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interpretar
A arte não é uma atualidade atemporal que se revela à consciência estética pura,
mas a obra de um espírito histórico que se reúne e se congrega historicamente. A
consciência estética é importante para a obra de arte, pois é uma forma de auto
compreender-se, mas para isto é importante pensar em si e no outro, pois nela
aprendemos a nos compreender apontando as circunstancias das vivencias, assim pensa-
se na experiência da obra de arte como conhecimento que pode ser compartilhado
(Cf.Gadamer, 2007, p. 148 e 149).
Qualquer obra de arte deve ser compreendida, como qualquer outro texto e, isso
requer capacidade, com isso a consciência hermenêutica adquire uma extensão tão
abrangente que ultrapassa a consciência estética. Mas não só em seu aspecto formal,
como em todo seu conteúdo. A hermenêutica dedica-se em seu contexto a fazer justiça à
experiência da obra de arte. A compreensão deve ser entendida como parte do
acontecimento semântico, no qual se forma e se realiza o sentido de todo o enunciado da
arte quanto os de qualquer outra tradição (Cf.Gadamer, 2007, p. 231). A questão que diz
respeito à compreensão é fundamental, pois não existe interpretação sem compreensão,
além do que “ela abarca com ela”, como a pré-compreensão, concepção-prévia do que
possuímos antes de entrarmos no jogo hermenêutico. A universalidade do caráter
hermenêutico expõe o próprio caráter da linguagem, como forma de realização do
compreender, abarca tanto a consciência “pré-hermenêutica”, como todas as formas de
uma consciência hermenêutica (Cf.Gadamer, 2007, p.21).
Portanto ganhar um horizonte significa aprender a ver para além do que está
muito próximo, deslocar-se, fazer a abstração de si mesmo, representar-nos numa
situação diferente, é no sentir esse deslocar-se, que nos tornamos conscientes da
alteridade e passamos a compreender (Cf. Gadamer, 2007, pg. 403).
Segundo Gadamer a importância da arte repousa também no fato que ela nos
interpela, e expõe o homem diante de si mesmo em sua existência determinada
moralmente. As obras de arte servem para nos interpelar; os objetos naturais, ao
contrário, não estão ai para nos interpelar. A arte proporciona esse encontro do homem
consigo mesmo em um contexto intencional. Que o homem encontre a si mesmo na arte,
não é para ele a confirmação procedente de algo diferente de si mesmo (Cf. Gadamer,
2007,p.93 e 94).
Por fim sabe-se que a arte e sua filosofia têm consonância com a tradição, mas
que uma obra de arte se posta enquanto tal, quando perpassa os tempos, tendo voz,
enquanto ela tiver algo a comunicar a interpelar seus interpretes e convocar as pessoas
ao jogo da compreensão e interpretação ela será obra efetiva independente de sua beleza
estética da técnica, mas sim pela sua consciência estética de seu dialogo de sua busca
pelo entendimento , por além se por frete as questões supra sensíveis, se finda em sua
identidade enquanto obra. Esse assunto apontado neste texto tem inúmeras questões
relevantes para se perseguir esta problemática, mas deixo para um outro momento e
finalizo com versos do poeta Fernando Pessoa “ O educador que somos é construído a
cada dia. Somos sujeitos históricos, nos fazemos... Sim, sou eu, eu mesmo, tal qual
resultei de tudo... Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou... Quanto quis, quanto não
quis, tudo isso me forma...”(Fernando Pessoa)
Referências: