo!”
Estar em Cristo é algo tremendo. Longe de ser
mera doutrina, é um fato maravilhoso. Estamos em
Cristo e Ele é o poder e a sabedoria de Deus. É a
corporificação do Deus Triúno. Quão maravilhoso é
que estejamos em tal Pessoa!
JUSTIÇA, SANTIFICAÇÃO E REDENÇÃO
Em 1:30, Paulo nos conta que Cristo se tomou
sabedoria para nós da parte de Deus. Essa sabedoria
compreende justiça, santificação e redenção. Justiça
relaciona-se com substância, ao passo que
santificação envolve um processo. Santificação
implica a ação de ser santificado, Redenção também
não é mera coisa, mas envolve um processo porque
envolve a ação de ser redimido.
É significativo que no versículo 30 Paulo fale de
justiça, mas não de justificação; fale de santificação,
mas não de santidade. Por que ele fala de justiça, e
não de santidade? de santificação e redenção, e não
de justificação? Já enfatizamos que justiça é Cristo
para o nosso passado, santificação é Cristo para o
presente, e redenção é Cristo para o futuro. Visto que
nossa vida passada era pecaminosa, precisamos que
Cristo seja nossa justiça para o passado. Uma vez que
nossa vida presente não é santa, ou santificada,
precisamos que Cristo seja nossa santificação atual
para que nos tomemos santos e separados para Deus.
No futuro; nosso corpo será redimido. Assim, a
redenção é para o futuro. Essa interpretação sobre
justiça, santificação e redenção não é errônea;
todavia, não é suficientemente prática. Precisamos
compreender esses três itens de modo mais profundo
e mais experimental.
Sempre que de fato desfrutamos Cristo na vida
diária e O experimentamos, Ele se toma justiça para
nós. Isso é diferente de dizer que Ele nos justifica, ou
que se toma nossa justificação. Paulo certamente está
correto ao usar a palavra justiça no versículo 30 em
vez de justificação.
Novamente gostaria de usar uma ilustração da
vida conjugal para mostrar como Cristo pode se
tomar justiça para nós. Toda vez que marido e mulher
discutem e trocam palavras ásperas, os dois lados se
consideram totalmente certos. Na verdade, não é
exato dizer que o marido ou a mulher estão
totalmente certos. Suponha que o marido realmente
desfrute Cristo no viver diário. Cristo então se tomará
justiça para ele. Quanto mais ele desfruta o Senhor,
mais Cristo se toma justiça para ele. Como resultado,
ele vai perceber que, no geral, está errado em relação
à mulher. De modo semelhante, se a mulher desfruta
Cristo, Ele se toma justiça para ela, e ela terá a mesma
percepção a respeito de si mesma. Ela vai sentir que
está errada em discutir com o marido e que ele está
muito mais certo do que ela. Com isso vemos que
quanto mais desfrutamos Cristo, mais nos tomamos
justos, certos, retos e corretos. Além disso, quanto
mais o marido e a mulher desfrutam Cristo, mais
condenarão a si mesmos, e não um ao outro. O
marido perceberá que está errado e condenará a si
mesmo, e a, mulher fará a mesma coisa. Isso os
impedirá de discutir e trocar palavras ásperas. Dessa
forma, Cristo se toma justiça para ambos dia após dia.
Por natureza, nenhum ser humano é realmente
justo. Nem mesmo os maridos e mulheres são justos
uns com os outros. Pelo contrário, são quase sempre
injustos. Irmãos, vocês honestamente crêem que são
justos com a mulher? Irmãs, vocês são justas com o
marido? Nos anos de sua vida conjugal, você tem sido
sempre justo com sua mulher? Não creio que alguém
casado possa honestamente testificar que tenha sido
sempre justo. O motivo de não sermos justos é que
não temos o desfrute adequado de Cristo. Mas se O
desfrutarmos continuamente na vida diária, nós nos
tomaremos as pessoas mais justas.
Justiça é na verdade o próprio Cristo. Ele,
portanto, não deve ser meramente justiça para o
nosso passado para que sejamos justificados por
Deus. Também deve ser nossa justiça atual no viver
diário. Percebi isso, não pelos livros, mas pela
experiência cristã. Além do mais, essa percepção não
veio com facilidade, mas foi o resultado de enfrentar
tantos problemas e dificuldades.
Se desfrutarmos Cristo no viver diário e se Ele se
tomar justiça para nós de maneira prática, nós nos
tomaremos pessoas especiais, santificadas. Em vez de
ser comuns, seremos separados para Deus.
É muito comum que marido e mulher discutam.
Todo casal faz isso. Se nossa vida conjugal for
comum, nela não somos santificados, mas se um
irmão for libertado da tendência de discutir com a
mulher porque Cristo se tomou justiça para ele, ele
será um marido especial, peculiar, que é santificado,
separado para Deus. Como nossa justiça diária, Cristo
nos faz santificados e separados. Não somos mais
comuns; pelo contrário, somos separados dos demais.
Por isso, no viver diário, Cristo deve ser não só nossa
justiça, mas também santificação.
Quando somos santificados e separados para
Deus, somos também redimidos. Isso quer dizer que
somos conduzidos de volta a Deus. Sempre que
marido e esposa brigam, eles são afastados do
Senhor. Quando porém Cristo se toma justiça e
santificação para eles, espontaneamente são
conduzidos de volta a Deus. Isso é redenção. Como já
ressaltamos, a redenção inclui aniquilamento,
substituição e ser conduzido de volta a Deus. Assim, a
redenção é na verdade transformação.
Se desfrutarmos Cristo diariamente, Ele se
tomará nossa justiça. Depois, como tal, Ele nos fará
distintos dos demais. Seremos santificados e
separados para Deus por Cristo como nossa
santificação. Automaticamente essa santificação nos
conduzirá de volta a Deus, de quem nos afastamos.
Essa é a experiência de Cristo como nossa redenção.
Além disso, essa redenção nos aniquila e nos faz ser
substituídos com o que Cristo é. Isso é transfiguração.
A redenção futura do corpo será a transfiguração do
corpo, mas hoje podemos experimentar Cristo como
Aquele que transfigura nosso ser interior. Desse
modo, Ele será não só nossa transfiguração no futuro
mas é também nossa transfiguração presente, a
redenção, em nosso ser.
Paulo queria que os coríntios percebessem que
eram tolos por terem divisões e preferências. Era
tolice dizer que eram de uma pessoa em particular.
Deus os chamara à comunhão de Seu Filho, à
comunhão Daquele que é sabedoria e poder de Deus.
Esse é o Cristo que, em nossa experiência, se toma
justiça para nós, que nos santifica e que nos leva de
volta para Deus aniquilando-nos e substituindo-nos
Consigo mesmo.
ESTUDO-VIDA DE PRIMEIRA CORÍNTIOS
MENSAGEM QUINZE
O CRISTO CRUCIFICADO, O CENTRO DO MINISTÉRIO
DO APÓSTOLO
O TESTEMUNHO DE DEUS
Ao falar aos outros acerca de Cristo e o
evangelho, precisamos estar certos de que a maneira
que usamos não faz com que os ouvintes percam o
ponto crucial. É melhor que o nosso falar não seja
considerado eloqüente do que fazer os outros
perderem os pontos principais de Cristo e da cruz.
Não é nosso alvo impressionar as pessoas com o
nosso conhecimento ou linguagem. Pelo contrário, o
nosso encargo é impressioná-los com Cristo.
Precisamos ministrar-lhes Cristo e não fazer uma
demonstração do nosso falar ou conhecimento.
Um segundo ponto importante no versículo 1 diz
respeito ao testemunho de Deus. Qual é o testemunho
de Deus a que Paulo se refere no versículo 1'? Alguns
dos melhores manuscritos antigos contêm o vocábulo
mistério em vez de testemunho. O que o apóstolo
anunciou como o testemunho de Deus era o mistério
de Deus, que é Cristo como Sua corporificação e a
igreja como a expressão de Cristo (Rm 16:25-26; Cl
1:26-27; 2:2; 4:3; Ef 3:4-6, 9). Na verdade, o
testemunho e o mistério de Deus são um só. O
mistério de Deus é o Seu testemunho. Esse
testemunho, esse mistério, inclui Cristo como
corporificação de Deus e a igreja como expressão de
Cristo.
Hoje, muitos pregam sobre Cristo e testificam
Dele, mas a maioria dos que o fazem não se importam
com a igreja. Entretanto, o pleno testemunho de Deus
inclui tanto Cristo como a igreja. Recentemente, no
Estudo-Vida de Êxodo, vimos que a arca do
testemunho, que prefigura Cristo, tinha medidas de
meia unidade. Essas dimensões indicam que uma
segunda metade é necessária. Se pregarmos a Cristo
sem pregar a igreja, damos somente metade da
mensagem, metade do testemunho de Deus. A
maioria dos cristãos hoje têm, no máximo, apenas
metade do testemunho. Na verdade, muitos nem
mesmo têm a metade completa, porque não têm um
Cristo completo. No Novo Testamento, o pleno
testemunho de Deus é Cristo e a igreja. Cristo é a
Cabeça e a igreja é o Corpo. Cristo é o mistério de
Deus e a igreja é o mistério de Cristo.
Quando Paulo chegou a Corinto, ele anunciou as
duas metades do testemunho de Deus, isto é, pregou
Cristo e a igreja. Isso pode ser provado pelo conteúdo
de 1 Coríntios. Nessa Epístola, vemos tanto a Cabeça
como o Corpo. Na verdade, a maior parte desse livro
está relacionada com a igreja, e não diretamente com
Cristo. Nos primeiros dois capítulos, Cristo é
revelado, mas todos os capítulos restantes enfocam a
igreja. A maioria dos problemas entre os crentes em
Corinto envolvia a igreja. Portanto, Paulo lhes
apresenta o testemunho completo de Deus: Cristo, a
Cabeça, e a igreja, o Corpo. Além do mais, ele anuncia
esse testemunho em palavras simples, e não em
ostentação de linguagem com especulações
filosóficas,
DEMONSTRAÇÃO DE ESPÍRITO E DE
PODER
O versículo 4 diz: “A minha palavra e a minha
pregação não consistiram em linguagem persuasiva
de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de
poder”. Palavras persuasivas de sabedoria resultam
da mente humana; demonstração do Espírito advém
do nosso espírito. O falar e a pregação do apóstolo
não provinham da mente com palavras de
especulação, mas do espírito com a liberação e
exibição do Espírito, ou seja, de poder.
No versículo 5, Paulo diz: “Para que a vossa fé
não se apoiasse em sabedoria humana; e, sim, no
poder de Deus”. A sabedoria dos homens é a filosofia
elementar; o poder de Deus é o Cristo todo-inclusivo
(1:24).
Nos versículos 4 e 5, Paulo repete o que dissera
anteriormente.
Suas palavras são diferentes, mas seu conceito é
o mesmo. Ele não exercitou palavras persuasivas de
sabedoria, mas a demonstração do Espírito e de
poder. O poder por ele demonstrado foi o Cristo
crucificado. A conseqüência dessa demonstração foi
que a fé dos crentes não resultaria da sabedoria de
Paulo sobrepujando a sabedoria deles, mas seria o
poder de Deus, o Cristo crucificado.
Em séculos passados, tanto os nestorianos 3
como os jesuítas tentaram converter os chineses
cultos ao cristianismo. Alguns chineses abraçaram a
religião cristã por causa dos esforços desses
missionários; entretanto, fizeram isso sem na
verdade receber Cristo. Foram influenciados
principalmente por certos aspectos de cultura e
aprendizado. Com isso vemos que é um erro descer ao
nível de alguém ao pregar Cristo e tentar usar sua
linguagem e filosofia. Ao pregar Cristo, precisamos
manter nosso nível e esse nível é o próprio Cristo.
Deixemos que aqueles que estão dispostos subam até
esse nível e aceitem Cristo. Então se tomarão crentes
autênticos em Cristo. Os esforços tanto dos
nestorianos como dos jesuítas terminaram em
fracasso simplesmente porque desceram ao nível da
ética e filosofia locais. Muitos cristãos hoje estão
cometendo um erro semelhante, um erro que
precisamos aprender a evitar.
NOSSO DESTINO
De acordo com a compreensão de Paulo nos
capítulos um e dois, a verdadeira sabedoria é a
sabedoria misteriosa e oculta em Deus. Como já
enfatizamos, essa sabedoria é o próprio Cristo. Deus
fez com que essa sabedoria oculta e misteriosa fosse o
nosso destino. Isso quer dizer que Deus determinou
que o Cristo misterioso e oculto se tornasse nosso
destino. Você sabe que o seu destino é ser cristão? O
seu destino é o Cristo misterioso e oculto, que é a
sabedoria de Deus, o centro de Sua economia e nossa
porção. Você já ouviu que Cristo é o nosso destino?
Todos sabemos que Cristo é o nosso Redentor,
Salvador, Senhor, Amo e até mesmo nossa vida, mas
provavelmente você nunca percebeu que Cristo é o
seu destino. Não obstante, esse fato maravilhoso é
revelado em 2:7. Paulo aqui diz que há uma sabedoria
misteriosa, oculta em Deus, que é o próprio Cristo.
Além disso, Deus a predestinou para nossa glória.
Isso com certeza indica que Ele fez Cristo ser o nosso
destino. Louvado seja o Senhor porque Ele é não só o
nosso Salvador, Senhor e vida, mas também nosso
destino! Esse destino por fim nos conduzirá à glória.
Embora seja correto dizer que glória é Cristo,
precisamos lembrar-nos que glória é Deus expresso.
Dizer que glória é Cristo na verdade significa que
Cristo é Deus expresso. A expressão de Deus, Cristo, é
nosso destino. Que destino temos! Esse destino nos
introduzirá na glória, uma glória que é a própria
expressão de Deus. Se virmos isso, haveremos de
querer inclinar-nos diante do Senhor, adorá-Lo e
oferecer ações de graças e louvá-Lo.
AMARA DEUS
No versículo 9, Paulo diz: “Nem olhos viram,
nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em
coração humano o que Deus tem preparado para
aqueles que o amam”. Perceber as profundezas e
coisas ocultas que Deus ordenou e preparou para nós
e participar delas, requer não só que creiamos Nele,
mas também O amemos. Temer a Deus, adorá-Lo e
crer Nele, isto é, recebê-Lo, tudo isso ainda é
inadequado; amá-Lo é o requisito indispensável.
Amar a Deus significa colocar todo o nosso ser, isto é,
espírito, alma e corpo, com o coração, alma, mente e
força (Mc 12:30), totalmente Nele, ou seja, permitir
que todo o nosso ser seja ocupado por Ele e perdido
Nele, para que Ele se tome tudo para nós e sejamos
um com Ele na prática em nossa vida diária. Dessa
forma podemos ter a comunhão mais íntima e
próxima com Deus. É assim que somos capazes de
entrar em Seu coração e apreender todos os seus
segredos (Sl 73:25; 25:14). Assim, não só percebemos,
mas também experimentamos, desfrutamos e
participamos totalmente dessas profundezas e coisas
ocultas de Deus.
CONHECERASPROFUNDEZASDEDEUS
No versículo 6, Paulo diz que a sabedoria da qual
falamos não é a deste século, ou dos poderosos desta
era. Em si mesmos, os seres humanos não são
capazes de conhecê-la. Ela tem de ser revelada pelo
Espírito. Portanto, no versículo 10, Paulo diz: “Mas
Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a
todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas
de Deus”. Deus nos revela as profundezas e coisas
ocultas por meio do Espírito, porque elas não foram
vistas por olhos humanos, ouvidas por ouvidos
humanos, nem subiram ao coração humano. Isso
quer dizer que o homem não tem idéia sobre elas, não
cogita delas. São totalmente misteriosas, ocultas em
Deus e estão além da compreensão humana. Deus
porém, no-las revelou pelo Espírito, que sonda todas
as coisas, até mesmo as profundezas de Deus.
Ter alguma coisa revelada a nós é diferente de ser
ensinado sobre isso. Ensinar relaciona-se com a
mente; revelar, com o nosso espírito. Para perceber as
profundezas e coisas ocultas que Deus preparou para
nós, o espírito humano é mais necessário que a
mente. Quando todo o nosso ser se tornar um com
Deus, amando-O em íntima comunhão, Ele nos
mostrará, em nosso espírito por meio do Seu Espírito,
todos os segredos de Cristo como nossa porção. Isso é
revelar as coisas ocultas planejadas pela Sua
sabedoria acerca de Cristo, coisas que nunca subiram
ao coração humano.
Primeira Coríntios 2:10 diz que o Espírito sonda
todas as coisas.
O verbo grego traduzido por sondar é usado em
referência ao perscrutar ativo, e implica
conhecimento acurado obtido não por descoberta,
mas por exploração. O Espírito de Deus explora as
profundezas de Deus com relação a Cristo e no-las
mostra em nosso espírito para a nossa percepção e
participação.
As profundezas de Deus são Cristo em muitos
aspectos como nossa porção eterna, preordenado,
preparado e dado a nós livremente por Deus. Esses
aspectos nunca penetram no coração humano, mas
são revelados a nós em nosso espírito pelo Espírito de
Deus. Daí precisarmos ser espirituais a fim de
participar deles. Precisamos agir e viver em nosso
espírito para desfrutar Cristo como tudo para nós.
HOMENSANÍMICOS
O versículo 14 diz: “Ora, o homem natural5 não
aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são
loucura; e não pode entende-las porque elas se
discernem espiritualmente”. O versículo 13 enfatiza
os meios espirituais, isto é, as palavras espirituais
pelas quais as coisas espirituais são faladas. Os
versículos 14 e 15 ressaltam o objeto espiritual, isto é,
um homem espiritual, não anímico, que é capaz de
discernir as coisas espirituais. Tanto os meios como o
objeto precisam ser espirituais. As coisas espirituais
precisam ser proferidas por meio de palavras
5
O vocábulo natural, nesse versículo, é literalmente animico, isto é, da alma, relativo à alma. (N.T.)
espirituais ao homem espiritual.
Um homem anímico é um homem natural,
alguém que vive na alma, e não no espírito. Tal
homem não recebe as coisas do Espírito de Deus;
antes, rejeita-as. Os judeus religiosos que queriam
sinais e os gregos filosóficos que buscavam sabedoria
(1:22) eram tais homens naturais, para os quais as
coisas do Espírito de Deus eram loucura (1:23).
As coisas do Espírito de Deus no versículo 14 se
referem às profundezas de Deus acerca de Cristo
como nossa porção. Um homem anímico não
consegue conhecê-las porque não tem constituída
nele a capacidade de percepção espiritual. Dessa
forma, ele não é capaz de conhecer as coisas
espirituais. As coisas espirituais são espiritualmente
discernidas, examinadas e investigadas por pessoas
espirituais com meios espirituais.
De acordo com o contexto de 1 Coríntios, um
homem anímico é alguém que vive conforme a
cultura grega. Em princípio, os que vivem segundo a
própria cultura são anímicos. Se um crente chinês
viver de acordo com a ética chinesa, ele é anímico.
Igualmente, se um irmão americano viver de acordo
com a moderna cultura americana, ele também é um
homem anímico. Daí um homem anímico ser alguém
que vive em sua cultura.
DISCERNIMENTO ESPIRITUAL
No versículo 14, Paulo enfatiza que as coisas do
Espírito de Deus são espiritualmente discernidas. Se
quisermos discerni-las, precisamos saber que temos
um espírito. Então precisamos perceber que o
Espírito de Deus habita em nosso espírito e ainda
exercitar o nosso espírito para discernir coisas
espirituais de forma espiritual.
No versículo 15, Paulo diz: “Mas o que é
espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é
discernido” (VRC). Ser espiritual é agir e viver em
nosso espírito pelo Espírito de Deus, que habita em
nosso espírito. Os que não exercitam o espírito, não
têm como discernir um homem espiritual. Assim
como uma vaca não aprecia boa música, também uma
pessoa anímica não consegue discernir alguém
espiritual. Hoje, muitos cristãos podem ser
comparados a vacas ouvindo música: não têm
capacidade de apreciar ou discernir o que ouvem.
Esses cristãos podem prontamente entender coisas
mundanas ou naturais, mas não são capazes de
discernir coisas ou pessoas espirituais.
A MENTE DE CRISTO
O versículo 16 é uma conclusão desse trecho de 1
Coríntios: “Pois, quem conheceu a mente do Senhor,
que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de
Cristo”. Porque somos organicamente um com Cristo,
temos todos as faculdades que Ele tem. A mente é a
faculdade de inteligência, o órgão de compreensão.
Temos tal órgão de Cristo, para que saibamos o que
Ele sabe. Temos não só a vida de Cristo mas também
a Sua mente. Cristo precisa saturar nossa mente a
partir de nosso espírito, tornando-a uma com a Dele.
Quando somos um com Cristo, Sua mente se torna
nossa mente. Isso não deve ser mera doutrina para
nós; tem de ser a nossa experiência e prática.
ESTUDO-VIDA DE PRIMEIRA CORÍNTIOS
MENSAGEM DEZOITO
OS DOIS ESPÍRITOS CONHECEM CRISTO COMO AS
PROFUNDEZAS DE DEUS
AS PROFUNDEZAS DE DEUS
Cristo, que é a sabedoria de Deus em mistério, é
até mesmo as profundezas de Deus. No versículo 10,
Paulo diz: “Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito;
porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até
mesmo as profundezas de Deus”. O próprio Cristo é
as profundezas de Deus. Todo cristão autêntico sabe
que Cristo é o Salvador que morreu na cruz pelos
nossos pecados. Entretanto, conhecê-Lo dessa forma
é conhecer somente coisas superficiais. Que são então
as profundezas? Como as profundezas de Deus, Cristo
inclui coisas tais como a sabedoria e o mistério de
Deus.
Antes de ser salvo, você conhecia o propósito do
universo e o sentido da vida humana? Com certeza
não. Você não conhecia o propósito de sua vida na
terra ou qual seria o seu destino. Tanto o propósito do
universo como o sentido de sua vida eram um
mistério. Somente quando recebemos uma visão
sobre Cristo e experimentamos a salvação de Deus
'podemos entender tal mistério. Os cristãos já
receberam a salvação de Cristo, mas muitos não
tiveram a visão sobre Ele. Como conseqüência, ainda
não conhecem o sentido da vida. Porém, quando
temos a visão de Cristo na economia divina,
começamos a perceber que Ele mesmo é o propósito
do universo e também o sentido da vida humana.
Fomos criados por Deus para Cristo, e hoje vivemos
para Cristo. Ele é nossa vida, o propósito de nossa
vida e também o objetivo de nosso viver. Além disso,
é o nosso destino: é a Ele que nos dirigimos. Quando
recebemos tal visão acerca de Cristo, começamos a
conhecer o mistério do universo e da vida humana.
Espontaneamente, tornamo-nos sábios porque O
temos como sabedoria de Deus. Então, pouco a pouco
e passo a passo, passamos a conhecê-Lo como as
profundezas de Deus.
UM LIVRO DE COMPLICAÇÕES
Romanos e 1 Coríntios são compostos de
dezesseis capítulos cada. Em contraste com
Romanos, 1 Coríntios não é um livro de doutrinas,
mas de práticas. Entretanto, essa Epístola é bem
complicada. Normalmente, as questões doutrinárias
são complicadas. Parece que, ao discutir doutrinas,
não importa quando e onde, enfrentamos
complicações. Entretanto, é estranho que num livro
doutrinário como Romanos não haja complicações.
Assim, desde jovem, desfrutei o livro de Romanos,
porque ele não tinha complicação. Mas não me
importava muito com 1 Coríntios. Às vezes, ao ler a
Bíblia, eu pulava esse livro, querendo evitar todas as
complicações e problemas que ele contém.
Exemplos das complicações em 1 Coríntios são
encontrados nos capítulos um, cinco e quinze. Em
1:10, Paulo roga aos crentes em Corinto que não haja
divisões entre eles. Depois, nos versículos 11 e 12, fala
de contendas e divisões: “Pois a vosso respeito, meus
irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe, de que
há contendas entre vós. Refiro-me ao fato de cada um
de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de
Cefas, e eu de Cristo”. Certamente, o relatório que ele
recebeu dizia respeito a uma situação complicada.
No capítulo cinco, Paulo lida com o pecado
grosseiro da fornicação. Essa questão é tão terrível
que nem mesmo gosto de falar sobre isso. Depois, no
capítulo quinze, vemos que alguns dos crentes diziam
não haver ressurreição. Considerando esses três
capítulos, observamos que havia sérias complicações
entre os crentes em Corinto.
Visto que 1 Coríntios envolve as complicações na
prática da vida da igreja, em certo sentido, não gosto
desse livro. Todavia, noutro sentido bem diferente,
amo muito essa Epístola. Isso pode parecer
contraditório, mas é, na verdade, uma maneira de ver
o livro em dois aspectos. Muitas coisas na Bíblia
parecem contraditórias. Por exemplo: Deus é um,
contudo é triúno. O Espírito de Deus é um;
entretanto, o livro de Apocalipse fala dos sete
Espíritos. Também parece contraditório dizer que
Cristo é tanto Deus como homem. Ao manter o
princípio de ver os dois lados da verdade na Bíblia,
posso dizer que, ao ver 1 Coríntios de um ângulo, não
gosto desse livro, mas, ao vê-lo de outro ângulo, gosto
muito dele.
AS COISAS DE DEUS
Nos versículos 17 a 25, Paulo chega às coisas de
Deus. Em 1:18, ele menciona a palavra da cruz. A
palavra da cruz é uma das coisas de Deus. Para nós
que estamos sendo salvos, a palavra da cruz é o poder
de Deus. O poder de Deus é também um aspecto das
coisas de Deus. Segundo os versículos 19 e 20, Deus
destruirá a sabedoria dos sábios, porá de lado o
entendimento dos prudentes e tomará em loucura a
sabedoria do mundo. Essas questões também devem
ser incluídas entre as coisas de Deus. No versículo 21,
Paulo diz: “Visto como, na sabedoria de Deus, o
mundo não o conheceu por sua própria sabedoria,
aprouve a Deus salvar os que crêem, pela loucura da
pregação”. Até mesmo a loucura da pregação é uma
das coisas de Deus. O versículo 24 continua: “Mas
para os que foram chamados, tanto judeus como
gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria
de Deus”. O poder e sabedoria de Deus são outras
coisas mais de Deus. Por fim, no versículo 25, Paulo
declara: “Porque a loucura de Deus é mais sábia do
que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do
que os homens”. Paulo até inclui a loucura de Deus e
a fraqueza de Deus entre as coisas de Deus.
No versículo 26, ele novamente se volta para as
coisas do homem: “Irmãos, reparai, pois, na vossa
vocação; visto que não foram chamados muitos
sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem
muitos de nobre nascimento”. De acordo com o
conceito humano, devemos considerar-nos sábios, e
não tolos.
Nos versículos 27 e 28, Paulo outra vez fala das
coisas de Deus: “Pelo contrário, Deus escolheu as
coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e
escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar
as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do
mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para
reduzir a nada as que são”. Aqui vemos o que Deus
escolheu. As coisas de Deus aqui incluem escolher os
loucos para envergonhar os sábios, os fracos para
envergonhar os fortes e as coisas humildes e
desprezadas, as que não são para reduzir a nada as
coisas que são. O resultado é que nenhuma carne, isto
é, ninguém, deve gloriar-se perante Deus (v. 29).
O versículo 30 diz: “Mas vós sois dele, em Cristo
Jesus, o qual se nos tomou da parte de Deus
sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção”. As
coisas de Deus, por certo, incluem o fato de Deus nos
colocar em Cristo Jesus.
DOIS EXTREMOS
Muitos crentes não têm uma compreensão
adequada do Espírito de Deus. Alguns
fundamentalistas enfatizam a doutrina. Em muitos
casos, eles até temem falar sobre o Espírito. Não dão
a devida atenção aos dois espíritos no Novo
Testamento. Especificamente, não dão ênfase
adequada aos dois espíritos nas Epístolas de Paulo.
Assim, representam um extremo com respeito ao
Espírito de Deus.
Certos cristãos no movimento pentecostal ou
carismático representam outro extremo, porque
enfatizam em excesso dons específicos do Espírito,
tais como cura e falar em línguas. A situação entre
muitos deles é muito semelhante à dos crentes em
Corinto: colocam muita ênfase em línguas e milagres.
Em muitos casos, as supostas ocorrências de falar em
línguas e cura não são autênticas. De acordo com Atos
2, falar em línguas tem de ser falar uma língua ou
dialeto. O autêntico falar em língua não consiste em
mera repetição de sons. Se um lingüista registrar e
estudar o assim chamado falar em línguas praticado
em muitos grupos carismáticos hoje, vai concluir que
os sons proferidos não pertencem a qualquer língua
ou dialeto.
Em algumas reuniões carismáticas, tanto o falar
em línguas como a interpretação não são autênticas.
Por exemplo, alguém pode proferir certos sons, que
recebem certa interpretação. Em outra ocasião, a
mesma pessoa pode proferir os mesmos sons, mas
esses recebem outra interpretação. Numa ocasião, a
interpretação pode ser uma exortação para ser
humildes diante do Senhor, e, em outra, pode ser
uma palavra sobre um terremoto ou a vinda do
Senhor. Certos crentes devotam muita atenção ao
exercício dos assim chamados dons espirituais sem
qualquer tentativa de discernir o que é verdadeiro do
que é falso.
Em alguns grupos cristãos, há grande ênfase na
cura milagrosa. Certa vez fui de propósito a uma
campanha de cura em Manila, para ver se havia
algum caso de cura autêntica. Nas reuniões a que fui,
não houve nenhum. Alguns diziam ter sido curados,
mas por fim essa suposta cura foi comprovada como
mero fenômeno psicológico. Não houve cura
permanente. Depois de certo tempo, todos que
supostamente tinham sido curados naquela reunião,
estavam do mesmo jeito que antes.
Em alguns grupos pentecostais, houve o anúncio
de que em suas reuniões os dentes das pessoas se
enchiam miraculosamente de ouro. Eu
absolutamente não creio, em tais relatos. Por que não
iria Deus restaurar os dentes em vez de enchê-los de
ouro? Isso estaria mais em concordância com o
princípio na Bíblia. Além do mais, se tais milagres
tivessem de fato acontecido, repórteres teriam sabido
a respeito e os noticiariam.
Em 1963, fui a algumas reuniões de um grupo
pentecostal. Numa dessas reuniões, uma mulher
proferiu uma palavra curta em línguas. Então um
jovem deu uma longa interpretação dela. Mais tarde,
o líder do grupo admitiu que a interpretação dada
pelo jovem não era autêntica. Muito depois, encontrei
esse jovem em outro lugar e perguntei-lhe sobre a
interpretação que ele dera. Em particular,
perguntei-lhe se ele cria que a interpretação era
autêntica. Ele negou que o que tinha falado
tencionava ser a interpretação da mensagem em
línguas que a mulher havia dado. Então lembrei-o
que ele tinha claramente indicado a todos os
presentes que dera a interpretação. Prossegui: “Não
há necessidade de fazer tais coisas. Eu
definitivamente creio que você ama o Senhor. Por que
simplesmente não prega a verdade e ministra as
riquezas de Cristo aos outros?”
A situação do cristianismo hoje é muito parecida
com a da igreja em Corinto. Há a negligência ao
espírito humano e a freqüente identificação do
espírito com a alma. Ademais, há também a
negligência do Espírito de Deus por causa da
preocupação com doutrina, ou pela ênfase exagerada
dos dons espirituais, autênticos ou não.
O CRISTO CRUCIFICADO
Ao lidar com a divisão e confusão em Corinto,
Paulo não dependeu de doutrina. Pelo contrário,
tomou como base a experiência de Cristo. Em 2:1 e 2,
ele diz: “Eu, irmãos, quando fui ter convosco,
anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com
ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque
decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e
esse crucificado”. O Cristo crucificado era o único
tema, centro, conteúdo e substância do ministério do
apóstolo. Cristo crucificado é o centro da economia de
Deus. Paulo decidiu que entre os coríntios, ele nada
saberia exceto o Cristo crucificado.
A NECESSIDADE DE EXERCITAR O
ESPÍRITO
Uma coisa é ficar na mente natural e procurar
entender questões de maneira tradicional. É muito
diferente de exercitar o espírito para conhecer coisas
segundo a Palavra de Deus. Suponha que certo
professor universitário afirme ser ateu. Conforme sua
compreensão mental, não há Deus. Além disso, ele
diz aos outros que Deus não existe, mas se tal pessoa
se voltasse para o espírito, automaticamente oraria:
“Ó Deus, perdoa-me”. De acordo com sua
mentalidade, não há Deus, porque na mente natural é
impossível conhecê-Lo. Mas se ele se voltasse para o
espírito, imediatamente teria a sensação de Deus e
perceberia que precisa orar e pedir perdão.
Esse princípio com certeza se aplica a nós como
crentes. Alguns podem argumentar que nada há de
errado em haver muitas igrejas numa cidade. Tal
afirmação é feita de acordo com o conceito natural,
mas se essa pessoa se voltar ao espírito e ler o Novo
Testamento, vai adorar o Senhor e dizer: “Ó Senhor,
Tu és único, e Tua igreja também é única. Tu és a
Cabeça, e a igreja é o Corpo. Agora vejo que há uma
Cabeça e um Corpo. Também vejo que a expressão da
igreja numa cidade tem de ser única. Senhor,
perdoa-me por dizer que pode haver muitas igrejas
numa cidade”. Novamente vemos que usar somente a
mente natural para entender as coisas nos dá um
quadro, mas voltar ao espírito para perceber as coisas
espirituais nos dá outro quadro.
Porquanto Paulo exercitava o espírito, ele tinha
um conhecimento completo da situação e condição
dos crentes em Corinto. No capítulo dois, ele parece
dizer-lhes: “Visto que vocês, coríntios, ainda estão
usando apenas a mente filosófica grega, não
percebem a si mesmos. Com a mente não é possível
conhecer as coisas do homem. Vocês não conhecem a
sua situação, posição, condição, necessidade ou
destino. Pensam que são muito sábios, mas na
verdade são tolos e cegos. Conheço as coisas do
homem porque estou no espírito. Somente o espírito
do homem conhece as coisas do homem. Já que vocês
exercitam a mente, e não o espírito, não conhecem as
coisas do homem acerca da experiência de Cristo e a
igreja. Não percebem que estão do lado errado e
numa condição errada. Além do mais, perdem o
suprimento de Deus para suas necessidades. Nem
mesmo percebem que estão negligenciando seu
destino”.
Se exercitarmos o espírito, descobriremos que
nele habita o Espírito de Deus. Então conheceremos
não só as coisas do homem, mas também as de Deus.
Conheceremos a nós mesmos e também a Cristo.
Preocupo-me que até mesmo alguns entre nós
talvez não conheçam a si mesmos adequadamente.
Alguns talvez não saibam que estão na condição
errada. Pode haver muitas coisas que ainda não
confessaram a Deus e sobre as quais não foram por
Ele purificados. Podem ser orgulhosos nos
pensamentos, pensando que estão certos e todos os
demais, inclusive a igreja inteira, estão errados. Essa
maneira de pensar sobre si mesmos advém do seu
fracasso em exercitar o espírito. Mas se se voltassem
ao espírito e o exercitassem, diriam: “Ó Senhor, sou o
único que está errado. Estou errado em tudo e com
todos. ó Senhor, perdoa-me e purifica-me”.
Exercitar o espírito nos introduz no Espírito de
Deus. O Espírito de Deus nos capacita a conhecer não
só em que estamos errados, mas também que Deus
nos ama e Cristo quer ser nossa vida e pessoa. Pelo
Espírito de Deus, podemos também conhecer Cristo
como sabedoria de Deus para nós. Se continuarmos,
então, a viver no espírito mesclado, em nosso espírito
humano unido ao Espírito de Deus, descobriremos
que Cristo é nossa justiça, santificação e redenção
diárias. Vamos experimentá-Lo e desfrutá-Lo.
Também sentiremos nossa necessidade da igreja e
desejaremos ir às reuniões, embora outros possam
criticar-nos e questionar o que estamos fazendo.
Se usarmos o espírito, primeiro viremos a
conhecer a nós mesmos. Especificamente, saberemos
em que estamos errados em nossa posição, condição e
situação. Também saberemos em que estaremos
perdendo de vista as provisões divinas que Deus nos
predestinou, preparou, revelou e deu. Então faremos
uma confissão ao Senhor e buscaremos o Seu perdão.
Por fim, perceberemos que o Espírito de Deus habita
em nós e está ansioso por nos mostrar o quanto Cristo
nos ama e quão rico Ele é para nós, para nossa
experiência e desfrute. Isso nos fará desfrutar o
Senhor e ter um desejo crescente pela vida da igreja.
Essa é a experiência do espírito do homem
conhecendo as coisas do homem, e do Espírito de
Deus conhecendo as coisas de Deus.
ESTUDO-VIDA DE PRIMEIRA CORÍNTIOS
MENSAGEM VINTE E DOIS
A IGREJA: LA VOURA E EDIFÍCIO DE DEUS (1)
A LAVOURA DE DEUS
O título desta mensagem é “A Igreja: Lavoura e
Edifício de Deus”. Esse título indica que a igreja é
tanto lavoura como edifício de Deus. Todos sabemos
que o propósito da lavoura é produzir alimento. Um
edifício é uma estrutura feita de certo material.
Aparentemente, uma lavoura não está relacionada
com um edifício porque a lavoura produz alimento, e
não material de construção. Ninguém construiria
uma casa com o produto cultivado numa lavoura. Os
produtos da lavoura aparentemente não são úteis
para construir. Entretanto, a lavoura no versículo 9 é
para a edificação. Tudo o que aí é produzido visa à
edificação.
No versículo 9, Paulo fala primeiro da lavoura de
Deus, depois do edifício de Deus. O motivo dessa
ordem é que o edifício depende da lavoura. Se não
houver lavoura, não poderá haver o edifício, porque a
lavoura produz material para o edifício.
O ÚNICO FUNDAMENTO
Sabemos, por meio de 3:11, que Cristo é o único
fundamento para a igreja como edifício de Deus.
Ninguém pode lançar outro fundamento. Entretanto,
alguns crentes em Corinto tomavam Paulo, Apolo ou
Cefas como seu fundamento. Ao declarar que eram de
Paulo, Apolo ou Cefas, estavam dizendo que esses
eram seu fundamento e base. Em 1:13, Paulo lhes
pergunta: “Foi Paulo crucificado em favor de vós ou
fostes, porventura, batizados em nome de Paulo?”
Fazendo-lhes essas perguntas, ele enfatizou que ele
não é o fundamento único. Pelo contrário, ele diz em
3:10: “Segundo a graça de Deus que me foi dada,
lancei o fundamento como prudente construtor”. a
único fundamento não é Paulo, Apolo, Cefas ou
qualquer outro além de Jesus Cristo, o Filho de Deus.
O problema entre os coríntios é que eles
tentavam lançar muitos outros fundamentos. Vemos
no capítulo catorze que, para alguns, falar em línguas
era um fundamento. Isso indica que é possível uma
prática específica tomar-se um fundamento.
Portanto, Paulo queria que os crentes em Corinto
percebessem que ele já tinha lançado o único
fundamento: Jesus Cristo.
Primeira Coríntios 3:10 diz: “Segundo a graça de
Deus que me foi dada, lancei o fundamento como
prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém
cada um veja como edifica”. Esse versículo indica que
a igreja é edificada não só pelos ministros de Cristo,
como Paulo, Apolo e Cefas, mas por cada membro do
Corpo. Cada um de nós tem de ser um construtor.
Devemos perceber não só que somos
construtores, mas também que precisamos atentar
para o modo de edificar sobre Cristo como o único
fundamento. Como veremos, a igreja, a casa de Deus,
tem de ser edificada com ouro, prata e pedras
preciosas, o material produzido pelo crescimento de
Cristo em nós. Contudo, como indica o versículo 12,
há a possibilidade de edificar com madeira, feno e
palha, material produzido por nós na carne e na vida
natural. Daí, cada um de nós, cada membro do Corpo,
tem de ver como edifica, isto é, precisamos atentar
para o material com que edificamos. Precisamos
edificar com ouro, prata e pedras preciosas, e não
com madeira, feno e palha.
ESTUDO-VIDA DE PRIMEIRA CORÍNTIOS
MENSAGEM VINTE E QUATRO
O NECESSÁRIO CRESCIMENTO EM VIDA (1)
CRIANÇAS EM CRISTO
Em 3:1, Paulo se refere aos crentes em Corinto
como crianças em Cristo. Embora tivessem recebido
todos os dons iniciais em vida e de nenhum tivessem
falta (1:7), eles não tinham crescido em vida depois de
recebê-los; antes, permaneciam como crianças em
Cristo; não espirituais, mas carnais. O apóstolo aqui
enfatiza a deficiência deles e indica sua necessidade,
isto é, crescer em vida até a maturidade, ser
plenamente crescidos (2:6; Cl 1:28).
No versículo 2, Paulo prossegue: “Leite vos dei a
beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não
podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque
ainda sois carnais”. Dar leite a beber ou comida para
comer é alimentar os outros. Alimentar refere-se à
vida. Isso difere de ensinar, que se refere ao
conhecimento. O que o apóstolo ministrava aos
crentes coríntios parecia ser conhecimento. Na
verdade, era leite (ainda não era alimento sólido), e
isso devia tê-los nutrido. Leite é principalmente para
crianças, ao passo que alimento sólido é para os
amadurecidos (Hb 5:12). O fato de os crentes
coríntios não poderem receber alimento sólido indica
que não estavam crescendo em vida.
No versículo 3, Paulo continua: “Porquanto,
havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim
que sois carnais e andais segundo os homens?”
Ciúmes e contendas são expressões e características
da natureza da carne. Daí, caracterizam os que estão
na carne, os que são carnais. Todo ser humano caído
é carne (Rm 3:20; GI2:16). Por isso, andar de acordo
com o homem é andar segundo a carne.
O versículo 4 diz: “Quando, pois, alguém diz: Eu
sou de Paulo; e outro: Eu, de Apolo; não é evidente
que andais segundo os homens?” A palavra homens
aqui se refere a homens da carne, a homens naturais
caídos, a homens do mundo. Em vez de andar de
acordo com o homem natural, devemos andar
conforme o espírito mesclado. Contudo, ao dizer que
eram de Paulo ou de Apolo, os coríntios andavam de
acordo com o homem natural caído. Eles não viviam e
agiam segundo o Espírito em seu espírito humano
regenerado. No versículo 8, Paulo declara: “Ora, o
que planta e o que rega são um”. Ele aí parece estar
dizendo: “Eu e Apolo somos um. Sou um com Apolo e
ele é um comigo. Por que vocês tentam dividir-nos?
Por que alguns de vocês dizem que são dele e outros
dizem que são meus? Falar dessa maneira é ser
faccioso. Apolo e eu somos um no ministério dado por
Deus. Eu plantei e ele regou, mas ambos partilhamos
do único ministério. Além do mais cada um receberá
o seu próprio galardão conforme seu próprio labor.
Somos os cooperadores de Deus e vocês, a lavoura, o
edifício de Deus”.
OS COOPERADORES DE DEUS
No versículo 8, Paulo diz que o que planta e o que
rega são um. No mesmo versículo, ele prossegue
dizendo: “Cada um receberá o seu galardão, segundo
o seu próprio trabalho”. O galardão é um incentivo
aos ministros de Cristo que laboram plantando ou
regando na lavoura de Deus.
Em 3:9, Paulo diz: “Porque de Deus somos
cooperadores”. Isso indica que Deus é também um
trabalhador. Enquanto os ministros de Cristo, Seus
cooperadores, trabalham na lavoura divina, Deus
também trabalha. Que privilégio e glória que os
homens sejam cooperadores de Deus, trabalhando
juntos com Ele em Sua lavoura para cultivar Cristo!
ESTUDO-VIDA DE PRIMEIRA CORÍNTIOS
MENSAGEM VINTE E CINCO
O NECESSÁRIO CRESCIMENTO EM VIDA (2)
O ENCARGO DE PAULO
Sabemos pela palavra de Paulo em 3:1 que os
crentes coríntios não tinham crescido em vida, mas
permaneciam no estágio de infância. Assim, com
encargo de indicar a necessidade de crescimento, ele
diz: “Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio
de Deus. De modo que nem o que planta é alguma
coisa, nem o que rega, mas Deus que dá o
crescimento” (vs. 6-7). Isso indica claramente que os
crentes precisavam do plantar e do regar a fim de
crescer em vida.
Já enfatizamos que, embora os coríntios
tivessem recebido neles a vida divina e o Espírito
Santo como semente, eles permaneciam na
infantilidade e não cresciam em vida. Na verdade,
continuavam a viver na cultura, filosofia e sabedoria
gregas. Isso causou confusão em sua vida cristã,
danos à vida da igreja e ruína à vida do Corpo. Daí, ao
escrever essa Epístola, Paulo teve encargo de lhes
dizer que já não deviam viver sua cultura, sabedoria e
filosofia gregas.
Quando Paulo usa a palavra sabedoria no
capítulo um, ele está especificamente se referindo à
sabedoria da cultura grega. Creio que quando os
coríntios leram essa Epístola, perceberam que a
sabedoria equivale à cultura. Eles permaneciam na
cultura nativa e viviam nela. Paulo, entretanto,
parecia dizer: “Irmãos, Deus os chamou à comunhão
de Seu Filho, e não à sua cultura. O próprio Cristo que
é sua porção e para cuja comunhão vocês foram
chamados tomou-se sabedoria de Deus para vocês.
Ele diariamente é sua justiça, santificação e redenção.
Não vivam mais sua cultura, mas Cristo. Como
sabedoria de Deus, Cristo é as coisas profundas de
Deus. a que os olhos humanos não viram, o que os
ouvidos humanos não ouviram e o que o coração do
homem nunca imaginou foi revelado a nós mediante
o Espírito de Deus. Essas coisas, as profundezas de
Deus, estão relacionadas com Cristo como sabedoria
misteriosa de Deus para nosso destino”.
Paulo tinha encargo de que os crentes coríntios
crescessem em vida. Ele sabia que se quisessem
crescer em vida, espontaneamente teriam uma vida
cristã adequada. Então a realidade da vida da igreja
existiria entre eles e a autêntica vida do Corpo seria
edificada. Eles seriam a igreja não somente de nome,
mas em realidade, em vida e em experiência de
Cristo. Então seriam a lavoura de Deus e o Seu
santuário, de modo verdadeiro e prático.
SINAIS DE INFANTILIDADE
Em 1 Coríntios 3, vemos que os crentes em
Corinto mostraram certos sinais de infantilidade. O
versículo 2 diz: “Leite vos dei a beber, não vos dei
alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá10.
Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais”.
Um sinal de infantilidade entre os crentes é o de ser
capaz de receber somente leite, e não alimento sólido.
Uma vez que um crente permanece no estágio de
infância, ele não é capaz de receber coisa alguma
sólida, não importa quantas mensagens ouça que
contenham comida sólida.
Até certo ponto pelo menos, esse sinal de
infantilidade está presente entre nós. Ano após ano,
alimento sólido tem sido ministrado aos santos, mas
em muitos casos, pela reação ao que é ministrado,
eles mostram que não são capazes de chegar a esse
nível. Isso indica que muitos não são capazes ainda de
receber alimento sólido. Antes, só podem tomar leite.
Isso é sinal de infantilidade.
Recentemente, em determinada reunião, os
santos estavam revisando uma das mensagens de
Estudo-Vida sobre 1 Coríntios. Eu esperava que a
reação dos santos indicasse que tinham digerido
algum alimento sólido. Entretanto, de acordo com o
que foi compartilhado, tomou-se evidente que muitos
tinham recebido somente leite. Eu esperava que
alguns testificassem que, pela misericórdia do
Senhor, estavam experimentando Cristo diariamente
como justiça, santificação e redenção, mas não houve
testemunhos desse tipo. Ademais, em vez de se
importar com os “diamantes” encontrados nas
mensagens, muitos prestaram mais atenção à
“embalagem” e à “caixa”. Eles falaram sobre a caixa e
sobre a embalagem, mas negligenciaram os
diamantes. Os que têm crescimento de vida não estão
preocupados com embalagens ou caixas, mas
concentram-se nos diamantes. Em seus testemunhos,
eles apreciam os diamantes e falam deles.
Há muitos diamantes nos capítulos um e dois de
1 Coríntios. Entretanto, por todas as gerações, a
maioria dos leitores dessa Epístola tem tocado
somente nas embalagens ou na caixa, e não nos
diamantes, nas coisas profundas de Deus. Por
exemplo, quando testificamos sobre 1:30, devemos
ser capazes de dizer como Cristo se torna sabedoria
para nós da parte de Deus em nossa vida diária. Um
irmão pode testificar que, na vida conjugal, desfruta
Cristo como sua justiça, santificação e redenção
atuais, vivas e instantâneas. Falar dessa maneira é
mostrar que vimos os diamantes e não apenas a
embalagem.
Estou muito preocupado que determinados
líderes, que ministram a Palavra em suas cidades,
repitam as mensagens dadas pelo ministério sem que
eles mesmos tenham visto os diamantes. Eles podem
encorajar os santos e adverti-los sobre o crescimento
de vida e ensiná-los a embrulhar os diamantes, como
pô-los em bonitas caixas e valorizar os diamantes e
amá-los. Podem falar muito sobre “como”, sem ter
tido a verdadeira visão dos diamantes. Entretanto,
espero que cada vez mais os líderes e todos os santos
sejam capazes de testificar do que viram e
experimentaram acerca dos diamantes em 1
Coríntios.
A palavra de Paulo sobre a comunhão do Filho de
Deus em 1:9 é certamente um diamante. Precisamos
testificar essa comunhão, esse desfrute mútuo, não de
forma doutrinária, mas experimental. Aprender
doutrina é receber somente leite, ao passo que tomar
os diamantes de forma experimental é receber
alimento sólido. O primeiro sinal de infantilidade é
não ser capaz de absorver alimento sólido.
No versículo 3, Paulo expõe um segundo sinal de
infantilidade: “Porquanto, havendo entre vós ciúmes,
e contendas, não é assim que sois carnais e andais
segundo o homem?” Os que são crianças são cheios
de ciúmes e contendas, e andam de acordo com o
homem, isto é, segundo o homem caído na carne. Os
que são crianças, que são superficiais acerca das
coisas espirituais, ainda têm ciúmes e contendas.
Qualquer contenda ou ciúme entre nós indica
infantilidade.
Suponha que um irmão dê um testemunho muito
bom na reunião. Então, outro irmão, ouvindo esse
testemunho, decide dar um testemunho ainda
melhor. Isso é contenda, sinal da infantilidade desse
irmão.
Suponha que somente alguns irmãos digam
amém ao testemunho que você dá, mas muitos digam
amém ao testemunho de outro. Se isso aborrece você,
expõe o fato de que com você ainda tem alguma
contenda ou ciúme. Devemos ficar felizes quando há
uma resposta alta de amém pelo testemunho de um
irmão. Devemos louvar o Senhor por haver tal
“diamante” entre nós.
Um terceiro sinal de infantilidade é exaltar
gigantes espirituais causando divisões. Em 3:4 e 5,
Paulo escreve: “Quando, pois, alguém diz: Eu sou de
Paulo, e outro: Eu, de Apolo, não é evidente que
andais segundo os homens? Quem é Apolo? E quem é
Paulo? Servos por meio de quem crestes, e isso
conforme o Senhor concedeu a cada um”. O fato de
que os coríntios exaltavam certas pessoas é outra
indicação de sua imaturidade. No versículo 7 Paulo
ressalta que tanto os que plantam como os que regam
nada são, mas Deus é tudo no tocante ao crescimento
de vida. Se voltarmos os olhos somente para Deus,
seremos libertados da tendência facciosa que resulta
de apreciar um ministro de Cristo em detrimento de
outro.
É possível que sejamos como os coríntios ao
exaltar certos gigantes espirituais e com isso
causemos divisões. Alguns podem declarar: “Gosto
muito desse irmão e penso que o seu falar é
excelente”. Na vida da igreja não devemos ter
preferências acerca de oradores, presbíteros, irmãos
ou irmãs. Ter preferências é sinal de infantilidade.
Os três sinais de infantilidade enfatizados por
Paulo nesse capítulo são os mesmos entre muitos
cristãos hoje. Poucos crentes são capazes de receber
alimento sólido. Ciúmes, contendas e exaltação de
certas pessoas são comuns. Espero que entre nós na
restauração do Senhor, todos esses sinais de
infantilidade desapareçam. Quando ouvimos uma
mensagem, devemos ser capazes de penetrar nas
profundezas dela e não ser distraídos por embalagens
ou caixas. Além disso, não devemos ter ciúmes ou
contendas e não devemos ter quaisquer preferências
ou escolhas pessoais. Isso vai provar que crescemos e
até amadurecemos em vida.
A LAVOURA E O EDIFÍCIO
Nesse ponto, gostaria de dizer algo mais acerca
da igreja como lavoura e edifício de Deus. A expressão
“lavoura de Deus” se refere principalmente ao
crescimento em vida. O edifício, o santuário, refere-se
ao objetivo do propósito eterno de Deus. Dessa
forma, a igreja é a lavoura para produzir materiais
para que Deus cumpra Seu objetivo de ter o edifício.
Primeiro, temos a lavoura para o crescimento em
vida, depois o edifício para o cumprimento do
propósito eterno de Deus. Ser capaz de apreender
essas questões cruciais é indicação de que ingerimos
alimento sólido em 3:9. Louvado seja o Senhor
porque a lavoura visa ao crescimento em vida e o
edifício visa ao cumprimento do objetivo de Deus!
Em 3:17, Paulo diz que o santuário de Deus é
santo. De acordo com o contexto, ser santo aqui não é
simplesmente ser separado para Deus, mas quer dizer
não ser grego. Se pensarmos que a palavra sagrado
meramente significa ser separado, nossa
compreensão sobre esse versículo é superficial
demais e doutrinária. Para os coríntios, ser
separados para Deus significava não ser mais
gregos. No mesmo princípio, ser santos, separados
para Deus, significa que não somos mais americanos,
chineses, japoneses ou alemães. Se virmos isso, será
sinal de que recebemos alimento sólido do versículo
17. Isso prova que apreendemos algo experimental,
prático e profundo.
Ser edifício de Deus significa que não estamos
mais divididos ou espalhados. Conforme o contexto
desses capítulos, o edifício contrapõe-se à divisão.
Paulo sabia que os crentes gregos em Corinto se
tinham dividido devido às preferências. Em 1:12, ele
diz: “Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu
sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de
Cristo”. Isso indica que eles haviam sido espalhados;
não tinham sido nem mesmo empilhados, muito
menos edificados juntos para ser o santuário de Deus.
Repetindo, Deus deseja um edifício. A meta divina é o
edifício. Primeiro, Ele quer uma lavoura para cultivar
Cristo, e depois quer um edifício.
Os coríntios não tinham um edifício que era
santo, um edifício que estava fora da cultura grega.
Isso quer dizer que não tinham um edifício que era
santo e habitado pelo Espírito de Deus, que não
continha nada de sua sabedoria, filosofia e cultura.
Entretanto, o objetivo de Deus é ter um edifício
enchido com o Espírito de Deus, um edifício de
material cultivado em Sua lavoura. Como crentes,
todos precisamos ser pelo edifício de Deus.
A. Material Transformado
No versículo 12, Paulo diz: “Contudo, se o que
alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata,
pedras preciosas, madeira, feno, palha”. Ouro, prata e
pedras preciosas tipificam diversas experiências de
Cristo nas virtudes e atributos do Deus Triúno. É com
esse material que os apóstolos e todos os crentes
espirituais edificam a igreja sobre o único
fundamento de Cristo. Ouro pode representar a
natureza divina do Pai com todos os seus atributos;
prata pode tipificar o Cristo redentor com todas as
virtudes e atributos de Sua Pessoa e obra; pedras
preciosas podem significar a obra transformadora do
Espírito com seus atributos. Todo esse material
precioso é o produto de nossa participação em Cristo
e desfrute Dele em nosso espírito mediante o Espírito
Santo. Somente isso é bom para a edificação de Deus.
Como lavoura de Deus com plantar, regar e
crescer, a igreja deve produzir plantas; mas o material
adequado para a edificação da igreja são ouro, prata e
pedras preciosas, os quais são todos minerais. Assim,
a idéia de transformação está implícita aqui. Não
precisamos somente crescer em vida, mas também
ser transformados em vida, como é revelado em 2
Coríntios 3:18 e Romanos 12:2. Isso corresponde ao
conceito nas parábolas do Senhor em Mateus 13 sobre
o trigo, a semente de mostarda e a medida de farinha
(os quais' são todos vegetais) e o tesouro escondido
na terra, ouro e pedras preciosas (minerais). A igreja
é uma lavoura que produz ouro, prata e pedras
preciosas. Esses são minerais e normalmente são
extraídos da terra. No capítulo três porém, temos
uma lavoura que por fim produz ouro, prata e pedras
preciosas. Isso implica que, à medida que crescem, as
plantas na lavoura de Deus, por fim, se tornam
minerais. As plantas, é claro, são vegetais em
natureza, mas quando crescem são transformadas em
minerais. Desse modo, nesse capítulo, temos tanto
crescimento em vida como transformação. Tudo o
que é semeado na lavoura de Deus sofre, por fim,
transformação em natureza. Transformação não
envolve mera mudança exterior, mas interior,
orgânica, metabólica. No Novo Testamento,
transformação envolve metabolismo, processo no
qual um novo elemento é acrescentado em nosso ser
para substituir o antigo. Assim, transformação é uma
mudança metabólica. Primeiro somos plantas, mas
posteriormente nos tornamos minerais. Os que têm
experiência adequada de crescimento e
transformação podem testificar que se crescemos
adequadamente, a transformação vem
automaticamente em seguida. O crescimento produz
transformação e até se torna a própria transformação.
Quanto mais crescemos como plantas, mais nos
tomamos minerais.
Assim como uma criança tem de comer para
crescer, também nós, como plantas na lavoura de
Deus, precisamos comer algo para crescer. Se
quisermos crescer, precisamos ter o Deus Triúno: o
Pai, o Filho e o Espírito. Não crescemos por meio de
doutrina, advertência, ou encorajamento exterior;
crescemos por meio do Deus Triúno e com Ele.
Crescemos com Deus como uma Pessoa viva. Se
quisermos edificar sobre Cristo como o único
fundamento, precisamos do ouro, prata e pedras
preciosas que advêm como resultado de crescer com a
Pessoa viva do Deus Triúno.
B. Pelo Fogo
O fogo no versículo 13 denota o fogo no juízo do
Senhor (MI3:2; 4:1; 2Ts 1:8; Hb 6:8) que fará com
que a obra de cada crente seja manifesta e a porá à
prova e testará. Não é o fogo do purgatório, como
deturpa a interpretação do catolicismo. Toda a obra
de madeira, feno e palha não será capaz de resistir à
prova e será queimada.
B. Madeira
Específica e praticamente, a madeira aqui se
refere à natureza humana dos gregos. Por natureza,
os gregos são muito filosóficos. Creio que até
filosofavam sobre Cristo. Assim, a madeira refere-se à
sua natureza, ou composição natural. Por exemplo, os
chineses têm uma ética natural. Isso é a sua
“madeira”. Não devemos edificar a igreja com
madeira. Isso quer dizer que não devemos edificá-la
com nossa natureza, ou composição natural.
C. Feno
Já enfatizamos que o feno representa o homem
não redimido da carne. Madeira tipifica a natureza
dos gregos, enquanto feno representa o homem
natural dos gregos. Edificar a igreja com feno é
edificá-la com o que somos em nosso ser natural. Por
exemplo, o líder da Assembléia dos Irmãos que eu
freqüentava em Chefoo era uma pessoa muito
pausada e firme. Ele sempre caminhava cuidadosa e
lentamente. Ao ensinar a Bíblia, ele dizia que Deus
sempre faz as coisas vagarosamente. Por causa da
influência desse líder, quase todos na assembléia
aprendiam a ser pausados. Quando entravam no
salão de reuniões, caminhavam muito lentamente.
Além do mais, todas as orações nas reuniões eram
feitas com bastante vagar. Toda aquela assembléia
estava de acordo com o ser natural do líder. Isso é
uma ilustração do que significa edificar a igreja com
feno.
Edificar com feno é edificar com o que somos e
com o que preferimos. Suponha que uma pessoa
tenha forte preferência por falar em línguas. Procurar
promover falar em línguas é edificar com feno.
Sempre que edificamos segundo o que somos em
nosso ser natural ou conforme a nossa preferência
natural, edificamos com feno.
D. Palha
Palha representa a obra e o viver que resultam de
fonte terrena. A palha é totalmente destituída de vida.
Edificar com palha é até pior que edificar com
madeira e feno. Ciúmes, contendas, inveja, fofocas e
críticas são todos aspectos da palha. Pessoas
filosóficas são normalmente muito críticas. Quanto
mais pensam de forma filosófica, mais criticam os
outros. Tal crítica é palha.
É muito difícil entre os cristãos de hoje
encontrar-se o material de edificação apropriado.
Onde se consegue encontrar ouro, prata e pedras
preciosas? Entretanto, há abundância de madeira,
feno e palha. Em toda parte podemos ver a
composição natural, o ser natural e até coisas como
ciúmes, inveja, contendas, ódio, murmurações e
queixas. Em quase todo grupo cristão pode-se
encontrar madeira, feno e palha; isto é, a edificação
conforme a composição natural, o ser natural e as
características do viver terreno. Especificamente, em
1 Coríntios 3, madeira, feno e palha se referem à
natureza grega, ao ser grego e ao mal da maneira
grega de viver, principalmente quando essas coisas se
expressavam entre os crentes em Corinto.
No capítulo três, Paulo encarrega os santos de
não lançar qualquer coisa ou pessoa além de Cristo
como o único fundamento. Isso quer dizer que
precisamos não exaltar ninguém ou nada no lugar de
Cristo. Se exaltarmos alguém ou algo em vez de
Cristo, lançamos outro fundamento. Ele também nos
encarrega de ver como edificamos sobre Cristo como
o único fundamento. Os coríntios não deviam edificar
com sua natureza grega, ego grego ou ciúme,
contendas e críticas gregos. Em outras palavras, não
deviam edificar a igreja com nada grego.
Cerca de cinqüenta anos atrás, havia uma
tendência prevalecente entre muitos cristãos na
China de remover das igrejas cristãs qualquer traço
de cultura ocidental. O desejo deles nesse movimento
era ter tudo na igreja de acordo com a cultura nativa
chinesa. Até queriam que as capelas e prédios das
igrejas fossem construídos da forma nativa em vez da
maneira ocidental. Os cristãos nesse movimento
apreciavam a Bíblia, mas rejeitavam a cultura trazida
pelos missionários. Seu alvo era tornar sua igreja
chinesa de todas as formas. A igreja, entretanto, não
deve ser nem ocidental nem chinesa. Deve apenas ser
cristã. Isso quer dizer que deve ser edificada com
Cristo de todas as formas e em todos os aspectos.
Tudo relacionado com a igreja deve ser Cristo.
Embora a igreja deva ser edificada com Cristo e
tão-somente com Ele, toda denominação ou grupo
cristão, de certa forma, procura ser “nativo” ou
natural de alguma forma. Ter uma denominação ou
grupo nativo é edificar com nossa composição e ser
naturais, não importa o que sejam. Alguns podem
desejar uma igreja segundo a natureza alemã, outros
conforme a composição francesa e outros ainda de
acordo com a constituição chinesa. Isso é edificá-la de
acordo com o que somos e fazemos em nossa vida,
composição e ser naturais.
Muitos anos atrás, fui convidado a visitar um
lugar na Inglaterra que era famoso pela
espiritualidade das pessoas. Fiquei lá um mês e
encontrei alguma espiritualidade autêntica, mas o
que mais vi foi a ênfase na maneira britânica de fazer
as coisas. Eles inconscientemente tencionavam fazer
os outros britânicos, e até exerciam controle sobre
lugares bem remotos. Em duas ocasiões, o líder desse
grupo veio a Taiwan a convite nosso para ministrar a
nós. Sua primeira visita foi maravilhosa e muito
proveitosa. Contudo, sua segunda visita foi muito
prejudicial, pois ele procurou impor aos santos certos
hábitos e costumes britânicos. Por exemplo, na hora
de comunhão, ele lembrava: “Por que vocês que são
irmãos de serviço põem os bonés quando ainda estão
no salão de reunião? Assim que a reunião termina,
vocês põem os bonés, mesmo antes sair do prédio”.
De acordo com a sua opinião, os irmãos estavam
errados em usar boné no prédio. Certo irmão tentou
explicar o costume entre militares no Extremo
Oriente, que não é prática tirar o boné dentro ou fora.
Entretanto, os irmãos militares sempre tiravam o
boné na reunião, mas, assim que a reunião terminava,
eles os punham, não importando se estavam dentro
ou fora do salão de reunião. Entretanto, esse irmão
era categórico e perguntou: “Vocês seguem costumes
humanos ou a Bíblia?” Depois de ter respondido
dessa maneira, disse para mim mesmo: “Irmão, você
não está sendo justo. Nós definitivamente seguimos a
Bíblia. De acordo com a Bíblia, quando um irmão ora
numa reunião da igreja, ele não deve ter cobertura na
cabeça. Mas com certeza não há nada de errado em
usar boné quando ainda está no salão de reunião.
Dizer que um soldado tem de esperar até que esteja
fora do salão é seguir a maneira ocidental. Na
Inglaterra, essa pode ser sua prática, mas é injusto
acusar-nos de não seguir a Bíblia porque não
seguimos seu costume nessa questão”.
Percebendo a seriedade de usar coisas naturais
para edificar a igreja, tenho-me esforçado
diligentemente, pela misericórdia do Senhor, em não
introduzir coisas chinesas na restauração do Senhor
neste país. Além do mais, com certeza não quero nada
do que sou influenciando a edificação da igreja.
Nenhum de nós deve edificar a igreja segundo o que
somos em nosso ser natural. Não devemos permitir
que coisa alguma de nosso ser natural seja colocada
na igreja. Sobre isso, todos precisamos buscar o
Senhor por Sua misericórdia. Que Ele tenha
misericórdia de nós para que não edifiquemos a igreja
com o que somos por natureza. Se a igreja expressar a
composição natural ou ser natural dos líderes, isso
indica que, pelo menos até certo ponto, ela tem sido
edificada com feno. Algo do homem natural não
redimido foi introduzido nela. Isso é um elemento
que não foi redimido, aniquilado e substituído por
Cristo. Embora tenha nascido na China, posso
testificar que meu desejo é ser aniquilado e
substituído. Não quero edificar a igreja com feno,
com o que sou em meu ser natural. Nenhum de nós
deve edificar com madeira ou feno, muito menos com
a palha do ciúme, contenda e crítica.
Se olharmos para a situação entre os cristãos
hoje, vamos perceber que a palavra de Paulo sobre
madeira, feno e palha não é mera doutrina. Todos
precisamos exercitar o espírito, buscar o Senhor e
orar: “Ó Senhor, tem misericórdia de mim para que
eu não edifique Tua igreja com meu feitio natural,
meu ser natural ou qualquer coisa de ciúme, contenda
ou inveja. Senhor, quero edificar Tua igreja com o
ouro da natureza do Pai, a prata da cruz que me
redime, aniquila e substitui, e a obra transformadora
do Espírito Santo. Quero edificar a igreja no espírito
mesclado onde experimento a natureza do Pai e a
redenção do Filho, e posteriormente tenho a
transformação do Espírito. Senhor, desejo edificar a
Igreja dessa maneira”.
Agora podemos entender o conceito de Paulo
sobre o material adequado usado na edificação da
igreja. No capítulo três, ele estava na verdade dizendo
aos crentes coríntios: “Vocês são plantas na lavoura
de Deus. Agora precisam fazer Cristo crescer. Quanto
mais crescerem, mais se tomarão ouro, prata e pedras
preciosas para a edificação de Deus. Não lancem
qualquer fundamento além de Cristo. Não exaltem
qualquer coisa, pessoa, doutrina ou prática.
Simplesmente edifiquem sobre o Cristo
todo-inclusivo como o único fundamento já lançado,
mas vejam para não edificar sobre esse Cristo com
qualquer coisa grega; antes, edifiquem com a
natureza do Pai e a redenção do Filho, que resultarão
na transformação do Espírito. Então a igreja será de
ouro e cheia de prata e pedras preciosas”.
VERDADES EXPERIMENTAIS
Nestas mensagens, tenho instado com os santos
repetidas vezes para não abordar 1 Coríntios como
mera doutrina. Entretanto, muitos ainda são capazes
de tomar somente o leite da doutrina, e não o
alimento sólido das verdades mais profundas,
experimentais e práticas reveladas nesse livro. Se
lermos essa Epístola e a entendermos somente
segundo as letras pretas no papel branco, e não nos
importarmos com o pano 'de fundo, nossa
compreensão não será muito prática. Antes, será
mera doutrina.
É significativo que Paulo fale do único
fundamento em 1 Coríntios, mas não nas outras
Epístolas. Por exemplo, uma vez que isso não era
parte do pano de fundo da Epístola aos Colossenses,
não há menção disso nesse livro. Os crentes em
Corinto, porém, estavam lançando outros
fundamentos. Os crentes filosóficos estavam
transformando várias pessoas e práticas em
fundamentos. Isso está relacionado com a palavra de
Paulo em 1:12: “Refiro-me ao fato de cada um de vós
dizer: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e
eu de Cristo”. Isso indica que alguém lançou Apolo
como fundamento, ao passo que outros lançaram
Cefas ou Paulo. Alguns dos coríntios lançaram um
fundamento de pareceres ou sabedoria. Assim, entre
os crentes em Corinto, havia muitos fundamentos.
Esse pano de fundo levou Paulo a dizer: “Não lancem
outro fundamento além de Cristo. Como prudente
construtor, já lancei Cristo como único fundamento.
Quando cheguei até vocês, cheguei com nada exceto
Cristo. Adverti-os a não lançar outro fundamento,
mas edificar sobre aquele já lançado. Além do mais,
vocês precisam atentar em como edificam. Não
edifiquem com cultura grega, com suas opiniões ou
filosofia, ou com seu apreço ou preferência por
qualquer pessoa. Edificar com esse material é edificar
com madeira, feno e palha”. Entender 1 Coríntios
dessa forma é tocar as profundezas desse livro.
O problema em Corinto era que os crentes gregos
estavam exaltando filosofia e gigantes espirituais. Ao
fazer isso, estavam lançando outros fundamentos
além de Cristo. Entender 3:11 dessa forma é ir além
da mera doutrina e apegar-se ao significado prático
do que Paulo diz. É também ilustrar a doutrina com
situação real entre os crentes. Conhecendo sua
situação, ele parecia dizer-lhes: “Não lancem cultura
ou filosofia gregas como fundamento. Vocês
tampouco devem exaltar qualquer pessoa ou tomá-la
um fundamento além de Cristo”. Se dissermos que
somos a favor de batismo por imersão ou falar em
línguas, estaremos lançando outro fundamento além
de Cristo. Mas, de acordo com 1:2 e 9, Cristo é deles e
nosso, e fomos chamados à Sua comunhão. Como
centro único de Deus e nossa única porção, Ele é o
único fundamento.
O ENCARGO DE PAULO
Novamente desejo enfatizar que os capítulos um,
dois e três desse livro são muito profundos. Eles não
são primordialmente doutrinários, mas
experimentais. Paulo não os compôs com base em
doutrina ou teologia, mas de acordo com a situação e
condição reais da igreja em Corinto. Precisamos ficar
profundamente impressionados com o fato de que a
situação entre os crentes ali era a de um viver
permeado pela cultura, filosofia e sabedoria gregas.
Eles viviam totalmente de acordo com a maneira
grega de viver. Por isso, ele teve encargo de
mostrar-lhes que essa não é a maneira de ter a vida
cristã, a vida da igreja ou a vida do Corpo. Na
economia de Deus, o centro tem de ser Cristo e
tão-somente Ele. Fomos chamados à comunhão de
Cristo, o Cristo que é deles e nosso. Isso quer dizer
que Ele é nossa única porção, a porção de todos os
que crêem Nele e invocam Seu nome. Já que Cristo é
nossa única porção, não devemos ter nossas próprias
escolhas ou preferências. Não devemos exaltar
ninguém ou nada além de Cristo. Cristo é a única
porção dada a todos os santos e é tudo para o nosso
viver. É sabedoria para nós da parte de Deus, nossa
justiça, santificação e redenção diárias. Essa é a idéia
central acerca de Cristo nesses poucos capítulos.
Em 2:10, Paulo diz: “Mas Deus no-lo revelou pelo
Espírito; porque o Espírito a todas as coisas
perscruta, até mesmo as profundezas de Deus”. Cristo
é as profundezas de Deus, as profundezas do ser de
Deus. Essas profundezas podem ser percebidas e
discernidas, não pela nossa mente filosófica, mas
somente pelo nosso espírito regenerado habitado pelo
Espírito de Deus. Apenas por meio do espírito
mesclado é que conseguimos discernir as
profundezas de Deus, os diferentes aspectos de Cristo
como nossa porção para nosso desfrute.
CRESCER E EDIFICAR
Com base na revelação dada nos capítulos um e
dois, Paulo no capítulo três enfatiza aos coríntios que
o objetivo de Deus é ter uma edificação, o santuário
para Sua habitação. Não é intenção de Deus ter um
grupo de homens sábios ou filosóficos. O Seu objetivo
é ter a igreja. A igreja tem de ser um edifício,
chamado santuário, para a habitação de Deus. A fim
de atingir esse objetivo, Deus tem de ter a igreja
primeiro como a lavoura para cultivar o material para
a edificação. Por meio do processo de crescimento na
lavoura, a edificação vem a existir. Essa edificação é o
santuário de Deus.
No capítulo três, Paulo parece dizer: “Vocês,
crentes coríntios, não devem buscar ser sábios. Em
vez disso, devem ser plantas crescendo na lavoura de
Deus. Não há necessidade de filosofar tanto. Vocês
devem ser simples e nada saber exceto Cristo. Então
crescerão Nele e com Ele, e até mesmo O farão
crescer. Por fim, em seu crescimento, vocês serão
transformados e se tornarão o ouro, prata e pedras
preciosas, como material para a edificação do
santuário de Deus. Sua urgente necessidade hoje não
é filosofar; é crescer. Não é exercitar tanto a mente,
mas permanecer continuamente no espírito, onde o
Espírito de Deus habita. No espírito vocês vão
absorver Cristo. Ele então se tornará sua nutrição e
vocês crescerão com Ele e se tornarão material
precioso para a edificação de Deus. Não precisam
filosofar, precisam simplesmente crescer e edificar.
Mas quando edificarem não lancem outro
fundamento. Cristo, o único fundamento, já foi
lançado. Vocês não devem tornar Paulo, Cefas ou
Apolo, ou qualquer aspecto de cultura ou filosofia
gregas, o seu fundamento. Coloquem todas essas
pessoas e coisas de lado, e simplesmente edifiquem
sobre Cristo como o único fundamento. Eu O tenho
ministrado a vocês, e agora vocês precisam edificar
sobre Ele. Mas precisam edificar com ouro, prata e
pedras preciosas, e não com sua natureza, seu ser ou
suas atividades”.
Madeira se refere à nossa natureza, nossa
composição natural; feno, ao nosso ser; palha, às
nossas atividades. Nunca devemos usar nossa
natureza, ser ou atividades para edificar a igreja. Pelo
contrário, precisamos renunciar a todas essas coisas e
rejeitá-las. Para a edificação adequada, precisamos
desfrutar, experimentar e possuir a natureza de Deus
Pai e a obra redentora do Filho. Quando
experimentamos o Pai e o Filho dessa forma, estamos
em nosso espírito com o Espírito de Deus. O
resultado espontâneo, a conseqüência, serão pedras
preciosas. Se edificarmos com ouro, prata e pedras
preciosas, edificaremos com o material apropriado
sobre Cristo como o único fundamento.
BEBER E RESPIRAR
A maneira de beber é invocar o nome do Senhor
Jesus. Ao invocá-lo, tanto bebemos do Senhor como
O respiramos. Invocá-Lo inclui tanto respirar como
beber. A água que bebemos está no ar que
respiramos. A umidade espiritual na vida da igreja é
muito alta porque não há sequidão nela. Sempre que
inalamos o ar espiritual invocando: “Ó Senhor Jesus”,
também participamos da água que está no ar. Assim,
nosso respirar por fim se toma nosso beber. Isso
significa que toda vez que respiramos, também
bebemos.
A maior parte do tempo não há necessidade de
invocar em voz alta a fim de beber. Em silêncio,
podemos dizer: “Ó Senhor Jesus”. Às vezes é
suficiente simplesmente dizer: “Senhor” e outras
vezes simplesmente dizer: “á”. Algumas pessoas
podem considerar isso superstição. No entanto, com
anos de experiência, posso testificar que invocando o
nome do Senhor, sou refrescado, fortalecido e
consolado. Se não respirasse e bebesse o Senhor
dessa maneira, ficaria muito seco e sedento. Além
disso, a vida diária seria bem monótona, totalmente
destituída de refrigério. Mas simplesmente dizendo:
“Ó Senhor Jesus”, sou refrigerado.
Os que têm boa educação ou são profissionais,
podem pensar que invocar o nome do Senhor não é
para eles, mas somente para os jovens, inexperientes
ou incultos; mas beber é para todos. Se você não
beber do Senhor invocando-O, experimentará
sequidão e monotonia. Oh! todos precisamos beber
do Senhor Jesus dia após dia!
Como sou idoso, já passei por muitas
experiências na vida humana. Muitas coisas
desagradáveis me sobrevieram. Não existe vida sem
dificuldades. Como diz um hino: “Deus não nos
prometeu céus sempre azuis 8 ” Mas embora tenha
passado por muitas situações de descontentamento e
desprazer, tenho sido feliz porque tenho o Senhor
Jesus. Mesmo os demônios podem testificar que sou
feliz no Senhor. Não O tenho meramente de forma
objetiva nos céus. Meu Cristo está tanto nos céus
como também em mim. Aleluia, Ele vive em mim e
posso respirá-Lo, bebê-Lo e banqueteá-Lo!
Diariamente desfruto o melhor respirar, beber e
comer.
Se respirar o Senhor, bebê-Lo e comê-Lo, você
não só será nutrido mas também curado. Sim,
participar Dele desse modo pode de fato curar-nos.
Pode até fazer-nos mais fortes fisicamente, pois a
felicidade e alegria que experimentamos ao invocá-Lo
afeta nossa saúde positivamente. Muitos médicos
reconhecem que é saudável ser alegre. Assim, todos
precisamos ser cristãos que respiram, bebem e
comem. Devemos ser cristãos que se alimentam do
Senhor e alimentam os outros com Ele.
PLANTAR E REGAR
Como crentes, devemos também ser os que
plantam e regam. Lendo os versículos 6 e 7, podemos
ter a impressão de que somente alguns como Paulo e
Apolo podem plantar e regar. Mas não devemos
pensar que somente os líderes ou os que
8
God hath not promised skies always blue” — Hymns 720. (N.T.)
compartilham no ministério da Palavra podem
plantar e regar. Não, todos devemos fazê-lo.
Alguns podem ter o conceito de que são ou
plantadores ou regadores, mas não as duas coisas.
Um irmão que faz a obra de plantar pode sentir que
não deve regar o que plantou, considerando isso obra
de outro irmão. Talvez pense ser um plantador e
supor que outro deva fazer a rega. Ver essas tarefas
dessa maneira é de acordo com nosso conceito
natural. Se nos voltarmos ao espírito e o
exercitarmos, não nos importaremos se somos
plantadores ou regadores. Em vez disso,
simplesmente vamos levar a cabo a obra de plantar e
regar.
Alguns podem não regar outros crentes porque
temem prejudicá-los regando-os demais. Todavia, é
melhor cometer um erro e causar algum dano do que
não regá-los de jeito nenhum. Embora possa cometer
alguns erros, você ajudará muitos outros a crescer no
Senhor. Encorajo todos a tanto plantar como regar.
A MAIOR NECESSIDADE
Embora alimentar, beber, comer, plantar e regar
sejam todos importantes, a maior necessidade é o
crescimento. Podemos plantar e regar, mas só Deus
faz crescer. No tocante ao crescimento de vida, Deus é
tudo. Visto que só Ele pode fazer crescer, em nosso
alimentar, plantar e regar, precisamos ser um com o
Deus Triúno. Isso quer dizer que precisamos executar
essa tarefa em união orgânica com o Senhor. Então,
toda vez que alimentamos, Ele também irá fazê-lo.
Ele vai alimentar em nosso alimentar. O mesmo deve
ser verdade quanto a' plantar e regar. Antes de eu dar
uma mensagem, oro desesperadamente: “Senhor, fala
no meu falar. Senhor, faz com que eu seja um espírito
Contigo ao falar de maneira muito prática”. Então
posso ter plena certeza de que enquanto falo, Ele
também fala. Tenho a ousadia de declarar que sou um
espírito com o Senhor e Ele comigo. Sem Ele, tudo o
que eu falar será nada.
Posso plantar e regar, mas não tenho habilidade
ou conteúdo para fazer os outros crescer. O
crescimento advém somente de Deus. Sempre que Ele
chega, faz-nos crescer. Embora somente Ele possa
fazer-nos crescer, Ele próprio não faz o plantio ou a
rega. Ele não planta nem rega sem nós, assim como
não aparece ou fala aos santos diretamente. Pelo
contrário, fala aos outros em nosso falar. Isso quer
dizer que Ele tem de ter o homem cooperando com
Ele para falar, plantar e regar. Quando plantamos e
regamos, Ele também o faz. Que maravilha é não
servir a um ídolo mudo, mas ao Deus vivo! Em nosso
serviço, Ele serve aos santos.
Não confio no meu falar. Meu falar em si mesmo
não tem peso. Entretanto, freqüentemente tenho
certeza de que quando abro a boca para falar, Ele fala
também. Quando falo, Ele flui e entra nos santos.
Minha confiança é totalmente no falar do Senhor em
meu falar. Meu único segredo é o próprio Deus
Triúno. Fora Dele, nada sou. Se não fosse por Ele, eu
morreria.
Todos precisamos primeiro desfrutar o Senhor
respirando, bebendo e comendo. Há muitas maneiras
de beber Dele e comê-Lo. Podemos participar do
Senhor ao ler-orar, ir às reuniões e ter comunhão com
os santos. Podemos também receber o suprimento de
vida ao ler certos livros espirituais. Há muitas
maneiras de desfrutar o Senhor. Quanto mais O
desfrutarmos, mais seremos saturados Dele. Então
teremos encargo de alimentar os outros, plantar e
regar. Se formos um com o Senhor ao alimentar,
plantar e regar, Ele virá espontaneamente fazer com
que os outros cresçam em vida.
ESTUDO-VIDA DE PRIMEIRA CORÍNTIOS
MENSAGEM TRINTA
A LA VOURA DE DEUS E O EDIFÍCIO DE DEUS
CULTIVAR E EDIFICAR
No versículo 9, Paulo diz que somos tanto a
lavoura como o edifício de Deus. Não parece haver
ligação lógica entre um e outro. Que tem a lavoura a
ver com a edificação? Ninguém jamais viu um edifício
construído de frutos e vegetais. Entretanto, a igreja
como lavoura de Deus produz o material para Sua
edificação.
Como cristãos, estamos cultivando Cristo. Agora
precisamos perguntar-nos se fomos ou não
edificados. Muitos podem hesitar em dizer que fomos
de fato edificados a fim de nos tomar o edifício de
Deus. Se perguntarem aos santos acerca disso, a
maioria deles vai replicar que foram edificados até
certo ponto. Na verdade, essa é a resposta correta. Na
edificação espiritual, ou seja, em vida, a verdadeira
edificação é o crescimento. Somos edificados até o
ponto que crescemos.
Crescer aqui se refere a cultivar alimentos.
Crescer é também aumentar. Por exemplo, um irmão
pode ter nascido pesando apenas quatro quilos, mas
hoje pesa oitenta e cinco quilos. Esse é o segundo
sentido de crescer. Ser edificado na igreja é crescer no
sentido de aumentar com Cristo para ter
determinada estatura. O aumento de Cristo é nossa
estatura. Ser edificado casa espiritual não significa
primordialmente unir-se a outros. Quer dizer ter a
vida natural reduzida e ter Cristo aumentado em nós.
Quanto mais a vida natural é reduzida e quanto mais
Cristo aumenta em nós, mais fácil nos será
coordenar-nos com outros. De fato, seremos capazes
de coordenar-nos com qualquer pessoa. Contudo,
alguns me disseram que não conseguem mudar-se de
sua cidade porque foram edificados com certos santos
na igreja ali. De acordo com seu conceito, uma vez
edificados com os demais, não lhes é possível deixar
essa cidade. Isso não é edificação de fato. Antes, é
amizade ou relacionamento social. Se você foi
realmente edificado na igreja, você foi reduzido e
Cristo aumentou em você. Então, onde quer que
esteja, será um com os santos e se coordenará com
eles. Uma vez edificado no edifício espiritual de Deus,
nunca poderá ser retirado dele.
Como igreja, somos lavoura e edifício de Deus. A
lavoura visa à edificação. Tudo o que é produzido na
lavoura e por ela visa à edificação.
O ÚNICO FUNDAMENTO
Um edifício requer um fundamento. Por isso, em
3:10 e 11, Paulo fala do fundamento do edifício de
Deus: “Segundo a graça de Deus que me foi dada,
lancei o fundamento como prudente construtor; e
outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como
edifica. Porque ninguém pode lançar outro
fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus
Cristo”. Cristo, o único fundamento, já foi lançado.
Ele foi estabelecido não só na época dos apóstolos,
mas pela eternidade. Todavia, nos últimos dezenove
séculos, muitos obreiros cristãos têm tentado lançar
outros fundamentos. Cada denominação e grupo tem
seu fundamento particular. Entre os cristãos hoje há
milhares de fundamentos.
LANÇAR OUTROS FUNDAMENTOS
Precisamos entender a palavra de Paulo sobre
Cristo como o fundamento no contexto dos primeiros
três capítulos de 1 Coríntios. Neles, Paulo parece
dizer: “Quando vocês, coríntios, declaram que são de
Apolo, Cefas ou Paulo, estão lançando outro
fundamento. Sempre que disserem que são de alguém
ou algo, estão lançando um fundamento”.
Preferências e escolhas são na verdade fundamentos.
Por exemplo, alguém pode preferir batismo por
imersão. Isso é um fundamento. Outro pode gostar de
ter a mesa do Senhor com pão asmo. Isso também é
um fundamento. Os que preferem batismo por
imersão podem não aceitar os que não têm essa
prática. A conseqüência é divisão. Uma divisão é
causada lançando-se outro fundamento além do
próprio Cristo. Podemos até lançar outro
fundamento, tendo preferências por “igrejas locais”.
Alguém pode dizer que não gosta da igreja em sua
cidade e quer mudar-se para outro lugar. Até isso é
lançar outro fundamento. De acordo com o nosso
conceito, podemos ter a liberdade de escolher a igreja
numa cidade que se ajuste à nossa preferência.
Podemos preferir uma igreja específica pois ela
combina com o nosso gosto. Ter preferências e
escolhas com respeito às igrejas é lançar outro
fundamento. Isso é uma explicação acurada da
palavra de Paulo em 3:10 e 11.
Há uma ligação direta entre os versículos 4 e 11.
Essa ligação se toma evidente quando seguimos o
raciocínio de Paulo do versículo 11 de volta para o 4.
Segundo o versículo 11, Cristo é o único fundamento.
O fato de esse versículo começar com a palavra
“porque” indica que é uma explicação do anterior.
Quando seguimos essa ligação para trás, por fim
chegamos à questão dos plantadores e regadores
serem um (v. 8). No versículo 7, Paulo diz: “De modo
que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega,
mas Deus, que dá o crescimento”. No tocante ao
crescimento em vida, os ministros de Cristo nada são,
e Deus é tudo. Nos versículos 5 e 6, vemos que Paulo,
que plantou, e Apolo, que regou, são simplesmente
ministros por meio dos quais os coríntios creram.
Portanto, os coríntios não deviam ter preferência por
um em detrimento de outro. Como ele diz no
versículo 4: “Quando, pois, alguém diz: Eu sou de
Paulo, e outro: Eu, de Apolo, não é evidente que
andais segundo os homens?” A ligação entre os
versículos 4 e 11 é essa: Dizer que somos de certa
pessoa é lançar outro fundamento. Pertencer a
alguém além de Cristo é lançar outro fundamento
além Dele. Os que diziam: “Eu sou de Paulo”
lançavam Paulo como fundamento, e os que
declaravam: “Eu pertenço a Apolo”, lançavam Apolo
como fundamento. Em princípio, o mesmo ocorre
com todos os que preferem certa doutrina, prática ou
pessoa. Os que são a favor do batismo por imersão,
lançam essa doutrina como fundamento. Isso os
separa de outros crentes e os divide deles.
Desde a época dos apóstolos, muitos líderes e
mestres cristãos têm lançado fundamentos especiais.
Esses fundamentos têm sido fatores de divisão. Os
cristãos hoje estão divididos por vários fundamentos.
Embora nós, na restauração do Senhor, não lancemos
outros fundamentos de forma exterior, alguns podem
dizer para si mesmos: “Prefiro determinado
presbítero da igreja em minha cidade. Prefiro ir a ele.
Não gosto de falar com os outros presbíteros. Essa é
minha escolha, minha preferência”. Isso na verdade
equivale a dizer: “Sou desse presbítero”. Como já
enfatizamos, isso é lançar um fundamento além de
Cristo. Fazer isso arruína a vida do Corpo e prejudica
a edificação de Deus. Em outras palavras, essa não é a
edificação da igreja, mas a sua demolição.
SEM PREFERÊNCIAS
Quando os coríntios diziam que eram de Paulo,
de Apolo ou de Cefas, estavam destruindo o edifício,
danificando o santuário de Deus. Isso deve ser uma
categórica advertência para que não tenhamos
preferências por pessoas ou práticas, ou escolhas de
lugar. Sempre que um irmão muda-se de uma cidade
para outra, isso deve ser puramente conforme a
liderança do Senhor. Não deve haver outro motivo. Se
alguém se muda porque a igreja em sua cidade não
está de acordo com o seu gosto, ou porque um
presbítero não o agrada, ou porque não se sente feliz
com determinados irmãos e irmãs, essa pessoa está
lançando outro fundamento. Isso é divisão. Isso
definitivamente não é edificação. Como vimos, a
verdadeira edificação é ser reduzidos em nossa vida
natural e ter Cristo aumentado em nós. Se essa for a
nossa situação, não teremos quaisquer preferências.
Se o Senhor nos guiar para um lugar que é bem difícil,
nós O louvaremos por essas dificuldades, sabendo
que isso nos reduzirá cada vez mais e dará mais
espaço em nosso ser para Cristo. Então teremos um
verdadeiro crescimento e ficaremos felizes com a vida
da igreja.
Suponha que a igreja em sua cidade seja uma
dificuldade para você. Além disso, suponha que os
presbíteros não pareçam contentes com ninguém.
Que você faria? iria mudar-se para uma cidade onde,
segundo a sua impressão, a vida da igreja é melhor?
iria querer ir a um lugar em que os presbíteros estão
contentes e a igreja não apresenta quaisquer
dificuldades para você? Se fizer essa escolha sem a
orientação do Senhor, você estará agindo segundo a
sua preferência. Espero que todos os santos, jovens e
idosos, percebam que tais preferências não devem
acontecer na restauração do Senhor.
Mesmo criticar a igreja em sua cidade é lançar
outro fundamento. Criticar é ser faccioso e introduzir
destruição. É demolir a edificação. Quando alguns
santos ouvem essa palavra, podem dizer: “Isso não é
justo. Você não sabe como é lamentável a igreja em
minha cidade. Se visitasse a igreja aqui, concordaria
comigo”. Não, eu não criticaria a igreja em sua
cidade. Pelo contrário, se eu fosse a essa cidade,
amorosamente abraçaria a igreja lá.
Suponha que você viva numa família muito
grande com cinco irmãos e seis irmãs. Alguns deles
são sábios, e outros são tolos. Alguns são gentis, e
outros grosseiros. Você vai rejeitar os tolos e
grosseiros, e se importar somente com os sábios e
gentis? Não, você tem de amar e receber todos. Todos
são descendência de seus pais. No mesmo princípio,
todos na vida da igreja são filhos de Deus Pai. Não
devemos achar falhas neles ou criticá-los, pois
nasceram de Deus. Não temos o direito de amar a
alguns mais que aos outros. Além disso, não devemos
ter quaisquer preferências ou escolhas entre eles.
Assim como a família é unicamente uma, também a
igreja é unicamente uma. Por isso, não devemos
procurar ter as próprias preferências: O que tenho
falado nesta mensagem está de acordo com a palavra
de Paulo nos primeiros três capítulos de 1 Coríntios.
O capítulo três se baseia nos capítulos um e dois.
Neles, Paulo parece dizer: “Vocês, crentes em
Corinto, têm suas preferências. Alguns me preferem,
outros preferem a Apolo, e ainda outros a Cefas.
Vocês também têm preferências de cultura, pois
alguns preferem o judaísmo enquanto outros têm
preferência pela cultura e filosofia gregas. Vocês têm
preferências por pessoas, questões e coisas. Precisam
ver que ter preferência é lançar um fundamento. Mas
nenhum fundamento pode ser lançado além do que já
foi posto: Jesus Cristo. Quando estava entre vocês,
lancei o único fundamento, que é o próprio Cristo.
Cheguei a vocês com a decisão de nada saber exceto
Cristo, e esse crucificado. Somente Ele é o
fundamento. O fundamento não pode ser judaísmo,
filosofia grega, Cefas, Apelo, Paulo ou qualquer outra
pessoa. Paulo e Apolo nada são; somos ninguém.
Tanto o que planta como o que rega nada são. O único
que é alguma coisa é Deus, que dá o crescimento”.
Esse é o sentido do que Paulo diz acerca de Cristo
como o único fundamento.
A VERDADEIRA EDIFICAÇÃO
Espero que todos os santos na restauração do
Senhor vejam que são a lavoura de Deus para cultivar
Cristo e também o edifício de Deus, Sua habitação.
Precisamos da verdadeira. edificação, Para tê-la
precisamos crescer, sendo reduzidos e tendo Cristo
aumentado em nós. O resultado é que não temos
preferências por pessoas, questões ou coisas.
Também significa que não temos escolha de lugar.
Estamos contentes simplesmente por ser membros
do Corpo do Senhor, crescendo em Cristo. Se essa for
nossa condição, então onde quer que estivermos,
iremos coordenar-nos com todos os santos, não
importa se são gentis ou grosseiros. A verdadeira
edificação é ser reduzidos e ter Cristo aumentado em
nós, até que cheguemos à medida da estatura da Sua
plenitude.
Em 3:10, Paulo nos adverte a ver como
edificamos sobre o fundamento já lançado. Não
devemos edificar com madeira, feno ou palha, mas
com ouro, prata e pedras preciosas. Esse material
envolve transformação. O que a lavoura cultiva é da
vida vegetal, mas o que é necessário para a edificação
não são plantas, mas minerais. Somente minerais
podem ser usados para a edificação de Deus. Para
termos os minerais, tem de haver transformação. A
vida vegetal tem de ser transformada em minerais.
Desse modo, no capítulo três temos os conceitos da
lavoura, edificação e transformação. No versículo 17,
também temos o conceito do santuário de Deus.
Ao considerar todas essas coisas, vamos perceber
que 1 Coríntios é um livro precioso, cheio de tesouros.
Ao mesmo tempo, ele lida com muitas complicações
relacionadas com a vida da igreja. Louvado seja o
Senhor pelo que vimos sobre alimentar, beber,
comer, plantar, regar e crescer! Também somos
gratos pelo que vimos acerca da lavoura, edificação,
fundamento, transformação e santuário de Deus.
Primeira Coríntios, um livro tanto de tesouros como
de complicações, corresponde à nossa situação e
condição atuais. Ele é urgentemente necessário para
cristãos hoje. Todos os crentes precisam ver o que é
revelado nessa Epístola.
ESTUDO-VIDA DE PRIMEIRA CORÍNTIOS
MENSAGEM TRINTA E UM
TRANSFORMAÇÃO COM VISTAS À EDIFICAÇÃO
A LA VOURA E O EDIFÍCIO
Aparentemente, não há ligação entre lavoura e
edifício. Segundo o nosso conceito natural, uma
lavoura é questão de vida, mas um edifício é uma
composição de material inanimado. Assim, não
parece haver continuação adequada entre as
expressões lavoura e edifício de Deus. Contudo, se
percebermos que o edifício aqui é de vida, uma
edificação em vida, veremos que há uma ligação
direta e excelente entre ambos. Tudo que é produzido
na lavoura não é para ela em si, mas visa à edificação.
O produto cultivado na lavoura visa à edificação.
Embora o produto cultivado na lavoura seja para
a edificação, ele não entra diretamente nela. Antes,
pode-se dizer que vai para o restaurante igreja a fim
de ser comido, digerido e assimilado pelos santos. Por
meio desse processo, o que é cultivado na lavoura é
consumido pelos santos e, por fim, se toma até
mesmo os próprios santos.
Uma fazenda não produz só legumes, a vida
vegetal, mas também gado, a vida animal. Tanto a
vida vegetal como a vida animal têm de ser comidas
por nós no “restaurante igreja”. Em 3:2, Paulo diz:
“Leite vos dei a beber”. Leite é um produto tanto da
vida vegetal como da animal. É produzido por vacas,
que se alimentam de grama. O leite é produto da
mescla da vida animal com a vegetal. Essa mescla
também produz carne. Sem a vida animal, não
poderia haver carne. De modo semelhante, sem a vida
vegetal, também não podemos ter carne, pois o gado
depende da grama para sua alimentação. Primeiro
eles comem a vida vegetal e depois produzem leite e
carne para nós.
Menciono isso porque tanto o leite como a carne
são figuras de Cristo como nosso suprimento de vida.
Em João 6:48, o Senhor Jesus diz: “Eu sou o pão da
vida”. Pão é feito principalmente de farinha, que
provém da vida vegetal. Entretanto, o Senhor
prossegue falando do pão como Sua carne: “E o pão
que Eu darei é a Minha carne, que Eu darei pela vida
do mundo” (6:51). Isso indica que a composição desse
pão não é somente da vida vegetal, mas também da
vida animal; é o pão-carne. Por isso, é difícil dizer se
Cristo como nosso suprimento de vida é da vida
vegetal ou animal. Esse pão é o produto, a mescla das
duas vidas.
Quanto mais comemos de Cristo como nosso
suprimento de vida, mais somos transferidos para a
edificação de Deus. Primeiro, somos a lavoura para
produzir alimento. Comendo o que é produzido na
lavoura, somos introduzidos na edificação.
UM PROCESSO METABÓLICO
Para que a comida que comemos se torne nossa
constituição, tem de haver o processo de
metabolismo. Na Bíblia, esse processo é chamado de
transformação. Transformação envolve mudança
metabólica. Daí, é totalmente um processo
metabólico. Primeiro comemos; depois de algum
tempo, a comida é digerida e assimilada e, por fim, se
torna as fibras do nosso ser. Isso é metabolismo,
transformação.
Para um menino de quatro quilos crescer até ser
homem maduro pesando oitenta e cinco quilos, tem
de haver alimentação regular e metabolismo normal.
Gradualmente, a comida ingerida por um menino o
fará crescer. Por fim, como conseqüência de um
processo metabólico por longo tempo, ele se tornará
adulto. Como homem maduro, ele é um produto, uma
composição, de todo o alimento que comeu, digeriu e
assimilou. Isso ilustra o processo de metabolismo
espiritual. O produto cultivado na lavoura é comido e
digerido por nós. Por fim, por meio do processo de
metabolismo, esse alimento se torna nós e nos
transforma em material para a edificação do Corpo de
Cristo.
A igreja é uma lavoura para cultivar Cristo. Cada
item da produção ali cultivada é Cristo. Essa
produção inclui vários aspectos de Cristo. Ele é o
leite, os vegetais e a carne. A igreja cultiva Cristo e
todos os santos O comem. Por fim, mediante
digestão, assimilação e metabolismo, Cristo se torna
nós e nós nos tornamos Ele. Então seremos material
apropriados para a edificação.
O escrito de Paulo em 1 Coríntios 3 tem ligação
direta de um item com outro. Primeiro ele se refere a
alimentar, beber e comer. A seguir menciona também
plantar e regar, depois ele nos diz que somente Deus é
quem dá o crescimento. Depois disso, no versículo 9,
diz que somos lavoura e edifício. Por isso, há ligação
direta entre todos esses tópicos. Como vimos, a
lavoura se torna o edifício.
TRANSFUSÃO E TRANSFORMAÇÃO
Em 2 Coríntios 3:18, Paulo diz: “E todos nós, com
o rosto desvendado, contemplando, como por
espelho, a glória do Senhor, somos transformados de
glória em glória, na Sua própria imagem, como pelo
Senhor, o Espírito”. Para contemplar o Senhor e ser
transformados, precisamos de um rosto desvendado.
Não deve haver véu entre nós e o Senhor. Do ponto de
vista da experiência, um véu se refere a isolamento.
Não importa quão próximos possamos estar do
Senhor, se formos isolados por um véu, Ele não
poderá infundir-Se em nós. O isolamento é um termo
usado com freqüência a respeito de eletricidade.
Isolar alguma coisa é cobri-la para não receber
energia elétrica. Até mesmo um pedaço fino de papel
pode ser um isolante. Um aparelho elétrico pode estar
em condições de funcionar e a eletricidade está
instalada no edifício, mas a energia elétrica não
consegue chegar ao aparelho se houver alguma coisa
isolando a ligação.
Isso ilustra o que acontece na vida de muitos
cristãos hoje. Os crentes podem pensar que se
amarem o Senhor estarão próximos Dele e andarão
com Ele e, então, tudo estará certo. Talvez não
percebam, no entanto, que ainda estão sob véus que
os isolam da transfusão do Senhor.
De acordo com a palavra de Paulo, precisamos
contemplar o Senhor com o rosto desvendado. Não
deve haver véus entre nós e o Senhor. Se estivermos
sem véu, seremos um espelho contemplando e
refletindo a gloriosa imagem do Senhor. Sempre que
O contemplamos de forma direta, sem véu, sem
isolamento, experimentamos a Sua transfusão. A
eletricidade divina é infundida em nós.
Comer o Senhor tem muito a ver com tê-Lo
transfundido em nós. Na verdade, comer o Senhor
Jesus é permitir-Lhe entrar em nós na forma de
transfusão. Isso está claramente revelado no Novo
Testamento. De acordo com o Novo Testamento,
nosso relacionamento com o Senhor é totalmente
algo da vida espiritual. Porquanto é algo espiritual, a
linguagem humana não consegue descrevê-lo
adequadamente. Por esse motivo, Paulo usa
metáforas. Em 1 Coríntios 3, as palavras alimentar,
leite, beber e comida sólida são metáforas. O Senhor
Jesus também usou metáforas e parábolas ao ensinar,
por exemplo, ao dizer: “Eu sou o pão da vida” (10
6:35). Ele também disse que o pão que Ele dá é a Sua
carne. Os judeus “disputavam (...) entre si, dizendo:
Como pode este dar-nos a comer a Sua carne?” (v.
52). Comer o Senhor Jesus é recebê-Lo em nós e
permitir-Lhe acrescentar-Se a nós.
Comer não ocorre uma vez por todas; tem de ser
repetido diariamente. Temos comido diversos
alimentos por anos a fio, mas ainda precisamos
comer hoje. Cada vez que os ingerimos, ocorre
transfusão em nós. Pela alimentação e pela
transfusão, Cristo é acrescentado ao nosso ser.
Comer relaciona-se com a transformação.
Quando o alimento é ingerido, digerido e assimilado,
nova substância é acrescentada ao nosso ser para
substituir e eliminar a antiga. Esse é o processo
metabólico de transformação. O sentido de comer é
que nova substância é acrescentada em nós para
descarregar a antiga a fim de produzir transformação
metabólica. Esse ponto crucial tem sido muito
negligenciado pelos cristãos hoje.
Suponha que uma pessoa seja muito pálida. Há
grande diferença entre aplicar maquiagem para
mudar a cor do seu semblante, ou mudá10 como
conseqüência de nutrição adequada e metabolismo.
Aplicar maquiagem é o que faz um agente funerário
nos Estados Unidos: aplica maquiagem ao rosto de
um morto porque não pode haver qualquer mudança
metabólica de vida. Em nossa vida cristã, não
devemos tentar colorir-nos com maquiagem
espiritual. Antes, devemos comer o Senhor. A obra de
Paulo não era a de um agente funerário. Ele não
aplicou maquiagem aos coríntios, mas alimentou-os.
Ele sabia que se comessem e bebessem
adequadamente, seriam transformados e teriam o
semblante espiritual saudável.
A obra de Paulo foi muito diferente da que
muitos obreiros cristãos fazem hoje. Enquanto
muitos executam trabalho de “agentes funerários”,
Paulo alimentava os santos com Cristo. Igualmente, a
igreja não deve ser um lugar onde as pessoas
compram cosméticos; antes, tem de ser o restaurante
do Senhor onde Seu povo pode comer. Quanto mais
comemos de Cristo, mais somos transformados. A
transformação nos fará gloriosos. Fará com que
tenhamos a imagem do Senhor, Sua aparência, Sua
expressão gloriosa.
A transfusão do Senhor em nós também pode ser
ilustrada pela transmissão de eletricidade num
brinquedo. Certos brinquedos movem-se, pulam e até
dançam quando estão ligados à corrente elétrica.
Podemos ser comparados a tal brinquedo elétrico.
Quando Cristo é transfundido em nós, começamos a
nos mover. Podemos até sentir como se pudéssemos
pular ou pairar no ar. Nossa vida cristã é uma vida de
transfusão, é uma vida de continuamente ter o
Senhor infundindo-Se em nós.
A transformação e a transfusão nos tornam
material vivo para a edificação de Deus. Como
material vivo, estamos crescendo e mudando. Posso
observar uma mudança, uma transformação, na vida
de muitos santos, principalmente na dos que não vejo
há certo tempo. Louvado seja o Senhor, pois estamos
sendo transformados! Estamos tornando-nos ouro,
prata e pedras preciosas para a edificação de Deus.
A igreja não é uma organização ou sociedade; é
uma entidade orgânica: o Corpo de Cristo. Somente
pessoas transformadas podem compor o Corpo de
Cristo. Visto que o Corpo de Cristo é orgânico, quanto
mais crescemos e somos transformados, mais somos
edificados como Corpo. É essa edificação de um
Corpo orgânico que o Senhor busca hoje.
ESTUDO-VIDA DE PRIMEIRA CORÍNTIOS
MENSAGEM TRINTA E DOIS
EDIFICAR OU DESTRUIR O SANTUÁRIO DE DEUS?
O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO
A transformação envolve a obra do Espírito tanto
interior como exteriormente. Ele opera exteriormente
nas circunstâncias para o bem do Seu operar interior.
Por exemplo, Ele pode usar nossos filhos para
transformar-nos. Podemos esperar que os filhos se
submetam e obedeçam, mas um pode ser teimoso e
até rebelde. Pode fazer com que sejamos
pressionados para o bem de nossa transformação.
Como sou idoso e tenho muitos filhos e netos, posso
testificar que o Espírito freqüentemente usa nossos
filhos para pressionar-nos e “queimar-nos” como
parte de Sua obra transformadora. Na primeira vez
que experimentei isso em minha vida familiar, fiquei
perturbado e não conseguia explicar o que acontecia.
Gradualmente, soube que precisava do calor e
pressão causados por meus filhos. Também vi que
precisava de outras pressões. É necessário calor e
pressão muito intensos para a argila se tornar pedra
preciosa. De acordo com Romanos 8:28, Deus faz
com que todas as coisas cooperem para o nosso bem.
Precisamos que todas as coisas trabalhem por nós.
Por isso, não devemos ficar surpresos quando até os
filhos são usados para pressionar-nos e queimar-nos
a fim de que nos tornemos pedras preciosas.
Muitos cristãos estão sob a influência de
ensinamentos que dizem que, se crermos no Senhor
Jesus e agirmos bem para a glória de Deus, seremos
abençoados e prosperaremos de todas as formas.
Segundo esse ensinamento, seremos bem-sucedidos e
prósperos. Ademais, supostamente os filhos serão
bem-sucedidos nas profissões que escolherem. Se
esse ensinamento for exato, Paulo deve ter sido o
crente mais miserável que já viveu. Ouçam o que ele
diz em 4:11-13: “Até a presente hora, sofremos fome, e
sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos
morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as
nossas próprias mãos. Quando somos injuriados,
bendizemos; quando perseguidos, suportamos;
quando caluniados, procuramos conciliação: até
agora, temos chegado a ser considerados lixo do
mundo, escória de todos”. Acaso é essa a descrição de
alguém bem-sucedido e próspero? A situação dele era
muito diferente da prometida pelo ensinamento de
que os que crêem no Senhor e vivem corretamente
serão abençoados materialmente. Não obstante,
Paulo era, de fato, o mais abençoado dos cristãos,
pois realmente tinha o Deus Triúno constituído nele.
Nós na restauração do Senhor não devemos ficar
amedrontados pelo processo de transformação. Não
devemos desejar sair da restauração e procurar
maneira mais fácil, ir a uma reunião religiosa onde
podemos ser consolados psicologicamente. Louvamos
o Senhor porque estamos recebendo a Sua nutrição e
também sendo submetidos ao processo de
transformação. Estamos recebendo mais do ouro
divino em nosso ser. Posso categoricamente testificar
que não me arrependo de ter tomado o caminho da
restauração do Senhor. Sim, perdi muito, mas
também ganhei muito mais. Se não há perda, não
pode haver ganho. O que perdi foram coisas
materiais, mas ganhei a natureza de Deus, meu Pai.
Ganhei o ouro da natureza divina, algo que nunca
muda ou decai. Aleluia pela natureza divina
acrescentada a nós! Também louvamos o Senhor pela
maravilhosa redenção que experimentamos
diariamente para ser aniquilados, conduzidos de
volta a Deus e substituídos pelo próprio Cristo. Além
disso, somos gratos pelo calor e pressão que nos
transformam de argila em pedras preciosas.
TRANSFORMAÇÃO E EDIFICAÇÃO
Quando nos tomamos ouro, prata e pedras
preciosas, somos edificados. Edificar é questão de
crescimento e transformação. Quanto mais
crescemos, mais somos resgatados de nosso ser
natural. Então, onde quer que estivermos, podemos
facilmente ser um com os santos. Isso é edificação.
Se formos edificados de verdade, não haverá
opiniões, disputas, contendas, comparações,
preferências ou escolhas. Seremos simplesmente pelo
Corpo do Senhor e desejaremos ser parte desse
Corpo. Não importa onde estejamos, seremos um
com todos os santos. Isso é o que significa ser
edificado com ouro, prata e pedras preciosas.
A maioria dos cristãos de hoje está dividida. É
difícil até mesmo encontrar dois que foram edificados
de forma adequada. O motivo da divisão e falta de
edificação é que os crentes permanecem em sua vida
natural, seu ser natural e aspirações mundanas.
Muitos ainda têm as próprias preferências, desejos e
escolhas. Como conseqüência, é impossível que
sejam, de fato, um. Portanto, entre eles não pode
haver a vida prática do Corpo.
Não podemos ter a verdadeira vida do Corpo até
que, pelo menos até certo ponto, cresçamos sendo
transformados. Louvamos o Senhor porque, até certo
ponto pelo menos, as igrejas na restauração do
Senhor têm sido edificadas dessa forma. Os santos
estão se tomando um, e não estão tanto em suas
opiniões, preferências e escolhas. Além disso, temos
um objetivo: a visão central do propósito eterno de
Deus, que é ter Cristo ministrado aos santos para que
todos sejam constituídos num único Corpo. Embora
possamos não ser totalmente um nesse objetivo,
estamos no processo de entrar nessa unidade. A
situação hoje está muito melhor do que há dez anos.
Louvamos ao Senhor pelo que Ele tem feito nos
últimos dez anos. Entretanto, queremos
experimentar mais transformação para ter mais
edificação.
Primeiro, nós mesmos precisamos tomar-nos
ouro, prata e pedras preciosas. Depois,
espontaneamente, edificamo-nos no Corpo. Dessa
forma, edificamo-nos sobre Cristo, o único
fundamento. Quanto mais somos transformados,
mais edificamos sobre Cristo como fundamento.
Além disso, quando ministramos aos outros o Deus
Triúno, isto é, o Pai como elemento de ouro, o Filho
com Sua redenção prática, o Espírito com a obra de
transformação, eles terão infusão e nutrição. Então,
gradualmente, um por um, eles se tomarão da mesma
categoria de material precioso. Estarão na mesma
condição e situação, receberão a mesma nutrição e
terão o mesmo destino. Por fim, o Senhor terá a igreja
que deseja: o Corpo como a expressão corporativa de
Cristo.
Não espere que essa obra de transformação e
edificação vá ser executada em larga escala
envolvendo grande número de cristãos. Pelo
contrário, será cumprida por poucos, segundo o
princípio dos vencedores. a Senhor dirigiu as sete
epístolas em Apocalipse às igrejas e aos santos nas
igrejas. Entretanto, Ele não esperava que todos
fossem de acordo com o que Ele é. Por isso, no fim de
cada epístola, Ele diz algo sobre o vencedor. Por fim,
Ele ganhará um pequeno número de crentes, os
vencedores, para satisfazer o desejo de Seu coração e
cumprir Seu propósito eterno.
Você sabe de que forma o Senhor vai ganhar
esses vencedores? Será por meio de alimentar, beber,
comer, plantar, regar e crescer. Será por meio de uma
lavoura e um edifício com Cristo como o único
fundamento e construído com o material precioso de
ouro, prata e pedras preciosas. Por fim, esse edifício
se tomará o santuário de Deus.