Sei sulla pagina 1di 11

A Hermenêutica filosófica de Gadamer: a arte de compreender e

interpretar

Vanessa Steigleder Neubauer1

Gadamer examina a questão da interpretação e da experiência da obra de arte


sob a perspectiva de uma hermenêutica filosófica, para a qual os temas da linguagem, da
tradição e da historicidade da condição humana são elementos essenciais. A tarefa
hermenêutica é a de apropriar-se da tradição, a qual consiste em continuar transmitindo
naturalmente aquilo que é transmitido, e possa ter-se tornado questionável (Cf.
Gadamer, 2007, p.20).
Na perspectiva de Gadamer, a tradição deve ser pensada como objeto de
compreensão histórico- filosófica. A finitude do compreender é o modo no qual a
realidade, a resistência, o absurdo e o incompreensível alcançam validade. O conceito
do todo só pode ser compreendido relativamente, pela parte, que pressupõe um primeiro
movimento circular, os projetos-prévios, que na experiência, se re-avaliam no confronto
e na intencionalidade dos projetos iniciais, que só pode ser compreendido relativamente.
Assim, a totalidade de sentido que deve ser compreendido na tradição, jamais se refere
ao sentido todo da história, mas sim como objeto de compreensão histórica ou de
concepção filosófica.
A interpretação precisa da pré-compreensão para agarrar-se ao “texto a obra” e
ser agarrada por ele, essa discussão não lida com sentimentos, mas com a estrutura
dinâmica da compreensão, assim a importância de reconhecer a tradição como fio
condutor do projeto-prévio, conhecimento prévio, da pré-compreensão, significativos
no projetar-se á coisa em si. (Cf. Gadamer, 2007a, p.36).
Segundo Gadamer, a importância da “coisa/obra” repousa também no fato que
ela nos interpela, e expõe o homem diante de si mesmo em sua existência determinada
moralmente. As “coisas/obras” servem para nos interpelar; os objetos naturais, ao
contrário, não estão ai para nos interpelar. A “coisa” proporciona esse encontro do
homem consigo mesmo em um contexto intencional. Que o homem encontre a si

1 Acadêmica do Curso Mestrado em Educação nas Ciências da UNIJUÍ,


borbova@gmail.com. Orientador Professor Orientador, Doutor do DFP - Departamento
de Filosofia e Psicologia da UNIJUÍ. garcia@unijui.edu.br.
mesmo na “coisa”, não é para ele a confirmação procedente de algo diferente de si
mesmo (Cf. Gadamer, 2007, p.93 e 94). O fato de experimentarmos a verdade numa
obra de arte fortalece a necessidade de advertência à consciência científica de
reconhecer seus limites. Os estudos sobre hermenêutica que partem da experiência
da arte e da tradição histórica procuram analisar o fenômeno hermenêutico em toda sua
envergadura. Importa reconhecer nele uma experiência de verdade, que não deve só ser
justificada filosoficamente, mas que seja ela própria uma forma de filosofar. Assim
sendo, a hermenêutica que se refere não é uma doutrina de métodos das ciências do
espírito, mas a tentativa de entender o que são na verdade as ciências do espírito, para
além de sua autoconsciência metodológica, e o que as liga ao conjunto de nossa
experiência de mundo (Cf.Gadamer, 2007, p. 31).
O modo como experimentamos o mundo, a forma como compreendemos as
tradições históricas, as ocorrências naturais de nossa existência e de nosso mundo,
envolvem um universo hermenêutico que nos abre para o mundo (p.32).

Os costumes de linguagem e de pensamento que se formam para o indivíduo na


comunicação circundante diante da tradição histórica exercem função primordial para a
hermenêutica da arte. É a consciência crítica que deve acompanhar o filosofar
responsável, colocando os costumes de linguagem e de pensamento que se formam para
o indivíduo na comunicação com seu mundo circundante diante do fórum da tradição
histórica, da qual todos fazem parte (Cf. Gadamer, 2007, p.33).

O problema que as ciências filosóficas impõem ao pensamento é que não é


possível compreender corretamente a natureza das ciências do espírito. A experiência de
mundo histórico social não se eleva ao nível de Ciência pelo processo indutivo das
ciências da natureza (Cf. Gadamer, 2007, p. 38).

As ciências do espírito estão muito longe de se sentirem


simplesmente inferiores às ciências da natureza. Na herança espiritual
do classicismo alemão elas desenvolveram, antes, a consciência de
orgulho de serem o verdadeiro suporte do humanismo (Cf.Gadamer,
2007,p. 43).
A formação hoje, estreitamente ligada ao conceito de cultura, designa, antes de
tudo, a maneira humana de aperfeiçoar suas aptidões e faculdades. Kant não emprega a
palavra formação neste contexto, antes refere-se à cultura da faculdade, que é, como tal,
um ato de liberdade do sujeito atuante. Assim, como um dos deveres para consigo
mesmo, cita o de não deixar deteriorar seus próprios talentos, e não emprega a palavra
formação ( Kant apud Gadamer, 2007, p. 45).

Assim nas questões transcendentais da arte, encontram-se as questões da


problemática do gosto, a qual partem do julgamento do belo, envolvendo os princípios
da estética, pertencentes à técnica e ao método, mas a que ponto, questões tão objetivas
e fragmentadas podem dar aporte para se compreender a arte? De acordo com Gadamer
é necessário problematizar as pretensas verdades, dadas pela técnica, pois a arte não é
só construção, mas, também comunicação, linguagem de signos e significados que
fazem parte de um contexto e requerem a compreensão para se tornarem efetivos. A
concepção prévia, os enlaces da pré-compreensão atuam diretamente em nossos
julgamentos direcionado pelo gosto do que realmente é significativo ou não na arte.

É nas ciências do espírito, onde devemos buscar a resposta para busca da


verdade da arte, pois essas não querem suprimir, mas compreender a viabilidade de
todas as experiências; quer seja das consciências estéticas, históricas, religiosas ou
política, prioriza a busca pela verdade (Cf.Gadamer, 2007, p. 151). Não podemos fazer
justiça ao problema da arte partindo do ponto de vista da consciência estética, mas sim
partindo de um horizonte mais amplo.
A experiência da arte não deve ser falsificada como um fragmento em posse da
formatação estética, pois é nisso que reside uma conseqüência hermenêutica de longo
alcance, na medida em que em todo encontro com a linguagem da arte é um encontro
com acontecimento inacabado, sendo ela mesma uma parte desse acontecimento.
Portanto isso deve emergir contra a consciência estética e neutralizar sua questão de
verdade (Cf.Gadamer, 2007, p.151).
A experiência da obra de arte reconhece em si mesma, que não consegue
apreender o conhecimento definitivo num conhecimento definitivo a verdade
consumada daquilo que experimenta (Cf. Gadamer, 2007 p.152) Não existe nenhum
processo absoluto e nenhum esgotamento definitivo daquilo que se encontra numa obra.
(Cf.Gadamer, p.152-153)
A pergunta pela verdade da arte serve para preparar a pergunta de longo alcance,
que é a compreensão da experiência da obra de arte, se ela mesma representada um
fenômeno hermenêutica, e não certamente um método científico: “A compreensão
pertence, antes ao próprio encontro com a obra de arte, de modo que só se poderá
aclarar essa pertença a partir do modo de ser da obra de arte” (Cf. Gadamer, 2007,
p.153).
Para Gadamer, o seu problema hermenêutico não está ligado à doutrina do
método, mas sim a teoria da experiência do real, que é o pensamento (Cf. Gadamer,
2007, p. 23). Seus limites ultrapassam o que lhe foi imposto pelo conceito metodológico
das ciências modernas. O método é uma característica central da ciência moderna,
marcada pela abordagem de “Descartes” (em sua obra O Discurso do Método), que
questiona a legitimidade do que não se justifica cientificamente, bem como desvaloriza
a tradição. Para ele a verdade está em tudo que passa pela ordem da razão. A
valorização do método e razão (neutra), da modernidade, observa Gadamer, ignora a
tradição, a questão do Método tem que se reconciliar com a cultura e com a tradição. O
passado estabelece relação com a razão, abolindo a idéia de neutralidade no julgamento,
somos sempre definidos pelos parâmetros da tradição; não é possível à razão ignorar o
contexto de quem julga.
Na sua origem, o fenômeno hermenêutico não é de forma alguma problema do
método (Cf.Gadamer, 2007, p. 29). A questão não está em submeter às obras a um
método de compreensão científico, mas em se compreender a tradição, não se
compreendem apenas obras, mas também adquirem discernimentos e se reconhecem
possíveis verdades: “com a experiência da filosofia, com a experiência da arte, da
própria historia. São modos de experiência nos quais se manifesta uma verdade que não
pode ser verificada com os meios metodológicos da ciência” (Cf.Gadamer, 2007, p. 29 -
30).
O material de ensino de um manual de linguagem é um meio e não um fim. Sua
apropriação serve apenas para o domínio da linguagem. Na formação ao contrário pode-
se apropriar totalmente daquilo em que e através do que alguém é instruído. Na
formação adquirida nada desaparece tudo é preservado. A formação é um conceito de
genuinamente histórico, portanto possui o caráter histórico da conservação o que
importa para a compreensão das ciências do espírito. A universalidade não se reduz a
formação teórica e nem significa apenas um comportamento teórico em oposição a um
prático, mas envolve o conjunto da determinação essencial da racionalidade humana
(Cf.Gadamer, 2007, p.47).

A arte não é uma atualidade atemporal que se revela à consciência estética pura,
mas a obra de um espírito histórico que se reúne e se congrega historicamente. A
consciência estética é importante para a obra de arte, pois é uma forma de auto
compreender-se, mas para isto é importante pensar em si e no outro, pois nela
aprendemos a nos compreender apontando as circunstancias das vivencias, assim pensa-
se na experiência da obra de arte como conhecimento que pode ser compartilhado
(Cf.Gadamer, 2007, p. 148 e 149).

Qualquer obra de arte deve ser compreendida, como qualquer outro texto e, isso
requer capacidade, com isso a consciência hermenêutica adquire uma extensão tão
abrangente que ultrapassa a consciência estética. Mas não só em seu aspecto formal,
como em todo seu conteúdo. A hermenêutica dedica-se em seu contexto a fazer justiça à
experiência da obra de arte. A compreensão deve ser entendida como parte do
acontecimento semântico, no qual se forma e se realiza o sentido de todo o enunciado da
arte quanto os de qualquer outra tradição (Cf.Gadamer, 2007, p. 231). A questão que diz
respeito à compreensão é fundamental, pois não existe interpretação sem compreensão,
além do que “ela abarca com ela”, como a pré-compreensão, concepção-prévia do que
possuímos antes de entrarmos no jogo hermenêutico. A universalidade do caráter
hermenêutico expõe o próprio caráter da linguagem, como forma de realização do
compreender, abarca tanto a consciência “pré-hermenêutica”, como todas as formas de
uma consciência hermenêutica (Cf.Gadamer, 2007, p.21).

Assim ao lado da experiência da filosofia e a experiência da arte, com a


experiência da própria historia, são modos de experiência nos quais podem se manifestar
à verdade que não pode ser verificada pelos meios metodológicos da ciência. Só pelo
aprofundamento da compreensão elas podem alcançar tal legitimidade. (Cf. Gadamer,
2007, p.30). Fortalecendo assim a necessidade de advertência à consciência científica de
reconhecer seus limites (Cf.Gadamer, 2007, p. 31).
Embora, o modo como experimentamos uns aos outros, como experimentamos
as tradições históricas, as ocorrências naturais de nossa existência e de nosso mundo,
forma um universo verdadeiramente hermenêutico, e nele, antes que, encerrados em
barreiras, estamos abertos ao mundo (Cf.Gadamer, 2007, p.32).

O horizonte no âmbito da compreensão histórica, sobretudo quando se refere à


consciência histórica de ver o passado em seu próprio ser, não a partir de nossos padrões
e preconceitos contemporâneos, mas a partir de seu próprio horizonte histórico. A tarefa
de compreensão histórica inclui a exigência de conhecer o horizonte histórico a fim de
que este se mostre nas suas medidas o que queremos compreender (Cf.Gadamer, 2007,
p. 400).

Para Gadamer quando, a consciência histórica se transporta para horizontes


históricos, isto não quer dizer que se translade a mundos estranhos que nada tenham a
ver com o nosso mundo, ao contrário todos eles juntos formam esse grande horizonte,
que se move a partir de dentro; que acolhe a profundidade histórica de nossa
autoconsciência para além das fronteiras do presente. Trata-se de um único horizonte
que engloba tudo que a consciência histórica contém em si. (Cf. Gadamer, 2007, p. 402).

O próprio passado, nosso e dos outros ao qual se volta à consciência histórica,


faz parte do horizonte móvel a partir da qual vive a vida humana, e esse horizonte
determina como origem a tradição (Cf.Gadamer, 2007, p. 402). O que nos remete a
situação de que:

Compreender uma tradição requer sem dúvida, um horizonte


histórico. Mas não é verdade que alcançamos esse horizonte
deslocando-nos a uma situação histórica. Ao contrário para podemos
nos deslocar a uma situação precisamos já sempre possuir um
horizonte. (Gadamer, 2007, p.403).

Portanto ganhar um horizonte significa aprender a ver para além do que está
muito próximo, deslocar-se, fazer a abstração de si mesmo, representar-nos numa
situação diferente, é no sentir esse deslocar-se, que nos tornamos conscientes da
alteridade e passamos a compreender (Cf. Gadamer, 2007, pg. 403).

Para Gadamer a consciência estética, do ponto de vista da arte, fundamentado


primeiramente por Schiller, é da “bela aparência” que se opõe à realidade, consciência
estética implica em uma alienação da realidade, é uma figura do “espírito alienado”,
como aquilo que Hegel concebeu a formação. Poder comportar-se esteticamente é um
momento da consciência formada:

Pois que na consciência estética encontramos os traços que caracterizam a


consciência formada: elevação a universalidade, distanciamento da
particularidade de aceitação ou rejeição imediata, deixar valer aquilo que não
corresponde a própria expectativa ou a própria preferência (Gadamer,
2007,p.134).

O autor na idéia de formação estética de Schiller na sua idéia de formação


estética não vigora mais nenhum padrão de conteúdo, em dissolver o vínculo que une a
obra de arte com seu mundo. Assim é a ampliação universal de posse que a consciência
formada reivindica para si; e isso tudo se atribui “qualidade” da coisa (Cf.Gadamer,
2007, p. 135).
O que Gadamer chamou de obra de arte como vivencia estetica, repousa, sobre
um produto da abstração, na medida em que a obra abstrai, ela se enraíza, com seu
contexto de vida originário, que encontrando seu significado, então se torna visível a
“pura obra de arte”. Neste sentido a consciência estética produz algo positivo
(Cf.Gadamer, 2007, p. 135).
A qualidade estética nos determina a uma posição moral, religiosa e também
quanto ao conteúdo, só se referindo à obra e seu ser estético. Também nas artes
reprodutivas distingui-se do original de sua execução, de tal modo que a intenção
estética pode ser tanto original frente a sua reprodução quanto a própria reprodução em
si mesma. Sua soberania está em poder realizar por toda parte uma distinção de poder
ver tudo “esteticamente” (Cf. Gadamer, 2007, p.136).
Assim Gadamer refere-se à mobilidade fundamental da “pre-sença” e ao
“Dasein” “ser-aí” de Heidegger [...], argumentando que se deixar interpelar pela própria
coisa, não é tarefa fácil, devido aos desvios que possam surgir ao interprete em virtude
de seu projeto-prévio. Portanto, o compreender é sempre um projetar-se [...]
(Cf.Gadamer, 2007a, p. 555 a 556).
Ser e tempo, porem, já estava para além de tal conceito de ser. Residia
precisamente na estrutura da hermenêutica da “existência” não ser pré-sença por ser
subsistente, mas provir. Se eu mesmo parto da comparação do existencial do discurso
com o diálogo enquanto verdadeiro “a caminho da linguagem” e se coloco com isso em
primeiro plano a luz que pode imergir para nós junto ao outro e que, como gostaria de
dizer, constitui a propriedade do ser-com, não coloco certamente o acento na
“propriedade” do ser aí. No entanto, mantenho-me metodologicamente ligado à posição
de partida de Ser e Tempo, a saber, ao ser-aí que se compreende em vista de seu ser. No
que diz respeito à coisa mesma, essa autocompreensão é em todas as suas formas o
oposto o extremo de uma autoconsciência e de uma posse de si mesmo (Cf. Gadamer,
2007 b, p. 403).
Segundo Gadamer a “distinção estética” atua como “consciência estética“
produzindo para si mesma uma existência exterior própria (Cf.Gadamer, 2007, p.137). E
assim através da distinção estética, a obra perde o seu lugar no mundo bem como o
artista, a que pertence por se tornar parte integrante da consciência estética. Isso aponta
aquilo que se constata no descré No entanto projetar-se sempre envolve uma perspectiva
antecipada, a o qual o autor nomeia de projetos-prévios, que podem ser entendidos
também como pré-compreensão, construídos na historicidade, tradição, abrangendo o
todo do ser e suas experiências no mundo. Partindo desse pressuposto, percebeu-se que
a compreensão e interpretação dependem de aspectos da tradição, bem como a intenção
do querer “deixar-se” ser interpelado pela “coisa”.
Gadamer aponta que no “pro-jetar-se” ocorrem variações, a argumentação dessa
ação está nos projetos-prévios, que são postos em jogo/cheque, iniciando um
movimento dialético, na busca do entendimento, confirmando-se ou não a compreensão-
prévia. O nosso passado e dos outros, ao qual se volta à consciência histórica, faz parte
do horizonte móvel a partir do qual acontece à vida humana, e esse horizonte
determinado como a origem à tradição (Cf. Gadamer, 2007, p. 402), nos remete à
situação de que: “compreender uma tradição requer sem dúvida, um horizonte histórico”
(Cf. Gadamer, 2007a, p. 403).
Ganhar um horizonte significa “Ouvir a voz da coisa” é deixar interpelar-se por
ela, aprender a ver para além do que está muito próximo, deslocar-se, fazer a abstração
de si mesmo, representar-nos numa situação diferente, é no sentir desse deslocar,
projetar-se que nos tornamos conscientes da alteridade e passamos a compreender
(Cf.Gadamer, 2007a, pg. 403). Na experiência do projetar-se, que se tem à possibilidade
de busca a autoconsciência, seja no confronto ou concordância dos projetos-prévios,
nesse movimento de entregar-se ao jogo,e dele saímos modificados.
Compreender uma tradição requer sem dúvida, um horizonte histórico. Mas não
é verdade que alcançamos esse horizonte deslocando-nos a uma situação histórica. Ao
contrário para podemos nos deslocar a uma situação precisamos já sempre possuir um
horizonte (Cf. Gadamer, 2007a, p.403).
Portanto, ganhar um horizonte significa aprender a ver para além do que está
muito próximo, deslocar-se, fazer a abstração de si mesmo, representar-nos numa
situação diferente, é no sentir desse deslocar (projetar-se) que nos tornamos conscientes
da alteridade e passamos a compreender (Cf.Gadamer, 2007a, pg. 403). O olhar as
percepções das diferenças se ampliam, no movimento do projetar-se, quem passa por
esta experiência sai modificado, seja pelo confronto/divergências de projetos, ou pela
própria experiência de entregar-se ao jogo.dito do que se diz arte por encomendada
(Cf.Gadamer, 2007, p.138).
Para interpretação da obra de arte o círculo hermenêutico é significativo, é um
jogo lingüístico que está amplamente ligado à compreensão. Gadamer descreve o
círculo hermenêutico como uma estrutura circular, que não deve ser degradado a círculo
vicioso (Cf. Gadamer, 2007, p. 355).
Gadamer reconhece as referências de Heidegger, acerca do círculo que se
organiza pela compressão, quem quiser compreender tem que se projetar na obra, onde
aparece o primeiro sentido o interprete prelineia a obra, num sentido do todo,
obviamente que o sentido só se manifesta a partir de determinadas expectativas e na
perspectiva de um sentido determinado. Para compreender o que está posto na obra é
preciso a elaboração do projeto prévio, o qual deve sempre estar constantemente sendo
revisado. (Cf.Gadamer, 2007, p. 356).
A interpretação começa com conceitos prévios, que vão sendo substituídos, por
outros mais adequados, e esse movimento de se-reprojetar, que perfaz o movimento do
sentido de compreender e interpretar. Mas as antecipações somente podem ser
confirmadas nas coisas (Cf.Gadamer, 2007, p. 356). Ainda, o que se apresenta aqui
como projeto prévio é o conteúdo que constitui nossa pré-compreensão com a qual
interpretamos (Cf.Gadamer, 2007, p. 357).
O círculo hermenêutico do todo e das partes é central para fundamentação da
hermenêutica. O conceito do todo só pode ser compreendido relativamente. Assim a
totalidade de sentido que deve ser compreendido na história e na tradição jamais se
refere ao sentido todo da história. A tradição histórica deve ser pensada como objeto de
compreensão histórica ou filosófica. A finitude do compreender é o modo no qual a
realidade, a resistência, o absurdo e o incompreensível alcançam validez. Quem leva a
sério a finitude deve levar a realidade da história (Cf.Gadamer, 2007, p.22).

Segundo Gadamer a importância da arte repousa também no fato que ela nos
interpela, e expõe o homem diante de si mesmo em sua existência determinada
moralmente. As obras de arte servem para nos interpelar; os objetos naturais, ao
contrário, não estão ai para nos interpelar. A arte proporciona esse encontro do homem
consigo mesmo em um contexto intencional. Que o homem encontre a si mesmo na arte,
não é para ele a confirmação procedente de algo diferente de si mesmo (Cf. Gadamer,
2007,p.93 e 94).

Por fim sabe-se que a arte e sua filosofia têm consonância com a tradição, mas
que uma obra de arte se posta enquanto tal, quando perpassa os tempos, tendo voz,
enquanto ela tiver algo a comunicar a interpelar seus interpretes e convocar as pessoas
ao jogo da compreensão e interpretação ela será obra efetiva independente de sua beleza
estética da técnica, mas sim pela sua consciência estética de seu dialogo de sua busca
pelo entendimento , por além se por frete as questões supra sensíveis, se finda em sua
identidade enquanto obra. Esse assunto apontado neste texto tem inúmeras questões
relevantes para se perseguir esta problemática, mas deixo para um outro momento e
finalizo com versos do poeta Fernando Pessoa “ O educador que somos é construído a
cada dia. Somos sujeitos históricos, nos fazemos... Sim, sou eu, eu mesmo, tal qual
resultei de tudo... Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou... Quanto quis, quanto não
quis, tudo isso me forma...”(Fernando Pessoa)
Referências:

GADAMER, Hans-Georg, 1900-2002 Verdade e Método, tradução de


Flávio Paulo Meurer, revisão a tradução de Enio Paulo Giachini - Ed.Petrópolis,
RJ: Vozes, Bragança Paulista. SP: Editora Universitária São Francisco, 2007.

Potrebbero piacerti anche