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A comunidade cristã sempre foi necessária; mas nesta época atual, dentro
destas cidades inóspitas e despersonalizadas, a pequena comunidade, o
pequeno grupo de vida como ponto de referência em meio à secura reinante,
aparece com a máxima importância e urgência.
As pequenas comunidades formam o tecido eclesial, útero de crescimento
imprescindível na cidade-deserto. A ação missionária é sempre a busca
permanente do outro, além das paredes da própria casa.
Um cristão sozinho é um cristão perdido e corre o risco de ser absorvido pelos
maus espíritos que campe-iam pelo asfalto. Não se trata de fomentar pequenas
seitas. O que aqui se propõe são os pequenos grupos de comunhão de vida
e de fé, surgidos no âmbito das paróquias, colégios, movimentos... sem
etiquetas, ligados ao humus eclesial, referidos ao bispo e ao Evangelho e bem
discernidos.
Grupos nos quais o “tu a tu”, a escuta mútua e a compreensão da Palavra sejam
possíveis; onde a
formação, a vida partilhada e a correção fraterna possam acontecer;
onde a oração e o compromisso solidário se façam realidade.
Não faltam nem as palavras a serem ditas nem os instrumentos pastorais.
O que é necessário é a alegria e o entusiasmo das comunidades eclesiais,
para que se passe da fé de “costumes” para a fé de opção pessoal,
iluminada, convicta... nas grandes cidades.
“...a tarefa fundamental de Jesus consistiu na formação da
comunidade... Jesus viu claramente... que o mais urgente para a
implantação do Reino é a existência da comunidade cristã.
Reproduzindo o modelo da comunidade de Jesus, poder-se-á dizer
que estamos construindo o Reino”. (J.M. Castillo)
Este é um dos grandes desafios na grande cidade. Romper com o indivi-
dualismo e o poder que marcam as relações entre os homens e as mulheres,
para criar um marco novo, humanizador e aberto a Deus Pai, através da
mais objetiva e efetiva beleza da Igreja que são suas pequenas comunida
des. A espiritualidade urbana passa por este núcleo básico de crescimento.
A quarta linha básica da espiritualidade das “cidades-deserto”
em que vivemos, deve ser a de fazer possível o desenvolvimento de um
novo tecido eclesial, composto por pequenas comunidades ou fraternidades de vida cristã
que fa-
voreçam o crescimento mútuo e o do Evangelho e que, ao mesmo tempo, sirvam como
proteção con-
tra a dureza do deserto e contra o avanço de grupos fanáticos que nos invadem.