Sei sulla pagina 1di 8

Nos Estados Unidos, o assassinato de negros pela polícia continuará

ininterruptamente e mais centenas de milhares se juntarão aos que já estão alojados no


complexo industrial-carcerário que foi instalado após a escravidão das plantações e as
leis de Jim Crow. sob as condições do capitalismo neoliberal, a política se converterá
em uma guerra mal sublimada. Esta será uma guerra de classe que nega sua própria
natureza: uma guerra contra os pobres, uma guerra racial contra as minorias, uma guerra
de gênero contra as mulheres, uma guerra religiosa contra os muçulmanos, uma guerra
contra os deficientes.
O capitalismo neoliberal deixou em sua esteira uma multidão de sujeitos destruídos,
muitos dos quais estão profundamente convencidos de que seu futuro imediato será uma
exposição contínua à violência e à ameaça existencial.

Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte

Uma semana atrás, antes de me deitar pra dormir eu parei pra fazer algo que já é
uma espécie de rito meu: assistir um vídeo do canal de YouTube Meteoro Brasil que,
atualmente, é um dos veículos de jornalismo crítico e divulgação cientifica que eu mais
respeito e admiro. Bom, naquela noite eu ainda não sabia o que havia acontecido em
mais uma operação criminosa da PM no rio. Estava afastado das demais redes sociais
pra tentar dar uma equilibrada na sanidade durante o período de recuperação da Covid.
Mas, manter a sanidade, vivendo onde vivemos, confrontando a realidade que temos
torna-se questão de luxo.

A mensagem do vídeo em questão me atingiu certeiro em um ponto que no dia


seguinte fez sentido e um peso, como talvez não houve-se feito em outro momento, sob
outras circunstâncias, em um outro eu. Realmente recomendo que quem ainda não tenha
assistido, faça um esfocinho, mas só se você puder. E tbm, só se você quiser, me conta o
que a mensagem te fez sentir. Mas deixo um leve spoiler, e me perdoem, mas 1) é
necessário ter isso em mente 2) pra quem realmente vive esse Brasil e sente as dores dos
seus irmão, não tem nenhuma novidade nessa afirmação: O ESTADO BRASILEIRO É
ASSASSINO! Esse é o link para o vídeo: https://www.youtube.com/watch?
v=auRhXnvWEDs
Os sentimentos de raiva, tristeza e impotência combinados com a ansiedade me
paralisaram parte daquele dia. Acabei pensando em muitas coisas que já vinham me
maltratando e decidi escrever um pouco pra organizar a ideias. As partes mais
importantes e mais sociais são as que partilharei aqui. Caso algumas coisas fiquem um
tanto turvas pra quem não seja da área das ciências sociais e humanidades, eu me
disponho a conversar sobre, dialogar mais, com o pouco que sei mais as contribuições
do conhecimento de cada um, acredito que possamos chegar a algum entendimento
conjunto precioso. No mais, sigo trabalhando nesse texto e num futuro não tão distante,
a depender que como conseguirei lidar com o movimento das coisas, pretendo torná-lo
um conteúdo mais consistente ao mesmo tempo que mais didático, estendendo para
outras discussões tbm, talvez como vídeos.
ONDE HÁ NEOLIBERALISMO NÃO HÁ DEMOCRACIA
Para que possamos refletir as dinâmicas de poder que regem as sociedades que se
estruturam dentro das tramas neoliberais, de ontem e hoje e, com isso, buscar entender
também o que vivemos no Brasil, olhar para o conceito de NECROPOLITICA
trabalhado pelo historiador, filósofo e cientista político camaronês Achille Mbembe
torna-se uma ferramenta de compreensão da realidade indispensável. Sendo um
estudioso da escravidão, da decolonialidade e da negritude, essas temáticas terão grande
evidência em sua obra e nos são mais que pertinentes para discutirmos nossa atualidade.
Mbembe aponta para os efeitos da escravidão e o colonialismo e como continuam
sendo vistos hoje nos países periféricos e utiliza a categoria de “necropolítica”, como
ferramenta teórica de compreensão da ação política contemporânea. Não que sejam
necessários muitos apontamentos teóricos pra que isso seja evidenciando hoje, mas ter
um autor de peso se preocupando com essas problemáticas é inestimável. Então, para
Mbembe, o racismo se constitui enquanto elemento de controle e dominação nas
relações de poder. O autor desenvolve o entendimento de necropolítica por meio de
estudos em Michel Foucault, reinterpretando sua “biopolítica” e Giorgio Agamben à
luz do conceito “estado de exceção”, do estado de terror (dois autores que valem o
tempo de busca na web pra quem quiser saber mais a fundo o papo deles).
Vejamos, mesmo pegando apenas as duas últimas décadas no Brasil, com a
imensa desigualdade social, a suposta guerra às drogas, o encarceramento em massa e o
racismo já temos à exaustão, exemplos para ilustrar afirmação de Mbembe quando este
diz que “A EXPRESSÃO MÁXIMA DA SOBERANIA (leia-se: nos estados
neoliberais) RESIDE, EM GRANDE MEDIDA, NO PODER E NA CAPACIDADE
DE DITAR QUEM PODE VIVER E QUEM DEVE MORRER" (MBEMBE, 2016).

Seguindo a linha de Mbembe, podemos apontar sem receios que ocupação


colonial em si, deu conta de uma questão de apreensão, demarcação e afirmação do
controle físico e geográfico sobre um OUTRO (outros Jurunas, Tapajós, Guajajáras,
Guaranis; outros, Astecas, Incas, Maias, Moches; outros Iorubás, Nagôs, Geges, Mina,
Malês). Percebam a extensão e brutalidade que não pode ser reduzida a "Cada vez mais,
o índio é um ser humano igual a nós" ou "O português nem pisava em África. Eram os
próprios negros que entregavam os escravos". A destruição primeiro cultural e o
sequestro das liberdades e dinâmicas sociais próprias desses tantos "outros" em prol de
se inscrever um novo conjunto de relações sociais e espaciais a serviço de um projeto
colonial do qual amargamos os resultados até hoje. Por exemplo, ao receber a alcunha
de negro pelo colonizador europeu, o africano começa a ser inserido em um estágio de
construção de não-ser, não-humanidade e não-racionalidade. Classificado dessa forma o
seu corpo – visto enquanto força de trabalho – foi utilizado como combustível para o
desenvolvimento do capitalismo em sua fase germinal, e ainda hoje, encontra neste seu
um grande algoz. Com as palavras do próprio Mbembe “O capitalismo neoliberal
deixou em sua esteira uma multidão de sujeitos destruídos, muitos dos quais estão
profundamente convencidos de que seu futuro imediato será uma exposição contínua à
violência e à ameaça existencial”.

Vejam, esse direito de matar, de dominar corpos “fragilizados” posto em prática


pelo estado brasileiro, vem desde a invasão do nosso território, vindo repousar hoje,
inevitavelmente no estabelecimento de RELAÇÕES DE INIMIZADE, isto é, na criação
da imagem de um inimigo, um empecilho que deve ser eliminado em prol de um dito
processo civilizatório e do progresso. Então, como uma ideologia a serviço do status
quo, o neoliberalismo é preciso e perverso ao assimilar a uma gama de políticas e
estruturas de desigualdades como o racismo, machismo, xenofobia, homofobia que
inevitavelmente contribuem para a concretização desse inimigo: o que devemos
concluir, sem pudor mesmo, é que o fundamento do neoliberalismo é o extermínio de
quem não cabe no mercado.
Quando o atual chefe do executivo disse que se eleito não haveria um centímetro
demarcado para reserva indígena ou para quilombola, além de estar negando a esses
grupos a manutenção de políticas afirmativas, consequentemente, também negava a
brutalidade do processo histórico de expropriação da humanidades desses grupos, ele
abre precedentes para a criação desse inimigo. Afinal “é um desperdício enorme em
dinheiro e potencial exploratório preservar essas áreas para um bando de va-ga-bun-dos
e o Brasil precisa crescer".

Um momento para consultar alguns dados. De acordo com a última Pesquisa


Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), no Brasil 56,10% da população (de mais
de 200 milhões) se declara como negra ou parda. Todavia a superioridade demográfica
não se repete na qualidade de vida frente a extensão da desigualdade social no país. No
mercado de trabalho: o sub-emprego, a informalidade a exploração; na distribuição de
renda recebem menos e a taxa de pobreza alcança condições extremas; representantes
no poder executivo (essencialmente no STJ, STF, senado e câmara dos deputados) são
escassos, o que acaba refletindo em num abandono sistêmico quanto políticas públicas
e que influi diretamente no último ponto desta ponderação: A violência sofrida pelos
negros no Brasil atinge níveis, raramente observados em outros lugares (com exceção
apenas aos EUA). Negros são as maiores vítimas de homicídios no Brasil. Segundo o
Atlas da Violência, em 2017, 75,5% das pessoas assassinadas no país eram pretas ou
pardas – o equivalente a 49.524 vítimas. A chance de um jovem negro ser vítima de
homicídio no Brasil é 2,5 vezes maior do que a de um jovem branco. Em 10 anos – de
2007 a 2017 -, o Brasil se tornou um país com mais potencial de morte para negros do
que para não-negros. A taxa de homicídios de negros cresceu 33,1% no período,
enquanto a de brancos aumentou 3,3%. Ou seja, os negros são os que mais morrem e
também são a população em que a taxa de mortes violentas mais cresce. Texto adaptado
disponível em:
https://www.google.com/amp/s/piaui.folha.uol.com.br/lupa/2019/11/20/consciencia-
negra-numeros-brasil/amp/
Com isso, podemos tirar algumas conclusões quanto a política de morte do estado
brasileiro. Esse estado não apenas produz a morte mas efetivamente gesta condições
para que ocorram. E como faz isso? Permitindo que determinados grupos e regiões
estejam permanentemente equilibrados sobre o limite mínimo das condições básicas de
sobrevivência, logo, marcados pelo risco constante da morte.
Podemos acrescentar nessa equação a gestão de segurança pública, sobretudo nas
regiões periféricas do país. O estado, possuindo as regalias da violência legitimada na
figura das forças policiais, assume um controle sistemático dos corpos dos indivíduos
dentro do convívio social (biopolítica) que acabam vivendo sob um regime constante de
temor pela própria vida, um estado de terror que acaba configurando um ESTADO DE
EXCEÇÃO, ou seja um estado que subverte o que deveria ser o ESTADO
DEMOCRÁTICO DE DIREITO brasileiro, garantindo à população seus direitos sociais
e individuais, liberdade, segurança, desenvolvimento, bem-estar, igualdade e justiça
como valores supremos.

RECORTES JORNAIS

Comissão Pastoral da Terra CPT

23/08/2018 Assassinato de Adriano Fortunato

PODER SIMBÓLICO

Quem me conhece sabe que sou muito mais chegado ao Bourdieu que ao no
Foucault. Reconheço o tamanho da importância e revolução possibilitadas por suas
teorias e até tenho lido um pouco mais sobre. Mas, como todo grande revolucionário, o
que acaba gestando ranço à sua figura é o fã clube. Então, pode ser que inicialmente,
isso tenha me aproximado mais do Bourdieu ou não, vai saber "tudo é relativo". Mas,
um fato é, que por uma questão de abordagem epistemológica do campo em que
estabeleço minhas pesquisas, as categorias do Bourdieu acabaram se tornando
indispensáveis. Quis estabelecer esse nexo aqui pra tbm falar um pouco sobre Poder
Simbólico
Acredito que seja importante expandirmos um pouco as noções de poder dentro
das relações sociais para caminhar pra um entendimento mais consistente do que
estamos discutindo aqui. Para esse exercício vamos convocar o sociólogo francês Pierre
Bourdieu e a categoria com a qual este trabalha, o PODER SIMBÓLICO. Grosso modo,
o poder simbólico seria um poder “invisível” presente em toda e qualquer dinâmica de
interação social e que somente pode ser posto em prática com a cumplicidade daqueles
que tanto não fazem questão de saber se a ele estão sujeitos ou mesmo que o exercem. E
é a isso que vamos chamar VIOLÊNCIA SIMBÓLICA.

As relações entre poder e simbologia estão em todos os lugares. Por exemplo,


em esferas como a arte, a religião e a linguagem. Essa função social do símbolo é atuar
como instrumento da integração coletiva, tornando possível a materialização do poder
por meio dos símbolos que o representam, como um padre e a sua batina frente aos fiéis,
o médico e o jaleco relação ao paciente, ou o policial e a sua farda frente aos cidadãos.

Logo, o poder Simbólico é um poder de construção da realidade que tende a


estabelecer uma ordem de sentido imediato ao mundo, em particular, ao mundo social.
Os sistemas simbólicos exercem poder através de estruturas estruturantes que são
estruturadas. Isso implica quer dizer existem ideias previamente estabelecidas por
grupos/instituições dominantes que detém a capacidade, meios de imprimir sua visão,
alinhamento ideológico aos dominados. Um exemplo clássico, seriam os da imprensa e
hoje das redes sociais atuando conjuntamente. Quando a mídia passa, ou vende uma
ideia à sociedade, ela está estruturando. É só pensar nas grandes corporações midiáticas,
elas estão estruturadas de acordo com a ideologia dominante, que é a ideologia da classe
dominante. Os sistemas simbólicos servem como meios de dominação. Dessa forma,
ideologia passada para a sociedade através dos meios simbólicos de dominação é
passada como despretensiosa, ou seja, como se não fosse uma ideologia ou instrumento
de dominação, quando na verdade reflete justamente o interesse da classe produtora
dessa ideologia.

– digo ultrapassado pois, atualmente, temos as redes sociais que, desde as eleições
presidenciais de 2016 nos EUA, assumiram uma posição que além de coexistir com a
mídia clássica, dependendo das variáveis, chega a superá-la, vide o espetáculo das
FAKE NEWS

Com isso, chegamos em outro autor em que me sustento e que se resolve muito
bem com Bourdieu: Roger Chartier. Chartier trabalha com a categoria de
Representação, entendendo estas como esquemas intelectuais que constroem sentidos
mediados pelos interesses dos sujeitos envolvidos com os desdobramentos destas
construções. Logo, esses interesses/"acontecimentos" como o recente ASSASSINATO
do jovem João Pedro, devem ser lidos não como "simples fatos isolados" (e no Brasil há
um abismo antes que se possa fazer uso de tal eufemismo), mas sim buscando ver nas
entrelinhas das redes de poder que atravessam esses fatos.
Devemos chamar isso, sem receio, de racismo! Vivemos no Brasil um Racismo
velado, que se esconde muito cordialmente nas estruturas da sociedade, como
funcionamento normal, naturalizado, da vida cotidiana, O racismo enquanto estrutura
estruturante das relações sociais não só assume a forma de violência concreta mas,
sobretudo simbólica sendo a primeira consequência desta. O pensamento racista define
seus símbolos que são incorporados mentalmente, tornando-o assim algo lógico. Silvio
Almeida, autor indispensável para se compreender o Racismo Estrutural no Brasil
estabelece um tripé que sustenta essa lógica, e que pude distribuir ao longo do texto:
Economia, Política e Subjetividade. Não se pode ser racista, simplesmente sem querer,
não se compactua com o racismo apenas por desconhecimento, pois o pensamento
racista não é um ato espontâneo ele imprime sua própria lógica de opressão e que sendo
resultante de um poder simbólico se retroalimenta dos envolvidos em sua reprodução.
Como diz Angela Davis em sua célebre máxima “Não basta não ser racista, é necessário
ser antiracista”.
Então, o que temos observado no país é uma prática de genocídio e eugenia
cirúrgica e perversamente articulada a serviço de uma ordem neoliberal. A eliminação
de corpos negros, indígenas, corpos marginalizados e tornados descartáveis dentro das
engrenagens da atual fase do capitalismo. Vivemos hoje uma pandemia sem precedentes
e somos o país que está na lanterna dessa batalha. O discurso oficial do governo é de
que o país não pode parar, dentro da lógica das engrenagens do mercado, se a economia
quebrar os culpados são os trabalhadores que não optaram pela “nobre” ação de entregar
suas vidas como oferenda ao “Deus Mercado”. Os que lutam pelo direito de seguir
vivendo em meio ao caos da nossa realidade estão em desvantagem, a razão está
abandona à sombra da psicodelia perversa dos que estão no controle da situação. Já
perdemos mais de VINTE MIL irmão de pátria. o governo segue irredutível com seu
projeto de morte. Nunca foi Brasil acima de tudo, nunca foi pra “acabar com tudo isso
que tá aí”, sempre foram eles acima de tudo pra acabar com nós que estamos aqui.
Resistindo. seguimos resistindo!

Texto por: Neydson Guilherme Silva Corrêa.

neoliberalismo
Ainda que em sua retórica os neoliberais afirmem defender os preceitos
democráticos históricos do liberalismo clássico, em termos práticos, invariavelmente as
políticas neoliberais se estabeleceram através de expedientes antidemocráticos. Não é
um “acaso” que a primeira experiência de governo neoliberal no mundo tenha sido na
década de 1970 no Chile durante a ditadura de Augusto Pinochet. Promotora de
inúmeros crimes contra a humanidade, o banho de sangue de Pinochet foi vendido ao
mundo por vezes como inexistente ou então como um “mal menor” frente as conquistas
do chamado “milagre chileno”.

como uma ideologia a serviço do status quo o neoliberalismo soube conviver e assimilar
a uma gama de políticas e estruturas de desigualdades (racismo, machismo, xenofobia,
etc) que não necessariamente lhe seriam inatas.

Potrebbero piacerti anche