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Dança | Filosofia:
Verso e reverso de um dizer
Thereza Rocha1
Resumo
Abstract
For a philosophy that is said of dance and a dance that is said of philosophy.
Finding in the exchanges between dance and philosophy the ones which
allow access to a dance-thought that we call dance | thinking – thinking on/
of dance. Body, time, difference, theory, practice, those are issues to be
transformed into dance concepts transforming a philosophy from danse into
a philosophy of dance in its own ways of dizibilitty.
1
Pesquisadora, dramaturgista e diretora de espetáculos. Doutora em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro – UNIRIO. Mestre em Comunicação pela ECO-UFRJ. Professora dos cursos de bacharelado e de licenciatura em dança do
Instituto de Cultura e Arte – ICA da Universidade Federal do Ceará – UFC. Foi professora substituta do setor de Dança e Filosofia
do Departamento de Arte Corporal da UFRJ e do setor de Dança do Instituto de Artes da UERJ. Concebeu e coordenou o Curso de
Pós-graduação Lato Sensu Estudos Avançados da Dança Contemporânea: coreografia e pesquisa na UniverCidade. Autora do livro
Diálogo Dança (São Paulo: SENAC, 2012), junto com Márcia Tiburi. É colunista do portal idança.net (www.idanca.net). Concebido
e organizado por mim em parceria com Roberto Pereira e Charles Feitosa, o simpósio foi realizado pelo SESC Rio e a UNIRIO com
apoio da CAPES, do Consulado Geral da França, do Goethe Institut, do British Council e da UniverCidade, contou com as conferências
de Andre Lepecki (EUA); Daniel Lins (BRA); Michel Bernard (FRA); Isabelle Ginot (FRA); Jose Gil (POR); Helena Katz (BRA); Marcia
Tiburi (BRA); Ramsay Burt (GBR); Franz Anton Cramer (DEU); Gabrielle Klein (DEU); Kuniichi Uno (JPN); Maria Cristina Franco Ferraz
(BRA), dentre outros, e apresentações das danças dos brasileiros Lia Rodrigues, Bruno Beltrão, Marcia Milhazes, Frederico Paredes,
Luiz de Abreu e Maria Alice Poppe.
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as reflexões aqui presentes não poderiam pensamento. Isso implica em dizer que a
tomar-se desta ambição. Antes ocupam-se dança não aparece ao pensamento tão so-
de escavar as forças presentes em sua cons- mente como invenção de outros objetos
tituição, em momento tão importante e, de conhecimento, o que já seria tarefa de
mesmo, grave, quando a epistemologia da vulto. A dança inventa outros modos de
dança está em franca construção no Brasil conhecer. Antes de adequar-se aos modos
e, não poderia ser diferente, momento no vigentes, e mesmo na recusa de faze-lo, a
qual discursos a reivindicam. dança os interpela. Por isso, conjuntamente
A afirmação do duo duplo à afirmação da epistemologia da dança in-
dança|pensamento, em diferença recípro- teressa constituir o que a dança como pen-
ca, não prescreve qualquer dualismo, pois samento interroga da epistemologia. Pois
o que se busca é exatamente a dinâmica é mesmo necessário e urgente interrogar
segundo a qual nenhum dos dois termos aquilo que define, arbitra e valida ou não
ofereça a lógica pela qual o outro deverá o conhecimento acerca dos modos como o
ser lido; à qual o outro deverá ser subsu- faz, dos princípios a partir dos quais o re-
mido. Trata-se da busca pela dedutibilida- aliza e, mais, da vontade de verdade, uma
de entre um e outro e não da afirmação da vontade de poder, que talvez o atravesse.
irredutibilidade de um ao outro. A barra Necessário abordar a velha, nem por
vertical interpõe-se precisamente no lugar isso superada, querela entre a teoria e a
do verbo ser, este que talvez não pudesse prática. Há sempre que se desconfiar das
ser utilizado sem carregar consigo a lógi- sínteses aparentemente salvadoras do tipo
ca identitária suposta na ontologia dualista “a teoria está na prática e a prática na teo-
metafísica – justamente aquela a ser pro- ria”; “prática e teoria são uma só e mesma
blematizada. coisa”; “união de teoria e prática”; “tra-
balho teórico-prático” etc.). Conjugar os
A dificuldade está na linguagem. termos de uma tal dualidade implica ne-
Nossas línguas ocidentais são de ma- cessariamente em participar e perpetuar
neiras sempre diversas, línguas do a mesma lógica bipartida que aparta um
pensamento metafísico. Fica aberta a
e outro, inclui excluindo ou excluindo in-
questão se a essência das línguas oci-
clui, agora quem nos ensina é Agamben.
dentais é em si puramente metafísica
e, por conseguinte, caracterizada em Na constituição de passagens entre a filo-
definitivo pela onto-teo-logia, ou se sofia e a dança, não é bem disso que se tra-
estas línguas garantem outras pos- ta. Não há de fato como produzir-se outro
sibilidades de dizer7 e isto significa pensamento (dança | pensamento) com os
ao mesmo tempo possibilidades do mesmos vocábulos. Sabemos que palavras
não-dizer que diz. [...] A palavrinha implicam procedimentos que convocam
“é”, que em toda parte fala em nos- determinada política cognitiva.
sa língua e nos diz do ser, mesmo ali Depois dos alertas de Nietzsche, Fou-
onde propriamente não se manifesta,
cault, Deleuze, Guattari, Derrida, mais re-
contém [...] todo o destino do ser.
(Heidegger, 1971, p. 100). centemente de Agamben, e de tantos ou-
tros, não podemos pensar impunemente,
Todo cuidado é necessário antes e con- ou seja, na salvaguarda da ignorância das
juntamente à afirmação dança é pensamento graves injunções implicadas no pensar.
de modo a não subsumi-la ao pensamen- Necessário dizer: a natureza do pensa-
to, seja ele de cunho filosófico ou científico, mento não é reflexiva. Pensamento é ato,
como se lhe fosse devedora, como se dele é tomada de posição no tabuleiro. Pensar é
precisasse para afirmar o seu estatuto de uma escolha, uma estilística da existência.
saber, como se ela fosse do pensamento, a Neste caminho, somos levados a entender
menoridade. Na dança, uma novidade do que fazer e pensar estão necessariamente
imbricados e de que criar/pensar significa
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Grifo nosso. inventar mundo, fabricar futuro, interferir
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no curso das coisas tal como elas se dão. ce a partir da necessidade existencial de ter
No pensar/criar, sempre uma política. acesso ao conhecimento, de transformar a
Em longevo estudo de dinâmica trans- si, nada se conhece de fato. Ele resume de
disciplinar, os biólogos | filósofos Francisco modo taxativo: “Não pode haver saber sem
Varela e Humberto Maturana constituíram uma modificação profunda no ser do sujei-
de modo muito consistente uma teoria, pre- to” (p. 37). É o caráter vivencial que define
ferimos dizer, um em redor deste aforisma: o conhecer. “Crítica da separação entre su-
“Todo fazer é um conhecer e todo conhecer jeito e objeto e articulação do conhecimento
é um fazer” (2001, p. 32). Em jogo, uma re- com o desejo e a implicação” (Passos, 2010,
versão epistemológica e uma outra política p. 12) Trata-se sim de um desvio, um des-
cognitiva. E esta reversão é da ordem do vio na direção do vivido (conhecer | fazer).
dia quando se trata de pensar o lugar da Assim, por um lado, se pensarmos que
produção de conhecimento de/em dança, em arte trata-se sempre de um fazer com
especialmente nos territórios territoriali- conceito, de que em arte não existe fazer
zados e territorializantes da universidade, sem conceito, e de que conhecer as injun-
secularmente atravessados pelo dualismo ções conceituais em jogo no fazer significa
epistemológico da ciência clássica pautado passar da heteronomia – normas interiori-
pela separação do saber entre sujeito e ob- zadas e obedecidas por meio da disciplina
jeto; teoria e prática etc. e do desconhecimento dos princípios –, à
Se concordarmos com Maturana e Va- autonomia – autodeterminação em função
rela, saberemos que o duo duplo conhe- de princípios construídos a partir de si e
cer | fazer não decalca-se com exatidão no através dos quais aprende-se a dizer a pró-
binômio teoria e prática, uma vez que no pria palavra e a pensar por si – o que será
primeiro vigora a irredutibilidade de um a que queremos dizer de fato quando perpe-
outro (teoria e prática = teoria ou prática), tuamos esta frase tão aderente: “aprender/
enquanto no segundo, a dedutibilidade en- conhecer na prática”?
tre um e outro (conhecer é fazer | fazer é Por outro lado, se considerarmos a meticulo-
conhecer). A tarefa talvez comece por ade- sa arqueologia das relações entre olhar e conheci-
rir às palavras conhecer e fazer na recusa de mento realizada por Marilena Chauí no texto Janela
dizer teoria e prática. E isso não é um mero da Alma, Espelho do Mundo da coletânea O Olhar ,
jogo de retórica ou uma substituição de necessário perguntar: a quem, melhor ainda, a que
seis por meia dúzia. Qualquer nomeação interessa perpetuar o conhecer como teórico?
do fazer como teórico ou como prático con-
voca, por um lado, a suspeita metafísica de Ver as palavras. Contempla-las.
que a experiência seja capaz de produzir Quais escolheremos? [...] Aquelas
conhecimento confiável ou o desprezo pe- que nos fazem ver o vínculo secreto
entre o olhar e o conhecimento. Até
los métodos através dos quais ela o realize;
mesmo aquela que o designa na filo-
por outro, a bobagem acriticamente repro-
sofia — teoria do conhecimento —
duzida, sobretudo no campo das artes, de pois théoria, ação de ver e contem-
que “é a prática que ensina”, ou de “aque- plar, nasce de théorein, contemplar,
les que sabem mesmo são os que praticam”. examinar, observar, meditar, quando
Pode-se praticar dança uma vida inteira nos voltamos para o théorema: o que
sem entretanto conhece-la e, seguindo a ló- se pode contemplar, regra, espetáculo
gica, sem faze-la. e preceito, visto pelo théoros, o es-
Nem a desconfiança da prática em re- pectador. (Chauí, 1998, p. 34).
lação à teoria, tampouco o descrédito da
teoria pela prática. Melhor dizendo: nem A tarefa entretanto não implica em
uma, nem outra, pois aprendemos já com constituir a dança como pensamento sob
Michel Foucault (2006) que sem o cuidado outro ponto de vista, mas justamente em
de si, sem o trabalho sobre si, ou seja sem denunciar o ponto de vista como o modo
uma implicação no/do sujeito que conhe- de posicionar-se, fazendo portanto e ne-
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cessariamente a crítica e a clínica das re- samento não é verbal, mas condição da
lações escópicas do conhecer prescritas na linguagem, e como condição exatamente
epistemologia clássica, fazendo então a porque não a precede ou sucede, talvez
passagem do óptico ao háptico. Um olhar possamos chegar a formular na dança um
tátil. “O observador está sempre implica- pensar-mover | mover-pensar, um pensar
do no campo de observação e a interven- de outra natureza, para o qual a noção
ção modifica o objeto.” (Chauí, 1998, p. de experiência (espessura do vivido) tem
21). Assim quem conhece já não se percebe tudo a ensinar.
nem no interior, nem no exterior daquilo Inevitável mencionar também uma
que conhece. Nem dentro, nem fora, mas fenomenologia ao gosto de Merleau-Pon-
uma intersticialidade. Corpo. ty que salvaguarda a dança do dualismo
Da dança talvez possamos dizer que mecanicista cartesiano através da noção
ela é o pensamento em seu devir-corpo. de corporeidade – corpo-sujeito e não
No caminho desta compreensão, algumas mais corpo objeto pertencente a um su-
contribuições seminais. Inevitável refe- jeito – corpo, portanto, como experiência
rir-se a Rudolf von Laban que já mere- de/no mundo. Passa-se de ter um corpo
ceu tantos textos de excelência em língua a ser um corpo8. E mais uma vez, tal como
portuguesa, grande parte deles inclusive Heidegger nos provoca, a palavrinha ser
produzidos no Brasil. Aqui nos caberia precipita-se como problema, pois dizer
destacar Erlebnis, termo utilizado por ele que o eu é o corpo implica em toma-los
para afirmar o corpo desde sempre como como entes identitários, se tanto “eu”
experiência e, assim, como duplo psico- quanto “corpo” estão no tempo ou, me-
físico permeável (também em diferença lhor dizendo, processam-se como tempo.
recíproca), que não conhece um dentro e Por isso mesmo, a operação não pode pa-
um fora (separação espacial), nem uma rar na transição do ter ao ser. De objeto
causa psíquica para uma consequência a sujeito, ainda é necessário que o corpo
movente (separação temporal). Seguin- passe de objeto a processo. Tempo.
do este princípio, a experiência dançante Aquilo que se diz da dança diz-se ine-
desmente a anterioridade do estímulo em vitavelmente do corpo e dizer do corpo é
relação à posteridade da resposta corpo- também inevitavelmente questionar do
ral: entre estímulo e resposta, entre o sen- “eu”. Para Foucault, perguntar quem so-
sível e o movente, o corpo não conhece mos é perguntar pelas descontinuidades
senão contiguidade, simultaneidade, co- que nos constituem. E isso não é uma equi-
emergência. valência, mas uma substituição. Assim na
Sentir que sente ou perceber que percebe questão identidade X tempo, trata-se de
é redundância necessária para explicar a processos inacabados. Não mais um “eu”
natureza da operação. Ao trabalhar aten- monadário, centrado, finalizado e coinci-
to à simultaneidade/contiguidade sensa- dente consigo, pois o “eu” aí concernido já
ção-movimento, o corpo desenvolve uma entendeu com propriedade a frase de Rim-
qualidade muito particular de presença baud: “eu é um outro”. Exatamente por
(de si) ao próprio movimento. Esta quali- isso, Suely Rolnik e Félix Guattari inter-
dade de atenção permite que o corpo diga põem no lugar da identidade e do sujeito,
de sua própria experiência. O corpo tem a noção de processos de singularização. (Sin-
um dizer que lhe é próprio e o que ele diz gularidade = Eu + Tempo). Incluir a coor-
vincula-se ao movimento quando este denada e a problemática do tempo na iden-
torna-se experiência senciente. E quan- tidade implica dizer que eu sou e não sou
do ele diz de sua experiência, o faz como
dança. Assim, a dança não é produto do 8
A esse respeito, Maria Rita Kehl (2005) traça um interessante contraste entre o que
corpo que a antecede, mas produção de ela chama de “meu corpo” e “eu-corpo”, sinalizando o quanto a objetificação do corpo
corpo que lhe corresponde. Se levarmos remetido a um sujeito mais consciente que senciente está precipitado como proble-
mática na linguagem mais comum, sinal de um significativo entrave para a assunção
seriamente em consideração que o pen- de um corpo-sujeito.
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do tempo à sua apresentação direta (p. 7). Não atiradores, aqueles que pensam que
é mesmo isso que faz também a dança? Tal- a filosofia não é a tomada de poder,
vez seja apropriado dizer: a dança, tempo mas o reconhecimento do impoder. É
de imanência – uma pergunta da dança ao o que define uma família de espírito,
há os que desejam a tomada de poder,
tempo – o que seria maneira mais poética
os grandes herdeiros do pensamento
de dizer que a dança constitui-se pela ima-
ocidental, que vem com suas próprias
nência do tempo a si. ferramentas: se não funcionam, eles
Deter-se demoradamente nesta ques- abandonam o assunto; há também os
tão é tarefa que não caberia ao fôlego deste outros, que dizem: mas por que o re-
estudo e à qual nos dedicamos em textos jeitamos, por que essa pequena coisa
já publicados anteriormente e nos que ain- sobre a qual vocês lançam um olhar
da estão por vir. Por agora, cabe-nos ainda desdenhoso não seria interessante?
entender que, no caminho de entretecer-se Nós somos poucos; é o que faz o
à filosofia, a dança | pensamento investe- charme do trabalho filosófico, fazer
se, dentre outros aspectos, de alguns de o que os outros não quiseram fazer.
Quando fiz um curso sobre o olfato,
seus rigores metodológicos. neste passo a
meu colegas gritaram como loucos.
passo: (1) admitir que a dança pensa, e se
Eu disse por que não, e o porque não
ela pensa, (2) perguntar-se o que ela pensa, é difícil de pronunciar na França.
para descobrir logo em seguida que, quan-
do pensa, a dança promove um entorse Assim também no Brasil.
peculiar da lógica causal do pensamento,
Enquanto a dança constitui-se como
admitindo sujeito e objeto do verbo pensar
filosofia em seu devir-corpo (dança | pen-
como sendo o mesmo e podendo intercam-
biar-se. Deste modo, ao perguntarmos o samento), ali no mesmo lugar e do ou-
que pensa a dança, supomos: o que pensa tro lado da barra, acontece ou produz-se
a dança é o que a dança pensa. Imanência, um devir-dança da filosofia (pensamento
uma dança10. E isso é o mesmo que dizer: o | dança). A filosofia tem, digamos, o seu
que pensa a dança é o que pensa na dança. trabalho finalizado com a dança todas as
Assim, se a parceria com Deleuze continuar vezes em que torna-se, por procedimentos
profícua e admitirmos que o tempo pensa intrínsecos ao processo, superada por ela,
na dança, poderemos chegar a aceitar que ou seja, quando a dança pensada a partir
a dança pensa o tempo. Por fim, entender da filosofia torna-se uma filosofia da dan-
que na dança | pensamento trata-se de um ça. “Como construir conceitos-dança?” é
pensamento sem objeto. E pela própria for- uma pergunta que lhe cabe. Interrogar o
mulação tal com a vimos aqui, supor que que a dança faz pela filosofia, aquilo que
são poucos os filósofos ou, para sermos mobilizava Alain Badiou no seu texto, não
provocativamente mais inclusivos, poucos seria aqui tarefa nossa, já o dissemos, mas
os pesquisadores, estudiosos ou pensado- elaborar algumas aproximações acerca
res que terão simpatia por uma tal aporia. do que a filosofia faz pela dança, esta sim
Tal como nos sugere Michel Bernard (2004, coube à nossa presente tentativa.
p. 111, 113): Assim a presença da barra vertical na
dança | pensamento não poderia furtar-se
Se há poucos filósofos que escreve- de aparecer como trabalho contínuo de
ram sobre a dança, é porque talvez antepor-se também como barreira àqueles
tenham sentido confusamente que que porventura se instituam do poder de
ela evanescia, evanescia demais, os dizer a epistemologia da dança. Se ela está
filósofos não gostam daquilo que es-
em plena construção neste momento no
capa, aquilo que escapa às pinças do
conceito. Os filósofos que o tentaram
Brasil, necessário perguntar-se: como fa-
são os aventureiros [...] os franco- zer a arqueologia (Michel Foucault) de um
saber ainda em sua feitura? Como fazer a
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Paráfrase do título do derradeiro texto de Deleuze: Imanência, uma vida. arqueologia do que está para ser dito? O
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REFERÊNCIAS
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HEIDEGGER, Martin. O que é isto – a filosofia? São Paulo: Duas Cidades, 1971.
KEHL, Maria Rita. “O eu é o corpo”. In: COCCHIARALE, MATESCO, JEUDY et. al. Cor-
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TIBURI, Márcia, ROCHA, Thereza. Diálogo | Dança. São Paulo: SENAC, 2012.
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