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RESUMO
INTRODUÇÃO
vivo? Colocando o problema de outra forma, pergunta-se que tipo de educação necessita
uma massa de desempregados que são obrigados a viver de formas distintas?
É de se imaginar que os desafios educacionais são imensos para aqueles que
não se deixam levar pela ilusão pedagógica, pela crença de que a escola por si mesma
tem o poder de resolver um problema que é social. O socialismo utópico evidencia
lições históricas aos reformadores dos tempos modernos. Fourier, Sant-Simon e Robert
Owen, indignados com as condições de vida do emergente proletariado, com a
degradação das crianças e das mulheres submetidas ao trabalho fabril, pensam que uma
educação de qualidade pode livrar as crianças das conseqüências funestas do trabalho.
Não é por acaso que Owen, industrial e filantropo, constrói junto à sua fábrica, em New
Lanark, uma escola destinada aos filhos dos trabalhadores.
Os problemas que permeiam o mundo educacional sugerem que a educação e o
trabalho precisam ser vistos em consonância com o movimento geral da sociedade. A
grande indústria do século XIX cede lugar aos processos de produção flexível, à
terceirização, enfim, à chamada Revolução Informacional - que altera não só as formas
produtivas, mas, de modo contundente, o processo de trabalho e também a educação de
modo geral.
Nesse sentido, resta saber: em que consiste uma nova educação. As tecnologias
incorporadas freneticamente nos processos produtivos refletem mudanças importantes
na forma de produção da vida humana. A escola, forma tradicional de acesso ao saber
está sendo posta em questão. Não são poucos os que a considera um problema, assim
como o trabalho.
Pretende-se que os tópicos desenvolvidos a seguir possam dar idéia mais clara
sobre essas e outras questões que desafiam a humanidade.
herdadas do passado. Para Smith (1988), a divisão do trabalho que obriga o indivíduo a
repetir por toda a vida uma quantidade de operações simples transforma o trabalhador
em estúpido e ignorante tanto quanto uma criatura humana pode ser.
Segundo ele, uma massa ignorante e analfabeta não condiz com uma sociedade
civilizada. Pensa tal estudioso, a escolarização obrigatória é uma forma de impedir a
total degeneração e a corrupção do corpo da nação: o povo.
Para o liberalismo francês do século XIX, é necessária a intervenção do Estado
na instrução das classes populares por meio da escola para civilizá-las segundo estatutos
da sociedade; um modo de afirmar o pressuposto iluminista segundo o qual, a razão e
não a violência, é que deve prevalecer quando se trata de formar indivíduos para um
adequado convívio social.
Segundo Manacorda (1989), a laicização e estatização da instrução pública têm
início no século XVII e se completam no século XVIII. Em 1773, é suprimida a Ordem
dos Jesuítas. Nesse tempo, o Estado trava uma batalha contra a educação escolástica.
A educação estatal
Sob esse prisma, a crise da educação pública não provém da falta de recursos,
de um ensino de qualidade, da necessidade de requalificação dos professores e muito
menos de sua incipiente escolarização. As dificuldades da escola pública expressam
limites das relações sociais que a fizeram emergir como tal.
A escola vive atualmente a mais dramática contradição: como relação social
fundada no trabalho, ela se defronta com a negação do trabalho, algo cada vez mais
rarefeito. A grande indústria do século XIX, vinda no bojo da Revolução Industrial,
terreno onde se desenvolveu a aprendizagem na escola pública, cede lugar à produção
eletrônica que com seus tentáculos atinge todas as dimensões da vida humana. Ela
anuncia, inclusive, que a forma de comunicação entre os homens está sendo alterada,
assim como o acesso ao conhecimento. Não se trata, todavia, de um confronto entre o
antigo conhecimento escrito obtido na escola e o acesso ao conhecimento virtual. Eles
são apenas formas distintas, pois, na sociedade burguesa, diferente das que a precedem,
as formas educacionais, a divisão do trabalho, dentre outros, mudam incessantemente.
Nesse momento em que as relações sociais afirmam o trabalho e as forças
produtivas tendem à sua negação, retomam-se questões colocadas no início deste texto:
que qualificação deve ter o futuro trabalhador? Estará a escola destinada a educar para o
desemprego? Que homem está emergindo onde o trabalho vivo não mais predomina? O
que fazer com a imensa massa de homens descartados do mundo do trabalho que hoje,
existem no mundo? Nos dias atuais, grande parte dos trabalhadores está sendo liberada
das relações sociais sem, entretanto, poder viver em uma outra forma de vida.
A sociedade do trabalho evidencia o fato inconteste que desde sua origem não
necessita do trabalho de muitos. Os sofrimentos dos trabalhadores compelidos à
exclusão social, substituídos pela máquina, assemelham-se aos daqueles homens
expulsos da terra quando os senhores precisam criar carneiros para fornecer lã às
manufaturas. Transformados em vagabundos, os homens medievais e os modernos
vagueiam pelo mundo, como nômades, em busca de trabalho.
Assim, a escola estatal na América possui semelhanças com a escola pública
européia. Entretanto, apesar de sua coexistência contemporânea, elas possuem
profundas diferenças históricas. O nascimento da escola pública na Europa constitui
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Referências
COMÉNIO, João Amós. 3ª. ed. Didáctica magna. Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian, s/d.
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MARX, Karl O capital: crítica da economia política. São Paulo: Difel, 1982, v. 1.
SMITH, Adam. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas
causas. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. (Os Economistas). v. III.