Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
1
Biografia de António Mota
UM
RETRATO
2
lerem. Do tema e das personagens não se lembra já, escreveu-a e “os miúdos
gostaram daquilo”. Resolveu continuar.
No ano seguinte, veio uma inspectora às escola e a turma estava a trabalhar numa
história de António sobre o Natal. A inspectora gostou do que ouviu e sugeriu que o
jovem Professor editasse um livro. António “não conhecia ninguém” mas falaram-
lhe "vagamente de uma senhora chamada Losa” – . Foi a uma aldeia vizinha, pois
não tinha telefone em casa, percorreu a lista telefónica e encontrou um arquitecto
Losa a viver no Porto. “Atirei-me para lá e apareceu-me a voz da Ilse”. Foi
convidado a ir a sua casa e quis ler-lhe as suas histórias: “É que tinha aquela ideia
do Luís de Camões a ler Os Lusíadas ao Rei e queria fazer igual”. Mas Ilse Losa não
deixou. Ficaram os textos. Na volta do correio, as notícias não foram as mais
animadoras. Era preciso escrever melhor, mas “havia ali qualquer coisa” disse-lhe
Ilse. Tinha 19 anos. Queimou todos os textos e resolveu começar a escrever “um
livro a sério”.
Relativamente à moral da história, afirma que “nunca quer passar nada”. E recorda
os textos que lia com os seus colegas na escola primária sobre os ninhos que
tinham sido feitos com muito cuidado e era preciso proteger. Eles diziam a tudo que
sim, mas a primeira coisa que faziam quando saíam da escola era “ir aos ninhos” …
Por isso António Mota enfatiza: “Tudo o que é moral cheira mal!”
Vinte e cinco anos de escrita. Com a distância que o tempo lhe permite, António
Mota reconhece agora duas fases na sua carreira literária. Na primeira, embora
ninguém lhe tenha “encomendado o sermão”, há uma espécie de militância, apesar
de considerar que esta é uma palavra forte. Queria mostrar aos leitores a
existência de “um outro Portugal que não é só Lisboa”. Fazia-lhe impressão que
num livro em que uma personagem “ia comer pataniscas ao Conde Redondo”
estivesse subentendido que o leitor soubesse onde era esta zona… de Lisboa. Vai
mais longe, ao ponto de dizer o que na altura sentia: “Se um livro se passasse em
Lisboa era literatura nacional, se se passasse numa qualquer terriola já não era
bem assim…”. Tinha então, como propósito mostrar o interior de Portugal, a região
3
que melhor conhece, e provar que existem “outras gentes, com outras vidas,
outros sonhos, outros amores e desamores”.
Outros dos seus objectivos era não deixar morrer certo tipo de palavras e
expressões regionais, para que “não fique tudo plano e igual”. Na segunda fase da
escrita, a que chegou depois dos 40 anos, virou-se para os leitores mais
pequeninos. Quis escrever de forma clara e simples livres que despertassem o
interesse dos mais novos e fê-lo também a “brincar com as palavras” com
trocadilhos e fórmulas quase poéticas que sabe “que os miúdos adoram”.
Seja que livro for, António Mota escreveu-o ao som de música. A cada novo
projecto, um novo CD ajuda-o a arrumar as ideias. Gosta de ouvir música celta,
descobriu recentemente alguma música grega, e recorre muito à clássica – talvez
por se recordar daquela que ouvia com o pai – mas não pode ser ópera, “tem que
ser calminha”.
Acredita no valor trabalho e por isso é muito disciplinado no seu. Passa pelo menos
três horas diárias no escritório a escrever e prefere fazê-lo no Outono, é que a
Primavera “deprime-o”.
Normalmente escreve sempre na primeira pessoa, e por isso os seus “heróis” são
quase sempre masculinos, mas há excepções, como a Marta, de Cortei as tranças
que foi um “verdadeiro desafio” por ter que entrar “num mundo feminino” e por
isso mais desconhecido. Até abriu uma garrafa de champanhe quando chegou ao
fim. Sentiu que tinha sido bem sucedido quando uma menina de uma das muitas
escolas que desde sempre visita (só lhe faltam cinco ou seis concelhos), lhe disse:
“como é que sabe que é assim que nós pensamos?”. É também para despertar este
tipo de sensações que escreve. E por isso foi sendo reconhecido. Recebeu em 1983,
com a obra O rapaz de Louredo, um Prémio da Associação Portuguesa de
Escritores, em 1990, o Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças pelo romance
Pedro Alecrim, em 1996 o Prémio António Botto, pela obra A casa das bengalas
(título que lhe foi “oferecido” por um senhor de um dos lares que visitou) e este
ano com o livro Se eu fosse muito magrinho (com ilustrações de André Letria)
recebeu, na modalidade de livro ilustrado o Grande Prémio Gulbenkian para
crianças e jovens.
Ao relembrar todos estes prémios António Mota suspira, e confessa que lhe sabem
muito bem. Sobretudo, no início, deram-lhe muito fôlego, a certeza do caminho.
Mas não se envaidece, é preciso “ir escrever”.
Foi professor do Ensino Básico Publicou o seu primeiro livro, A Aldeia das
Flores, em 1979. Com a obra O Rapaz de Louredo (1983) ganhou um prémio da
Associação Portuguesa de Escritores. Em 1990, recebeu o Prémio Gulbenkian de
Literatura para Crianças e Jovens pelo seu romance Pedro Alecrim. Em 1996,
ganhou o Prémio António Botto com A Casa das Bengalas. Em 2003, a obra O Sonho
de de Mariana, ganhou o Prémio Nacional de Ilustração, com ilustrações de Danuta
Wojciechowska. Esta obra foi escolhida pela Associação de Professores de
4
Português e Associação de Profissionais de Educação de Infância para o projecto
"O meu brinquedo é um livro".
Bio
5
http://www.gailivro.pt/amota/index.php?module=autor&op=re2
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Mota
6
Instituto Educativo do Juncal
Língua Portuguesa
Biografia e Bibliografia de
António Mota
Eduardo Cardoso
7
6.º ano Turma A N.º10