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Preparado por:
Unidade responsável
pela avaliação
DG Política Regional
Comissão Europeia
No quadro do programa de estudos e de assistência técnica no domínio das políticas regionais
traçadas pela Comissão, foi constituída uma equipa encarregada de preparar uma nova edição
do anterior Manual de Análise dos Custos e Benefícios dos Grandes Projectos, publicado em 1997.
Esta equipa, coordenada pelo Professor Massimo Florio, era ainda composta por Ugo Finzi,
Mario Genco (análise de riscos, distribuição e tratamento de água), François Levarlet (gestão
de resíduos), Silvia Maffii (transportes), Alessandra Tracogna (coordenação do texto do capí-
tulo 3, anexo sobre a taxa de actualização e bibliografia) e Silvia Vignetti (coordenação do tex-
to).
Acrónimos
ACB Análise dos custos e benefícios SIAA Serviço integrado de abastecimento
AIA Análise de impacte ambiental de água
C/B Rácio custos-benefícios TIRE Taxa (interna) de rentabilidade
BEI Banco Europeu de Investimento económica
FC Fundo de Coesão TIRF Taxa (interna) de rentabilidade
fc Factor de conversão financeira
FCP Factor de conversão padrão TIRF/C Taxa (interna) de rentabilidade
FE Fundos estruturais financeira calculada sobre o custo
FEDER Fundo Europeu de do investimento
Desenvolvimento Regional TIRF/K Taxa (interna) de rentabilidade
ISPA Instrumento Estrutural de financeira calculada sobre os fundos
Pré-Adesão próprios
IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado VALE Valor actual líquido económico
PPP Princípio do poluidor-pagador VALF Valor actual líquido financeiro
2
Manual de análise de custos e benefícios
dos projectos de investimento
Índice
4
Índice
5
Preâmbulo
A análise dos custos e benefícios (ACB) dos processos de selecção dos projectos e as deci-
projectos de investimento é explicitamente sões financeiras.
exigida pelos novos regulamentos da União
Europeia (UE) que regem os Fundos estrutu- Para cumprir as obrigações que lhe incum-
rais (FE), o Fundo de Coesão (FC) e o Instru- bem em matéria de apreciação dos projectos
mento Estrutural de Pré-Adesão (ISPA) no que os Estados-Membros lhe apresentam no
caso de projectos cujos orçamentos excedam, quadro da política regional, a Comissão (DG
respectivamente, 50, 10 e 5 milhões de euros. Política Regional) utiliza um manual de aná-
lise dos custos e benefícios dos grandes pro-
Sendo os Estados-Membros responsáveis
jectos. Três anos depois da sua última actua-
pela apreciação ex ante dos projectos propos-
tos, compete à Comissão avaliar a qualidade lização, o contexto político, jurídico e técnico
desta apreciação antes de aprovar o co-finan- evoluiu consideravelmente, a ponto de tor-
ciamento e de determinar a respectiva taxa. nar necessária uma nova edição revista.
6
Linhas gerais da nova edição
do manual
O manual está dividido em capítulos, com a principais questões nele tratadas. Com base
seguinte estrutura: nos regulamentos relativos ao FEDER, ao
FC e ao ISPA, aqui são expostas as disposi-
• Capítulo 1: avaliação dos projectos no ções jurídicas a respeitar no processo de
quadro dos Fundos estruturais, do Fundo avaliação dos projectos e nas decisões de
de Coesão e do ISPA co-financiamento.
• Capítulo 2: plano para o avaliador do pro-
jecto O elemento essencial deste capítulo consis-
• Capítulo 3: linhas gerais de análise dos te em que, não obstante as diferenças de
projectos, por sector procedimentos e de métodos entre os três
• Anexos fundos, a lógica da análise e o método
• Glossário seguido devem ser homogéneos.
• Bibliografia
1.1. Âmbito e objectivos. Esta secção refe-
Cada capítulo contém: re-se aos objectivos e instrumentos do
FEDER, do FC e do ISPA. Aqui se indicam,
A) Um texto com base nos regulamentos, os principais
C) Quadros e figuras domínios abrangidas pelos Fundos.
D) Caixas.
1.2. Definição dos projectos. Esta secção
As caixas são de dois tipos:
define os projectos aos quais se aplica o
• As que se referem a regulamentos, onde
processo de avaliação nos casos do FEDER,
são recordados os principais aspectos dos
do FC e do ISPA. Indica ainda os principais
regulamentos relativos aos FE, ao FC e ao
sectores de aplicação dos Fundos, os limites
ISPA.
financeiros a respeitar na avaliação dos pro-
• As que fornecem exemplos, qualitativos e
jectos e as diferenças entre as taxas de co-
quantitativos, de questões específicas refe-
financiamento.
ridas no corpo do texto.
7
Linhas gerais da nova edição do manual
2.3. Estudo de viabilidade e opções. As reco- Esta secção refere-se aiende à forma de cálcu-
mendações práticas são ilustradas por exem- lo dos custos e dos benefícios sociais de um
plos concretos, nomeadamente no que se projecto e à maneira como estes podem
refere à análise das opções, sendo feita uma influenciar o resultado final. Fornece uma
distinção entre as alternativas modais, tecno- orientação sobre a forma de calcular a taxa
lógicas, geográficas e cronológicas. O anexo de rentabilidade económica e ajuda a
G propõe o esquema-tipo sintético de um compreender o significado económico desta
estudo de viabilidade. taxa para a apreciação do projecto.
2.4. Análise financeira. Contém informações 2.6. Análise multicritérios. Esta secção é
sobre a forma de realizar uma análise finan- dedicada às situações em que a taxa de renta-
ceira. A partir de quadros de base, esta secção bilidade não constitui um indicador de
explica como conduzir o estudo e, em segui- impacte suficiente e em que é necessária uma
da, define os principais pontos a inscrever nos análise complementar.
8
Linhas gerais da nova edição do manual
9
Capítulo 1:
Avaliação dos projectos no quadro
dos Fundos estruturais, do Fundo
de Coesão e do ISPA
Enquadramento
O presente capítulo constitui uma intro- O elemento essencial deste capítulo consiste
dução aos objectivos, ao âmbito e ao modo em que, não obstante as diferenças de proce-
de utilização do manual, bem como às prin- dimentos e métodos entre os três fundos, a
cipais questões nele tratadas. Tendo por base lógica económica da análise e o método
os regulamentos do FEDER, do FC e do seguido devem ser homogéneos.
ISPA, o capítulo centra-se nas disposições
regulamentares aplicáveis ao processo de
avaliação dos projectos e à decisão de co- 1.1 Âmbito e objectivos
financiamento.
Os projectos de investimento co-financiados
Este capítulo aborda o quadro regulamentar pelos FE, pelo FC, e pelo ISPA constituem os
que rege o processo de preparação, de avaliação instrumentos de implementação da política
e de co-financiamento de um projecto de regional da UE.
investimento. Mais concretamente, refere-se:
O presente manual tem por objecto os gran-
• ao âmbito e aos objectivos do fundo; des projectos realizados no quadro dos
• à definição do projecto com vista ao pro- Fundos estruturais, nomeadamente no
cesso de avaliação; FEDER (Regulamento 1260/1999), no
• à responsabilidade da avaliação ex ante; Fundo de Coesão, (Regulamento 1264/1999
• às informações requeridas para a avaliação e 1164/94) e no ISPA (Regulamento
ex ante. 1267/1999).
Nos termos destes regulamentos, os investi- • um projecto é uma série de acções indivi-
mentos em infra-estruturas e os investi- síveis no plano económico, associadas a
mentos produtivos podem ser financiados uma função técnica específica e dotadas de
através de um ou vários instrumentos finan- objectivos identificáveis;
ceiros da Comunidade – essencialmente, as • uma fase de projecto é técnica e financei-
subvenções sem garantia (FE, Fundo de ramente independente e tem a sua efici-
Coesão), mas também os auxílios não reem- ência própria;
bolsáveis, no caso do ISPA, empréstimos e • um grupo de projectos é um conjunto de
outros instrumentos financeiros (Banco projectos que preenchem as três condições
Europeu de Investimento, Fundo Europeu de seguintes:
Investimento). - estão localizados na mesma área geográ-
fica ou situados num mesmo eixo de tran-
Os Fundos estruturais da União Europeia sportes;
podem financiar projectos extremamente - inserem-se num plano geral relativo a esta
diversificados, tanto do ponto de vista do área ou eixo;
sector em questão como do da dimensão - são supervisionados pelo um organismo,
financeira do investimento. responsável pela sua coordenação e pelo
seu acompanhamento.
Enquanto o FC e o ISPA financiam projectos
unicamente nos domínios dos transportes e Em relação a cada um destes projectos, seja
do ambiente, os FE, em especial o FEDER, qual for a sua dimensão financeira, o autor
podem financiar igualmente projectos no
domínio da energia, da indústria e do sector Caixa 1.2. Limiares financeiros
dos serviços.
FE – artigo 25º do Regulamento 1260/1999: Os Fundos podem
financiar, no âmbito de uma intervenção, despesas decorrentes
1.2 Definição do de grandes projectos, ou seja, projectos: a) que englobem um
conjunto de trabalhos economicamente indivisíveis com uma
projecto função técnica precisa e visem objectivos claramente identifi-
cados, e b) cujo custo total tomado em consideração para deter-
Os regulamentos relativos aos Fundos estru- minar o montante da participação dos Fundos seja superior a 50
turais definem a dimensão financeira dos milhões de euros.
projectos avaliados pela Comissão: o seu cus- FC – nº 3 do artigo 10º do Regulamento 1164/94: Os pedidos de
to não deve ser inferior a 50 milhões de concessão de apoio para projectos abrangidos pelo nº 1 do artigo
euros. 3º serão apresentados pelos Estados-Membros interessados. Os
projectos e grupos de projectos inter-relacionados deverão ter
dimensão suficiente para produzirem um impacte significativo
Por outro lado, os regulamentos relativos ao
nos domínios da protecção do ambiente ou da melhoria das redes
Fundo de Coesão e ao ISPA, que indicam o transeuropeias de infra-estruturas de transportes. O custo total
limiar financeiro a ter em consideração (10 de um projecto ou grupo de projectos não poderá, em princípio,
milhões de euros no caso do Fundo de ser inferior a 10 milhões de euros. Em casos devidamente justifi-
Coesão e 5 milhões no caso do ISPA) para cados, poderão ser aprovados projectos ou grupos de projectos
evitar uma excessiva fragmentação dos pro- de valor inferior.
jectos e garantir que os fundos são utilizados ISPA: nº 2, alínea b), do artigo 2º do Regulamento 1267/1999: As
de forma integrada e sistemática, definem medidas deverão ter uma dimensão suficiente para produzirem
detalhadamente os termos “projecto” e “fase um impacte significativo no domínio da protecção do ambiente ou
de projecto”. Podem ser financiadas pelo na melhoria das redes de infra-estruturas de transportes. O custo
Fundo de Coesão e pelo ISPA, nos termos total de cada medida não deverá, em princípio, ser inferior a 5
dos respectivos regulamentos, os tipos de milhões de euros. Em casos excepcionais e devidamente justifi-
cados, tendo em conta as circunstâncias específicas em causa, o
medidas a seguir definidos:
custo total de uma determinada medida poderá ser inferior a 5
milhões de euros.
1.3 Responsabilidade pela avaliação ex ante
deve efectuar uma análise de custos e benefí- os estudos de planeamento e outros estudos
cios que tenha em conta os seus efeitos direc- técnicos, a revisão dos preços, a repartição do
tos e indirectos sobre o emprego, eventual- capital de exploração, etc.
mente completada por outros métodos de
avaliação no caso de projectos realizados no d) Nas situações en que existam vários
domínio do ambiente. pequenos projectos estreitamente ligados
entre si é melhor considerá-los como um
No que se refere aos limiares financeiros, são único grande projecto (por exemplo, cinco
de referir as seguintes características: troços de uma mesma auto-estrada, cada um
com um custo de 6 milhões de euros, podem
a) A principal variável económica é o custo ser considerados um único grande projecto
total do investimento. A avaliação deste de 30 milhões de euros).
montante não deve basear-se nas fontes de
financiamento (por exemplo, apenas um
financiamento público ou apenas um co-
financiamento comunitário), mas sim no
1.3 Responsabilidade
valor económico global do investimento em pela avaliação ex ante
infra-estruturas ou produtivo proposto.
Nos termos do artigo 26º do Regulamento
b) No caso de todos os custos de investi- 1260/1999 relativo aos FE, a Comissão tem
mento serem repartidos por vários anos, a responsabilidade de efectuar a avaliação
deve ter-se em consideração a soma de todos ex ante dos grandes projectos com base em
os custos anuais. informações fornecidas pelo autor.
FE: artigo 5º do Regulamento 2081/93 (regula- FC: artigo 1º do Regulamento 1265/1999: 3. Uma fase pode dizer igualmente respeito a
mento-quadro dos FE) “1. A Comissão, de acordo com o Estado-Membro estudos preparatórios, de viabilidade e técnicos,
Formas de intervenção: beneficiário, pode agrupar projectos e delimitar necessários à realização de um projecto.
“1. A intervenção financeira dos Fundos estrutu- num projecto fases técnica e financeiramente 4. Para que seja respeitado o critério enunciado
rais, do BEI e dos outros instrumentos financeiros independentes para efeitos de concessão de no nº 3, terceiro travessão, do artigo 1º, podem
comunitários existentes processar-se-á segundo assistência. ser agrupados os projectos que cumpram as três
formas de financiamento diversificadas em 2. Para efeitos do presente regulamento, são apli- condições seguintes: a) Estarem situados na
função da natureza das operações. cáveis as seguintes definições: a) ‘Projecto’: um mesma área ou no mesmo eixo de transporte; b)
2. No que diz respeito aos Fundos estruturais e ao conjunto de trabalhos, economicamente indivisí- Serem efectuados em aplicação de um plano de
IFOP, a intervenção financeira pode assumir prin- veis, que desempenhem uma função técnica preci- conjunto para essa área ou esse eixo, com objec-
cipalmente uma das seguintes formas: a) Co- sa e com objectivos claramente identificados que tivos claramente identificados, nos termos do nº
financiamento de programas operacionais; (…) permitem avaliar se o projecto satisfaz o primeiro 3 do artigo 1º; c) Serem supervisados por uma
d) Co-financiamento de projectos adequados; critério enunciado no nº 5, primeiro travessão, do entidade responsável pela coordenação e pelo
O presente manual destina-se tanto aos grandes artigo 10º; b) ‘Fase técnica e financeiramente inde- acompanhamento do grupo de projectos, se estes
projectos industriais como aos que fazem parte pendente’: fase cujo carácter operacional explicito forem executados por diferentes autoridades
de um programa operacional. pode ser identificado. competentes.”
12
1.4. Informações necessárias
das avaliações ex ante (…) para que esta Em qualquer caso, a decisão da Comissão
apreciação possa ser realizada o mais deverá resultar de um diálogo e de um
eficazmente possível. compromisso assumido conjuntamente
com o autor do projecto, de modo a extrair
O Regulamento 1267/1999 que institui o do investimento o melhor benefício possí-
ISPA estipula, no anexo II (C): vel. Os Estados-Membros dispõem muitas
vezes de estruturas e de procedimentos
internos para avaliar projectos de certa
Os países beneficiários fornecerão todos os dimensão, mas podem surgir dificuldades
elementos necessários, referidos no anexo na avaliação da qualidade. A Comissão
I, incluindo os resultados dos estudos de pode contribuir de diversas formas para
viabilidade e das apreciações, uma indi- superar estas dificuldades. A assistência téc-
cação das alternativas não seleccionadas e nica à preparação da avaliação de um pro-
informações sobre a coordenação de jecto pode ser co-financiada pelo quadro
medidas de interesse comum situadas no comunitário de apoio ou através de outros
mesmo eixo de transporte, de modo a que meios apropriados.
esta apreciação possa ser realizada o mais
eficazmente possível.
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1.4. Informações necessárias
ISPA: Anexo I do Regulamento 1267/1999: Conte- Conselho, de 27 de Junho de 1985, relativa à 9. informações sobre as disposições destinadas a
údo dos pedidos [nº 3, alínea a), do artigo 7º] avaliação dos efeitos de determinados projectos assegurar uma utilização e manutenção eficazes
Dos pedidos constarão as seguintes informações: públicos e privados no ambiente; das instalações;
1. nome do organismo responsável pela exe- 6. informações sobre o cumprimento das regras 10. (Medidas em matéria de ambiente) informa-
cução, natureza da medida e sua descrição; de concorrência e da regulamentação em matéria ções sobre o lugar e o grau de prioridade da
2. custo e localização da medida, incluindo, se for de contratos públicos; medida na estratégia nacional em matéria de
caso disso, indicações sobre a interconexão e 7. plano de financiamento, incluindo, na medida ambiente, estabelecida no programa nacional de
interoperabilidade de medidas situadas no do possível, indicações sobre a viabilidade adopção do acervo comunitário;
mesmo eixo de transporte; económica da medida e o montante total de 11. (Medidas em matéria de transportes) infor-
3. calendário de execução dos trabalhos; financiamento que o país beneficiário pretende mações sobre a estratégia nacional de desenvol-
4. análise de custos e benefícios, incluindo os obter do ISPA, do BEI, incluindo o seu mecanismo vimento dos transportes e o lugar e o grau de
efeitos directos e indirectos no emprego, que de pré-adesão, e de outras fontes comunitárias prioridade da medida nessa estratégia, incluindo
devem ser quantificados caso sejam quantificá- ou dos Estados-Membros, do BERD e do Banco o grau de coerência com as orientações das
veis; Mundial; redes transeuropeias e com a política pan-euro-
5. avaliação do impacte ambiental, similar à 8. compatibilidade da medida com as políticas peia de transportes.
avaliação prevista na Directiva 85/337/CEE do comunitárias;
14
1.4. Informações necessárias
jectos, quer gerem ou não receitas financeiras estimativa dos custos e dos benefícios socio-
positivas, uma vez que esta análise está na económicos, a consideração do impacte no
base da ACB e pode melhorar a qualidade da desenvolvimento regional e no ambiente, a
apreciação do projecto. avaliação dos efeitos directos e indirectos,
imediatos e permanentes na situação do
A leitura do presente manual permitirá aos emprego, a estimativa da rentabilidade
interessados compreenderem melhor quais económica e financeira, etc. Existem várias
as informações de que a Comissão necessita maneiras de corresponder a esta necessidade
para apreciar as questões referidas nos arti- de informação: o manual destaca alguns ele-
gos dos regulamentos relativos aos FE, ao FC mentos essenciais, os métodos a seguir e os
e ao ISPA e noutros documentos, como a critérios a respeitar.
FE: artigo 26º do Regulamento 1260/99: Se o e da rentabilidade prevista do projecto; f) Efeitos crição; custos e localização, incluindo, nos casos
Estado-Membro ou a autoridade de gestão enca- directos e indirectos na situação do emprego, se adequados, a indicação dos projectos de inte-
rar uma participação dos Fundos num grande possível a nível comunitário; g) Elementos que resse comum situados no mesmo eixo de tran-
projecto, durante a execução das intervenções, permitam avaliar o impacte ambiental e a apli- sportes; calendário de execução dos trabalhos;
informará previamente a Comissão, transmi- cação dos princípios de precaução e acção análise dos custos e dos benefícios, incluindo os
tindo-lhe as seguintes informações: a) Orga- preventiva, de correcção - prioritariamente, na efeitos directos e indirectos sobre o emprego;
nismo responsável pela execução; b) Natureza do fonte - dos prejuízos ao ambiente e do princípio elementos que permitam avaliar o eventual
investimento e sua descrição, bem como o do poluidor-pagador, bem como a observância impacte ambiental; elementos relativos aos con-
respectivo envelope financeiro e a localização; c) das regras comunitárias em matéria de ambi- tratos públicos; plano de financiamento, inclu-
Calendário de execução do projecto; d) Análise ente; h) Elementos necessários à apreciação do indo, na medida do possível, indicações sobre a
dos custos e dos benefícios, incluindo finan- cumprimento das regras de concorrência, por viabilidade económica do projecto e o montante
ceiros, avaliação dos riscos e indicações sobre a exemplo, em matéria de auxílios de Estado; i) total do financiamento que o Estado-Membro
viabilidade económica do projecto; e) Além disso: Indicação do efeito da participação dos Fundos pretende obter do fundo ou de qualquer outra
- em relação aos investimentos em infra-estru- na realização do projecto; j) Plano de financia- fonte comunitária. Os pedidos deverão igual-
turas, análise dos custos e dos benefícios socio- mento e montante total dos recursos financeiros mente conter todas as informações úteis para
económicos do projecto, incluindo indicação da previstos para a participação dos Fundos e de proceder à necessária demonstração da confor-
taxa prevista de utilização, impacte previsível no qualquer outra fonte de financiamento comuni- midade dos projectos com o presente regula-
desenvolvimento ou na reconversão da região em tário. mento e com os critérios constantes do nº 5,
causa, bem como aplicação das disposições FC: nº 4º do artigo 10º do Regulamento 1164/94: designadamente no que diz respeito às vanta-
comunitárias relativas aos contratos públicos; - Os pedidos deverão conter as seguintes informa- gens socioeconómicas que daí resultarão, a
em relação aos investimentos produtivos, análise ções: organismo responsável pela execução do médio prazo, relativamente aos recursos mobili-
das perspectivas do mercado no sector em causa projecto; natureza do investimento e sua des- zados.
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Capítulo 2:
Plano para o avaliador
do projecto
Enquadramento
O presente capítulo apresenta um breve resu- • Análise de viabilidade e opções
mo das informações essenciais que é aconse- • Análise financeira
lhável o autor de um projecto a co-financiar • Análise económica
incluir no seu processo de candidatura. • Análise multicritérios
Fornece igualmente aos funcionários da • Análise de sensibilidade e risco.
Comissão e aos consultores externos uma
grelha de leitura que estes poderão utilizar na Cada secção tem uma perspectiva puramente
sua apreciação da análise de custos e benefí- prática e cada problema será analisado tanto
cios dos projectos de investimento. do ponto de vista do autor do projecto como
do ponto de vista do avaliador.
Erros frequentes
As variáveis socioeconómicas, como o rendimento per capita, a taxa 2.1 Definição de
de emprego, o consumo per capita, etc., devem ser mensuráveis. É pre-
ciso evitar alguns erros frequentes:
objectivos
• uma declaração vaga de que o projecto favorecerá o desenvolvi-
mento económico ou o bem-estar social não constitui um objectivo
A definição dos objectivos do projecto e do
mensurável; objecto do estudo é essencial à identificação
• os hectares de novas florestas são facilmente mensuráveis, mas do projecto: este é o ponto de partida da
não constituem um objectivo social em si: são realizações do pro- avaliação. De uma maneira geral, a questão à
jecto e não o seu resultado; qual o processo de candidatura deve permitir
• o PIB por habitante numa determinada região constitui um objectivo responder é a seguinte:
social mensurável, mas só os projectos muito grandes, como os que
são realizados à escala inter-regional ou nacional, podem influ- Quais serão os benefícios socioeconómicos
enciá-lo de forma mensurável; no caso destes projectos, pode reve- da execução do projecto?
lar-se útil procurar prever a evolução do PIB regional global a longo
prazo, com e sem o projecto. A análise dos objectivos consiste em verificar
que:
16
2.1 Definição de objectivos
Estes objectivos devem ser variáveis socioe- No entanto, nestes casos, é muitas vezes pos-
conómicas e não apenas indicadores mate- sível encontrar variáveis ligadas aos objec-
riais. Devem ter uma ligação lógica com o tivos socioeconómicos. Por exemplo, se for
projecto e o autor deve indicar como medir o difícil determinar o aumento da produtivi-
seu grau de execução. dade e da competitividade de uma dada
região, talvez seja possível medir a evolução
No que se refere à definição dos objectivos das exportações.
socioeconómicos, o autor do projecto deve
poder responder às seguintes questões essen-
ciais: O presente manual não propõe que se ten-
ham em conta todos os efeitos indirectos e
Em primeiro lugar e acima de tudo: é possí- eventualmente longínquos de um projecto
vel dizer que o conjunto de benefícios decor- (que podem ser numerosos e muito difíceis
rentes do projecto, em termos de bem-estar, de analisar e de quantificar). O procedi-
são proporcionais ao respectivo custo? mento sugerido pelo manual baseia-se ape-
nas na análise dos custos e dos benefícios das
Em segundo lugar: foram tomados em variáveis microeconómicas.
consideração todos os principais efeitos soci-
oeconómicos directos e indirectos? Se é certo que a avaliação dos benefícios
sociais de cada projecto depende dos objec-
Em terceiro lugar: no caso de não ser possí- tivos de política económica dos diferentes
vel medir todos os efeitos sociais directos e parceiros, a exigência essencial, na perspec-
indirectos do projecto, por falta de dados, tiva da Comissão, é que o projecto tenha uma
foram identificados alguns valores de substi- ligação lógica aos principais objectivos dos
tuição ligados a este objectivo? fundos envolvidos: FE, FC e ISPA. O autor
do projecto deve estar seguro de que a assis-
Para determinar o impacte do projecto, é tência proposta é coerente com estes objec-
necessária uma definição clara e completa tivos; por seu lado, o avaliador deve verificar
dos objectivos socioeconómicos. No entanto, que, efectivamente, existe coerência e que
muitas vezes é difícil prever todos os impac- esta é justificada. Nos casos dos FE, do FC e
17
2.2 Identificação do projecto
18
2.2 Identificação do projecto
Figura 2.1 Limiar financeiro inferior dos nas da parte do projecto que deve ser finan-
projectos elegíveis ciada com a contribuição dos FE, do FC ou
Fundo Limiar em milhões de euros
do ISPA, mas também das partes que lhe
estejam estreitamente associadas.
FEDER 50
FC 10
ISPA 5
19
2.3 Análise de viabilidade e opções
20
2.4 Análise financeira
21
2.4 Análise financeira
2. Despesas e receitas
totais de exploração 4. Viabilidade financeira
FC - Orientações: “A duração de vida varia em o investimento na renovação da infra-estrutura os seus activos físicos possam durar muito mais
função da natureza dos investimentos: é mais com duração de vida mais curta). A duração de tempo – por exemplo, uma ponte pode durar 100
longa para os trabalhos de construção civil (30-40 vida pode também ser determinada tendo em conta anos – geralmente, não é útil procurar fazer previ-
anos) do que para as instalações técnicas (10-15 a natureza jurídica ou administrativa: por exemplo, sões para períodos mais alargados. No caso de
anos). No caso de um investimento misto que a duração de uma concessão, quando for o caso”. activos com uma duração de vida muito longa,
inclua trabalhos de construção civil e instalações, Orientações do ISPA: “Os projectos de infra-estru- pode ser acrescentado um valor residual no final
a duração de vida do investimento pode ser fixada turas são geralmente avaliados por um período de do período de avaliação, para dar uma ideia do seu
com base na duração de vida da infra-estrutura 20-30 anos, o que representa uma estimativa apro- valor potencial de revenda ou do seu valor em caso
principal (neste caso, deve ser incluído na análise ximada da sua duração de vida económica. Embora de continuação da sua utilização”.
22
2.4 Análise financeira
Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1.1 Terreno 400
1.2 Edifícios 700 600 150
1.3 Novos equipamentos 155 74 80 91
1.4 Equipamentos usados 283 281
1.5 Manutenção excepcional 200
1.6 Activos fixos 1.100 1.038 505 80 200 0 91 0 0 0
1.7 Licenças 500
1.8 Patentes 500
1.9 Outras despesas de instalação 60
1.10 Despesas de instalação 0 60 1.000 0 0 0 0 0 0 0
1.11 Custos de investimento (A) 1.100 1.098 1.505 80 200 0 91 0 0 0
1.12 Tesouraria 26 129 148 148 148 148 148 148 148 148
1.13 Clientes 67 802 827 827 827 827 827 827 827 827
1.14 Existências 501 878 880 880 880 880 880 880 880 880
1.15 Dívidas a curto prazo 508 1.733 1.694 1.694 1.694 1.694 1.694 1.694 1.694 1.694
1.16 Fundo de maneio líquido (=1.12+1.13+1.14-1.15) 86 76 161 161 161 161 161 161 161 161
1.17 Variações do fundo de maneio (B) 86 -10 85 0 0 0 0 0 0 0
1.18 Substituição do equipamento de curta duração 200
1.19 Valor residual -1.500
1.20 Outros elementos de investimento (C) 0 0 0 0 200 0 0 0 0 -1.500
1.21. Custos totais de investimento (A)+(B)+(C) 1.186 1.088 1.590 80 400 0 91 0 0 -1.500
Os números identificam as rubricas. O valor residual deve ser sempre inscrito no fim do ano (ver
Devem ser mantidos nos quadros também abaixo). Trata-se de uma entrada. Neste quadro, é
seguintes. antecedido do sinal “menos” porque todos os outros elemen-
tos correspondem a saídas.
Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2.1 Matérias-primas 1.564 5.212 5.212 5.212 5.212 5.212 5.212 5.212 0
2.2 Mão-de-obra 132 421 421 421 421 421 421 421 0
2.3 Electricidade 15 51 51 51 51 51 51 51 0
2.4 Combustíveis 5 18 18 18 18 18 18 18 0
2.5 Manutenção 20 65 70 70 70 70 70 70 0
2.6 Custos industriais gerais 18 75 80 80 80 80 80 80 0
2.7 Custos administrativos 48 210 224 224 224 224 224 224 0
2.8 Despesas ligadas às vendas 220 1.200 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 0
2.9 Custos de exploração totais 2.022 7.252 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 0
2.10 Produto A 400 1.958 2.458 2.458 2.458 2.458 2.458 2.458 0
2.11 Produto B 197 840 1.140 1.140 1.640 1.640 1.640 1.640 0
2.12 Produto C 904 2.903 3.903 3.903 4.403 4.403 4.403 4.403 0
2.13 Vendas 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0
2.14 Receitas líquidas de exploração -521 -1.551 25 25 1.025 1.025 1.025 1.025 0
23
2.4 Análise financeira
Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
3.1 Fundos próprios privados 100 200 100 0 0 0 0 0 0 0
3.2 Nível local
3.3 Nível regional 200
3.4 Nível central 200 200 100
3.5 Contribuição pública nacional total (=3.2+3.3+3.4) 400 200 100 0 0 0 0 0 0 0
3.6 Subvenção da UE 1.132 1.056 1.013 532 496
3.7 Obrigações e outros recursos financeiros
3.8 Empréstimos do BEI 0 1.822
3.9 Outros empréstimos
3.10 Recursos financeiros totais (=3.1+3.5+…+3.9) 1.632 1.456 3.035 532 496 0 0 0 0 0
Um empréstimo é aqui uma entrada. É A subvenção da UE deve ser integrada neste qua-
contabilizado como recurso financeiro dro. Figura igualmente no quadro abaixo relativo
proveniente de terceiros. à viabilidade financeira.
Años
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
3.10 Recursos financeiros totais 1.632 1.456 3.035 532 496 0 0 0 0 0
2.13 Vendas 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0
4.1 Entradas totais 1.632 2.957 8.736 8.033 7.997 8.501 8.501 8.501 8.501 0
2.9 Custos de exploração totais 0 2.022 7.252 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 0
1.21 Custos de investimento totais 1.186 1.088 1.590 80 400 0 91 0 0 0
4.2 Juros 0 0 8 8 8 8 8 8 8 0
4.3 Pensões de reforma 0 0 0 0 0 0 0 0 0 197
4.4 Reembolso de empréstimos 0 0 0 168 189 211 237 265 300 451
4.5 Impostos 0 62 78 83 95 95 95 95 95 0
4.6 Saídas totais 1.186 3.172 8.928 7.815 8.168 7.790 7.907 7.844 7.879 648
4.7 Cash-flow total (=4.1-4.6) 446 -215 -192 218 -171 711 594 657 622 -648
4.8 Cash-flow total acumulado 446 231 39 257 86 797 1.391 2.048 2.670 2.022
Neste quadro, um empréstimo é considerado como uma Há viabilidade financeira se os valores desta
saída no momento em que é reembolsado. O empréstimo rubrica forem superiores ou iguais a zero em
enquanto entrada figura nos recursos financeiros (3.8). todos os anos considerados.
24
2.4 Análise financeira
Como indicam os números das rubricas, todos os elementos A taxa interna de rentabilidade financeira sobre o custo de inves-
deste quadro foram já calculados no quadro anterior. Para timento calcula-se considerando os custos de investimento
preencher este quadro e o seguinte, é necessário incluir totais como saídas (com os custos de exploração) e as receitas
neles todos os elementos necessários e calcular as taxas. como entradas. Deste modo, mede-se a capacidade das receitas
de exploração cobrir en os custos de investimento.
Quadro 2.5 Cálculo da taxa interna de rentabilidade financeira sobre o custo de investimento – em milhares de euros
Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2.13 Vendas 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0
5.1 Receitas totais 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0
2.9 Custos de exploração totais 0 2.022 7.252 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 0
4.3 Pensões de reforma 0 0 0 0 0 0 0 0 0 197
1.21 Custos de investimento totais 1.186 1.088 1.590 80 400 0 91 0 0 -1.500
5.2 Despesas totais 1.186 3.110 8.842 7.556 7.876 7.476 7.567 7.476 7.476 -1.303
5.3 Cash-flow líquido (5.1-5.2) -1.186 -1.609 -3.141 -55 -375 1.025 934 1.025 1.025 1.303
5.4 Taxa interna de rentabilidade financeira (TIRF/C)
do investimento -3,16%
5.5 Valor actual líquido financeiro (VALF/C)
do investimento -2.058
Quadro 2.6 Quadro para o cálculo da taxa interna de rentabilidade financeira do capital – em milhares de euros
Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2.13 Vendas 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0
1.19 Valor residual 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.500
6.1 Receitas totais 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 1.500
2.9 Custos de exploração totais 0 2.022 7.252 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 0
4.2 Juros 0 0 8 8 8 8 8 8 8 0
4.3 Pensões de reforma 0 0 0 0 0 0 0 0 0 197
4.4 Reembolso de empréstimos 0 0 0 168 189 211 237 265 300 451
3.1 Fundos próprios privados 100 200 100 0 0 0 0 0 0 0
3.5 Contribuição pública nacional total 400 200 100 0 0 0 0 0 0 0
6.2 Despesas totais 500 2.422 7.460 7.652 7.673 7.695 7.721 7.749 7.784 648
6.3 Cash-flow líquido (6.1-6.2) -500 -921 -1.759 -151 -172 806 780 752 717 852
6.4 Taxa interna de rentabilidade financeira (TIRF/K) do capital 2,04%
6.5 Valor actual líquido financeiro (VALF/K) do capital -439
A taxa interna de rentabilidade financeira sobre o capital investido (fundos próprios dos accio-
nistas) calcula-se, no caso das saídas, com base nos fundos próprios do Estado-Membro (públi-
cos e privados) quando estes são pagos, nos empréstimos financeiros no momento em que são
reembolsados, além dos custos de exploração, incluindo juros, e, no caso das entradas, com
base nas receitas. Não tem em conta a subvenção da UE.
25
2.4 Análise financeira
Quadro 2.7 Horizonte temporal (anos) na 2.4.2 Determinação dos custos totais
apreciação de uma amostra de 400 projectos O custo total de um projecto é igual à soma
importantes nos períodos combinados 92-94 e dos custos de investimento (terreno, edifí-
94-99 cios, licenças, patentes, v. quadro 2.2).
Horizonte Número*
médio de projectos Nos formulários a preencher para obter uma
Energia 24,7 9 contribuição do Fundo de Coesão e do ISPA,
Água e ambiente 29,1 47
é necessário especificar o montante dos cus-
Transportes 26,6 127
Indústria 8,8 96 tos elegíveis e dos custos totais. A diferença
Outros serviços 14,2 10 entre os dois elementos de custos decorre
Média total 20,1 289
essencialmente dos seguintes factores:
O quadro baseia-se num inquérito ad hoc realizado em 1994 por
uma equipa da unidade “Avaliação” da Direcção-Geral da Política 1. custo do terreno
Regional. Não é necessariamente representativo da vasta gama 2. pagamento do IVA
de grandes projectos co-financiados pelos FE no período 1989-
93. 3. despesas efectuadas antes da apresentação
Em 1996, a unidade “Avaliação” realizou um novo inquérito a uma do pedido
amostra de 200 grandes projectos. Além da segunda geração de 4. trabalhos ou despesas conexas.
projectos co-financiados pelo FEDER (1994-99), a análise esten-
deu-se aos projectos co-financiados pelo FC desde a sua criação
provisória (como “instrumento financeiro de coesão”), em 1993. O método internacional seguido para a aná-
Embora os projectos do FC representem geralmente um custo de
investimento mínimo de 10 milhões de euros, para facilitar a lise financeira de um projecto com base no
comparação com os projectos financiados pelo FEDER, só foram cash-flow e para o cálculo do rendimento do
considerados no inquérito os projectos do FC com custo de inves-
timento superior a 25 milhões de euros. Uma vez mais, a nova investimento sugere que nos baseemos nos
amostra não é necessariamente representativa da vasta gama de custos totais do investimento (quadro 2.1)
grandes projectos co-financiados pelos FE e pelo FC durante o
período em apreço. despendidos desde a apresentação do pedido
(*) Projectos sobre os quais estão disponíveis dados comparáveis. (por outras palavras, nenhum custo previa-
mente suportado pode, normalmente, ser
considerado para determinar a TIRF ou
tos e benefícios e pode repercutir-se na
outros indicadores).
fixação da taxa de co-financiamento.
No entanto, em casos específicos, a Comissão
O número máximo de anos para os quais são
pode admitir que determinadas despesas
fornecidas previsões determina a extensão de
efectuadas antes da apresentação do pedido
um projecto no tempo e está ligado ao sector
sejam integradas nos custos totais (ver anexo
de investimento considerado. No caso da
G sobre a determinação da taxa de co-finan-
maior parte das infra-estruturas, por exem-
ciamento).
plo, esta perspectiva é (a título indicativo) de
pelo menos 20 anos. No caso dos investi-
No cálculo dos custos de exploração (quadro
mentos produtivos, e ainda a título indica-
2.2), para determinar a taxa interna de renta-
tivo, aproxima-se dos 10 anos.
No entanto, o horizonte temporal não deve Quadro 2.8 Horizonte temporal médio (anos)
recomendado para o período 2000-2006
exceder a duração da vida económica do
projecto. Este problema pode ser resolvido Projectos por Horizonte
com recurso a uma grelha normalizada, sector médio
26
2.4 Análise financeira
27
2.4 Análise financeira
28
2.4 Análise financeira
• Artigo 29º do Regulamento 1260/99 sobre os públicas elegíveis, para as medidas aplicadas questão, as receitas que previsivelmente serão
Fundos estruturais: “A participação dos nas áreas abrangidas pelos objectivos nº 2 ou geradas pelos projectos, bem como pela apli-
Fundos fica sujeita aos seguintes limites: nº 3. No caso de investimentos em empresas, a cação do princípio do poluidor-pagador”.
a) 75%, no máximo, do custo total elegível e, participação dos Fundos respeitará os limites • Artigo 6º do Regulamento 1267/1999 que insti-
regra geral, 50%, no mínimo, das despesas de intensidade da ajuda e de acumulação esta- tui o ISPA: “A taxa da assistência comunitária
publicas elegíveis, para as medidas aplicadas belecidos em matéria de auxílios de Estado.” concedida ao abrigo do ISPA pode ascender a
nas regiões abrangidas pelo objectivo nº 1. • Artigo 7º do Regulamento 1164/94 que institui 75% das despesas públicas ou similares,
Quando essas regiões se situem num Estado- o Fundo de Coesão e nº 7 do artigo 1º, do Regu- incluindo as despesas de organismos cujas
Membro abrangido pelo Fundo de Coesão, a lamento 1264/1999: “A taxa do apoio comuni- actividades sejam realizadas num quadro
participação comunitária pode, em casos tário concedido pelo Fundo variará entre 80% e administrativo ou legal que os torne equipará-
excepcionais devidamente justificados, elevar- 85% das despesas públicas ou similares, veis a organismos públicos. A Comissão pode
se a 80%, no máximo, do custo total elegível e incluindo as despesas de organismos cujas decidir, nos termos do artigo 14º, aumentar
a 85%, no máximo, do custo total elegível nas actividades sejam realizadas num enquadra- esta taxa até 85%, nomeadamente se consi-
regiões ultraperiféricas, bem como nas ilhas mento administrativo ou jurídico que os tor- derar que é necessária uma taxa superior a
gregas periféricas que, devido à distância, se nem equiparáveis a organismos públicos. No 75% para a execução de projectos essenciais
encontram numa situação de desvantagem; entanto, a partir de 1 de Janeiro de 2000, essa para a realização dos objectivos globais do
b) 50%, no máximo, do custo total elegível e, taxa pode ser reduzida para ter em conta, em ISPA”.
regra geral, 25%, no mínimo, das despesas cooperação com o Estado-Membro em
30
2.5 Análise económica
sas ou receitas financeiras reais (por exemplo, qualquer imposto, podem ser aplicadas
impactes sobre o ambiente ou efeitos de regras gerais para corrigir estas distorções.
redistribuição). Isto é possível atribuindo a
cada elemento de entrada e de saída um fac- • Os preços dos factores de produção e dos
tor de conversão ad hoc (ver abaixo) para produtos a considerar na ACB devem ser
transformar os preços de mercado em preços líquidos de IVA e de outros impostos indi-
fictícios. rectos.
• Os preços dos factores de produção a
A prática internacional adoptou factores considerar na ACB devem ser brutos de
normalizados para determinadas categorias impostos directos.
de entradas e de saídas; para outras catego- • Os pagamentos de transferências puras
rias, devem ser definidos casuisticamente para pessoas, como as contribuições para a
factores específicos. segurança social, devem ser omitidos.
• Em determinados casos, os impostos indi-
A análise económica é, portanto, constituída rectos/subvenções destinam-se a corrigir
por: as externalidades. Exemplos típicos são os
impostos sobre os preços da energia, que
Fase 1: correcção das taxas/subvenções e visam desencorajar as externalidades nega-
outras transferências tivas para o ambiente. Neste caso e em
casos semelhantes, pode justificar-se a
Fase 2: correcção das externalidades integração destes impostos nos custos dos
projectos, mas a avaliação deve evitar a
Fase 3: conversão dos preços do mercado em dupla contabilização (ou seja, não devem
preços fictícios, para integrar os custos e ser incluídos na avaliação, ao mesmo tem-
benefícios sociais (determinação dos factores po, os impostos sobre a energia e as esti-
de conversão). mativas dos custos ambientais externos).
Quando está a tabela a utilizar para na análi- É evidente que a fiscalidade pode ser tratada
se económica, a primeira etapa, tal como na de forma menos exacta quando tem uma
análise financeira, é a actualização efectuada importância menor na avaliação do projecto,
através da escolha de uma taxa de actuali- mas importa ser globalmente coerente.
zação socioeconómica correcta e do cálculo
da taxa interna de rentabilidade económica
do investimento.
Exemplos de benefícios sociais externos
2.5.1 Fase 1 – Correcções fiscais a) benefícios em termos da redução do risco de acidentes numa área
Esta fase conduz à determinação de dois congestionada;
novos elementos da análise económica: o c) economia de tempo de transporte numa rede interligada;
valor da “fiscalidade” bruta (ver quadro 2.10) d) prolongamento da esperança de vida, graças à melhoria das estru-
e o valor do factor de correcção aplicável aos turas de cuidados de saúde ou à redução dos poluentes.
preços do mercado afectados por aspectos Exemplos de custos sociais externos
fiscais. a) perda de produção agrícola devido a uma diferente reafectação dos
solos;
Os preços de mercado integram os impostos c) custos líquidos suplementares para as autoridades locais resul-
e as subvenções, assim como determinados tantes da ligação de uma nova instalação à infra-estrutura de tran-
pagamentos de transferências, que podem sportes existente;
afectar os preços relativos. Embora em certos d) aumento dos custos de tratamento das águas residuais.
casos seja difícil exprimir preços líquidos de
31
2.5 Análise económica
Quadro 2.5 Cálculo da taxa interna de rentabilidade financeira do investimento – em milhares de euros
Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2.13 Vendas 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0
5.1 Receitas totais 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0
2.9 Custos de exploração totais 0 2.022 7.252 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 0
4.3 Pensões de reforma 0 0 0 0 0 0 0 0 0 197
1.21 Custos de investimento totais 1.186 1.088 1.590 80 400 0 91 0 0 -1.500
5.2 Despesas totais 1.186 3.110 8.842 7.556 7.876 7.476 7.567 7.476 7.476 -1.303
5.3 Cash-flow líquido (5.1-5.2) -1.186 -1.609 -3.141 -55 -375 1.025 934 1.025 1.025 1.303
5.4 Taxa interna de rentabilidade financeira (TIRF/C) -3,16%
do investimento
5.5 Valor actual líquido financeiro (VALF/C) -2.058
do investimento
Quadro 2.10 Cálculo da taxa interna de rentabilidade económica do investimento – em milhares de euros
Anos
cf (3) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(1) Correcção fiscal
Economia de tempo 42 42 42 42 42 42 42 42
Rendimento obtido com o desenvolvimento 78 78 78 78 78 78 78 78
dos fluxos turísticos
(2) Benefícios externos totais 0 120 120 120 120 120 120 120 120 0
2.13 Vendas 1,1 0 1.651 6.271 8.251 8.251 9.351 9.351 9.351 9.351 0
10.1 Receitas totais 0 1.651 6.271 8.251 8.251 9.351 9.351 9.351 9.351 0
Aumento da poluição 572 572 632 632 632 632 632 632
(2) Custos externos 0 572 572 632 632 632 632 632 632 0
2.9 Custos de exploração totais 0,9 0 1.820 6.527 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 0
4.2 Pensões de reforma 1,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 236
1.21 Custos de investimento totais 0,9 1.067 979 1.431 72 180 0 89 0 0 -1.350
10.2 Despesas totais 1.067 2.799 7.958 6.800 6.908 6.728 6.810 6.728 6.728 -1.114
10.3 Cash-flow líquido -1.067 -1.600 -2.139 938 830 2.111 2.029 2.111 2.111 1.114
10.4 Taxa interna de rentabilidade económica 19,20%
(TIRE) do investimento
10.5 Valor actual líquido económico 3.598
(VALE) do investimento
(2) Fase 2. Correcção das externalidades. É necessário incluir nas saídas e entradas os cus- (3) Fase 3. Dos preços do mercado
tos e benefícios externos para os quais não existe cash-flow. A título de exemplo, podemos aos preços fictícios. É necessário
mencionar os custos dos serviços de saúde ou as perdas no sector da pesca devidas ao determinar um vector de factores
aumento da poluição, o tempo poupado pelo investimento nos transportes, as infra-estru- de conversão.
turas específicas fornecidas ao projecto pelo sector público (uma estrada construída espe-
cialmente para o projecto, etc.), o desenvolvimento dos fluxos turísticos, a melhoria da aces-
sibilidade da região, etc.
32
2.5 Análise económica
Fase 2
Correcção das externalidades
33
2.5 Análise económica
Em alguns casos, será difícil avaliar os custos podem favorecer outros agentes económicos
e benefícios externos, ainda que estes sejam para além dos destinatários directos do bene-
fáceis de identificar. Um projecto pode cau- fício social gerado pelo projecto.
sar prejuízos de carácter ecológico cujos efei-
tos, combinados com outros factores, se Estes benefícios podem favorecer, não só os
farão sentir a longo prazo e são difíceis de utilizadores directos do produto, mas tam-
quantificar e avaliar. bém terceiros aos quais não eram destinados.
Se assim for, este facto deve ser considerado
Vale a pena, pelo menos, enumerar as exter- numa avaliação apropriada. Como exemplos
nalidades não quantificáveis, para que o deci- destas externalidades positivas ou dos refle-
sor possa dispor de mais elementos para xos destes benefícios a favor de outros consu-
tomar a sua decisão, ponderando os aspectos midores, poderemos citar:
quantificáveis, tal como são expressos na taxa
de rentabilidade económica, em relação aos
a) uma via-férrea pode reduzir os engarrafa-
aspectos não quantificáveis (ver abaixo a
mentos numa auto-estrada;
análise multicritérios).
Regra geral, todos os custos ou benefícios b) uma nova universidade pode financiar a
sociais cujo impacte ultrapasse o projecto e investigação aplicada, e o futuro rendi-
afecte outros agentes económicos sem mento dos trabalhadores será melhorado
compensação financeira devem ser conside- graças a uma melhor formação da mão-
rados na ACB, para além dos custos finan- de-obra, etc.
ceiros do projecto.
Na medida do possível, as externalidades
Exemplos de impactes devem ser quantificadas em termos monetá-
rios. Se isto não for possível, devem ser quan-
no ambiente tificadas através de indicadores não monetá-
a) Entre os custos ambientais de uma auto-estra- rios.
da pode contar-se a desvalorização potencial
das propriedades situadas nas suas imedia-
Impactes no ambiente
ções, devido ao aumento do ruído e das emis-
sões, assim como à degradação da paisagem. No contexto da apreciação dos grandes pro-
b) Os custos ambientais de uma grande instalação jectos, o impacte ambiental deve ser correc-
industrial poluente, por exemplo uma refinaria tamente descrito e apreciado, eventualmente
de petróleo, podem ser avaliados em função do com recurso a métodos qualitativos e quanti-
aumento potencial das despesas de saúde por tativos. Nestes casos, é frequentemente útil a
parte dos moradores e dos trabalhadores. análise multicritérios. Um debate sobre a
avaliação do impacte ambiental extravasa o
O avaliador do projecto deve verificar que os âmbito deste manual, mas a ACB e a análise
custos deste tipo foram identificados e quan- do impacte ambiental suscitam questões
tificados e, se possível, que lhes foi atribuído similares. Devem ser consideradas em para-
um valor monetário realista. Se isto se revelar lelo e, se possível, integradas. Isto implicaria a
difícil, ou mesmo impossível, estes custos e eventual atribuição de um valor contabilís-
benefícios devem ser quantificados, pelo tico convencional aos custos ambientais.
menos em termos físicos, para uma avaliação
qualitativa. Estas estimativas poderão ter um carácter
meramente aproximativo, mas dão pelo
Muitos projectos importantes, nomeada- menos uma ideia dos custos ambientais mais
mente no domínio das infra-estruturas, relevantes.
34
2.5 Análise económica
Para uma abordagem mais aprofundada a) quando os preços reais dos factores e dos
sobre os métodos aplicáveis à monetarização produtos são falseados por um mercado
do impacte ambiental, ver anexo E. imperfeito;
Valor contabilístico dos activos imobilizados b) quando os salários não estão ligados à
do sector público produtividade da mão-de-obra .
Muitos projectos realizados no sector públi-
co recorrem a capital imobilizado e terrenos Distorção dos preços dos factores e dos pro-
que podem pertencer ao Estado ou ser dutos
adquiridos pelo Estado. Os preços correntes dos factores de produção
e dos produtos não reflectem o seu valor
O capital imobilizado, como os terrenos, social, devido a distorções do mercado, por
edifícios, máquinas e recursos naturais, exemplo, em caso de regimes de monopólio,
devem ser avaliadas em função do seu custo de entraves às trocas comerciais, etc. Os
de oportunidade e não em função do seu preços correntes resultantes de mercados
valor contabilístico tradicional ou oficial. É imperfeitos ou de políticas de preços do sec-
conveniente fazê-lo quando um activo pode tor público correm o risco de não reflectir o
ser utilizado de outra maneira, mesmo que já custo de oportunidade dos factores. Em
pertença ao sector público. determinados casos, este facto pode ter gran-
de influência na apreciação de grandes pro-
Se não existir valor de opção2 correspon- jectos e os dados financeiros podem, portan-
dente, as despesas passadas ou os compro- to, constituir indicadores erróneos de pros-
missos irrevogáveis de fundos públicos não peridade.
constituem custos sociais a considerar na
apreciação de novos projectos. Acontece, por vezes, que o Estado regula-
menta os preços para compensar deficiências
2.5.3 Fase 3 – Dos preços do mercado perceptíveis do mercado e que o faz de forma
aos preços fictícios compatível com os seus próprios objectivos
O objectivo desta fase é preencher a coluna políticos, por exemplo, quando utiliza os
dos factores de conversão que permitam impostos indirectos para corrigir as externa-
transformar os preços do mercado em preços lidades. Noutros casos, porém, os preços
fictícios. reais sofrem uma distorção devido a condi-
cionalismos jurídicos, a razões históricas, a
O avaliador de um projecto deve verificar se informações parciais ou a outras imperfei-
o seu autor teve em conta os custos e benefí- ções do mercado (por exemplo, a fixação dos
cios sociais do projecto, para além dos seus preços de factores de produção como a ener-
custos e benefícios financeiros. gia ou os combustíveis).
Além da correcção fiscal e das externalidades, Se os factores forem afectados por grandes
convém corrigir igualmente os preços nos distorções de preços, o autor do projecto
dois casos seguintes: deve tê-las em conta na respectiva apreciação
e aplicar preços fictícios que reflictam mel-
hor os custos de oportunidade sociais dos
recursos. O avaliador procederá a uma avali-
2
O valor de opção dos bens públicos é a possibilidade de utilizar ação minuciosa e verificará em que medida
estes bens para outros fins. No entanto, no caso de determinados
bens, pode não haver outra utilização possível (um edifício em que
os custos sociais são afectados quando se
esteja instalado um museu e que não possa servir para mais nada). observam desvios nas seguintes estruturas de
Neste caso, os fundos despendidos por estes bens não constituem
custos sociais. preços:
35
2.5 Análise económica
36
2.5 Análise económica
entanto, esta regra geral pode ser verificada • A outra solução consiste em procurar cal-
nas circunstâncias do projecto específico cular o multiplicador de rendimento do
examinado. produto; neste caso, o benefício social do
projecto será, mais uma vez, superior ao
Distorções salariais seu benefício privado, devido a este impac-
Em certos casos, um factor de produção deci- te externo positivo.
sivo de um projecto de investimento, especi-
almente nos projectos de infra-estruturas, é a Quer se trate de deduzir uma fracção dos
mão-de-obra. Os salários correntes podem custos da mão-de-obra ou de adicionar cer-
constituir um indicador social distorcido do tos produtos suplementares, os dois métodos
custo de oportunidade da mão-de-obra, por- têm os seus inconvenientes e limites. No
que os mercados do trabalho são imperfeitos. entanto, em condições adequadas, são váli-
dos.
Nestes casos, o autor do projecto pode reco-
rrer à correcção dos salários nominais e utili- O método do multiplicador de rendimento
zar um salário fictício. encontra a sua melhor aplicação ao nível
macroeconómico ou em programas de
Se bem que a Comissão não recomende uma investimento muito avultados. Geralmente,
fórmula específica para a determinação do recomenda-se a aplicação de salários fictícios
salário fictício, o autor do projecto deve ser quando os salários reais são reduzidos
prudente e coerente na sua apreciação dos proporcionalmente à amplitude do desem-
custos sociais da mão-de-obra. prego. Em qualquer caso:
O emprego suplementar representa sobre- • Os dois métodos não podem ser utilizados
tudo um custo social. Trata-se da utilização simultaneamente (dupla contabilização!).
pelo projecto de uma mão-de-obra que
assim é desviada da sua utilização para
outros fins sociais. O benefício daí decor- Medida
rente é o rendimento suplementar gerado
pela criação de empregos, o que é conside-
Actividade física Resultados não ligados
rado na avaliação dos resultados líquidos,
ao emprego
directos e indirectos, do projecto.
Criação bruta
Importa compreender que existem duas for-
de emprego
mas, que se excluem mutuamente, de calcu-
lar o benefício social do emprego suple- Benefício não
esperado Experiência prévia
mentar: Dados de
acompanhamento
Método
• Como já referimos, pode ser utilizado um Dados de avaliação
Deslocação
salário fictício inferior ao salário efectiva- Coeficientes
mente pago no âmbito do projecto. Esta é Multiplicadores
uma forma de ter em conta o facto de, em
caso de desemprego, os salários reais serem Criação líquida de emprego
superiores ao custo de oportunidade da
mão-de-obra. Reduzindo os custos da Fig. 2.4 Efeitos na situação do emprego
mão-de-obra, este processo contabilístico Fonte: “Contabilização do emprego. Como avaliar os efeitos de
aumenta o valor social actual líquido do emprego das intervenções dos Fundos estruturais”, Comissão
Europeia, Direcção Geral XVI – Política de Coesão Regional, Coor-
rendimento obtido do projecto em relação denação e Avaliação de Operações.
ao seu valor privado.
37
2.5 Análise económica
38
2.6 Análise multicritérios
39
2.6 Análise multicritérios
Nestes casos, é necessário identificar os efei- para agregar as informações e fazer uma
tos dos investimentos em relação aos objec- opção, atribuindo em seguida um coefici-
tivos sociais, atribuir um peso a cada objec- ente de ponderação que reflicta a impor-
tivo e calcular o seu impacte final. Conside- tância relativa que a Comissão lhe reco-
remos, por exemplo, três objectivos: o estí- nhece.
mulo ao consumo, a justiça social e a auto- 3. Definição dos critérios de avaliação: estes
suficiência em energia. Se um projecto origi- critérios podem ser referentes às priori-
na uma variação do consumo em 2%, do dades dos diferentes agentes económicos
índice de igualdade em 1% e do índice de envolvidos ou a aspectos específicos da
auto-suficiência em 3%, é conveniente defi- avaliação (grau de sinergia com outras
nir três coeficientes de ponderação para ava- intervenções, esgotamento da capacidade
liar a importância relativa de cada objectivo de reserva, dificuldades de execução, etc.).
no processo de planificação. Suponhamos, 4. Análise do impacte: este exercício consiste
por exemplo, que a soma dos coeficientes de em analisar, para cada um dos critérios
ponderação escolhidos é igual a 1 (normali- seleccionados, os efeitos produzidos pelo
zação): 0,7 para o consumo, 0,2 para a distri- projecto. Os resultados podem ser quanti-
buição e 0,1 para a auto-suficiência em ener- tativos ou qualitativos (apreciação do
gia. O impacte total sobre os três objectivos, mérito).
dadas as preferências sociais do decisor 5. Estimativa dos efeitos da intervenção em
público, é fácil de medir (ver, por exemplo, o termos de critérios seleccionados; é atri-
quadro 2.12). buída uma nota com base nos resultados
da etapa anterior (simultaneamente em
De uma maneira geral, a análise multicrité- termos qualitativos e quantitativos).
rios deve ser estruturada da seguinte forma: 6. Identificação da tipologia dos agentes
envolvidos no projecto e agrupamento
1. Os objectivos devem ser expressos em das funções de preferência (coeficiente de
variáveis mensuráveis. Não devem ser ponderação) atribuídas aos diferentes
redundantes, mas devem poder substi- critérios.
tuir-se um ao outro (se um objectivo esti- 7. Agregação dos pontos conferidos aos dife-
ver em grande medida realizado, pode rentes critérios com base nas preferências
excluir parcialmente a realização do reveladas. As diferentes notas atribuídas
outro). podem ser agregadas para uma avaliação
2. Uma vez consultado o “vector dos objec- numérica do projecto comparável à reali-
tivos”, é preciso encontrar uma técnica zada para projectos semelhantes.
FE - nº 1 do artigo 29º do Regulamento pela aplicação dos princípios de precaução da ISPA - nº 2 do artigo 6º do Regulamento
1260/1999: “A participação dos Fundos será acção preventiva e do poluidor-pagador.” 1267/1999: “Salvo no caso de assistência reem-
modulada em função dos seguintes elementos: FC - nº 1 do artigo 7º do Regulamento 1264/1999: bolsável ou quando exista um interesse comuni-
(...) c) No âmbito dos objectivos dos Fundos defi- “No entanto, a partir de 1 de Janeiro de 2000, tário substancial, a taxa de assistência será
nidos no artigo 1º, interesse de que se revestem essa taxa pode ser reduzida para ter em conta, reduzida para atender: a) À disponibilidade de
as intervenções e os eixos prioritários do ponto em cooperação com o Estado-Membro em co-financiamento, b) À capacidade da medida
de vista comunitário, eventualmente para a elimi- questão, as receitas que previsivelmente serão para gerar receitas; e c) A uma aplicação ade-
nação das desigualdades e a promoção da igual- geradas pelos projectos, bem como pela apli- quada do princípio do poluidor-pagador.”
dade entre homens e mulheres e para a pro- cação do princípio do poluidor-pagador.”
tecção e melhoria do ambiente, especialmente
40
2.6 Análise multicritérios
O avaliador do projecto deve sempre veri- Poderão colocar-se, então, as seguintes ques-
ficar: tões:
• se as previsões dos aspectos não monetá- a) A previsão da redução das emissões é fiá-
rios foram objecto de uma quantificação vel em termos físicos?
realista na avaliação ex ante; b) Um milhão de euros é um “preço” acei-
• se existe uma análise precisa dos eventuais tável para uma redução de 10% das emis-
custos e benefícios não monetários; sões (qual é o custo unitário implícito da
• se os critérios adicionais têm peso político redução das emissões)?
suficiente para alterarem significativa- c) Existe uma prova de que este “preço” da
mente os resultados financeiros e econó- redução das emissões é compatível com o
micos. peso que a administração do Estado-
Membro ou a Comissão atribuem a estes
Este método é particularmente eficaz quan- projectos?
do a monetarização dos custos e benefícios é
difícil, ou mesmo impossível. Suponhamos Por exemplo, pode procurar-se indagar se os
que um determinado projecto apresenta, Estados-Membros já financiaram – regular-
com uma taxa de actualização de 5%, um mente ou ocasionalmente – projectos seme-
valor actual líquido económico negativo de lhantes, com vista a obter uma relação cus-
um milhão de euros. Isto significa que o to/eficácia semelhante. Se não existir prova
avaliador prevê para o projecto uma perda de coerência, será preciso determinar a razão
social líquida em termos monetários. No por que é pedida uma contribuição da UE
entanto, o autor do projecto pode considerar para o projecto em questão.
que este deve ser financiado pelos fundos
porque apresenta um impacte ambiental É possível substituir a redução das emissões
“muito positivo”, ainda que não seja possível por muitos outros tipos de benefícios não
atribuir-lhe um valor monetário. A monetários e repetir o controlo, se neces-
Comissão pode considerar a protecção do sário. No caso de as vantagens serem não só
ambiente como um bem de interesse social. não monetárias, mas também impossíveis de
avaliar fisicamente, o projecto é impossível
Neste caso, poderá ser pedido ao autor do de apreciar.
projecto que faça uma estimativa dos benefí-
cios ambientais em termos físicos. Supo- Devem ser tratadas com grande prudência as
nhamos que esta estimativa foi feita e que se propostas de projectos nas quais a análise dos
espera do projecto uma redução das emis- benefícios não monetários é vaga e mera-
sões do poluidor Z em 10% ao ano. mente qualitativa.
41
2.7 Análise de sensibilidade e risco
ração obtém-se o impacte global do projecto. derem os parâmetros para os quais uma vari-
No exemplo do quadro 2.12, o projecto B ação (positiva ou negativa) de 1% implique
tem maior impacte social, tendo em conta as uma variação correspondente de 1% (um
preferências atribuídas aos critérios sociais ponto percentual) da TIR ou de 5% do valor
escolhidos. de base do VAL.
42
2.7 Análise de sensibilidade e risco
e/ou do VAL. Em cada caso, é necessário função linear, pelo menos na gama de altera-
atribuir um novo valor (superior ou infe- ções exploradas.
rior) a cada variável e voltar a calcular a
TIR ou o VAL, anotando as diferenças e) Identificar as variáveis críticas aplicando o
(em valor absoluto e em percentagem) critério seleccionado. Ainda no exemplo
em relação ao caso de referência. do quadro 2.5, segundo o critério geral
acima referido, as variáveis críticas são as
O quadro 2.5 dá um exemplo de resultado taxas, a procura e a produtividade.
possível. Dado que, de uma maneira geral,
nada garante que a elasticidade das variáveis 2.7.3 Análise de cenário
seja sempre uma função linear, é recomen-
Pode ser útil combinar os valores “optimistas
dável que isto seja verificado, reproduzindo
“ e “pessimistas” de um grupo de variáveis
os cálculos para diferentes desvios arbitrá-
para demonstrar a existência de diferentes
rios. No exemplo do quadro, a elasticidade
cenários extremos no quadro de certas hipó-
do parâmetro de produtividade aumenta ao
teses. Para definir os cenários optimistas e os
mesmo tempo que o valor absoluto do des-
cenários pessimistas, é preciso seleccionar em
vio comparado com a melhor estimativa,
cada variável crítica os valores extremos da
enquanto que o valor da procura diminui; a
gama definida pela distribuição de probabili-
elasticidade das outras variáveis é uma
dades. Calculam-se então os indicadores de
43
2.7 Análise de sensibilidade e risco
Distribuição de probabilidades
5,0% 0,140
0,120
2,5%
TIR
0,100
-5% -4% -3% -2% -1%
0,0% 1% 2% 3% 4% 5% 0,080
-2,5% 0,060
-5,0% 0,040
0,020
-7,5% 0,000
-10,0% 3- 3,5- 4- 4,5- 5- 5,5- 6- 6,5-
Parámetro 3,25 3,75 4,25 4,75 5,25 5,75 6,25 6,75
TIRF (em %)
Custo da energia Tendência dos preços, etc. Taxas
Procura Produtividade Fig. 2.6 Distribuição de probabilidades para a TIRF
44
2.7 Análise de sensibilidade e risco
1,00
Probabilidade cumulativa
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00
TIRF (%)
45
Capítulo 3:
Linhas gerais da análise de
projectos por sector
Enquadramento
O presente capítulo desenvolve os conceitos Análise financeira. É indispensável em qual-
expostos nas páginas anteriores, mas refe- quer caso, mesmo quando os serviços ofere-
rindo-se aos principais sectores de investi- cidos são inteiramente gratuitos e, portanto,
mento financiados pelos fundos da UE. a taxa de rentabilidade financeira é negativa.
A análise deve avaliar o custo líquido do pro-
Estas informações são esquemáticas e de for- jecto para as finanças públicas e fornecer
ma alguma se pretendem exaustivas. Consti- uma comparação significativa com investi-
tuem, essencialmente, um guia para os leito- mentos similares.
res e para os autores de propostas de projec-
tos. Por um lado, indicam os métodos estabe- Análise económica. Para além dos elementos
lecidos nos quais se deve basear uma boa decorrentes da análise financeira, é neces-
apreciação dos projectos; por outro lado, sário integrar a avaliação dos principais cus-
assinalam as áreas de incerteza que requerem tos e benefícios sociais. A análise financeira,
uma atenção especial. tal como a análise económica, deve sempre
incluir uma comparação entre as duas situa-
Naturalmente, todos os elementos metodo- ções: com e sem o investimento.
lógicos gerais mencionados no capítulo ante-
rior devem igualmente ser tidos em conside- Análise multicritérios e análise baseada nou-
ração. Para todos os sectores são válidas as tros critérios. São necessárias determinadas
seguintes rubricas: informações sobre outros critérios de avali-
ação, especialmente no que se refere aos
Definição dos objectivos. Importa ter em impactes ambientais.
conta a natureza local dos objectivos, bem
como o seu significado e a sua incidência Análise de sensibilidade e risco. As incertezas
mais geral. e os riscos ligados às tendências das variáveis
são elementos importantes a ter em conside-
Identificação do projecto. As ligações funcio- ração na avaliação dos projectos de investi-
nais e físicas do projecto com o sistema de mento.
infra-estruturas existente devem ser sempre
claramente explicadas. Os textos relativos aos diferentes sectores res-
peitam uma estrutura comum, a fim de faci-
Análise de viabilidade e opções. Deve ser litar o trabalho do utilizador, de favorecer um
sempre apresentada uma comparação com a procedimento normalizado de análise e de
situação anterior (sem o projecto) e as alter- apresentação e de melhorar a comunicação
nativas possíveis para satisfazer o mesmo entre os autores de propostas de projectos e
objectivo. as pessoas encarregadas de os avaliar.
46
3.1 Tratamento de resíduos
47
3.1 Tratamento de resíduos
Recuperação/
Reutilização Resíduos sólidos urbanos e especiais provenientes das
na fonte habitações, do comércio, da indústria e dos serviços
Fig. 3.1 Sistemas de gestão de resíduos desde a origem até à evacuação e eliminação final
48
3.1 Tratamento de resíduos
mento relativo à transferência de resíduos lação, bem como os inerentes custos de tran-
(259/93). Muitas outras directivas referem a sporte. Custos de transporte elevados ou
gestão de resíduos especiais e os métodos de grandes distâncias devem ser justificados
tratamento de resíduos. especificamente, por exemplo, pela natureza
dos resíduos ou pelo tipo de técnica utili-
Os princípios gerais são os seguintes: zada.
50
3.1 Tratamento de resíduos
Procura
prevista
Alterações da Alterações dos
comportamentos regulamentação
Procura prevista
ajustada
51
3.1 Tratamento de resíduos
52
3.1 Tratamento de resíduos
53
3.1 Tratamento de resíduos
Quadro 3.1 Prejuízos provocados por emissões da incineração, ilustrados como relação dose/efeito
Dano Meio Efeitos na saúde Rendimento Degradação Danos nos Efeitos Ecossistema
(reacção) ambiente Mortalidade Morbilidade agrícola da floresta edifícios climáticos
Emissão inferior
(doses)
Partículas Ar + + 0 0 + 0 0
(PM10)
Nox (e O3) Ar + + (-) + + 0 (-)
SO2 Ar (+) (+) + + + 0 -
CO Ar (+) (+) 0 0 0 + 0
VOC Ar (+) 0 0 0 0 0 0
CO2 Ar 0 0 0 0 0 + 0
HCl, HF Ar ? 0 (-) (-) (-) 0 ?
Dioxinas Ar (+) - 0 0 0 0 -
Metais pesados Ar (+) - 0 0 0 0 -
Dioxinas Água ? ? 0 0 0 0 ?
Metais pesados Água ? ? 0 0 0 0 (-)
Sais Água 0 0 0 0 0 0 ?
+ Efeitos mensuráveis (+) Efeitos parcialmente mensuráveis – Efeitos não mensuráveis (-) Efeitos não mensuráveis mas menores - ? Efeitos incertos não mensu-
ráveis - 0 Nenhum efeito conhecido
Quadro 3.2 Relação dos danos provocados pelas emissões dos aterros, ilustradas como relação dose/efeito
Dano Meio Efeitos na saúde Rendimento Degradação Danos nos Efeitos Ecossistema
(reacção) ambiente Mortalidade Morbilidade agrícola da floresta edifícios climáticos
Emissão inferior
(doses)
CH4 Ar 0 0 0 0 0 + (-)
CO2 Ar 0 0 0 0 0 + (-)
VOCs Ar (+) 0 (-) 0 0 0 0
Dioxinas Ar (+) - 0 0 0 0 -
Poeiras Ar ? ? 0 0 ? 0 0
Lixiviados Solo ? ? 0 0 0 0 ?
e água
+ Efeitos mensuráveis (+) Efeitos parcialmente mensuráveis – Efeitos não mensuráveis (-) Efeitos não mensuráveis mas menores- ? Efeitos incertos não
mensuráveis - 0 Nenhum efeito conhecido
* Fonte: COWI Consulting Engineers and Planners AS. “Estudo sobre a avaliação económica das externalidades decorrentes dos aterros e da incineração de
resíduos”, relatório final principal, Comissão Europeia, DG Ambiente, Outubro de 2000.
54
3.1 Tratamento de resíduos
55
3.1 Tratamento de resíduos
Quadro 3.3 Efeitos sobre o custo total de uma alteração de 10% da principal variável com incidência
sobre os custos da incineração
Variáveis (factores) Variação Efeitos sobre o custo total
da incineração
Volume de resíduos +10% -7,5%
Preço da energia +10% -2,5% -3,5%
Cinzas e escórias produzidas no processo de combustão +10% +0,1%
Custo do transporte dos resíduos provenientes do processo de combustão +10% +0,3%
Fonte: IFEN (França), 2000
56
3.1 Tratamento de resíduos
variáveis críticas, os riscos devem ser avali- • os custos de eliminação das cinzas e escó-
ados para calcular a distribuição de probabi- rias são fixados em 10 euros por tonelada;
lidades dos resultados finais. • os custos de renovação são calculados em
5% do custo inicial do investimento e o
Pode ser aplicado outro tipo de análise de valor residual líquido após os 10 anos de
risco ao risco social ligado à eventual rejeição vida da instalação é fixado em 50% do cus-
pela população, devido aos potenciais to inicial do investimento.
impactes na qualidade de vida da região. Este
risco é geralmente denominado NIMBY A análise financeira é apresentada no quadro
(“Not in my backyard”, isto é No meu quintal, 3.4. Os valores são expressos em milhares de
não!) e pode ser objecto de uma análise euros. O valor actual líquido financeiro
qualitativa assente num questionário ou em (VALF) calculado é de 1.862 milhares de
contactos directos com a população em cau- euros e a taxa interna de rentabilidade finan-
sa. ceira (TIRF) é de cerca de 6%.
57
3.1 Tratamento de resíduos
Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Receitas dos serviços 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000
Vendas de calor 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350
Vendas de electricidade 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650
Vendas 0 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000
Valor residual 22.000
Receitas totais 0 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 30.000
Mão-de-obra qualificada 120 120 120 120 120 120 120 120 120 120
Mão-de-obra não qualificada 400 400 400 400 400 400 400 400 400 400
Matérias-primas 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
Bens intermédios 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400
Energia necessária às instalações 500 500 500 500 500 500 500 500 500 500
Outros custos 500 500 500 500 500 500 500 500 500 500
Custos de exploração totais 0 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020
Terreno 5.000
Edifícios 17.500
Equipamentos 27.500
Custos de investimento totais 50.000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Despesas totais 50.000 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020
Cash-flow líquido -50.000 4.980 4.980 4.980 4.980 4.980 4.980 4.980 4.980 4.980 26.980
Taxa interna de rentabilidade financeira (TIRF/C) 5,64%
do investimento
Valor actual líquido financeiro (VALF/C) 1.862
do investimento
58
3.2 Distribuição e depuração da água
Años
cf (3) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Benefícios externos 0,95 0 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710
Receitas dos serviços 1,00 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000
Vendas de calor 0,95 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282
Vendas de electricidade 0,66 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568
Vendas 0 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850
Valor residual 0,87 19.163
Receitas totais 0 9.560 9.560 9.560 9.560 9.560 9.560 9.560 9.560 9.560 28.723
Mão-de-obra qualificada 0,95 114 114 114 114 114 114 114 114 114 114
Mão-de-obra não qualificada 0,95 380 380 380 380 380 380 380 380 380 380
Matérias-primas 0,95 95 95 95 95 95 95 95 95 95 95
Bens intermédios 0,95 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330
Energia necessária às instalações 0,95 475 475 475 475 475 475 475 475 475 475
Outro custos 1,00 500 500 500 500 500 500 500 500 500 500
Custos de exploração totais 0 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894
Terreno 1,19 5.950
Edifícios 0,70 12.250
Equipamentos 0,95 26.125
Custos de investimento totais 44.325 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Despesas totais 44.325 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894
Cash-flow líquido -44.325 6.666 6.666 6.666 6.666 6.666 6.666 6.666 6.666 6.666 25.829
Taxa interna de rentabilidade económica 11,77%
(TIRE)
Valor actual líquido económico (VALE) 17.967
milhões de euros, com uma TIRE de cerca É necessário fornecer uma avaliação ex ante
de 12% (ver quadro 3.5). dos principais parâmetros deste objectivo,
por exemplo:
59
3.2 Distribuição e depuração da água
60
3.2 Distribuição e depuração da água
Neste caso, os objectivos específicos devem Em muitos casos, podem ser igualmente
referir-se igualmente aos volumes disponibi- muito úteis a análise SWOT, que avalia os ris-
lizados do recurso (em milhões de metros cos e potencialidades do projecto ligadas ao
cúbicos por ano), aos débitos máximos (em contexto da sua integração, e a análise da sua
litros/segundo) transportados e à capacidade viabilidade.
global de regulação do recurso que o sistema
terá a longo prazo. 3.2.3 Análise de viabilidade e opções
61
3.2 Distribuição e depuração da água
Análise do contexto
(análises históricas,
estudos no terreno, etc.)
Estimativas do ciclo de
vida do projecto
Campo de aplicação
Análise da viabilidade
ambiental
Controlo
não
sim
Preços do mercado
Preços fictícios
Disponibilidade
Outro elemento importante a ter em consi- mento agrícola e industrial, nos outros casos.
deração é a elasticidade da procura em É igualmente necessário ter em conta a estru-
função do tarifário. Em certos casos, será tura temporal da procura a curto prazo (diá-
necessário avaliar a elasticidade entre dife- ria, sazonal, etc.).
rentes grupos de rendimentos e entre peque-
nos e grandes consumidores, porque esta Geralmente, pode fazer-se uma distinção
pode indicar valores e incidências na distri- entre a procura potencial e a procura real. A
buição totalmente diferentes. procura potencial corresponderá às necessi-
dades máximas a ter em conta para o investi-
A análise do projecto deve basear-se numa mento considerado. Por exemplo, a procura
previsão da procura durante o período para fins de consumo urbano pode ser avali-
correspondente ao ciclo do projecto. Deve ter ada com base nas necessidades de água para a
em conta as previsões demográficas e os flu- mesma utilização (geralmente expressas
xos migratórios, para a estimativa do núme- numa base diária e sazonal), numa compa-
ro de utilizadores, e os planos de desenvolvi- ração com uma situação tão próxima do pro-
62
3.2 Distribuição e depuração da água
jecto quanto possível e na qual sejam ofere- É também necessário considerar os aspectos
cidos serviços de bom nível. A procura para institucionais e administrativos do projecto,
fins de irrigação pode ser calculada com base bem como o tempo previsto para o realizar e
em estudos agronómicos específicos, ou mes- concretizar a fase de construção.
mo por analogia. A procura real consiste na
procura efectivamente satisfeita pelo investi- A descrição do projecto deve identificar o
mento considerado e que corresponde ao responsável ou responsáveis de qualquer ser-
consumo previsto. A procura inicial real con- viço criado (público, privado, local, nacional,
siste no consumo real antes da intervenção. multinacional, etc.), seja qual for o nível a
que se situe. O respectivo perfil económico,
O primeiro critério de avaliação do investi- técnico e empresarial deve ser avaliado como
mento é, evidentemente, o de saber em que parte integrante e essencial do investimento.
medida a procura real pode estar próxima da Em especial, se o projecto for co-financiado
procura potencial. Devem ser considerados por fundos pertencentes ao cons-
outros factores, a começar pelos factores liga- trutor/responsável da infra-estrutura, é
dos à viabilidade ambiental e económica do necessário apreciar a sua capacidade para
investimento. A procura que o investimento assumir o encargo financeiro e económico.
permite realmente satisfazer corresponde à
oferta, depois de deduzida qualquer perda Características técnicas
técnica do recurso. Para identificar as funções da acção, deve
seguir-se o esquema descrito no ponto ante-
Sempre que o projecto possa implicar a utili- rior. A análise deve ser completada pela iden-
zação de recursos aquíferos (água de super- tificação das características técnicas.
fície ou águas intermédias), convém indicar
estatisticamente os volumes e os fluxos do Análise das opções
recurso pretendido efectivamente disponí- Esta análise deve apresentar comparações
veis para satisfazer a procura presumida, com:
estudando e analisando a hidrologia, as
correntes descendentes, a estratigrafia e qual- • a situação prévia (cenário “nada fazer”);
quer outro elemento potencialmente útil. • as alternativas possíveis no quadro da mes-
ma infra-estrutura, por exemplo: dife-
No caso de o projecto prever a depuração e a rentes localizações dos poços, outros traça-
evacuação de águas residuais, é necessário dos possíveis dos aquedutos ou dos princi-
analisar a capacidade da massa destinada a pais eixos de alimentação, diferentes técni-
receber a carga de substâncias poluentes e de cas de construção das barragens, diferente
nutrientes, de forma compatível com a pro- localização das centrais e/ou diferentes téc-
tecção do ambiente. nicas de tratamento, utilização de dife-
rentes fontes de energia nas instalações de
Ciclo e fases do projecto dessalinização, etc.;
É necessário ter muita atenção às fases prepa- • as alternativas possíveis para a evacuação
ratórias, que têm um papel fundamental na das águas residuais (lagunas, diferentes
execução dos trabalhos, por exemplo, a pes- receptores, etc.);
quisa de novos recursos de águas intermédias • as soluções globais alternativas, por exem-
e a sua avaliação qualitativa e quantitativa plo, uma barragem em vez de uma área de
através de furos exploratórios e estudos captação ou a reutilização para fins agrí-
hidrológicos destinados a identificar a mel- colas de águas refluentes conveniente-
hor implantação das barragens, as suas mente tratadas, uma instalação de depu-
dimensões e as dos dispositivos de alimen- ração para um conjunto de empresas em
tação, etc. vez de várias instalações locais, etc.
63
3.2 Distribuição e depuração da água
Dados operacionais de base: altura entre os dispositivos elevatórios (com planos de situ-
• número de habitantes servidos ação e secções);
• superfície irrigada (ha) • débito nominal (l/s), produção (m3/g) e potência absor-
• número e tipo de estruturas de produção servidas vida/consumida (Kw ou Kcal/h) das instalações de depu-
• disponibilidade de água por habitante (l/d/habitante) ou por ração ou de dessalinização (com planos e esquema dos
hectare (l/d/ha) escoamentos);
• dados relativos à qualidade da água (análises de labora- • características técnicas e configuração das principais
tório) estruturas; juntar, por exemplo, um ou mais esboços e/ou
• número de equivalentes-habitante, débitos e parâmetros
cortes-tipo (cortes das condutas, localização das instala-
relativos à carga poluente da água a tratar (análises de labo-
ções técnicas, etc.) e indicar as partes que foram constru-
ratório) e às condições de qualidade da água a evacuar
ídas recentemente;
(definidas por lei).
• características técnicas e de construção do principal dispo-
Dados de ordem territorial relativos à construção da
sitivo elevatório, das instalações de produção e de trata-
infra-estrutura:
mento (esquemas de funcionamento detalhados);
• localização dos trabalhos no território, apoiada em cartas a
uma escala apropriada (1:10.000 ou 1:5.000 para as redes e • débito nominal (l/s), capacidades (equivalentes-habitantes),
instalações; 1:100.000 ou 1:25.000 para os trabalhos de cap- eficácia do tratamento (pelo menos em CBO, CQO, teor de
tação e de alimentação e principais eixos de abastecimento); fosfatos e azoto) das instalações de depuração, bem como
• ligações físicas entre as estruturas e as instalações (novas as características técnicas e de construção das condutas de
ou já existentes); pode ser útil incluir desenhos técnicos sob evacuação (juntar planos de situação, localização e esque-
a forma de esquemas; mas dos escoamentos);
• qualquer interferência e/ou interligação com as estruturas • características técnicas e de construção dos edifícios e
existentes de qualquer outro tipo (ruas, linhas férreas, traça- outras estruturas de serviços (juntar planos de situação e
dos eléctricos, etc.). cortes);
Dados físicos e características • elementos técnicos pertinentes, como cruzamentos, reser-
• extensão total (km), diâmetros nominais (mm), débito nomi- vatórios enterrados, galerias, instalações automatizadas de
nal (l/s) e diferenças de altitude (m) dos dispositivos de comando à distância ou de gestão do serviço, etc. (juntar
alimentação ou dos eixos principais; dados e planos);
• volumes nominais preenchidos (milhões de m3) e altura das
• identificação das principais componentes e dos materiais
barragens (planos de situação e secções);
propostos no projecto, com indicação das disponibilidades
• número, extensão (m) e débito normal (l/s) das condutas de
(em produtos locais ou importados) na área coberta pelo
água corrente (planos de situação e secções);
investimento;
• número, profundidade (m), diâmetro (mm), débito evacuado
• identificação de qualquer característica técnica que possa
(l/s) das áreas de captação (com plano de situação a uma
escala apropriada); ter sido proposta para realizar a infra-estrutura, com indi-
• desenvolvimento linear (km) e diâmetros característicos dos cação da sua disponibilidade e dos seus aspectos práticos
aquedutos ou dos esgotos (com plano de situação a uma (por exemplo, do ponto de vista da manutenção);
escala apropriada); • no caso do condicionamento, identificar as opções possíveis
• capacidade (m3) dos reservatórios (com planos de situação para eliminar as lamas tratadas; no caso de instalações de
e secções); dessalinização, identificar as opções e as infra-estruturas a
• superfície ocupada (m2), débito normal (l/s) e diferença de considerar para eliminar a água salgada concentrada.
64
3.2 Distribuição e depuração da água
65
3.2 Distribuição e depuração da água
66
3.2 Distribuição e depuração da água
67
3.2 Distribuição e depuração da água
actual10, bem como a criação de um sistema Para a reutilização das águas residuais, o pro-
de esgotos e de recolha de resíduos na área jecto prevê a criação de três módulos de
industrial. tratamento intensivo (terciário), que tra-
tarão, em média, um pouco mais de 60% do
débito de águas residuais depuradas11. Já exis-
O abastecimento de água tem a rede de irrigação e a rede de distri-
buição de água que serve as instalações
Do ponto de vista dos recursos hídricos, a nova contribuição comple-
industriais.
tará de forma significativa o actual abastecimento da área industrial,
por meio de um pequeno aqueduto alimentado por furos e fontes. No
O autor do projecto é a empresa que gere há
entanto, só a realização do projecto considerado permitirá completar
20 anos o serviço integrado de abastecimento
o serviço integrado de abastecimento de água e tornará as actuais
de água da área abrangida pelo investi-
instalações industriais plenamente operacionais.
mento12. Esta empresa está em condições de
No tocante à área irrigada, o novo recurso substituirá uma parte (46%) co-financiar o investimento (a taxa de co-
da água actualmente fornecida pelo lençol freático e pelo rio, ambos financiamento deverá ainda ser decidida) em
depauperados pela pressão de captações excessivas, e uma parte função das receitas dos novos serviços cria-
(54%) dos volumes disponíveis que permitem irrigar toda a área agrí- dos pelo projecto.
cola coberta pela rede de distribuição (cerca de 1.100 hectares), rede
desenvolvida por um anterior financiamento público e que ainda só é
parcialmente utilizada.
Quadro 3.6 Algumas hipóteses para a quantificação das despesas e receitas financeiras
Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Crescimento demográfico 235.470 235.941 236.413 236.886 237.359 237.834 238.310 238.786 239.264 239.743 240.222 240.702 241.184 241.666 242.150
Fluxo migratório
Valor anual 2.900 2.900 2.900 2.900 2.900 1.933 1.933 1.933 1.933 1.933 580 580 580 580 580
Valor acumulado 2.900 5.800 8.700 11.600 14.500 16.433 18.367 20.300 22.233 24.167 24.747 25.327 25.907 26.487 27.067
Habitantes servidos pela instalação de depuração de água 238.370 241.741 245.113 248.486 251.859 254.267 256.676 259.086 261.497 263.909 264.969 266.029 267.091 268.153 269.216
Habitantes servidos pela rede de esgotos 59.593 60.435 61.278 62.121 62.965 63.567 64.169 64.772 65.374 65.977 66.242 66.507 66.773 67.038 67.304
Volumes anuais (em milhões de metros cúbicos)
Novo esgoto urbano 3,95 4,00 4,06 4,12 4,17 4,21 4,25 4,29 4,33 4,37 4,39 4,41 4,42 4,44 4,46
Depuração urbana 15,79 16,01 16,24 16,46 16,69 16,84 17,00 17,16 17,32 17,48 17,55 17,62 17,69 17,76 17,83
Saneamento e depuração industriais 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95
Alimentação do reservatório para a área industrial 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77
Alimentação do reservatório para a área 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14
de irrigação
Substituição para reduzir os fluxos actuais 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90
Fluxos suplementares para a área irrigada 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24
68
3.2 Distribuição e depuração da água
Rio
Área industrial e rede de
esgotos
Área irrigada
Áreas urbanas
Poços
Nascente
Estação elevatória
Instalações de depuração
Tratamento terciário
Conduta de evacuação
Dispositivo divisor
Reservatório superior
A procura de água
O volume de água a tratar foi calculado com base num abastecimento
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
diário médio de 220 litros por habitante e tendo em conta a flutuação
242.634 243.119 243.605 244.093 244.581 245.070 245.560 246.051 246.543 247.036 da população (nos três meses de Verão, a população residente da
cidade diminui, em média, 25%).
580 580 580 580 580 580 580 580 580 580
27.647 28.227 28.807 29.387 29.967 30.547 31.127 31.707 32.287 32.867 O nível de abastecimento diário de água foi determinado com base
270.281 271.346 272.412 273.479 274.547 275.617 276.687 277.758 278.830 279.903 num estudo das necessidades da população residencial em áreas
67.570 67.836 68.103 68.370 68.637 68.904 69.172 69.439 69.707 69.976
similares à área de implantação do projecto (mesmo hábitos sociais,
4,48 4,49 4,51 4,53 4,55 4,56 4,58 4,60 4,62 4,64 mesmos níveis de consumo, mesma área geográfica, etc.), corrigidas
17,91 17,98 18,05 18,12 18,19 18,26 18,33 18,40 18,47 18,54 a partir de dados históricos relativos ao consumo da cidade conside-
3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 rada, dados estes fornecidos pelo prestador de serviços, que é tam-
4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77
4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14
bém, como já referimos, o autor do projecto de investimento13.
No caso da área industrial, a procura de água foi calculada com base
1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 no consumo específico das instalações industriais e tendo em conta
2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24
um período de actividade de 11 meses por ano14.
0,16 0,16 0,16 0,17 0,17 0,18 0,18 0,18 0,19 0,19
0,48 0,49 0,50 0,51 0,52 0,54 0,55 0,56 0,58 0,59
0,67 0,69 0,71 0,72 0,74 0,76 0,78 0,80 0,82 0,84
0,82 0,84 0,86 0,89 0,91 0,93 0,95 0,98 1,00 1,03
0,22 0,23 0,24 0,24 0,25 0,25 0,26 0,27 0,27 0,28
13
Os volumes de águas residuais foram calculados através da apli-
cação de um coeficiente de dispersão de 0,88. O nível de contami-
nação (CBO: carência bioquímica de oxigénio, CQO: carência
química de oxigénio) foi calculado segundo os métodos normali-
zados da engenharia ambiental.
14
Os volumes de águas residuais foram calculados através da apli-
cação de um coeficiente de dispersão de 0,70 nos processos indus-
triais e nos sistemas de captação. Foi efectuada uma análise espe-
cífica dos processos industriais utilizados para determinar os
níveis de contaminação.
69
3.2 Distribuição e depuração da água
70
3.2 Distribuição e depuração da água
Dinâmica da procura
A dinâmica da procura foi determinada tendo em conta a evolução da população residente na cidade, que tem
duas componentes:
• uma taxa de crescimento demográfico (a média da região) de 0,20% ao ano;
• um fluxo migratório com um saldo positivo (essencialmente devido ao crescimento das actividades indus-
triais) de 2.900 novos habitantes por ano nos primeiros 5 anos, que diminuirá em um terço (para 1 933 habi-
tantes/ano) entre o 6º e o 10º anos e acabará por se estabilizar em um quinto (580 habitantes/ano).
• Não se prevê alteração da procura para fins industriais.
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
16109 Análise financeira
23.947 8.046 8.259 8.478 8.703 8.934 9.171 9.415 9.665 9.921
-7.444 8.907 9.157 9.413 9.676 9.946 10.224 10.509 10.802 50.541
O quadro 3.7 expõe a análise financeira e o
resultado obtido.
71
3.2 Distribuição e depuração da água
A análise, efectuada do ponto de vista do quando estes não estiveram disponíveis, nos
organismo de financiamento, considera os preços da região ou do país.
custos e as receitas diferenciais geradas pelo
desenvolvimento do investimento proposto
em relação ao custo de um cenário sem o
investimento. Inflação
• Foi aplicada aos custos uma dinâmica inflacio-
O quadro 3.6 resume algumas hipóteses de nista (crescimento anual constante de 2,5%).
cálculo dos custos e benefícios financeiros. • Salários reais: um aumento suplementar de
+0,5% por ano (crescimento dos salários mone-
tários = +3,0% por ano).
Entre os custos previstos constam os custos
• Preços da energia: um diferencial de - 0,5% em
de desenvolvimento do projecto, incluindo relação à inflação.
as despesas com estudos, a planificação e
gestão dos trabalhos, os ensaios, as outras
despesas gerais e todos os custos de desenvol-
Cálculo das receitas
vimento e ensaio da instalação prevista. O As receitas previstas para o primeiro ano
(9 818 000 euros) foram calculadas da seguinte
custo total (89,15 milhões de euros) foi
forma:
subdividido em categorias homogéneas,
• Rede de saneamento urbana (novas ligações
cujos valores foram imputados (a preços
para 25% dos habitantes): 3,89 Mm3/ano x 0,093
constantes) aos três primeiros anos, com
euros por m3 = 362.000 euros.
base no programa de execução do projecto.
• Rede de depuração urbana (na situação actual
“sem intervenção”, não é aplicada a taxa de
As despesas de funcionamento suplemen- depuração): 15,57 Mm3/ano x 0,28 euros por m3
tares, isto é, as que se prevêem para assegurar = 4.422.000 euros.
os serviços gerados pelo investimento (novos • Rede de esgotos industrial e serviço de depu-
esgotos para 25% da população, instalação ração: 3,95 Mm3/ano x 0,46 euros por m3 =
de depuração para toda a cidade e para a área 1.834.000 euros.
industrial, abastecimento de água à indústria • Alimentação do reservatório para a indústria:
e à agricultura) incluem as despesas com pes- 4,77 Mm3/ano x 0,57 euros por m3 =
soal (subdividido entre pessoal técnico e pes- 2.710.000 euros.
soal administrativo), electricidade, manu- • Abastecimento para fins de irrigação (volumes
tenção, incluindo as peças de substituição, suplementares): 2,24 Mm3/ano x 0,15 euros por
reagentes e outros produtos utilizados na m3 = 347.000 euros;
depuração, no tratamento terciário e na • Receitas de outros serviços (3% do primeiro
eliminação das lamas de tratamento, bem ponto e do segundo): 144.000 euros.
como com a aquisição de outros bens e ser- Segundo a regulamentação em vigor no país onde
viços intermédios (técnicos e administra- o investimento será realizado, as taxas serão
reavaliadas em função da inflação15. Para ter em
tivos).
conta o tempo necessário à construção das infra-
estruturas, foi introduzido no cálculo um coefici-
Sempre que possível, estas despesas foram ente de correcção das receitas.
quantificadas com base em dados técnicos do
projecto (electricidade, reagentes, eliminação
das lamas) ou por extrapolação de dados
obtidos com a experiência de gestão do autor
do projecto (pessoal, outros bens e serviços). 15
Além disso, quando o investimento é parcialmente co-financiado
pelo autor do projecto/responsável – como é o caso – é autorizado
um aumento superior à taxa de inflação. Na análise, partimos de
Os custos de manutenção foram calculados um aumento suplementar de 3% ao ano nos primeiros 6 anos,
aplicado unicamente às tarifas respeitantes aos serviços de sanea-
com base nos preços do mercado local ou, mento e depuração urbanos.
72
3.2 Distribuição e depuração da água
73
3.2 Distribuição e depuração da água
instalação do estaleiro, que se repercutem base na inflação, foi aplicado como custo nos
essencialmente na área urbana, nos tran- três primeiros períodos da análise.
sportes e em outras funções territoriais e no
custo de utilização da terra. O custo social da afectação do terreno (cerca
de 37 ha) à construção da nova infra-estru-
Os custos de consumo de terrenos inutili- tura não é inteiramente representado pelo
zados são assimilados a custos de investi- custo da expropriação (ao qual foi aplicado o
mento reavaliados. seu próprio factor de conversão), tanto mais
que o custo social não é representativo do
valor atribuível à melhor utilização do mes-
O custo global da instalação de estaleiros de
mo terreno ao nível local. Por este motivo, o
construção deve necessariamente ser calcu-
custo foi avaliado tendo em conta o valor
lado de forma aproximada, a partir do custo
acrescentado da produção agrícola suple-
social do prolongamento da obra. Esta vari-
mentar que pode ser obtida num terreno
ável de substituição é de cerca de 6.500.000
bem irrigado (calculado em 4.462 euros),
euros por cada ano de atraso na conclusão
valor igualmente utilizado para avaliar o
dos trabalhos. Este montante, reavaliado com
74
3.2 Distribuição e depuração da água
1,18 1,20 1,23 1,27 1,30 1,33 1,36 1,40 1,43 1,47 A depuração da água para fins urbanos e
10.526 10.851 11.186 11.531 11.887 12.254 12.631 13.021 13.422 13.836 industriais produz benefícios em diversos
12.166 12.538 12.921 13.316 13.722 14.141 14.572 15.015 15.472 15.942
75
3.2 Distribuição e depuração da água
sectores, a começar pela protecção ambiental potencial para fins de irrigação a um preço
da água e do solo, mas também pela pro- fictício de 0,81 euros/m3, preço já aplicado
tecção da saúde humana e pela salvaguarda para avaliar os benefícios do abastecimento
das espécies vivas. Uma avaliação aproxi- suplementar de água para fins de irrigação.
mada prudente destes efeitos externos posi-
tivos pode ser efectuada atribuindo um valor
Os coeficientes de conversão foram igual-
aos volumes de água purificada evacuados e
mente aplicados aos benefícios ligados às
susceptíveis de ser reutilizados para dife-
receitas de outros serviços e ao valor residual
rentes fins, inclusivamente noutros locais.
da infra-estrutura.
Neste caso, os volumes de água purificada
não utilizados localmente e, portanto, evacu-
ados, reduzidos pela aplicação de um coefici- Os cash-flows apresentados no quadro 2 dão
ente de dispersão (0,80), são de cerca de os seguintes índices:
8,5 Mm3/ano, supondo uma reutilização VALE = 185.034 mil euros; TIRE = 18%.
76
3.3 Transportes
Análise de sensibilidade
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
A análise de sensibilidade, efectuada com
10.526 10.851 11.186 11.531 11.887 12.254 12.631 13.021 13.422 13.836
12.166 12.538 12.921 13.316 13.722 14.141 14.572 15.015 15.472 15.942 base nos parâmetros que o autor do projecto
considerou mais críticos, deu os resultados
6.690 6.857 7.028 7.204 7.384 7.569 7.758 7.952 8.151 8.354
apresentados no quadro 3.11 em termos de
455 466 478 490 502 515 527 541 554 568
2.631 2.697 2.764 2.833 2.904 2.977 3.051 3.127 3.206 3.286 alteração do VAL financeiro e económico em
32.467 33.409 34.378 35.374 36.399 37.454 38.539 39.656 40.804 41.986 relação aos valores do caso de base.
206 211 217 223 229 235 242 248 255 262
35.885
32.673 33.620 34.595 35.597 36.628 37.689 38.781 39.904 41.059 78.132 A análise dos riscos foi efectuada com base
nas variáveis mais críticas: taxa de inflação,
237 243 249 256 262 268 275 282 289 296
tarifas, população (esta análise não é aqui
apresentada).
237 243 249 256 262 268 275 282 289 296
475 486 499 511 524 537 550 564 578 593
1.957 2.015 2.076 2.138 2.202 2.268 2.336 2.406 2.479 2.553
1.149
740
1.184
758
1.219
777
1.256
797
1.293
817
1.332
837
1.372
858
1.413
879
1.456
901
1.499
924
3.3 Transportes
63 64 66 67 68 70 71 72 74 75
675 688 702 716 730 745 760 775 791 807 Introdução
1.622 1.663 1.704 1.747 1.790 1.835 1.881 1.928 1.976 2.026
338 347 355 364 373 383 392 402 412 422 A presente secção ilustra os investimentos
197 202 207 212 217 223 228 234 240 246 realizados no desenvolvimento de novas
6.740 6.921 7.106 7.296 7.492 7.693 7.899 8.111 8.328 8.552 infra-estruturas de transportes. Podem ter
por objecto novas linhas de transporte,
novos nós, a conclusão de redes existentes ou
a melhoria de linhas e nós existentes.
77
3.3 Transportes
78
3.3 Transportes
79
3.3 Transportes
• área de influência do projecto: este aspecto portos, entre aeroportos, entre estradas e
é importante para identificar a procura na entre caminhos-de-ferro) em relação aos nós
ausência do projecto e os impactes da nova de transporte, mas também em relação a
infra-estrutura e para identificar os outros intervenções que se concentrem em redes
meios de transporte que podem ser tidos particularmente densas, especialmente tra-
em consideração (por exemplo, no caso, tando-se de tráfego de longa distância.
frequente, de ligações em que coexistem
vários modos: estrada, caminho-de-ferro e As apreciações da procura potencial devem
transporte aéreo); esclarecer os seguintes elementos:
• o procedimento utilizado para apreciar a
procura actual e a procura futura (utili- • a composição do tráfego gerado pela nova
zação de modelos únicos ou plurimodais, infra-estrutura ou pela infra-estrutura
extrapolações a partir de tendências passa- reforçada, em termos de tráfego existente,
das, preços e custos para os utilizadores, de tráfego desviado de outros modos e de
políticas de regulação e de fixação dos tráfego gerado;
preços, congestionamento e nível de satu- • a elasticidade em termos de tempo e de cus-
ração das redes, novos investimentos pre- tos decorrentes, implicitamente, das esti-
vistos durante o período que é objecto da mativas relativas ao tráfego desviado de
análise); outros modos, distribuída de forma ade-
• suposições feitas relativamente aos modos quada e comparada com os dados cons-
concorrentes e às outras alternativas possí- tantes da literatura ou apurados no quadro
veis (preços e custos para os utilizadores, de outros projectos (as características, a
políticas de regulação e de fixação dos estrutura e a elasticidade da procura de
preços, congestionamento e nível de satu- transporte são especialmente importantes
ração das redes, novos investimentos pre- no caso de projectos que possam ser ligados
vistos durante o período que é objecto da a infra-estruturas de utilização paga, uma
análise); vez que os volumes de tráfego previstos são
• alterações em relação às tendências passa- determinados pelo nível das taxas a pagar);
das e comparação com previsões em larga • a sensibilidade dos fluxos de tráfego previs-
escala (a nível regional, nacional e euro- tos a determinadas variáveis essenciais: a
peu). elasticidade em termos de duração da
deslocação e dos custos, os níveis de conges-
Dado o elevado grau de incerteza das tionamento de diferentes modos concor-
tendências futuras em termos de procura, é rentes, as estratégias de modos concor-
aconselhável desenvolver, pelo menos, dois rentes, por exemplo, em matéria de política
cenários, um optimista e um pessimista, e de preços. Este aspecto é especialmente
ligar as duas hipóteses às tendências do PIB e importante quando se trata de investi-
a outras variáveis macroeconómicas. mentos que requerem muito tempo de exe-
cução. Durante o período necessário para
Quanto às soluções propostas por um pro- concluir a intervenção, o tráfego que seria
jecto, importa lembrar que o sistema de tran- potencialmente ganho pela nova infra-
sportes é um sistema plurimodal. A mesma estrutura pode optar por outros meios de
procura de transporte pode ser satisfeita, transporte e ser difícil de recuperar.
pelo menos parcialmente, por diferentes
meios de transporte, que podem entrar em Um aspecto que pode ser importante para a
concorrência pela mesma procura. avaliação financeira e económica é o do trá-
fego gerado, ou seja, o tráfego que não existi-
Pode haver concorrência no âmbito do mes- ria se não houvesse a nova infra-estrutura
mo meio de transporte (por exemplo, entre (ou não houvesse aumento da capaci-
80
3.3 Transportes
À primeira vista, o tráfego gerado pode ser Na presença de várias opções e do fenómeno
calculado com base na elasticidade da procu- de congestionamento, deve analisar-se se a
ra em relação aos custos gerais de transporte procura não está satisfeita e, se assim for, qual
(tempo, custos, conforto, etc.). Uma vez que o tráfego que é “rejeitado”. Este é um elemen-
o tráfego depende sempre da distribuição to importante para avaliar as consequências
territorial das actividades económicas e da económicas das opções mais pobres do pon-
habitação, é recomendável, para uma estima- to de vista das infra-estruturas.
tiva correcta, que se analisem as alterações
trazidas pelo projecto à acessibilidade da No final da análise de viabilidade, pode ser
área. Para isso, será normalmente necessário necessário definir as opções pertinentes a
utilizar modelos regionais integrados de avaliar de um ponto de vista ambiental,
desenvolvimento e de transportes, que actu- financeiro e económico. O conjunto de resul-
almente têm poucos domínios de aplicação tados constituirá uma fonte para as análises
mas que oferecem excelentes perspectivas de ambiental, financeira e económica que se
desenvolvimento. Não havendo estes instru- irão seguir.
mentos, convém calcular com prudência o
tráfego gerado e efectuar análises de sensibi- Análise das opções
lidade (ver abaixo) ou de risco em relação a A constituição de uma solução de referência
esta componente do tráfego. e a identificação de alternativas promete-
doras são dois aspectos que vão influenciar
Características técnicas todos os resultados das futuras avaliações. A
solução de referência corresponderá geral-
Em relação a cada projecto, será analisada a
mente a uma decisão de nada fazer. No
relação procura/capacidade da nova infra-
entanto, em certos casos, isto poderá criar
estrutura. Esta análise deve basear-se nos
um problema no sector dos transportes. Se a
seguintes elementos:
solução de referência for “catastrófica”, isto é,
se a decisão de não investir implicar uma
• níveis de serviços da infra-estrutura em
paralisação do tráfego e, portanto, um eleva-
termos de relação tráfego/capacidade (flu- do custo social, qualquer projecto trará bene-
xos de tráfego nas estradas, número de fícios importantes, seja qual for o seu preço.
passageiros que optam pelos transportes
públicos/colectivos, etc.). É útil analisar Caso se verifique um grave fenómeno de
separadamente as diferentes componentes congestionamento, actual ou futuro, é neces-
do tráfego, quer em termos de tipos de flu- sário, para evitar deformar os resultados da
xo (interno, tráfego intermodal ou tráfego análise, configurar uma solução de referência
transitório), quer em termos de origem que integre as intervenções mínimas (rela-
(tráfego desviado de outros meios de tran- tivas à gestão, à aplicação tecnológica, etc.).
sporte e tráfego gerado); Provavelmente, isto poderá fazer-se para
• tempos e custos de deslocação para os assegurar um ajustamento da procura de
utilizadores (distribuídos por tráfego e ori- transporte na ausência do projecto e para
gem); conter os custos futuros da solução de refe-
• indicadores de transportes: passa- rência num nível aceitável.
geiros/km e veículos/km, no caso de passa-
geiros; toneladas/km e veículos/km no É igualmente essencial a análise de cenários
caso de mercadorias; diferentes. Depois de definida a solução de
81
Transportes
referência e analisados os aspectos cruciais volver-se uma hipótese que indique o núme-
em termos de relação procura/capacidade ro de comboios que podem beneficiar do
(ver abaixo), é necessário identificar todas as projecto, por tipo (mercadorias, passageiros,
soluções técnicas possíveis com base nas comboios de pequeno ou longo curso) e
condições materiais e nas tecnologias dispo- ligando cada serviço aos respectivos custos.
níveis. O mesmo se aplica aos nós de transportes,
como portos e aeroportos.
O principal risco de falseamento da avaliação
é o de descurar as opções alternativas, especi- Tarifas
almente as de menor custo (abordagens cen- Uma vez que a procura de transporte pode
tradas na gestão e na fixação dos preços, optar por outros modos ou trajectos, os
intervenções de infra-estruturas conside- preços influenciarão o volume previsto da
radas “não decisivas” pelos conceptualiza- procura. Por isso, é extremamente impor-
dores e promotores, etc.). tante reanalisar as previsões da procura e
associar os volumes de tráfego correctos a
Custos de investimento e de funcionamento cada uma das hipóteses de tarifação.
A análise de viabilidade destina-se igual-
mente a calcular, para cada cenário e solução Os critérios de fixação de tarifas de utilização
de referência, os custos de investimento e as das infra-estruturas de transportes são com-
despesas a considerar para as substituições e plexos e podem provocar alguma confusão
as operações extraordinárias de manutenção na avaliação financeira e económica. Uma
(que serão efectuadas a intervalos regulares) vez que os preços maximizam as receitas a
durante todo o período de avaliação. Estes favor dos gestores/construtores de infra-
custos devem ser programados para todo o estruturas e, portanto, também a sua capaci-
período. Será igualmente necessário deter- dade de autofinanciamento, eles podem dife-
minar a duração de vida técnica do investi- rir bastante dos níveis de rentabilidade, por-
mento e o seu valor residual. que estes últimos, que têm em consideração
o excedente para o público, têm igualmente
Convém assegurar que o projecto inclua em conta os custos externos (os congestiona-
todos os trabalhos necessários para a sua exe- mentos e os custos em matéria de ambiente e
cução (por exemplo, as ligações com as redes de segurança).
existentes, as instalações tecnológicas, etc.) e
todos os custos implícitos em cada opção e Uma fixação eficaz de tarifas baseia-se nos
que as estimativas de custos e do tempo de custos sociais marginais a longo prazo e exige
execução necessário sejam realistas e pruden- a “internalização dos custos externos” (prin-
tes, prevendo uma margem de segurança, cípio do poluidor-pagador), incluindo os cus-
principalmente quando se trate de projectos tos associados ao congestionamento e à
de grande importância para a comunidade degradação do ambiente. Relativamente ao
local a que se destinam. congestionamento das vias, este tipo de
fixação de preços deve implicar, geralmente,
Os custos normais de funcionamento e de portagens pouco elevadas quando não há
manutenção devem ser igualmente referidos congestionamento, de forma a maximizar a
e quantificados. utilização da infra-estrutura, e portagens ele-
vadas em alturas de congestionamento. Se a
No caso dos meios de transporte colectivo, é infra-estrutura não estiver saturada, haverá
necessário desenvolver um modelo de um conflito entre a necessidade de autofinan-
funcionamento e calcular os respectivos cus- ciamento e a utilização óptima do produto.
tos. Quando se trate, por exemplo, do funcio- Neste caso, uma portagem com que se preten-
namento do caminho-de-ferro, deve desen- da recuperar uma parte dos custos de investi-
82
3.3 Transportes
83
3.3 Transportes
84
3.3 Transportes
Fonte: INFRAS-IWW
* = LDV Light Duty Vehicles (veíc. de mercadorias com máx. de 3,5 ton. de peso bruto)
** = HDV Heavy Duty Vehicles (camiões com mais de 3,5 ton. de peso bruto)
tempo com base nas opções dos utiliza- Os valores relativos ao tempo de deslocação
dores ou reajustar e reponderar as estima- não profissional (incluindo deslocações no
tivas de outros estudos com base nos níveis âmbito de tarefas domésticas) flutuam, na
de receitas. maior parte dos países, entre 10% e 42% do
valor do tempo de trabalho. O tempo de
deslocação não profissional representa geral-
Sem prejuízo de algumas excepções (bens de mente uma grande parte dos benefícios dos
valor muito significativo), o valor-tempo dos investimentos em matéria de transporte.
bens é geralmente muito baixo e deve ser
• Custos externos: as repercussões ambien-
calculado com base no capital bloqueado.
tais dependem geralmente das distâncias
Em todo o caso, como se trata de um valor
de deslocação e do grau de exposição às
que dificilmente pode ser objecto de estima-
emissões poluentes (à excepção do CO2,
tiva, a descrição geral do projecto deve mos-
que representa um poluente “global”).
trar claramente as quantidades (discrimi- Para avaliar em termos monetários os efei-
nadas por motivo da viagem e por fluxo) tos ambientais, não estando disponíveis
utilizadas na estimativa da procura e na valores locais, é possível aplicar às estima-
avaliação, assim como os meios pelos quais tivas “físicas” dos poluentes os “preços
foram obtidas. fictícios” retirados da literatura científica
(adequadamente ajustados em função das
fracções dos custos externos já internali-
zadas, por exemplo, através de impostos
25
sobre os combustíveis).
20
15 Os presentes métodos, destinados a avaliar os
10 custos externos associados aos acidentes evi-
5
tados, devem ser colocados em perspectiva
com o nível médio de perigosidade por modo
0
Aus Bel Den Fin Fra Ger Gre Ire Ita Nrl Por Spa Swe Uk
de transporte. Por exemplo, no caso do tráfe-
go rodoviário, o custo médio por km/veículo
Quadro 3.6 Quantificação dos benefícios económicos. Valor do ou por km/passageiro é geralmente calculado
tempo/pessoa/hora trabalhada (euros 1995) com base nos custos gerados pelo conjunto
85
3.3 Transportes
dos acidentes na estrada (adicionando-lhes caso, uma melhor acessibilidade pode excluir
os custos provocados pelas mortes e pessoas do mercado a indústria local. Por conse-
feridas), dos quais se deduz a componente já guinte, é necessário manter a prudência
internalizada através dos custos dos seguros e quando se atribui ao projecto benefícios des-
com base no conjunto do tráfego. ta natureza e é sempre aconselhável excluí-los
do cálculo dos indicadores de rentabilidade.
As estimativas relativas ao tempo por hora e
por pessoa durante o trabalho em viatura O procedimento habitual para avaliar estes
podem ser obtidas no quadro do projecto benefícios sob a forma de acelerador/multi-
EUNET. A escala de valores depende em plicador de rendimentos constitui uma fonte
grande medida de variações nos níveis de de erros.
remuneração.
De facto, estes indicadores podem ser apli-
3.3.6 Outros critérios de avaliação cados às despesas públicas. É necessário, por-
tanto, calcular o diferencial entre o multipli-
Análises ambientais cador dos investimentos no sector dos tran-
O direito comunitário e as legislações nacio- sportes e o multiplicador noutros sectores.
nais exigem a avaliação do impacte ambien- Salvo em casos especiais, este método é desa-
tal da maior parte dos investimentos no sec- conselhado.
tor dos transportes, em especial no quadro
do desenvolvimento de novas infra-estru- Em qualquer caso, se não houver grandes
turas. Para este efeito, devem ser utilizados os distorções nos sectores que utilizam os tran-
métodos de avaliação recomendados. sportes – o que quer dizer que os mercados
são razoavelmente concorrenciais – a análise
No entanto, embora tal não esteja inscrito na dos custos e benefícios (ganhos de tempo,
lei, é aconselhável analisar o impacte externalidades, etc.) pode ser considerada
ambiental de um ponto de vista geral, identi- como uma aproximação aceitável do impac-
ficar a incidência que as diferentes opções te económico final dos projectos no domínio
poderão ter e, se possível, prever uma avali- dos transportes.
ação quantitativa com base no seu impacte e
localização, a fim de efectuar uma compa- 3.3.7 Análises de sensibilidade, de
ração entre as diferentes opções e de identi- cenários e de risco
ficar qualquer medida possível de atenuação A análise de sensibilidade tem por objecto
e de compensação. avaliar a medida em que os indicadores de
rentabilidade variam segundo as diferentes
Impacte no desenvolvimento económico opções, utilizando-se algumas variáveis-cha-
Este é um dos aspectos mais controversos da ve que permitam controlar a fiabilidade dos
avaliação económica dos projectos em maté- resultados obtidos e a classificação de qual-
ria de transportes, quer do ponto de vista teó- quer outra tarifa, bem como identificar as
rico, quer do ponto de vista empírico. No áreas de maior risco.
entanto, convém lembrar que os impactes no
desenvolvimento económico podem ser É aconselhável efectuar as análises de sensibi-
positivos e negativos. Isto significa que, na lidade com base nos valores monetários atri-
presença de distorções do mercado, uma buídos aos bens não comercializados, porque
melhor acessibilidade de uma área ou de uma estes valores são os mais contestáveis. Uma
região suburbana pode implicar uma vanta- outra análise de sensibilidade pode concen-
gem concorrencial, mas também uma perda trar-se, por exemplo, nos custos de investi-
de competitividade se a indústria for menos mento e de funcionamento ou sobre a pro-
eficaz do que a das regiões centrais. Neste cura esperada, em especial o tráfego gerado.
86
3.3 Transportes
3.3.8 Estudo de caso: investimento numa Uma vez que a área já é densamente povoada
auto-estrada e que os congestionamentos estão clara-
O projecto em questão tem por objecto a mente localizados, a nova estrada deverá ter
construção de uma nova auto-estrada ligan- um impacte limitado em termos de tráfego
do duas cidades de média dimensão e atra- adicional. O financiamento público das
vessando uma área densamente povoada. A novas infra-estruturas não pode cobrir inte-
rede rodoviária local representa a oferta de gralmente o montante global do investi-
transporte. O recente crescimento do tráfego mento, pelo que a utilização da nova estrada
que, segundo as previsões, deverá continuar será sujeita a portagem.
no futuro, gera problemas de congestiona-
mento em determinados pontos da rede exis- Previsões de tráfego
tente, bem como problemas ambientais e de O quadro seguinte indica os fluxos de tráfego
segurança para as pessoas que habitam a área. previstos no ano de abertura da nova auto-
estrada (AE).
Os objectivos gerais do projecto são os
seguintes: Análise financeira
Os custos de investimento financeiros foram
• reduzir o congestionamento da rede exis- discriminados por tipo de trabalho a que se
tente; destina a intervenção e com base nas compo-
nentes fundamentais dos custos (mão-de-
• fazer face ao aumento esperado da procu-
obra, materiais, equipamentos e fretes), de
ra de transporte de passageiros e de merca-
forma a permitir a subsequente aplicação de
dorias decorrente do rápido desenvolvi-
factores de conversão de custos financeiros
mento da área;
em custos económicos.
• reduzir a exposição dos residentes na área
à poluição atmosférica e ao ruído. Os custos de investimento incluem as despe-
sas com a construção da auto-estrada e suas
Como medida de acompanhamento, os veí- intersecções, os custos necessários para asse-
culos pesados serão banidos da parte da rede gurar os acessos da rede secundária à nova
existente mais sensível aos riscos ambientais. auto-estrada e a reparação da rede existente,
as expropriações e as despesas gerais.
O tráfego que será atraído pela nova infra-
estrutura é o que será desviado das estradas Foi efectuado um cálculo dos custos ordiná-
existentes, bem como um pequeno volume rios e extraordinários de manutenção das
adicional de tráfego gerado. O modelo de obras previstas, assim como dos custos admi-
desenvolvimento da área é dependente do nistrativos, incluindo os ligados às despesas
transporte automóvel e não existe qualquer de cobrança das portagens. Foram igual-
verdadeira solução alternativa a este tipo de mente especificados os custos de pessoal, de
transporte. materiais, de fretes e de equipamentos.
87
3.3 Transportes
As receitas decorrem da utilização da nova O custo financeiro das despesas gerais foi
auto-estrada, Serão aplicadas as tarifas nacio- presumido como valor indicativo do custo
nais. A taxa interna de rentabilidade finan- económico. No que se refere ao terreno, os
ceira é de 0,5%. custos de expropriação reflectem os custos
do mercado. Também neste caso, o factor de
Análise económica conversão presumido corresponde a 1. Os
A análise económica considera todos os cus- factores de conversão foram aplicados aos
tos e benefícios pertinentes para a sociedade custos de investimento e de manutenção,
que possam ser gerados pelo projecto. Os assim como às portagens.
custos financeiros de funcionamento foram
ajustados às componentes fiscais. No tocante Os benefícios do projecto foram subdivi-
à mão-de-obra, os custos de pessoal foram didos em dois tipos: os benefícios para os
ajustados tendo em conta as contribuições utilizadores da nova estrada com portagem e
sociais nacionais e as parcelas de rendi- os benefícios para os que continuaram a
mentos tributáveis. O factor de conversão foi transitar pela rede existente.
88
3.3 Transportes
CG0 CG0
CG1
Procura, Dij=f(CGij) Procura, Dij=f(CGij)
Benefício=∆CS
será aumentado num montante de ∆CS, devido à ho, mesmo que, na realidade, não seja este o Quando o efeito de um projecto pode ser sinteti-
redução do custo generalizado de equilíbrio. caso. O benefício suplementar para os utiliza- zado sob a forma de uma redução dos custos
Normalmente, não conhecemos a verdadeira dores pode ser calculado aproximadamente pela generalizados entre origens e destinos específicos,
forma da curva e só conhecemos CG e T no cená- fórmula seguinte, conhecida com a regra do a regra do triângulo permite uma aproximação útil
rio mínimo e uma previsão de CG e de T no cená- triângulo18: às vantagens suplementares reais dos utilizadores.
rio com projecto. Supõe-se que a curva da procu- GC0 Na maior parte dos casos, recomenda-se a utili-
∆CS=∫ D(GC)dCG = 12 *(CG0-CG1)*(T0+T1)
ra é uma linha recta, como a indicada no desen- GC1 zação da seguinte regra:
Fonte: Relatório TINA, Socioeconomic cost-benefit analysis, Outubro de 1999
17
A disposição para pagar é o montante máximo monetário que um consumidor está disposto a pagar para efectuar uma deslocação específica; o custo generalizado é um montante que repre-
senta o impacte negativo global de uma viagem entre um ponto de origem (i) e um ponto de destino (j) através de um modo específico (m).
(CG0-CG1) X T0 + (CG0-CG1) X T1-T0 = (CG0-CG1)
(T ) = (CG -CG ) (T 2 T )
0
18
+ T1-T0 0 1
X
0
+ 1
2 2
3.3 Transportes
considerados os custos variáveis (gasolina, zação da segunda análise foi ainda mais com-
óleo, pneus e uma fracção dos custos de plexa.
manutenção e de seguro) e as distâncias de
deslocação. Considerou-se que a diminu- Este exercício diminuiu ligeiramente os cus-
ição do número de quilómetros percor- tos de investimento, suprimindo totalmente
ridos não tem impacte na aquisição de veí- as despesas de portagem e ocasionando uma
culos. utilização muito mais intensa da nova estra-
da. Isto permitirá aumentar sensivelmente os
A estes custos variáveis foram subtraídas as benefícios para o tráfego desviado (muito
componentes fiscais. mais considerável do que na hipótese ante-
rior) e para o tráfego que subsiste na rede cios, tanto em termos de ganho de tempo
existente. para os utilizadores como em termos de
redução dos custos ambientais externos.
A economia de tempo proporcionada pela
nova estrada, ainda que substancial, não é Os resultados da avaliação económica indi-
suficiente para justificar, para muitos utiliza- cam uma relativa fragilidade do projecto. A
dores – especialmente no caso de trajectos TRE está ligeiramente abaixo do limiar de
relativamente curtos – os custos suplemen- aceitabilidade. A análise confirma igualmente
tares representados pelas portagens. Daqui a pertinência dos benefícios associados aos
resulta que o sistema com portagens ocasi- bens não comercializados para a viabilidade
ona uma subutilização da nova infra-estru- económica do projecto, cuja avaliação apre-
tura e, consequentemente, menores benefí- senta um certo grau de incerteza.
Anos
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
40 43 47 52 56 61 67 73 79 86 93 100 108 117 127 137 141 141 141 141 141 141 141 141 141 141 141
10 10 11 12 13 15 16 17 19 20 22 24 26 28 30 33 34 34 34 34 34 34 34 34 34 34 34
5 5 6 6 7 7 8 9 10 10 11 12 13 14 15 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17
11 11 11 12 12 12 12 12 12 12 12 12 13 13 13 13 13 13 13 14 14 14 14 14 14 14 15
3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
73 78 84 90 96 103 111 119 128 137 147 157 169 181 194 208 214 214 214 214 214 215 215 215 215 216 216
8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8
8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8
6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6
7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7
4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4
20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20
-1.218
20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20-1.198
45 51 56 62 68 76 83 92 101 110 119 130 141 153 166 180 186 186 186 187 187 187 187 187 188 188 1.406
4,4%
-203
3.4 Transporte e distribuição de energia
92
3.5 Produção de energia
93
3.5 Produção de energia
94
3.5 Produção de energia
95
3.6 Portos, aeroportos e redes de infra-estruturas
96
3.6 Portos, aeroportos e redes de infra-estruturas
25
O impacte da poluição ambiental pode ser avaliado em função da
24
A valorização pode seguir a metodologia descrita para as estradas. perda de valor comercial dos edifícios na área em questão.
97
3.7 Infra-estruturas de formação escolar e profissional
98
3.7 Infra-estruturas de formação escolar e profissional
99
3.8 Museus e parques arqueológicos
dades locais (comércio, restaurantes, acti- • Incluir um resumo dos programas cultu-
vidades de tempos livres, etc.). rais e/ou artísticos previstos a médio pra-
zo.
3.7.6 Outros elementos de avaliação • Comunicar os seguintes dados técnicos:
Uma avaliação independente, por um painel • √ dados de base, principalmente o núme-
de peritos qualificados, da aptidão do inves- ro de utilizadores esperados (por dia,
timento educativo para satisfazer os objec- por estação, por ano, etc.) e a capaci-
tivos propostos e as necessidades sociais, dade máxima da infra-estrutura;
assim como a adequação do tipo de progra- • √ características técnicas: áreas cobertas
mas de formação. (em m2) e salas de exposição de museus
e monumentos históricos ou edifícios,
3.7.7 Análise de sensibilidade e risco superfície total dos parques ou áreas
arqueológicas (em m2), número de
Devem ser considerados os seguintes parâ-
cadeiras, superfície utilizável (em m2)
metros:
dos teatros;
• √ características arquitectónicas, cons-
• taxa de crescimento da população (por
trução e concepção de museus, monu-
escalões etários) na área de recrutamento; mentos históricos ou teatros;
• taxa de crescimento dos salários do pesso- • √ características técnicas e concepção de
al docente e não docente (ver o exemplo edifícios ou partes de edifícios consa-
indicado no gráfico abaixo); grados a serviços adicionais;
• taxa efectiva de inscrições; • √ características e concepção das instala-
• taxa de emprego dos alunos que termi- ções de ar condicionado, de iluminação,
naram os seus estudos. de comunicações, etc.;
• √ mobilidade e sistemas de acesso (even-
tualmente, mais parques de estaciona-
mento) e ligações à rede rodoviária
3.8 Museus e parques local;
arqueológicos • √ elementos técnicos significativos, como
construções arquitectónicas especiais,
3.8.1 Definição dos objectivos tecnologias experimentais de restauro,
Geralmente, os investimentos têm objectivos sistemas de comunicações.
locais, mas podem ter igualmente um valor
3.8.3 Análise de viabilidade e opções
mais geral de natureza cultural.
Questão-chave: o fluxo potencial de utiliza-
dores, discriminado por tipos. A comparação
3.8.2 Identificação do projecto
na análise das alternativas deve ter em conta
Mantendo a conformidade com os objec- o seguinte:
tivos, convém proceder do seguinte modo:
• variações na organização das estruturas ou
• Descrever o tipo de infra-estrutura que é na concepção da infra-estrutura;
objecto da acção (criação, renovação ou • eventuais outras soluções tecnológicas e
ampliação): museus, monumentos ou métodos de restauro/recuperação de edifí-
edifícios históricos, parques arqueológicos, cios existentes;
arqueologia industrial, etc. • outras opções possíveis de infra-estruturas
• Incluir lista dos serviços oferecidos (cen- (por exemplo, pode ser considerada a
tros de investigação, serviços de infor- possibilidade de criar um museu da tecno-
mação e de restauro, transporte interno, logia, em vez de recuperar uma estrutura
etc.). industrial histórica, etc.).
100
3.9 Hospitais e outras infra-estruturas no domínio da saúde
31
Não parece correcto incluir os custos indirectos a cargo do visi-
tante (viagens, refeições, alojamento, etc.) no valor atribuído à
disposição para pagar, a menos que seja possível demonstrar que, 32
Trata-se de indicações muito rudimentares. É certo que, para além
para o projecto em questão, estas despesas são justificadas exclusi- da quantidade, há também que ter em conta a qualidade de vida:
vamente pela vontade de visitar a infra-estrutura ou de assistir a foram propostos alguns índices relativos a este elemento
um espectáculo específico, e não por outras actividades de lazer, (Q.A.L.Y.), sobre os quais podem encontrar-se mais informações
como o turismo. nas publicações sugeridas pela bibliografia.
101
3.9 Hospitais e outras infra-estruturas no domínio da saúde
102
3.10 Florestas e parques
Pode ser atribuído um valor monetário aos As análises de sensibilidade e de risco devem
benefícios recorrendo ao preço de mercado ter igualmente em consideração, pelo menos,
do serviço (a disposição para pagar)34, ou as seguintes variáveis:
utilizando métodos normalizados, como os
índices de aumento da esperança de vida, • o custo do investimento;
ajustados pelo índice de qualidade (por • a percentagem de morbilidade, distribuída
exemplo, o índice “Quality Adjusted Life por tipos de doenças, escalões etários,
Years”), que podem ser valorizados segun- sexos, profissões, etc.;
do o princípio do rendimento perdido ou • as taxas dos serviços de saúde e as suas
segundo outros critérios actuariais simi- dinâmicas no tempo;
lares. • as dinâmicas dos custos de pessoal;
• as dinâmicas dos custos dos medica-
Taxa de rentabilidade económica* Hospitais
mentos, dos produtos e dos serviços essen-
Mínima 10,00 ciais;
Máxima 23,10
Média 14,57 • o valor e as dinâmicas dos riscos criados ao
Desvio-padrão 6,03 formular diagnósticos ou ao prestar cuida-
* Amostra: 3 grandes projectos em 5 no sector incluídos na dos de saúde.
amostra de 400 projectos combinados.
103
3.10 Florestas e parques
104
3.11 Infra-estruturas de telecomunicações
105
3.11 Infra-estruturas de telecomunicações
106
3.11 Infra-estruturas de telecomunicações
107
3.12 Parques industriais e parques tecnológicos
108
3.12 Parques industriais e parques tecnológicos
109
3.13 Indústrias e outros investimentos produtivos
• o custo de determinados factores de pro- • uma lista das quantidades anuais de facto-
dução essenciais (mão-de-obra, aquisição res de produção, nomeadamente, maté-
de bens e serviços para a produção dos ser- rias-primas, produtos semi-acabados, de
viços imobiliários); serviços, de mão-de-obra (repartida
• se foram quantificadas, as taxas de morta- segundo a categoria e a especialização),
lidade prematura e de nascimento de etc., antes e depois da intervenção;
novas empresas. • o volume de negócios, a margem bruta
operacional e o lucro bruto e líquido, o
cash-flow, o rácio de endividamento e de
3.13 Indústrias e outros outros indicadores de balanço, antes e
depois da intervenção;
investimentos produtivos • uma descrição do mercado coberto pela
empresa e o posicionamento desta antes e
3.13.1 Definição dos objectivos depois da intervenção (por exemplo, espe-
A intervenção pode ser classificada numa das cificando as quotas por produto e área
seguintes categorias: geográfica e suas respectivas dinâmicas);
• a estrutura das empresas (funções, depar-
• projectos que visem incentivar a industri- tamentos, procedimentos, sistemas de
alização de todos os sectores nas áreas rela- qualidade, sistemas de informação, etc.)
tivamente menos desenvolvidas, antes e depois da intervenção;
• projectos que possuam importância estra- • uma descrição dos instrumentos e do
tégica e que requeiram fundos significa- equipamento principal e auxiliar;
tivos (por exemplo, determinados seg-
mentos do sector energético); • uma descrição dos imóveis da empresa e
das áreas ligadas;
• projectos que visem incentivar o desenvol-
vimento tecnológico em sectores especí- • os pontos de descarga dos resíduos líqui-
ficos ou aplicar tecnologias mais promete- dos e/ou gasosos e uma descrição das
doras, que requeiram um investimento instalações de tratamento;
inicial elevado (por exemplo, o desenvolvi- • os resíduos (tipos e quantidades) e os sis-
mento de supercondutores eléctricos, a temas de recolha e tratamento.
aplicação de tecnologias para a utilização
de energia de fontes renováveis); 3.13.3 Análise de viabilidade e opções
• projectos destinados a criar novos empre- Questão-chave: os parâmetros são especí-
gos em áreas onde se verificou um declínio ficos e dependem de factores como o sector
das unidades de produção existentes; em que a empresa exerce a sua actividade, o
• projectos que visem incentivar a instalação tipo de produto ou as tecnologias de pro-
e desenvolvimento de novas empresas dução utilizadas.
(PME ou empresas artesanais).
A análise das alternativas deve tomar em
3.13.2 Identificação do projecto consideração diferentes métodos de financia-
Será útil fornecer uma descrição precisa da mento (por exemplo, o financiamento da
empresa (ou do grupo de empresas) que irá conta de juros, em vez da conta de capital, o
beneficiar da intervenção: financiamento por contratos de leasing ou de
outros métodos de financiamento), outras
• uma lista das categorias de bens ou ser- soluções técnicas ou tecnológicas para o pro-
viços produzidos pela empresa antes da jecto proposto, assim como alternativas glo-
intervenção e daqueles que irão resultar bais )por exemplo, o fornecimento de ser-
desta; viços imobiliários a custos inferiores).
110
3.13 Indústrias e outros investimentos produtivos
111
3.13 Indústrias e outros investimentos produtivos
112
Anexo A
Indicadores de desempenho
dos projectos
113
A.1 Valor actual líquido (VAL)
anos. Ademais, os valores negativos dos pri- no gráfico 3. Neste caso, só a utilização de um
meiros anos são mais ponderados do que os valor i determinado permite uma escolha
valores positivos durante os últimos anos. Isto clara entre os projectos.
significa que a escolha do horizonte temporal
é essencial para determinar o VAL. Além dis- Com se refere no capítulo 2, o valor actual
so, a escolha do factor de actualização (isto é, líquido pode ser um VAL financeiro se for
da taxa de juro na fórmula at) influencia o cál- calculado na análise financeira com variáveis
culo do VAL (ver igualmente o gráfico 1). financeiras, ou um VAL económico se for
calculado na análise económica.
VAN
VAN
Projecto 1
Projecto 2
Gráfico 1 VAL como função de i.
114
A.3 Relação custo-benefício
B/C = VA(A)/VA(C)
115
A.3 Relação custo-benefício
VAN VAN
i i
116
Anexo B
Escolha da taxa de
actualização
B.1 Taxa de
actualização financeira
Na literatura e na prática, encontram-se dife- vezes sugere-se que a verdadeira taxa de actu-
rentes pontos de vista quanto à taxa de actu- alização deve medir o custo do capital utili-
alização a considerar na análise financeira zado para o projecto específico. Consequen-
dos projectos de investimento. Existe uma temente, a referência para um projecto públi-
literatura académica substancial sobre a defi- co pode ser o rendimento real das obrigações
nição e o cálculo das taxas de actualização e de Estado (o custo marginal do défice públi-
não é necessário resumi-la aqui (ver a biblio- co) ou a taxa de juro real a longo prazo dos
grafia). No entanto, os empreendedores e os empréstimos comerciais (se o projecto preci-
avaliadores de projectos devem compreender sar de fundos privados). Este método e’ bas-
as noções básicas em que se fundamente a tante simples, mas pode dar resultados
escolha de uma taxa de actualização. distorcidos. Saliente-se que, no quadro desta
abordagem, utilizamos o custo actual do
Uma definição geral e pouco contestada da capital para determinar o custo de oportuni-
taxa de actualização financeira é o custo de dade deste último, e os dois conceitos são
oportunidade do capital. O custo de oportu- diferentes. Com efeito, a melhor opção alter-
nidade significa que, quando investimos nativa pode ter resultados muito mais eleva-
capital num projecto, renunciamos a obter dos do que a taxa actual interna sobre os
um rendimento no quadro de um outro pro- empréstimos públicos ou privados.
jecto. Procedendo a este investimento,
encontramos, portanto, um custo implícito: A segunda abordagem fixa um limite máxi-
a perda de rendimentos que um outro pro- mo para a taxa de actualização porque toma
jecto geraria. em consideração o rendimento (perdido)
que a melhor solução alternativa de investi-
Tendo presente esta definição geral, devemos mento teria permitido obter. Na prática, o
agora calcular de forma empírica o custo de custo de oportunidade do capital é calculado
oportunidade do capital para um determi- analisando o rendimento marginal de uma
nado projecto, num dado país e num dado carteira de títulos no mercado financeiro
momento. internacional, a longo prazo e com um risco
mínimo. Por outras palavras, a solução alter-
Fundamentalmente, existem três abordagens nativa ao rendimento do projecto não é a
que permitem identificar a taxa de actuali- compra de obrigações públicas ou privadas,
zação financeira apropriada e que passa- mas sim o rendimento de uma carteira
remos rapidamente em revista. financeira apropriada.
117
B.2 Taxa de actualização social
118
B.2 Taxa de actualização social
Em Itália, nos termos das novas orientações 1 Uma concepção tradicional, segundo a
relativas aos estudos de viabilidade44, a taxa de qual o investimento público marginal deve
actualização está actualmente fixada em 5%. ter o mesmo rendimento que o investi-
mento privado, sendo os projectos inter-
Em Espanha, foram fixados diferentes valo- mutáveis.
res de taxas de actualização social segundo o
sector em causa: 6% em termos reais para os 2 Uma outra concepção que consiste em uti-
transportes45 e 4% para os projectos relativos lizar uma fórmula baseada na taxa a longo
aos recursos hídricos prazo do crescimento da economia. Uma
fórmula aproximativa é a seguinte:
Em França, a taxa de actualização fixada pelo
Commissariat Général du Plan é igual a 8% r = ng + p
em termos reais, ainda que esta taxa não ten-
ha sido actualizada desde 1984. em que r é a taxa de actualização social real
dos fundos públicos, expressa numa divisa
Nos Estados Unidos, o OMB (Office of
apropriada (por exemplo, o euro); g é a taxa
Management and Budget) propõe diversas
de crescimento das despesas públicas; n
taxas de actualização. Especificamente, na
representa a elasticidade do bem-estar social
presunção de que os investimentos públicos
em relação às despesas públicas e p é uma
(definidos como os projectos que geram
taxa de preferência intertemporal pura. Por
bem-estar social) deslocam o consumo pri-
exemplo, suponhamos que as despesas públi-
vado, a taxa de actualização a utilizar é de 7%
cas de assistência aos pobres (ou seja, as des-
em termos reais ou calculados por meio da
pesas mais valorizadas no plano social)
abordagem preço fictício capital, que permi-
aumentam a uma taxa real anual igual à
te deslocações tanto do consumo como da
média do consumo per capita, digamos 2%, e
produção.
que a elasticidade do bem-estar social em
Os investimentos internos do Governo (pro- relação a este tipo de despesas é de 1 a 2. Se a
jectos com impacte exclusivamente na dívida preferência intertemporal pura é de cerca de
do Estado) devem ser actualizados utilizando 1%, a taxa de actualização social real situar-
as taxas de empréstimo do Tesouro. O CBO se-á entre os 3 e os 5%.
(Congressional Budget Office) e o GAO
(General Accounting Office) prevêem que o Esta concepção conduz a valores de taxas de
investimento público pode ser actualizado actualização geralmente inferiores às da abor-
utilizando as taxas de empréstimo do dagem anterior, porque os mercados de capi-
Tesouro. tal são imperfeitos e funcionam num hori-
zonte temporal curto, e actualizam o futuro
Esta variedade de experiências internacionais de forma mais pesada. De facto, segundo uma
reflecte diferentes concepções teóricas e polí- concepção extrema, o Estado deveria ter um
ticas. valor zero para a preferência intertemporal,
uma vez que lhe incumbe proteger os inte-
As principais concepções relativamente à resses de todas as gerações vindouras.
estimativa da taxa de actualização social são
as seguintes: 3 Uma terceira solução consiste em tomar
por base uma referência padrão para a taxa
44
Conferenza dei Presidenti delle Regioni e delle Province Auto-
de actualização, tendo em conta que uma
nome (2001) Studi di fattibilità delle opere pubbliche. Guida per taxa de rentabilidade requerida reflecte um
la certificazione da parte dei Nuclei regionali di valutazione e veri-
fica degli investimenti pubblici. objectivo de crescimento real. Com efeito,
45
Ministerio de Transportes, Turismo y Comunicaciones (1991) a longo prazo, as taxas de juro reais e as
Manual de evaluación de inversiones en ferrocarriles de vía ancha.
Anexo 1. taxas de crescimento deverão convergir.
119
B.2 Taxa de actualização social
8
6
4 baseado na segunda concepção, talvez na
2 margem superior da série de valores razoá-
0 veis segundo os diferentes parâmetros.
-2 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
-4
-6 Por último, quando estão em causa regiões
-8 europeias menos desenvolvidas, um rendi-
-10
mento de 5% é compatível com a terceira
-12
concepção: pode reflectir a necessidade de
UE PAÍSES EM VIAS DE ADESÃO estas regiões investirem a uma taxa de rendi-
Fig. 1 Crescimento do PIB, preços constantes. Variação em % mento superior, para realizarem uma taxa de
crescimento superior à média comunitária
Com base na primeira abordagem, uma taxa (onde a taxa de crescimento real foi nos últi-
de actualização social de 5% para os projec- mos anos de 2,5% a 3%)
tos públicos corresponde a cerca de duas
vezes o rendimento real a longo prazo de Em conclusão, uma taxa de actualização
uma obrigação BEI em euros, o que, portan- social europeia de 5% pode ter justificações
to, não está longe de uma taxa de rentabili- diferentes e convergentes e poderá constituir
dade financeira razoável. Esta situa-se, talvez, uma referência padrão para os projectos co-
na margem inferior do custo de oportuni- financiados pela UE. No entanto, em casos
dade do capital para os investidores privados. específicos, os promotores de projectos
Mas uma taxa de actualização social de 5% podem pretender justificar um valor dife-
também não estará muito longe de um valor rente.
120
Anexo C
A determinação da taxa
de co-financiamento
121
C.2 Regras para a modulação
A taxa será determinada tendo em conta as TRF/C, a TRF/K e a TRE. A lógica deste sis-
características do projecto e, nomeadamente, os tema é mostrada no seguinte diagrama.
resultados da análise económica (…).
C.2.1 Cálculo da taxa interna de
Isto significa que as taxas calculadas no qua- rentabilidade financeira com base no
dro da análise financeira e económica, como custo de investimento total (antes da
a TRF/C, a TRF/K e a TRE, podem ser utili- intervenção comunitária)
zadas para verificar a qualidade do projecto O promotor do projecto deve apresentar um
antes da determinação da taxa de co-finan- cálculo da taxa de rentabilidade financeira
ciamento. Isto torna-se possível quer pela (real) sobre o investimento total, a TRF/C,
harmonização das regras contabilísticas para isto é a taxa interna de rentabilidade quando
a análise financeira e económica (ver capí- são considerados os custos de investimento
tulo 2), quer por um sistema de triplo con- totais, os custos operacionais totais e as recei-
trolo baseado em referências fixas para a tas totais (sem ter em conta as ajudas, o capi-
Cálculo da TRE
122
C.2 Regras para a modulação
46
“Sem União Europeia” significa antes da intervenção comunitária:
é utilizado o custo total do projecto. “Com União Europeia” signi- 47
Este limiar é indicado a título indicativo e pode ser alterado pela
fica após a intervenção: é utilizado o custo total menos a ajuda Comissão; qualquer projecto que gere uma TRF/K superior pode
comunitária. ser considerado como solicitando uma ajuda excessiva.
123
Anexo D
Análise de sensibilidade
e risco
L/dia
efectuados para determinar os valores a atri- 300
buir às três variáveis que devem ser utilizadas 200
na análise. Como podemos ver, ainda que 100
seja possível determinar um valor como sen- 0%
do o mais provável para os dados exami- 10 20 30
nados (por exemplo, a média), os parâmetros N° de amostra
indicam uma variabilidade dos valores.
Gráfico 3 Consumo per capita - (média: 230 litros/dia –
desvio-padrão: 96 litros/dia)
100
Uma vez que foram identificadas as variáveis
essenciais, é necessário, para efectuar a análi-
Casos observados
124
Análise de sensibilidade e risco
1,00 0,15
0,10
0,75
0,05
0,50 0,00
0 5 10 15 20 25
0,25
Gráfico 6 Distribuição triangular simétrica
0,00
0,20% 0,30% 0,40% 0,50% 0,60% 0,70%
125
Análise de sensibilidade e risco
60 50%
40%
Probabilidade
40 30%
20%
20
10%
0 0%
-2,00% -1,00% 0,00% 1,00% 2,00% 3,00% 65,0 67,5 70,0 72,5 75,0 77,5
Milhões de euros
Gráfico 7 Distribuição triangular assimétrica
Gráfico 8 Custo do projecto
segundo métodos analíticos de cálculo das De facto, com uma variação decrescente de
probabilidades compostas de um certo 56 dos custos de investimento e de 13 (com
número de acontecimentos independentes. uma probabilidade de 20%) dos outros cus-
O quadro seguinte mostra um processo de tos, os benefícios aumentam em 74 (com
cálculo possível, utilizando uma apresen- 15% de probabilidade). Substituindo estes
tação desenvolvida em estrutura de árvore novos valores na fórmula de cálculo do VAL,
das variáveis independentes. o resultado é 5.
126
Anexo E
Avaliação monetária dos
serviços ambientais
127
E.2 Avaliação dos impactes ambientais nos projectos de desenvolvimento
Tangibilidade
129
E.3 O que se faz ao medir os benefícios monetários?
Conceitos e técnicas
de avaliação
Métodos directos Métodos indirectos
130
E.3 O que se faz ao medir os benefícios monetários?
131
E.3 O que se faz ao medir os benefícios monetários?
132
E.3 O que se faz ao medir os benefícios monetários?
• compilação da literatura existente sobre Foram criadas algumas bases de dados com a
o tema em estudo (actividades de lazer, finalidade de facilitar as transferências de
saúde humana, poluição do ar e da água, benefícios. É o caso da base de dados EVRI,
etc.); desenvolvida pela Environment Canada e
• avaliação da comparabilidade dos estu- pela Environment Protection Agency. Na
dos seleccionados (similaridade dos ser- base de dados estão actualmente disponíveis
viços ambientais avaliados, diferenças de mais de 700 estudos, mas só uma minoria
rendimento, de instrução, de idade e de são de origem europeia, o que reduz a utili-
outras características socioeconómicas dade da base de dados num contexto euro-
que possam afectar a avaliação); peu de avaliação.
• cálculo dos valores e sua transposição para
o novo contexto de avaliação. À excepção, eventualmente, do método de
transferência de benefícios, a utilização dos
Quando existem vários estudos originais métodos acima referidos depende do contex-
disponíveis, é possível efectuar uma meta- to socioeconómico, do tipo de impacte
análise para associar os valores obtidos às ambientais estudados e de outras caracterís-
suas diferentes características ambientais ou ticas como o custo e o tempo necessário para
socioeconómicas. efectuar uma nova avaliação num novo local.
Há três técnicas que podem ser utilizadas A lista acima indica os principais tipos de
para a transferência de benefícios: custos e de benefícios que uma análise cus-
tos-benefícios deve apreciar. Percorrendo a
• a transferência da média de benefícios, lista, afigura-se cada vez mais difícil deduzir
quando se presume que a afectação ao estimativas credíveis do valor que as pessoas
bem-estar experimentada pela média dos atribuem a um bem e haverá, provavelmente,
indivíduos de um local é igual à esperada mais desacordo sobre a utilização de avalia-
no novo local; ções baseadas nas preferências do público.
• a transferência de valores ajustados, quan- Consequentemente, quanto mais se desce na
do a média é ajustada segundo diferentes lista, mais numerosos são os métodos de
critérios, como o das características socio- avaliação que tomam em consideração ele-
económicas dos indivíduos, a diferença de mentos éticos, como a consulta pública ou a
qualidades e de disponibilidade; análise multicritérios, que deverão ser facil-
• a transferência de funções de benefícios: a mente aceites pelos interessados, com um
relação existente é aplicada com os dados maior consenso do que no caso da análise em
relativos ao novo local. valores monetários.
133
E.4 As diferentes etapas de uma análise custos-benefícios
134
Anexo F
Capacidade para pagar e
avaliação do impacte distributivo
135
Capacidade para pagar e avaliação do impacte distributivo
50
O índex Gini incorpora informações muito detalhadas numa esta-
tística única que resume a dispersão de rendimentos de uma
população. Pode ser expresso sob a forma de proporção ou de
percentagem. É igual a 0 quando a distribuição é totalmente igua-
litária. Se o rendimento total da sociedade estiver concentrado
numa única família, deixando as outras sem qualquer rendi-
mento, então o índex Gini é igual a 1, isto é, a 100%.
136
Anexo G
Quadro sintético de um estudo
de viabilidade
A.1 Síntese
2.1 Elementos relevantes do contexto socioeconómico dades nacionais (governos centrais, regiões,
2.1.1 Aspectos territoriais e ambientais outras); pessoas privadas
2.1.2 Elementos demográficos 2.2.3 Cobertura financeira por parte das fontes acima
2.1.3 Elementos socioculturais referidas
2.1.4 Aspectos económicos 2.2.4 Obrigações administrativas e processuais; autori-
2.2 Aspectos institucionais e políticos dades decisoras do projecto; obrigações de
2.2.1 Perspectiva política geral programação territorial; licenças/autorizações;
2.2.2 Fontes de financiamento (especificar se se trata exigências para as licenças e incentivos
de empréstimos ou de subvenções); instrumentos 2.2.5 Tempos de espera para: licenças/autorizações;
comunitários (FEDER, BEI, FC, FSE, etc.); autori- licenças/incentivos a pagar
137
Quadro sintético de um estudo de viabilidade
A.6 Localização
A.7 Execução
8.1 Pressupostos de base de análise financeira 8.8 Plano financeiro (quadro mostrando o cash-flow de
8.1.1 Horizonte temporal cada ano)
8.1.2 Preços dos factores de produção e dos produtos 8.9 Balanço (créditos e dívidas)
do projecto 8.10 Conta de perdas e lucros
8.1.3 Taxa real de actualização financeira 8.11 Determinação do cash-flow líquido
8.2 Investimentos fixos 8.11.1 Cash-flow líquido para calcular o rendimento total
8.3 Despesas antes de produção (goodwill) do investimento (investimentos no projecto)
8.4 Capital de trabalho 8.11.2 Cash-flow líquido para calcular o rendimento dos
8.5 Investimento total fundos ou do capital (público/privado) dos
8.6 Receitas e custos operacionais interessados
8.7 Fontes de financiamento 8.12 Valor actual líquido/taxa interna de rentabilidade
9.1 Unidade de conta e de actualização para a análise 9.3.5 Benefícios não monetários, incluindo os aspectos
custos-benefícios ambientais
9.2 Análise dos custos sociais 9.4 Taxa de rentabilidade económica ou valor actual
9.2.1 Distorções dos preços dos produtos líquido do projecto em termos monetários
9.2.2 Distorções dos salários 9.5 Critérios de avaliação adicionais
9.2.3 Aspectos fiscais 9.5.1 Apresentação dos resultados em termos de objec-
9.2.4 Custos externos tivos gerais das políticas comunitárias
9.2.5 Custos não monetários, incluindo os aspectos 9.5.2 Aumento do rendimento social comunitário
ambientais 9.5.3 Redução das disparidades do PNB por habitante
9.3 Análise das vantagens sociais entre regiões da UE
9.3.1 Distorções do preço dos produtos 9.5.4 Aumento da taxa de emprego
9.3.2 Benefícios sociais de uma melhoria do emprego 9.5.5 Melhoria da qualidade do ambiente
9.3.3 Aspectos fiscais 9.5.6 Outros objectivos da Comissão e das autoridades
9.3.4 Benefícios externos regionais e nacionais
10.1 Definição das variáveis essenciais que contribuem 10.1.5 Varáveis financeiras
para a análise de sensibilidade 10.1.6 Variáveis económicas
10.1.1 Variáveis relativas à oferta e à procura 10.2 Cenário(s) de simulação, mais favorável e menos favo-
10.1.2 Variáveis relativas aos produtos rável
10.1.3 Recursos humanos 10.3 Análise de probabilidades
10.1.4 Duração e variáveis de execução
138
Glossário
Alguns termos chaves para
a análise dos projectos
139
Análise financeira
Período contabilístico: intervalo entre as futuro, pela aplicação de uma taxa de actua-
entradas sucessivas numa conta. Na análise lização, por exemplo, multiplicando os valo-
do projecto, o período contabilístico é geral- res futuros por um coeficiente que diminui
mente o ano, mas pode ser qualquer outro com o tempo.
período de tempo adequado.
Análise financeira: análise que permite pre-
Programa: série coordenada de projectos dis- ver quais os recursos financeiros que
tintos em relação ao qual estão claramente cobrirão as despesas. Permite, nomeada-
definidos o quadro político, o objectivo, o mente, 1. verificar e garantir o equilíbrio de
orçamento e os prazos. tesouraria (verificação da viabilidade finan-
ceira); 2. calcular os índices de rentabilidade
Projecto: actividade de investimento na qual financeira do projecto de investimento com
são aplicados recursos (os custos) com vista a base nos fluxos de tesouraria líquidos actua-
criar activos que permitam produzir benefí- lizados, exclusivamente em relação à unidade
cios durante um período de tempo prolon- económica que gere o projecto (empresa,
gado e possuindo, logicamente, uma unidade organismo de gestão).
de programação, de financiamento e de exe-
cução. Um projecto constitui, portanto, uma Benefício líquido: montante que resta depois
actividade definida, com um ponto de parti- de todos os fluxos de saída serem subtraídos
da e um ponto de chegada específicos, desti- dos fluxos de entrada. Actualizando o bene-
nada a atingir um objectivo preciso. Pode ser fício líquido antes do financiamento, mede-
igualmente considerado como o mais peque- se o valor acrescentado do projecto em
no elemento operacional preparado e execu- relação a todos os recursos aplicados; actua-
tado como entidade distinta no interior de lizando o benefício líquido após o financia-
um plano ou programa nacional. Um projec- mento, mede-se o valor acrescentado do pro-
to pode produzir benefícios avaliáveis em jecto em relação aos fundos próprios apli-
termos monetários ou benefícios intangíveis. cados.
140
Análise financeira
141
Análise económica
142
Outros elementos de avaliação
reflectir o custo económico real dos factores Análise de sensibilidade: técnica analítica
de produção e os benefícios reais dos produ- que permite testar de forma sistemática o
tos para a sociedade (v. Análise económica). efeito nas variáveis de saída de um projecto
(como os rácios de rentabilidade VAL e TIR),
Taxa de actualização social: opõe-se à taxa de as variações das variáveis de entradas (facto-
actualização financeira. Procura reflectir o res de produção, preços, taxas de actuali-
ponto de vista social sobre a forma como zação, etc.). Trata-se de um método bastante
deverá ser avaliado o futuro em relação ao rudimentar para tratar a incerteza sobre
presente. valores e acontecimentos futuros. É efectu-
ada fazendo variar um elemento ou uma
Taxa (interna) de rentabilidade económica combinação de elementos e determinando o
(TRE): indicador da rentabilidade socioeco- efeito desta alteração sobre os resultados.
nómica de um projecto. Pode ser diferente da
taxa de rentabilidade financeira (TRF), devi- Análise de impacte: avaliação das alterações
do a distorções de preços no mercado. A ou dos efeitos a longo prazo na sociedade
determinação da TRE implica a utilização de ligados aos objectivos globais e que podem
preços contabilísticos e o cálculo da taxa de ser atribuídos à intervenção realizada. O
actualização torna os benefícios do projecto impacte deve ser expresso na unidade de
iguais aos custos actuais. Por outras palavras, medida adoptada para indicar os problemas
o valor actual líquido económico (VALE) é que se pretende resolver.
igual a zero.
Análise de risco: estudo das probabilidades
de um projecto obter uma taxa de rentabili-
Outros elementos de dade satisfatória e da variabilidade em
avaliação relação à melhor estimativa da taxa de renta-
bilidade. Embora a análise de risco forneça
uma melhor base do que a análise de sensibi-
Análise custo-eficácia: técnica de avaliação e
lidade para avaliar o risco de um projecto
controlo utilizada quando os benefícios não
individual ou o risco relativo de projectos
podem, razoavelmente, ser calculados em
alternativos, nada faz, por si só, para dimi-
termos monetários. Habitualmente, é efectu-
nuir os riscos.
ada calculando o custo por unidade de bene-
fício; implica uma avaliação dos benefícios,
mas não lhes atribui necessariamente um Análise multicritérios: metodologia de avali-
valor monetário ou económico. ação que tem em conta, simultânea ou
sequencialmente, diversos objectivos através
Análise de viabilidade financeira: análise da atribuição de um peso a cada objectivo
efectuada para verificar que os recursos mensurável.
financeiros são suficientes para cobrir todas
as saídas financeiras, ano por ano, dentro da Análise SWOT: análise que descreve de for-
totalidade do horizonte temporal do projec- ma sistemática as características intrínsecas
to. tanto do projecto como do contexto no qual
este é realizado. Permite comparar diferentes
Análise de impacte ambiental: análise que cenários. Põe em evidência os factores inter-
identifica os efeitos no ambiente de um pro- nos que podem servir de apoio (forças-
jecto de investimento. Compreende a pre- strengths) ou que devem ser compensados
visão de potenciais emissões poluentes na (fraquezas-weaknesses) e os factores externos
água, no ar e no solo, as perdas de biodiversi- favoráveis (oportunidades-opportunities) ou
dades e de valores paisagísticos. desfavoráveis (ameaças-threats).
143
Outros elementos de avaliação
144
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OBSERVAÇÕES SUPLEMENTARES SOBRE SECTORES ESPECÍFICOS
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