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N° 19 | Novembro de 2012 U rdimento

Dança | Filosofia:
Verso e reverso de um dizer
Thereza Rocha1

Resumo

Por uma filosofia que se diz da dança e de uma dança que se


diz da filosofia. Procurar intercâmbios entre dança e filosofia
que permitam à dança aceder a um modo-pensamento que lhe
seja próprio e que aqui chamaremos de dança | pensamento –
pensamento em/de dança. Corpo, tempo, diferença, teoria, prática
são temas a transformar em conceitos-dança na passagem de uma
filosofia pensada a partir da dança a uma filosofia da dança em
seus modos próprios de dizibilidade.

Palavras-chave: Dança e filosofia; Filosofia da dança;


Arqueologia do saber (Michel Foucault)

Abstract

For a philosophy that is said of dance and a dance that is said of philosophy.
Finding in the exchanges between dance and philosophy the ones which
allow access to a dance-thought that we call dance | thinking – thinking on/
of dance. Body, time, difference, theory, practice, those are issues to be
transformed into dance concepts transforming a philosophy from danse into
a philosophy of dance in its own ways of dizibilitty.

Keywords: Dance and philosophy; Dance philosophy;


Archaeology of knowledge (Michel Foucault)

1
Pesquisadora, dramaturgista e diretora de espetáculos. Doutora em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro – UNIRIO. Mestre em Comunicação pela ECO-UFRJ. Professora dos cursos de bacharelado e de licenciatura em dança do
Instituto de Cultura e Arte – ICA da Universidade Federal do Ceará – UFC. Foi professora substituta do setor de Dança e Filosofia
do Departamento de Arte Corporal da UFRJ e do setor de Dança do Instituto de Artes da UERJ. Concebeu e coordenou o Curso de
Pós-graduação Lato Sensu Estudos Avançados da Dança Contemporânea: coreografia e pesquisa na UniverCidade. Autora do livro
Diálogo  Dança (São Paulo: SENAC, 2012), junto com Márcia Tiburi. É colunista do portal idança.net (www.idanca.net). Concebido
e organizado por mim em parceria com Roberto Pereira e Charles Feitosa, o simpósio foi realizado pelo SESC Rio e a UNIRIO com
apoio da CAPES, do Consulado Geral da França, do Goethe Institut, do British Council e da UniverCidade, contou com as conferências
de Andre Lepecki (EUA); Daniel Lins (BRA); Michel Bernard (FRA); Isabelle Ginot (FRA); Jose Gil (POR); Helena Katz (BRA); Marcia
Tiburi (BRA); Ramsay Burt (GBR); Franz Anton Cramer (DEU); Gabrielle Klein (DEU); Kuniichi Uno (JPN); Maria Cristina Franco Ferraz
(BRA), dentre outros, e apresentações das danças dos brasileiros Lia Rodrigues, Bruno Beltrão, Marcia Milhazes, Frederico Paredes,
Luiz de Abreu e Maria Alice Poppe.

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Em 2005 e 2006, organizamos2 no Espa- por a mera coincidência.


ço SESC (Rio de Janeiro), respectivamente, Nos dois anos consecutivos, o simpósio
o I e o II Encontro Internacional de Dança e trouxe como subtítulo a paráfrase de uma
Filosofia. Nestas ocasiões, convidados na- célebre assertiva filosófica, interpondo-lhe
cionais e internacionais proferiram pales- a palavra dança. Foi o caso da pergunta “O
tras nas quais um ato recorrente chamava a que pode a dança?”, da edição 2005, e da
atenção. Dando início às suas falas, em se- afirmação “A dança se diz de muitas ma-
guida aos agradecimentos de praxe, os pa- neiras”, do ano seguinte. No primeiro caso,
lestrantes da área de filosofia faziam mar- tratava-se da remissão ao filósofo Spinoza
car suas passagens pelo simpósio deixando e a sua questão sempre vigente: “O que
claro não pertencerem à área de dança; o pode o corpo?”; no segundo, a conversa
caminho reverso também se repetia: tão era com Aristóteles e sua sentença metafí-
logo se acercavam do microfone, os convi- sica “O Ser se diz de muitas maneiras”. O
dados da área de dança adiantavam-se em texto de organização da edição 2006 sina-
declarar sua não pertença à área da filoso- lizava o interesse por “pensar a dança e as
fia. Curiosas necessidade e insistência dis- tendências contemporâneas de hibridação
ciplinares, sendo a razão de estarem reuni- das formas de arte”. Ir mais longe nas con-
dos no simpósio, exatamente o fato de seus sequências filosóficas do entretecimento da
trabalhos circundarem uma área outra, palavra dança à frase de Aristóteles3 signi-
localizada no não-lugar, ou na heterotopia fica fazer emergir os modos como a dança
da transdisciplinaridade. problematiza consagradas categorias do
A filosofia e a dança do título do evento pensamento4.
assinalavam menos as respectivas discipli- No caso do presente texto, importa
naridades. Antes a atenção recaía no “e” ali entender o que faz a dança contemporânea
presente como sinal da missão do evento: pela dança, na validação dos mais variados
provocar as duas áreas em suas aproxima- modos da dança de dizer-se, como sendo a
ções, escambos, roubos, impertinências e mesma manobra que faz a filosofia contem-
imbricamentos, na tentativa de circunscre- porânea pela filosofia – também a filosofia
ver um campo de atuação localizado preci- se diz de muitas maneiras – para poder
samente entre a dança e a filosofia. Procu- pensar uma filosofia que se diz da dança e
rava assim responder à tendência recente uma dança que se diz da filosofia. Trata-se,
na produção sobretudo da área de dança, importante marcar, de uma filosofia e uma
o de valer-se da filosofia para dizer-se, e dança que supõem no artigo indefinido a
também na de filosofia em seu (moderado) possibilidade de tantas filosofias e tantas
interesse pela dança. Interessante assinalar danças quanto queira o fôlego inventivo de
o progressivo gosto da dança pela filosofia uma e de outra, em acordo com o filósofo
nos últimos vinte anos não se restringin- Michel Bernard em seu texto Parler, penser
do à produção crítica ou acadêmica, mas la danse quando assinala “Eu digo: dançari-
estendendo-se aos releases dos espetáculos, nos e filósofos para não utilizar de maneira
aos estudos realizados pelos artistas envol- mais fácil a categorização institucional, a
vidos nos processos de criação e, mesmo, dança, a filosofia5, como se existissem como
a textos utilizados cenicamente, marcas de tais, em si, enquanto não existe outra coisa
um desejo de permuta que talvez diga mais senão indivíduos que inscrevem seus pen-
da dança e da filosofia do que poderia su- 3
Assunto do qual já nos ocupamos no texto “Entre a arte e a técnica: dançar é esque-
cer”. In: WOSNIAK, Cristiane, NORA, Sigrid, MEYER, Sandra. (Org.). Seminários
2
Concebido e organizado por mim em parceria com Roberto Pereira e Charles Fei- de dança: o que quer e o que pode (ess)a técnica?. Joinville: Letrad’água, 2009,
tosa, o simpósio foi realizado pelo SESC Rio e a UNIRIO com apoio da CAPES, do p. 55-69.
Consulado Geral da França, do Goethe Institut, do British Council e da UniverCidade, 4
O ser se diz de muitas maneiras, menos aquela em que ele deixaria de dizer-se ou
contou com as conferências de Andre Lepecki (EUA); Daniel Lins (BRA); Michel Ber-
aquela em que ele deixaria de ser. Assim, afirmar uma dança que se diz de muitas
nard (FRA); Isabelle Ginot (FRA); Jose Gil (POR); Helena Katz (BRA); Marcia Tiburi
maneiras pode implicar em fixar a identidade da dança na razão de ser da proposi-
(BRA); Ramsay Burt (GBR); Franz Anton Cramer (DEU); Gabrielle Klein (DEU); Ku-
ção, admitindo-lhe variação, multiplicidade, tal como os dizeres do ser o fazem pelo
niichi Uno (JPN); Maria Cristina Franco Ferraz (BRA), dentre outros, e apresentações
ser de Aristóteles, mas somente como atributos de uma identidade que é fixa.
das danças dos brasileiros Lia Rodrigues, Bruno Beltrão, Marcia Milhazes, Frederico
5
Paredes, Luiz de Abreu e Maria Alice Poppe. Grifos nossos.

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samentos em uma dada cultura” (2004, p. é o operador transversal através do qual o


110). Parece concordar com Michel Fou- pensamento|dança poderá se constituir. E
cault em A arqueologia do saber (2008, p. 39), neste sentido, o verso é o seu próprio rever-
quando diz: “Na verdade, trata-se de des- so. A via de mão dupla sinaliza que está
crever discursos [...] os conjuntos, ao mes- em curso um processo de imanência na
mo tempo familiares e enigmáticos, que, composição do pensamento que emerge da
através do tempo, se tornam conhecidos própria dança e como dança. Não sobre a
como a medicina, ou a economia política, dança, mas em dança ou de dança. Trata-se
ou a biologia.”.6 Ou a dança. de uma imanência em diferença, que, assim
O filósofo Alain Badiou, no belís- espero, sejamos capazes de dizer.
simo texto La danse comme métaphore de la Em remissão ao texto A barreira e a do-
pensée, anuncia logo no primeiro parágra- bra (2007) de Giorgio Agamben, utilizamos
fo a sua incumbência: “Aqui tratar-se-á a barra vertical entre dança e pensamento
do pensamento. Do pensamento quando como um sinal gráfico daquilo que articu-
ele se apresenta sob a metáfora da dança” la sem fundir, difere sem apartar, conjuga
(1993, p. 11). Parafraseando-o, eu inverte- sem unir, relaciona sem identificar, e que
ria os papéis dizendo: Aqui tratar-se-á da não poderia ser entendido senão como
dança. Da dança quando se apresenta sob a paradoxal unidade dupla, um duo duplo,
metáfora do pensamento. E imediatamente melhor dizendo, de algo que insiste em
corrigir-me, dizendo: Aqui tratar-se-á da permanecer na operação de tornar-se outro
dança. Da dança como pensamento. Neste de si. Permanece tornando-se, sem entre-
caminho, então, poder vislumbrar o que a tanto tornar-se (efetivar-se como outro). A
dança faz pela filosofia e, mais importan- mediação da barra sustenta os termos da
te, o que a filosofia faz pela dança. Uma a equação em diferença recíproca. Desejo de
e outra ensinando-se mutuamente aquilo limiar. Gosto pela fronteira. Exercício de in-
que ambas não conheciam ainda de si. terfaceamento. Um trabalho de passagens,
A ocupação deste texto é de certo para recordar afetivamente a importância
modo o reverso simétrico e complementar, de Walter Benjamin. Ao invés de obstácu-
e não oposto, importante marcar, à de Ba- lo, sinal de trânsito: a barra não opõe, não
diou (1993, p. 11). quando diz: “Tão atada oblitera, nem separa dança e pensamento.
ao corpo quanto ela é, certamente a dan- É antes um traço, um aviso que mantém em
ça é pensamento, e há uma longa e tortu- tensão dinâmica face e contrace do devir.
osa história deste pensamento. No entan- “A noção de interface remete a operações
to, eu não terei este material como ponto de tradução, de estabelecimento de contato
de partida”. Eu talvez gostasse de repisar entre meios heterogêneos. [...] A interface
os mesmos passos de Badiou e mover- mantém juntas as duas dimensões do de-
me para trás por sobre suas palavras “[...] vir: o movimento e a metamorfose. É a ope-
como quem carrega consigo o tapete cuja radora da passagem.” (Lévy, 1993, p. 176)
ponta atou ao próprio pé sem que o perce- Trata-se assim de um pensamento que
besse. Tal como uma fita dupla-face, goma- devém dança e de uma dança que devém
da portanto dos dois lados, o movimento pensamento – operação de uma dança e uma
que recobre o sentido [...] é o mesmo que, filosofia que põem-se no mundo na recusa
na mesma velocidade, pari passu, o arranca ético-política de instituírem-se como para-
idêntico atrás de si. Não há exterioridade digma e como verdade, no sentido da certe-
possível. Não há direito nem avesso, uma za resolvida do saber que se sabe a si mes-
vez que é de uma fita de Moebius que se mo porque coincide plena e ajustadamente
trata”. (Tiburi, Rocha, 2012, p. 148). No consigo. Equação dança|pensamento for-
presente caso, nem ponto de partida, nem mulada propositadamente como aporia,
ponto de chegada – a dança|pensamento continuamente a nos lembrar que o pro-
blema não está resolvido e que talvez não
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Grifos nossos. interesse mesmo soluciona-lo. Por isso
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as reflexões aqui presentes não poderiam pensamento. Isso implica em dizer que a
tomar-se desta ambição. Antes ocupam-se dança não aparece ao pensamento tão so-
de escavar as forças presentes em sua cons- mente como invenção de outros objetos
tituição, em momento tão importante e, de conhecimento, o que já seria tarefa de
mesmo, grave, quando a epistemologia da vulto. A dança inventa outros modos de
dança está em franca construção no Brasil conhecer. Antes de adequar-se aos modos
e, não poderia ser diferente, momento no vigentes, e mesmo na recusa de faze-lo, a
qual discursos a reivindicam. dança os interpela. Por isso, conjuntamente
A afirmação do duo duplo à afirmação da epistemologia da dança in-
dança|pensamento, em diferença recípro- teressa constituir o que a dança como pen-
ca, não prescreve qualquer dualismo, pois samento interroga da epistemologia. Pois
o que se busca é exatamente a dinâmica é mesmo necessário e urgente interrogar
segundo a qual nenhum dos dois termos aquilo que define, arbitra e valida ou não
ofereça a lógica pela qual o outro deverá o conhecimento acerca dos modos como o
ser lido; à qual o outro deverá ser subsu- faz, dos princípios a partir dos quais o re-
mido. Trata-se da busca pela dedutibilida- aliza e, mais, da vontade de verdade, uma
de entre um e outro e não da afirmação da vontade de poder, que talvez o atravesse.
irredutibilidade de um ao outro. A barra Necessário abordar a velha, nem por
vertical interpõe-se precisamente no lugar isso superada, querela entre a teoria e a
do verbo ser, este que talvez não pudesse prática. Há sempre que se desconfiar das
ser utilizado sem carregar consigo a lógi- sínteses aparentemente salvadoras do tipo
ca identitária suposta na ontologia dualista “a teoria está na prática e a prática na teo-
metafísica – justamente aquela a ser pro- ria”; “prática e teoria são uma só e mesma
blematizada. coisa”; “união de teoria e prática”; “tra-
balho teórico-prático” etc.). Conjugar os
A dificuldade está na linguagem. termos de uma tal dualidade implica ne-
Nossas línguas ocidentais são de ma- cessariamente em participar e perpetuar
neiras sempre diversas, línguas do a mesma lógica bipartida que aparta um
pensamento metafísico. Fica aberta a
e outro, inclui excluindo ou excluindo in-
questão se a essência das línguas oci-
clui, agora quem nos ensina é Agamben.
dentais é em si puramente metafísica
e, por conseguinte, caracterizada em Na constituição de passagens entre a filo-
definitivo pela onto-teo-logia, ou se sofia e a dança, não é bem disso que se tra-
estas línguas garantem outras pos- ta. Não há de fato como produzir-se outro
sibilidades de dizer7 e isto significa pensamento (dança | pensamento) com os
ao mesmo tempo possibilidades do mesmos vocábulos. Sabemos que palavras
não-dizer que diz. [...] A palavrinha implicam procedimentos que convocam
“é”, que em toda parte fala em nos- determinada política cognitiva.
sa língua e nos diz do ser, mesmo ali Depois dos alertas de Nietzsche, Fou-
onde propriamente não se manifesta,
cault, Deleuze, Guattari, Derrida, mais re-
contém [...] todo o destino do ser.
(Heidegger, 1971, p. 100). centemente de Agamben, e de tantos ou-
tros, não podemos pensar impunemente,
Todo cuidado é necessário antes e con- ou seja, na salvaguarda da ignorância das
juntamente à afirmação dança é pensamento graves injunções implicadas no pensar.
de modo a não subsumi-la ao pensamen- Necessário dizer: a natureza do pensa-
to, seja ele de cunho filosófico ou científico, mento não é reflexiva. Pensamento é ato,
como se lhe fosse devedora, como se dele é tomada de posição no tabuleiro. Pensar é
precisasse para afirmar o seu estatuto de uma escolha, uma estilística da existência.
saber, como se ela fosse do pensamento, a Neste caminho, somos levados a entender
menoridade. Na dança, uma novidade do que fazer e pensar estão necessariamente
imbricados e de que criar/pensar significa
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Grifo nosso. inventar mundo, fabricar futuro, interferir
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no curso das coisas tal como elas se dão. ce a partir da necessidade existencial de ter
No pensar/criar, sempre uma política. acesso ao conhecimento, de transformar a
Em longevo estudo de dinâmica trans- si, nada se conhece de fato. Ele resume de
disciplinar, os biólogos | filósofos Francisco modo taxativo: “Não pode haver saber sem
Varela e Humberto Maturana constituíram uma modificação profunda no ser do sujei-
de modo muito consistente uma teoria, pre- to” (p. 37). É o caráter vivencial que define
ferimos dizer, um em redor deste aforisma: o conhecer. “Crítica da separação entre su-
“Todo fazer é um conhecer e todo conhecer jeito e objeto e articulação do conhecimento
é um fazer” (2001, p. 32). Em jogo, uma re- com o desejo e a implicação” (Passos, 2010,
versão epistemológica e uma outra política p. 12) Trata-se sim de um desvio, um des-
cognitiva. E esta reversão é da ordem do vio na direção do vivido (conhecer | fazer).
dia quando se trata de pensar o lugar da Assim, por um lado, se pensarmos que
produção de conhecimento de/em dança, em arte trata-se sempre de um fazer com
especialmente nos territórios territoriali- conceito, de que em arte não existe fazer
zados e territorializantes da universidade, sem conceito, e de que conhecer as injun-
secularmente atravessados pelo dualismo ções conceituais em jogo no fazer significa
epistemológico da ciência clássica pautado passar da heteronomia – normas interiori-
pela separação do saber entre sujeito e ob- zadas e obedecidas por meio da disciplina
jeto; teoria e prática etc. e do desconhecimento dos princípios –, à
Se concordarmos com Maturana e Va- autonomia – autodeterminação em função
rela, saberemos que o duo duplo conhe- de princípios construídos a partir de si e
cer | fazer não decalca-se com exatidão no através dos quais aprende-se a dizer a pró-
binômio teoria e prática, uma vez que no pria palavra e a pensar por si – o que será
primeiro vigora a irredutibilidade de um a que queremos dizer de fato quando perpe-
outro (teoria e prática = teoria ou prática), tuamos esta frase tão aderente: “aprender/
enquanto no segundo, a dedutibilidade en- conhecer na prática”?
tre um e outro (conhecer é fazer | fazer é Por outro lado, se considerarmos a meticulo-
conhecer). A tarefa talvez comece por ade- sa arqueologia das relações entre olhar e conheci-
rir às palavras conhecer e fazer na recusa de mento realizada por Marilena Chauí no texto Janela
dizer teoria e prática. E isso não é um mero da Alma, Espelho do Mundo da coletânea O Olhar ,
jogo de retórica ou uma substituição de necessário perguntar: a quem, melhor ainda, a que
seis por meia dúzia. Qualquer nomeação interessa perpetuar o conhecer como teórico?
do fazer como teórico ou como prático con-
voca, por um lado, a suspeita metafísica de Ver as palavras. Contempla-las.
que a experiência seja capaz de produzir Quais escolheremos? [...] Aquelas
conhecimento confiável ou o desprezo pe- que nos fazem ver o  vínculo secreto
entre o olhar e o conhecimento. Até
los métodos através dos quais ela o realize;
mesmo aquela que o designa na filo-
por outro, a bobagem acriticamente repro-
sofia — teoria do conhecimento —
duzida, sobretudo no campo das artes, de pois théoria, ação de ver e contem-
que “é a prática que ensina”, ou de “aque- plar, nasce de théorein, contemplar,
les que sabem mesmo são os que praticam”. examinar, observar, meditar, quando
Pode-se praticar dança uma vida inteira nos voltamos para o théorema: o que
sem entretanto conhece-la e, seguindo a ló- se pode contemplar, regra, espetáculo
gica, sem faze-la. e  preceito, visto pelo théoros, o es-
Nem a desconfiança da prática em re- pectador. (Chauí, 1998, p. 34).
lação à teoria, tampouco o descrédito da
teoria pela prática. Melhor dizendo: nem A tarefa entretanto não implica em
uma, nem outra, pois aprendemos já com constituir a dança como pensamento sob
Michel Foucault (2006) que sem o cuidado outro ponto de vista, mas justamente em
de si, sem o trabalho sobre si, ou seja sem denunciar o ponto de vista como o modo
uma implicação no/do sujeito que conhe- de posicionar-se, fazendo portanto e ne-
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cessariamente a crítica e a clínica das re- samento não é verbal, mas condição da
lações escópicas do conhecer prescritas na linguagem, e como condição exatamente
epistemologia clássica, fazendo então a porque não a precede ou sucede, talvez
passagem do óptico ao háptico. Um olhar possamos chegar a formular na dança um
tátil. “O observador está sempre implica- pensar-mover | mover-pensar, um pensar
do no campo de observação e a interven- de outra natureza, para o qual a noção
ção modifica o objeto.” (Chauí, 1998, p. de experiência (espessura do vivido) tem
21). Assim quem conhece já não se percebe tudo a ensinar.
nem no interior, nem no exterior daquilo Inevitável mencionar também uma
que conhece. Nem dentro, nem fora, mas fenomenologia ao gosto de Merleau-Pon-
uma intersticialidade. Corpo. ty que salvaguarda a dança do dualismo
Da dança talvez possamos dizer que mecanicista cartesiano através da noção
ela é o pensamento em seu devir-corpo. de corporeidade – corpo-sujeito e não
No caminho desta compreensão, algumas mais corpo objeto pertencente a um su-
contribuições seminais. Inevitável refe- jeito – corpo, portanto, como experiência
rir-se a Rudolf von Laban que já mere- de/no mundo. Passa-se de ter um corpo
ceu tantos textos de excelência em língua a ser um corpo8. E mais uma vez, tal como
portuguesa, grande parte deles inclusive Heidegger nos provoca, a palavrinha ser
produzidos no Brasil. Aqui nos caberia precipita-se como problema, pois dizer
destacar Erlebnis, termo utilizado por ele que o eu é o corpo implica em toma-los
para afirmar o corpo desde sempre como como entes identitários, se tanto “eu”
experiência e, assim, como duplo psico- quanto “corpo” estão no tempo ou, me-
físico permeável (também em diferença lhor dizendo, processam-se como tempo.
recíproca), que não conhece um dentro e Por isso mesmo, a operação não pode pa-
um fora (separação espacial), nem uma rar na transição do ter ao ser. De objeto
causa psíquica para uma consequência a sujeito, ainda é necessário que o corpo
movente (separação temporal). Seguin- passe de objeto a processo. Tempo.
do este princípio, a experiência dançante Aquilo que se diz da dança diz-se ine-
desmente a anterioridade do estímulo em vitavelmente do corpo e dizer do corpo é
relação à posteridade da resposta corpo- também inevitavelmente questionar do
ral: entre estímulo e resposta, entre o sen- “eu”. Para Foucault, perguntar quem so-
sível e o movente, o corpo não conhece mos é perguntar pelas descontinuidades
senão contiguidade, simultaneidade, co- que nos constituem. E isso não é uma equi-
emergência. valência, mas uma substituição. Assim na
Sentir que sente ou perceber que percebe questão identidade X tempo, trata-se de
é redundância necessária para explicar a processos inacabados. Não mais um “eu”
natureza da operação. Ao trabalhar aten- monadário, centrado, finalizado e coinci-
to à simultaneidade/contiguidade sensa- dente consigo, pois o “eu” aí concernido já
ção-movimento, o corpo desenvolve uma entendeu com propriedade a frase de Rim-
qualidade muito particular de presença baud: “eu é um outro”. Exatamente por
(de si) ao próprio movimento. Esta quali- isso, Suely Rolnik e Félix Guattari inter-
dade de atenção permite que o corpo diga põem no lugar da identidade e do sujeito,
de sua própria experiência. O corpo tem a noção de processos de singularização. (Sin-
um dizer que lhe é próprio e o que ele diz gularidade = Eu + Tempo). Incluir a coor-
vincula-se ao movimento quando este denada e a problemática do tempo na iden-
torna-se experiência senciente. E quan- tidade implica dizer que eu sou e não sou
do ele diz de sua experiência, o faz como
dança. Assim, a dança não é produto do 8
A esse respeito, Maria Rita Kehl (2005) traça um interessante contraste entre o que
corpo que a antecede, mas produção de ela chama de “meu corpo” e “eu-corpo”, sinalizando o quanto a objetificação do corpo
corpo que lhe corresponde. Se levarmos remetido a um sujeito mais consciente que senciente está precipitado como proble-
mática na linguagem mais comum, sinal de um significativo entrave para a assunção
seriamente em consideração que o pen- de um corpo-sujeito.

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ao mesmo tempo – outro paradoxo. Aderir o ter-lugar e o não-lugar, um surgir que é


a esta ideia significa pressupor a diferença indiscernível de seu desaparecer”.
interna da identidade em relação a si. Por isso mesmo, dizer que a dança é
o pensamento em seu devir-corpo não é o
Isso constituiu um espaço fundamen- mesmo que dizer que a dança é o pensa-
tal na subjetividade, que é o espaço mento que se torna corpo, pois está em jogo
de uma alteridade em nós mesmos. uma outra noção de devir que, importante
Não seria a alteridade do outro que
frisar, não vem a ser e que portanto nunca
está fora, mas seria a alteridade desse
se torna, posto que se viesse a ser deixaria
campo em que meu corpo é atraves-
sado por essas forças, a alteridade necessariamente de devir. Como sinaliza
do mundo como um campo intensi- Zourabichvili (2004, p. 37), “num devir […]
vo presente na minha subjetividade não é o término que é buscado” (aquilo em
– uma relação dele com meu código, que nos tornamos), “mas sim o próprio de-
meu comportamento, minha estrutu- vir, ou seja, as condições de relançamento da
ra nesse código – é isso que propulsa produção desejante ou da experimentação”.
meus devires. Faz com que eu não O devir aí concernido não é sinônimo de
possa me considerar identitariamen- tornar-se, mas de um vir-a-ser que nunca
te, eu nunca sou eu mesma, porque
é. Devir que, apesar de ser um verbo, não
tem sempre este ponto de interroga-
ção que me empurra pra virar outra é conjugável no tempo dos tempos verbais.
(Rolnik, 2010, s/p). É assim tal como um beijo, sugere Pelbart,
“Cada beijo é sem passado e sem futuro”
Convocar a palavra processo significa (2010, p. XVI) o verbo permanece portanto
falar de inacabamento e enfrentar o ser ou no infinitivo, assegurando-se uma noção
não ser – dualidade, por que não dizer fan- invisível de gerúndio, pois são justamente
tasma, que nos assombra há tantos séculos as ideias de passado, presente e futuro que
e de cujo tecido a dança faz a carne. O ale- nesta perspectiva não se encontram mais
mão Franz Anton Cramer sintetiza bem o em uma condição sucessória, mas simultâ-
problema em sua brilhante conferência no nea. Assim, o sinal de passagem a serviço
I Encontro de Dança e Filosofia: “A dança do qual a barra vertical interpõe-se à dança
ocorre somente como aquilo que ainda não e ao pensamento diz do tempo como um
é e que não mais e ainda é”. Seguindo-o de emaranhado, desdizendo correlatamente
perto, talvez possamos formular: a dança da linha ou mesmo do rio de tempo, per-
só acontece como aquilo que ainda não é e manecendo assim em passagem.
aquilo que acabou de deixar de ser. A dan- E é precisamente por isso que a dança
ça só ocorre como algo que ao mesmo tem- em sua manobra de permanecer tornan-
po ainda não é e ainda não deixou de ser. O do-se pensamento (dança | pensamento)
e problematiza o é desarticulando a ontolo- interessa-se tão significativamente pela fi-
gia metafísica. Ambos parecemos concor- losofia e especialmente pelas filosofias da
dar com o filósofo Alain Badiou em duas diferença e, dentre elas, a de Gilles Deleu-
passagens diferentes de sua produção. Em ze. Peter Pál Pelbart em seu livro Tempo
Da vida como nome do ser (2000, p. 162), ele não reconciliado: imagens do tempo em Deleu-
diz: “[...] o ‘e’ da metamorfose [...] é o devir ze (2010, p. XIX), apesar de não mencionar
falso do verdadeiro, o devir verdadeiro do a dança, nos ajuda a entender este apego.
falso, e assim ele (o ser) é neutro por ser “Esparsa e inaparente, a problematização
verdadeiro e falso”. Em outro texto aqui do tempo obseda a construção deleuzia-
já citado, Badiou (1993, p. 14) afirma: “a na em toda a sua extensão.” E “a questão
dança sinaliza o pensamento como aconte- do tempo se desdobra eminentemente sob
cimento. [...] Um acontecimento é precisa- o signo de seu conceito da diferença” (p.
mente o que permanece indecidido9 entre XX). Ele nomeia assim uma das seções des-
te livro, quando trata das teses do francês
9
N.T.: no original indecidé e não indécis(e). acerca do cinema: Da representação indireta
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do tempo à sua apresentação direta (p. 7). Não atiradores, aqueles que pensam que
é mesmo isso que faz também a dança? Tal- a filosofia não é a tomada de poder,
vez seja apropriado dizer: a dança, tempo mas o reconhecimento do impoder. É
de imanência – uma pergunta da dança ao o que define uma família de espírito,
há os que desejam a tomada de poder,
tempo – o que seria maneira mais poética
os grandes herdeiros do pensamento
de dizer que a dança constitui-se pela ima-
ocidental, que vem com suas próprias
nência do tempo a si. ferramentas: se não funcionam, eles
Deter-se demoradamente nesta ques- abandonam o assunto; há também os
tão é tarefa que não caberia ao fôlego deste outros, que dizem: mas por que o re-
estudo e à qual nos dedicamos em textos jeitamos, por que essa pequena coisa
já publicados anteriormente e nos que ain- sobre a qual vocês lançam um olhar
da estão por vir. Por agora, cabe-nos ainda desdenhoso não seria interessante?
entender que, no caminho de entretecer-se Nós somos poucos; é o que faz o
à filosofia, a dança | pensamento investe- charme do trabalho filosófico, fazer
se, dentre outros aspectos, de alguns de o que os outros não quiseram fazer.
Quando fiz um curso sobre o olfato,
seus rigores metodológicos. neste passo a
meu colegas gritaram como loucos.
passo: (1) admitir que a dança pensa, e se
Eu disse por que não, e o porque não
ela pensa, (2) perguntar-se o que ela pensa, é difícil de pronunciar na França.
para descobrir logo em seguida que, quan-
do pensa, a dança promove um entorse Assim também no Brasil.
peculiar da lógica causal do pensamento,
Enquanto a dança constitui-se como
admitindo sujeito e objeto do verbo pensar
filosofia em seu devir-corpo (dança | pen-
como sendo o mesmo e podendo intercam-
biar-se. Deste modo, ao perguntarmos o samento), ali no mesmo lugar e do ou-
que pensa a dança, supomos: o que pensa tro lado da barra, acontece ou produz-se
a dança é o que a dança pensa. Imanência, um devir-dança da filosofia (pensamento
uma dança10. E isso é o mesmo que dizer: o | dança). A filosofia tem, digamos, o seu
que pensa a dança é o que pensa na dança. trabalho finalizado com a dança todas as
Assim, se a parceria com Deleuze continuar vezes em que torna-se, por procedimentos
profícua e admitirmos que o tempo pensa intrínsecos ao processo, superada por ela,
na dança, poderemos chegar a aceitar que ou seja, quando a dança pensada a partir
a dança pensa o tempo. Por fim, entender da filosofia torna-se uma filosofia da dan-
que na dança | pensamento trata-se de um ça. “Como construir conceitos-dança?” é
pensamento sem objeto. E pela própria for- uma pergunta que lhe cabe. Interrogar o
mulação tal com a vimos aqui, supor que que a dança faz pela filosofia, aquilo que
são poucos os filósofos ou, para sermos mobilizava Alain Badiou no seu texto, não
provocativamente mais inclusivos, poucos seria aqui tarefa nossa, já o dissemos, mas
os pesquisadores, estudiosos ou pensado- elaborar algumas aproximações acerca
res que terão simpatia por uma tal aporia. do que a filosofia faz pela dança, esta sim
Tal como nos sugere Michel Bernard (2004, coube à nossa presente tentativa.
p. 111, 113): Assim a presença da barra vertical na
dança | pensamento não poderia furtar-se
Se há poucos filósofos que escreve- de aparecer como trabalho contínuo de
ram sobre a dança, é porque talvez antepor-se também como barreira àqueles
tenham sentido confusamente que que porventura se instituam do poder de
ela evanescia, evanescia demais, os dizer a epistemologia da dança. Se ela está
filósofos não gostam daquilo que es-
em plena construção neste momento no
capa, aquilo que escapa às pinças do
conceito. Os filósofos que o tentaram
Brasil, necessário perguntar-se: como fa-
são os aventureiros [...] os franco- zer a arqueologia (Michel Foucault) de um
saber ainda em sua feitura? Como fazer a
10
Paráfrase do título do derradeiro texto de Deleuze: Imanência, uma vida. arqueologia do que está para ser dito? O
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N° 19 | Novembro de 2012 U rdimento

interesse de não haver privilégio da prá-


tica sobre o pensamento em/de dança e
ou sobreposição da teoria sobre a dança é
também porque “não existe qualquer dis-
curso-mestre, qualquer discurso que possa
ser considerado neutro ou que possa repre-
sentar uma síntese, qualquer discurso que
possa expressar qualquer suposta unidade
ou universalidade epistemológica ou que
permita decidir entre visões, asserções ou
discursos em conflito [...] qualquer privilé-
gio epistemológico fundacional.” (Peters,
2000, p. 43).
Sim, há demasiada remissão do pensa-
mento em/de dança a Deleuze, e isso não
é privilégio do Brasil, mas é preciso muita
calma e pouco revanchismo para perpetrar
esta crítica. Fazer troça disso ou implicar
não parece ajudar muito. E, mais grave, fa-
zem isso muitos os que não o estudam com
os devidos rigores e vagar. Se a afirmação
da multiplicidade e a alegria da diferença
são proposições coemergentes ao conhecer
| fazer que se dá em/como dança, é porque
a filosofia que a atravessa é pensamento
“do percurso, e não do solo ou do territó-
rio [...]. Sem programa, sem intenção, sem
preenchimento – sem interioridade, sem
segredo” (Nancy, 2000, p. 116). Filosofia
da dança: dança | pensamento. Um pensa-
mento de pura transversalidade. Filosofia
sem objeto: “esse pensamento nômade que
cria conceitos como maneiras de ser e mo-
dos de existência” (Alliez, 1996, p. 22). Mo-
dos de dizer como modos de existir.

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Dança | Filosofia: Verso e reverso de um dizer
U rdimento N° 19 | Novembro de 2012

REFERÊNCIAS

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