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2003

Manual de análise de custos e benefícios


(Fundos
estruturais - FEDER, dos projectos de investimento
Fundo de Coesão
e ISPA)

Preparado por:
Unidade responsável
pela avaliação
DG Política Regional
Comissão Europeia
No quadro do programa de estudos e de assistência técnica no domínio das políticas regionais
traçadas pela Comissão, foi constituída uma equipa encarregada de preparar uma nova edição
do anterior Manual de Análise dos Custos e Benefícios dos Grandes Projectos, publicado em 1997.
Esta equipa, coordenada pelo Professor Massimo Florio, era ainda composta por Ugo Finzi,
Mario Genco (análise de riscos, distribuição e tratamento de água), François Levarlet (gestão
de resíduos), Silvia Maffii (transportes), Alessandra Tracogna (coordenação do texto do capí-
tulo 3, anexo sobre a taxa de actualização e bibliografia) e Silvia Vignetti (coordenação do tex-
to).

Acrónimos
ACB Análise dos custos e benefícios SIAA Serviço integrado de abastecimento
AIA Análise de impacte ambiental de água
C/B Rácio custos-benefícios TIRE Taxa (interna) de rentabilidade
BEI Banco Europeu de Investimento económica
FC Fundo de Coesão TIRF Taxa (interna) de rentabilidade
fc Factor de conversão financeira
FCP Factor de conversão padrão TIRF/C Taxa (interna) de rentabilidade
FE Fundos estruturais financeira calculada sobre o custo
FEDER Fundo Europeu de do investimento
Desenvolvimento Regional TIRF/K Taxa (interna) de rentabilidade
ISPA Instrumento Estrutural de financeira calculada sobre os fundos
Pré-Adesão próprios
IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado VALE Valor actual líquido económico
PPP Princípio do poluidor-pagador VALF Valor actual líquido financeiro

2
Manual de análise de custos e benefícios
dos projectos de investimento
Índice

Acrónimos 2 Capítulo 3: Linhas gerais da análise de


Índice 4 projectos por sector 46
Enquadramento 46
Preâmbulo 6 3.1 Tratamento de resíduos 47
Linhas gerais da nova edição Introdução 47
3.1.1 Definição dos objectivos 47
do manual 7
3.1.2 Identificação do projecto 48
3.1.3 Análise de viabilidade e opções 49
3.1.4 Análise financeira 52
Capítulo 1: Avaliação dos projectos 3.1.5. Análise económica 52
no quadro dos Fundos estruturais, 3.1.6 Outros critérios de avaliação 55
do Fundo de Coesão e do ISPA 10 3.1.7 Análise de sensibilidade e risco 56
3.1.8 Estudo de caso: investimento numa
Enquadramento 10 incineradora com recuperação
1.1 Âmbito e objectivos 10 de energia 57
1.2 Definição do projecto 11 3.2 Distribuição e depuração da água 59
1.3 Responsabilidade pela avaliação ex ante 12 Introdução 59
1.4. Informações necessárias 13 3.2.1. Definição dos objectivos 59
3.2.2 Identificação do projecto 61
3.2.3 Análise de viabilidade e opções 61
Capítulo 2: Plano para o avaliador 3.2.4 Análise financeira 64
do projecto 16 3.2.5 Análise económica 65
Enquadramento 16 3.2.6 Outros critérios de avaliação 66
2.1 Definição de objectivos 16 3.2.7 Análise de sensibilidade e risco 67
2.2 Identificação do projecto 18 3.2.8 Estudo de caso: a infra-estrutura de
gestão do serviço integrado de
2.2.1 Projectos claramente identificados 18
abastecimento de água (SIAA) 67
2.2.2 Limiar financeiro 18
3.3 Transportes 77
2.2.3 Definição dos projectos 19
3.3.1 Definição dos objectivos 78
2.3 Análise de viabilidade e opções 20 3.3.2 Identificação do projecto 78
2.4 Análise financeira 21 3.3.3 Viabilidade e análise das diferentes
2.4.1 O horizonte temporal 22 alternativas 79
2.4.2 Determinação dos custos totais 26 3.3.4 Análise financeira 83
2.4.3 Receitas geradas pelo projecto 27 3.3.5 Análise económica 83
2.4.4 Valor residual do investimento 27 3.3.6 Outros critérios de avaliação 86
2.4.5 Contabilização da inflação 28 3.3.7 Análises de sensibilidade,
2.4.6 Viabilidade financeira (quadro 2.4) 28 de cenários e de risco 86
2.4.7 Determinação da taxa de actualização 28 3.3.8 Estudo de caso: investimento
2.4.8 Determinação dos indicadores de numa auto-estrada 87
desempenho 29 3.4 Transporte e distribuição de energia 92
2.4.9 Determinação da taxa de 3.4.1 Definição dos objectivos 92
co-financiamento 30 3.4.2 Identificação do projecto 92
2.5 Análise económica 30 3.4.3 Análise de viabilidade e opções 93
2.5.1 Fase 1 – Correcções fiscais 31 3.4.4 Análise financeira 93
2.5.2 Fase 2 – Correcção das externalidades 33 3.4.5 Análise económica 93
3.4.6 Outros critérios de avaliação 93
2.5.3 Fase 3 – Dos preços do mercado
3.4.7 Análise de sensibilidade e risco 93
aos preços fictícios 35
3.5 Produção de energia 93
2.5.4 Actualização 38
3.5.1 Definição dos objectivos 93
2.5.5 Cálculo da taxa interna de 3.5.2 Identificação do projecto 94
rentabilidade económica 39 3.5.3 Análise de viabilidade e opções 94
2.6 Análise multicritérios 39 3.5.4. Análise financeira 94
2.7 Análise de sensibilidade e risco 42 3.5.5 Análise económica 95
2.7.1 Prever as incertezas 42 3.5.6 Outros elementos de avaliação 95
2.7.2 Análise de sensibilidade 42 3.5.7 Análise de sensibilidade e risco 95
2.7.3 Análise de cenário 43 3.6 Portos, aeroportos e redes de infra-estruturas 96
2.7.4 Análise de probabilidade do risco 44 3.6.1 Definição dos objectivos 96

4
Índice

3.6.2 Identificação do projecto 96 Anexos 113


3.6.3 Análise de viabilidade e opções 96
Anexo A Indicadores de desempenho dos projectos 113
3.6.4 Análise financeira 96
A.1 Valor actual líquido (VAL) 113
3.6.5 Análise económica 97 A.2 Taxa interna de rentabilidade 115
3.6.6 Outros elementos de avaliação 97 A.3 Relação custo-benefício 115
3.6.7 Análise de sensibilidade e risco 98 Anexo B Escolha da taxa de actualização 117
3.7 Infra-estruturas de formação escolar B.1 Taxa de actualização financeira 117
e profissional 98 B.2 Taxa de actualização social 118
3.7.1 Definição dos objectivos 98 Anexo C A determinação da taxa de
3.7.2 Identificação do projecto 98 co-financiamento 121
3.7.3 Análise de viabilidade e opções 98 C.1 Quadro regulamentar 121
3.7.4 Análise financeira 99 C.2 Regras para a modulação 121
3.7.5 Análise económica 99 C.2.1 Cálculo da taxa interna de
3.7.6 Outros elementos de avaliação 100 rentabilidade financeira com base
3.7.7 Análise de sensibilidade e risco 100 no custo de investimento total
3.8 Museus e parques arqueológicos 100 (antes da intervenção comunitária) 122
3.8.1 Definição dos objectivos 100 C.2.2 Cálculo da taxa interna de
rentabilidade financeira sobre o capital
3.8.2 Identificação do projecto 100
nacional (após a subvenção comunitária) 123
3.8.3 Análise de viabilidade e opções 100
C.2.3 Cálculo da taxa de rentabilidade económica 123
3.8.4 Análise financeira 101
Anexo D Análise de sensibilidade e risco 124
3.8.5 Análise económica 101 Anexo E Avaliação monetária dos serviços
3.8.6 Outros elementos de avaliação 101 ambientais 127
3.8.7 Análise de sensibilidade e risco 101 E.1 Porque se avalia o ambiente? 127
3.9 Hospitais e outras infra-estruturas E.2 Avaliação dos impactes ambientais
no domínio da saúde 101 nos projectos de desenvolvimento 127
3.9.1 Definição dos objectivos 101 E.3 O que se faz ao medir os benefícios
3.9.2 Identificação do projecto 102 monetários? 129
3.9.3 Análise de viabilidade e opções 102 E.4 As diferentes etapas de uma análise
3.9.4 Análise financeira 102 custos-benefícios 134
3.9.5 Análise económica 102 Anexo F Capacidade para pagar e avaliação
3.9.6 Outros elementos de avaliação 103 do impacte distributivo 135
3.9.7 Análise de sensibilidade e risco 103 Anexo G Quadro sintético de um estudo
3.10 Florestas e parques 103 de viabilidade 137
A.1 Síntese 137
3.10.1 Definição dos objectivos 103
A.2 Contexto socioeconómico 137
3.10.2 Identificação do projecto 104
A.3 Oferta e procura dos produtos do projecto 137
3.10.3 Análise de viabilidade e opções 104
A.4 Outras tecnologias e plano de produção 137
3.10.4 Análise financeira 105 A.5 Recursos humanos 137
3.10.5 Análise económica 105 A.6 Localização 138
3.10.6 Outros elementos de avaliação 105 A.7 Execução 138
3.10.7 Análise de sensibilidade e risco 105 A.8 Análise financeira 138
3.11 Infra-estruturas de telecomunicações 105 A.9 Análise socioeconómica 138
3.11.1 Definição dos objectivos 105 A.10 Análise dos riscos 138
3.11.2 Identificação do projecto 106
3.11.3 Análise de viabilidade e opções 107
3.11.4 Análise financeira 107
Glossário Alguns termos chaves
3.11.5 Análise económica 107 para a análise dos projectos 139
3.11.6 Outros elementos de avaliação 107 Glossário básico 139
3.11.7 Análise de sensibilidade e risco 107 Análise financeira 140
3.12 Parques industriais e parques tecnológicos 108 Análise económica 142
3.12.1 Definição dos objectivos 108 Outros elementos de avaliação 143
3.12.2 Identificação do projecto 108
3.12.3 Análise de viabilidade e opções 108 Bibliografia
3.12.4 Análise financeira 108 Generalidades 145
3.12.5 Análise económica 109 Agricultura 145
3.12.6 Outros elementos de avaliação 109 Água 146
3.12.7 Análise de sensibilidade e risco 109 Energia 146
3.13 Indústrias e outros investimentos produtivos 110 Ambiente 147
3.13.1 Definição dos objectivos 110 Formação 147
3.13.2 Identificação do projecto 110 Projectos industriais 148
3.13.3 Análise de viabilidade e opções 110 Saúde 148
Turismo e tempos livres 149
3.13.4 Análise financeira 111
Transportes 149
3.13.5 Análise económica 111
3.13.6 Outros elementos de avaliação 111
3.13.7 Análise de sensibilidade e risco 111 Addendum 151

5
Preâmbulo

A análise dos custos e benefícios (ACB) dos processos de selecção dos projectos e as deci-
projectos de investimento é explicitamente sões financeiras.
exigida pelos novos regulamentos da União
Europeia (UE) que regem os Fundos estrutu- Para cumprir as obrigações que lhe incum-
rais (FE), o Fundo de Coesão (FC) e o Instru- bem em matéria de apreciação dos projectos
mento Estrutural de Pré-Adesão (ISPA) no que os Estados-Membros lhe apresentam no
caso de projectos cujos orçamentos excedam, quadro da política regional, a Comissão (DG
respectivamente, 50, 10 e 5 milhões de euros. Política Regional) utiliza um manual de aná-
lise dos custos e benefícios dos grandes pro-
Sendo os Estados-Membros responsáveis
jectos. Três anos depois da sua última actua-
pela apreciação ex ante dos projectos propos-
tos, compete à Comissão avaliar a qualidade lização, o contexto político, jurídico e técnico
desta apreciação antes de aprovar o co-finan- evoluiu consideravelmente, a ponto de tor-
ciamento e de determinar a respectiva taxa. nar necessária uma nova edição revista.

Há muitas diferenças entre os investimentos A presente versão actualizada oferece aos


em infra-estruturas e os investimentos funcionários europeus, aos consultores exter-
produtivos, assim como entre as regiões e os nos e a todas as partes interessadas um guia
países, entre as teorias e os métodos de avali- para a avaliação de projectos. O texto destina-
ação e ainda, entre os processos de gestão dos se especialmente aos funcionários da União,
três fundos. mas contém igualmente indicações úteis aos
autores de projectos sobre as informações
Contudo, a maior parte dos projectos apre- específicas de que a Comissão necessita.
senta determinados aspectos comuns, e é
conveniente utilizar uma mesma linguagem Na presente edição do manual propõe-se:
na formulação da sua apreciação.
• Integrar no documento a evolução das
políticas comunitárias, dos instrumentos
Para além dos aspectos metodológicos gerais,
financeiros e da análise dos custos e bene-
esta verificação dos custos e benefícios cons-
titui um instrumento útil que estimula o diá- fícios.
logo entre os parceiros, os Estados-Membros • Contribuir para a reflexão da Comissão
e a Comissão, os autores de projectos, os sobre a modulação das taxas de co-finan-
funcionários e os consultores: em suma, tra- ciamento dos projectos.
ta-se de um instrumento de decisão colec- • Fornecer ao leitor uma forma de apoio téc-
tiva. Além disso, torna mais transparentes os nico.

6
Linhas gerais da nova edição
do manual

O manual está dividido em capítulos, com a principais questões nele tratadas. Com base
seguinte estrutura: nos regulamentos relativos ao FEDER, ao
FC e ao ISPA, aqui são expostas as disposi-
• Capítulo 1: avaliação dos projectos no ções jurídicas a respeitar no processo de
quadro dos Fundos estruturais, do Fundo avaliação dos projectos e nas decisões de
de Coesão e do ISPA co-financiamento.
• Capítulo 2: plano para o avaliador do pro-
jecto O elemento essencial deste capítulo consis-
• Capítulo 3: linhas gerais de análise dos te em que, não obstante as diferenças de
projectos, por sector procedimentos e de métodos entre os três
• Anexos fundos, a lógica da análise e o método
• Glossário seguido devem ser homogéneos.
• Bibliografia
1.1. Âmbito e objectivos. Esta secção refe-
Cada capítulo contém: re-se aos objectivos e instrumentos do
FEDER, do FC e do ISPA. Aqui se indicam,
A) Um texto com base nos regulamentos, os principais
C) Quadros e figuras domínios abrangidas pelos Fundos.
D) Caixas.
1.2. Definição dos projectos. Esta secção
As caixas são de dois tipos:
define os projectos aos quais se aplica o
• As que se referem a regulamentos, onde
processo de avaliação nos casos do FEDER,
são recordados os principais aspectos dos
do FC e do ISPA. Indica ainda os principais
regulamentos relativos aos FE, ao FC e ao
sectores de aplicação dos Fundos, os limites
ISPA.
financeiros a respeitar na avaliação dos pro-
• As que fornecem exemplos, qualitativos e
jectos e as diferenças entre as taxas de co-
quantitativos, de questões específicas refe-
financiamento.
ridas no corpo do texto.

Em alguns casos, as caixas e os quadros 1.3. Responsabilidade da avaliação ex ante.


contêm informações essenciais, pelo que Esta secção define, para cada um dos três
sugerimos ao leitor que dedique algum tem- fundos, a responsabilidade da avaliação ex
po à sua análise. ante dos projectos. Destaca igualmente as
principais diferenças introduzidas nesta
Capítulo 1: Avaliação dos projectos no matéria pelos novos regulamentos.
quadro dos Fundos estruturais, do Fundo
de Coesão e do ISPA 1.4. Informações requeridas. Esta secção
Este capítulo constitui uma introdução aos enuncia uma lista das informações reque-
objectivos, ao âmbito de aplicação e às for- ridas para a preparação e avaliação dos pro-
mas de utilização do manual, bem como às jectos.

7
Linhas gerais da nova edição do manual

Capítulo 2: Plano para o avaliador do quadros até ao cálculo da TIRF e do VALF


projecto (tanto para o investimento como para os fun-
Este capítulo fornece instrumentos práticos dos próprios). A abordagem é puramente
que servem, ao mesmo tempo, para a prepa- processual, sendo dados alguns exemplos sob
ração e para a avaliação dos projectos: cada a forma de estudos de casos (em caixa).
secção considera o ponto de vista do autor
do projecto e o ponto de vista do avaliador. A As principais questões técnicas a resolver na
estrutura é claramente orientada para a exe- realização da análise são:
cução do projecto e a informação é igual-
mente apresentada sob a forma de listas de • escolha da perspectiva temporal;
verificação, questões recorrentes e erros fre- • determinação do custo total;
quentes a evitar.
• determinação das receitas totais;

O texto contém as seguintes secções: • determinação do valor residual no fim do


ano;
2.1. Definição dos objectivos. Esta secção diz • tratamento da inflação;
respeito à definição clara, em cada projecto, • viabilidade financeira;
dos principais objectivos a atingir e dos • escolha da taxa de actualização apropriada
resultados esperados. Explica como destacar (ver também o anexo B);
as variáveis socioeconómicas que o projecto • forma de calcular as taxas de rentabilidade
pode influenciar a forma de as medir, a fim financeira e de as utilizar na apreciação do
de avaliar o impacte socioeconómico espe- projecto (ver também anexo A).
rado e o grau de coerência dos objectivos
específicos do projecto com as políticas de 2.5. Análise económica. A partir da análise
desenvolvimento comunitárias. financeira e do quadro dos fluxos finan-
ceiros, o objectivo é o de adoptar um método
2.2. Identificação do projecto. Esta secção normalizado aplicável às três fases da defi-
contém indicações sobre a forma de definir a nição do quadro final destinado à análise
concepção geral do projecto e o quadro lógi- económica:
co no qual este deve ser realizado, de acordo
com as recomendações mais frequentes da
• a correcção dos aspectos fiscais;
análise ACB, com os limites financeiros e
• a correcção das externalidades;
com a definição dos projectos que figuram
nos regulamentos. • a determinação dos factores de conversão.

2.3. Estudo de viabilidade e opções. As reco- Esta secção refere-se aiende à forma de cálcu-
mendações práticas são ilustradas por exem- lo dos custos e dos benefícios sociais de um
plos concretos, nomeadamente no que se projecto e à maneira como estes podem
refere à análise das opções, sendo feita uma influenciar o resultado final. Fornece uma
distinção entre as alternativas modais, tecno- orientação sobre a forma de calcular a taxa
lógicas, geográficas e cronológicas. O anexo de rentabilidade económica e ajuda a
G propõe o esquema-tipo sintético de um compreender o significado económico desta
estudo de viabilidade. taxa para a apreciação do projecto.

2.4. Análise financeira. Contém informações 2.6. Análise multicritérios. Esta secção é
sobre a forma de realizar uma análise finan- dedicada às situações em que a taxa de renta-
ceira. A partir de quadros de base, esta secção bilidade não constitui um indicador de
explica como conduzir o estudo e, em segui- impacte suficiente e em que é necessária uma
da, define os principais pontos a inscrever nos análise complementar.

8
Linhas gerais da nova edição do manual

2.7. Análise de sensibilidade e risco. Indica- C Determinação da taxa de co-financiamento


se, em linhas gerais, a forma de tratar os casos D Análise de sensibilidade e risco
de incerteza nos projectos de investimento. O E Avaliação monetária dos serviços ambien-
anexo D constitui um instrumento de apli- tais
cação desta técnica. F Avaliação dos impactes em matéria de
redistribuição
Capítulo 3: Linhas gerais da análise dos G Esquema sintético de um estudo de viabi-
projectos por sector lidade
Este capítulo descreve mais detalhadamente
as técnicas da ACB por sector. Estão em cau-
sa os seguintes sectores: Glossário
1. Tratamento da água O glossário contém as palavras-chave no
2. Abastecimento de água e saneamento contexto da análise de projectos. Inclui uma
3. Transportes lista dos termos técnicos frequentemente
mais utilizados na ACB dos projectos de
É ainda proposta uma descrição menos deta- investimento.
lhada do exercício de ACB para os seguintes
sectores:
4. Transporte e distribuição de energia Bibliografia
5. Produção de energia Esta secção propõe referências seleccionadas
6. Portos, aeroportos e infra-estruturas em para um estudo aprofundado das técnicas
rede mais utilizadas na ACB.
7. Infra-estruturas de formação
8. Museus e parques arqueológicos A bibliografia está estruturada da seguinte
9. Hospitais forma:
10. Florestas e parques • Generalidades
11. Infra-estruturas de telecomunicações • Agricultura
12. Parques industriais e parques tecnoló-
• Água
gicos
• Energia
13. Indústrias e outros investimentos produ-
• Ambiente
tivos
• Formação
Anexos • Projectos industriais
Esta secção analisa algumas questões técnicas • Saúde
e formula recomendações para melhorar a • Turismo e lazer
eficácia do método de apreciação. • Transportes

Mais especificamente, os anexos abordam as


seguintes matérias:

A Indicadores de desempenho dos projectos


B Escolha da taxa de actualização

9
Capítulo 1:
Avaliação dos projectos no quadro
dos Fundos estruturais, do Fundo
de Coesão e do ISPA
Enquadramento
O presente capítulo constitui uma intro- O elemento essencial deste capítulo consiste
dução aos objectivos, ao âmbito e ao modo em que, não obstante as diferenças de proce-
de utilização do manual, bem como às prin- dimentos e métodos entre os três fundos, a
cipais questões nele tratadas. Tendo por base lógica económica da análise e o método
os regulamentos do FEDER, do FC e do seguido devem ser homogéneos.
ISPA, o capítulo centra-se nas disposições
regulamentares aplicáveis ao processo de
avaliação dos projectos e à decisão de co- 1.1 Âmbito e objectivos
financiamento.
Os projectos de investimento co-financiados
Este capítulo aborda o quadro regulamentar pelos FE, pelo FC, e pelo ISPA constituem os
que rege o processo de preparação, de avaliação instrumentos de implementação da política
e de co-financiamento de um projecto de regional da UE.
investimento. Mais concretamente, refere-se:
O presente manual tem por objecto os gran-
• ao âmbito e aos objectivos do fundo; des projectos realizados no quadro dos
• à definição do projecto com vista ao pro- Fundos estruturais, nomeadamente no
cesso de avaliação; FEDER (Regulamento 1260/1999), no
• à responsabilidade da avaliação ex ante; Fundo de Coesão, (Regulamento 1264/1999
• às informações requeridas para a avaliação e 1164/94) e no ISPA (Regulamento
ex ante. 1267/1999).

Caixa 1.1. Âmbito e objectivos dos fundos


FE: artigo 1º do Regulamento 1260/1999 (defi- FC: financia projectos no domínio do ambiente c) do artigo 104º do Tratado da UE (Grécia,
nição e objectivos): (aquedutos, barragens e irrigação; estações de Irlanda, Portugal e Espanha).
Os Fundos estruturais, o BEI e os demais instru- depuração, instalações de tratamento de águas e ISPA: artigo 1º do Regulamento 1267/1999 (defi-
mentos financeiros contribuirão, cada um da outras obras de carácter ambiental, incluindo nição e objectivos):
forma apropriada, para a realização dos três reflorestação, controlo da erosão, conservação O ISPA prestará assistência no quadro da prepa-
objectivos prioritários seguintes: 1) promoção do
do ambiente natural e protecção das praias), mas ração da adesão à UE dos seguintes países
desenvolvimento e do ajustamento estrutural das
também as redes transeuropeias de infra-estru- candidatos: Bulgária, Eslováquia, Eslovénia,
regiões menos desenvolvidas, a seguir designado
turas de transportes (vias férreas, aeroportos, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, Repú-
„objectivo nº 1“; 2) apoio à reconversão econó-
mica e social das áreas com dificuldades estru- estradas, auto-estradas, portos) nos Estados- blica Checa e Roménia, a seguir designados „paí-
turais, a seguir designado „objectivo nº 2“; 3) Membros cujo PIB per capita é inferior a 90% da ses beneficiários“, em matéria de coesão econó-
apoio à adaptação e modernização das políticas média comunitária e que adoptem um programa mica e social, no que refere às políticas do ambi-
e sistemas de educação, de formação e de com o objectivo de cumprir os critérios de ente e dos transportes, nos termos do presente
emprego, a seguir designado „objectivo nº 3“. convergência económica estabelecidos na alínea regulamento.
10
1.2 Definição do projecto

Nos termos destes regulamentos, os investi- • um projecto é uma série de acções indivi-
mentos em infra-estruturas e os investi- síveis no plano económico, associadas a
mentos produtivos podem ser financiados uma função técnica específica e dotadas de
através de um ou vários instrumentos finan- objectivos identificáveis;
ceiros da Comunidade – essencialmente, as • uma fase de projecto é técnica e financei-
subvenções sem garantia (FE, Fundo de ramente independente e tem a sua efici-
Coesão), mas também os auxílios não reem- ência própria;
bolsáveis, no caso do ISPA, empréstimos e • um grupo de projectos é um conjunto de
outros instrumentos financeiros (Banco projectos que preenchem as três condições
Europeu de Investimento, Fundo Europeu de seguintes:
Investimento). - estão localizados na mesma área geográ-
fica ou situados num mesmo eixo de tran-
Os Fundos estruturais da União Europeia sportes;
podem financiar projectos extremamente - inserem-se num plano geral relativo a esta
diversificados, tanto do ponto de vista do área ou eixo;
sector em questão como do da dimensão - são supervisionados pelo um organismo,
financeira do investimento. responsável pela sua coordenação e pelo
seu acompanhamento.
Enquanto o FC e o ISPA financiam projectos
unicamente nos domínios dos transportes e Em relação a cada um destes projectos, seja
do ambiente, os FE, em especial o FEDER, qual for a sua dimensão financeira, o autor
podem financiar igualmente projectos no
domínio da energia, da indústria e do sector Caixa 1.2. Limiares financeiros
dos serviços.
FE – artigo 25º do Regulamento 1260/1999: Os Fundos podem
financiar, no âmbito de uma intervenção, despesas decorrentes
1.2 Definição do de grandes projectos, ou seja, projectos: a) que englobem um
conjunto de trabalhos economicamente indivisíveis com uma
projecto função técnica precisa e visem objectivos claramente identifi-
cados, e b) cujo custo total tomado em consideração para deter-
Os regulamentos relativos aos Fundos estru- minar o montante da participação dos Fundos seja superior a 50
turais definem a dimensão financeira dos milhões de euros.

projectos avaliados pela Comissão: o seu cus- FC – nº 3 do artigo 10º do Regulamento 1164/94: Os pedidos de
to não deve ser inferior a 50 milhões de concessão de apoio para projectos abrangidos pelo nº 1 do artigo
euros. 3º serão apresentados pelos Estados-Membros interessados. Os
projectos e grupos de projectos inter-relacionados deverão ter
dimensão suficiente para produzirem um impacte significativo
Por outro lado, os regulamentos relativos ao
nos domínios da protecção do ambiente ou da melhoria das redes
Fundo de Coesão e ao ISPA, que indicam o transeuropeias de infra-estruturas de transportes. O custo total
limiar financeiro a ter em consideração (10 de um projecto ou grupo de projectos não poderá, em princípio,
milhões de euros no caso do Fundo de ser inferior a 10 milhões de euros. Em casos devidamente justifi-
Coesão e 5 milhões no caso do ISPA) para cados, poderão ser aprovados projectos ou grupos de projectos
evitar uma excessiva fragmentação dos pro- de valor inferior.
jectos e garantir que os fundos são utilizados ISPA: nº 2, alínea b), do artigo 2º do Regulamento 1267/1999: As
de forma integrada e sistemática, definem medidas deverão ter uma dimensão suficiente para produzirem
detalhadamente os termos “projecto” e “fase um impacte significativo no domínio da protecção do ambiente ou
de projecto”. Podem ser financiadas pelo na melhoria das redes de infra-estruturas de transportes. O custo
Fundo de Coesão e pelo ISPA, nos termos total de cada medida não deverá, em princípio, ser inferior a 5
dos respectivos regulamentos, os tipos de milhões de euros. Em casos excepcionais e devidamente justifi-
cados, tendo em conta as circunstâncias específicas em causa, o
medidas a seguir definidos:
custo total de uma determinada medida poderá ser inferior a 5
milhões de euros.
1.3 Responsabilidade pela avaliação ex ante

deve efectuar uma análise de custos e benefí- os estudos de planeamento e outros estudos
cios que tenha em conta os seus efeitos direc- técnicos, a revisão dos preços, a repartição do
tos e indirectos sobre o emprego, eventual- capital de exploração, etc.
mente completada por outros métodos de
avaliação no caso de projectos realizados no d) Nas situações en que existam vários
domínio do ambiente. pequenos projectos estreitamente ligados
entre si é melhor considerá-los como um
No que se refere aos limiares financeiros, são único grande projecto (por exemplo, cinco
de referir as seguintes características: troços de uma mesma auto-estrada, cada um
com um custo de 6 milhões de euros, podem
a) A principal variável económica é o custo ser considerados um único grande projecto
total do investimento. A avaliação deste de 30 milhões de euros).
montante não deve basear-se nas fontes de
financiamento (por exemplo, apenas um
financiamento público ou apenas um co-
financiamento comunitário), mas sim no
1.3 Responsabilidade
valor económico global do investimento em pela avaliação ex ante
infra-estruturas ou produtivo proposto.
Nos termos do artigo 26º do Regulamento
b) No caso de todos os custos de investi- 1260/1999 relativo aos FE, a Comissão tem
mento serem repartidos por vários anos, a responsabilidade de efectuar a avaliação
deve ter-se em consideração a soma de todos ex ante dos grandes projectos com base em
os custos anuais. informações fornecidas pelo autor.

c) Se houver que considerar apenas os custos O artigo 1º do Regulamento 1265/1999 do


do investimento, excluindo as despesas Fundo de Coesão determina que:
correntes, recomenda-se que se inclua no cál-
culo o custo de todas as despesas excepcio- Os Estados-Membros beneficiários forne-
nais efectuadas na fase de arranque, nomea- cerão todas as informações necessárias,
damente as despesas de contratação e for- previstas no nº 4 do artigo 10º, incluindo
mação do pessoal, os estudos preliminares, os resultados dos estudos de viabilidade e

Caixa 1.3 Definição do projecto

FE: artigo 5º do Regulamento 2081/93 (regula- FC: artigo 1º do Regulamento 1265/1999: 3. Uma fase pode dizer igualmente respeito a
mento-quadro dos FE) “1. A Comissão, de acordo com o Estado-Membro estudos preparatórios, de viabilidade e técnicos,
Formas de intervenção: beneficiário, pode agrupar projectos e delimitar necessários à realização de um projecto.
“1. A intervenção financeira dos Fundos estrutu- num projecto fases técnica e financeiramente 4. Para que seja respeitado o critério enunciado
rais, do BEI e dos outros instrumentos financeiros independentes para efeitos de concessão de no nº 3, terceiro travessão, do artigo 1º, podem
comunitários existentes processar-se-á segundo assistência. ser agrupados os projectos que cumpram as três
formas de financiamento diversificadas em 2. Para efeitos do presente regulamento, são apli- condições seguintes: a) Estarem situados na
função da natureza das operações. cáveis as seguintes definições: a) ‘Projecto’: um mesma área ou no mesmo eixo de transporte; b)
2. No que diz respeito aos Fundos estruturais e ao conjunto de trabalhos, economicamente indivisí- Serem efectuados em aplicação de um plano de
IFOP, a intervenção financeira pode assumir prin- veis, que desempenhem uma função técnica preci- conjunto para essa área ou esse eixo, com objec-
cipalmente uma das seguintes formas: a) Co- sa e com objectivos claramente identificados que tivos claramente identificados, nos termos do nº
financiamento de programas operacionais; (…) permitem avaliar se o projecto satisfaz o primeiro 3 do artigo 1º; c) Serem supervisados por uma
d) Co-financiamento de projectos adequados; critério enunciado no nº 5, primeiro travessão, do entidade responsável pela coordenação e pelo
O presente manual destina-se tanto aos grandes artigo 10º; b) ‘Fase técnica e financeiramente inde- acompanhamento do grupo de projectos, se estes
projectos industriais como aos que fazem parte pendente’: fase cujo carácter operacional explicito forem executados por diferentes autoridades
de um programa operacional. pode ser identificado. competentes.”
12
1.4. Informações necessárias

das avaliações ex ante (…) para que esta Em qualquer caso, a decisão da Comissão
apreciação possa ser realizada o mais deverá resultar de um diálogo e de um
eficazmente possível. compromisso assumido conjuntamente
com o autor do projecto, de modo a extrair
O Regulamento 1267/1999 que institui o do investimento o melhor benefício possí-
ISPA estipula, no anexo II (C): vel. Os Estados-Membros dispõem muitas
vezes de estruturas e de procedimentos
internos para avaliar projectos de certa
Os países beneficiários fornecerão todos os dimensão, mas podem surgir dificuldades
elementos necessários, referidos no anexo na avaliação da qualidade. A Comissão
I, incluindo os resultados dos estudos de pode contribuir de diversas formas para
viabilidade e das apreciações, uma indi- superar estas dificuldades. A assistência téc-
cação das alternativas não seleccionadas e nica à preparação da avaliação de um pro-
informações sobre a coordenação de jecto pode ser co-financiada pelo quadro
medidas de interesse comum situadas no comunitário de apoio ou através de outros
mesmo eixo de transporte, de modo a que meios apropriados.
esta apreciação possa ser realizada o mais
eficazmente possível.

As decisões da Comissão sobre os projectos


1.4. Informações
co-financiados devem basear-se numa necessárias
avaliação aprofundada realizada, em pri-
meiro lugar, por quem propõe o projecto. Os regulamentos comunitários indicam as
Se a avaliação apresentada pelo requerente informações que devem figurar no formu-
for declarada insuficiente ou não convin- lário de candidatura para que a Comissão
cente, a Comissão pode solicitar uma possa efectuar uma avaliação eficaz. O artigo
revisão ou uma análise mais elaborada, ou 26º do Regulamento 1260/1999 enuncia as
pode efectuar a sua própria avaliação, regras aplicáveis à apresentação de um pedi-
recorrendo, se necessário, a uma entidade do de co-financiamento de grandes projectos
independente (artigo 40º do Regula- pelos Fundos estruturais. Requer uma análi-
mento 1260/1999): se dos custos e benefícios, uma avaliação dos
riscos, uma avaliação do impacte ambiental
(e a aplicação do princípio do poluidor-
Por iniciativa dos Estados-Membros ou pagador), bem como dos efeitos em termos
da Comissão e após informação do de igualdade de oportunidades e de empre-
Estado-Membro interessado, podem ser go.
lançadas avaliações complementares,
eventualmente temáticas, para identificar Os regulamentos relativos ao Fundo de
experiências transferíveis. Coesão e ao ISPA, além de referirem que as
propostas de co-financiamento devem con-
No caso específico considerado do Fundo ter uma análise dos custos e benefícios,
de Coesão e do ISPA, os regulamentos uma avaliação do risco e uma descrição
dispõem que, para a avaliação dos projec- detalhada das soluções alternativas prete-
tos, a Comissão pode recorrer, se neces- ridas, dão igualmente algumas indicações
sário, ao Banco Europeu de Investimento. sobre os critérios a aplicar para garantir a
Na prática, é muito frequente recorrer-se à qualidade da avaliação. No caso dos projec-
experiência do BEI para a realização dos tos ambientais, e’ requerida uma análise de
projectos, quer estes sejam ou não co- custos e benefícios, completada por outros
financiados pelo banco. métodos de avaliação, eventualmente de

13
1.4. Informações necessárias

Caixa 1.4 Papel do BEI


e do Banco Mundial O avaliador de um projecto deve considerar
quer estas regras, quer as restantes normas
FC: artigo 13º do Regulamento 1164/94 (apreciação, acompanha-
regulamentares semelhantes, sobretudo
mento e avaliação)
A fim de assegurar a eficácia do apoio comunitário, a Comissão e como uma indicação geral das informações
os Estados-Membros beneficiários deverão proceder, eventual- mínimas a fornecer, e não como um conjun-
mente em cooperação com o BEI, à apreciação e à avaliação to de critérios rígidos. O requerente deve for-
sistemáticas dos projectos. necer as informações necessárias, mas cabe à
ISPA: Regulamento 1267/1999, anexo II (B) Comissão verificar se estas informações são
A Comissão pode, se necessário, convidar o BEI, o BERD ou o
coerentes, completas e de qualidade sufici-
Banco Mundial a contribuir para a apreciação das medidas. A
ente para permitir apreciar a avaliação do
Comissão examinará os pedidos de contribuição, nomeadamente
para verificar se os mecanismos administrativos e financeiros
autor. Se assim não for, a Comissão solicitará
permitem uma execução eficaz da medida. informações suplementares.

De uma maneira geral, é sempre desejável


ordem quantitativa, nomeadamente, uma uma análise financeira para qualquer tipo de
análise multicritérios e o respeito do prin- investimento. Como se explica na segunda
cípio do poluidor-pagador (ver nº 5 do parte deste manual, é especialmente impor-
artigo 10º do Regulamento 1164/94 e as tante saber em que medida os capitais inves-
alterações introduzidas pelo Conselho). As tidos no projecto serão recuperados ao longo
outras informações a fornecer no pedido de dos anos, pelo menos parcialmente. Esta
financiamento pelo FC são: uma avaliação recuperação poderá resultar, por exemplo, da
dos efeitos directos e indirectos na situação venda de serviços, quando esta estiver previs-
do emprego; uma indicação da contri- ta, ou de qualquer outro mecanismo de
buição do projecto para as políticas euro- financiamento não transitório capaz de gerar
peias em matéria de ambiente e de redes receitas financeiras suficientes para cobrir as
transeuropeias de transportes; e um “plano despesas de execução do projecto durante
de financiamento, incluindo, na medida do todo o período considerado.
possível, indicações sobre a viabilidade
económica do projecto” (ver nº 4 do artigo É igualmente importante proceder a uma
10º do Regulamento 1164/94). análise financeira coerente de todos os pro-

Caixa 1.5 Informações requeridas pelo ISPA

ISPA: Anexo I do Regulamento 1267/1999: Conte- Conselho, de 27 de Junho de 1985, relativa à 9. informações sobre as disposições destinadas a
údo dos pedidos [nº 3, alínea a), do artigo 7º] avaliação dos efeitos de determinados projectos assegurar uma utilização e manutenção eficazes
Dos pedidos constarão as seguintes informações: públicos e privados no ambiente; das instalações;
1. nome do organismo responsável pela exe- 6. informações sobre o cumprimento das regras 10. (Medidas em matéria de ambiente) informa-
cução, natureza da medida e sua descrição; de concorrência e da regulamentação em matéria ções sobre o lugar e o grau de prioridade da
2. custo e localização da medida, incluindo, se for de contratos públicos; medida na estratégia nacional em matéria de
caso disso, indicações sobre a interconexão e 7. plano de financiamento, incluindo, na medida ambiente, estabelecida no programa nacional de
interoperabilidade de medidas situadas no do possível, indicações sobre a viabilidade adopção do acervo comunitário;
mesmo eixo de transporte; económica da medida e o montante total de 11. (Medidas em matéria de transportes) infor-
3. calendário de execução dos trabalhos; financiamento que o país beneficiário pretende mações sobre a estratégia nacional de desenvol-
4. análise de custos e benefícios, incluindo os obter do ISPA, do BEI, incluindo o seu mecanismo vimento dos transportes e o lugar e o grau de
efeitos directos e indirectos no emprego, que de pré-adesão, e de outras fontes comunitárias prioridade da medida nessa estratégia, incluindo
devem ser quantificados caso sejam quantificá- ou dos Estados-Membros, do BERD e do Banco o grau de coerência com as orientações das
veis; Mundial; redes transeuropeias e com a política pan-euro-
5. avaliação do impacte ambiental, similar à 8. compatibilidade da medida com as políticas peia de transportes.
avaliação prevista na Directiva 85/337/CEE do comunitárias;

14
1.4. Informações necessárias

jectos, quer gerem ou não receitas financeiras estimativa dos custos e dos benefícios socio-
positivas, uma vez que esta análise está na económicos, a consideração do impacte no
base da ACB e pode melhorar a qualidade da desenvolvimento regional e no ambiente, a
apreciação do projecto. avaliação dos efeitos directos e indirectos,
imediatos e permanentes na situação do
A leitura do presente manual permitirá aos emprego, a estimativa da rentabilidade
interessados compreenderem melhor quais económica e financeira, etc. Existem várias
as informações de que a Comissão necessita maneiras de corresponder a esta necessidade
para apreciar as questões referidas nos arti- de informação: o manual destaca alguns ele-
gos dos regulamentos relativos aos FE, ao FC mentos essenciais, os métodos a seguir e os
e ao ISPA e noutros documentos, como a critérios a respeitar.

Caixa 1.6 Informações requeridas pelos FE e pelo FC

FE: artigo 26º do Regulamento 1260/99: Se o e da rentabilidade prevista do projecto; f) Efeitos crição; custos e localização, incluindo, nos casos
Estado-Membro ou a autoridade de gestão enca- directos e indirectos na situação do emprego, se adequados, a indicação dos projectos de inte-
rar uma participação dos Fundos num grande possível a nível comunitário; g) Elementos que resse comum situados no mesmo eixo de tran-
projecto, durante a execução das intervenções, permitam avaliar o impacte ambiental e a apli- sportes; calendário de execução dos trabalhos;
informará previamente a Comissão, transmi- cação dos princípios de precaução e acção análise dos custos e dos benefícios, incluindo os
tindo-lhe as seguintes informações: a) Orga- preventiva, de correcção - prioritariamente, na efeitos directos e indirectos sobre o emprego;
nismo responsável pela execução; b) Natureza do fonte - dos prejuízos ao ambiente e do princípio elementos que permitam avaliar o eventual
investimento e sua descrição, bem como o do poluidor-pagador, bem como a observância impacte ambiental; elementos relativos aos con-
respectivo envelope financeiro e a localização; c) das regras comunitárias em matéria de ambi- tratos públicos; plano de financiamento, inclu-
Calendário de execução do projecto; d) Análise ente; h) Elementos necessários à apreciação do indo, na medida do possível, indicações sobre a
dos custos e dos benefícios, incluindo finan- cumprimento das regras de concorrência, por viabilidade económica do projecto e o montante
ceiros, avaliação dos riscos e indicações sobre a exemplo, em matéria de auxílios de Estado; i) total do financiamento que o Estado-Membro
viabilidade económica do projecto; e) Além disso: Indicação do efeito da participação dos Fundos pretende obter do fundo ou de qualquer outra
- em relação aos investimentos em infra-estru- na realização do projecto; j) Plano de financia- fonte comunitária. Os pedidos deverão igual-
turas, análise dos custos e dos benefícios socio- mento e montante total dos recursos financeiros mente conter todas as informações úteis para
económicos do projecto, incluindo indicação da previstos para a participação dos Fundos e de proceder à necessária demonstração da confor-
taxa prevista de utilização, impacte previsível no qualquer outra fonte de financiamento comuni- midade dos projectos com o presente regula-
desenvolvimento ou na reconversão da região em tário. mento e com os critérios constantes do nº 5,
causa, bem como aplicação das disposições FC: nº 4º do artigo 10º do Regulamento 1164/94: designadamente no que diz respeito às vanta-
comunitárias relativas aos contratos públicos; - Os pedidos deverão conter as seguintes informa- gens socioeconómicas que daí resultarão, a
em relação aos investimentos produtivos, análise ções: organismo responsável pela execução do médio prazo, relativamente aos recursos mobili-
das perspectivas do mercado no sector em causa projecto; natureza do investimento e sua des- zados.

15
Capítulo 2:
Plano para o avaliador
do projecto

Enquadramento
O presente capítulo apresenta um breve resu- • Análise de viabilidade e opções
mo das informações essenciais que é aconse- • Análise financeira
lhável o autor de um projecto a co-financiar • Análise económica
incluir no seu processo de candidatura. • Análise multicritérios
Fornece igualmente aos funcionários da • Análise de sensibilidade e risco.
Comissão e aos consultores externos uma
grelha de leitura que estes poderão utilizar na Cada secção tem uma perspectiva puramente
sua apreciação da análise de custos e benefí- prática e cada problema será analisado tanto
cios dos projectos de investimento. do ponto de vista do autor do projecto como
do ponto de vista do avaliador.

Erros frequentes
As variáveis socioeconómicas, como o rendimento per capita, a taxa 2.1 Definição de
de emprego, o consumo per capita, etc., devem ser mensuráveis. É pre-
ciso evitar alguns erros frequentes:
objectivos
• uma declaração vaga de que o projecto favorecerá o desenvolvi-
mento económico ou o bem-estar social não constitui um objectivo
A definição dos objectivos do projecto e do
mensurável; objecto do estudo é essencial à identificação
• os hectares de novas florestas são facilmente mensuráveis, mas do projecto: este é o ponto de partida da
não constituem um objectivo social em si: são realizações do pro- avaliação. De uma maneira geral, a questão à
jecto e não o seu resultado; qual o processo de candidatura deve permitir
• o PIB por habitante numa determinada região constitui um objectivo responder é a seguinte:
social mensurável, mas só os projectos muito grandes, como os que
são realizados à escala inter-regional ou nacional, podem influ- Quais serão os benefícios socioeconómicos
enciá-lo de forma mensurável; no caso destes projectos, pode reve- da execução do projecto?
lar-se útil procurar prever a evolução do PIB regional global a longo
prazo, com e sem o projecto. A análise dos objectivos consiste em verificar
que:

1. O processo de candidatura ou o relatório


O plano estrutura-se em sete pontos. de avaliação determina as variáveis socioeco-
nómicas que o projecto é susceptível de
Alguns destes pontos são condições prévias influenciar.
necessárias à análise de custos e benefícios:
2. O autor do projecto indica os objectivos
• Definição de objectivos específicos da política regional e da política
• Identificação do projecto de coesão da UE que o projecto permitirá

16
2.1 Definição de objectivos

Lista de verificação para a definição dos objectivos


tes de um dado projecto.
• O projecto tem um objectivo claramente definido em termos de variáveis socioeconómicas?
Além disso, as alterações em
• A realização do projecto permite obter benefícios socioeconómicos?
termos de bem-estar têm
• Os objectivos estão logicamente associados?
diversas componentes: por
• O conjunto de benefícios resultantes do projecto em termos de bem-estar é proporcional
ao respectivo custo?
exemplo, os dados regionais
• Foram tidos em conta os principais efeitos socioeconómicos directos e indirectos?
geralmente não permitem
• No caso de não ser possível medir todos os efeitos sociais directos e indirectos do projec- obter estimativas fiáveis do
to, foram identificados todos os valores de substituição ligados ao objectivo? impacte global de projectos
• São indicados os meios de medir o grau de consecução dos objectivos? individuais sobre as trocas
• O projecto é coerente com os objectivos dos fundos comunitários (definidos no artigo 25º com outras regiões; os efei-
do Regulamento 1260/1999, no artigo 1º do Regulamento 1164/1994 e no artigo 2º do Regu- tos indirectos no emprego
lamento 1267/1999)? são difíceis de quantificar; a
• O projecto é coerente com os objectivos da UE no sector de assistência considerado? competitividade pode
depender das condições do
comércio externo, das taxas
atingir e, mais especificamente, a forma de câmbio ou da evolução dos preços rela-
como o projecto, se for executado, influen- tivos, variáveis para as quais uma análise por
ciará a concretização destes objectivos. projecto pode revelar-se demasiado onerosa.

Estes objectivos devem ser variáveis socioe- No entanto, nestes casos, é muitas vezes pos-
conómicas e não apenas indicadores mate- sível encontrar variáveis ligadas aos objec-
riais. Devem ter uma ligação lógica com o tivos socioeconómicos. Por exemplo, se for
projecto e o autor deve indicar como medir o difícil determinar o aumento da produtivi-
seu grau de execução. dade e da competitividade de uma dada
região, talvez seja possível medir a evolução
No que se refere à definição dos objectivos das exportações.
socioeconómicos, o autor do projecto deve
poder responder às seguintes questões essen-
ciais: O presente manual não propõe que se ten-
ham em conta todos os efeitos indirectos e
Em primeiro lugar e acima de tudo: é possí- eventualmente longínquos de um projecto
vel dizer que o conjunto de benefícios decor- (que podem ser numerosos e muito difíceis
rentes do projecto, em termos de bem-estar, de analisar e de quantificar). O procedi-
são proporcionais ao respectivo custo? mento sugerido pelo manual baseia-se ape-
nas na análise dos custos e dos benefícios das
Em segundo lugar: foram tomados em variáveis microeconómicas.
consideração todos os principais efeitos soci-
oeconómicos directos e indirectos? Se é certo que a avaliação dos benefícios
sociais de cada projecto depende dos objec-
Em terceiro lugar: no caso de não ser possí- tivos de política económica dos diferentes
vel medir todos os efeitos sociais directos e parceiros, a exigência essencial, na perspec-
indirectos do projecto, por falta de dados, tiva da Comissão, é que o projecto tenha uma
foram identificados alguns valores de substi- ligação lógica aos principais objectivos dos
tuição ligados a este objectivo? fundos envolvidos: FE, FC e ISPA. O autor
do projecto deve estar seguro de que a assis-
Para determinar o impacte do projecto, é tência proposta é coerente com estes objec-
necessária uma definição clara e completa tivos; por seu lado, o avaliador deve verificar
dos objectivos socioeconómicos. No entanto, que, efectivamente, existe coerência e que
muitas vezes é difícil prever todos os impac- esta é justificada. Nos casos dos FE, do FC e

17
2.2 Identificação do projecto

do ISPA, especificamente, os projectos fazem da conclusão de todo o projecto. É preciso


parte de programas desenvolvidos a nível insistir neste ponto, uma vez que, na prática,
nacional ou regional (DOCUP, Programas o processo administrativo de decisão pode
Operacionais e Complementos de Progra- obrigar à subdivisão do projecto em diversas
mação no caso do Objectivo nº 1, DOCUP fases.
nos casos dos objectivos nº 2 e nº 3 dos FE,
plano de programa e plano nacional nos
Em certos casos, pode também acontecer que
casos do FC e do ISPA).
seja apresentado um projecto global mas que
apenas seja pedido co-financiamento para
O projecto, que deve estar em conformidade
uma das suas partes, sem que realmente se
com os objectivos gerais dos diferentes fun-
saiba se as outras partes, essenciais ao projec-
dos, deve ser igualmente compatível com a
to, serão realizadas.
legislação comunitária nos domínios de
assistência em causa, essencialmente os dos
transportes e do ambiente, assim como com Para identificar um projecto cuja apreciação
os regulamentos em matéria de concor- não é suficiente, é por vezes necessário soli-
rência. citar ao Estado-Membro que reconsidere
determinadas partes do projecto como cons-
tituindo um único grande projecto e que for-
2.2 Identificação do neça informações complementares a seu res-
peito, por exemplo, a ACB, como requerem
projecto os regulamentos supracitados.

Para identificar o projecto, importa verificar


O autor de um projecto deve justificar a
o seguinte:
escolha do objecto da análise e cabe ao avali-
ador ajuizar da qualidade desta escolha. Se o
1. O objecto do projecto constitui uma uni-
objecto da análise não estiver claramente
dade de análise claramente definida, de acor-
definido, o avaliador pode solicitar ao autor
do com os princípios gerais da ACB;
do projecto que complete o seu processo de
apresentação, sendo mais preciso na identifi-
2. O objecto da avaliação corresponde à defi-
cação do projecto.
nição de projecto formulada pelos regula-
mentos;
A este respeito, ver também, no capítulo 3, os
3. São respeitados os limiares financeiros pontos relativos à identificação dos projec-
indicados nos regulamentos (ver caixa 1.2, tos.
capítulo 1, Limiares financeiros).
2.2.2 Limiar financeiro
2.2.1 Projectos claramente identificados
O projecto deve ser claramente definido Os regulamentos citados no capítulo 1 indi-
como uma unidade de análise independente. cam o limiar financeiro inferior a respeitar
Concretamente, as actividades previstas no para que um projecto seja elegível (FC, ISPA)
projecto devem tender para um objectivo ou considerado um grande projecto
único e integrar um conjunto coerente e (FEDER). Na realidade, o custo total (custo
coordenado de acções e de funções. elegível para o FEDER) dos investimentos
propostos deve ser superior aos valores indi-
O mesmo se aplica aos casos em que o rela- cados no quadro 2.1 (sobre a distinção entre
tório de análise se limita a apresentar as fases custo elegível e custo total do investimento,
iniciais do investimento, cujo êxito depende ver a secção relativa à análise financeira).

18
2.2 Identificação do projecto

Exemplos de identificação de um projecto


• Um projecto de auto-estrada ligando a cidade A à cidade B, tal e da instalação industrial.
que se justifica apenas pela perspectiva da localização de • A construção de uma estação de depuração de água, justifi-
um aeroporto próximo da cidade B e do possível aumento do cada pela perspectiva do desenvolvimento de um destino
volume do tráfego entre o aeroporto e a cidade A: o projec- turístico, com construção de complexos hoteleiros, só se
to deverá ser analisado no contexto do sistema conjunto justifica se o sítio estiver desenvolvido.
aeroporto/auto-estrada. • Uma estação de tratamento de resíduos ligada a um plano
• Uma central hidroeléctrica localizada em X e destinada a de ordenamento urbano que prevê o desenvolvimento de
servir uma nova unidade industrial, grande consumidora de uma determinada área só justificará um auxílio no quadro
energia: se os dois objectos forem interdependentes no que de novas fixações humanas. Em muitos casos, a unidade de
toca à avaliação dos custos e benefícios, a análise deverá análise mais apropriada pode ser mais vasta do que as suas
ser integrada, mesmo que o apoio dos Fundos estruturais componentes. É evidente que a ACB de um único elemento
apenas seja solicitado para a componente de abastecimento produziria resultados errados. Se o avaliador receber um
de energia. processo de apreciação incompleto, deve solicitar uma aná-
• Um importante projecto de produção florestal financiado por lise mais completa.
fundos públicos, cujo objectivo é abastecer uma empresa
privada de produção de celulose: a análise deve considerar
simultaneamente os custos e benefícios do projecto flores-

Figura 2.1 Limiar financeiro inferior dos nas da parte do projecto que deve ser finan-
projectos elegíveis ciada com a contribuição dos FE, do FC ou
Fundo Limiar em milhões de euros
do ISPA, mas também das partes que lhe
estejam estreitamente associadas.
FEDER 50
FC 10
ISPA 5

2.2.3 Definição dos projectos


Sobre a definição dos projectos, convida-se o
leitor a consultar 1.2.

Para a avaliação de uma série de projectos


agrupados segundo os princípios acima
expostos, a análise não incide, geralmente,
sobre cada projecto, mas sim sobre os princi-
pais elementos da série, ou então consiste em Lista de verificação para a identificação
efectuar controlos por sondagem.
do projecto
Neste caso, o controlo do avaliador consiste • O projecto constitui uma unidade de análise claramente definida?
em reconstituir o contexto técnico-econó- • Trata-se de um projecto, de uma fase de projecto ou de um grupo de
mico que justifica a identificação do sujeito projectos (na acepção do artigo 25º do Regulamento 1260/1999, do
artigo 1º do Regulamento 1265/1999 e do artigo 2º do Regula-
da avaliação, o que constitui um aspecto
mento 1267/1999)?
essencial da avaliação do projecto. No entan-
• Trata-se de um grupo de projectos que preenchem as condições
to, pode acontecer que a ACB obrigue a ir
requeridas em matéria de localização, que se inserem num plano de
para além das definições administrativas.
conjunto e que são supervisionados por um mesmo organismo de
controlo?
Por exemplo, para avaliar a qualidade de um • O projecto respeita os limiares financeiros previstos pelos regula-
determinado projecto, o autor deve fornecer mentos?
uma avaliação ex ante apropriada, e não ape-

19
2.3 Análise de viabilidade e opções

2.3 Análise de Exemplo de alternativas


viabilidade e opções Para ligar a cidade A à cidade B, é possível consi-
A viabilidade não se refere apenas aos aspec- derar três alternativas:
tos de engenharia, mas também, em muitos 1. construir uma nova linha de caminho-de-ferro;
casos, às questões de marketing, de gestão, de 2. construir uma nova estrada;
análise da execução, etc. Não é raro que 3. melhorar a estrada existente (opção “fazer o
adopta diferentes alternativas de um projecto mínimo”).
para realizar um objectivo socioeconómico. Se for proposta a construção de uma nova estrada,
O autor do projecto deve demonstrar que a é necessário demonstrar que esta é preferível às
sua opção é a melhor de todas as alternativas alternativas do caminho-de-ferro e da melhoria da
possíveis. Em alguns casos, um projecto pode estrada existente, não obstante a viabilidade des-
ser considerado válido do ponto de vista da tas opções.
ACB, mas inferior a outras alternativas possí-
veis. Para verificar que um projecto corres-
ponde à melhor opção, é necessário respon-
der às seguintes perguntas: nharia, marketing, etc.; ver anexo G, Sumário
de um estudo de viabilidade).
Primeira: O processo de candidatura contém
Em alguns casos, um projecto pode passar o
uma demonstração suficiente da viabilidade
teste da ACB mas revelar-se, em termos do
do projecto?
impacte social, inferior a outras alternativas.
Segunda: O requerente apresentou provas de A título de exemplo, podemos citar os pro-
terem sido devidamente ponderadas as jectos no domínio dos transportes, em
outras opções possíveis? relação aos quais podem ser considerados
diferentes itinerários, diferentes calendários
O avaliador do projecto deverá assegurar-se de construção ou diferentes tecnologias;
de que o requerente efectuou um estudo de grandes edifícios hospitalares, em oposição a
viabilidade apropriado e uma análise das uma oferta mais difusa de espaços dedicados
alternativas possíveis. Se a demonstração não aos cuidados de saúde; a localização de uma
for suficiente, o avaliador pode recomendar fábrica numa área A em oposição a uma área
que seja completada e rever o projecto em B; diferentes sistemas de carga máxima para
conformidade. o fornecimento de energia; melhoria da efici-
ência energética, em vez da (ou em adição à)
Os relatórios de viabilidade clássicos relativos construção de uma nova central, etc.
às grandes infra-estruturas podem incluir
informações sobre o contexto económico e Para cada projecto, podem ser consideradas,
institucional, a procura prevista (por parte pelo menos, três opções:
do mercado ou não), a tecnologia disponível,
o plano de produção (incluindo a taxa de • a opção de nada fazer (cenário de refe-
utilização da infra-estrutura), as necessi- rência sem projecto ou statu quo);
dades em pessoal, a escala do projecto, a sua • a opção de fazer o mínimo (cenário de
localização, os meios de produção materiais, referência com intervenção mínima);
o calendário e a execução, as fases de desen- • a opção de fazer qualquer coisa (cenário
volvimento, a planificação financeira e os com o projecto estudado ou uma alterna-
aspectos ambientais. Na maior parte dos tiva razoável, como a de um projecto base-
casos, a análise dos grandes projectos implica ado numa técnica ou num conceito de
estudos complementares detalhados (enge- substituição).

20
2.4 Análise financeira

A opção de nada fazer é a referência habitual avaliador informações essenciais sobre a


de um projecto cujo princípio básico consis- relação entre os factores de produção e o pro-
te em comparar as situações com e sem o duto, sobre os seus preços e sobre a estrutura
projecto. A opção de nada fazer é também global da programação das receitas e das des-
designada por “cenário sem projecto”. pesas.

A análise financeira é constituída por uma


Caixa 2.1 Análise das alternativas série de quadros que reúnem os fluxos finan-
ceiros do investimento, distribuídos entre o
FC - nº 2 do artigo 1º do Regulamento 1265/1999: “Os Estados-
investimento total (quadro 2.1), as despesas e
Membros beneficiários fornecerão todas as informações necessá-
receitas de exploração (quadro 2.2), as fontes
rias, previstas no nº 4 do artigo 10º, incluindo os resultados dos
de financiamento (quadro 2.3) e a análise do
estudos de viabilidade e das avaliações ex ante (...) os Estados-
Membros fornecerão igualmente, (...) se for caso disso, a indicação
cash-flow para a viabilidade financeira (qua-
das possíveis alternativas que não tenham sido adoptadas.”
dro 2.4).

No final, a análise financeira deve permitir


elaborar dois quadros que resumam os flu-
Por exemplo, para ligar duas áreas, a opção xos financeiros:
nada fazer consiste em utilizar o antigo ser-
viço de “ferry”, a opção fazer o mínimo pode- 1. Um quadro da rentabilidade do investi-
rá ser a de renovar ou melhorar o serviço de mento (capacidade das receitas líquidas de
“ferry” e o projecto poderá consistir em exploração para cobrir os custos de inves-
construir uma ponte. timento, quadro 2.5) independentemente
da forma como estes são financiados;
O cálculo dos indicadores de desempenho
financeiros e económicos deve basear-se na 2. Um outro quadro para o cálculo da renta-
diferença entre a opção fazer qualquer coisa e bilidade dos fundos próprios, nos casos
a opção nada fazer ou a opção fazer o míni- em que os custos são suportados por fun-
mo. dos próprios do investidor privado
(quando são efectivamente pagos), a
contribuição nacional a três níveis (local,
regional e central), os créditos financeiros
2.4 Análise financeira no momento em que são reembolsados,
além dos custos de exploração, juros
O objecto da análise financeira é utilizar as incluídos, e as entradas que representam
previsões do cash-flow (fluxo de tesouraria) receitas. Este quadro não inclui a sub-
do projecto para calcular as taxas de rentabi- venção comunitária. Indica a taxa de
lidade apropriadas, em especial a taxa (inter- rentabilidade do projecto tendo em conta
na) de rentabilidade financeira (TIRF), a taxa o seu encargo financeiro, mas indepen-
(interna) de rentabilidade financeira calcu-
lada sobre o custo do investimento (TIRF/C)
e a taxa (interna) de rentabilidade financeira Lista de verificação do estudo de
calculado sobre fundos próprios (TIRF/K),
bem como o correspondente valor actual viabilidade e da análise das opções
líquido financeiro (VALF). O processo de candidatura contém provas suficientes da viabilidade do
projecto (do ponto de vista da engenharia, do marketing, da gestão, da exe-
cução, do ambiente, etc.)?
Enquanto a ACB abrange um campo mais
O requerente apresentou provas de terem sido devidamente consideradas
vasto do que a rentabilidade financeira de
as opções alternativas (pelo menos, as opções nada fazer e fazer o míni-
um projecto, a análise financeira fornece ao
mo)?

21
2.4 Análise financeira

dentemente dos custos de investimento • a determinação da taxa de co-financia-


(quadro 2.6). mento.

Para a correcta elaboração destes quadros, é 2.4.1 O horizonte temporal


necessário ter na devida atenção os seguintes Por horizonte temporal entende-se o número
elementos: máximo de anos sobre os quais são forne-
cidas previsões. As previsões relativas à evo-
• o horizonte temporal;
lução do projecto devem ser formuladas para
• a determinação dos custos totais (custos
um período correspondente à sua duração
totais de investimento, rubrica 1.21, e cus- de vida económica, suficientemente longo
tos totais de exploração, rubrica 2.9); para cobrir o eventual impacte a médio ou
• as receitas geradas pelo projecto (vendas, longo prazo.
rubrica 2.13);
• o valor residual do investimento As previsões sobre o futuro de um projecto
(rubrica 1.19); devem ser feitas para um período adaptado à
• o ajustamento correspondente à inflação; sua vida economicamente útil e suficiente-
• a verificação da viabilidade financeira mente longo para abranger o seu impacte
(quadro 2.4); provável a médio e longo prazo.
• a escolha da taxa de actualização apro-
priada; A escolha do horizonte temporal pode ter
• a determinação dos principais indicadores um efeito extremamente importante nos
de desempenho (quadros 2.5 e 2.6, a TIRF resultados do processo de avaliação. Mais
e o VALF do investimento e do capital, concretamente, esta escolha afecta o cálculo
rubricas 5.4, 5.5, 6.4 e 6.5); dos principais indicadores da análise de cus-

1. Investimento total 5. Cálculo da TIRF/C

2. Despesas e receitas
totais de exploração 4. Viabilidade financeira

3. Fontes de financiamento 6. Cálculo da TIRF/K


Fig. 2.2 Estrutura da
análise financeira

Caixa 2.2 Horizonte temporal

FC - Orientações: “A duração de vida varia em o investimento na renovação da infra-estrutura os seus activos físicos possam durar muito mais
função da natureza dos investimentos: é mais com duração de vida mais curta). A duração de tempo – por exemplo, uma ponte pode durar 100
longa para os trabalhos de construção civil (30-40 vida pode também ser determinada tendo em conta anos – geralmente, não é útil procurar fazer previ-
anos) do que para as instalações técnicas (10-15 a natureza jurídica ou administrativa: por exemplo, sões para períodos mais alargados. No caso de
anos). No caso de um investimento misto que a duração de uma concessão, quando for o caso”. activos com uma duração de vida muito longa,
inclua trabalhos de construção civil e instalações, Orientações do ISPA: “Os projectos de infra-estru- pode ser acrescentado um valor residual no final
a duração de vida do investimento pode ser fixada turas são geralmente avaliados por um período de do período de avaliação, para dar uma ideia do seu
com base na duração de vida da infra-estrutura 20-30 anos, o que representa uma estimativa apro- valor potencial de revenda ou do seu valor em caso
principal (neste caso, deve ser incluído na análise ximada da sua duração de vida económica. Embora de continuação da sua utilização”.
22
2.4 Análise financeira

Quadro 2.1 Investimentos totais – em milhares de euros

Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1.1 Terreno 400
1.2 Edifícios 700 600 150
1.3 Novos equipamentos 155 74 80 91
1.4 Equipamentos usados 283 281
1.5 Manutenção excepcional 200
1.6 Activos fixos 1.100 1.038 505 80 200 0 91 0 0 0
1.7 Licenças 500
1.8 Patentes 500
1.9 Outras despesas de instalação 60
1.10 Despesas de instalação 0 60 1.000 0 0 0 0 0 0 0
1.11 Custos de investimento (A) 1.100 1.098 1.505 80 200 0 91 0 0 0
1.12 Tesouraria 26 129 148 148 148 148 148 148 148 148
1.13 Clientes 67 802 827 827 827 827 827 827 827 827
1.14 Existências 501 878 880 880 880 880 880 880 880 880
1.15 Dívidas a curto prazo 508 1.733 1.694 1.694 1.694 1.694 1.694 1.694 1.694 1.694
1.16 Fundo de maneio líquido (=1.12+1.13+1.14-1.15) 86 76 161 161 161 161 161 161 161 161
1.17 Variações do fundo de maneio (B) 86 -10 85 0 0 0 0 0 0 0
1.18 Substituição do equipamento de curta duração 200
1.19 Valor residual -1.500
1.20 Outros elementos de investimento (C) 0 0 0 0 200 0 0 0 0 -1.500
1.21. Custos totais de investimento (A)+(B)+(C) 1.186 1.088 1.590 80 400 0 91 0 0 -1.500

Os números identificam as rubricas. O valor residual deve ser sempre inscrito no fim do ano (ver
Devem ser mantidos nos quadros também abaixo). Trata-se de uma entrada. Neste quadro, é
seguintes. antecedido do sinal “menos” porque todos os outros elemen-
tos correspondem a saídas.

Quadro 2.2 Receitas e custos de exploração – em milhares de euros

Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2.1 Matérias-primas 1.564 5.212 5.212 5.212 5.212 5.212 5.212 5.212 0
2.2 Mão-de-obra 132 421 421 421 421 421 421 421 0
2.3 Electricidade 15 51 51 51 51 51 51 51 0
2.4 Combustíveis 5 18 18 18 18 18 18 18 0
2.5 Manutenção 20 65 70 70 70 70 70 70 0
2.6 Custos industriais gerais 18 75 80 80 80 80 80 80 0
2.7 Custos administrativos 48 210 224 224 224 224 224 224 0
2.8 Despesas ligadas às vendas 220 1.200 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 0
2.9 Custos de exploração totais 2.022 7.252 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 0
2.10 Produto A 400 1.958 2.458 2.458 2.458 2.458 2.458 2.458 0
2.11 Produto B 197 840 1.140 1.140 1.640 1.640 1.640 1.640 0
2.12 Produto C 904 2.903 3.903 3.903 4.403 4.403 4.403 4.403 0
2.13 Vendas 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0
2.14 Receitas líquidas de exploração -521 -1.551 25 25 1.025 1.025 1.025 1.025 0

No primeiro ano não há receitas nem custos de exploração, mas


apenas custos de investimento (ver quadro 1).

23
2.4 Análise financeira

Os fundos próprios privados são a contri-


buição de um investidor privado.

Quadro 2.3 Quadro das fontes de financiamento – em milhares de euros

Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
3.1 Fundos próprios privados 100 200 100 0 0 0 0 0 0 0
3.2 Nível local
3.3 Nível regional 200
3.4 Nível central 200 200 100
3.5 Contribuição pública nacional total (=3.2+3.3+3.4) 400 200 100 0 0 0 0 0 0 0
3.6 Subvenção da UE 1.132 1.056 1.013 532 496
3.7 Obrigações e outros recursos financeiros
3.8 Empréstimos do BEI 0 1.822
3.9 Outros empréstimos
3.10 Recursos financeiros totais (=3.1+3.5+…+3.9) 1.632 1.456 3.035 532 496 0 0 0 0 0

Um empréstimo é aqui uma entrada. É A subvenção da UE deve ser integrada neste qua-
contabilizado como recurso financeiro dro. Figura igualmente no quadro abaixo relativo
proveniente de terceiros. à viabilidade financeira.

O valor residual só figura neste qua- Os juros, as pensões de reforma, os


dro se o investimento for efectiva- reembolsos de empréstimos e os
Os empréstimos do BEI mente liquidado no fim do ano. No impostos são os únicos elementos que
vencem juros (ver 3.8) a caso presente, não existe valor resi- não estão já integrados nos quadros
partir do 3º ano em que dual, uma vez que não há liquidação anteriores. Todos os outros elementos
o empréstimo é regis- nem, portanto, entrada efectiva de devem manter os respectivos números
tado como entrada. dinheiro. dos quadros precedentes.

Quadro 2.4 Quadro relativo à viabilidade financeira – em milhares de euros

Años
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
3.10 Recursos financeiros totais 1.632 1.456 3.035 532 496 0 0 0 0 0
2.13 Vendas 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0
4.1 Entradas totais 1.632 2.957 8.736 8.033 7.997 8.501 8.501 8.501 8.501 0
2.9 Custos de exploração totais 0 2.022 7.252 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 0
1.21 Custos de investimento totais 1.186 1.088 1.590 80 400 0 91 0 0 0
4.2 Juros 0 0 8 8 8 8 8 8 8 0
4.3 Pensões de reforma 0 0 0 0 0 0 0 0 0 197
4.4 Reembolso de empréstimos 0 0 0 168 189 211 237 265 300 451
4.5 Impostos 0 62 78 83 95 95 95 95 95 0
4.6 Saídas totais 1.186 3.172 8.928 7.815 8.168 7.790 7.907 7.844 7.879 648
4.7 Cash-flow total (=4.1-4.6) 446 -215 -192 218 -171 711 594 657 622 -648
4.8 Cash-flow total acumulado 446 231 39 257 86 797 1.391 2.048 2.670 2.022

Neste quadro, um empréstimo é considerado como uma Há viabilidade financeira se os valores desta
saída no momento em que é reembolsado. O empréstimo rubrica forem superiores ou iguais a zero em
enquanto entrada figura nos recursos financeiros (3.8). todos os anos considerados.

24
2.4 Análise financeira

Como indicam os números das rubricas, todos os elementos A taxa interna de rentabilidade financeira sobre o custo de inves-
deste quadro foram já calculados no quadro anterior. Para timento calcula-se considerando os custos de investimento
preencher este quadro e o seguinte, é necessário incluir totais como saídas (com os custos de exploração) e as receitas
neles todos os elementos necessários e calcular as taxas. como entradas. Deste modo, mede-se a capacidade das receitas
de exploração cobrir en os custos de investimento.

Quadro 2.5 Cálculo da taxa interna de rentabilidade financeira sobre o custo de investimento – em milhares de euros

Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2.13 Vendas 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0
5.1 Receitas totais 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0
2.9 Custos de exploração totais 0 2.022 7.252 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 0
4.3 Pensões de reforma 0 0 0 0 0 0 0 0 0 197
1.21 Custos de investimento totais 1.186 1.088 1.590 80 400 0 91 0 0 -1.500
5.2 Despesas totais 1.186 3.110 8.842 7.556 7.876 7.476 7.567 7.476 7.476 -1.303
5.3 Cash-flow líquido (5.1-5.2) -1.186 -1.609 -3.141 -55 -375 1.025 934 1.025 1.025 1.303
5.4 Taxa interna de rentabilidade financeira (TIRF/C)
do investimento -3,16%
5.5 Valor actual líquido financeiro (VALF/C)
do investimento -2.058

No caso dos projectos co-financiados pela UE, o


VALF/C é muitas vezes um valor negativo. Isto deve-
se ao cash-flow negativo dos primeiros anos que,
para o processo de actualização, pesa mais do que os
últimos anos positivos.

Para calcular estes valores, foi aplicada


uma taxa de actualização de 5%.

Quadro 2.6 Quadro para o cálculo da taxa interna de rentabilidade financeira do capital – em milhares de euros

Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2.13 Vendas 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0
1.19 Valor residual 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.500
6.1 Receitas totais 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 1.500
2.9 Custos de exploração totais 0 2.022 7.252 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 0
4.2 Juros 0 0 8 8 8 8 8 8 8 0
4.3 Pensões de reforma 0 0 0 0 0 0 0 0 0 197
4.4 Reembolso de empréstimos 0 0 0 168 189 211 237 265 300 451
3.1 Fundos próprios privados 100 200 100 0 0 0 0 0 0 0
3.5 Contribuição pública nacional total 400 200 100 0 0 0 0 0 0 0
6.2 Despesas totais 500 2.422 7.460 7.652 7.673 7.695 7.721 7.749 7.784 648
6.3 Cash-flow líquido (6.1-6.2) -500 -921 -1.759 -151 -172 806 780 752 717 852
6.4 Taxa interna de rentabilidade financeira (TIRF/K) do capital 2,04%
6.5 Valor actual líquido financeiro (VALF/K) do capital -439

A taxa interna de rentabilidade financeira sobre o capital investido (fundos próprios dos accio-
nistas) calcula-se, no caso das saídas, com base nos fundos próprios do Estado-Membro (públi-
cos e privados) quando estes são pagos, nos empréstimos financeiros no momento em que são
reembolsados, além dos custos de exploração, incluindo juros, e, no caso das entradas, com
base nas receitas. Não tem em conta a subvenção da UE.

25
2.4 Análise financeira

Quadro 2.7 Horizonte temporal (anos) na 2.4.2 Determinação dos custos totais
apreciação de uma amostra de 400 projectos O custo total de um projecto é igual à soma
importantes nos períodos combinados 92-94 e dos custos de investimento (terreno, edifí-
94-99 cios, licenças, patentes, v. quadro 2.2).
Horizonte Número*
médio de projectos Nos formulários a preencher para obter uma
Energia 24,7 9 contribuição do Fundo de Coesão e do ISPA,
Água e ambiente 29,1 47
é necessário especificar o montante dos cus-
Transportes 26,6 127
Indústria 8,8 96 tos elegíveis e dos custos totais. A diferença
Outros serviços 14,2 10 entre os dois elementos de custos decorre
Média total 20,1 289
essencialmente dos seguintes factores:
O quadro baseia-se num inquérito ad hoc realizado em 1994 por
uma equipa da unidade “Avaliação” da Direcção-Geral da Política 1. custo do terreno
Regional. Não é necessariamente representativo da vasta gama 2. pagamento do IVA
de grandes projectos co-financiados pelos FE no período 1989-
93. 3. despesas efectuadas antes da apresentação
Em 1996, a unidade “Avaliação” realizou um novo inquérito a uma do pedido
amostra de 200 grandes projectos. Além da segunda geração de 4. trabalhos ou despesas conexas.
projectos co-financiados pelo FEDER (1994-99), a análise esten-
deu-se aos projectos co-financiados pelo FC desde a sua criação
provisória (como “instrumento financeiro de coesão”), em 1993. O método internacional seguido para a aná-
Embora os projectos do FC representem geralmente um custo de
investimento mínimo de 10 milhões de euros, para facilitar a lise financeira de um projecto com base no
comparação com os projectos financiados pelo FEDER, só foram cash-flow e para o cálculo do rendimento do
considerados no inquérito os projectos do FC com custo de inves-
timento superior a 25 milhões de euros. Uma vez mais, a nova investimento sugere que nos baseemos nos
amostra não é necessariamente representativa da vasta gama de custos totais do investimento (quadro 2.1)
grandes projectos co-financiados pelos FE e pelo FC durante o
período em apreço. despendidos desde a apresentação do pedido
(*) Projectos sobre os quais estão disponíveis dados comparáveis. (por outras palavras, nenhum custo previa-
mente suportado pode, normalmente, ser
considerado para determinar a TIRF ou
tos e benefícios e pode repercutir-se na
outros indicadores).
fixação da taxa de co-financiamento.
No entanto, em casos específicos, a Comissão
O número máximo de anos para os quais são
pode admitir que determinadas despesas
fornecidas previsões determina a extensão de
efectuadas antes da apresentação do pedido
um projecto no tempo e está ligado ao sector
sejam integradas nos custos totais (ver anexo
de investimento considerado. No caso da
G sobre a determinação da taxa de co-finan-
maior parte das infra-estruturas, por exem-
ciamento).
plo, esta perspectiva é (a título indicativo) de
pelo menos 20 anos. No caso dos investi-
No cálculo dos custos de exploração (quadro
mentos produtivos, e ainda a título indica-
2.2), para determinar a taxa interna de renta-
tivo, aproxima-se dos 10 anos.

No entanto, o horizonte temporal não deve Quadro 2.8 Horizonte temporal médio (anos)
recomendado para o período 2000-2006
exceder a duração da vida económica do
projecto. Este problema pode ser resolvido Projectos por Horizonte
com recurso a uma grelha normalizada, sector médio

diferenciada por sector e baseada em deter- Energia 25


Água e ambiente 30
minadas práticas aceites a nível internaci- Caminhos-de-ferro 30
onal, na qual são indicadas horizontes Estradas 25
temporais-tipo que podem ser aplicadas ao Portos e aeroportos 25
Telecomunicações 15
investimento em apreço. O quadro 2.8 Indústria 10
apresenta um exemplo. Outros serviços 15
Fonte: nossa interpretação dos dados da OCDE

26
2.4 Análise financeira

Caixa 2.3 Projectos geradores


bilidade financeira, devem ser excluídos
de receitas
todos os elementos que não correspondam a Artigo 29º do Regulamento 1260/99 sobre os Fundos estruturais:
uma despesa monetária efectiva, mesmo que “Sempre que a intervenção em causa implique o financiamento de
se trate de elementos que figuram normal- investimentos geradores de receitas, a participação dos Fundos nes-
mente na contabilidade das empresas ses investimentos será determinada tendo em conta, entre as suas
(balanço e conta de lucros e perdas). Devem características específicas, a importância da margem bruta de auto-
ser especificamente excluídos os seguintes financiamento que, em princípio, se poderá esperar da categoria de
elementos, por não serem compatíveis com o investimentos em causa, em função das condições macroeconómicas
método do cash-flow actualizado (método em que esses investimentos serão realizados, e sem que a partici-
pação dos Fundos implique um aumento do esforço orçamental naci-
DCF):
onal.”
Artigo 1º do Regulamento 1264/1999 relativo ao Fundo de Coesão: “…
• depreciações e amortizações que não cons- essa taxa pode ser reduzida para ter em conta, em cooperação com o
tituam pagamentos efectivos em espécie Estado-Membro em questão, as receitas que previsivelmente serão
• quaisquer reservas para os custos futuros geradas pelos projectos, bem como pela aplicação do princípio do
de substituição que não correspondam a poluidor-pagador.”
um consumo real de bens ou serviços Artigo 6º do Regulamento 1267/1999 que institui o ISPA: “Salvo no
caso de assistência reembolsável ou quando exista um interesse
• quaisquer reservas para imprevistos, dado
comunitário substancial, a taxa de assistência será reduzida para
que a incerteza quanto aos fluxos futuros é atender:
tida em conta na análise de riscos1 e não • À disponibilidade de co-financiamento,
por intermédio de custos figurativos (ver • À capacidade da medida para gerar receitas; e
mais adiante). • A uma aplicação adequada do princípio do poluidor-pagador.”

2.4.3 Receitas geradas pelo projecto


Alguns projectos podem gerar receitas atra- Em certos casos (por exemplo, nos casos das
vés da venda de bens e serviços. Estas receitas vias férreas ou dos aquedutos), o investidor
serão determinadas efectuando previsões pode ser diferente do organismo que irá gerir
relativamente aos serviços fornecidos e aos a infra-estrutura. Nesse caso, este último
seus preços e serão inscritas no quadro 2.2 pagará uma renda (ou um direito equiva-
relativo à análise financeira e às receitas de lente) ao primeiro. Esta renda pode não
exploração. reflectir a integralidade dos custos, contri-
buindo assim para criar um défice de finan-
ciamento.
De uma maneira geral, não devem ser inte-
grados no cálculo das receitas futuras os
seguintes elementos: As receitas a ter em conta na análise finan-
ceira são geralmente as que revertem para o
proprietário da infra-estrutura.
• Os custos e benefícios devem ser líquidos
de IVA. Os outros impostos indirectos só
devem ser incluídos se forem imputados No entanto, pontualmente, a Comissão pode
ao investidor. solicitar às duas partes uma análise financeira
consolidada.
• Qualquer outra subvenção (transferências
de outras instâncias, etc.).
2.4.4 Valor residual do investimento
Entre os elementos de receitas do ano final
1
De facto, a análise de riscos (tal como é apresentada em 2.7 e no considerado figura o valor residual do inves-
anexo D) considera a distribuição de probabilidades das variáveis
incertas e trata do seu valor esperado. É evidente que a distribuição timento (isto é, a dívida consolidada, os acti-
de determinadas variáveis não pode ser conhecida: é o caso das
variáveis incertas que, sendo impossíveis de tratar, não podem ser
vos imobilizados, como os edifícios e máqui-
integradas em qualquer reserva. No entanto, um pequeno fluxo de nas, etc.), que representa o elemento de valor
despesas imprevistas pode ser tratado como um fluxo de custos de
manutenção. residual que figura no quadro 2.1, tendo em

27
2.4 Análise financeira

conta os elementos de investimento. Neste Pelo contrário, se aplicarmos preços cons-


quadro, todos os elementos são custos de tantes, é necessário introduzir correcções
investimento (saídas) e o valor residual deve para ter em conta as alterações dos preços
aí figurar com sinal oposto (sinal negativo, se relativos sempre que estas alterações são
os outros forem positivos) porque se trata de significativas.
uma entrada. No quadro seguinte, (viabili-
dade financeira ou cálculo da TIRF/K), figu- 2.4.6 Viabilidade financeira (quadro 2.4)
ra com sinal positivo porque está incluído O plano financeiro deve demonstrar a viabili-
nas receitas. dade financeira de um projecto, isto é, provar
que o projecto não corre o risco de ficar com
O valor residual só é considerado neste qua- insuficiência de fundos; a programação da
dro sobre a viabilidade se corresponder a entrada e da saída de fundos pode revelar-se
uma entrada efectiva para o investidor. essencial para a execução do projecto. Os
requerentes de uma assistência comunitária
Este valor entra sempre no cálculo da devem mostrar de que modo, na perspectiva
TIRF/C e da TIRF/K. temporal do projecto, as fontes de financia-
mento (nelas incluindo as receitas e todo o
tipo de transferências de dinheiro líquido)
O valor residual pode ser calculado de duas
cobrirão os pagamentos ano após ano. O pro-
maneiras:
jecto é viável se o cash-flow líquido acumulado
é positivo em todos os anos considerados.
• considerando o valor residual de mercado
do activo imobilizado, como se este se 2.4.7 Determinação da taxa de
destinasse a ser vendido no final da pers- actualização
pectiva considerada, ou Para actualizar os fluxos financeiros e calcu-
• considerando o valor residual de todos os lar o valor actual líquido (VAL, quadros 2.5 e
activos e passivos. 2.6), é necessário definir a taxa de actuali-
zação apropriada.
O valor actualizado de cada receita líquida
futura após a perspectiva considerada deve Existem muitas formas teóricas e práticas de
ser incluído no valor residual. Por outras calcular a taxa de actualização de referência a
palavras, o valor residual é o valor de liqui- aplicar à análise financeira. Para uma análise
dação. aprofundada, ver anexo B.

2.4.5 Contabilização da inflação O conceito essencial é o do custo de oportuni-


Na análise de um projecto, é costume utilizar dade do capital. A este respeito, recomen-
preços constantes, isto é, preços ajustados em damos que se determine a taxa de actualização
função da inflação e referenciados a um
determinado ano. No entanto, para a análise
dos fluxos financeiros, podem ser mais ade- Taxa de actualização
quados os preços correntes, ou seja, os preços É a taxa à qual são actualizados os valores futuros. É geralmente
nominais efectivamente observados de ano considerada como equivalente ao custo de oportunidade do capital.
para ano. O efeito da inflação, ou melhor, o 1 euro investido a uma taxa de actualização anual de 5% dará 1 + 5%
aumento geral do índice de preços ou as osci- = 1,05 ao fim de um ano (1,05) x (1,05) = 1,1025 ao fim de dois anos;
lações dos preços relativos podem repercutir- (1,05) x (1,05) x (1,05) = 1,157625 ao fim de três anos, etc. O valor
se directamente no cálculo da rentabilidade económico actualizado de um euro que será gasto ou ganho em dois
financeira do investimento. É por esta razão anos é de 1/1,1025 = 0,907029; em três anos é de 1/1,57625 = 0,63838.
que geralmente se recomenda recorrer aos É a operação inversa da referida acima.
preços correntes.

28
2.4 Análise financeira

Quadro 2.9. Taxas internas de rentabilidade


financeira de uma amostra de 400 projectos
aplicando um critério-tipo, tendo em conta importantes da “primeira geração” e “segunda
geração” combinadas
certos valores de referência. A título indica-
tivo, para o período 2000-2006, uma taxa real Taxa Número de
média projectos*
de 6% pode ser considerada como o parâ-
metro de referência para o custo de oportuni- Energia 7,0 6
Água e ambiente -0,1 15
dade do capital a longo prazo (ver anexo A). Transportes 6,5 55
Indústria 19,0 68
2.4.8 Determinação dos indicadores de Outros serviços 4,2 5
Total 11,5 149
desempenho
Fonte: ver quadro 2.7
Os indicadores utilizados na análise finan- (*) Projectos sobre os quais havia dados disponíveis.
ceira (quadros 2.5 e 2.6) são: A taxa interna de rentabilidade financeira aqui considerada é a
TIRF/C.
• a taxa interna de rentabilidade financeira;
• o valor actual líquido financeiro do projecto. superiores a 10% (reais). Já no caso das infra-
estruturas, as taxas de rentabilidade finan-
Estes dois indicadores devem ser calculados ceira são geralmente inferiores, ou mesmo
tanto para o investimento (quadro 2.5) como negativas, em parte devido à estrutura de
para o capital investido (quadro 2.6). preços destes sectores.

O valor actual líquido financeiro é definido Geralmente, o avaliador utiliza a taxa de


pela fórmula: rentabilidade financeira para ajuizar do
n desempenho futuro do investimento. Esta
VAL (S) = ∑ at St = (1+i)
S0 S
+ 1 + n
S
(1+i) (1+i)
0 1 n taxa pode ser igualmente utilizada na deter-
t=0
minação da taxa de co-financiamento (ver
em que Sn é o saldo do cash-flow do ano n também anexo C).
(cash-flow líquido, ver 5.3 e 6.3 dos qua-
dros 2.5 e 2.6) e em que at é o factor de actu-
Em qualquer caso, a Comissão deve estar
alização financeira escolhido (ver também 6.
consciente dos encargos financeiros líquidos
e o quadro dos factores de actualização).
associados ao projecto e deve assegurar-se de
que este, mesmo beneficiando de um co-
A taxa interna de rentabilidade financeira é
financiamento, não corre o risco de ser sus-
definida como a taxa de juro que anula o
penso por falta de liquidez.
valor actual líquido do investimento:
n
VAL (S) = ∑ St / (1+FRR) = 0
t Uma taxa de rentabilidade muito baixa, ou
mesmo negativa, não significa necessaria-
t=0
Todos os programas de gestão de dados mente que o projecto não corresponda aos
frequentemente utilizados calculam automa- objectivos dos fundos.
ticamente o valor destes indicadores apli-
cando a função financeira apropriada. No entanto, se a taxa de rentabilidade indicar
que o investimento nunca poderá ser rentá-
No caso dos investimentos produtivos, tais vel do ponto de vista financeiro, o autor do
como as instalações industriais, as taxas de projecto deve especificar quais os recursos
rentabilidade financeira antes da concessão que o projecto irá gerar, se for este o caso,
da subvenção da UE são geralmente muito quando a subvenção da UE diminuir.

Quadro dos factores de actualização


Anos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(1 + 5%) - n ,952 381 ,907 029 ,863 838 ,822 702 ,783 526 ,746 215 ,710 681 ,676 839 ,644 609 ,613 913
(1 + 10%) - n ,909 091 ,826 446 ,751 315 ,683 013 ,620 921 ,564 474 ,513 158 ,466 507 ,424 098 ,385 543
n = número de anos
29
2.5 Análise económica

Caixa 2.4 Taxa de co-financiamento

• Artigo 29º do Regulamento 1260/99 sobre os públicas elegíveis, para as medidas aplicadas questão, as receitas que previsivelmente serão
Fundos estruturais: “A participação dos nas áreas abrangidas pelos objectivos nº 2 ou geradas pelos projectos, bem como pela apli-
Fundos fica sujeita aos seguintes limites: nº 3. No caso de investimentos em empresas, a cação do princípio do poluidor-pagador”.
a) 75%, no máximo, do custo total elegível e, participação dos Fundos respeitará os limites • Artigo 6º do Regulamento 1267/1999 que insti-
regra geral, 50%, no mínimo, das despesas de intensidade da ajuda e de acumulação esta- tui o ISPA: “A taxa da assistência comunitária
publicas elegíveis, para as medidas aplicadas belecidos em matéria de auxílios de Estado.” concedida ao abrigo do ISPA pode ascender a
nas regiões abrangidas pelo objectivo nº 1. • Artigo 7º do Regulamento 1164/94 que institui 75% das despesas públicas ou similares,
Quando essas regiões se situem num Estado- o Fundo de Coesão e nº 7 do artigo 1º, do Regu- incluindo as despesas de organismos cujas
Membro abrangido pelo Fundo de Coesão, a lamento 1264/1999: “A taxa do apoio comuni- actividades sejam realizadas num quadro
participação comunitária pode, em casos tário concedido pelo Fundo variará entre 80% e administrativo ou legal que os torne equipará-
excepcionais devidamente justificados, elevar- 85% das despesas públicas ou similares, veis a organismos públicos. A Comissão pode
se a 80%, no máximo, do custo total elegível e incluindo as despesas de organismos cujas decidir, nos termos do artigo 14º, aumentar
a 85%, no máximo, do custo total elegível nas actividades sejam realizadas num enquadra- esta taxa até 85%, nomeadamente se consi-
regiões ultraperiféricas, bem como nas ilhas mento administrativo ou jurídico que os tor- derar que é necessária uma taxa superior a
gregas periféricas que, devido à distância, se nem equiparáveis a organismos públicos. No 75% para a execução de projectos essenciais
encontram numa situação de desvantagem; entanto, a partir de 1 de Janeiro de 2000, essa para a realização dos objectivos globais do
b) 50%, no máximo, do custo total elegível e, taxa pode ser reduzida para ter em conta, em ISPA”.
regra geral, 25%, no mínimo, das despesas cooperação com o Estado-Membro em

2.4.9 Determinação da taxa


de co-financiamento 2.5 Análise económica
A taxa de co-financiamento (ver também
anexo C) é a percentagem que determina a A análise económica avalia a contribuição do
parte dos custos elegíveis que é coberta por projecto para o bem-estar económico da
subvenções da UE. região ou do país. Esta análise é realizada em
nome do conjunto da sociedade (região ou
Os regulamentos determinam o limite a apli- país) e não em nome do proprietário da
car a cada fundo e estabelecem os princípios infra-estrutura, como acontece na análise
gerais da formulação das percentagens, de financeira.
uma maneira geral por área de execução
(percentagens superiores nas áreas menos Partindo do quadro 2.5 da análise financeira
desenvolvidas) e, mais especificamente, pela (o desempenho do investimento, indepen-
coexistência de vários fundos na mesma área. dentemente das suas fontes financeiras), a
Ver igualmente a caixa 2.4: Taxas de co-finan- análise económica, que define os factores de
ciamento. conversão apropriados para cada um dos ele-
mentos de entrada e de saída, fornece um
Actualmente, o procedimento apresentado quadro (2.10) que cobre os benefícios e cus-
pela Comissão permite calcular o défice de tos sociais não contabilizados na análise
financiamento („financing gap“) a partir do financeira. A lógica do método, que permite
qual é determinada a taxa de co-financia- passar da análise financeira à análise econó-
mento a aplicar aos custos elegíveis. Para mica, é resumida no quadro 2.3. Consiste em
mais detalhes sobre as recomendações pro- transformar os preços do mercado utilizados
postas para o cálculo da taxa de co-financia- na análise financeira em preços fictícios (que
mento, ver anexo C. alteram os preços falseados pelas imperfei-
ções do mercado) e em tomar em conside-
ração as externalidades que conduzem a cus-
tos e benefícios sociais não considerados na
análise financeira, porque não geram despe-

30
2.5 Análise económica

sas ou receitas financeiras reais (por exemplo, qualquer imposto, podem ser aplicadas
impactes sobre o ambiente ou efeitos de regras gerais para corrigir estas distorções.
redistribuição). Isto é possível atribuindo a
cada elemento de entrada e de saída um fac- • Os preços dos factores de produção e dos
tor de conversão ad hoc (ver abaixo) para produtos a considerar na ACB devem ser
transformar os preços de mercado em preços líquidos de IVA e de outros impostos indi-
fictícios. rectos.
• Os preços dos factores de produção a
A prática internacional adoptou factores considerar na ACB devem ser brutos de
normalizados para determinadas categorias impostos directos.
de entradas e de saídas; para outras catego- • Os pagamentos de transferências puras
rias, devem ser definidos casuisticamente para pessoas, como as contribuições para a
factores específicos. segurança social, devem ser omitidos.
• Em determinados casos, os impostos indi-
A análise económica é, portanto, constituída rectos/subvenções destinam-se a corrigir
por: as externalidades. Exemplos típicos são os
impostos sobre os preços da energia, que
Fase 1: correcção das taxas/subvenções e visam desencorajar as externalidades nega-
outras transferências tivas para o ambiente. Neste caso e em
casos semelhantes, pode justificar-se a
Fase 2: correcção das externalidades integração destes impostos nos custos dos
projectos, mas a avaliação deve evitar a
Fase 3: conversão dos preços do mercado em dupla contabilização (ou seja, não devem
preços fictícios, para integrar os custos e ser incluídos na avaliação, ao mesmo tem-
benefícios sociais (determinação dos factores po, os impostos sobre a energia e as esti-
de conversão). mativas dos custos ambientais externos).

Quando está a tabela a utilizar para na análi- É evidente que a fiscalidade pode ser tratada
se económica, a primeira etapa, tal como na de forma menos exacta quando tem uma
análise financeira, é a actualização efectuada importância menor na avaliação do projecto,
através da escolha de uma taxa de actuali- mas importa ser globalmente coerente.
zação socioeconómica correcta e do cálculo
da taxa interna de rentabilidade económica
do investimento.
Exemplos de benefícios sociais externos
2.5.1 Fase 1 – Correcções fiscais a) benefícios em termos da redução do risco de acidentes numa área
Esta fase conduz à determinação de dois congestionada;
novos elementos da análise económica: o c) economia de tempo de transporte numa rede interligada;
valor da “fiscalidade” bruta (ver quadro 2.10) d) prolongamento da esperança de vida, graças à melhoria das estru-
e o valor do factor de correcção aplicável aos turas de cuidados de saúde ou à redução dos poluentes.
preços do mercado afectados por aspectos Exemplos de custos sociais externos
fiscais. a) perda de produção agrícola devido a uma diferente reafectação dos
solos;
Os preços de mercado integram os impostos c) custos líquidos suplementares para as autoridades locais resul-
e as subvenções, assim como determinados tantes da ligação de uma nova instalação à infra-estrutura de tran-
pagamentos de transferências, que podem sportes existente;
afectar os preços relativos. Embora em certos d) aumento dos custos de tratamento das águas residuais.
casos seja difícil exprimir preços líquidos de

31
2.5 Análise económica

Quadro 2.5 Cálculo da taxa interna de rentabilidade financeira do investimento – em milhares de euros

Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2.13 Vendas 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0
5.1 Receitas totais 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0
2.9 Custos de exploração totais 0 2.022 7.252 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 0
4.3 Pensões de reforma 0 0 0 0 0 0 0 0 0 197
1.21 Custos de investimento totais 1.186 1.088 1.590 80 400 0 91 0 0 -1.500
5.2 Despesas totais 1.186 3.110 8.842 7.556 7.876 7.476 7.567 7.476 7.476 -1.303
5.3 Cash-flow líquido (5.1-5.2) -1.186 -1.609 -3.141 -55 -375 1.025 934 1.025 1.025 1.303
5.4 Taxa interna de rentabilidade financeira (TIRF/C) -3,16%
do investimento
5.5 Valor actual líquido financeiro (VALF/C) -2.058
do investimento

(1) Fase 1. Correcção fiscal. É necessário deduzir dos fluxos da


análise financeira os pagamentos que não têm contrapartida real
em recursos, como as subvenções e impostos indirectos sobre os No presente exemplo não há correcções fis-
factores e os produtos. Quanto às transferências públicas direc- cais. Isto significa que nenhuma correcção de
tas, estas não são incluídas no quadro inicial a utilizar para a aná- transferências, subvenções ou outra
lise financeira, que considera os custos de investimento e não os correcção fiscal foi integrada na análise
recursos financeiros (quadro 2.5). financeira.

Quadro 2.10 Cálculo da taxa interna de rentabilidade económica do investimento – em milhares de euros

Anos
cf (3) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(1) Correcção fiscal
Economia de tempo 42 42 42 42 42 42 42 42
Rendimento obtido com o desenvolvimento 78 78 78 78 78 78 78 78
dos fluxos turísticos
(2) Benefícios externos totais 0 120 120 120 120 120 120 120 120 0
2.13 Vendas 1,1 0 1.651 6.271 8.251 8.251 9.351 9.351 9.351 9.351 0
10.1 Receitas totais 0 1.651 6.271 8.251 8.251 9.351 9.351 9.351 9.351 0
Aumento da poluição 572 572 632 632 632 632 632 632
(2) Custos externos 0 572 572 632 632 632 632 632 632 0
2.9 Custos de exploração totais 0,9 0 1.820 6.527 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 0
4.2 Pensões de reforma 1,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 236
1.21 Custos de investimento totais 0,9 1.067 979 1.431 72 180 0 89 0 0 -1.350
10.2 Despesas totais 1.067 2.799 7.958 6.800 6.908 6.728 6.810 6.728 6.728 -1.114
10.3 Cash-flow líquido -1.067 -1.600 -2.139 938 830 2.111 2.029 2.111 2.111 1.114
10.4 Taxa interna de rentabilidade económica 19,20%
(TIRE) do investimento
10.5 Valor actual líquido económico 3.598
(VALE) do investimento

(2) Fase 2. Correcção das externalidades. É necessário incluir nas saídas e entradas os cus- (3) Fase 3. Dos preços do mercado
tos e benefícios externos para os quais não existe cash-flow. A título de exemplo, podemos aos preços fictícios. É necessário
mencionar os custos dos serviços de saúde ou as perdas no sector da pesca devidas ao determinar um vector de factores
aumento da poluição, o tempo poupado pelo investimento nos transportes, as infra-estru- de conversão.
turas específicas fornecidas ao projecto pelo sector público (uma estrada construída espe-
cialmente para o projecto, etc.), o desenvolvimento dos fluxos turísticos, a melhoria da aces-
sibilidade da região, etc.

32
2.5 Análise económica

Análise financeira – quadro 2.5

Correcções fiscais: transferências, Fase 1


impostos indirectos, etc.

Fluxo dos recursos reais - PROJECTO -

Fase 2
Correcção das externalidades

Fluxo dos recursos reais - ECONOMIA -

Dos preços do mercado aos preços fictícios Fase 3

Bens não comercializados


Bens comercializados
(mercado internacional)
(mercado internacional)

Passar directamente Bens importantes Bens não importantes


aos preços na
fronteira
Produtos Factores Aplicar o FCP

Bens Bens não Mão-de-obra Factores


comercializados comercializados produtos
(mercado interno) (mercado interno)

Aplicar fc Aplicar custos Aplicar à Decompor


sectoriais marginais a longo mão-de-obra fc o bem ou aplicar
prazo ou a disposição baseados no fc sectoriais
para pagar salário fictício específicos

Fluxos económicos dos recursos reais – quadro 2.10

Fig. 2.3. Estrutura da análise económica


Fonte: nossa adaptação de Saerbeck, “Avaliação económica de projectos. Orientações para uma análise simplificada dos custos e benefí-
cios” [1990].

2.5.2 Fase 2 – Correcção das por exemplo, os custos e benefícios decor-


externalidades rentes dos efeitos sobre o ambiente, do tem-
O objectivo desta fase é determinar os bene- po poupado pelos projectos no sector dos
fícios ou os custos externos que ocupam uma transportes, das vidas humanas salvas pelos
ou mais rubricas do quadro 2.10 e que não projectos no sector da saúde, etc.
foram considerados na análise financeira:

33
2.5 Análise económica

Em alguns casos, será difícil avaliar os custos podem favorecer outros agentes económicos
e benefícios externos, ainda que estes sejam para além dos destinatários directos do bene-
fáceis de identificar. Um projecto pode cau- fício social gerado pelo projecto.
sar prejuízos de carácter ecológico cujos efei-
tos, combinados com outros factores, se Estes benefícios podem favorecer, não só os
farão sentir a longo prazo e são difíceis de utilizadores directos do produto, mas tam-
quantificar e avaliar. bém terceiros aos quais não eram destinados.
Se assim for, este facto deve ser considerado
Vale a pena, pelo menos, enumerar as exter- numa avaliação apropriada. Como exemplos
nalidades não quantificáveis, para que o deci- destas externalidades positivas ou dos refle-
sor possa dispor de mais elementos para xos destes benefícios a favor de outros consu-
tomar a sua decisão, ponderando os aspectos midores, poderemos citar:
quantificáveis, tal como são expressos na taxa
de rentabilidade económica, em relação aos
a) uma via-férrea pode reduzir os engarrafa-
aspectos não quantificáveis (ver abaixo a
mentos numa auto-estrada;
análise multicritérios).

Regra geral, todos os custos ou benefícios b) uma nova universidade pode financiar a
sociais cujo impacte ultrapasse o projecto e investigação aplicada, e o futuro rendi-
afecte outros agentes económicos sem mento dos trabalhadores será melhorado
compensação financeira devem ser conside- graças a uma melhor formação da mão-
rados na ACB, para além dos custos finan- de-obra, etc.
ceiros do projecto.
Na medida do possível, as externalidades
Exemplos de impactes devem ser quantificadas em termos monetá-
rios. Se isto não for possível, devem ser quan-
no ambiente tificadas através de indicadores não monetá-
a) Entre os custos ambientais de uma auto-estra- rios.
da pode contar-se a desvalorização potencial
das propriedades situadas nas suas imedia-
Impactes no ambiente
ções, devido ao aumento do ruído e das emis-
sões, assim como à degradação da paisagem. No contexto da apreciação dos grandes pro-
b) Os custos ambientais de uma grande instalação jectos, o impacte ambiental deve ser correc-
industrial poluente, por exemplo uma refinaria tamente descrito e apreciado, eventualmente
de petróleo, podem ser avaliados em função do com recurso a métodos qualitativos e quanti-
aumento potencial das despesas de saúde por tativos. Nestes casos, é frequentemente útil a
parte dos moradores e dos trabalhadores. análise multicritérios. Um debate sobre a
avaliação do impacte ambiental extravasa o
O avaliador do projecto deve verificar que os âmbito deste manual, mas a ACB e a análise
custos deste tipo foram identificados e quan- do impacte ambiental suscitam questões
tificados e, se possível, que lhes foi atribuído similares. Devem ser consideradas em para-
um valor monetário realista. Se isto se revelar lelo e, se possível, integradas. Isto implicaria a
difícil, ou mesmo impossível, estes custos e eventual atribuição de um valor contabilís-
benefícios devem ser quantificados, pelo tico convencional aos custos ambientais.
menos em termos físicos, para uma avaliação
qualitativa. Estas estimativas poderão ter um carácter
meramente aproximativo, mas dão pelo
Muitos projectos importantes, nomeada- menos uma ideia dos custos ambientais mais
mente no domínio das infra-estruturas, relevantes.

34
2.5 Análise económica

Para uma abordagem mais aprofundada a) quando os preços reais dos factores e dos
sobre os métodos aplicáveis à monetarização produtos são falseados por um mercado
do impacte ambiental, ver anexo E. imperfeito;

Valor contabilístico dos activos imobilizados b) quando os salários não estão ligados à
do sector público produtividade da mão-de-obra .
Muitos projectos realizados no sector públi-
co recorrem a capital imobilizado e terrenos Distorção dos preços dos factores e dos pro-
que podem pertencer ao Estado ou ser dutos
adquiridos pelo Estado. Os preços correntes dos factores de produção
e dos produtos não reflectem o seu valor
O capital imobilizado, como os terrenos, social, devido a distorções do mercado, por
edifícios, máquinas e recursos naturais, exemplo, em caso de regimes de monopólio,
devem ser avaliadas em função do seu custo de entraves às trocas comerciais, etc. Os
de oportunidade e não em função do seu preços correntes resultantes de mercados
valor contabilístico tradicional ou oficial. É imperfeitos ou de políticas de preços do sec-
conveniente fazê-lo quando um activo pode tor público correm o risco de não reflectir o
ser utilizado de outra maneira, mesmo que já custo de oportunidade dos factores. Em
pertença ao sector público. determinados casos, este facto pode ter gran-
de influência na apreciação de grandes pro-
Se não existir valor de opção2 correspon- jectos e os dados financeiros podem, portan-
dente, as despesas passadas ou os compro- to, constituir indicadores erróneos de pros-
missos irrevogáveis de fundos públicos não peridade.
constituem custos sociais a considerar na
apreciação de novos projectos. Acontece, por vezes, que o Estado regula-
menta os preços para compensar deficiências
2.5.3 Fase 3 – Dos preços do mercado perceptíveis do mercado e que o faz de forma
aos preços fictícios compatível com os seus próprios objectivos
O objectivo desta fase é preencher a coluna políticos, por exemplo, quando utiliza os
dos factores de conversão que permitam impostos indirectos para corrigir as externa-
transformar os preços do mercado em preços lidades. Noutros casos, porém, os preços
fictícios. reais sofrem uma distorção devido a condi-
cionalismos jurídicos, a razões históricas, a
O avaliador de um projecto deve verificar se informações parciais ou a outras imperfei-
o seu autor teve em conta os custos e benefí- ções do mercado (por exemplo, a fixação dos
cios sociais do projecto, para além dos seus preços de factores de produção como a ener-
custos e benefícios financeiros. gia ou os combustíveis).

Além da correcção fiscal e das externalidades, Se os factores forem afectados por grandes
convém corrigir igualmente os preços nos distorções de preços, o autor do projecto
dois casos seguintes: deve tê-las em conta na respectiva apreciação
e aplicar preços fictícios que reflictam mel-
hor os custos de oportunidade sociais dos
recursos. O avaliador procederá a uma avali-
2
O valor de opção dos bens públicos é a possibilidade de utilizar ação minuciosa e verificará em que medida
estes bens para outros fins. No entanto, no caso de determinados
bens, pode não haver outra utilização possível (um edifício em que
os custos sociais são afectados quando se
esteja instalado um museu e que não possa servir para mais nada). observam desvios nas seguintes estruturas de
Neste caso, os fundos despendidos por estes bens não constituem
custos sociais. preços:

35
2.5 Análise económica

• Custo marginal para os bens comerciali-


zados no mercado internacional, como os Exemplos de distorções de preços
serviços de transportes locais.
• Um projecto que ocupe muito espaço, por exemplo, uma instalação
industrial, cujo terreno seja disponibilizado gratuitamente por um
• Preços na fronteira, no caso dos bens
organismo público, quando podia ser alugado.
comercializados no mercado internaci- • Um projecto agrícola dependente de um grande abastecimento de
onal, como os produtos agrícolas ou trans- água a baixo preço, sendo esta intensamente subvencionada pelo
formados. sector público.
• Um projecto grande consumidor de energia, dependente de abaste-
Na realidade, existem frequentemente bons cimento de electricidade num regime de preços regulamentados,
argumentos económicos para utilizar os sendo estes preços diferentes dos custos marginais a longo prazo.
preços na fronteira e/ou os custos marginais • Uma central eléctrica protegida por um regime monopolístico de
como preços fictícios quando se considera fixação de preços, o que implica preços de electricidade muito dife-
que os preços reais divergem sensivelmente rentes dos custos marginais a longo prazo: neste caso, a vantagem
dos custos de oportunidade sociais. No económica pode ser inferior à vantagem financeira

Exemplo de cálculo do factor de conversão padrão aplicável à distorção


dos preços dos factores e dos produtos
a) Para cada bem comercializado, são fáceis de encontrar os preços na materiais locais (FCP = 0,8) e 10% aos benefícios (fc = 0). O factor
fronteira (há os preços internacionais, preços CIF para as importa- de conversão é: (0,3*0,48) + (0,4*0,75) + (0,2*0,8) + (0,1*0) = 0,60.
ções e preços FOB para as exportações, expressos em moeda local). e) Máquinas: importadas sem taxas nem direitos (fc = 1).
c) Para os bens não comercializados, é necessário encontrar preços f) Existências de matérias-primas: deverá ser utilizado um único mate-
internacionais equivalentes. O factor de conversão padrão é aplicado rial comercializado; o bem não está sujeito a impostos e o preço do
aos bens não comercializados não importantes, enquanto que aos mercado é igual ao preço FOB (fc = 1).
bens não comercializados importantes se aplicam factores de con- g) Produtos: o projecto dá origem a dois produtos: A, importado, e B, um
versão específicos. bem intermédio não comercializado. Para proteger as empresas
Exemplos de dados utilizados para calcular o factor de conversão nacionais, o Estado impõe um direito de importação de 33% sobre o
padrão (em milhões de euros): bem A. O fc de A é igual a 100/133 = 0,75. Para o bem B, para o qual
1) importações totais (M) M = 2.000 não existe factor de conversão específico, FCP = 0,8.
2) exportações totais (X) X = 1.500 h) Matérias-primas: fc = 1.
3) encargos de importação (Tm) Tm = 900 i) Os factores de produção intermédios são importados sem direitos
4) encargos de exportação (Tx) Tx = 25 nem encargos (fc = 1).
A fórmula a aplicar para calcular o factor de conversão padrão j) Electricidade: existe um encargo que cobre apenas 40% do custo
(FCP) é: marginal do abastecimento de electricidade. Os elementos de custo
FCP= ( M + X )/ ( M + Tm ) + ( X - Tx) não são decompostos e admite-se que a diferença entre os preços
FCP= 0,8. internacionais e os preços internos de cada elemento de custo utili-
d) Terreno: o Governo fornece o terreno a um preço reduzido de 50% do zado para produzir uma unidade marginal de electricidade é igual à
preço do mercado. Assim, o preço do mercado é o dobro do preço diferença entre todos os bens comercializados considerados no FCP
corrente. O preço de venda deve ser duplicado para reflectir o mer- (fc = 1/0,4 * 0,8 = 2).
cado interno; dado que não existe factor de conversão específico, o k) Mão-de-obra qualificada: o mercado não sofre distorção. O salário
factor de conversão a aplicar para transformar o preço do mercado do mercado reflecte o custo de oportunidade.
em preço na fronteira é o factor de conversão padrão. O factor de w) Mão-de-obra não qualificada: a oferta é superior à procura, mas
conversão aplicável ao terreno é = 2 * 0,8 = 1,60. está previsto um salário mínimo de 5 euros/hora. No entanto, neste
d) Edifícios: 30% do custo total correspondem a mão-de-obra não sector, os últimos trabalhadores recrutados são provenientes do
qualificada (o fc para a mão-de-obra não qualificada é 0,48), 40% ao mundo rural e o seu salário não passa de 3 euros/hora. Apenas 60%
custo dos materiais importados (dos quais 23% são direitos de da mão-de-obra não qualificada reflectem os seus custos de opor-
importação) e 10% a impostos sobre a venda (fc = 0,75), 20% aos tunidade.

36
2.5 Análise económica

entanto, esta regra geral pode ser verificada • A outra solução consiste em procurar cal-
nas circunstâncias do projecto específico cular o multiplicador de rendimento do
examinado. produto; neste caso, o benefício social do
projecto será, mais uma vez, superior ao
Distorções salariais seu benefício privado, devido a este impac-
Em certos casos, um factor de produção deci- te externo positivo.
sivo de um projecto de investimento, especi-
almente nos projectos de infra-estruturas, é a Quer se trate de deduzir uma fracção dos
mão-de-obra. Os salários correntes podem custos da mão-de-obra ou de adicionar cer-
constituir um indicador social distorcido do tos produtos suplementares, os dois métodos
custo de oportunidade da mão-de-obra, por- têm os seus inconvenientes e limites. No
que os mercados do trabalho são imperfeitos. entanto, em condições adequadas, são váli-
dos.
Nestes casos, o autor do projecto pode reco-
rrer à correcção dos salários nominais e utili- O método do multiplicador de rendimento
zar um salário fictício. encontra a sua melhor aplicação ao nível
macroeconómico ou em programas de
Se bem que a Comissão não recomende uma investimento muito avultados. Geralmente,
fórmula específica para a determinação do recomenda-se a aplicação de salários fictícios
salário fictício, o autor do projecto deve ser quando os salários reais são reduzidos
prudente e coerente na sua apreciação dos proporcionalmente à amplitude do desem-
custos sociais da mão-de-obra. prego. Em qualquer caso:

O emprego suplementar representa sobre- • Os dois métodos não podem ser utilizados
tudo um custo social. Trata-se da utilização simultaneamente (dupla contabilização!).
pelo projecto de uma mão-de-obra que
assim é desviada da sua utilização para
outros fins sociais. O benefício daí decor- Medida
rente é o rendimento suplementar gerado
pela criação de empregos, o que é conside-
Actividade física Resultados não ligados
rado na avaliação dos resultados líquidos,
ao emprego
directos e indirectos, do projecto.
Criação bruta
Importa compreender que existem duas for-
de emprego
mas, que se excluem mutuamente, de calcu-
lar o benefício social do emprego suple- Benefício não
esperado Experiência prévia
mentar: Dados de
acompanhamento
Método
• Como já referimos, pode ser utilizado um Dados de avaliação
Deslocação
salário fictício inferior ao salário efectiva- Coeficientes
mente pago no âmbito do projecto. Esta é Multiplicadores
uma forma de ter em conta o facto de, em
caso de desemprego, os salários reais serem Criação líquida de emprego
superiores ao custo de oportunidade da
mão-de-obra. Reduzindo os custos da Fig. 2.4 Efeitos na situação do emprego
mão-de-obra, este processo contabilístico Fonte: “Contabilização do emprego. Como avaliar os efeitos de
aumenta o valor social actual líquido do emprego das intervenções dos Fundos estruturais”, Comissão
Europeia, Direcção Geral XVI – Política de Coesão Regional, Coor-
rendimento obtido do projecto em relação denação e Avaliação de Operações.
ao seu valor privado.

37
2.5 Análise económica

válido para os projectos de reestruturação


Distorções salariais e de modernização de fábricas. Este tipo de
argumento deve fundamentar-se numa
• Algumas pessoas, em especial no sector públi-
co, podem receber salários superiores ou infe-
análise da estrutura de custos e da compe-
riores aos dos seus homólogos do sector priva-
titividade, com e sem projecto.
do por uma função similar.
• No sector privado, o custo da mão-de-obra para Quadro 2.11 Taxas internas de rentabilidade
a empresa privada pode ser inferior ao custo de económica de uma amostra de 400 grandes
projectos da “primeira geração” e “segunda
oportunidade, porque o Estado subvenciona o
geração” combinadas
emprego em determinadas regiões.
• Pode existir uma legislação que estabeleça um Taxa Número de
média projectos*
salário mínimo legal, o que não impede que,
numa situação de elevado desemprego, as pes- Energia 12,9 6
Água e ambiente 15,8 51
soas aceitem um salário inferior. Transportes 17,1 152
Indústria 18,4 14
Outros serviços 16,3 10
Total 16,8 233
• Se um projecto de investimento apresentar (*) Projectos sobre os quais havia dados disponíveis.
já uma taxa interna de rentabilidade satis-
fatória, com as correcções relativas ao
• Alguns objectivos dos Fundos estruturais
emprego, é inútil perder tempo e energia a
estão relacionados com alvos de emprego
efectuar este tipo de cálculo.
específicos (por exemplo, jovens desem-
No entanto, não se deve perder de vista que, pregados de longa data) e pode ser impor-
em certos casos, deve ser devidamente consi- tante considerar os diferentes impactes por
derado o impacte de um projecto sobre o grupo-alvo.
emprego:
2.5.4 Actualização
Os custos e benefícios que se verificam em
• Por vezes, é importante verificar as perdas
diferentes momentos devem ser actuali-
de empregos registadas noutros sectores
zados. O processo de actualização é efectu-
em resultado do projecto: os benefícios
ado, tal como a análise financeira, depois de
brutos em termos de empregos podem
elaborado o quadro da análise económica.
implicar uma sobreavaliação do impacte
líquido.
A taxa de actualização aplicada na análise
• Um argumento avançado, por vezes, é o de
económica dos projectos de investimento – a
que o projecto permite salvaguardar
taxa de actualização social – procura reflectir
empregos que de outro modo seriam per-
o ponto de vista social sobre o modo como
didos, o que poderá ser particularmente
deverá ser avaliado o futuro em relação ao
presente. Pode diferir da taxa de actualização
financeira quando o mercado de capitais é
Salário fictício imperfeito (o que, na realidade, é sempre o
É a remuneração mais elevada que a mão-de-obra participante no pro- caso).
jecto poderia ganhar noutro lado. Devido às leis e regulamentações
sobre o salário mínimo e outras restrições neste domínio, os salários Os estudos teóricos e a prática internacional
efectivamente pagos podem não representar uma medida correcta do apresentam uma variada gama de aborda-
custo real da mão-de-obra. Numa economia marcada por um elevado gens para interpretar e escolher a taxa de
desemprego ou subemprego, o custo de oportunidade da mão-de-obra actualização social. A experiência internaci-
utilizada no projecto pode ser inferior aos níveis salariais reais. onal é vasta e provém de diferentes países e
de diferentes organizações internacionais.

38
2.6 Análise multicritérios

Uma taxa de actualização social europeia de Em qualquer caso, o relatório de avaliação


5% pode justificar-se de várias maneiras e deve demonstrar de forma convincente, atra-
servir de referência em projectos co-finan- vés de uma argumentação estruturada e
ciados pela UE. No entanto, os autores do apoiada por dados adequados, que os benefí-
projecto podem preferir justificar um valor cios sociais são superiores aos custos sociais.
diferente.

Para aprofundar a questão da taxa de actua-


lização social, ver o anexo B. 2.6 Análise
2.5.5 Cálculo da taxa interna de
multicritérios
rentabilidade económica
A análise multicritérios tem simultanea-
Depois de corrigida a distorção dos preços, é
mente em conta diversos objectivos ligados à
possível calcular a taxa interna de rentabili-
intervenção avaliada. Será mais fácil que se
dade económica (TIRE).
tome em consideração na apreciação do
investimento os objectivos dos decisores que,
Depois de escolhida uma taxa de actuali-
em certos casos, poderão não estar inte-
zação social apropriada, é possível calcular o
grados na análise financeira e económica:
valor actual líquido económico (VALE) e a
por exemplo, a justiça social, a protecção do
relação custo-benefício (C/B).
ambiente e a igualdade de oportunidades.

A diferença entre a TIRE e a TIRF consiste


em que a primeira utiliza preços fictícios ou Para muitos projectos de desenvolvimento
o custo de oportunidade dos bens e serviços regional, a equidade constitui um objectivo
em vez dos preços do mercado imperfeito e importante. Se o autor de um projecto pre-
integra, na medida do possível, todas as tender atribuir-lhe um certo peso, a principal
externalidades sociais e ambientais. Uma vez informação que deverá fornecer é a previsão
que as externalidades e os preços fictícios são dos efeitos redistributivos da sua execução e
agora contabilizados, a maior parte dos pro- a exposição da pertinência destes efeitos no
jectos que apresentam uma TIRF/C baixa ou plano da política regional. Por exemplo, se o
negativa apresentarão agora uma TIRE posi- projecto vai alterar o regime de preços prati-
tiva. cados por um serviço público, é provável que
tenha alguma incidência no plano da justiça
Cada projecto que apresente uma TIRE infe- social, cujo nível deverá ser analisado e apre-
rior a 5% ou um VALE negativo após actua- ciado (por exemplo, através da indicação das
lização e uma taxa de actualização de 5% categorias sociais que pagarão determinados
deve ser cuidadosamente avaliado, ou mes- custos e das que obterão determinados bene-
mo rejeitado. O mesmo se aplica quando a fícios; ver o quadro de quem ganha e de
relação C/B for inferior a 1. quem perde). Para a avaliação do impacte ao
nível da redistribuição, ver igualmente o ane-
xo F.
Em casos excepcionais, um VALE negativo é
aceitável se houver importantes benefícios
não monetários, mas estes benefícios devem Um outro princípio fundamental para a
ser pormenorizadamente enunciados, por- avaliação dos projectos da UE é o princípio
que o projecto em questão apenas irá contri- do poluidor-pagador que, segundo os regula-
buir de forma marginal para a realização dos mentos, deve permitir modular a taxa de co-
objectivos da política de desenvolvimento financiamento. Ver caixa 2.5: Aplicação do
regional da UE. princípio do poluidor-pagador.

39
2.6 Análise multicritérios

Nestes casos, é necessário identificar os efei- para agregar as informações e fazer uma
tos dos investimentos em relação aos objec- opção, atribuindo em seguida um coefici-
tivos sociais, atribuir um peso a cada objec- ente de ponderação que reflicta a impor-
tivo e calcular o seu impacte final. Conside- tância relativa que a Comissão lhe reco-
remos, por exemplo, três objectivos: o estí- nhece.
mulo ao consumo, a justiça social e a auto- 3. Definição dos critérios de avaliação: estes
suficiência em energia. Se um projecto origi- critérios podem ser referentes às priori-
na uma variação do consumo em 2%, do dades dos diferentes agentes económicos
índice de igualdade em 1% e do índice de envolvidos ou a aspectos específicos da
auto-suficiência em 3%, é conveniente defi- avaliação (grau de sinergia com outras
nir três coeficientes de ponderação para ava- intervenções, esgotamento da capacidade
liar a importância relativa de cada objectivo de reserva, dificuldades de execução, etc.).
no processo de planificação. Suponhamos, 4. Análise do impacte: este exercício consiste
por exemplo, que a soma dos coeficientes de em analisar, para cada um dos critérios
ponderação escolhidos é igual a 1 (normali- seleccionados, os efeitos produzidos pelo
zação): 0,7 para o consumo, 0,2 para a distri- projecto. Os resultados podem ser quanti-
buição e 0,1 para a auto-suficiência em ener- tativos ou qualitativos (apreciação do
gia. O impacte total sobre os três objectivos, mérito).
dadas as preferências sociais do decisor 5. Estimativa dos efeitos da intervenção em
público, é fácil de medir (ver, por exemplo, o termos de critérios seleccionados; é atri-
quadro 2.12). buída uma nota com base nos resultados
da etapa anterior (simultaneamente em
De uma maneira geral, a análise multicrité- termos qualitativos e quantitativos).
rios deve ser estruturada da seguinte forma: 6. Identificação da tipologia dos agentes
envolvidos no projecto e agrupamento
1. Os objectivos devem ser expressos em das funções de preferência (coeficiente de
variáveis mensuráveis. Não devem ser ponderação) atribuídas aos diferentes
redundantes, mas devem poder substi- critérios.
tuir-se um ao outro (se um objectivo esti- 7. Agregação dos pontos conferidos aos dife-
ver em grande medida realizado, pode rentes critérios com base nas preferências
excluir parcialmente a realização do reveladas. As diferentes notas atribuídas
outro). podem ser agregadas para uma avaliação
2. Uma vez consultado o “vector dos objec- numérica do projecto comparável à reali-
tivos”, é preciso encontrar uma técnica zada para projectos semelhantes.

Caixa 2.5 Aplicação do princípio do poluidor-pagador

FE - nº 1 do artigo 29º do Regulamento pela aplicação dos princípios de precaução da ISPA - nº 2 do artigo 6º do Regulamento
1260/1999: “A participação dos Fundos será acção preventiva e do poluidor-pagador.” 1267/1999: “Salvo no caso de assistência reem-
modulada em função dos seguintes elementos: FC - nº 1 do artigo 7º do Regulamento 1264/1999: bolsável ou quando exista um interesse comuni-
(...) c) No âmbito dos objectivos dos Fundos defi- “No entanto, a partir de 1 de Janeiro de 2000, tário substancial, a taxa de assistência será
nidos no artigo 1º, interesse de que se revestem essa taxa pode ser reduzida para ter em conta, reduzida para atender: a) À disponibilidade de
as intervenções e os eixos prioritários do ponto em cooperação com o Estado-Membro em co-financiamento, b) À capacidade da medida
de vista comunitário, eventualmente para a elimi- questão, as receitas que previsivelmente serão para gerar receitas; e c) A uma aplicação ade-
nação das desigualdades e a promoção da igual- geradas pelos projectos, bem como pela apli- quada do princípio do poluidor-pagador.”
dade entre homens e mulheres e para a pro- cação do princípio do poluidor-pagador.”
tecção e melhoria do ambiente, especialmente

40
2.6 Análise multicritérios

O avaliador do projecto deve sempre veri- Poderão colocar-se, então, as seguintes ques-
ficar: tões:

• se as previsões dos aspectos não monetá- a) A previsão da redução das emissões é fiá-
rios foram objecto de uma quantificação vel em termos físicos?
realista na avaliação ex ante; b) Um milhão de euros é um “preço” acei-
• se existe uma análise precisa dos eventuais tável para uma redução de 10% das emis-
custos e benefícios não monetários; sões (qual é o custo unitário implícito da
• se os critérios adicionais têm peso político redução das emissões)?
suficiente para alterarem significativa- c) Existe uma prova de que este “preço” da
mente os resultados financeiros e econó- redução das emissões é compatível com o
micos. peso que a administração do Estado-
Membro ou a Comissão atribuem a estes
Este método é particularmente eficaz quan- projectos?
do a monetarização dos custos e benefícios é
difícil, ou mesmo impossível. Suponhamos Por exemplo, pode procurar-se indagar se os
que um determinado projecto apresenta, Estados-Membros já financiaram – regular-
com uma taxa de actualização de 5%, um mente ou ocasionalmente – projectos seme-
valor actual líquido económico negativo de lhantes, com vista a obter uma relação cus-
um milhão de euros. Isto significa que o to/eficácia semelhante. Se não existir prova
avaliador prevê para o projecto uma perda de coerência, será preciso determinar a razão
social líquida em termos monetários. No por que é pedida uma contribuição da UE
entanto, o autor do projecto pode considerar para o projecto em questão.
que este deve ser financiado pelos fundos
porque apresenta um impacte ambiental É possível substituir a redução das emissões
“muito positivo”, ainda que não seja possível por muitos outros tipos de benefícios não
atribuir-lhe um valor monetário. A monetários e repetir o controlo, se neces-
Comissão pode considerar a protecção do sário. No caso de as vantagens serem não só
ambiente como um bem de interesse social. não monetárias, mas também impossíveis de
avaliar fisicamente, o projecto é impossível
Neste caso, poderá ser pedido ao autor do de apreciar.
projecto que faça uma estimativa dos benefí-
cios ambientais em termos físicos. Supo- Devem ser tratadas com grande prudência as
nhamos que esta estimativa foi feita e que se propostas de projectos nas quais a análise dos
espera do projecto uma redução das emis- benefícios não monetários é vaga e mera-
sões do poluidor Z em 10% ao ano. mente qualitativa.

No caso dos projectos não quantificáveis (ou


Quadro 2.12 Análise multicritérios de dois projectos difíceis de quantificar), deve ser efectuada
Projecto A Nota* Coeficiente de ponderação Impacte uma análise qualitativa nos seguintes termos:
Equidade 2 0,6 1,2 reúne-se um conjunto de critérios perti-
Igualdade de oportunidades 1 0,2 0,2 nentes para a avaliação do projecto (equi-
Protecção do ambiente 4 0,2 0,8
Total 2,2: impacte moderado
dade, impacte ambiental, igualdade de opor-
tunidades) numa matriz com os impactes
Projecto A Nota* Coeficiente de ponderação Impacte (medidos em pontos ou em percentagem) do
Equidade 4 0,6 2,4 projecto sobre os mesmos critérios; outra
Igualdade de oportunidades 1 0,2 0,2 matriz registará a importância relativa atri-
Protecção do ambiente 2 0,2 0,2
Total 2,8: impacte importante* buída aos critérios considerados; multipli-
(*) 0: impacte nulo 1: impacte fraco 2: impacte moderado 3: impacte importante cando os pontos pelo coeficiente de ponde-
4: impacte muito importante

41
2.7 Análise de sensibilidade e risco

ração obtém-se o impacte global do projecto. derem os parâmetros para os quais uma vari-
No exemplo do quadro 2.12, o projecto B ação (positiva ou negativa) de 1% implique
tem maior impacte social, tendo em conta as uma variação correspondente de 1% (um
preferências atribuídas aos critérios sociais ponto percentual) da TIR ou de 5% do valor
escolhidos. de base do VAL.

Ilustramos abaixo o procedimento a seguir


2.7 Análise de para efectuar uma análise de sensibilidade:

sensibilidade e risco a) Identificar todas as variáveis utilizadas


para calcular os factores e os produtos nas
2.7.1 Prever as incertezas análises económicas e financeiras, agru-
A avaliação dos riscos consiste em estudar a pando-as por categorias homogéneas. O
probabilidade de um projecto dar resultados quadro 2.13 pode revelar-se útil.
satisfatórios (em termos de TIR ou de VAL),
bem como a variabilidade do resultado em b) Identificar as eventuais variáveis depen-
comparação com a melhor estimativa previ- dentes de um ponto de vista determinista
amente efectuada. que são susceptíveis de implicar distor-
ções nos resultados e duplas contabiliza-
O procedimento recomendado para a avali- ções. Por exemplo, se a produtividade da
ação de riscos assenta nos seguintes elemen- mão-de-obra e a produtividade geral
tos: figuram no modelo, a segunda engloba
necessariamente a primeira. Neste caso, é
• Em primeiro lugar, uma análise de sensibi- preciso eliminar as variáveis redundantes,
lidade, isto é, do impacte que as alterações mantendo as mais significativas ou modi-
presumidas das variáveis que determinam ficando o modelo de forma a eliminar as
os custos e benefícios revelem ter nos índi- dependências internas. Em conclusão, as
ces financeiros e económicos calculados variáveis consideradas devem ser, na
(TIR ou VAL). medida do possível, as variáveis indepen-
• Numa segunda fase, o estudo da distri- dentes.
buição de probabilidades das variáveis
seleccionadas e o cálculo do valor esperado c) É recomendado que se proceda a uma
dos indicadores de desempenho do projec- análise quantitativa do impacte das variá-
to. veis, para seleccionar aquelas que são
pouco elásticas ou que têm uma elastici-
2.7.2 Análise de sensibilidade dade marginal. A análise quantitativa
O objecto da análise de sensibilidade é a subsequente pode limitar-se às variáveis
selecção das variáveis e parâmetros “críticos” mais significativas, que convém verificar
do modelo, ou seja, aqueles cujas variações, em caso de dúvida. Utilizar, por exemplo,
positivas ou negativas em relação ao valor o quadro 2.14. Além disso, os principais
utilizado como melhor estimativa no caso de parâmetros da análise de riscos para cada
referência, têm um efeito mais pronunciado tipo de investimento são indicados nos
na TIR ou no VAL, no sentido em que origi- lucros por sector.
nam as alterações mais importantes destes
parâmetros. Os critérios a utilizar para a d) Escolhidas as variáveis significativas,
escolha das variáveis críticas diferem em pode então ser avaliada a sua elasticidade,
função do projecto considerado e devem ser calculando-as, o que será mais fácil se
avaliadas com rigor em cada caso. De uma dispusermos de um programa informá-
maneira geral, recomendamos que se consi- tico para determinar os índices da TIR

42
2.7 Análise de sensibilidade e risco

Quadro 2.13 Identificação das variáveis críticas


Categorias Exemplos de variáveis
Parâmetros do modelo Taxa de actualização
Dinâmica dos preços Taxa de inflação, taxa de crescimento dos salários reais, preço da energia, alterações dos preços de
bens e serviços
Dados relativos à procura População, taxa de crescimento demográfico, consumo específico, taxa de doença, formação da
procura, volume da circulação, dimensão da área a irrigar, volumes de mercado de um dado produto
Custos de investimento Duração de um estaleiro de construção (atrasos nos trabalhos), custo horário da mão-de-obra, produti-
vidade horária, custo do terreno, custo do transporte, custo dos adjuvantes de betão, distância da
pedreira, custo dos arrendamentos, profundidade dos furos, vida útil dos equipamentos e produtos
manufacturados
Preço de exploração Preço dos bens e serviços utilizados, custo horário do pessoal, preço da electricidade, do gás e de outros
combustíveis
Parâmetros quantitativos dos custos Consumo específico da energia e dos outros bens e serviços, número de pessoas empregadas
de exploração
Preço das receitas Taxas, preços de venda dos produtos, preço dos produtos semi-acabados
Parâmetros quantitativos das receitas Produção horária (ou noutro período) dos bens vendidos, volume dos serviços fornecidos, produtividade,
número de utilizadores, percentagem de penetração da área servida, penetração do mercado
Preços fictícios (custos e benefícios) Coeficientes de conversão dos preços do mercado, valor do tempo, custo de hospitalização, custo das
mortes evitadas, preços fictícios dos bens e serviços, avaliação das externalidades
Parâmetros quantitativos dos custos Taxa de doenças evitadas, dimensões da área utilizada, valor acrescentado por hectare irrigado, inci-
e benefícios dência da energia produzida ou das matérias-primas secundárias utilizadas

e/ou do VAL. Em cada caso, é necessário função linear, pelo menos na gama de altera-
atribuir um novo valor (superior ou infe- ções exploradas.
rior) a cada variável e voltar a calcular a
TIR ou o VAL, anotando as diferenças e) Identificar as variáveis críticas aplicando o
(em valor absoluto e em percentagem) critério seleccionado. Ainda no exemplo
em relação ao caso de referência. do quadro 2.5, segundo o critério geral
acima referido, as variáveis críticas são as
O quadro 2.5 dá um exemplo de resultado taxas, a procura e a produtividade.
possível. Dado que, de uma maneira geral,
nada garante que a elasticidade das variáveis 2.7.3 Análise de cenário
seja sempre uma função linear, é recomen-
Pode ser útil combinar os valores “optimistas
dável que isto seja verificado, reproduzindo
“ e “pessimistas” de um grupo de variáveis
os cálculos para diferentes desvios arbitrá-
para demonstrar a existência de diferentes
rios. No exemplo do quadro, a elasticidade
cenários extremos no quadro de certas hipó-
do parâmetro de produtividade aumenta ao
teses. Para definir os cenários optimistas e os
mesmo tempo que o valor absoluto do des-
cenários pessimistas, é preciso seleccionar em
vio comparado com a melhor estimativa,
cada variável crítica os valores extremos da
enquanto que o valor da procura diminui; a
gama definida pela distribuição de probabili-
elasticidade das outras variáveis é uma
dades. Calculam-se então os indicadores de

Quadro 2.14 Análise do impacte das variáveis críticas


Categorias e parâmetros Elasticidade
Elevada Incerta Fraca
Parâmetros do modelo Taxa de actualização X
Dinâmica dos preços Taxa de inflação X
Taxa real dos salários X
Alteração dos preços da energia X
Alteração dos preços de bens e serviços X
Dados relativos à procura Consumo específico X
Taxa de crescimento demográfico X
Volume da circulação X
Custos de investimento Custo horário da mão-de-obra X

43
2.7 Análise de sensibilidade e risco

desempenho do projecto para cada hipótese. probabilidades da TIR e do VAL do projecto.


Neste caso, não é necessário especificar a Só nos casos mais simples é possível deter-
distribuição de probabilidades. minar estas distribuições de probabilidades
aplicando métodos de cálculo de probabili-
dades relativas a fenómenos independentes.
10,0%
7,5%

Distribuição de probabilidades
5,0% 0,140
0,120
2,5%
TIR

0,100
-5% -4% -3% -2% -1%
0,0% 1% 2% 3% 4% 5% 0,080
-2,5% 0,060
-5,0% 0,040
0,020
-7,5% 0,000
-10,0% 3- 3,5- 4- 4,5- 5- 5,5- 6- 6,5-
Parámetro 3,25 3,75 4,25 4,75 5,25 5,75 6,25 6,75
TIRF (em %)
Custo da energia Tendência dos preços, etc. Taxas
Procura Produtividade Fig. 2.6 Distribuição de probabilidades para a TIRF

Quadro 2.5 Análise de sensibilidade


Dada a crescente complexidade do modelo
de ACB, mesmo com um número limitado
Quadro 2.15 Exemplo de análise de cenário de variáveis, o número de combinações tor-
Cenário Referência Cenário
na-se demasiado elevado para se prestar a
optimista pessimista um tratamento directo. Por exemplo, se exis-
Custo de inv. euros 125.000 130.000 150.000 tirem apenas quatro variáveis às quais corres-
Circulação var. em % +2% +5% +9% pondam três valores (a melhor estimativa e
Portagens euros/unid. 5 2 1
TIRF/C 2% -2% -8%
dois desvios, um positivo e outro negativo),
TIRF/K 12% 7% 2% teremos 81 combinações possíveis a analisar.
TIRE 23% 15% 6%

Sendo assim, é possível aplicar aos projectos


de investimento o método Montecarlo, para
A análise do cenário não substitui a análise
o qual existe um programa de cálculo apro-
de sensibilidade nem a análise dos riscos; tra-
priado. O método consiste numa extracção
ta-se apenas de um procedimento abreviado.
aleatória repetida de uma série de valores de
2.7.4 Análise de probabilidade do risco variáveis críticas, escolhidas nos respectivos
Uma vez identificadas as variáveis críticas, é intervalos definidos. Seguidamente, é preciso
necessário, para proceder à análise dos riscos, calcular os índices de desempenho do projec-
associar a cada variável uma distribuição de to (TIRE ou VAL) decorrentes de cada grupo
probabilidades, definida numa gama de valo- de valores extraídos. É evidente que se deve
res em torno da melhor estimativa utilizada assegurar que a frequência dos valores das
no caso de referência, para calcular os índices variáveis seja conforme à distribuição pré-
de avaliação. estabelecida das probabilidades. Reprodu-
zindo este procedimento em relação a um
A distribuição de probabilidades por cada número suficiente de extracções (geral-
variável pode ser obtida em diversas fontes mente, não mais do que algumas centenas), é
(ver também o anexo D). Tendo efectuado a possível obter uma convergência do cálculo
distribuição de probabilidades das variáveis com a distribuição de probabilidades da
críticas, é possível calcular a distribuição de TIRE ou do VAL.

44
2.7 Análise de sensibilidade e risco

A função prática da análise de sensibilidade é identificar as vari-


áveis críticas, o que pressupõe, evidentemente, que se obtenham infor-
A maneira mais útil de apresentar o resultado mações complementares. A função prática da análise de risco é pro-
consiste em exprimi-lo em termos de distri- duzir os valores esperados dos indicadores de desempenho finan-
buição de probabilidades ou de probabili- ceiros e económicos (como a TIRF e a TIRE). Por exemplo, se um pro-
dades acumuladas da TIR ou do VAL no jecto apresenta uma TIRF/K de valor compreendido entre 4 e 10 com
intervalo de valores assim obtido. As figuras uma probabilidade de 70% e um valor compreendido entre 10 e 13 com
uma probabilidade de 30%, o valor esperado do TIRF/K para este pro-
2.6 e 2.7 dão exemplos práticos deste proce-
jecto é de apenas 8,35 ((média ponderada (4;10)*0,7) + (média ponde-
dimento. rada (10;13)*0,3)).

A curva de probabilidades acumuladas (ou


um quadro de valores) permite atribuir ao
projecto um grau de risco, por exemplo, veri- Deve ficar claro que um projecto de risco é um
projecto para o qual há uma probabilidade elevada
ficando se as probabilidades acumuladas são
de não ultrapassar um certo limiar de TIR. Não é
superiores ou inferiores a um valor de refe- um projecto no qual a distribuição de probabili-
rência considerado como crítico. É igual- dades da TIR apresente um desvio-padrão signifi-
mente possível avaliar as probabilidades de cativo.
que a TIRE (ou o VAL) seja inferior a um
dado valor que, também neste caso, se adop-
ta como valor limite. No exemplo do quadro, Para ilustrar este conceito, tomemos o caso
há uma probabilidade de 53% de que a TIRE dos projectos inovadores, que podem ser
seja inferior a 5%. mais arriscados do que os projectos clássicos.
Se estes projectos têm, por exemplo, uma
Na avaliação do resultado, um elemento probabilidade de 50% de atingir os resul-
muito importante é a relação entre os projec- tados pretendidos, o seu valor social líquido
tos de risco elevado mas com benefícios para um investidor que seja neutro em
sociais importantes, por um lado, e os pro- relação ao risco deve ser, portanto, dividido
jectos de risco reduzido mas com escassos por dois. No entanto, a inovação constitui
benefícios sociais, por outro lado. em si mesma um critério de preferência
suplementar: para avaliar um projecto inova-
Por vezes, há razões para preferir, a priori, a dor, é necessário, portanto, atribuir um preço
neutralidade ao risco. Em certos caos, no à “inovação” de qualidade e não subestimar
entanto, o avaliador ou o autor do projecto os riscos.
pode afastar-se da neutralidade e preferir
correr um risco mais ou menos elevado para
a taxa de rendimento esperada: neste caso, a
opção deve ser claramente definida.

1,00
Probabilidade cumulativa

0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00
TIRF (%)

Fig. 2.7 Distribuição de probabilidades acumuladas para a TIRF


(Gráfico: ver original)

45
Capítulo 3:
Linhas gerais da análise de
projectos por sector

Enquadramento
O presente capítulo desenvolve os conceitos Análise financeira. É indispensável em qual-
expostos nas páginas anteriores, mas refe- quer caso, mesmo quando os serviços ofere-
rindo-se aos principais sectores de investi- cidos são inteiramente gratuitos e, portanto,
mento financiados pelos fundos da UE. a taxa de rentabilidade financeira é negativa.
A análise deve avaliar o custo líquido do pro-
Estas informações são esquemáticas e de for- jecto para as finanças públicas e fornecer
ma alguma se pretendem exaustivas. Consti- uma comparação significativa com investi-
tuem, essencialmente, um guia para os leito- mentos similares.
res e para os autores de propostas de projec-
tos. Por um lado, indicam os métodos estabe- Análise económica. Para além dos elementos
lecidos nos quais se deve basear uma boa decorrentes da análise financeira, é neces-
apreciação dos projectos; por outro lado, sário integrar a avaliação dos principais cus-
assinalam as áreas de incerteza que requerem tos e benefícios sociais. A análise financeira,
uma atenção especial. tal como a análise económica, deve sempre
incluir uma comparação entre as duas situa-
Naturalmente, todos os elementos metodo- ções: com e sem o investimento.
lógicos gerais mencionados no capítulo ante-
rior devem igualmente ser tidos em conside- Análise multicritérios e análise baseada nou-
ração. Para todos os sectores são válidas as tros critérios. São necessárias determinadas
seguintes rubricas: informações sobre outros critérios de avali-
ação, especialmente no que se refere aos
Definição dos objectivos. Importa ter em impactes ambientais.
conta a natureza local dos objectivos, bem
como o seu significado e a sua incidência Análise de sensibilidade e risco. As incertezas
mais geral. e os riscos ligados às tendências das variáveis
são elementos importantes a ter em conside-
Identificação do projecto. As ligações funcio- ração na avaliação dos projectos de investi-
nais e físicas do projecto com o sistema de mento.
infra-estruturas existente devem ser sempre
claramente explicadas. Os textos relativos aos diferentes sectores res-
peitam uma estrutura comum, a fim de faci-
Análise de viabilidade e opções. Deve ser litar o trabalho do utilizador, de favorecer um
sempre apresentada uma comparação com a procedimento normalizado de análise e de
situação anterior (sem o projecto) e as alter- apresentação e de melhorar a comunicação
nativas possíveis para satisfazer o mesmo entre os autores de propostas de projectos e
objectivo. as pessoas encarregadas de os avaliar.

46
3.1 Tratamento de resíduos

Em certos casos, quando tal é possível, o tex- Os resíduos sólidos incluem:


to propõe gamas de valores extraídas da
experiência para as variáveis essenciais da • Os resíduos enunciados nas directivas
análise. Estas gamas de valores devem ser sobre a matéria (ver caixa 3.1, Quadro
consideradas como referências destinadas à legislativo);
análise, e não como valores-alvo. • Os resíduos enunciados no Catálogo
Europeu de Resíduos (publicado em
São fornecidas explicações bastante comple- Janeiro de 1994);
tas para os seguintes sectores: • Os outros tipos de resíduos existentes a
nível nacional.
1. Tratamento de resíduos
3.1.1 Definição dos objectivos
2. Abastecimento, transporte e distribuição
Os objectivos inserem-se em critérios gerais
de água
como o do desenvolvimento local e regional
3. Transportes
e da gestão do ambiente, mas incluem igual-
mente objectivos específicos a curto e longo
Além destas, são propostas explicações mais prazos, nomeadamente
sucintas para os seguintes sectores:
• o desenvolvimento de sectores modernos
4. Transporte e distribuição de energia de gestão de resíduos a nível local e regi-
5. Produção de energia onal;
6. Portos, aeroportos e redes de infra-estru- • a redução dos riscos para a saúde asso-
turas ciados a uma gestão não controlada dos
7. Infra-estruturas de formação resíduos urbanos e industriais;
8. Museus e parques arqueológicos • a redução das emissões de poluentes,
9. Hospitais nomeadamente poluentes da água e do ar;
• a inovação nas novas tecnologias de recol-
10. Florestas e parques
ha e tratamento de resíduos.
11. Infra-estruturas de telecomunicações
12. Bens industriais e parques tecnológicos
13. Indústrias e outros investimentos produ-
tivos

Principais tipos de resíduos


3.1 Tratamento de • resíduos sólidos urbanos; resíduos recolhidos pelos municípios ou

resíduos por sua conta;


• resíduos de embalagens;
• resíduos perigosos, incluindo os resíduos perigosos industriais e
Introdução
domésticos (pilhas, óleos, tintas e medicamentos fora de prazo);
A presente secção refere-se tanto aos novos
• resíduos especiais, como os resíduos de óleos, pilhas e acumula-
investimentos como aos investimentos na
dores, veículos em fim de vida, resíduos eléctricos e electrónicos;
renovação, modernização ou normalização
• resíduos de jardins e resíduos urbanos de grande volume;
das instalações de gestão de resíduos. Os
• resíduos sanitários produzidos essencialmente por hospitais;
projectos podem ter por objecto instalações
• cinzas e escórias provenientes de processos de combustão e cinzas
de recolha e de triagem dos resíduos sóli-
dos, estações de incineração (com ou sem volantes produzidas pelas instalações de tratamento de resíduos;
recuperação de energia), aterros ou outras • resíduos de mineração;
instalações de evacuação e eliminação de • resíduos agrícolas, incluindo lamas.
resíduos.

47
3.1 Tratamento de resíduos

Para precisar os objectivos gerais e específicos • as instalações de tratamento físico e quími-


do projecto, é necessário definir em detalhe co, por exemplo, as instalações de trata-
as seguintes características: mento dos resíduos de óleos;
• as instalações de incineração dos resíduos
• a população servida pelo projecto, o volu- domésticos e industriais e as incineradoras
me de resíduos recolhidos e tratados por (com ou sem produção combinada de
tipo (perigosos, urbanos, de embalagens, calor e electricidade);
etc.); • os locais de aterro.
• os tipos de técnicas utilizadas (métodos de
tratamento); Deve ser anexada ao projecto uma planta da
• o impacte económico na economia local instalação proposta, para permitir compre-
(em termos de emprego e de receitas); ender melhor os seus impactes económicos
• a diminuição de riscos obtida pela apli- locais e ambientais e devem ser fornecidas
cação da estratégia de gestão dos resíduos; determinadas informações sobre a área
• a economia de matérias-primas e os tipos abrangida pela recolha de resíduos e especifi-
de materiais recuperados e reciclados; cações sobre a origem destes: local, regional,
• a redução dos poluentes atmosféricos, da nacional ou país de origem (no caso de resí-
água e do solo e os tipos de prejuízos duos importados de outro país europeu ou
ambientais evitados no solo e nas águas de um país terceiro).
subterrâneas, por exemplo.
Quadro regulamentar
3.1.2 Identificação do projecto Para serem seleccionados, os projectos
devem respeitar a legislação comunitária
Tipos de investimento geral e específica em matéria de gestão de
Os principais tipos de instalações de gestão resíduos e os princípios que orientam a polí-
de resíduos são: tica da UE no sector.

• as instalações de recolha e de reciclagem A legislação e as acções europeias em matéria


dos resíduos (com ou sem recolha selec- de resíduos baseiam-se em directivas-chave,
tiva), por exemplo, os centros de recolha como a directiva-quadro relativa aos resí-
selectiva de resíduos urbanos; duos (75/442/CEE), a directiva relativa aos
• as instalações de compostagem; resíduos perigosos (91/689/CEE) e o regula-

Aterro Incineração Aterro


Tratamento (resíduos) Instalação de
biológico reciclagem

Recolha Recolha Recolha/


separada comum triagem

Fracção Fracção Recolha/


orgânica residual triagem

Recuperação/
Reutilização Resíduos sólidos urbanos e especiais provenientes das
na fonte habitações, do comércio, da indústria e dos serviços

Fig. 3.1 Sistemas de gestão de resíduos desde a origem até à evacuação e eliminação final
48
3.1 Tratamento de resíduos

mento relativo à transferência de resíduos lação, bem como os inerentes custos de tran-
(259/93). Muitas outras directivas referem a sporte. Custos de transporte elevados ou
gestão de resíduos especiais e os métodos de grandes distâncias devem ser justificados
tratamento de resíduos. especificamente, por exemplo, pela natureza
dos resíduos ou pelo tipo de técnica utili-
Os princípios gerais são os seguintes: zada.

• O princípio do poluidor-pagador (PPP)3 3.1.3 Análise de viabilidade e opções


O princípio do poluidor-pagador determina É necessário analisar vários cenários para
que quem causa prejuízos ao ambiente deve permitir a escolha da melhor opção possível
suportar os custos inerentes a evitar estes entre as diferentes alternativas. Os cenários
prejuízos ou a compensá-los. Uma parte do potenciais são os seguintes:
custo total é recuperado através de taxas
pagas pelos poluidores (os detentores dos • o cenário “nada fazer” (“statu quo”), sem
resíduos); investimento;

• Hierarquia na gestão dos resíduos


As estratégias de gestão dos resíduos visam, Caixa 3.1 Quadro legislativo
em primeiro lugar, prevenir a sua produção e
reduzir a sua nocividade. Quando tal não é Resíduos em geral
possível, os resíduos devem ser reutilizados, • Directiva-quadro relativa aos resíduos (Directiva 75/422/CEE do
reciclados ou usados como fonte de energia. Conselho, alterada pela Directiva 91/156/CEE do Conselho)
• Directiva relativa aos resíduos perigosos (Directiva 91/689/CEE
Em última instância, devem ser eliminados
do Conselho, alterada pela Directiva 94/31/CE do Concelho)
sem riscos (por incineração ou aterro em Resíduos especiais
locais autorizados). A análise do projecto • Eliminação dos óleos usados (Directiva 75/439/CEE do Conselho)
deve incluir sistematicamente a opção • Detritos provenientes da indústria do dióxido de titânio (Direc-
“Prevenir a produção de resíduos ou reutilizá- tiva 78/176/CEE do Conselho)
los e reciclá-los”, que permite comparar os • Pilhas e acumuladores contendo determinadas matérias peri-
custos entre as instalações de prevenção dos gosas (Directiva 91/157/CEE do Conselho)
• Embalagens e resíduos de embalagens (Directiva 94/62/CE do
prejuízos, de reciclagem e de eliminação final
Conselho)
dos resíduos. Em qualquer caso, a opção por • Eliminação dos policlorobifenilos e dos policlorotrifenilos
uma incineradora ou por um local de aterro (PCB/PCT) (Directiva 96/59/CE do Conselho)
deve ser justificada pelos custos muito eleva- • Protecção do ambiente, e em especial dos solos, na utilização
dos ligados às opções da prevenção dos agrícola de lamas de depuração (Directiva 86/278/CEE do
prejuízos e da reciclagem dos resíduos. Conselho)
Processos e instalações
• Redução da poluição atmosférica proveniente das instalações
• Princípio da proximidade
existentes de incineração de resíduos urbanos (Directiva
Os resíduos devem ser eliminados o mais 89/429/CEE do Conselho)
perto possível da sua origem, pelo menos, à • Prevenção da poluição atmosférica proveniente de novas insta-
luz do objectivo da auto-suficiência, ao nível lações de incineração de resíduos urbanos (Directiva 89/369/CEE
da Comunidade e, se possível, ao nível do do Conselho)
Estado-Membro. A descrição do projecto • Incineração de resíduos perigosos (Directiva 94/67/CE do
Conselho)
deve indicar a distância entre a área de pro-
• Deposição de resíduos em aterros (Directiva 99/31/CE do
dução dos resíduos e a localização da insta- Conselho)
Transporte, importação e exportação
3
«Em conformidade com o princípio «poluidor-pagador», os custos • Fiscalização e controlo das transferências de resíduos no inte-
da eliminação dos resíduos (…) devem ser suportados pelo deten-
tor que remete os resíduos a um colector ou a uma das empresas
rior, à entrada e à saída da Comunidade (Regulamento 259/93 do
mencionadas no artigo 8º, e/ou pelos detentores anteriores ou pelo Conselho)
produtor do produto gerador de resíduos.» (artigo 11º da Direc-
• Regras e procedimentos comuns aplicáveis às transferências de
tiva 75/442/CEE).
determinados tipos de resíduos para certos países não membros
da OCDE (Regulamento 1420/99 do Conselho e Regulamento
1547/99 da Comissão)
3.1 Tratamento de resíduos

• algumas alternativas possíveis no quadro • normas nacionais e europeias em vigor em


da proposta em apreço; matéria de gestão de resíduos e suas altera-
• alternativas gerais ao projecto (por exem- ções previsíveis.
plo, o estudo de uma incineradora como
alternativa a um aterro, ou um centro de A avaliação da procura futura no domínio da
recolha selectiva para reciclagem, em vez gestão dos resíduos urbanos deve ter em con-
de uma instalação de eliminação final). ta o crescimento demográfico e os fluxos
migratórios. No caso dos resíduos indus-
No cenário de statu quo, devem ser indicadas triais, o parâmetro-chave será o crescimento
as razões da escolha da opção fazer alguma industrial previsível nos sectores económicos
coisa de preferência a manter a opção de sta- em causa. Em todo o caso, importa não
tu quo. Os argumentos avançados serão refe- esquecer a possível evolução dos comporta-
rentes aos benefícios económicos, sociais e mentos dos produtores de resíduos, por
ambientais do projecto e sublinharão os cus- exemplo, o aumento do consumo associado
tos da opção statu quo em termos econó- à elevação do nível de vida, o desenvolvi-
micos e de impactes no ambiente e na saúde mento de actividades de reciclagem ou a
humana. adopção de produtos e tecnologias limpas,
com as respectivas consequências potenciais
No segundo caso, a descrição do projecto nos fluxos dos resíduos: variação nos tipos de
deverá apresentar as alternativas técnicas à resíduos produzidos, aumento ou diminu-
opção escolhida. No caso de uma incinera- ição da produção de resíduos.
dora, será, por exemplo, o tipo da caldeira ou
a junção de um gerador de vapor para a recu- O respeito das disposições em vigor deve ser
peração de energia. igualmente tido em conta na avaliação da
procura. Segundo a hierarquia da gestão de
Por último, no cenário geral, o estudo inci- resíduos e as considerações que figuram nas
dirá nos diferentes métodos de gestão dos directivas sobre a matéria (por exemplo, a
resíduos no quadro do projecto. Uma directiva relativa às embalagens), as necessi-
solução alternativa será a prevenção, a reuti- dades no domínio da gestão e tratamento de
lização, a reciclagem ou a recuperação, a resíduos deverão ser cada vez mais satisfeitas
comparar com a opção escolhida. O objec- pela prevenção, pela reciclagem, pela
tivo é respeitar o princípio da hierarquia e compostagem e pela recuperação de energia
integrá-lo concretamente na análise do pro- (calor e electricidade). Consequentemente, a
jecto sobre a gestão dos resíduos. dimensão de uma incineradora ou de um
aterro deve ser determinada em função das
tendências futuras.
Análise da procura
A procura de recuperação e de eliminação de
resíduos constitui um elemento essencial da As etapas da evolução da procura são as
decisão de construir uma instalação de trata- seguintes:
mento.
• a procura prevista, calculada a partir da
A estimativa deve basear-se nos seguintes ele- procura actual e das previsões do cresci-
mentos: mento demográfico e industrial;
• a procura ajustada em função da evolução
• a avaliação da produção por tipo de resí- potencial do comportamento dos produ-
duos e por tipo de produtores na área tores de resíduos e do respeito das estraté-
geográfica abrangida pelo projecto; gias e da legislação actuais e previsíveis.

50
3.1 Tratamento de resíduos

Ciclo e fases do projecto Esta secção deve fornecer, pelo menos, os


Importa especificar as várias fases do projec- seguintes dados em matéria de engenharia:
to, a saber:
• dados socioeconómicos de base: número
• a concepção e o plano financeiro;
de habitantes servidos; número e tipo de
• os estudos técnicos;
estruturas de produção servidas;
• a fase de investigação para encontrar um
local apropriado; • Por exemplo, aumento do consumo asso-
• a fase de construção; ciado ao nível de vida
• a fase de gestão. • dados de base sobre os resíduos: tipo (resí-
duos urbanos, perigosos, de embalagens,
Podem verificar-se atrasos significativos etc.) e quantidade (t/d, t/a, t/h, t/euro, etc.)
durante algumas fases, nomeadamente na de produtos a tratar, matérias-primas
procura de um local apropriado. No caso do secundárias recuperadas, energia produ-
tratamento de resíduos perigosos, por exem- zida (em megajoules de calor e MWh de
plo, uma instalação pode suscitar a hostili- potência);
dade da população local, com o risco de per-
turbar a construção e as fases de gestão nor- • características físicas: superfície ocupada
mais da instalação e as inerentes consequên- pela instalação (em milhares de m2),
cias negativas para os fluxos financeiros e espaços de armazenamento cobertos e
económicos. descobertos (em milhares de m2), posição
e sistemas de descarga de águas residuais;
As características técnicas • informações sobre as técnicas e as fases de
A descrição das características técnicas da construção;
instalação é essencial à compreensão da inci-
• técnicas escolhidas para a instalação de
dência económica e social local do projecto,
tratamento: técnica utilizada, energia e
dos seus impactes no ambiente e da totali-
materiais consumidos e outros bens e ser-
dade dos custos e benefícios financeiros e
viços consumidos;
económicos implicados. Além disso, devem
ser fornecidas informações técnicas deta- • outras informações úteis: número de pes-
lhadas, para o bom funcionamento das acti- soas empregadas nas fases de construção e
vidades de acompanhamento e avaliação de gestão, existência de equipamentos de
requeridas pelos Fundos estruturais. telecomando ou automatizados, etc.

Produção anual actual de resíduos

Taxa de crescimento Taxa de crescimento


demográfico económico

Procura
prevista
Alterações da Alterações dos
comportamentos regulamentação

Procura prevista
ajustada

Fig. 3.2 As diferentes etapas da evolução da procura

51
3.1 Tratamento de resíduos

Bases de dados Cenários


Estas informações permitirão avaliar os
impactes socioeconómicos do projecto, por
exemplo, em termos de emprego e de distri- Informações Viabilidade
buição do rendimento, contribuindo assim técnicas técnica
para a análise do impacte no ambiente (ver
abaixo) e para os cálculos financeiros e Informações Viabilidade O melhor
económicos. socioeconómicas socioeconómica cenário
segundo o
3.1.4 Análise financeira estudo de
Informações de Impactes
As receitas financeiras (entradas) são geral- viabilidade
ordem ambiental ambientais
mente representadas pelas taxas pagas pelos
utilizadores privados ou públicos pelo trata-
mento dos resíduos e pela venda de produtos Informações Custo total da
recuperados (matérias secundárias e produ- financeiras instalação
tos de compostagem) e da energia produzida
(calor e electricidade), se for o caso. As saídas
Quadro 3.3 Os diferentes elementos de uma análise de viabilidade
financeiras são as seguintes:

• custos de investimento (terrenos, edifícios,


equipamentos), incluindo os estudos de 3.1.5. Análise económica
viabilidade dos investimentos; A análise económica é relativa aos benefícios
sociais do projecto e pressupõe a integração
• valores residuais líquidos (valor residual das externalidades e a correcção das disfun-
menos os custos de saneamento e descon- cionalidades do mercado no cálculo do VALE
taminação dos locais, quando necessário); e da TIRE.
• existências de matérias-primas ou produ-
tos afins. As principais etapas da análise económica
• custos de substituição dos componentes de são:
curta duração em relação à perspectiva do
projecto (máquinas, etc.); • a análise financeira, que estima os fluxos
• Custos de manutenção: financeiros em causa, calculados com base
nos preços correntes do mercado;
• √ aquisição de energia, produtos e bens e
• a integração das externalidades;
serviços utilizados como factores de
• a definição dos factores de conversão;
produção e necessários para o funciona-
• o cálculo dos custos e benefícios econó-
mento da instalação no dia-a-dia;
micos.
• √ custos de gestão e custos administra-
tivos, incluindo seguros; As externalidades geradas pelas instalações
• √ custos de pessoal técnico e administra- de tratamento de resíduos são essencial-
tivo. mente descritas em termos de impactes do
projecto na saúde pública (morbilidade ou
A escolha de uma taxa de actualização finan- mortalidade devida à poluição do ar, da água
ceira segue as mesmas orientações que são ou do solo), dos danos causados ao ambi-
aplicáveis aos investimentos públicos em ente, como a contaminação da água e do
infra-estruturas. Neste caso, é recomendada solo, os impactes de ordem estética e na pai-
uma perspectiva de 30 anos, mas a decisão sagem e os impactes económicos como a
depende do tipo de instalação de tratamento alteração dos preços dos terrenos ou o desen-
de resíduos utilizada e do tipo de resíduos volvimento económico induzido pelo pro-
recolhidos. jecto.

52
3.1 Tratamento de resíduos

A avaliação dos custos e benefícios ambien- • produção de detritos sólidos residuais


tais externos pode basear-se na estimativa • recuperação de energia
dos custos da morbilidade e da mortalidade, • poluição sonora e odorífera
nos custos de prevenção e nos custos • risco de acidentes.
compensatórios. Podem também definir-se
mercados contingentes para fins de avaliação Quando os métodos propostos são objecto
dos impactes na paisagem e pode ser calcu- de controvérsia ou há falta de dados, a análi-
lado um “preço hedonístico” quando a insta- se das externalidades pode ser uma análise
lação provoque alterações nos preços de quantitativa (ver, por exemplo, os quadros
mercado de terrenos e edifícios. 3.1 e 3.2 sobre a análise qualitativa dos efeitos
externos da incineração e do depósito em
No caso dos aterros e das incineradoras, as aterros). Neste caso, no entanto, os resultados
principais externalidades positivas e negativas não podem ser utilizados na análise mone-
estão associadas aos seguintes elementos: tária e devem ser integrados numa análise
multicritérios mais ampla.
• emissões atmosféricas
• emissões de águas residuais Factores de conversão
Os elementos a ter em conta no cálculo dos
factores de conversão para as instalações de
Ajustamento dos preços do mercado tratamento de resíduos são os custos de
A análise económica do projecto implica ajustamentos dos preços do
investimento, as existências de bens intermé-
mercado utilizados na análise financeira. Os preços do mercado são
dios, os produtos vendidos no mercado
considerados como muito afastados do seu equilíbrio a longo prazo, (matérias secundárias, gás, calor ou electrici-
devido a numerosas distorções como as que são ditadas pelos impos- dade), os custos de exploração (incluindo os
tos, pelas subvenções, pelos direitos de importação e por outras trans- custos da mão-de-obra) e os custos de
ferências financeiras. Para reflectirem os custos de oportunidade, os descontaminação e desmantelamento.
valores económicos devem ter em conta as externalidades e excluir
todo o tipo de transferências financeiras. A estimativa será diferente consoante se trate
Aos bens comercializados no mercado internacional é aplicado um de bens comercializados (matérias-primas,
factor de conversão padrão, para adaptar o preço do mercado e calcu- energia, produtos e outros bens de equipa-
lar os preços fictícios que reflectem os custos de oportunidade. Os mento ou serviços) ou de bens não comer-
preços nos mercados mundiais representam as possibilidades de tro- cializados (recuperação de electricidade e de
cas comerciais efectivas do país e constituem, portanto, uma medida gás, terrenos, algumas matérias-primas ou
apropriada dos custos de oportunidade. O FCP reflecte tradicional- mão-de-obra não qualificada).
mente a divergência média ponderada entre os preços na fronteira e
os preços no mercado interno de todos os bens e serviços comerciali- As externalidades devem ser consideradas
zados na economia. Pode ser calculado com base nas estatísticas do como bens ou serviços específicos não
comércio externo, aplicando a seguinte fórmula: comercializados.

M+X No caso de instalações de tratamento de resí-


(M+TM) + (X-TX) duos, os factores de conversão calculam-se da
seguinte forma:
em que M = M = valor CIF das importações totais
X = valor FOB das exportações totais
Bens comercializados
TM = tributação das importações
TX = tributação das exportações
• Equipamentos
Os equipamentos de gestão de resíduos são
O factor de conversão padrão deve ser utilizado sempre que não exis-
frequentemente comercializados. É o caso
ta factor de conversão sectorial específico.
dos equipamentos de incineração, como for-

53
3.1 Tratamento de resíduos

nos, filtros e caldeiras, ou dos equipamentos Bens não comercializados


de recolha e de recuperação. Podem ser apli-
cados os preços CIF (custo, seguro e frete) e • Edifícios
os preços FOB (franco a bordo). Os factores de conversão são calculados
segundo uma análise que diferencia os pro-
• Materiais reciclados dutos comercializados dos produtos não
Muitos materiais reciclados são comerciali- comercializados. Em certos casos, as infor-
zados, como os metais, o papel ou o vidro. Os mações necessárias para o cálculo dos facto-
seus preços estão estreitamente ligados aos res de conversão podem ser encontradas nas
preços das matérias-primas e da energia no sínteses oficiais de estatísticas que são publi-
mercado internacional. As informações cadas regularmente.
necessárias para o cálculo dos factores de
conversão para os bens comercializados • Electricidade produzida, gás e calor recu-
podem ser obtidas junto das eco-indústrias, perados
dos institutos de estatística nacionais e inter- O factor de conversão aplicável à electrici-
nacionais ou das alfândegas. dade, considerada como um factor de pro-

Quadro 3.1 Prejuízos provocados por emissões da incineração, ilustrados como relação dose/efeito
Dano Meio Efeitos na saúde Rendimento Degradação Danos nos Efeitos Ecossistema
(reacção) ambiente Mortalidade Morbilidade agrícola da floresta edifícios climáticos
Emissão inferior
(doses)
Partículas Ar + + 0 0 + 0 0
(PM10)
Nox (e O3) Ar + + (-) + + 0 (-)
SO2 Ar (+) (+) + + + 0 -
CO Ar (+) (+) 0 0 0 + 0
VOC Ar (+) 0 0 0 0 0 0
CO2 Ar 0 0 0 0 0 + 0
HCl, HF Ar ? 0 (-) (-) (-) 0 ?
Dioxinas Ar (+) - 0 0 0 0 -
Metais pesados Ar (+) - 0 0 0 0 -
Dioxinas Água ? ? 0 0 0 0 ?
Metais pesados Água ? ? 0 0 0 0 (-)
Sais Água 0 0 0 0 0 0 ?

+ Efeitos mensuráveis (+) Efeitos parcialmente mensuráveis – Efeitos não mensuráveis (-) Efeitos não mensuráveis mas menores - ? Efeitos incertos não mensu-
ráveis - 0 Nenhum efeito conhecido

Quadro 3.2 Relação dos danos provocados pelas emissões dos aterros, ilustradas como relação dose/efeito
Dano Meio Efeitos na saúde Rendimento Degradação Danos nos Efeitos Ecossistema
(reacção) ambiente Mortalidade Morbilidade agrícola da floresta edifícios climáticos
Emissão inferior
(doses)
CH4 Ar 0 0 0 0 0 + (-)
CO2 Ar 0 0 0 0 0 + (-)
VOCs Ar (+) 0 (-) 0 0 0 0
Dioxinas Ar (+) - 0 0 0 0 -
Poeiras Ar ? ? 0 0 ? 0 0
Lixiviados Solo ? ? 0 0 0 0 ?
e água

+ Efeitos mensuráveis (+) Efeitos parcialmente mensuráveis – Efeitos não mensuráveis (-) Efeitos não mensuráveis mas menores- ? Efeitos incertos não
mensuráveis - 0 Nenhum efeito conhecido
* Fonte: COWI Consulting Engineers and Planners AS. “Estudo sobre a avaliação económica das externalidades decorrentes dos aterros e da incineração de
resíduos”, relatório final principal, Comissão Europeia, DG Ambiente, Outubro de 2000.

54
3.1 Tratamento de resíduos

dução, pode ser calculado da seguinte forma: relativamente competitivo e os salários do


(1) estudo macroeconómico destinado a cal- mercado podem reflectir a produtividade
cular os custos de oportunidade da produção marginal.
de electricidade (método descendente); (2)
avaliação do apoio que consiste em discri- No caso da mão-de-obra não qualificada,
minar a estrutura dos custos marginais do podem verificar-se algumas distorções, devi-
processo de produção (método ascendente); do, por exemplo, à imposição de um salário
(3) aplicação do factor de conversão padrão, mínimo sectorial. Convém quantificar o
quando a electricidade é um factor menor. rendimento que a mão-de-obra qualificada
obteria na sua actividade anterior. O valor
Se a electricidade for vendida a preços infe- obtido representa o custo de oportunidade
riores ao custo marginal a longo prazo (ou, se económica da mão-de-obra não qualificada.
este não for conhecido, ao preço que o
consumidor está disposto a pagar), esta últi-
ma informação serve para calcular a 3.1.6 Outros critérios de avaliação
correcção das taxas reais. Por último, o preço
do mercado interno deve ser convertido em Análise ambiental
preço na fronteira por um factor de con- Para muitos projectos de tratamento de resí-
versão apropriado (pode ser o FCP). duos, a regulamentação exige uma avaliação
do impacte ambiental (AIA)4, nomeada-
O gás e o calor são produtos habitualmente mente no caso de depósitos de resíduos peri-
vendidos nos mercados locais. Se originam gosos, de instalações de eliminação de resí-
um fluxo financeiro fraco, como é o caso, de duos ou de determinados tipos de instalações
um modo geral, o FCP pode ser aplicado de tratamento, como os aterros autorizados.
para converter os preços locais em preços na Além disso, muitas instalações, como os ate-
fronteira. Senão (por exemplo, no caso do rros e as incineradoras, obrigam à obtenção
metano), pode ser aplicado como preço ajus- de uma autorização, para as actividades pres-
tado o preço do produto de substituição critas que estabelece as condições de gestão
directa no mercado internacional. dos riscos, da gestão de substâncias perigosas
e da luta contra a poluição5. Em qualquer
• Terreno
caso, é recomendável prever uma breve aná-
Geralmente, o terreno tem pouca impor- lise do impacte ambiental, mesmo que esta
tância nos projectos industriais e o seu preço não seja expressamente exigida pela legis-
de mercado pode ser convertido em preço na lação.
fronteira pela aplicação do FCP. Quando o
terreno é importante, por exemplo, no caso
de um aterro, determina-se o seu valor Os principais elementos de uma avaliação do
económico avaliando – ao preço na fronteira impacte ambiental são os seguintes:
– o rendimento líquido que o terreno teria se
não fosse utilizado para o projecto. • emissões atmosféricas, nomeadamente as
emissões de gases com efeito de estufa
• Mão-de-obra qualificada e não qualificada (impactes pertinentes no caso da incine-
A mão-de-obra empregada nas instalações ração);
de gestão de resíduos é maioritariamente não
4
A nível europeu, ver a Directiva relativa à avaliação dos efeitos de
qualificada. determinados projectos públicos e privados no ambiente
(85/337/CEE).
5
A legislação europeia em material de luta contra a poluição e a
O preço da mão-de-obra qualificada pode gestão de riscos encontra-se na Directiva relativa à prevenção e à
ser avaliado a preços de mercado. Com efei- redução integradas da poluição (76/61/CE), na Directiva relativa
às grandes instalações de combustão (88/609/CEE) e na Directiva
to, o mercado da mão-de-obra qualificada é Seveso II (96/82/CE).

55
3.1 Tratamento de resíduos

• descargas de águas residuais e contami- que no caso da incineração serão mais


nação dos solos (impactes pertinentes nos importantes os impactes na qualidade do ar.
casos da incineração e dos aterros);
• impactes na biodiversidade (pertinentes
no caso de grandes projectos realizados na 3.1.7 Análise de sensibilidade e risco
proximidade de áreas protegidas); Existem muitos factores decisivos para o
• impactes na saúde humana associados a sucesso de um investimento neste sector: os
emissões de poluentes e à contaminação custos de investimento, os principais custos
do ambiente (pertinentes no caso de qual- dinâmicos dos factores de produção (ener-
quer instalação de tratamento de resí- gia, matérias-primas, etc.), os preços dos pro-
duos); dutos recuperados, os custos dos trabalhos
• ruídos e cheiros (pertinentes no caso de
de saneamento e outros custos ambientais.
muitas instalações de tratamento de resí-
duos); Segundo a lista acima referida, será recomen-
dável, para a análise de sensibilidade e para a
• impactes de ordem estética no território
análise de risco, considerar pelo menos as
(pertinentes nos casos da incineração e dos variáveis seguintes (variáveis críticas poten-
aterros); ciais):
• gestão de riscos ligados à localização, como
os de incêndio e explosões (pertinentes no • custo do investimento;
caso de determinadas instalações de trata- • alteração na procura da eliminação de resí-
mento de resíduos, por exemplo, as insta- duos resultante da difusão de novos pro-
lações de tratamento de óleos usados e de dutos ou de novas técnicas; as alterações de
incineração). comportamento; a variação do cresci-
mento económico ou demográfico;
Nas áreas urbanas, podem registar-se igual- • variações nos preços de venda dos produ-
mente perturbações durante a fase de cons- tos reciclados;
trução da instalação, enquanto que na fase de • dinâmica dos custos, num determinado
exploração, as perturbações, a acrescentar às período de tempo, de alguns bens e ser-
enumeradas acima, podem estar ligadas à viços críticos para certos tipos de projecto
recolha dos resíduos. (por exemplo, o custo da electricidade
e/ou dos combustíveis, ou o custo do sane-
É sempre possível efectuar uma abordagem amento e da descontaminação dos locais).
qualitativa dos impactes ambientais, a fim de
classificar os impactes possíveis no ambiente Uma variação de 10% (ou 1%) das variáveis
em função do tipo de danos induzidos ou da ligadas aos factores de produção pode permi-
sua perigosidade. Por exemplo, é provável tir avaliar as alterações do VALE ou da TIRE
que os grandes impactes de um aterro sejam daí decorrentes ou de qualquer outra variável
a contaminação do solo e da água, enquanto pertinente (ver quadro 3.3). No caso das

Quadro 3.3 Efeitos sobre o custo total de uma alteração de 10% da principal variável com incidência
sobre os custos da incineração
Variáveis (factores) Variação Efeitos sobre o custo total
da incineração
Volume de resíduos +10% -7,5%
Preço da energia +10% -2,5% -3,5%
Cinzas e escórias produzidas no processo de combustão +10% +0,1%
Custo do transporte dos resíduos provenientes do processo de combustão +10% +0,3%
Fonte: IFEN (França), 2000

56
3.1 Tratamento de resíduos

variáveis críticas, os riscos devem ser avali- • os custos de eliminação das cinzas e escó-
ados para calcular a distribuição de probabi- rias são fixados em 10 euros por tonelada;
lidades dos resultados finais. • os custos de renovação são calculados em
5% do custo inicial do investimento e o
Pode ser aplicado outro tipo de análise de valor residual líquido após os 10 anos de
risco ao risco social ligado à eventual rejeição vida da instalação é fixado em 50% do cus-
pela população, devido aos potenciais to inicial do investimento.
impactes na qualidade de vida da região. Este
risco é geralmente denominado NIMBY A análise financeira é apresentada no quadro
(“Not in my backyard”, isto é No meu quintal, 3.4. Os valores são expressos em milhares de
não!) e pode ser objecto de uma análise euros. O valor actual líquido financeiro
qualitativa assente num questionário ou em (VALF) calculado é de 1.862 milhares de
contactos directos com a população em cau- euros e a taxa interna de rentabilidade finan-
sa. ceira (TIRF) é de cerca de 6%.

3.1.8 Estudo de caso: investimento numa Análise económica


incineradora com recuperação de Os custos externos e os factores de conversão
energia são calculados para ajustar os fluxos finan-
ceiros e devem reflectir os custos de oportu-
Análise financeira nidade reais:
O custo do investimento é fixado em 50
milhões de euros: • Os custos externos calculados neste exem-
plo estão ligados à poluição atmosférica,
• a capacidade do forno é fixada em 200.000 nomeadamente às emissões de gases com
toneladas de resíduos urbanos (por ano); efeito de estufa, aos impactes ambientais
• para maior facilidade, opta-se por uma das cinzas e escórias, aos odores, ao ruído e
perspectiva de apenas 10 anos; aos prejuízos de ordem estética.
• Os benefícios externos líquidos são esti-
• o investimento é financiado por um
mados em 9 euros por tonelada (avaliados
empréstimo à taxa de juro de 3%; o custo
em função da economia de custos relativa-
do investimento é subdividido em 10%
mente à energia produzida pela técnica
para o terreno, 35% para os edifícios e
tradicional com combustível).
55% para os equipamentos (forno, caldei-
• A taxa de actualização económica é igual à
ra, etc.);
taxa de actualização financeira.
• a taxa de actualização financeira escolhida
é de 5%;
O valor do factor de conversão padrão deco-
• a energia reciclada é vendida como calor e rre dos seguintes dados macroeconómicos
electricidade ao preço de 15 euros por (em milhões de euros): M = 3.000; X = 3.500;
tonelada (40% de calor e 60% de electrici- Tx = 30; TM = 600, para um FCP igual a
dade); 0,95.
• a taxa paga pelos utilizadores finais é fixa-
da em 25 euros por tonelada; • O terreno é cedido pelas autoridades locais
• as necessidades de mão-de-obra são calcu- a um preço preferencial, 25% inferior ao
ladas em 10 empregados qualificados (à que teria no mercado. Este preço deve,
razão de 12.000 euros/pessoa/ano) e 40 portanto, ser aumentado em 25% para
empregados não qualificados (à razão de reflectir o do mercado local. Não havendo
10.000 euros/pessoa/ano); um factor de conversão específico, aplica-
• os custos de exploração são fixados em 10 se o FCP para converter o preço do merca-
euros por tonelada; do em preço na fronteira. Assim, o factor

57
3.1 Tratamento de resíduos

de conversão para o terreno é: é, portanto, igual a:


1,25 x 0,95 = 1,19. (0,3 X 0,95) + (0,4 X 0,75) + (0,2 X 0,95)
• Os equipamentos e os factores necessários + (0,1 X 0) = 0,7.
ao processo de produção (como a energia • A mão-de-obra qualificada e a mão-de-
e as matérias primas) no sector da incine- obra não qualificada não são diferenciadas
ração são, no nosso exemplo, importados. e considera-se que o mercado do emprego
Os respectivos encargos são considerados é competitivo. O factor de conversão é 1 x
como iguais aos encargos médios apli- 0,95 = 0,95.
cados aos bens e serviços nacionais.
Utiliza-se, portanto, o FCP para converter • O calor e a electricidade são bens não
os preços do mercado em preços na fron- comercializados. O calor é vendido ao cus-
teira. O factor de conversão aplicável aos to marginal, sem tributação local, e o fac-
equipamentos e aos factores de produção é tor de conversão é considerado como igual
igual a 0,95. ao FCP. O projecto beneficia de um tari-
• Os edifícios constituem bens não comer- fário próprio dos projectos industriais e a
cializados para os quais convém calcular electricidade é financiada à razão de 30%
um factor de conversão específico. No nos- do seu custo no mercado. O factor de con-
so exemplo, os custos dos edifícios são versão daí resultante será:
compostos por 30% de mão-de-obra não 0,7 X 0,95 = 0,66.
qualificada (ver abaixo a factor de con- • Os benefícios externos
versão), 40% de materiais de construção Tendo-se contabilizado os custos e benefí-
importados sujeitos a direitos de impor- cios externos e procedido aos ajusta-
tação de 25% (isto é, fc = 0,75), 20% de mentos apropriados para corrigir as prin-
materiais locais (FCP) e 10% de lucro (fc = cipais disfuncionalidades do mercado,
0). O factor de conversão para os edifícios obtém-se um VALE positivo de cerca de 18

Quadro 3.4 Quadro da análise financeira (valores: ver original)

Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Receitas dos serviços 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000
Vendas de calor 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350
Vendas de electricidade 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650
Vendas 0 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000
Valor residual 22.000
Receitas totais 0 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 30.000
Mão-de-obra qualificada 120 120 120 120 120 120 120 120 120 120
Mão-de-obra não qualificada 400 400 400 400 400 400 400 400 400 400
Matérias-primas 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
Bens intermédios 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400
Energia necessária às instalações 500 500 500 500 500 500 500 500 500 500
Outros custos 500 500 500 500 500 500 500 500 500 500
Custos de exploração totais 0 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020
Terreno 5.000
Edifícios 17.500
Equipamentos 27.500
Custos de investimento totais 50.000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Despesas totais 50.000 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020
Cash-flow líquido -50.000 4.980 4.980 4.980 4.980 4.980 4.980 4.980 4.980 4.980 26.980
Taxa interna de rentabilidade financeira (TIRF/C) 5,64%
do investimento
Valor actual líquido financeiro (VALF/C) 1.862
do investimento

58
3.2 Distribuição e depuração da água

Quadro 3.5 Quadro da análise económica (valores: ver original)

Años
cf (3) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Benefícios externos 0,95 0 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710
Receitas dos serviços 1,00 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000
Vendas de calor 0,95 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282
Vendas de electricidade 0,66 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568
Vendas 0 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850
Valor residual 0,87 19.163
Receitas totais 0 9.560 9.560 9.560 9.560 9.560 9.560 9.560 9.560 9.560 28.723
Mão-de-obra qualificada 0,95 114 114 114 114 114 114 114 114 114 114
Mão-de-obra não qualificada 0,95 380 380 380 380 380 380 380 380 380 380
Matérias-primas 0,95 95 95 95 95 95 95 95 95 95 95
Bens intermédios 0,95 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330
Energia necessária às instalações 0,95 475 475 475 475 475 475 475 475 475 475
Outro custos 1,00 500 500 500 500 500 500 500 500 500 500
Custos de exploração totais 0 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894
Terreno 1,19 5.950
Edifícios 0,70 12.250
Equipamentos 0,95 26.125
Custos de investimento totais 44.325 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Despesas totais 44.325 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894
Cash-flow líquido -44.325 6.666 6.666 6.666 6.666 6.666 6.666 6.666 6.666 6.666 25.829
Taxa interna de rentabilidade económica 11,77%
(TIRE)
Valor actual líquido económico (VALE) 17.967

milhões de euros, com uma TIRE de cerca É necessário fornecer uma avaliação ex ante
de 12% (ver quadro 3.5). dos principais parâmetros deste objectivo,
por exemplo:

• dimensão do serviço de abastecimento e


3.2 Distribuição e distribuição de água, bem como do serviço
depuração da água de depuração (número de utilizadores ser-
vidos);
• volumes de água economizados nas redes
Introdução urbanas e nas redes de irrigação em conse-
A presente secção trata dos investimentos na quência da redução das fugas e/ou da raci-
gestão do serviço integrado de abasteci- onalização dos sistemas de distribuição;
mento de água (SIAA) para todas as utiliza- • redução das quantidades (m3/ano) capta-
ções deste recurso. Este serviço cobre a cap- das em fontes poluídas ou danificadas (por
tação da água e a sua distribuição, assim exemplo, rios ou lagos naturais fortemente
como a recolha, eliminação, depuração e depauperados pelas captações do recurso
reutilização das águas residuais. ou por estratos costeiros de água salgada,
etc.);
• continuidade do serviço (frequência e
3.2.1. Definição dos objectivos
duração das interrupções);
O autor situa o seu projecto num quadro • melhoria do sistema de distribuição de
geral destinado a demonstrar que os investi- água em período de seca;
mentos previstos terão por efeito (objectivo • volume da carga poluente eliminada;
principal) melhorar a qualidade, a eficácia e a • melhoria dos parâmetros ambientais;
eficiência do serviço. • redução dos custos de exploração.

59
3.2 Distribuição e depuração da água

Tipos de investimentos e serviços oferecidos


Tipo de acções: • trabalhos relacionados com o tratamento primário da água
• construção de infra-estruturas inteiramente novas (aque- (decantação, dessalinização, depuração);
dutos, redes de esgotos, instalações de depuração) desti- • trabalhos de recolha e eliminação de águas residuais;
nadas a cobrir necessidades crescentes; • trabalhos relacionados com o tratamento e evacuação de
• trabalhos de finalização de aquedutos, esgotos e instalações águas residuais condicionadas;
de depuração já parcialmente construídos, incluindo a finali- • trabalhos relacionados com a reutilização de águas residuais
zação de redes de abastecimento de água ou de redes de tratadas.
esgotos, a construção de linhas principais para ligação aos Serviços oferecidos:
sistemas de tratamento existentes, a construção de sistemas Abastecimento de áreas urbanas
de tratamento para as redes de esgotos existentes, a cons- • infra-estruturas e/ou instalações para servir áreas urbanas
trução de estações de depuração com instalações de trata- densamente povoadas;
mento terciário para a reutilização de águas residuais já • infra-estruturas e/ou instalações para servir bairros urbanos
condicionadas; ou pequenas localidades;
• modernização parcial e/ou substituição de infra-estruturas • infra-estruturas e/ou instalações para servir pequenos
existentes em conformidade com a regulamentação e a núcleos residenciais (agrícolas, mineiros, turísticos) e/ou
legislação mais exigentes em vigor; habitações isoladas;
• acções destinadas a poupar recursos em água e/ou a pro- • infra-estruturas e/ou instalações para servir núcleos indus-
mover a sua utilização eficiente; triais e/ou áreas industriais densamente povoadas;
• acções destinadas a alterar racionalmente a utilização do • aquedutos rurais;
recurso quando esta não está regulamentada (por exemplo, Serviço de irrigação
irrigação a partir de poços privados não controlados); • aquedutos para serviço público de irrigação colectiva;
• acções destinadas a melhorar a eficácia da gestão. • aquedutos locais para irrigação individual ou de pequena
Tipologia de Investimentos mais frequentes: escala (de tipo ilhota);
• trabalhos de captação, regulação ou produção do recurso, Serviço misto
mesmo numa base plurianual; • aquedutos para irrigação e para abastecimento de área
• trabalhos relacionados com o transporte da água; urbana e/ou industriais;
• trabalhos relacionados com a distribuição local dos recursos • aquedutos para abastecimento de áreas industriais e urba-
aquíferos, incluindo o abastecimento civil, industriais e para nas.
fins de irrigação;

É necessário fixar objectivos específicos. O litros/habitante/dia)7 ou as superfícies a


investimento no sector pode ser subdividido irrigar, os tipos de culturas, a produção
em duas categorias de projectos: média prevista, a disponibilidade do recur-
so (em litros/hectare/ano), o momento e a
• Os projectos destinados a promover o periodicidade da irrigação, etc.
desenvolvimento local6. Neste caso, é • Os projectos podem ter objectivos não
necessário fixar objectivos específicos do locais e situar-se, por exemplo, à escala
investimento, isto é, a população a servir e regional ou inter-regional. É o caso dos
a disponibilidade média do recurso (em aquedutos para o transporte de água a lon-
gas distâncias, entre áreas relativamente
6
Os projectos de esgotos e de depuração estão quase sempre ligados
ricas e áreas áridas, ou da construção de
ao desenvolvimento local e podem ser considerados de dois pon- barragens destinadas a alimentar vastas
tos de vista: i) as acções destinam-se a “fechar” o ciclo da água para
fins de higiene e sanitários e, a este título, pode-se considerar que regiões, que podem estar igualmente mui-
fazem parte do serviço integrado de abastecimento de água; ii)
constituem também medidas de salvaguarda do ambiente e, em
to distantes do local de implantação do
especial, da qualidade das massas de água nas quais são descarre- projecto.
gados os esgotos. Por este motivo, é necessário tomar igualmente
em consideração os objectivos especificamente ambientais, por
exemplo, a quantidade de poluentes eliminados, a melhoria dos
parâmetros de qualidade físico-química e biológica da água e dos 7
Se o recurso é destinado a servir áreas turísticas, é preciso ter em
solos, etc. conta a flutuação da população e o carácter sazonal da procura.

60
3.2 Distribuição e depuração da água

Neste caso, os objectivos específicos devem Em muitos casos, podem ser igualmente
referir-se igualmente aos volumes disponibi- muito úteis a análise SWOT, que avalia os ris-
lizados do recurso (em milhões de metros cos e potencialidades do projecto ligadas ao
cúbicos por ano), aos débitos máximos (em contexto da sua integração, e a análise da sua
litros/segundo) transportados e à capacidade viabilidade.
global de regulação do recurso que o sistema
terá a longo prazo. 3.2.3 Análise de viabilidade e opções

3.2.2 Identificação do projecto Análise da procura


A procura de água pode ser dividida em dife-
Tipos de investimento rentes elementos em função da sua utilização
A definição precisa do tipo de benefícios (procura de água potável, procura para fins
oferecidos é a primeira etapa a considerar na de irrigação e industriais, etc.) e da cadência
análise do investimento. Deste ponto de vis- da procura (diária, sazonal, etc.).
ta, pode ser útil incluir a análise da procura,
a avaliação da fundamentação do projecto, A estimativa da curva da procura pode base-
nomeadamente do ponto de vista técnico, e o ar-se em dados fornecidos pela experiência
estudo dos seguintes elementos: custos, recei- adquirida no domínio considerado ou reti-
tas e benefícios. rados de publicações, com base em métodos
de previsão, nomeadamente os que assentam
Quadro de referência territorial no princípio do que o consumidor está dis-
Se estiver prevista a implantação do projecto posto a pagar.
no seu quadro territorial, será dada uma
identificação precisa do investimento. No caso de projectos de substituição de ele-
mentos e/ou de finalização de trabalhos, é
O autor do projecto fornecerá igualmente os igualmente útil fazer referência aos dados
elementos necessários para demonstrar a sobre o consumo histórico, na condição de
compatibilidade do projecto com o planea- estes dados terem sido apurados por méto-
mento do sector, pelo menos dos três pontos dos fiáveis (por exemplo, a leitura de conta-
de vista seguintes: dores).

• compatibilidade com o planeamento A procura assenta em dois elementos funda-


económico e financeiro do sector da água, mentais:
a definir segundo os programas pluria-
nuais de utilização dos fundos comunitá- • o número de utilizadores, no caso do con-
rios e nacionais aprovados pelos vários sumo urbano, incluindo utilizadores
países ou regiões; temporários, como turistas, as superfícies
• compatibilidade com as políticas secto- irrigadas, no caso do consumo agrícola, e
riais nacionais: em especial, o projecto as unidades de produção a servir, no caso
deve estimular activamente a realização do consumo industrial;
dos objectivos de industrialização do sec- • a quantidade de água que é ou que será
tor nos países onde este processo está em distribuída aos utilizadores durante um
curso; período determinado.
• compatibilidade com as políticas ambien-
tais comunitárias, nacionais e regionais, É de salientar que, se a rede de distribuição de
nomeadamente de utilização da água para água não tiver uma boa manutenção, a análi-
fins humanos, de tratamento das águas se da procura deve ter em conta os problemas
residuais e da protecção das massas de das fugas, isto é, a distribuição total de água é
água. constituída pelo consumo final mais as fugas.

61
3.2 Distribuição e depuração da água

Identificação das necessidades

Definição dos utilizadores

Análise do contexto
(análises históricas,
estudos no terreno, etc.)

Definição e avaliação das Definição e avaliação do consumo


necessidades (procura potencial) (procura real)

Estimativas do ciclo de
vida do projecto

Campo de aplicação
Análise da viabilidade
ambiental

Controlo
não
sim

Preços do mercado
Preços fictícios
Disponibilidade

Benefícios socioeconómicos directos Benefícios socioeconómicos indirectos

Quadro 3.4 Diagrama da análise da procura de água

Outro elemento importante a ter em consi- mento agrícola e industrial, nos outros casos.
deração é a elasticidade da procura em É igualmente necessário ter em conta a estru-
função do tarifário. Em certos casos, será tura temporal da procura a curto prazo (diá-
necessário avaliar a elasticidade entre dife- ria, sazonal, etc.).
rentes grupos de rendimentos e entre peque-
nos e grandes consumidores, porque esta Geralmente, pode fazer-se uma distinção
pode indicar valores e incidências na distri- entre a procura potencial e a procura real. A
buição totalmente diferentes. procura potencial corresponderá às necessi-
dades máximas a ter em conta para o investi-
A análise do projecto deve basear-se numa mento considerado. Por exemplo, a procura
previsão da procura durante o período para fins de consumo urbano pode ser avali-
correspondente ao ciclo do projecto. Deve ter ada com base nas necessidades de água para a
em conta as previsões demográficas e os flu- mesma utilização (geralmente expressas
xos migratórios, para a estimativa do núme- numa base diária e sazonal), numa compa-
ro de utilizadores, e os planos de desenvolvi- ração com uma situação tão próxima do pro-

62
3.2 Distribuição e depuração da água

jecto quanto possível e na qual sejam ofere- É também necessário considerar os aspectos
cidos serviços de bom nível. A procura para institucionais e administrativos do projecto,
fins de irrigação pode ser calculada com base bem como o tempo previsto para o realizar e
em estudos agronómicos específicos, ou mes- concretizar a fase de construção.
mo por analogia. A procura real consiste na
procura efectivamente satisfeita pelo investi- A descrição do projecto deve identificar o
mento considerado e que corresponde ao responsável ou responsáveis de qualquer ser-
consumo previsto. A procura inicial real con- viço criado (público, privado, local, nacional,
siste no consumo real antes da intervenção. multinacional, etc.), seja qual for o nível a
que se situe. O respectivo perfil económico,
O primeiro critério de avaliação do investi- técnico e empresarial deve ser avaliado como
mento é, evidentemente, o de saber em que parte integrante e essencial do investimento.
medida a procura real pode estar próxima da Em especial, se o projecto for co-financiado
procura potencial. Devem ser considerados por fundos pertencentes ao cons-
outros factores, a começar pelos factores liga- trutor/responsável da infra-estrutura, é
dos à viabilidade ambiental e económica do necessário apreciar a sua capacidade para
investimento. A procura que o investimento assumir o encargo financeiro e económico.
permite realmente satisfazer corresponde à
oferta, depois de deduzida qualquer perda Características técnicas
técnica do recurso. Para identificar as funções da acção, deve
seguir-se o esquema descrito no ponto ante-
Sempre que o projecto possa implicar a utili- rior. A análise deve ser completada pela iden-
zação de recursos aquíferos (água de super- tificação das características técnicas.
fície ou águas intermédias), convém indicar
estatisticamente os volumes e os fluxos do Análise das opções
recurso pretendido efectivamente disponí- Esta análise deve apresentar comparações
veis para satisfazer a procura presumida, com:
estudando e analisando a hidrologia, as
correntes descendentes, a estratigrafia e qual- • a situação prévia (cenário “nada fazer”);
quer outro elemento potencialmente útil. • as alternativas possíveis no quadro da mes-
ma infra-estrutura, por exemplo: dife-
No caso de o projecto prever a depuração e a rentes localizações dos poços, outros traça-
evacuação de águas residuais, é necessário dos possíveis dos aquedutos ou dos princi-
analisar a capacidade da massa destinada a pais eixos de alimentação, diferentes técni-
receber a carga de substâncias poluentes e de cas de construção das barragens, diferente
nutrientes, de forma compatível com a pro- localização das centrais e/ou diferentes téc-
tecção do ambiente. nicas de tratamento, utilização de dife-
rentes fontes de energia nas instalações de
Ciclo e fases do projecto dessalinização, etc.;
É necessário ter muita atenção às fases prepa- • as alternativas possíveis para a evacuação
ratórias, que têm um papel fundamental na das águas residuais (lagunas, diferentes
execução dos trabalhos, por exemplo, a pes- receptores, etc.);
quisa de novos recursos de águas intermédias • as soluções globais alternativas, por exem-
e a sua avaliação qualitativa e quantitativa plo, uma barragem em vez de uma área de
através de furos exploratórios e estudos captação ou a reutilização para fins agrí-
hidrológicos destinados a identificar a mel- colas de águas refluentes conveniente-
hor implantação das barragens, as suas mente tratadas, uma instalação de depu-
dimensões e as dos dispositivos de alimen- ração para um conjunto de empresas em
tação, etc. vez de várias instalações locais, etc.

63
3.2 Distribuição e depuração da água

3.2.4 Análise financeira destes fundos é constituída por “adianta-


As acções realizadas neste sector podem ser mentos” sobre as receitas futuras dos serviços
classificadas na categoria das infra-estruturas a prestar pelas infra-estruturas previstas no
geradoras de receitas líquidas. Neste caso, é quadro do projecto, a análise financeira deve-
necessário garantir um co-financiamento rá demonstrar a capacidade do autor para
considerável por fundos próprios do autor suportar o investimento.
do projecto. Dado que uma grande parte

Dados operacionais de base: altura entre os dispositivos elevatórios (com planos de situ-
• número de habitantes servidos ação e secções);
• superfície irrigada (ha) • débito nominal (l/s), produção (m3/g) e potência absor-
• número e tipo de estruturas de produção servidas vida/consumida (Kw ou Kcal/h) das instalações de depu-
• disponibilidade de água por habitante (l/d/habitante) ou por ração ou de dessalinização (com planos e esquema dos
hectare (l/d/ha) escoamentos);
• dados relativos à qualidade da água (análises de labora- • características técnicas e configuração das principais
tório) estruturas; juntar, por exemplo, um ou mais esboços e/ou
• número de equivalentes-habitante, débitos e parâmetros
cortes-tipo (cortes das condutas, localização das instala-
relativos à carga poluente da água a tratar (análises de labo-
ções técnicas, etc.) e indicar as partes que foram constru-
ratório) e às condições de qualidade da água a evacuar
ídas recentemente;
(definidas por lei).
• características técnicas e de construção do principal dispo-
Dados de ordem territorial relativos à construção da
sitivo elevatório, das instalações de produção e de trata-
infra-estrutura:
mento (esquemas de funcionamento detalhados);
• localização dos trabalhos no território, apoiada em cartas a
uma escala apropriada (1:10.000 ou 1:5.000 para as redes e • débito nominal (l/s), capacidades (equivalentes-habitantes),
instalações; 1:100.000 ou 1:25.000 para os trabalhos de cap- eficácia do tratamento (pelo menos em CBO, CQO, teor de
tação e de alimentação e principais eixos de abastecimento); fosfatos e azoto) das instalações de depuração, bem como
• ligações físicas entre as estruturas e as instalações (novas as características técnicas e de construção das condutas de
ou já existentes); pode ser útil incluir desenhos técnicos sob evacuação (juntar planos de situação, localização e esque-
a forma de esquemas; mas dos escoamentos);
• qualquer interferência e/ou interligação com as estruturas • características técnicas e de construção dos edifícios e
existentes de qualquer outro tipo (ruas, linhas férreas, traça- outras estruturas de serviços (juntar planos de situação e
dos eléctricos, etc.). cortes);
Dados físicos e características • elementos técnicos pertinentes, como cruzamentos, reser-
• extensão total (km), diâmetros nominais (mm), débito nomi- vatórios enterrados, galerias, instalações automatizadas de
nal (l/s) e diferenças de altitude (m) dos dispositivos de comando à distância ou de gestão do serviço, etc. (juntar
alimentação ou dos eixos principais; dados e planos);
• volumes nominais preenchidos (milhões de m3) e altura das
• identificação das principais componentes e dos materiais
barragens (planos de situação e secções);
propostos no projecto, com indicação das disponibilidades
• número, extensão (m) e débito normal (l/s) das condutas de
(em produtos locais ou importados) na área coberta pelo
água corrente (planos de situação e secções);
investimento;
• número, profundidade (m), diâmetro (mm), débito evacuado
• identificação de qualquer característica técnica que possa
(l/s) das áreas de captação (com plano de situação a uma
escala apropriada); ter sido proposta para realizar a infra-estrutura, com indi-
• desenvolvimento linear (km) e diâmetros característicos dos cação da sua disponibilidade e dos seus aspectos práticos
aquedutos ou dos esgotos (com plano de situação a uma (por exemplo, do ponto de vista da manutenção);
escala apropriada); • no caso do condicionamento, identificar as opções possíveis
• capacidade (m3) dos reservatórios (com planos de situação para eliminar as lamas tratadas; no caso de instalações de
e secções); dessalinização, identificar as opções e as infra-estruturas a
• superfície ocupada (m2), débito normal (l/s) e diferença de considerar para eliminar a água salgada concentrada.

64
3.2 Distribuição e depuração da água

Em relação às saídas, há que ter em conta o industriais ou agrícolas, é possível avaliar o


preço de aquisição dos produtos e serviços valor acrescentado do produto suplementar
necessários ao funcionamento da instalação obtido com a disponibilidade de água.
e aos serviços suplementares fornecidos.
No caso de qualquer intervenção destinada a
As entradas financeiras consistem geral- garantir a disponibilidade de água potável
mente em taxas ou tarifas aplicadas ao ser- em áreas onde se colocam problemas sanitá-
viço de abastecimento de água. Há que ter rios porque as fontes estão poluídas, o bene-
igualmente em conta, se for caso disso, os fício pode ser calculado directamente avali-
possíveis reembolsos (ou outras formas de ando as mortes e doenças que foram evitadas
transferência) relativos à recolha e transporte graças a um serviço eficaz de abastecimento
de águas pluviais, as eventuais receitas da de água. Para efectuar uma avaliação econó-
venda de água reutilizada ou os rendimentos mica, é preciso considerar, por um lado (no
da venda de qualquer serviço suplementar caso das doenças), o custo total dos trata-
que o responsável possa oferecer ao utili- mentos hospitalares ou ambulatórios e as
zador (por exemplo, ligações à rede, manu- perdas de rendimentos decorrentes das
tenção periódica, etc.). possíveis faltas ao trabalho e, por outro lado
(no caso das mortes), o valor da vida huma-
Uma vez que as infra-estruturas de trata- na quantificado com base no rendimento
mento e de gestão da água têm, geralmente, médio e na esperança de vida residual.
uma vida útil prolongada, a análise finan-
ceira deverá integrar o valor residual do Os benefícios sociais das redes de esgotos e
investimento, segundo os métodos descritos das instalações de depuração podem tam-
no segundo capítulo deste manual. bém ser avaliados com base na procura
potencial de tratamento das águas residuais8
É recomendado um horizonte temporal de que o investimento deverá satisfazer, calcu-
30 anos. lada a partir de um preço fictício apropriado
da água.
3.2.5 Análise económica
Pode ser útil avaliar os principais benefícios A título alternativo, pode eventualmente
sociais a introduzir na análise económica considerar-se a possibilidade de avaliar direc-
com base em estimativas da procura de tamente benefícios como:
água prevista que será coberta pelo investi-
mento. O cálculo do preço fictício da água • o valor das doenças e das mortes evitadas
pode basear-se na disposição do utilizador graças a um serviço eficaz de evacuação
para pagar o serviço. A disposição para das águas residuais;
pagar pode ser quantificada aplicando os • os prejuízos evitados aos terrenos, aos bens
preços do mercado aos serviços alternativos imóveis e às outras estruturas, resultantes
(camiões-cisterna, água engarrafada, distri- de potenciais inundações ou de águas plu-
buição de água potável, depuração por viais não reguladas e avaliados com base
dispositivos instalados pelos utilizadores, nos custos de reparação e de manutenção;
processos de tratamento local de águas • no caso de descargas de água depurada em
potencialmente infectadas, etc.), ou por cursos de água, lagos ou terrenos, o valor
meio de outros métodos que podem dos recursos aquíferos nos colectores não
encontrar-se nas publicações sobre esta poluídos, a calcular segundo os métodos
tema (ver bibliografia). apresentados para os aquedutos.

Em relação a qualquer infra-estrutura de


tratamento ou de gestão da água em áreas 8
Fundamentalmente, idêntica à procura de água.

65
3.2 Distribuição e depuração da água

Em todo o caso, se nenhum método de apre- Análise ambiental


ciação económica normalizado for aplicável Na fase de avaliação, é sempre necessário
ao projecto considerado, é possível utilizar analisar, ainda que sucintamente9, a inci-
uma referência de qualquer outro projecto dência no ambiente dos trabalhos a realizar
similar que tenha sido desenvolvido num no quadro do projecto, e verificar qualquer
contexto tão próximo quanto possível do da possível deterioração do solo, das massas de
área afectada. água, da paisagem, do meio ambiente natu-
ral, etc. Deve ser dada uma atenção especial à
Pelas razões expostas na secção relativa aos utilização de áreas de valor, como parques
objectivos, as externalidades ambientais naturais, áreas protegidas, santuários natu-
devem ser sempre quantificadas, tendo em rais, áreas sensíveis, etc. Em certos casos, é
conta o seguinte: igualmente necessário saber se as perturba-
ções provocadas pela construção das infra-
• a eventual valorização da área servida, estruturas e as inerentes actividades de gestão
quantificável, por exemplo, por uma podem implicar riscos para a fauna selva-
reavaliação real dos preços dos bens imó- gem. Quanto aos investimentos localizados
veis e dos edifícios ou da superfície agrí- em centros urbanos (sistemas de saneamento
cola; ou redes de abastecimento de água), é neces-
• o aumento de rendimentos decorrente de
sário considerar os impactes negativos que a
actividades colaterais (turismo, pesca, agri- abertura de estaleiros poderá ter sobre a ver-
cultura costeira, etc.) susceptíveis de serem tente habitacional e os serviços, a mobili-
organizadas ou mantidas, por exemplo, os dade, as infra-estruturas existentes, etc.
projectos de lagos artificiais ou os desti-
A análise que acabamos de referir insere-se
nados a salvaguardar um rio, um lago, um
numa avaliação mais geral da viabilidade do
estreito ou qualquer outro órgão colector;
investimento proposto, no âmbito dos
• os efeitos externos negativos resultantes de
condicionalismos ambientais e das possibili-
possíveis impacte sobre o ambiente (con-
dades de desenvolvimento, o que pressupõe
sumo de solo e de materiais inertes, danifi-
que se avaliem, não só os benefícios econó-
cação da paisagem, impacte sobre o meio
micos e ambientais do projecto, mas também
ambiente natural, etc.) ou sobre qualquer
os riscos de que a sua realização implique tais
outra infra-estrutura (estrada e/ou via-
consumos e/ou uma tal degradação das
férrea);
funções naturais da área que possam
• os efeitos externos negativos durante a fase comprometer a potencial utilização, na
de construção resultantes da criação dos acepção mais ampla do termo, de espaços
respectivos estaleiros e nomeadamente no muito extensos.
caso de redes urbanas (impactes negativos
em termos habitacionais, de produção e Se tal for pertinente, esta avaliação incidirá
serviços, mobilidade, património histórico numa utilização alternativa (eventualmente
e cultural, quadro agrícola, infra-estru- futura) da mesma massa de água (água de
turas, etc.). superfície, águas intermédias) que é neces-
sário considerar, seja como fonte de água seja
3.2.6 Outros critérios de avaliação como órgão receptor. Avaliar-se-ão também,
A acrescentar aos elementos já indicados nos portanto, as consequências que uma redução
parágrafos anteriores, pode ser útil apre- do débito do rio ou uma alteração do regime
sentar aqui uma avaliação específica da eficá-
cia do sistema proposto quando o projecto 9
Na maior parte dos Estados-Membros, a legislação exige a avali-
está implantado numa área sensível do ponto ação do impacte ambiental de algumas das infra-estruturas consi-
deradas (por exemplo, barragens, grandes aquedutos, estações de
de vista ambiental. depuração, etc.) na fase da aprovação dos projectos.

66
3.2 Distribuição e depuração da água

de águas ocasionada pela construção de uma • a taxa de crescimento demográfico (no


barragem poderá ter para as actividades caso das instalações de utilização urbana) e
antrópicas organizadas no mesmo ambiente as previsões de fluxos migratórios;
natural (flora, fauna, qualidade da água, cli- • a taxa de desenvolvimento das culturas e a
ma, etc.). Em alguns países, é necessário ava- dinâmica nacional e/ou internacional dos
liar a contribuição positiva ou negativa do preços de venda dos produtos agrícolas
investimento para o processo de desertifi- (no caso da irrigação);
cação em curso. • a variação das rendas e das taxas durante
um determinado período;
Para uma abordagem quantitativa, pode ser • a dinâmica da procura e dos preços da
útil recorrer a métodos de análise multicrité- água tratada e susceptível de ser reutili-
rios. Os resultados de tal análise podem dar zada;
lugar a uma profunda alteração do investi- • os custos de exploração (manutenção,
mento proposto, ou mesmo à sua rejeição. gestão, etc.) e a sua dinâmica no tempo, em
Quando é tecnicamente possível quantificar ligação com a avaliação da boa adequação
os impactes positivos e negativos do investi- dos sistemas de gestão;
mento, é conveniente ter em conta na avali- • a dinâmica temporal dos custos de alguns
ação monetária os seus custos e benefícios bens e serviços críticos para determinados
sociais. projectos (por exemplo, o custo dos
combustíveis e/ou da electricidade para as
3.2.7 Análise de sensibilidade e risco instalações de dessalinização, o custo dos
Os factores críticos determinantes para o êxi- aditivos químicos e da eliminação das
to de um investimento neste sector são: lamas nas instalações de depuração).

• qualquer acontecimento imprevisto na 3.2.8 Estudo de caso: a infra-estrutura


construção da instalação que seja suscep- de gestão do serviço integrado de
tível de alterar consideravelmente o custo abastecimento de água (SIAA)
do investimento; O projecto, representado esquematicamente
• as previsões da dinâmica da procura; na figura abaixo, consiste num investimento
• as alterações de taxas e tarifas, largamente no domínio do saneamento e da depuração
dependentes de decisões tomadas pelos de água, assim como no da reutilização das
organismos reguladores nacionais ou regi- águas residuais para fins múltiplos, através de
onais; um tratamento terciário intensivo.
• a insuficiência de fundos que permitam
reagir em caso de choques na realização do O projecto consiste na construção de uma
investimento (o que, frequentemente, nova estação de depuração da água em
pressupõe capacidades excedentárias nos conformidade com os regulamentos actuais,
primeiros períodos de exploração); destinada a servir uma cidade de média
• a influência determinante de intervenções dimensão (235.000 habitantes no primeiro
colaterais (por exemplo, a eficácia do abas- ano) e uma área industrial adjacente em ple-
tecimento de água está estreitamente liga- no desenvolvimento. Esta nova estação
da ao estado das redes de distribuição); substituirá a instalação existente, que não é
• a eficácia da gestão. adequada, pois apenas peneira e elimina as
areias das águas residuais.
A este respeito, será aconselhável, na análise
de sensibilidade e risco, ter em conta, pelo O projecto inclui igualmente a conclusão da
menos, as seguintes variáveis: rede de esgotos urbanos para 25% da popu-
lação (novas implantações) e colectores que
• o custo do investimento; assegurem a ligação ao esgoto principal

67
3.2 Distribuição e depuração da água

actual10, bem como a criação de um sistema Para a reutilização das águas residuais, o pro-
de esgotos e de recolha de resíduos na área jecto prevê a criação de três módulos de
industrial. tratamento intensivo (terciário), que tra-
tarão, em média, um pouco mais de 60% do
débito de águas residuais depuradas11. Já exis-
O abastecimento de água tem a rede de irrigação e a rede de distri-
buição de água que serve as instalações
Do ponto de vista dos recursos hídricos, a nova contribuição comple-
industriais.
tará de forma significativa o actual abastecimento da área industrial,
por meio de um pequeno aqueduto alimentado por furos e fontes. No
O autor do projecto é a empresa que gere há
entanto, só a realização do projecto considerado permitirá completar
20 anos o serviço integrado de abastecimento
o serviço integrado de abastecimento de água e tornará as actuais
de água da área abrangida pelo investi-
instalações industriais plenamente operacionais.
mento12. Esta empresa está em condições de
No tocante à área irrigada, o novo recurso substituirá uma parte (46%) co-financiar o investimento (a taxa de co-
da água actualmente fornecida pelo lençol freático e pelo rio, ambos financiamento deverá ainda ser decidida) em
depauperados pela pressão de captações excessivas, e uma parte função das receitas dos novos serviços cria-
(54%) dos volumes disponíveis que permitem irrigar toda a área agrí- dos pelo projecto.
cola coberta pela rede de distribuição (cerca de 1.100 hectares), rede
desenvolvida por um anterior financiamento público e que ainda só é
parcialmente utilizada.

Quadro 3.6 Algumas hipóteses para a quantificação das despesas e receitas financeiras
Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Crescimento demográfico 235.470 235.941 236.413 236.886 237.359 237.834 238.310 238.786 239.264 239.743 240.222 240.702 241.184 241.666 242.150
Fluxo migratório
Valor anual 2.900 2.900 2.900 2.900 2.900 1.933 1.933 1.933 1.933 1.933 580 580 580 580 580
Valor acumulado 2.900 5.800 8.700 11.600 14.500 16.433 18.367 20.300 22.233 24.167 24.747 25.327 25.907 26.487 27.067
Habitantes servidos pela instalação de depuração de água 238.370 241.741 245.113 248.486 251.859 254.267 256.676 259.086 261.497 263.909 264.969 266.029 267.091 268.153 269.216
Habitantes servidos pela rede de esgotos 59.593 60.435 61.278 62.121 62.965 63.567 64.169 64.772 65.374 65.977 66.242 66.507 66.773 67.038 67.304
Volumes anuais (em milhões de metros cúbicos)
Novo esgoto urbano 3,95 4,00 4,06 4,12 4,17 4,21 4,25 4,29 4,33 4,37 4,39 4,41 4,42 4,44 4,46
Depuração urbana 15,79 16,01 16,24 16,46 16,69 16,84 17,00 17,16 17,32 17,48 17,55 17,62 17,69 17,76 17,83
Saneamento e depuração industriais 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95
Alimentação do reservatório para a área industrial 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77
Alimentação do reservatório para a área 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14
de irrigação
Substituição para reduzir os fluxos actuais 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90
Fluxos suplementares para a área irrigada 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24

Tarifário dos serviços


Serviço de saneamento urbano 0,09 0,10 0,10 0,11 0,12 0,12 0,12 0,13 0,13 0,13 0,14 0,14 0,14 0,15 0,15
Serviço de depuração urbana 0,28 0,30 0,32 0,33 0,35 0,37 0,38 0,39 0,40 0,41 0,42 0,43 0,44 0,45 0,46
Serviço de saneamento e de depuração industrial 0,46 0,48 0,49 0,50 0,51 0,53 0,54 0,55 0,57 0,58 0,59 0,61 0,63 0,64 0,66
Alimentação em água do reservatório para fins industriais 0,57 0,58 0,60 0,61 0,63 0,64 0,66 0,68 0,69 0,71 0,73 0,75 0,76 0,78 0,80
Alimentação em água do reservatório para fins de irrigação 0,15 0,16 0,16 0,17 0,17 0,18 0,18 0,18 0,19 0,19 0,20 0,20 0,21 0,21 0,22
10
A actual rede de esgotos principais urbanos e a conduta de evacuação da estação de depuração de águas serão apenas ligeiramente alteradas
(no que toca à área que liga esta rede à nova instalação e à instalação de tratamento terciário); as outras partes do sistema actual continuarão
a ser utilizadas. A água depurada é despejada no rio.
11
Junto a esta instalação, uma estação elevatória e uma conduta de descarga transportam as águas tratadas para um reservatório de separação,
do qual, pela força da gravidade, as mesmas são conduzidas para o reservatório superior na área irrigada e para o novo reservatório que serve
a área industrial.
12
Se bem que esta empresa não tenha experiência específica nas técnicas de reutilização da água, possui uma boa experiência de gestão no
domínio urbano e, portanto, oferece serviços de qualidade. A sua situação económica e financeira é sã e cobra com regularidade e eficácia as
tarifas correspondentes aos serviços prestados.

68
3.2 Distribuição e depuração da água

Rio
Área industrial e rede de
esgotos

Área irrigada

Áreas urbanas

Poços

Nascente

Estação elevatória

Instalações de depuração

Tratamento terciário

Conduta de evacuação

Travessa de sustentação (transom)

Conduta principal de descarga

Dispositivo divisor
Reservatório superior

Fig. 3.5 Carta do projecto

A procura de água
O volume de água a tratar foi calculado com base num abastecimento
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
diário médio de 220 litros por habitante e tendo em conta a flutuação
242.634 243.119 243.605 244.093 244.581 245.070 245.560 246.051 246.543 247.036 da população (nos três meses de Verão, a população residente da
cidade diminui, em média, 25%).
580 580 580 580 580 580 580 580 580 580
27.647 28.227 28.807 29.387 29.967 30.547 31.127 31.707 32.287 32.867 O nível de abastecimento diário de água foi determinado com base
270.281 271.346 272.412 273.479 274.547 275.617 276.687 277.758 278.830 279.903 num estudo das necessidades da população residencial em áreas
67.570 67.836 68.103 68.370 68.637 68.904 69.172 69.439 69.707 69.976
similares à área de implantação do projecto (mesmo hábitos sociais,
4,48 4,49 4,51 4,53 4,55 4,56 4,58 4,60 4,62 4,64 mesmos níveis de consumo, mesma área geográfica, etc.), corrigidas
17,91 17,98 18,05 18,12 18,19 18,26 18,33 18,40 18,47 18,54 a partir de dados históricos relativos ao consumo da cidade conside-
3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 rada, dados estes fornecidos pelo prestador de serviços, que é tam-
4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77
4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14
bém, como já referimos, o autor do projecto de investimento13.
No caso da área industrial, a procura de água foi calculada com base
1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 no consumo específico das instalações industriais e tendo em conta
2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24
um período de actividade de 11 meses por ano14.

0,16 0,16 0,16 0,17 0,17 0,18 0,18 0,18 0,19 0,19
0,48 0,49 0,50 0,51 0,52 0,54 0,55 0,56 0,58 0,59
0,67 0,69 0,71 0,72 0,74 0,76 0,78 0,80 0,82 0,84
0,82 0,84 0,86 0,89 0,91 0,93 0,95 0,98 1,00 1,03
0,22 0,23 0,24 0,24 0,25 0,25 0,26 0,27 0,27 0,28
13
Os volumes de águas residuais foram calculados através da apli-
cação de um coeficiente de dispersão de 0,88. O nível de contami-
nação (CBO: carência bioquímica de oxigénio, CQO: carência
química de oxigénio) foi calculado segundo os métodos normali-
zados da engenharia ambiental.
14
Os volumes de águas residuais foram calculados através da apli-
cação de um coeficiente de dispersão de 0,70 nos processos indus-
triais e nos sistemas de captação. Foi efectuada uma análise espe-
cífica dos processos industriais utilizados para determinar os
níveis de contaminação.

69
3.2 Distribuição e depuração da água

O abastecimento total é considerado inclu- Para determinar a procura de água a reuti-


indo as fugas na rede de distribuição. O con- lizar, foi efectuada uma análise preliminar
sumo real é calculado da seguinte forma: das diferentes alternativas possíveis, cujas
conclusões são as seguintes.
Consumo real = abastecimento total - fugas
Uma vez que se espera um considerável
Análise do projecto aumento da procura na área industrial, a
No segmento urbano, a procura de depu- solução optimizada consiste em abastecer
ração de água provém, simultaneamente, dos estes clientes inteiramente com águas resi-
utilizadores da rede urbana de esgotos exis- duais tratadas, em vez de construir um novo
tente e dos que serão ligados à parte a desen- aqueduto que teria de ser alimentado por
volver. fontes bastante abundantes, que não existem
próximo da área de utilização. O pequeno
No primeiro ano, os volumes anuais de águas aqueduto local será ainda utilizado para
residuais urbanas são de 15,57 milhões de completar o abastecimento e durante as
metros cúbicos (Mm3) e os das águas resi- horas de ponta.
duais de 3,95 Mm3, ou seja, um total de
19,52 Mm3 a captar pela canalização prin-
cipal e a tratar pela instalação de depuração.

Quadro 3.7 Quadro da análise financeira, em milhares de euros


Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Nova rede urbana de esgotos 140 449 480 512 529 548 567 586 603 621 639 657 677
Nova instalação urbana de depuração 1.711 5.491 5.871 6.253 6.471 6.695 6.926 7.164 7.373 7.588 7.808 8.035 8.269
Rede de esgotos industriais e sistema de depuração 642 1.975 2.025 2.075 2.127 2.180 2.235 2.291 2.348 2.407 2.467 2.528 2.592
Alimentação em água do reservatório industrial 949 2.918 2.991 3.066 3.142 3.221 3.302 3.384 3.469 3.555 3.644 3.735 3.829
Alimentação em água para irrigação (suplementar) 121 374 383 393 402 412 423 433 444 455 467 478 490
Receitas dos serviços 3.564 11.207 11750 12.299 12.672 13.056 13.451 13.858 14.237 14.625 15.025 15.435 15.856
Receitas de outros serviços 51 156 160 164 169 173 178 183 188 193 198 203 209
Valor residual das infra-estruturas
Receitas totais 3.615 11.363 11.910 12.463 12.841 13.229 13.629 14.041 14.425 14.818 15.223 15.638 16.065
Pessoal técnico 259 444 1.372 1.414 1.456 1.500 1.545 1.591 1.639 1.688 1.738 1.791 1.844 1.900
Pessoal administrativo 76 157 806 830 855 881 907 934 962 991 1.021 1.052 1.083 1.116
Reagentes e outros produtos 0 0 690 707 725 743 761 780 800 820 840 861 883 905
Energia para a elevação da água 0 0 52 53 54 55 56 57 58 60 61 62 63 64
Energia para as instalações 0 0 555 566 577 589 601 613 625 637 650 663 676 690
Manutenção 119 244 1.248 1.279 1.311 1.344 1.378 1.412 1.447 1.484 1.521 1.559 1.598 1.638
Custo da eliminação das lamas 0 0 597 612 627 643 659 675 692 710 727 745 764 783
Bens intermédios e serviços técnicos 25 52 266 272 279 286 293 301 308 316 324 332 340 349
Serviços administrativos, financeiros e económicos 0 29 146 150 154 158 161 165 170 174 178 183 187 192
Custos de exploração totais 479 925 5.732 5.883 6.038 6.198 6.361 6.529 6.702 6.879 7.061 7.248 7.439 7.636
Mão-de-obra 7.698 14.456 7.860
Materiais 11.688 21.950 11.934
Arrendamentos 1.017 1.909 1.038
Transportes 895 1.680 914
Expropriações 1.063 767 299
Estudos do projecto, gestão dos trabalhos, ensaios 1.796 1.660 526
Custos de investimento totais 24.156 42.422 22.571 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Custo de substituição das componentes de curta duração
Despesas totais 24.156 42.901 23.495 5.732 5.883 6.038 6.198 6.361 6.529 6.702 6.879 7.061 7.248 7.439 7.636
Cash-flow líquido -24.156 -42.901 -19.881 5.631 6.027 6.425 6.643 6.868 7.100 7.340 7.546 7.758 7.975 8.199 8.429
Taxa interna de rentabilidade financeira 6,45%
(TIRF/C) do investimento
Valor actual líquido financeiro (VALF/C) 15.042
do investimento

70
3.2 Distribuição e depuração da água

Dinâmica da procura
A dinâmica da procura foi determinada tendo em conta a evolução da população residente na cidade, que tem
duas componentes:
• uma taxa de crescimento demográfico (a média da região) de 0,20% ao ano;
• um fluxo migratório com um saldo positivo (essencialmente devido ao crescimento das actividades indus-
triais) de 2.900 novos habitantes por ano nos primeiros 5 anos, que diminuirá em um terço (para 1 933 habi-
tantes/ano) entre o 6º e o 10º anos e acabará por se estabilizar em um quinto (580 habitantes/ano).
• Não se prevê alteração da procura para fins industriais.

O tratamento terciário das águas residuais


A estação de tratamento (terciário) intensivo das águas residuais será constituída por três módulos que, utili-
zando uma parte (520 litros por segundo) do débito proveniente de uma instalação de depuração, tratará 11,88
Mm3 por ano, com uma produção de água reutilizável de 8,91 Mm3/ano, repartidos da seguinte forma:
• 4,77 Mm3/ano serão destinados à indústria e completados (0,87 Mm3/ano) pelo aqueduto actual para a satis-
fação de todas as necessidades;
• 4,14 Mm3/ano satisfarão as necessidades da agricultura durante a estação de irrigação, que dura cerca de
sete meses, permitindo reduzir a metade os volumes actualmente captados em fontes naturais, que pas-
sarão, portanto, de 3,80 Mm3/ano para 1,90 Mm3/ano e constituirão igualmente novos recursos; o volume
total disponível será de 6,04 Mm3/ano.
Os volumes não tratados provenientes dos módulos de água a reutilizar serão ainda lançados no rio.

As necessidades em águas de irrigação são de


dois tipos:
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
696 716 737 759 781 803 827 850 875 900 • É necessário não só aumentar considera-
8.509 8.756 9.010 9.272 9.541 9.817 10.102 10.394 10.695 11.005
2.656 2.723 2.791 2.861 2.932 3.005 3.081 3.158 3.237 3.317
velmente os afluxos de água de irrigação, a
3.925 4.023 4.123 4.226 4.332 4.440 4.551 4.665 4.782 4.901 fim de explorar plenamente a área já servi-
502 515 528 541 555 568 583 597 612 627 da pela rede de distribuição, mas também
16.289 16.733 17.189 17.658 18.140 18.635 19.143 19.665 20.201 20.751
215 220 226 233 239 245 252 259 266 273 incentivar e acompanhar a actual evolução
39.438 das culturas para uma produção não exce-
16.503 16.953 17.416 17.891 18.379 18.880 19.395 19.923 20.467 60.462 dentárias e de elevado valor acrescentado.
1.957 2.015 2.076 2.138 2.202 2.268 2.336 2.406 2.479 2.553
1.149 1.184 1.219 1.256 1.293 1.332 1.372 1.413 1.456 1.499 • A actual utilização do lençol freático e de
927 951 974 999 1.024 1.049 1.076 1.103 1.130 1.158
66 67 68 70 71 73 74 76 77 79
um pequeno reservatório de água exerceu
704 718 732 747 762 777 793 808 825 841 uma pressão excessiva sobre os recursos
1.678 1.720 1.763 1.808 1.853 1.899 1.947 1.995 2.045 2.096 naturais, que apresentam, em ambos os
803 823 843 865 886 908 931 954 978 1.003
358 366 376 385 395 405 415 425 436 447
casos, sinais tangíveis de depauperamento
197 202 207 212 217 223 228 234 240 246 e de vulnerabilidade. Por conseguinte, é
7.838 8.046 8.259 8.478 8.703 8.934 9.171 9.415 9.665 9.921 necessário reduzir as captações.

Estas constatações conduziram à solução


descrita na secção anterior.

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
16109 Análise financeira
23.947 8.046 8.259 8.478 8.703 8.934 9.171 9.415 9.665 9.921
-7.444 8.907 9.157 9.413 9.676 9.946 10.224 10.509 10.802 50.541
O quadro 3.7 expõe a análise financeira e o
resultado obtido.

O horizonte temporal é de 25 anos.

71
3.2 Distribuição e depuração da água

A análise, efectuada do ponto de vista do quando estes não estiveram disponíveis, nos
organismo de financiamento, considera os preços da região ou do país.
custos e as receitas diferenciais geradas pelo
desenvolvimento do investimento proposto
em relação ao custo de um cenário sem o
investimento. Inflação
• Foi aplicada aos custos uma dinâmica inflacio-
O quadro 3.6 resume algumas hipóteses de nista (crescimento anual constante de 2,5%).
cálculo dos custos e benefícios financeiros. • Salários reais: um aumento suplementar de
+0,5% por ano (crescimento dos salários mone-
tários = +3,0% por ano).
Entre os custos previstos constam os custos
• Preços da energia: um diferencial de - 0,5% em
de desenvolvimento do projecto, incluindo relação à inflação.
as despesas com estudos, a planificação e
gestão dos trabalhos, os ensaios, as outras
despesas gerais e todos os custos de desenvol-
Cálculo das receitas
vimento e ensaio da instalação prevista. O As receitas previstas para o primeiro ano
(9 818 000 euros) foram calculadas da seguinte
custo total (89,15 milhões de euros) foi
forma:
subdividido em categorias homogéneas,
• Rede de saneamento urbana (novas ligações
cujos valores foram imputados (a preços
para 25% dos habitantes): 3,89 Mm3/ano x 0,093
constantes) aos três primeiros anos, com
euros por m3 = 362.000 euros.
base no programa de execução do projecto.
• Rede de depuração urbana (na situação actual
“sem intervenção”, não é aplicada a taxa de
As despesas de funcionamento suplemen- depuração): 15,57 Mm3/ano x 0,28 euros por m3
tares, isto é, as que se prevêem para assegurar = 4.422.000 euros.
os serviços gerados pelo investimento (novos • Rede de esgotos industrial e serviço de depu-
esgotos para 25% da população, instalação ração: 3,95 Mm3/ano x 0,46 euros por m3 =
de depuração para toda a cidade e para a área 1.834.000 euros.
industrial, abastecimento de água à indústria • Alimentação do reservatório para a indústria:
e à agricultura) incluem as despesas com pes- 4,77 Mm3/ano x 0,57 euros por m3 =
soal (subdividido entre pessoal técnico e pes- 2.710.000 euros.
soal administrativo), electricidade, manu- • Abastecimento para fins de irrigação (volumes
tenção, incluindo as peças de substituição, suplementares): 2,24 Mm3/ano x 0,15 euros por
reagentes e outros produtos utilizados na m3 = 347.000 euros;
depuração, no tratamento terciário e na • Receitas de outros serviços (3% do primeiro
eliminação das lamas de tratamento, bem ponto e do segundo): 144.000 euros.
como com a aquisição de outros bens e ser- Segundo a regulamentação em vigor no país onde
viços intermédios (técnicos e administra- o investimento será realizado, as taxas serão
reavaliadas em função da inflação15. Para ter em
tivos).
conta o tempo necessário à construção das infra-
estruturas, foi introduzido no cálculo um coefici-
Sempre que possível, estas despesas foram ente de correcção das receitas.
quantificadas com base em dados técnicos do
projecto (electricidade, reagentes, eliminação
das lamas) ou por extrapolação de dados
obtidos com a experiência de gestão do autor
do projecto (pessoal, outros bens e serviços). 15
Além disso, quando o investimento é parcialmente co-financiado
pelo autor do projecto/responsável – como é o caso – é autorizado
um aumento superior à taxa de inflação. Na análise, partimos de
Os custos de manutenção foram calculados um aumento suplementar de 3% ao ano nos primeiros 6 anos,
aplicado unicamente às tarifas respeitantes aos serviços de sanea-
com base nos preços do mercado local ou, mento e depuração urbanos.

72
3.2 Distribuição e depuração da água

Quadro 3.8 Factores de conversão aplicáveis à análise económica


Tipo de custo fc Observações
Mão-de-obra e pessoal 1,00 Por razões de simplicidade e prudência
Materiais 0,83 55% para máquinas e bens manufacturados, 45% para materiais de construção
Arrendamentos 0,88 40% para pessoal, 30% para energia, 20% para manutenção, 10% para benefícios (fc = 0)
Transportes 0,88 40% para pessoal, 30% para energia, 20% para manutenção, 10% para benefícios (fc = 0)
Expropriações 1,25 100% para o terreno
Estudos do projecto, gestão dos trabalhos, testes e outras despesas gerais 1,00 Despesas assimiladas a despesas de pessoal
Terreno 1,25 Coeficiente padrão X preço local (superior em 30% ao preço de expropriação)
Máquinas, bens manufacturados, estruturas, etc. 0,82 50% para produção local (FCP), 40% para importações (fc = 0,85), 10% para benefícios (fc = 0)
Materiais de construção 0,85 75% para materiais locais (FCP), 15% para importações (fc = 0,85), 10% para benefícios (fc = 0)
Electricidade, combustíveis, outros preços da energia 0,96 FCP
Manutenção 0,97 80% para pessoal, 20% para materiais
Reagentes e outros produtos 0,80 30% para produção local (FCP), 60% para importações (fc = 0,85), 10% para benefícios (fc = 0)
Bens intermédios e serviços técnicos 0,95 70% para pessoal, 30% para bens manufacturados
Serviços administrativos, financeiros e económicos 1,00 100% para pessoal
Valor resultante dos custos de investimento 0,91 Ponderado por tipos de custo do projecto

Além dos custos acima referidos, conside- Análise económica


raram-se os custos de substituição das Para a conversão dos preços na análise finan-
componentes de curta duração em relação ceira utilizaram-se factores de conversão
ao horizonte temporal do projecto: funda- específicos (ver quadro 3.8) e o factor de
mentalmente, as máquinas e outros equipa- conversão padrão (FCP).
mentos electromecânicos de tratamento e
as estações elevatórias que, de acordo com Os factores de conversão permitem corrigir
os dados técnicos indicados nas publica- os preços do mercado, tendo em conta as
ções disponíveis, terão uma vida útil de 15 distorções que afastam o valor do seu equilí-
anos. brio a longo prazo (transferências, auxílios
estatais, etc.).
Por razões de simplicidade, efectuou-se o cál-
culo introduzindo o custo total deste equipa- Os factores de conversão permitem calcular
mento no sexto ano, reavaliado em função da os custos sociais decorrentes dos investi-
inflação. mentos e os custos de exploração e de reno-
vação dos equipamentos de curta duração
As receitas são provenientes das tarifas (ver análise financeira).
cobradas pelos novos serviços, avaliadas em
conformidade com as tarifas correspon- A estes é necessário acrescentar as externali-
dentes no domínio do investimento sobre dades negativas: os custos decorrentes da
volumes medidos por meio de contadores.

Para o cálculo do último ano, o valor residual Cálculo do valor residual


das infra-estruturas é acrescentado à entrada das infra-estruturas
financeira anterior, que se calcula simples-
O valor aplicado (39.438.000 euros) foi obtido com
mente de forma em proporcional à vida útil
base nas seguintes vidas úteis:
residual do custo do investimento, reavaliado
• rede e esgotos: 40 anos
em função da inflação. • reservatórios e cisternas: 50 anos
• máquinas: 15 anos
Os índices seguintes são obtidos a partir dos • estruturas: 25 anos
cash-flows: VALF = 15 042 mil euros; TIRF/C • edifício: 40 anos
= 6,45%.

73
3.2 Distribuição e depuração da água

Quadro 3.9 Algumas hipóteses para quantificar os custos e benefícios económicos


Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Quantidades
Habitantes
Crescimento demográfico 235.470 235.941 236.413 236.886 237.359 237.834 238.310 238.786 239.264 239.743 240.222 240.702 241.184 241.666 242.150
Fluxo migratório
Valor anual 2.900 2.900 2.900 2.900 2.900 1.933 1.933 1.933 1.933 1.933 580 580 580 580 580
Valor acumulado 2.900 5.800 8.700 11.600 14.500 16.433 18.367 20.300 22.233 24.167 24.747 25.327 25.907 26.487 27.067
Habitantes servidos pela estação de depuração de água 238.370 241.741 245.113 248.486 251.859 254.267 256.676 259.086 261.497 263.909 264.969 266.029 267.091 268.153 269.216
Habitantes servidos pela rede de esgotos 59.593 60.435 61.278 62.121 62.965 63.567 64.169 64.772 65.374 65.977 66.242 66.507 66.773 67.038 67.304
Volumes anuais (milhões de metros cúbicos)
Novo esgoto urbano 3,948 4,004 4,060 4,115 4,171 4,211 4,251 4,291 4,331 4,371 4,388 4,406 4,424 4,441 4,459
Tratamento da depuração para fins urbanos 15,791 16,015 16,238 16,462 16,685 16,845 17,004 17,164 17,324 17,483 17,554 17,624 17,694 17,764 17,835
Saneamento e depuração Indústria 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946
Indústria e irrigação 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909
y de irrigación
Volume evacuado bruto 10,828 11,052 11,275 11,499 11,722 11,882 12,041 12,201 12,361 12,520 12,591 12,661 12,731 12,801 12,872
Volume evacuado líquido 8,663 8,841 9,020 9,199 9,378 9,505 9,633 9,761 9,888 10,016 10,072 10,129 10,185 10,241 10,298
Abastecimento industrial por grosso
Alimentação do reservatório para a área industrial 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770
Irrigação
Alimentação do reservatório para a área irrigada 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139
Volumes previamente fornecidos 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800
Volumes substituídos 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900
Volumes suplementares 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339

Preços fictícios (euros)


Rede de saneamento urbano
(em euros/habitante servido) 104,80 107,60 110,48 113,44 116,47 119,59 122,79 126,08 129,45 132,92 136,48 140,14 143,89 147,75 151,71
Depuração para fins urbanos e industriais 0,81 0,83 0,85 0,87 0,90 0,92 0,94 0,96 0,99 1,01 1,04 1,06 1,09 1,12 1,15
Alimentação do reservatório para a área 0,97 0,99 1,02 1,04 1,07 1,10 1,12 1,15 1,18 1,21 1,24 1,27 1,30 1,33 1,37
industrial (euros/m3)
Preço fictício da água de irrigação 0,17 0,17 0,17 0,18 0,18 0,19 0,19 0,20 0,20 0,21 0,21 0,22 0,22 0,23 0,23
substituída (euros/m3)
Preço fictício da água de irrigação 0,81 0,83 0,85 0,87 0,90 0,92 0,94 0,96 0,99 1,01 1,04 1,06 1,09 1,12 1,15
suplementar (euros/m3)
Novo serviço de saneamento urbano 2.257 7.047 7.334 7.602 7.879 8.166 8.463 8.770 9.041 9.320 9.608 9.905 10.211
Serviços de depuração urbano e industrial 2.563 8.037 8.398 8.725 9.063 9.413 9.775 10.149 10.461 10.782 11.113 11.454 11.805

instalação do estaleiro, que se repercutem base na inflação, foi aplicado como custo nos
essencialmente na área urbana, nos tran- três primeiros períodos da análise.
sportes e em outras funções territoriais e no
custo de utilização da terra. O custo social da afectação do terreno (cerca
de 37 ha) à construção da nova infra-estru-
Os custos de consumo de terrenos inutili- tura não é inteiramente representado pelo
zados são assimilados a custos de investi- custo da expropriação (ao qual foi aplicado o
mento reavaliados. seu próprio factor de conversão), tanto mais
que o custo social não é representativo do
valor atribuível à melhor utilização do mes-
O custo global da instalação de estaleiros de
mo terreno ao nível local. Por este motivo, o
construção deve necessariamente ser calcu-
custo foi avaliado tendo em conta o valor
lado de forma aproximada, a partir do custo
acrescentado da produção agrícola suple-
social do prolongamento da obra. Esta vari-
mentar que pode ser obtida num terreno
ável de substituição é de cerca de 6.500.000
bem irrigado (calculado em 4.462 euros),
euros por cada ano de atraso na conclusão
valor igualmente utilizado para avaliar o
dos trabalhos. Este montante, reavaliado com

74
3.2 Distribuição e depuração da água

Para avaliar os benefícios – sempre que se


considerou possível fazê-lo – foi aplicado o
método dito da “disposição para pagar”,
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
fixando-se preços fictícios para os serviços
que possam ter um mercado alternativo.
Uma vez que o preço fictício assim obtido se
242.634 243.119 243.605 244.093 244.581 245.070 245.560 246.051 246.543 247.036
refere ao serviço prestado ao utilizador final,
580 580 580 580 580 580 580 580 580 580 aplicaram-se coeficientes de distribuição
27.647 28.227 28.807 29.387 29.967 30.547 31.127 31.707 32.287 32.867
apropriados, retirados de publicações e da
270.281 271.346 272.412 273.479 274.547 275.617 276.687 277.758 278.830 279.903
67.570 67.836 68.103 68.370 68.637 68.904 69.172 69.439 69.707 69.976 experiência adquirida, para calcular o preço
necessário à análise16.
4,476 4,494 4,512 4,529 4,547 4,565 4,582 4,600 4,618 4,636
17,905 17,976 18,047 18,117 18,188 18,259 18,330 18,401 18,472 18,543
3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 Os benefícios decorrentes do novo serviço de
8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 saneamento foram integrados no valor social
12,942 13,013 13,084 13,154 13,225 13,296 13,367 13,438 13,509 13,580
das doenças evitadas, sem ter em conta, por
10,354 10,410 10,467 10,523 10,580 10,637 10,693 10,750 10,807 10,864 medida de prudência, as mortes evitadas.
Assim, a incidência anual média das poten-
4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770
ciais infecções e de outras doenças graves
4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 entre as crianças, os adultos em idade activa
3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 e as pessoas idosas foi avaliada calculando os
1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900
0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339
custos dos dias de hospitalização, de trata-
mento e de ausência de produção (unica-
mente no caso dos adultos); isto resultou
num valor de 104,80 euros por ano e por
155,78 159,96 164,25 168,66 173,18 177,83 182,61 187,51 192,55 197,72
1,18 1,20 1,23 1,27 1,30 1,33 1,36 1,40 1,43 1,47 habitante servido. A dinâmica deste preço foi
1,40 1,44 1,47 1,51 1,55 1,59 1,63 1,67 1,71 1,75 calculada por média ponderada entre o
0,24 0,25 0,25 0,26 0,26 0,27 0,28 0,28 0,29 0,30
coeficiente de inflação e o coeficiente salarial.

1,18 1,20 1,23 1,27 1,30 1,33 1,36 1,40 1,43 1,47 A depuração da água para fins urbanos e
10.526 10.851 11.186 11.531 11.887 12.254 12.631 13.021 13.422 13.836 industriais produz benefícios em diversos
12.166 12.538 12.921 13.316 13.722 14.141 14.572 15.015 15.472 15.942

O factor de conversão padrão


O FCP define-se pela fórmula que a seguir se apresenta e baseia-se nos dados macroeconómicos abaixo indi-
cados (valores em milhões de euros):
M+X
FCP = ------------------------ = 0,96
(M+TM) + (X-TX)
em que: M = valor das importações = 4.000
X = valor das exportações = 3.000
TM = taxas sobre as importações = 600
TX = taxas sobre as exportações = 300

benefício resultante do abastecimento suple- 16


Preço fictício do abastecimento de água para fins industriais: 1,29
euros o m3 x 0,60 (coeficiente de repartição aplicável unicamente
mentar de água para fins de irrigação. Natu- ao transporte) = 0,97 euros o m3.
ralmente, o custo reavaliado da expropriação Preço fictício do abastecimento de água para fins de irrigação:
0,21 euros o m3 x 0,80 (coeficiente de repartição aplicável unica-
deve ser deduzido do valor obtido. mente ao transporte) = 0,17 euros o m3.

75
3.2 Distribuição e depuração da água

Quadro 3.10 Quadro da análise económica – em milhares de euros


Anos
cf(3) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Novo serviço de saneamento urbano 2.257 7.047 7.334 7.602 7.879 8.166 8.463 8.770 9.041 9.320 9.608 9.905 10.211
Serviço de depuração urbano 2.563 8.037 8.398 8.725 9.063 9.413 9.775 10.149 10.461 10.782 11.113 11.454 11.805
e industrial
Alimentação do reservatório Industrial 1.618 4.974 5.098 5.226 5.356 5.490 5.628 5.768 5.913 6.060 6.212 6.367 6.526
Água economizada 110 338 347 355 364 373 383 392 402 412 422 433 444
Água suplementar 636 1.956 2.005 2.055 2.107 2.159 2.213 2.269 2.325 2.384 2.443 2.504 2.567
Receitas dos serviços 7.183 22.352 23.182 23.963 24.770 25.602 26.461 27.348 28.141 28.958 29.798 30.663 31.552
Receitas de outros serviços 48 149 153 158 162 166 171 175 180 185 190 195 200
Valor residual das infra-estruturas 0,91
Receitas totais 7.232 22.502 23.335 24.121 24.932 25.769 26.632 27.523 28.321 29.143 29.988 30.858 31.753
Abertura do estaleiro de construção 6.508 6.671 6.838
Consumo de terreno
Perda da produção agrícola 164 168 172 176 181 185 190 195 200 205 210 215 220 226 232
Custo das expropriações já previstas -1.325 -957 -373
Custo total líquido em consumo de terreno -1.161 -789 -201 176 181 185 190 195 200 205 210 215 220 226 232
Custos externos 4.187 5.094 6.436 353 362 371 380 390 399 409 419 430 441 452 463
Pessoal técnico 1,00 259 444 1.372 1.414 1.456 1.500 1.545 1.591 1.639 1.688 1.738 1.791 1.844 1.900
Pessoal administrativo 1,00 76 157 806 830 855 881 907 934 962 991 1.021 1.052 1.083 1.116
Reagentes e outros produtos 0,80 550 564 578 592 607 622 638 654 670 687 704 722
Energia para a estação elevatória 0,96 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 61 62
Energia para as instalações 0,96 532 543 554 565 576 587 599 611 623 636 649 662
Manutenção 0,97 115 235 1.206 1.236 1.267 1.299 1.331 1.365 1.399 1.434 1.469 1.506 1.544 1.582
Bens intermédios e serviços técnicos 0,95 24 49 251 258 264 271 278 284 292 299 306 314 322 330
Serviços administrativos, financeiros 0,55 29 146 150 154 158 161 165 170 174 178 183 187 192
e económicos
Custos de exploração totais 473 914 4.914 5.045 5.179 5.317 5.459 5.605 5.754 5.908 6.066 6.228 6.394 6.565
Mão-de-obra 1,00 7.698 14.456 7.860
Materiais 0,83 9.721 18.256 9.925
Arrendamentos 0,88 896 1.682 914
Transportes 0,88 788 1.480 805
Expropriações 1,25 1.325 957 373
Estudos do projecto, trabalhos, 1,00 1.796 1.660 526
gestão, ensaios
Custos de investimento totais 22.223 38.490 20.404
Custos de substituição 0,91
Despesas totais 26.410 44.057 27.753 5.267 5.407 5.550 5.697 5.849 6.004 6.163 6.327 6.495 6.668 6.846 7.028
Cash-flow líquido -26.410 -44.057 -20.521 17.235 17.929 18.571 19.234 19.920 20.628 21.359 21.994 22.648 23.320 24.012 24.725
Taxa interna de rentabilidade 18,23%
económica (TIRE)
Valor actual líquido económico (VALE) 185.034

sectores, a começar pela protecção ambiental potencial para fins de irrigação a um preço
da água e do solo, mas também pela pro- fictício de 0,81 euros/m3, preço já aplicado
tecção da saúde humana e pela salvaguarda para avaliar os benefícios do abastecimento
das espécies vivas. Uma avaliação aproxi- suplementar de água para fins de irrigação.
mada prudente destes efeitos externos posi-
tivos pode ser efectuada atribuindo um valor
Os coeficientes de conversão foram igual-
aos volumes de água purificada evacuados e
mente aplicados aos benefícios ligados às
susceptíveis de ser reutilizados para dife-
receitas de outros serviços e ao valor residual
rentes fins, inclusivamente noutros locais.
da infra-estrutura.
Neste caso, os volumes de água purificada
não utilizados localmente e, portanto, evacu-
ados, reduzidos pela aplicação de um coefici- Os cash-flows apresentados no quadro 2 dão
ente de dispersão (0,80), são de cerca de os seguintes índices:
8,5 Mm3/ano, supondo uma reutilização VALE = 185.034 mil euros; TIRE = 18%.

76
3.3 Transportes

Análise de sensibilidade
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
A análise de sensibilidade, efectuada com
10.526 10.851 11.186 11.531 11.887 12.254 12.631 13.021 13.422 13.836
12.166 12.538 12.921 13.316 13.722 14.141 14.572 15.015 15.472 15.942 base nos parâmetros que o autor do projecto
considerou mais críticos, deu os resultados
6.690 6.857 7.028 7.204 7.384 7.569 7.758 7.952 8.151 8.354
apresentados no quadro 3.11 em termos de
455 466 478 490 502 515 527 541 554 568
2.631 2.697 2.764 2.833 2.904 2.977 3.051 3.127 3.206 3.286 alteração do VAL financeiro e económico em
32.467 33.409 34.378 35.374 36.399 37.454 38.539 39.656 40.804 41.986 relação aos valores do caso de base.
206 211 217 223 229 235 242 248 255 262
35.885
32.673 33.620 34.595 35.597 36.628 37.689 38.781 39.904 41.059 78.132 A análise dos riscos foi efectuada com base
nas variáveis mais críticas: taxa de inflação,
237 243 249 256 262 268 275 282 289 296
tarifas, população (esta análise não é aqui
apresentada).
237 243 249 256 262 268 275 282 289 296
475 486 499 511 524 537 550 564 578 593
1.957 2.015 2.076 2.138 2.202 2.268 2.336 2.406 2.479 2.553
1.149
740
1.184
758
1.219
777
1.256
797
1.293
817
1.332
837
1.372
858
1.413
879
1.456
901
1.499
924
3.3 Transportes
63 64 66 67 68 70 71 72 74 75
675 688 702 716 730 745 760 775 791 807 Introdução
1.622 1.663 1.704 1.747 1.790 1.835 1.881 1.928 1.976 2.026
338 347 355 364 373 383 392 402 412 422 A presente secção ilustra os investimentos
197 202 207 212 217 223 228 234 240 246 realizados no desenvolvimento de novas
6.740 6.921 7.106 7.296 7.492 7.693 7.899 8.111 8.328 8.552 infra-estruturas de transportes. Podem ter
por objecto novas linhas de transporte,
novos nós, a conclusão de redes existentes ou
a melhoria de linhas e nós existentes.

A metodologia proposta centra-se, principal-


mente, nos meios de transporte ferroviários e
14.658 rodoviários. No entanto, estes princípios
21.873 7.407 7.605 7.807 8.016 8.230 8.449 8.675 8.907 9.145
10.800 26.213 26.990 27.790 28.613 29.460 30.332 31.229 32.152 68.988
gerais podem ser igualmente aplicados a
outros meios, por exemplo, os transportes
marítimos e aéreos, cujas especificidades não
são abordadas.

Quadro 3.11 Quadro para a análise de sensibilidade


Variações dos parâmetros Variação de Variação de
VALF (%) VALE (%)

Dinâmica dos preços


Taxa de inflação de 3% e 2% +44% / -41% +9,6% / -9,0%
Dinâmica dos salários reais a +1% e a 0% -14%/+13% praticamente constante
Dinâmica dos preços da energia igual à inflação -3% praticamente constante
Dinâmica das tarifas
Redução a 3 anos do período de aumento dos pagamentos dos investimentos -50% sem alteração
Dinâmica demográfica
Taxa de crescimento anual Da população (0%) -16% -4%
Custos dos bens e serviços
Custos dos reagentes aumentados em +10% -7% -0.4%
Custos de eliminação das lamas aumentados em +10% -6% +/- 0%
Custos da electricidade aumentados em +10% -5% +/- 0%
Receitas e benefícios
Pagamento de serviços +10% e —10% +116 / -116% +/- 0%
Melhoria da produção agrícola aumentada em 10% sem alteração +8%

77
3.3 Transportes

3.3.1 Definição dos objectivos Uma vez definidos os objectivos do projecto,


Os objectivos socioeconómicos dos projectos examinaremos, numa segunda fase, se a
em matéria de transportes estão geralmente identificação do projecto está em conformi-
ligados à melhoria das condições de deslo- dade com estes objectivos.
cação das mercadorias e dos passageiros, tan-
to no interior da área estudada como entre 3.3.2 Identificação do projecto
esta e outros locais (acessibilidade), bem
como à melhoria da qualidade do ambiente e Tipologia do investimento
do bem-estar da população beneficiária. Um bom ponto de partida para identificar a
infra-estrutura, sucintamente mas de forma
Mais especificamente, os objectivos dos pro- clara e inequívoca, é descrever as suas
jectos em matéria de transportes podem ser funções, que devem estar em conformidade
os seguintes: com os objectivos do investimento. Seguida-
mente, será exposto o tipo de acção prevista,
• redução de congestionamentos, elimi- ou seja, se se trata de uma estrada totalmente
nando limitações de capacidade nas redes nova, de um elo que falta numa infra-estru-
e nós únicos ou construindo novas liga- tura mais vasta ou se a acção se integra numa
ções ou vias; extensão ou numa alteração de uma estrada
• melhoria do desempenho de uma rede ou ou de uma via férrea pré-existente (por
de um nó, em especial aumentando a velo- exemplo, a construção de uma terceira via
cidade de deslocação e reduzindo os custos numa auto-estrada de duas faixas ou a insta-
de funcionamento e a frequência de aci- lação de uma segunda via ou a electrificação
dentes através da adopção de medidas de e automatização de um caminho-de-ferro
segurança; existente).
• transferência da procura para meios de
transporte específicos (muitos investi- Quadro de referência espacial
mentos realizados nos últimos anos, perío- Os projectos podem inserir-se em programas
do em que o problema das externalidades nacionais, regionais ou locais em matéria de
ambientais se tornou um factor essencial, transportes ou serem da responsabilidade de
têm por objectivo provocar uma transfe- organismos de diversas naturezas. Em ambos
rência modal da procura dos meios mais os casos, a incorporação funcional da infra-
poluentes para outros que ocasionem estrutura prevista no sistema de transportes
menos prejuízos ambientais); (existente ou projectado), seja este urbano,
• conclusão de redes não interligadas ou regional, inter-regional ou nacional, deverá
deficientemente interligadas. As redes de facilitar a análise dos efeitos de rede.
transporte foram muitas vezes desenvol-
vidas numa base nacional e/ou regional Um segundo aspecto importante é a coerên-
que, em alguns casos, já não satisfaz a pro- cia com as políticas de transportes nacionais
cura. Este é um problema que afecta sobre- e europeias: fiscalidade (por exemplo, sobre
tudo os caminhos-de-ferro; os combustíveis), eficiência distributiva do
• melhoria da acessibilidade das áreas ou sistema de portagens previsto, condiciona-
regiões periféricas. lismos ou objectivos ambientais, outras polí-
ticas de incentivos ou de transferência no
Numa primeira fase, expõem-se os objec- sector, normas tecnológicas.
tivos do projecto estritamente ligados ao sec-
tor dos transportes (por exemplo, em termos Outro elemento que deve ser tido em consi-
de reequilíbrio modal), bem como outros de deração é o grau de coerência com qualquer
carácter mais geral (protecção do ambiente, outro projecto e/ou programa de desenvolvi-
desenvolvimento regional, etc.). mento eventualmente em curso na área de

78
3.3 Transportes

investimento, tanto em relação ao sector dos


transportes como a sectores que possam ter
incidência na procura de transporte (utili- Tipologia dos investimentos
zação do solo, programa de desenvolvi- • Novas infra-estruturas (estradas, vias férreas, portos, aeroportos)
mento). para satisfazer uma procura crescente de transportes
• Conclusão das redes existentes (ligações em falta)
• Ampliação das infra-estruturas existentes
Quadro regulamentar
• Renovação de infra-estruturas existentes
A regulamentação do sector dos transportes • Investimentos em medidas de segurança nas redes ou ligações
tem evoluído consideravelmente nos últimos existentes
dez anos, devido à necessidade de remediar a • Melhoria da utilização das redes existentes (isto é, melhorar a utili-
ineficácia dos sistemas monopolísticos atra- zação da capacidade de redes subutilizadas)
vés da introdução de elementos de concor- • Melhorias em matéria de intermodalidade (interfaces, acessibili-
rência nos serviços de transportes e de dade aos portos e aeroportos)
instrumentos regulamentares para os • Melhorias em matéria de interoperabilidade das redes
“monopólios naturais”, ou seja, as infra- • Melhorias na gestão das infra-estruturas
estruturas. Características operacionais dos investimentos:
• Aumento da capacidade das redes existentes
• Redução dos congestionamentos
A nível comunitário, a União Europeia
• Redução das externalidades
desenvolveu gradualmente, desde o início da
• Melhoria da acessibilidade das regiões periféricas
década de 1990, acções específicas e adoptou
• Redução dos custos de funcionamentos dos meios de transporte
recomendações aos Estados-Membros. No
Tipos de serviços:
que se refere às acções, as intervenções comu-
• Infra-estruturas para áreas densamente povoadas
nitárias são principalmente centradas na
• Infra-estruturas para a procura de transportes de longa distância
regulamentação e no desenvolvimento de • Infra-estruturas para o transporte de mercadorias
infra-estruturas, nos problemas ligados às • Infra-estruturas para o transporte de passageiros
taxas de utilização das infra-estruturas e na
internalização dos custos externos.

3.3.3 Viabilidade e análise das diferentes


consome uma parte considerável dos recur-
alternativas
sos atribuídos ao estudo de viabilidade.

Análise da procura No que se refere ao cenário de referência (isto


A apreciação da procura existente e as previ- é, a opção de nada fazer ou de fazer o míni-
sões para o futuro constituem uma tarefa mo), recomenda-se a especificação dos
complexa e essencial que frequentemente seguintes elementos:

Caixa 3.2 Quadro legislativo


Livros Brancos A política europeia de transportes no horizonte Decisão do Parlamento Europeu e do Conselho
Futura evolução da política comum dos tran- 2010: a hora das opções – Livro Branco /COM/2001 que altera a Decisão nº 1692/96/CE sobre as
sportes – Livro Branco /COM(92)494 Redes transeuropeias – Transportes (TEN-T) orientações comunitárias para o desenvolvi-
Pagamento justo pela utilização das infra-estru- Decisão nº 1692/96/CE do Parlamento Europeu e mento da rede transeuropeia de transportes -
turas – Uma abordagem gradual para um quadro do Conselho de 23 de Julho de 1996 sobre as COM/2001
comum de tarifação das infra-estruturas de tran- orientações comunitárias para o desenvolvi-
sportes na União Europeia – Livro Branco mento da rede transeuropeia de transportes
/*COM/98/0466 final

79
3.3 Transportes

• área de influência do projecto: este aspecto portos, entre aeroportos, entre estradas e
é importante para identificar a procura na entre caminhos-de-ferro) em relação aos nós
ausência do projecto e os impactes da nova de transporte, mas também em relação a
infra-estrutura e para identificar os outros intervenções que se concentrem em redes
meios de transporte que podem ser tidos particularmente densas, especialmente tra-
em consideração (por exemplo, no caso, tando-se de tráfego de longa distância.
frequente, de ligações em que coexistem
vários modos: estrada, caminho-de-ferro e As apreciações da procura potencial devem
transporte aéreo); esclarecer os seguintes elementos:
• o procedimento utilizado para apreciar a
procura actual e a procura futura (utili- • a composição do tráfego gerado pela nova
zação de modelos únicos ou plurimodais, infra-estrutura ou pela infra-estrutura
extrapolações a partir de tendências passa- reforçada, em termos de tráfego existente,
das, preços e custos para os utilizadores, de tráfego desviado de outros modos e de
políticas de regulação e de fixação dos tráfego gerado;
preços, congestionamento e nível de satu- • a elasticidade em termos de tempo e de cus-
ração das redes, novos investimentos pre- tos decorrentes, implicitamente, das esti-
vistos durante o período que é objecto da mativas relativas ao tráfego desviado de
análise); outros modos, distribuída de forma ade-
• suposições feitas relativamente aos modos quada e comparada com os dados cons-
concorrentes e às outras alternativas possí- tantes da literatura ou apurados no quadro
veis (preços e custos para os utilizadores, de outros projectos (as características, a
políticas de regulação e de fixação dos estrutura e a elasticidade da procura de
preços, congestionamento e nível de satu- transporte são especialmente importantes
ração das redes, novos investimentos pre- no caso de projectos que possam ser ligados
vistos durante o período que é objecto da a infra-estruturas de utilização paga, uma
análise); vez que os volumes de tráfego previstos são
• alterações em relação às tendências passa- determinados pelo nível das taxas a pagar);
das e comparação com previsões em larga • a sensibilidade dos fluxos de tráfego previs-
escala (a nível regional, nacional e euro- tos a determinadas variáveis essenciais: a
peu). elasticidade em termos de duração da
deslocação e dos custos, os níveis de conges-
Dado o elevado grau de incerteza das tionamento de diferentes modos concor-
tendências futuras em termos de procura, é rentes, as estratégias de modos concor-
aconselhável desenvolver, pelo menos, dois rentes, por exemplo, em matéria de política
cenários, um optimista e um pessimista, e de preços. Este aspecto é especialmente
ligar as duas hipóteses às tendências do PIB e importante quando se trata de investi-
a outras variáveis macroeconómicas. mentos que requerem muito tempo de exe-
cução. Durante o período necessário para
Quanto às soluções propostas por um pro- concluir a intervenção, o tráfego que seria
jecto, importa lembrar que o sistema de tran- potencialmente ganho pela nova infra-
sportes é um sistema plurimodal. A mesma estrutura pode optar por outros meios de
procura de transporte pode ser satisfeita, transporte e ser difícil de recuperar.
pelo menos parcialmente, por diferentes
meios de transporte, que podem entrar em Um aspecto que pode ser importante para a
concorrência pela mesma procura. avaliação financeira e económica é o do trá-
fego gerado, ou seja, o tráfego que não existi-
Pode haver concorrência no âmbito do mes- ria se não houvesse a nova infra-estrutura
mo meio de transporte (por exemplo, entre (ou não houvesse aumento da capaci-

80
3.3 Transportes

dade/velocidade da infra-estrutura existente) • níveis de segurança do tráfego na nova


e que é diferente do tráfego desviado de infra-estrutura ou na nova configuração
outros meios de transporte. da infra-estrutura existente.

À primeira vista, o tráfego gerado pode ser Na presença de várias opções e do fenómeno
calculado com base na elasticidade da procu- de congestionamento, deve analisar-se se a
ra em relação aos custos gerais de transporte procura não está satisfeita e, se assim for, qual
(tempo, custos, conforto, etc.). Uma vez que o tráfego que é “rejeitado”. Este é um elemen-
o tráfego depende sempre da distribuição to importante para avaliar as consequências
territorial das actividades económicas e da económicas das opções mais pobres do pon-
habitação, é recomendável, para uma estima- to de vista das infra-estruturas.
tiva correcta, que se analisem as alterações
trazidas pelo projecto à acessibilidade da No final da análise de viabilidade, pode ser
área. Para isso, será normalmente necessário necessário definir as opções pertinentes a
utilizar modelos regionais integrados de avaliar de um ponto de vista ambiental,
desenvolvimento e de transportes, que actu- financeiro e económico. O conjunto de resul-
almente têm poucos domínios de aplicação tados constituirá uma fonte para as análises
mas que oferecem excelentes perspectivas de ambiental, financeira e económica que se
desenvolvimento. Não havendo estes instru- irão seguir.
mentos, convém calcular com prudência o
tráfego gerado e efectuar análises de sensibi- Análise das opções
lidade (ver abaixo) ou de risco em relação a A constituição de uma solução de referência
esta componente do tráfego. e a identificação de alternativas promete-
doras são dois aspectos que vão influenciar
Características técnicas todos os resultados das futuras avaliações. A
solução de referência corresponderá geral-
Em relação a cada projecto, será analisada a
mente a uma decisão de nada fazer. No
relação procura/capacidade da nova infra-
entanto, em certos casos, isto poderá criar
estrutura. Esta análise deve basear-se nos
um problema no sector dos transportes. Se a
seguintes elementos:
solução de referência for “catastrófica”, isto é,
se a decisão de não investir implicar uma
• níveis de serviços da infra-estrutura em
paralisação do tráfego e, portanto, um eleva-
termos de relação tráfego/capacidade (flu- do custo social, qualquer projecto trará bene-
xos de tráfego nas estradas, número de fícios importantes, seja qual for o seu preço.
passageiros que optam pelos transportes
públicos/colectivos, etc.). É útil analisar Caso se verifique um grave fenómeno de
separadamente as diferentes componentes congestionamento, actual ou futuro, é neces-
do tráfego, quer em termos de tipos de flu- sário, para evitar deformar os resultados da
xo (interno, tráfego intermodal ou tráfego análise, configurar uma solução de referência
transitório), quer em termos de origem que integre as intervenções mínimas (rela-
(tráfego desviado de outros meios de tran- tivas à gestão, à aplicação tecnológica, etc.).
sporte e tráfego gerado); Provavelmente, isto poderá fazer-se para
• tempos e custos de deslocação para os assegurar um ajustamento da procura de
utilizadores (distribuídos por tráfego e ori- transporte na ausência do projecto e para
gem); conter os custos futuros da solução de refe-
• indicadores de transportes: passa- rência num nível aceitável.
geiros/km e veículos/km, no caso de passa-
geiros; toneladas/km e veículos/km no É igualmente essencial a análise de cenários
caso de mercadorias; diferentes. Depois de definida a solução de

81
Transportes

referência e analisados os aspectos cruciais volver-se uma hipótese que indique o núme-
em termos de relação procura/capacidade ro de comboios que podem beneficiar do
(ver abaixo), é necessário identificar todas as projecto, por tipo (mercadorias, passageiros,
soluções técnicas possíveis com base nas comboios de pequeno ou longo curso) e
condições materiais e nas tecnologias dispo- ligando cada serviço aos respectivos custos.
níveis. O mesmo se aplica aos nós de transportes,
como portos e aeroportos.
O principal risco de falseamento da avaliação
é o de descurar as opções alternativas, especi- Tarifas
almente as de menor custo (abordagens cen- Uma vez que a procura de transporte pode
tradas na gestão e na fixação dos preços, optar por outros modos ou trajectos, os
intervenções de infra-estruturas conside- preços influenciarão o volume previsto da
radas “não decisivas” pelos conceptualiza- procura. Por isso, é extremamente impor-
dores e promotores, etc.). tante reanalisar as previsões da procura e
associar os volumes de tráfego correctos a
Custos de investimento e de funcionamento cada uma das hipóteses de tarifação.
A análise de viabilidade destina-se igual-
mente a calcular, para cada cenário e solução Os critérios de fixação de tarifas de utilização
de referência, os custos de investimento e as das infra-estruturas de transportes são com-
despesas a considerar para as substituições e plexos e podem provocar alguma confusão
as operações extraordinárias de manutenção na avaliação financeira e económica. Uma
(que serão efectuadas a intervalos regulares) vez que os preços maximizam as receitas a
durante todo o período de avaliação. Estes favor dos gestores/construtores de infra-
custos devem ser programados para todo o estruturas e, portanto, também a sua capaci-
período. Será igualmente necessário deter- dade de autofinanciamento, eles podem dife-
minar a duração de vida técnica do investi- rir bastante dos níveis de rentabilidade, por-
mento e o seu valor residual. que estes últimos, que têm em consideração
o excedente para o público, têm igualmente
Convém assegurar que o projecto inclua em conta os custos externos (os congestiona-
todos os trabalhos necessários para a sua exe- mentos e os custos em matéria de ambiente e
cução (por exemplo, as ligações com as redes de segurança).
existentes, as instalações tecnológicas, etc.) e
todos os custos implícitos em cada opção e Uma fixação eficaz de tarifas baseia-se nos
que as estimativas de custos e do tempo de custos sociais marginais a longo prazo e exige
execução necessário sejam realistas e pruden- a “internalização dos custos externos” (prin-
tes, prevendo uma margem de segurança, cípio do poluidor-pagador), incluindo os cus-
principalmente quando se trate de projectos tos associados ao congestionamento e à
de grande importância para a comunidade degradação do ambiente. Relativamente ao
local a que se destinam. congestionamento das vias, este tipo de
fixação de preços deve implicar, geralmente,
Os custos normais de funcionamento e de portagens pouco elevadas quando não há
manutenção devem ser igualmente referidos congestionamento, de forma a maximizar a
e quantificados. utilização da infra-estrutura, e portagens ele-
vadas em alturas de congestionamento. Se a
No caso dos meios de transporte colectivo, é infra-estrutura não estiver saturada, haverá
necessário desenvolver um modelo de um conflito entre a necessidade de autofinan-
funcionamento e calcular os respectivos cus- ciamento e a utilização óptima do produto.
tos. Quando se trate, por exemplo, do funcio- Neste caso, uma portagem com que se preten-
namento do caminho-de-ferro, deve desen- da recuperar uma parte dos custos de investi-

82
3.3 Transportes

mento pode provocar uma subutilização e, não necessariamente os operadores da infra-


portanto, um uso ineficaz do produto. estrutura). Se necessário, pode ser efectuada
para os proprietários e para os operadores,
As tarifas (“direitos de acesso à rede”) do sec- primeiro separadamente e depois de forma
tor dos caminhos-de-ferro representam o consolidada.
factor mais inovador, que deve ser minucio-
samente analisado. Os custos financeiros do investimento, inclu-
indo as despesas consagradas às substituições
Há duas estratégias opostas: a estratégia e às operações de manutenção extraordiná-
anglo-alemã (pagamento dos custos médios), rias, assim como os custos operacionais
caracterizada por montantes muito elevados, (incluindo as despesas de manutenção nor-
e a estratégia francesa (pagamento dos custos mal e de trabalhos programados, bem como
marginais), caracterizada por montantes o pagamento de rendas) são objecto de uma
pouco elevados. Isto não resolverá inteira- estimativa durante a análise técnica, discri-
mente nem o problema dos pagamentos em minada segundo o tipo de trabalhos a que se
situação de congestionamento (quando a refere a intervenção durante todo o período e
procura excede a oferta), nem o problema dos com base em componentes elementares de
critérios de afectação das vias. Serviços espe- custo (mão-de-obra, materiais, transportes e
ciais, por exemplo, a nível local, podem bene- fretes), para permitir a aplicação subsequente
ficiar de vantagens parciais ou totais e a afec- de factores de conversão dos custos finan-
tação das vias (ou seja, da capacidade) pode ceiros em custos económicos.
ser objecto de limitações para protecção do
As entradas financeiras serão constituídas
operador histórico (“o direito do avô”). O
pelas receitas das taxas de utilização e/ou
conjunto das tarifas e dos condicionalismos
pelos direitos aplicados à venda de serviços
regulamentares constituem um quadro relati-
bem definidos.
vamente complexo para avaliar correcta-
mente as receitas futuras, sobretudo quando A estimativa das receitas deve estar de acordo
se trate de previsões a longo prazo. As tarifas com as hipóteses desenvolvidas sobre a evo-
podem ter um efeito de retracção significativo lução e a elasticidade da procura (ver a
sobre o tráfego esperado, afectando assim a secção anterior, relativa aos critérios de
rentabilidade económica do projecto. fixação dos preços).

Problemas semelhantes podem igualmente No caso de se tratar do recurso a um finan-


afectar portos e aeroportos. ciamento privado, é necessário ter atenção a
qualquer défice de eficiência que possa surgir
Por isso, é importante clarificar os critérios na sequência da adopção de critérios de
de fixação dos preços aplicados às infra- fixação dos preços diferentes dos que são
estruturas que são objecto da avaliação (ten- função dos custos sociais marginais.
do em conta que os custos externos variam
segundo os níveis de tráfego). 3.3.5 Análise económica
A avaliação económica do sector permitirá
3.3.4 Análise financeira clarificar alguns aspectos específicos, sendo o
A análise financeira deve ser efectuada de sector dos transportes frequentemente carac-
acordo com os métodos uniformes expostos terizado pela existência de “tarifas adminis-
no segundo capítulo do presente manual. trativas” (por exemplo, quando os modos de
transporte colectivo são subvencionados) e
De uma maneira geral, a análise será condu- de custos “externos” elevados (por exemplo,
zida do ponto de vista dos proprietários das os custos ambientais). Estes valores diferem
infra-estruturas (geralmente os gestores, mas dos utilizados na análise financeira.

83
3.3 Transportes

Em relação ao investimento e às despesas de • as variações que afectam os custos exter-


funcionamento dos veículos, no caso de se nos.
considerar que os preços do mercado reflec-
tem a raridade dos recursos, será necessário Tanto o cálculo do excedente dos consumi-
eliminar determinadas transferências de cus- dores como o dos custos externos devem ter
tos financeiros, aplicando um factor de con- em consideração os bens sem valor de mer-
versão a cada componente elementar dos cus- cado (ver abaixo) e aqueles cuja estimativa
tos (mão-de-obra, materiais, transporte e fre- pode exigir a utilização de técnicas especiais.
tes), tendo em consideração os encargos fis-
cais. Se não se considerar que os preços do Ao calcular os benefícios, é recomendável
mercado reflectem a raridade dos recursos em fazer-se uma distinção entre os benefícios
relação a determinadas componentes, será para o tráfego existente (por exemplo, uma
necessário aplicar preços fictícios para corrigir redução de tempo e de custo, resultante de
os custos (ver a metodologia geral descrita no um transporte mais rápido), os benefícios
segundo capítulo do presente manual). para o tráfego desviado de outros modos
(variações em termos de custos, de tempo e
Os benefícios resultam tradicionalmente das de externalidades devidas à passagem de um
variações na área que sustenta a curva da modo para outro) e os benefícios relativos ao
procura de transporte (o “excedente consu- tráfego gerado (variações que afectem o exce-
midor”, ver adiante) bem como das variações dente social).
nos custos económicos (custos de recursos,
incluindo os custos externos). Se o nível da procura é conhecido e o tempo
e os custos se alteram mas a procura perma-
Os benefícios são obtidos adicionando as nece a mesma por não haver tráfego gerado,
seguintes componentes: a análise será limitada às variações dos custos
económicos líquidos de qualquer transfe-
• as variações que afectam o excedente dos rência. Na presença de tráfego gerado, é
consumidores (incluindo o tempo multi- necessário reconstituir a curva da procura e
plicado pelo valor do tempo e todos os calcular o excedente social relativo à parte do
encargos do utilizador, como as tarifas, os tráfego que não existiria sem o projecto.
direitos e portagens e as alterações nos cus-
tos de funcionamento dos veículos utili- Uma série de bens sem valor de mercado
zados em transportes privados); devem ser objecto de uma grande atenção na
• as variações que afectam o excedente dos avaliação económica de projectos que pos-
produtores (incluindo, se for caso disso, as sam estar ligados às infra-estruturas de tran-
perdas e ganhos dos gestores de infra- sportes, ou seja, a avaliação do tempo, das
estruturas e dos operadores de transportes incidências ambientais e dos acidentes evita-
públicos, assim como qualquer variação dos.
nos impostos e subsídios governamentais);
• as alterações nos custos não percepcio- • Avaliação do tempo: os benefícios em ter-
nados (presume-se, por vezes, que os auto- mos de tempo representam muitas vezes a
mobilistas não têm a percepção dos custos parte mais importante da mais-valia cria-
não ligados aos combustíveis, por exem- da pelos projectos no domínio dos tran-
plo, o desgaste dos pneus, os custos de sportes. Alguns países europeus facultam
manutenção e a depreciação). Alterações aos avaliadores estimativas nacionais de
nas deslocações em automóvel podem tempo por motivo e, por vezes, por modo,
implicar alterações nestes custos, que especialmente no tocante aos passageiros.
devem ser acrescentados ao cálculo do Na ausência destas estimativas de refe-
excedente dos consumidores; rência, é possível deduzir uma avaliação do

84
3.3 Transportes

Quadro 3.12 Estimativa dos custos externos médios do transporte (UE-17)


Passageiros (euros/1000 passageiros*km)
Automóv. Motoc. Autoc. Ferrov. Avião
Acidentes 36,0 250 3.1 0,9 0,6
Ruído 5,7 17 1,3 3,9 3,6
Poluição atmosférica 17,3 7,9 19,6 4,9 1,6
Alterações climáticas 15,9 13,8 8,9 5,3 35,2

Mercadorias (euros/1000 toneladas*km)


LDV* HDV** Ferrov. Avião Transporte fluvial
Acidentes 100 6,8 11,5
Ruído 35,7 5,1 3,5 19,3
Poluição atmosférica 131 32,4 4,0 2,6 9,7
Alterações climáticas 134 15,1 4,7 153 4,2

Fonte: INFRAS-IWW
* = LDV Light Duty Vehicles (veíc. de mercadorias com máx. de 3,5 ton. de peso bruto)
** = HDV Heavy Duty Vehicles (camiões com mais de 3,5 ton. de peso bruto)

tempo com base nas opções dos utiliza- Os valores relativos ao tempo de deslocação
dores ou reajustar e reponderar as estima- não profissional (incluindo deslocações no
tivas de outros estudos com base nos níveis âmbito de tarefas domésticas) flutuam, na
de receitas. maior parte dos países, entre 10% e 42% do
valor do tempo de trabalho. O tempo de
deslocação não profissional representa geral-
Sem prejuízo de algumas excepções (bens de mente uma grande parte dos benefícios dos
valor muito significativo), o valor-tempo dos investimentos em matéria de transporte.
bens é geralmente muito baixo e deve ser
• Custos externos: as repercussões ambien-
calculado com base no capital bloqueado.
tais dependem geralmente das distâncias
Em todo o caso, como se trata de um valor
de deslocação e do grau de exposição às
que dificilmente pode ser objecto de estima-
emissões poluentes (à excepção do CO2,
tiva, a descrição geral do projecto deve mos-
que representa um poluente “global”).
trar claramente as quantidades (discrimi- Para avaliar em termos monetários os efei-
nadas por motivo da viagem e por fluxo) tos ambientais, não estando disponíveis
utilizadas na estimativa da procura e na valores locais, é possível aplicar às estima-
avaliação, assim como os meios pelos quais tivas “físicas” dos poluentes os “preços
foram obtidas. fictícios” retirados da literatura científica
(adequadamente ajustados em função das
fracções dos custos externos já internali-
zadas, por exemplo, através de impostos
25
sobre os combustíveis).
20
15 Os presentes métodos, destinados a avaliar os
10 custos externos associados aos acidentes evi-
5
tados, devem ser colocados em perspectiva
com o nível médio de perigosidade por modo
0
Aus Bel Den Fin Fra Ger Gre Ire Ita Nrl Por Spa Swe Uk
de transporte. Por exemplo, no caso do tráfe-
go rodoviário, o custo médio por km/veículo
Quadro 3.6 Quantificação dos benefícios económicos. Valor do ou por km/passageiro é geralmente calculado
tempo/pessoa/hora trabalhada (euros 1995) com base nos custos gerados pelo conjunto

85
3.3 Transportes

dos acidentes na estrada (adicionando-lhes caso, uma melhor acessibilidade pode excluir
os custos provocados pelas mortes e pessoas do mercado a indústria local. Por conse-
feridas), dos quais se deduz a componente já guinte, é necessário manter a prudência
internalizada através dos custos dos seguros e quando se atribui ao projecto benefícios des-
com base no conjunto do tráfego. ta natureza e é sempre aconselhável excluí-los
do cálculo dos indicadores de rentabilidade.
As estimativas relativas ao tempo por hora e
por pessoa durante o trabalho em viatura O procedimento habitual para avaliar estes
podem ser obtidas no quadro do projecto benefícios sob a forma de acelerador/multi-
EUNET. A escala de valores depende em plicador de rendimentos constitui uma fonte
grande medida de variações nos níveis de de erros.
remuneração.
De facto, estes indicadores podem ser apli-
3.3.6 Outros critérios de avaliação cados às despesas públicas. É necessário, por-
tanto, calcular o diferencial entre o multipli-
Análises ambientais cador dos investimentos no sector dos tran-
O direito comunitário e as legislações nacio- sportes e o multiplicador noutros sectores.
nais exigem a avaliação do impacte ambien- Salvo em casos especiais, este método é desa-
tal da maior parte dos investimentos no sec- conselhado.
tor dos transportes, em especial no quadro
do desenvolvimento de novas infra-estru- Em qualquer caso, se não houver grandes
turas. Para este efeito, devem ser utilizados os distorções nos sectores que utilizam os tran-
métodos de avaliação recomendados. sportes – o que quer dizer que os mercados
são razoavelmente concorrenciais – a análise
No entanto, embora tal não esteja inscrito na dos custos e benefícios (ganhos de tempo,
lei, é aconselhável analisar o impacte externalidades, etc.) pode ser considerada
ambiental de um ponto de vista geral, identi- como uma aproximação aceitável do impac-
ficar a incidência que as diferentes opções te económico final dos projectos no domínio
poderão ter e, se possível, prever uma avali- dos transportes.
ação quantitativa com base no seu impacte e
localização, a fim de efectuar uma compa- 3.3.7 Análises de sensibilidade, de
ração entre as diferentes opções e de identi- cenários e de risco
ficar qualquer medida possível de atenuação A análise de sensibilidade tem por objecto
e de compensação. avaliar a medida em que os indicadores de
rentabilidade variam segundo as diferentes
Impacte no desenvolvimento económico opções, utilizando-se algumas variáveis-cha-
Este é um dos aspectos mais controversos da ve que permitam controlar a fiabilidade dos
avaliação económica dos projectos em maté- resultados obtidos e a classificação de qual-
ria de transportes, quer do ponto de vista teó- quer outra tarifa, bem como identificar as
rico, quer do ponto de vista empírico. No áreas de maior risco.
entanto, convém lembrar que os impactes no
desenvolvimento económico podem ser É aconselhável efectuar as análises de sensibi-
positivos e negativos. Isto significa que, na lidade com base nos valores monetários atri-
presença de distorções do mercado, uma buídos aos bens não comercializados, porque
melhor acessibilidade de uma área ou de uma estes valores são os mais contestáveis. Uma
região suburbana pode implicar uma vanta- outra análise de sensibilidade pode concen-
gem concorrencial, mas também uma perda trar-se, por exemplo, nos custos de investi-
de competitividade se a indústria for menos mento e de funcionamento ou sobre a pro-
eficaz do que a das regiões centrais. Neste cura esperada, em especial o tráfego gerado.

86
3.3 Transportes

3.3.8 Estudo de caso: investimento numa Uma vez que a área já é densamente povoada
auto-estrada e que os congestionamentos estão clara-
O projecto em questão tem por objecto a mente localizados, a nova estrada deverá ter
construção de uma nova auto-estrada ligan- um impacte limitado em termos de tráfego
do duas cidades de média dimensão e atra- adicional. O financiamento público das
vessando uma área densamente povoada. A novas infra-estruturas não pode cobrir inte-
rede rodoviária local representa a oferta de gralmente o montante global do investi-
transporte. O recente crescimento do tráfego mento, pelo que a utilização da nova estrada
que, segundo as previsões, deverá continuar será sujeita a portagem.
no futuro, gera problemas de congestiona-
mento em determinados pontos da rede exis- Previsões de tráfego
tente, bem como problemas ambientais e de O quadro seguinte indica os fluxos de tráfego
segurança para as pessoas que habitam a área. previstos no ano de abertura da nova auto-
estrada (AE).
Os objectivos gerais do projecto são os
seguintes: Análise financeira
Os custos de investimento financeiros foram
• reduzir o congestionamento da rede exis- discriminados por tipo de trabalho a que se
tente; destina a intervenção e com base nas compo-
nentes fundamentais dos custos (mão-de-
• fazer face ao aumento esperado da procu-
obra, materiais, equipamentos e fretes), de
ra de transporte de passageiros e de merca-
forma a permitir a subsequente aplicação de
dorias decorrente do rápido desenvolvi-
factores de conversão de custos financeiros
mento da área;
em custos económicos.
• reduzir a exposição dos residentes na área
à poluição atmosférica e ao ruído. Os custos de investimento incluem as despe-
sas com a construção da auto-estrada e suas
Como medida de acompanhamento, os veí- intersecções, os custos necessários para asse-
culos pesados serão banidos da parte da rede gurar os acessos da rede secundária à nova
existente mais sensível aos riscos ambientais. auto-estrada e a reparação da rede existente,
as expropriações e as despesas gerais.
O tráfego que será atraído pela nova infra-
estrutura é o que será desviado das estradas Foi efectuado um cálculo dos custos ordiná-
existentes, bem como um pequeno volume rios e extraordinários de manutenção das
adicional de tráfego gerado. O modelo de obras previstas, assim como dos custos admi-
desenvolvimento da área é dependente do nistrativos, incluindo os ligados às despesas
transporte automóvel e não existe qualquer de cobrança das portagens. Foram igual-
verdadeira solução alternativa a este tipo de mente especificados os custos de pessoal, de
transporte. materiais, de fretes e de equipamentos.

Quadro 3.13 Previsões de tráfego


Tráfego diário no ano de abertura
Desviado Gerado Total na AE Restante
na rede
AE com portagem
Veículos pesados 5.901 487 6.388 20.429
Veículos de passageiros 24.228 3.720 27.948 126.331

87
3.3 Transportes

Quadro 3.14 Quadro de análise financeira


Anos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Veículos de passageiros: ver original 20 22 24 26 29 31 34 37 40 44 47 51 55 60
Veículos pesados 12 13 14 16 17 19 20 22 24 26 28 30 33 36
Receitas totais 32 35 38 42 46 50 54 59 64 70 75 81 88 95
Manutenção
Mão-de-obra 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10
Matérias-primas 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8
Fretes 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5
Receitas das portagens
Mão-de-obra 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5
Matérias-primas 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Custos de funcionamento totais 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28
Mão-de-obra 321 321 161
Matérias-primas 367 367 184
Fretes 142 142 71
Equipamento 88 88 88
Expropriações 295
Despesas gerais 22 22 11
Custos de investimento totais 1.236 941 514
Despesas totais 1.236 941 514 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28
Cash-flow líquido -1.236 -941 -514 4 7 10 14 17 21 26 31 36 41 47 53 60 67
Taxa interna de rentabilidade financeira (TIRF) 0,5%
do investimento 0,5%
Valor actual líquido financeiro (VALF) do investimento -1.543

Os custos de manutenção ordinários e extra- de 0,5. As rubricas referentes aos materiais


ordinários foram calculados para uma foram privadas da única componente fiscal,
extensão prevista de 90 km e com base no o imposto sobre o valor acrescentado. Foram
valor médio dos custos de manutenção de especificadas duas rubricas para os fretes e
estradas similares. equipamento: energia e outros. À parte da
componente energia foi deduzido o montan-
Presumiu-se que o valor residual da estrada te da carga fiscal, que corresponde a 33%. Os
se cifrará em 50% do valor inicial no final do dois factores de conversão foram fixados em
período analisado, à excepção das expropria- 0,95 para o equipamento e em 0,934 para os
ções, cujo valor será igual ao inicial. fretes.

As receitas decorrem da utilização da nova O custo financeiro das despesas gerais foi
auto-estrada, Serão aplicadas as tarifas nacio- presumido como valor indicativo do custo
nais. A taxa interna de rentabilidade finan- económico. No que se refere ao terreno, os
ceira é de 0,5%. custos de expropriação reflectem os custos
do mercado. Também neste caso, o factor de
Análise económica conversão presumido corresponde a 1. Os
A análise económica considera todos os cus- factores de conversão foram aplicados aos
tos e benefícios pertinentes para a sociedade custos de investimento e de manutenção,
que possam ser gerados pelo projecto. Os assim como às portagens.
custos financeiros de funcionamento foram
ajustados às componentes fiscais. No tocante Os benefícios do projecto foram subdivi-
à mão-de-obra, os custos de pessoal foram didos em dois tipos: os benefícios para os
ajustados tendo em conta as contribuições utilizadores da nova estrada com portagem e
sociais nacionais e as parcelas de rendi- os benefícios para os que continuaram a
mentos tributáveis. O factor de conversão foi transitar pela rede existente.

88
3.3 Transportes

Os que utilizam a nova estrada (o tráfego


18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
desviado e o tráfego gerado) fazem-no por-
64 70 72 72 72 72 72 72 72 72 72 72 72
38 42 45 45 45 45 45 45 45 45 45 45 45
que esta é mais curta e mais rápida e porque
103 111 117 117 117 117 117 117 117 117 117 117 117 atravessa áreas menos densamente povoadas.
Os que continuam a utilizar a rede existente
10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10
8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8
beneficiam do facto de a nova infra-estrutura
5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 reduzir o tráfego nesta rede, o que aumenta a
velocidade de deslocação e melhora a sua
5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 utilização.
28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28
Os benefícios são divididos em três rubricas
por cada categoria de utilizadores: as varia-
ções das despesas de deslocação, a economia
de tempo e as variações de emissões de polu-
-1.493 entes.
28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28-1.465
74 83 88 88 88 88 88 88 88 88 88 88 1.581 Variações nas despesas de deslocação: no
caso dos veículos de passageiros, só foram

Caixa 3 Como calcular os benefícios económicos quantificando o excedente


dos consumidores?
Os benefícios para os utilizadores dos projectos O excedente do consumidor total (CSO) para um Benefício do utilizadorij = excedente dos consu-
de transporte podem ser definidos pelo conceito trajecto específico i-j no cenário mínimo é indi- midoresij1 – excedente dos consumidoresij0.
de excedente dos consumidores, que se define cado no esboço abaixo. É representado pela área 1 é o cenário em que o projecto é realizado e 0 é
como o excedente de disposição dos consumi- que fica abaixo da curva da procura e acima do o cenário sem projecto.
dores17 para pagar em relação ao custo generali- custo de equilíbrio generalizado, designada por Se há uma melhoria nas condições da oferta
zado da viagem entre i e j. área CSO. (ligada, por exemplo, à melhoria da infra-estru-
tura rodoviária), o excedente dos consumidores

Oferta, S ji0 Oferta, S ij0

CS0 Oferta, S ji1

CG0 CG0
CG1
Procura, Dij=f(CGij) Procura, Dij=f(CGij)
Benefício=∆CS

0 T0 Viagens, Tij 0 T0 T1 Viagens, Tij

será aumentado num montante de ∆CS, devido à ho, mesmo que, na realidade, não seja este o Quando o efeito de um projecto pode ser sinteti-
redução do custo generalizado de equilíbrio. caso. O benefício suplementar para os utiliza- zado sob a forma de uma redução dos custos
Normalmente, não conhecemos a verdadeira dores pode ser calculado aproximadamente pela generalizados entre origens e destinos específicos,
forma da curva e só conhecemos CG e T no cená- fórmula seguinte, conhecida com a regra do a regra do triângulo permite uma aproximação útil
rio mínimo e uma previsão de CG e de T no cená- triângulo18: às vantagens suplementares reais dos utilizadores.
rio com projecto. Supõe-se que a curva da procu- GC0 Na maior parte dos casos, recomenda-se a utili-
∆CS=∫ D(GC)dCG = 12 *(CG0-CG1)*(T0+T1)
ra é uma linha recta, como a indicada no desen- GC1 zação da seguinte regra:
Fonte: Relatório TINA, Socioeconomic cost-benefit analysis, Outubro de 1999
17
A disposição para pagar é o montante máximo monetário que um consumidor está disposto a pagar para efectuar uma deslocação específica; o custo generalizado é um montante que repre-
senta o impacte negativo global de uma viagem entre um ponto de origem (i) e um ponto de destino (j) através de um modo específico (m).
(CG0-CG1) X T0 + (CG0-CG1) X T1-T0 = (CG0-CG1)
(T ) = (CG -CG ) (T 2 T )
0
18
+ T1-T0 0 1
X
0
+ 1

2 2
3.3 Transportes

Quadro 3.15 Factores de conversão para os veículos de mercadorias (em euros)


Custos financeiros Custos económicos Factores de
conversão
Custo/1000km Custo/1000h Custo/1000km Custo/1000h
Gasolina, óleos 403 177 0,44
Outros custos por km 291 228 0,79
Mão-de-obra 26.366 14.765 0,56
Seguro, Depreciação 1.647 1.521 0,92
(segundo o tempo de estrada)
TOTAL 694 28.013 405 16.286

considerados os custos variáveis (gasolina, zação da segunda análise foi ainda mais com-
óleo, pneus e uma fracção dos custos de plexa.
manutenção e de seguro) e as distâncias de
deslocação. Considerou-se que a diminu- Este exercício diminuiu ligeiramente os cus-
ição do número de quilómetros percor- tos de investimento, suprimindo totalmente
ridos não tem impacte na aquisição de veí- as despesas de portagem e ocasionando uma
culos. utilização muito mais intensa da nova estra-
da. Isto permitirá aumentar sensivelmente os
A estes custos variáveis foram subtraídas as benefícios para o tráfego desviado (muito
componentes fiscais. mais considerável do que na hipótese ante-

Não se aplicou à energia qualquer preço fic-


Quadro 3.17 Quadro da análise económica
tício. No caso dos veículos de mercadorias,
foram considerados os custos de condução,
que foram adicionados aos custos anterior- CF (3) 1 2 3

mente referidos. Tráfego desviado


Redução do custo de funcionamento
Tempo economizado
Variações na duração das deslocações: o Redução das externalidades
Tráfego não desviado
valor tempo aplicado aos passageiros varia
Redução das despesas de deslocação
segundo os motivos da deslocação. Os valo- Tempo economizado
res utilizados são 10 euros para as desloca- Redução das externalidades
Tráfego gerado
ções por motivos profissionais e 4,5 euros Redução dos custos de funcionamento
por qualquer outro motivo. Só as principais Tempo economizado
emissões poluentes foram tidas em conta a Benefícios externos totais
Externalidades para o tráfego gerado
título dos efeitos externos ambientais. Custos externos totais
Manutenção
Mão-de-obra 0,56
Os valores de referência nos quais se baseia a Matérias-primas 0,83
estimativa dos custos são os explicitamente Fretes 0,95
recomendados para o país. A taxa interna de Cobrança das portagens
Mão-de-obra 0,56
rentabilidade económica é de 4,4%. Matérias-primas 0,83
Custos de exploração totais
Mão-de-obra 0,56 180 180 90
Análise de cenários
Matérias-primas 0,83 306 306 153
Foram efectuadas duas análises de cenários: Fretes 0,95 135 135 67
diminuindo em 50% os benefícios dos dois Equipamento 0,93 82 82 82
Expropriações 1,00 295 0 0
bens não comercializados, a saber, o tempo e Despesas gerais 0,83 19 19 9
os custos externos, e suprimindo as porta- Custos de investimento totais 1.017 722 402
Despesas totais 1.017 722 402
gens da nova estrada, caso em que a reali-
Cash-flow líquido -1.017 -722 -402
Taxa interna de rentabilidade económica (TIRE)
Valor actual líquido económico (VALE)
90
3.3 Transportes

rior) e para o tráfego que subsiste na rede cios, tanto em termos de ganho de tempo
existente. para os utilizadores como em termos de
redução dos custos ambientais externos.
A economia de tempo proporcionada pela
nova estrada, ainda que substancial, não é Os resultados da avaliação económica indi-
suficiente para justificar, para muitos utiliza- cam uma relativa fragilidade do projecto. A
dores – especialmente no caso de trajectos TRE está ligeiramente abaixo do limiar de
relativamente curtos – os custos suplemen- aceitabilidade. A análise confirma igualmente
tares representados pelas portagens. Daqui a pertinência dos benefícios associados aos
resulta que o sistema com portagens ocasi- bens não comercializados para a viabilidade
ona uma subutilização da nova infra-estru- económica do projecto, cuja avaliação apre-
tura e, consequentemente, menores benefí- senta um certo grau de incerteza.

Quadro 3.16 Factores de conversão para as viaturas privadas (euros/1000 km)


Custos Custos Taxas Factor de
financeiros económicos conversão
Custos percepcionados (gasolina, óleos) 107 48 59 0,44
Custos globais de funcionamento 311 209 102 0,67
(incl. manutenção, depreciação, etc.)
Custos não percepcionados 205 162 43 0,79

Anos
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

40 43 47 52 56 61 67 73 79 86 93 100 108 117 127 137 141 141 141 141 141 141 141 141 141 141 141
10 10 11 12 13 15 16 17 19 20 22 24 26 28 30 33 34 34 34 34 34 34 34 34 34 34 34
5 5 6 6 7 7 8 9 10 10 11 12 13 14 15 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17

11 11 11 12 12 12 12 12 12 12 12 12 13 13 13 13 13 13 13 14 14 14 14 14 14 14 15
3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
73 78 84 90 96 103 111 119 128 137 147 157 169 181 194 208 214 214 214 214 214 215 215 215 215 216 216
8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8
8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8

6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6
7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7
4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4

3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4
20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20

-1.218
20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20-1.198
45 51 56 62 68 76 83 92 101 110 119 130 141 153 166 180 186 186 186 187 187 187 187 187 188 188 1.406
4,4%
-203
3.4 Transporte e distribuição de energia

Quadro 3.18 Previsões de tráfego — Tráfego diário no ano de abertura


Desviado Gerado Total na Restante na rede
AE existente
Auto-estrada
Veíc. pesados 9.070 912 9.982 17.260
Veíc. passageiros 35.491 8.178 43.669 115.068

A supressão das portagens permitirá uma • descrever as características técnicas da


utilização mais eficaz da infra-estrutura, infra-estrutura, nomeadamente:
cujos benefícios tornarão o projecto econo- • √ os dados operacionais de base: tensão de
micamente justificado e a TIRE (9%) nitida- transmissão (KV) e capacidade (MW)
mente superior ao limiar de aceitabilidade das linhas de alta tensão, carga nominal
(geralmente fixado em cerca de 5%). (m3/seg.) e quantidade de gás transpor-
tado anualmente (em milhões de m3)
Isto permitirá recomendar, pelo menos pelos gasodutos, número de habitantes
durante os primeiros anos de funcionamento servidos e potência (MW) ou oferta
da infra-estrutura, um regime de fixação de média por habitante (m3/hab/dia) no
preços reponderado, que permita maximizar caso das redes;
os benefícios sociais da nova rede rodoviária.
• √ as características físicas: trajecto e
Quadro 3.19 Resultados da análise extensão (em km) das linhas de alta
de cenários tensão ou dos gasodutos (juntando car-
TIRE tas corográficas), secção dos condutores
eléctricos (em mm2) ou diâmetros
Hipótese de base 4,4%
Valor tempo e externalidades 50% 3,7% nominais (em mm) do gasoduto, super-
Supressão das portagens 9,0% fície (em km2) da área servida pelas
redes e seu traçado (juntando cartas
apropriadas):
3.4 Transporte e • √ as características da rede, localização

distribuição de energia dos nós internos e ligações com as redes


e/ou gasodutos;
3.4.1 Definição dos objectivos • √ as secções típicas de gasodutos;
As medidas podem incluir: • √ a construção típica de linhas de alta
tensão;
• construção de um gasoduto; • √ as características técnicas de construção
• redes de distribuição de gás em áreas e as características técnicas das instala-
industriais ou urbanas; ções para o enterramento e a bomba-
• construção de linhas de alta tensão e de gem (gás) ou da transformação ou das
estações de transformação; estações de sectorização (electricidade);
• electrificação de áreas rurais.
• √ as técnicas de construção e as caracterís-
3.4.2 Identificação do projecto ticas técnicas das outras estruturas de
Para identificar correctamente o projecto, é serviço;
conveniente: • √ os elementos técnicos significativos:
intersecções importantes, superação de
• especificar o seu alcance e dimensão, com grandes declives, gasodutos marítimos,
uma análise do mercado no qual o produ- controlos à distância e sistemas de tele-
to se irá posicionar; comunicações (com dados e desenhos).

92
3.5 Produção de energia

3.4.3 Análise de viabilidade e opções mobilidade, no quadro agrícola e na infra-


Informações-chave: procura de energia, estrutura).
tendências sazonais e a longo prazo e curva
da procura num dia típico. Taxa de rentabilidade* Transporte e
económica distribuição da energia
A análise das opções deve avaliar diferentes Mínima 8,57
tecnologias de transporte de electricidade Máxima 25,00
Média 14,19
(corrente contínua ou alterna, tensão de Desvio-padrão 7,65
transmissão, etc.), diversos traçados para os * Amostra: 3 grandes projectos em 7 no sector incluídos na
gasodutos ou as linhas de alta tensão, dife- amostra de 400 projectos combinados.
rentes redes de bairro e as alternativas que
permitam satisfazer a procura de energia 3.4.6 Outros critérios de avaliação
(por exemplo, a utilização mista de gás e elec- Ver a secção correspondente relativa à ener-
tricidade, em vez de apenas electricidade, a gia.
construção de uma nova estação de alta
tensão numa ilha em vez de linhas de alta 3.4.7 Análise de sensibilidade e risco
tensão submarinas, etc.). Factores essenciais: custos de investimento e
duração do ciclo.
3.4.4 Análise financeira
Horizonte temporal: 25-30 anos. As variáveis que devem ser tidas em conside-
ração na análise de sensibilidade e risco são
São essenciais as previsões de dinâmica dos as seguintes:
preços.
• custo do investimento;
Taxa de rentabilidade* Transporte e • dinâmicas da procura (isto é, previsões de
financeira distribuição de energia
taxa de crescimento, de elasticidade do
Mínima - 3,10
Máxima 11,00
consumo eléctrico, etc.);
Média 5,12 • dinâmicas dos preços de venda dos substi-
Desvio-padrão 5,37
tutos da electricidade e do gás.
* Amostra: 4 grandes projectos em 7 no sector incluídos na
amostra de 400 projectos combinados

3.4.5 Análise económica 3.5 Produção de


O impacte ambiental e a avaliação dos riscos
constituem aspectos essenciais. As externali-
energia
dades a ter em consideração são as seguintes:
3.5.1 Definição dos objectivos
• a avaliação da ãrea servida, quantificável
As medidas podem ter por objecto, nomea-
pela estimativa dos preços do imobiliário e damente:
do terreno;
• as externalidades negativas resultantes de • a construção de instalações de produção
um possível impacte no ambiente (perda de de electricidade a partir de qualquer fonte
terreno, danificação da paisagem, incidên- de energia;
cias na natureza) e noutras infra-estruturas; • a prospecção e perfuração de gás natural
• as externalidades negativas resultantes da ou de oleíferos;
instalação de estaleiros de construção, • acções tendentes a economizar energia.
especialmente no caso de redes urbanas
(impacte negativo na habitação, nas Entre os objectivos, podem citar-se os
funções de produção e de serviços, na seguintes:

93
3.5 Produção de energia

• aumento da produção de energia para • descrever as técnicas de construção, de


satisfazer uma procura crescente; tecnologia e de transformação no caso das
• redução das importações de energia, instalações de produção;
disponibilizando fontes locais ou renová- • descrever as técnicas de construção e as
veis; características técnicas das instalações para
• modernização das instalações existentes de os poços de mineração, por exemplo, as
produção de energia, por exemplo, por plataformas offshore, e as construções ane-
razões de protecção do ambiente; xas; juntar esquemas de funcionamento;
• alteração do cabaz de fontes de energia, • especificar as técnicas de construção e as
por exemplo, aumentando a parte do gás características técnicas das outras estru-
ou das fontes renováveis. turas de serviços;
• descrever o tratamento das águas residuais
3.5.2 Identificação do projecto e das emissões, com o número e a situação
Ao expor as funções do projecto, é aconse- dos depósitos de água e de resíduos;
lhável proceder do seguinte modo:
• descrever os elementos técnicos significa-
tivos, como construções subterrâneas,
• especificar o destino, a dimensão e a loca-
barragens, soluções especiais para o trata-
lização da área potencialmente servida
mento de refluxos, sistemas de controlo
(por exemplo, a pesquisa e ensaio de um
informatizados, sistemas de telecomunica-
novo campo de perfuração pode ter por
ções, etc.
objectivo abastecer de energia mais do que
um país, uma nova central eléctrica pode
3.5.3 Análise de viabilidade e opções
servir uma região inteira, etc.);
• descrever o posicionamento previsto do Informações-chaves: a procura de energia, as
produto no mercado; tendência sazonais e a longo prazo e, no que
• especificar as fases do investimento (no se refere às estações de distribuição de electri-
caso de um campo de poços, por exemplo, cidade, um gráfico representando a procura
a prospecção e a pesquisa na área-alvo, a de electricidade diária habitual.
primeira fase de ensaios, a exploração
mineira e comercial, o encerramento); Na análise das alternativas, a comparação
• descrever as características técnicas da deve ter em conta diversas alternativas no
infra-estrutura: âmbito da mesma infra-estrutura (por exem-
• indicar os dados operacionais de base, plo, diferentes tecnologias para a produção e
nomeadamente, o tipo de instalação de o ensaio, para o tratamento de refluxos, etc.),
produção de electricidade19, a capacidade bem como soluções realistas para a produção
instalada (MW) e a energia produzida da energia necessária (por exemplo, o lança-
(TWh/ano); a capacidade potencial anual mento de acções e de políticas de promoção
dos campos de perfuração (em milhões de da economia de energia, em vez da cons-
barris/ano ou em milhões de m3/ano); trução de uma nova central eléctrica).
• especificar as características físicas20;
3.5.4. Análise financeira
São necessárias estimativas previsionais em
19
No caso de instalações hidroeléctricas (produção e/ou bomba- relação aos seguintes elementos:
gem) ligada a aquedutos, convém ter presentes as observações
relativas ao sector dos aquedutos.
20
Por exemplo: as áreas cobertas pelos campos de perfuração (em • as dinâmicas dos preços;
km2) e sua posição. No caso de ensaios off-shore, será igualmente
útil fornecer os perfis batimétricos, a profundidade media das • os cenários de desenvolvimento dos outros
jazidas (em m), a áreas ocupada (em km2) pelas instalações
(termoelectricidade) e as respectivas áreas de armazenamento, a
sectores (as tendências em matéria de pro-
localização das albufeiras, a pressão dos aquedutos e dos geradores cura de energia estão estreitamente ligadas
para a produção de hidroelectricidade; as áreas ocupadas pelos
parques de geradores fotovoltaicos (em km2) e a sua localização. às dinâmicas dos outros sectores).

94
3.5 Produção de energia

Horizonte temporal: 30-35 anos. apropriados à energia de substituição


importada (para quantificar esta última, é
3.5.5 Análise económica aconselhável a leitura sugerida na biblio-
Os principais problemas a tratar são os grafia).
seguintes:
3.5.6 Outros elementos de avaliação
• O valor monetário dos benefícios. Estes
A presente secção refere-se aos seguintes ele-
devem ser quantificados como receitas
mentos:
produzidas pela venda de energia (a preços
contabilísticos apropriados) e calculados,
quando for caso disso, avaliando a dispo- • A avaliação do impacte ambiental (degra-
sição do público local para pagar pela dação da paisagem, ruído, poluição e pro-
compra de energia, quantificando, por dução de detritos) que, nos temos das
exemplo, os montantes que o utilizador legislações em vigor na maior parte dos
deve desembolsar para adquirir a energia Estados-Membros, deve fazer parte do
(por exemplo, instalando e utilizando processo de aprovação.
geradores independentes ou adquirindo • A avaliação dos custos indirectos, nomea-
directamente os combustíveis no merca- damente os decorrentes da utilização de
do). recursos não renováveis, ainda não incluí-
• A avaliação das externalidades ambientais. da na estimativa. Estes podem ser medidos
• O custo das medidas necessárias para como indicadores físicos normalizados e
neutralizar as incidências negativas possí- implicar a sujeição do projecto a uma aná-
veis no ar, na água e no solo. lise multicritérios.
• O custo das outras externalidades nega-
tivas inevitáveis, como a perda de terreno, 3.5.7 Análise de sensibilidade e risco
a danificação da paisagem, etc.
Factores essenciais: os elevados custos de
• A identificação do custo de oportunidade
investimento e a duração do ciclo.
dos diversos factores de produção. Os cus-
tos económicos das matérias-primas
devem ser avaliados tendo em conside- A análise de sensibilidade e risco deve ter em
ração a perda para a sociedade represen- consideração, pelo menos, as seguintes variá-
tada pelo seu desvio de outras utilizações veis:
possíveis.
• O valor atribuído a uma maior ou menor • o custo da fase de pesquisa (isto é, a pros-
dependência do exterior para o abasteci- pecção de novas jazidas ou de novos pro-
mento energético. A avaliação deve ser cessos tecnológicos);
efectuada aplicando os preços fictícios 21 • o custo da fase de execução (despesas de
construção);
Taxa de rentabilidade* Produção de • as dinâmicas da procura (ou seja, as
económica energia previsões da taxa de crescimento e da
Mínima 8,17 elasticidade do consumo de electrici-
Máxima 16,10
dade, etc.);
Média 11,70
Desvio-padrão 3,29 • as dinâmicas de preços de venda da ener-
* Amostra: 3 grandes projectos em 5 no sector incluídos na gia produzida (ou dos produtos à base de
amostra de 400 projectos combinados.
energia);
21
Se houver, como muitas vezes acontece, grandes distorções no
• as proporções e as dinâmicas dos princi-
mercado da energia (impostos diversos, subvenções, etc.), é erra- pais custos de produção (carburantes,
do valorizar as energias de substituição importadas com base nes-
tes preços. etc.).

95
3.6 Portos, aeroportos e redes de infra-estruturas

3.6 Portos, aeroportos e ligações com as cidades servidas; no


caso de um porto turístico, as ligações
redes de infra-estruturas com outras infra-estruturas turísticas;
• √ descrever as características técnicas e a
3.6.1 Definição dos objectivos configuração das estruturas mais impor-
De uma maneira geral, os objectivos dos pro- tantes, acrescentando exemplos de uma
jectos neste sector são os seguintes: ou duas secções características ou planos
(secções das pistas, disposição estrutural
• Promover o desenvolvimento local, seja dos cais, etc.) e indicando claramente as
porque fornecem um serviço directo às partes que serão construídas;
actividades produtivas, seja porque permi- • √ descrever as características técnicas dos
tem satisfazer as crescentes necessidades de edifícios e outras estruturas de serviço,
transporte da população local (no caso dos com planos e secções anexos;
portos de turismo, estas necessidades são, • √ incluir os elementos técnicos impor-
de longe, as mais importantes, pelo que a tantes, como o transporte interno, os
análise deve mostrar e quantificar o sistemas de cargas e descargas, o equipa-
impacte positivo local). mento para controlo informatizado do
• Permitir e obter uma utilização máxima tráfego, a automatização do tráfego de
das redes de transporte nacionais/interna- mercadorias, etc.
cionais.
3.6.3 Análise de viabilidade e opções
3.6.2 Identificação do projecto Questões-chave: o volume do tráfego de
Para identificar correctamente o projecto, é passageiros e/ou de mercadorias, com base
conveniente proceder do seguinte modo: nas tendências diárias e sazonais.

• especificar se se trata de uma construção Outras informações essenciais: as tendências


inteiramente nova ou de uma extensão ou dos fluxos de tráfego, as previsões de tendên-
modificação de uma estrutura existente cias futuras e as soluções tecnológicas adop-
(por exemplo, a automatização do tráfego tadas.
ou a melhoria de serviços de base num
aeroporto); 3.6.4 Análise financeira
• descrever as características técnicas da Quando se trate de portos turísticos ou de
infra-estrutura; estruturas intermodais, o organismo de
• √ especificar o tipo e a dimensão dos veí- gestão e os investidores podem ser diferentes.
culos de transporte (aeronaves, embar-
cações, etc.) beneficiários da infra- • Receitas: alugueres, taxas e outros tipos de
estrutura; pagamento pela utilização da infra-estru-
• √ especificar as características físicas: tura e por qualquer serviço adicional even-
número e comprimento total das pistas tualmente oferecido (por exemplo, forne-
para os aeroportos, número e extensão cimento de água e de combustível, restau-
total dos embarcadouros ou cais para os ração, serviços de manutenção e de arma-
portos, áreas de armazenagem cobertas zém).
e descobertas (em milhares de m2) das • Custos financeiros: os custos de investi-
estruturas intermodais; mento22, de manutenção23, do pessoal téc-
• √ descrever as ligações físicas e funcionais 22
Estes incluem, por exemplo, os seguintes elementos: mão-de-obra,
com outros sistemas locais de tran- indemnizações por expropriações e despesas de ligação, etc., custos
da maquinaria e de equipamentos específicos e despesas gerais. Os
sporte, como auto-estradas, estradas, custos de manutenção extraordinários também podem ser impu-
tados ao investidor ou ao titular de uma licença, segundo o contrato.
vias férreas, etc. (com desenhos esque- 23
Manutenção ordinária; para a manutenção extraordinária, ver
máticos); no caso de um aeroporto, as nota acima.

96
3.6 Portos, aeroportos e redes de infra-estruturas

Taxa de rentabilidade* Aeroportos Portos poderão ter sido (parcialmente) substitu-


financeira ídos pela nova infra-estrutura mais eficaz;
Mínima 6,19 3,66 • externalidades negativas, como a perda de
Máxima 16,02 15,49 terrenos agrícolas, possíveis deslocaliza-
Média 10,73 8,49
ções de outras infra-estruturas e/ou de áre-
Desvio-padrão 3,22 4,47
* Amostra: aeroportos: 5 grandes projectos em 12 no sector
as residenciais, comerciais ou industriais,
incluídos na amostra de 400 projectos combinados / Portos: 4 poluição ambiental (acústica, visual, etc.) e
grandes projectos em 8 no sector incluídos na amostra de 400
projectos combinados.
o consumo de matérias-primas25;
• externalidades positivas, tais como o
nico e administrativo e o preço de aqui- aumento do valor do terreno e do imobi-
sição dos produtos e serviços necessários liário na área de impacte de um porto
ao trabalho do dia-a-dia e dos serviços turístico ou o eventual crescimento dos
adicionais. rendimentos locais ligado à instalação de
novas empresas (por exemplo, hotéis,
Horizonte temporal: 30 anos. restaurantes ou lojas no novo aeroporto
ou no novo porto), evitando os duplos
empregos;
3.6.5 Análise económica
• rendimentos adicionais gerados pelas tro-
A análise económica pode seguir o mesmo cas comerciais.
modelo das estradas, tendo em conta os
seguintes custos e benefícios:
Taxa de rentabilidade* Aeroportos Portos
• tempo economizado em relação à situação económica
sem projecto, a quantificar como é suge-
Mínima 1,00 7,46
rido no caso das estradas e dividindo os Máxima 36,34 41,00
utilizadores em categorias (por exemplo, Média 16,90 19,96
Desvio-padrão 9,28 4,15
passageiros e mercadorias);
* Amostra: Aeroportos: 9 grandes projectos em 12 no sector
• tempo economizado graças à substituição incluídos na amostra de 400 projectos combinados / Portos: 5
de outros sistemas de transporte (ou de grandes projectos em 8 no sector incluídos na amostra de 400
projectos combinados.
manipulação de mercadorias) menos efi-
cazes; a título indicativo, o valor do tempo
estimado em 27 grandes projectos da
segunda geração (1994-99) era, em média, 3.6.6 Outros elementos de avaliação
de 7,44 ecus/h (respectivamente = 3,17 São avaliados os seguintes elementos:
ecus/h), independentemente do tipo de
utilizador; • o impacte no ambiente (perturbações
• eventual evolução da taxa de acidentes24, visuais e sonoras, poluição, etc.) que, em
especialmente nos projectos de moderni- certos casos, e por força da legislação do
zação, tendo em conta não só a taxa rela- Estado-Membro, deve fazer parte do pro-
tiva aos utilizadores (passageiros, pessoal, cesso de aprovação;
transportadores, etc.), mas também a rela- • o impacte local no território (especial-
tiva aos trabalhadores ocupados na cons- mente no caso de novas infra-estruturas
trução da própria infra-estrutura; ou de ampliações significativas) em termos
• redução do rendimento de exploração de congestionamento urbano e de tráfego,
ligado à diminuição do tráfego noutros etc., com a indicação de que este impacte
sistemas de transportes existentes que foi reduzido ao máximo.

25
O impacte da poluição ambiental pode ser avaliado em função da
24
A valorização pode seguir a metodologia descrita para as estradas. perda de valor comercial dos edifícios na área em questão.

97
3.7 Infra-estruturas de formação escolar e profissional

3.6.7 Análise de sensibilidade e risco de alunos e área geográfica de recruta-


Factores essenciais: os fluxos esperados de mento, serviços associados (bibliotecas,
tráfego (procura), a falta de elasticidade do actividades desportivas e de lazer, instala-
investimento (frequentemente, é necessária ções de acolhimento, cantinas, etc.);
uma capacidade excedentária durante as pri- • fornecer os seguintes dados técnicos rela-
meiras fases do exercício), a influência deter- tivos à estrutura:
minante de actividades anexas. As variáveis • √ área coberta (em m2) e não coberta (em
que devem ser consideradas são as seguintes: m2);
• √ características e tipo habitual de cons-
• taxa de evolução do tráfego durante um trução dos edifícios previstos para fins
determinado período; educativos (salas de aula) e para activi-
• taxa de substituição de outras infra-estru- dades conexas (laboratórios, bibliotecas,
turas existentes; etc.);
• valor tempo; • √ dados funcionais e desenhos das estru-
• valor da vida e o custo de uma incapaci- turas de serviços (gestão, escritórios,
dade temporária. ginásios, campos de jogos, centros de
acolhimento, cantinas, etc.);
• √ desenhos funcionais e estruturas do
3.7 Infra-estruturas de equipamento tecnológico principal
formação escolar e (redes internas, aquecimento central,
sistemas de electricidade e de comuni-
profissional cação, etc.);
• √ sistemas de mobilidade interna (e, even-
3.7.1 Definição dos objectivos tualmente, parques de estacionamento),
Os projectos podem ser referentes aos e ligações à rede rodoviária local;
seguintes aspectos: • √ elementos técnicos significativos, tais
como as construções arquitectónicas
• a instrução básica; especialmente importantes, o equipa-
• a formação profissional; mento de laboratório ou de cálculo
• os níveis superiores (universidades, escolas complexo, etc.);
de comércio, etc.); • √ resumir o programa de formação pluri-
• necessidades específicas geradas pela espe- anual previsto (número e tipo de cursos,
cialização nas áreas produtivas; duração, número e tipo de matérias
• melhoria do posicionamento dos jovens ensinadas, duração e calendário das acti-
no mercado do trabalho; vidades pedagógicas ou outras, métodos
• homogeneização das diferenças geográ- didácticos, diplomas e outras qualifica-
ficas na distribuição de serviços escolares ções que podem ser obtidas, etc.).
(projectos nas áreas rurais ou isoladas);
• eliminação da discriminação entre classes 3.7.3 Análise de viabilidade e opções
sociais ou entre sexos; Questão essencial: as tendências demográ-
• melhoria de oportunidades para as pesso- ficas e do mercado do trabalho determinam
as com deficiência. o número potencial de alunos e as oportuni-
dades que lhes são oferecidas.
3.7.2 Identificação do projecto
É aconselhável proceder do seguinte modo: A descrição deve conter os seguintes elemen-
tos:
• indicar os seguintes dados de base: locali-
zação geográfica (juntar mapas), níveis e • as tendências demográficas, distribuídas
tipo de actividades de formação, número por escalão etário e áreas geográficas;

98
3.7 Infra-estruturas de formação escolar e profissional

• as taxas de inscrição, de participação e de • fungibilidade do conteúdo pedagógico no


conclusão dos estudos ; 26
maior número de contextos possível.
• as previsões relativas ao emprego nos dife-
rentes sectores, nomeadamente em relação Benefícios económicos:
às alterações organizacionais no quadro
dos vários segmentos produtivos27. • Número (ou percentagem) de alunos que
encontraram (ou deverão encontrar) um
3.7.4 Análise financeira emprego produtivo e que, sem esta for-
• Entradas financeiras: taxas de inscrição, mação específica, estariam desempregados
subscrições anuais e preços de eventuais ou subempregados28. Se o objectivo prin-
serviços auxiliares pagos. cipal for o de melhorar as oportunidades
• Custo financeiro: o custo do pessoal neces- no mercado do trabalho para os alunos
sário para dirigir a estrutura (a longo pra- potenciais, os benefícios podem ser quan-
zo); tificados e valorizados pelo aumento espe-
rado de rendimentos dos alunos graças à
Horizonte temporal: 15-20 anos. formação recebida (desemprego evitado,
melhor posicionamento no mercado do
Taxa de rentabilidade* Escolas, emprego)29.
financeira universidades, etc. • Custos sociais: podem ser avaliados com
Mínima - 1,88 base na perda para a sociedade decorrente
Máxima 20,00
Média 7,01
do desvio de factores de produção de
Desvio-padrão 9,23 outras utilizações apropriadas30.
* Amostra: 4 grandes projectos em 16 no sector incluídos na • Externalidades: perda de terreno e de
amostra de 400 projectos combinados.
outras matérias-primas, possível perda de
mobilidade ou congestionamento durante
a fase de construção devido à instalação da
3.7.5 Análise económica
infra-estrutura; se tal puder ser previsto, o
Variáveis económicas que podem servir de
aumento de rendimentos de outras activi-
base à identificação dos benefícios:

• taxa efectiva de inscrições em relação à Taxa de rentabilidade* Escolas,


taxa potencial; económica universidades, etc.

• proporção de estudantes que repetem o Mínima 3,35


Máxima 47,52
ano; Média 17,53
• percentagem de alunos que concluem todo Desvio-padrão 14,20
o ciclo de formação; * Amostra: 6 grandes projectos em 16 no sector incluídos na
amostra de 400 projectos combinados.
• taxa média de participação por aluno;
• realização de normas-padrão de aprendi- 28
As previsões relativas a estas variáveis podem basear-se em estu-
dos a longo prazo realizados noutros países.
zagem, pré-estabelecidas e mensuráveis;; 29
Outro método, teoricamente válido para todos os casos, é o da
• qualidade do material pedagógico; avaliação da disposição para pagar, mensurável pela média dos
montantes que os alunos teriam de pagar para beneficiarem de
• adequação do equipamento e sua taxa de cursos privados semelhantes. Quando se recorre a este método, há
utilização; que ter cuidado com os possíveis efeitos de distorção: por exem-
plo, pode haver diferenças de qualidade entre a formação ofere-
• nível de preparação e de empenhamento cida graças ao investimento e a que esteja disponível a título pri-
vado, ou pode haver diferentes graus de aversão ao risco consoante
de pessoal docente, com base numa análi- os níveis de rendimento, etc. Na literatura sugerida na bibliografia
se objectiva; podem encontrar-se análises mais aprofundadas sobre esta maté-
ria.
30
Por exemplo: o custo de oportunidade social do pessoal docente e
outro é equivalente à produção potencial destas pessoas em acti-
vidades alternativas, quantificável através dos salários médios
26
Esta informação será ainda mais útil se for discriminada por pagos a pessoas com formação similar. O custo dos alunos, que
sexos, por classes sociais e por área geográfica. não pode ser esquecido, tem por base a produção estimada de
27
É importante especificar as previsões de crescimento de novas jovens que estejam fora do sistema educativo, na condição de que
profissões e de declínio de outras. o projecto em questão não afecte marginalmente os salários.

99
3.8 Museus e parques arqueológicos

dades locais (comércio, restaurantes, acti- • Incluir um resumo dos programas cultu-
vidades de tempos livres, etc.). rais e/ou artísticos previstos a médio pra-
zo.
3.7.6 Outros elementos de avaliação • Comunicar os seguintes dados técnicos:
Uma avaliação independente, por um painel • √ dados de base, principalmente o núme-
de peritos qualificados, da aptidão do inves- ro de utilizadores esperados (por dia,
timento educativo para satisfazer os objec- por estação, por ano, etc.) e a capaci-
tivos propostos e as necessidades sociais, dade máxima da infra-estrutura;
assim como a adequação do tipo de progra- • √ características técnicas: áreas cobertas
mas de formação. (em m2) e salas de exposição de museus
e monumentos históricos ou edifícios,
3.7.7 Análise de sensibilidade e risco superfície total dos parques ou áreas
arqueológicas (em m2), número de
Devem ser considerados os seguintes parâ-
cadeiras, superfície utilizável (em m2)
metros:
dos teatros;
• √ características arquitectónicas, cons-
• taxa de crescimento da população (por
trução e concepção de museus, monu-
escalões etários) na área de recrutamento; mentos históricos ou teatros;
• taxa de crescimento dos salários do pesso- • √ características técnicas e concepção de
al docente e não docente (ver o exemplo edifícios ou partes de edifícios consa-
indicado no gráfico abaixo); grados a serviços adicionais;
• taxa efectiva de inscrições; • √ características e concepção das instala-
• taxa de emprego dos alunos que termi- ções de ar condicionado, de iluminação,
naram os seus estudos. de comunicações, etc.;
• √ mobilidade e sistemas de acesso (even-
tualmente, mais parques de estaciona-
mento) e ligações à rede rodoviária
3.8 Museus e parques local;
arqueológicos • √ elementos técnicos significativos, como
construções arquitectónicas especiais,
3.8.1 Definição dos objectivos tecnologias experimentais de restauro,
Geralmente, os investimentos têm objectivos sistemas de comunicações.
locais, mas podem ter igualmente um valor
3.8.3 Análise de viabilidade e opções
mais geral de natureza cultural.
Questão-chave: o fluxo potencial de utiliza-
dores, discriminado por tipos. A comparação
3.8.2 Identificação do projecto
na análise das alternativas deve ter em conta
Mantendo a conformidade com os objec- o seguinte:
tivos, convém proceder do seguinte modo:
• variações na organização das estruturas ou
• Descrever o tipo de infra-estrutura que é na concepção da infra-estrutura;
objecto da acção (criação, renovação ou • eventuais outras soluções tecnológicas e
ampliação): museus, monumentos ou métodos de restauro/recuperação de edifí-
edifícios históricos, parques arqueológicos, cios existentes;
arqueologia industrial, etc. • outras opções possíveis de infra-estruturas
• Incluir lista dos serviços oferecidos (cen- (por exemplo, pode ser considerada a
tros de investigação, serviços de infor- possibilidade de criar um museu da tecno-
mação e de restauro, transporte interno, logia, em vez de recuperar uma estrutura
etc.). industrial histórica, etc.).

100
3.9 Hospitais e outras infra-estruturas no domínio da saúde

3.8.4 Análise financeira 3.8.7 Análise de sensibilidade e risco


• Receitas: bilhetes de entrada (que cobrem Factor essencial: os elevados custos de pesso-
apenas uma fracção dos custos reais), ven- al e de manutenção e as dinâmicas a longo
da de serviços colaterais e actividades prazo dos preços de entrada.
comerciais associadas.
• Custos financeiros: pessoal e manutenção A análise de sensibilidade e risco deve consi-
(que podem ser preponderantes a médio e derar, pelo menos, os seguintes elementos:
longo prazos).
• custo do investimento;
Horizonte temporal: 15-20 anos. • taxa de crescimento dos salários do pesso-
al;
3.8.5 Análise económica • taxa de crescimento da procura efectiva
• Benefícios sociais: a avaliação pode basear- (número de visitantes por ano);
se na disposição do público31 para pagar • preços de entrada;
pelo serviço, pela visita ao museu, ao par- • no que se refere à manutenção, os riscos
que arqueológico, etc. ligados a eventuais danos, independente-
• Custos sociais: a avaliação deve basear-se mente da sua causa.
na perda para a sociedade decorrente do
desvio de factores de produção das suas
melhores utilizações alternativas (por
exemplo, o custo de oportunidade social 3.9 Hospitais e outras
do pessoal empregado é equivalente ao
produto destas pessoas quando ocupadas
infra-estruturas no
noutras actividades). domínio da saúde
• Externalidades: perda de terrenos e de
outras matérias-primas, eventual perda de 3.9.1 Definição dos objectivos
mobilidade e congestionamento durante a Os objectivos são os seguintes:
fase de construção devido à instalação da
infra-estrutura, etc. • incluir a prevenção e/ou o tratamento de
• Aumento de rendimentos no sector turís- várias doenças;
tico (maior afluxo e estada média mais • servir diferentes categorias da população,
longa). segundo:
• Eventual crescimento adicional de rendi- • √ a idade (hospitais para crianças ou para
mentos de outras actividades (comércio, pessoas idosas, etc.);
restaurantes, actividades de tempos livres, • √ o sexo (estruturas de apoio ao nasci-
etc.). mento de crianças, andrologia, etc.);
• √ condições profissionais (centros de
3.8.6 Outros elementos de avaliação traumatologia para acidentes de trabal-
Devem dar, pelo menos a médio prazo, uma ho, hospitais para desportistas ou mili-
imagem claramente cultural e artística aos tares, etc.).
programas. O elemento decisivo é a opinião • Os objectivos poderão ser quantificados
de especialistas independentes. pelo aumento da esperança de vida32.

31
Não parece correcto incluir os custos indirectos a cargo do visi-
tante (viagens, refeições, alojamento, etc.) no valor atribuído à
disposição para pagar, a menos que seja possível demonstrar que, 32
Trata-se de indicações muito rudimentares. É certo que, para além
para o projecto em questão, estas despesas são justificadas exclusi- da quantidade, há também que ter em conta a qualidade de vida:
vamente pela vontade de visitar a infra-estrutura ou de assistir a foram propostos alguns índices relativos a este elemento
um espectáculo específico, e não por outras actividades de lazer, (Q.A.L.Y.), sobre os quais podem encontrar-se mais informações
como o turismo. nas publicações sugeridas pela bibliografia.

101
3.9 Hospitais e outras infra-estruturas no domínio da saúde

3.9.2 Identificação do projecto local, com eventual acesso privilegiado


Para identificar correctamente o projecto, é ao serviço de urgência, anexando as
conveniente: plantas apropriadas;
• √ elementos técnicos significativos, como
• Definir claramente as funções da infra- construções arquitectónicas especiais,
estrutura proposta e, especificamente, o equipamentos específicos ou experi-
grupo de patologias que se tem em vista, a mentais de tratamento e diagnóstico.
categoria de população beneficiada, as
funções de diagnóstico, os tratamentos a 3.9.3 Análise de viabilidade e opções
curto e médio prazo, as condições de Questão-chave: os fluxos de pacientes e as
acolhimento e os serviços anexos. tendências (determinadas com base em
• Devem fornecer-se os seguintes dados: dados demográficos), bem como os dados
• √ dados de base, como o número máximo epidemiológicos e de morbilidade relativos
e médio de utilizadores por dia, por mês às doenças em questão33.
e por ano, uma lista dos serviços de
assistência, prevenção, tratamento e A comparação na análise das alternativas
diagnóstico, assim como, no caso de um deve ter em consideração diferentes soluções
hospital, o número de camas por enfer- possíveis em matéria técnico-médica (dife-
maria; rentes sistemas de tratamento, de tecnologias
• √ dados técnicos, como a superfície e a de diagnóstico, etc.) e as alternativas gerais
área coberta (em m2), o espaço útil (em possíveis no quadro dos mesmos objectivos
m3), o número de salas de tratamento, sócio-sanitários (por exemplo, a construção
as enfermarias, as salas de consulta e/ou de um serviço de consultas externas em vez
de prevenção, a existência e a dimensão de enfermarias num hospital).
de serviços de consultas externas;
• √ a organização funcional das áreas inter- 3.9.4 Análise financeira
nas/externas (concepção), incluindo a • Receitas: taxas de admissão no hospital
mobilidade entre os vários edifícios e no (por exemplo, o número de dias passados
interior destes, tanto em condições nor- pelo paciente no hospital), diagnósticos e
mais como em condições de urgência; tratamentos pagos separadamente e ser-
viços adicionais (quartos particulares,
• √ as características técnicas dos principais
etc.).
equipamentos e máquinas de trata-
mento e diagnóstico (por exemplo, • Custos financeiros: pessoal, medicamentos
raios X, scanner, medicina nuclear, e materiais, serviços médicos subcontra-
endoscopia, etc.); tados necessários para gerir a instalação.
• √ a concepção das instalações auxiliares e
Horizonte temporal: pelo menos, 20 anos.
dos principais sistemas (electricidade,
iluminação, água, resíduos e eventual-
3.9.5 Análise económica
mente incineradoras, equipamento
contra incêndio, ar condicionado, Os benefícios essenciais são os seguintes:
distribuição de gás, televigilância,
comunicações, etc.); • As futuras economias nos custos de cuida-
dos de saúde, directamente proporcionais
• √ as características arquitectónicas, cons-
à redução do número de pessoas afectadas
trução e concepção dos edifícios ou de
e/ou à menor gravidade da doença graças
partes de edifícios;
• √ mobilidade e sistemas de acesso (bem
como eventuais parques de estaciona- 33
Se não houver dados disponíveis sobre a área de influência consi-
derada, convém utilizar os dados referentes a áreas similares no
mento) e ligações à rede rodoviária plano social.

102
3.10 Florestas e parques

à execução do projecto (custos de medi- O valor intrínseco do projecto para o siste-


cina externa e de assistência ao domicílio ma de saúde deve ser igualmente compro-
reduzidos para aqueles que evitaram ser vado por um painel de peritos indepen-
afectados pela doença, custos de hospitali- dentes.
zação e de convalescença reduzidos para os
que foram tratados de forma mais eficaz). 3.9.7 Análise de sensibilidade e risco
• Redução da quebra de produção graças ao Os factores essenciais são os seguintes:
menor número de dias de trabalho perdi-
dos pelo paciente e sua família. • a disponibilidade e a fiabilidade de dados
• Aumento do bem-estar e redução do sofri- epidemiológicos na área de influência;
mento do paciente e da sua família, identi-
• os riscos que se correm no quadro de
ficáveis pelo número de mortes evitadas,
novos diagnósticos, de tratamentos
pelo aumento da esperança de vida do
preventivos e de terapêuticas, etc.;
paciente e da qualidade de vida deste e da
• a dificuldade de avaliar correctamente as
sua família, graças ao facto de escapar à
doença ou de beneficiar de um tratamento tendências relativas aos custos de pessoal,
mais eficaz. dos medicamentos, etc., a longo prazo.

Pode ser atribuído um valor monetário aos As análises de sensibilidade e de risco devem
benefícios recorrendo ao preço de mercado ter igualmente em consideração, pelo menos,
do serviço (a disposição para pagar)34, ou as seguintes variáveis:
utilizando métodos normalizados, como os
índices de aumento da esperança de vida, • o custo do investimento;
ajustados pelo índice de qualidade (por • a percentagem de morbilidade, distribuída
exemplo, o índice “Quality Adjusted Life por tipos de doenças, escalões etários,
Years”), que podem ser valorizados segun- sexos, profissões, etc.;
do o princípio do rendimento perdido ou • as taxas dos serviços de saúde e as suas
segundo outros critérios actuariais simi- dinâmicas no tempo;
lares. • as dinâmicas dos custos de pessoal;
• as dinâmicas dos custos dos medica-
Taxa de rentabilidade económica* Hospitais
mentos, dos produtos e dos serviços essen-
Mínima 10,00 ciais;
Máxima 23,10
Média 14,57 • o valor e as dinâmicas dos riscos criados ao
Desvio-padrão 6,03 formular diagnósticos ou ao prestar cuida-
* Amostra: 3 grandes projectos em 5 no sector incluídos na dos de saúde.
amostra de 400 projectos combinados.

3.9.6 Outros elementos de avaliação 3.10 Florestas e


Pode ser útil avaliar os benefícios por meio
de indicadores materiais simples, por exem-
parques
plo, sob a forma de uma análise da relação
3.10.1 Definição dos objectivos
custo-eficácia, método largamente utilizado
no sector dos cuidados de saúde e que ofere- Os projectos florestais podem ter diversos
ce dados comparáveis. objectivos:

• gerar um crescimento da produção de


34
Este método pode ser aplicado, por exemplo, no caso de uma clí- madeira ou de cortiça, para fins comerciais
nica de odontologia, sendo estes serviços geralmente oferecidos
tanto pelo sector público como pelo privado. ou energéticos;

103
3.10 Florestas e parques

• provocar um crescimento da produção de • √ número, localização, superfície (em m2)


produtos não ligados à madeira35; e concepção dos edifício de serviços,
• projectos de carácter ambiental, como a como centros para visitantes, aloja-
criação de parques e de áreas protegidas, mentos, cantinas, postos de observação,
acções de prevenção da erosão, de contro- entrepostos e serrações;
lo da água, de protecção do ambiente • √ número, localização, superfície (em m2)
(natureza, melhoramento da paisagem, e capacidade de eventuais estruturas de
redução da poluição visual e sonora, etc.); acolhimento turístico, como hotéis,
• projecto de promoção de actividades de abrigos, restaurantes, etc.;
turismo e de lazer36. • √ estradas de acesso e ligações com as
redes rodoviárias locais e regionais;
Todos os investimentos numa indústria flo- • √ uma descrição das intervenções signifi-
restal têm múltiplos efeitos (protecção dos cativas e respectivos dados, por exem-
solos, regulação da água, preservação das plo, a reintrodução de espécies raras ou
espécies animais, protecção do ambiente). extintas, sistemas de vigilância à distân-
cia contra incêndios, redes de comuni-
3.10.2 Identificação do projecto cações e de informação, etc.
É aconselhável proceder do seguinte modo:
3.10.3 Análise de viabilidade e opções
Questão-chave:
• identificar o projecto de acordo com um
esquema tipológico;
• No caso de projectos relativos à arboricul-
• fornecer os seguintes dados: tura madeireira ou corticeira: procura do
• √ posição geográfica, altitude (em metros tipo de madeira (ou de cortiça) a produzir,
acima do nível do mar) e superfície (em bem como, se for o caso, de produtos de
hectares ou km2); substituição importados.
• √ descrição detalhada do funcionamento • Para a maior parte dos projectos referentes
do projecto, dimensão (número de ao turismo e lazer: tendências previsíveis
árvores a plantar ou a retirar, etc.) e dos fluxos turísticos, incluindo as tendên-
métodos utilizados (espécies escolhidas, cias sazonais, etc.
tipo de cultura, etc.), períodos (em
anos), tipo de gestão, modo de trata- Será útil uma análise de impacte em função
mento e período de execução; da durabilidade do projecto do ponto de vis-
• √ superfície (em m2) e gradientes (em m) ta ambiental. Um método possível consiste
das encostas a consolidar; em criar uma série de indicadores físicos
• √ número e extensão (em km) dos fluxos para cada efeito e, em seguida, realizar uma
de água a integrar; análise multicritérios.
• √ número, comprimento (em km) ou
superfície (em m2) e tipo de acessos Na análise das opções, a comparação deve
rodoviários e de parques de estaciona- considerar os seguintes elementos:
mento ou parques de merendas;
• diferentes áreas de intervenção na mesma
• √ mapas indicando a localização e descre-
vendo os biótipos e outros fenómenos área florestal;
• diferentes métodos de melhoramento, de
naturais interessantes (quedas de água,
grutas, fontes, etc.); reflorestação e de cultivo;
• cultura de espécies diferentes, compatíveis
com a área escolhida (por exemplo, plan-
35
Por exemplo, os cogumelos e os frutos silvestres (morangos, fram-
boesas, mirtilos, ervas aromáticas e medicinais).
tação de eucaliptos em vez de choupos
36
Observação de aves, fotografia, safaris, equitação, etc. para a produção de pasta de celulose);

104
3.11 Infra-estruturas de telecomunicações

• diferentes perímetros e áreas dos parques; • Os benefícios criados pela protecção


• estradas ou tipos de trilhos pedestres, hidrogeológica podem ser avaliados com
caminhos e áreas equipadas; base nos custos ligados às inundações,
• locais de entrada, centros para os visi- deslizamentos de terras, etc. evitados
tantes, parques de estacionamento, par- graças ao projecto e, se for demonstrável,
ques de campismo, etc., no caso de projec- a mais valia de produção silvícola relati-
tos relativos a parques equipados e a áreas vamente a uma situação sem inter-
florestais; venção.
• nova afectação (por exemplo, agrícola e já • Os benefícios decorrentes da melhoria do
não florestal) das áreas a repovoar, por território local e da protecção do ambiente
exemplo, num parque. podem ser avaliados com base numa
maior “disposição para pagar”38” ou num
3.10.4 Análise financeira rendimento mais elevado das actividades
turísticas relativamente a uma situação
• Custos financeiros: frequentemente, os
sem intervenção.
custos mais significativos são os relativos
ao pessoal e à manutenção (ordinária e
extraordinária). 3.10.6 Outros elementos de avaliação
Quando o projecto proposto contenha
Horizonte temporal: 25-35 anos parece um qualquer elemento de importância natural,
período adequado37 mas, em certos casos, o ambiental ou científica intrínseca (por
horizonte será mais longo. exemplo, a preservação de espécies prote-
gidas), este aspecto deve ser confirmado
A literatura disponível mostra que as inter- por um painel de peritos independentes do
venções neste sector apresentam taxas de sector.
rentabilidade financeira que raramente exce-
dem os 5%. 3.10.7 Análise de sensibilidade e risco
É aconselhável analisar as seguintes variáveis:
3.10.5 Análise económica
• Os benefícios produzidos pela utilização e • tendências dos fluxos turísticos;
transformação da madeira podem ser
• tendências de custos de certos factores
avaliados utilizando o valor acrescentado
essenciais, como a mão-de-obra;
das empresas silvícolas.
• valor e dinâmicas dos riscos ligados aos
• Os benefícios ligados ao turismo podem
eventuais danos, independentemente das
ser quantificados e avaliados utilizando o
suas causas (naturais, humanas ou técni-
chamado método “da disposição para
cas).
pagar” dos visitantes ou através de uma
estimativa quantitativa do produto turís-
tico realizado segundo os preços do mer-
cado líquidos de distorções. Se for possível,
convém acrescentar a mais-valia de recei-
3.11 Infra-estruturas de
tas para o sector do turismo e das activi- telecomunicações
dades correlativas nas áreas adjacentes ou
ligadas ao parque ou floresta em questão. 3.11.1 Definição dos objectivos
Os projectos com objectivos de âmbito local
são:
37
Devem aplicar-se horizontes mais baixos às intervenções que ten-
ham por objecto infra-estruturas de turismo e lazer, bem como às
que tenham um ciclo curto (por exemplo, os frutos das árvores,
etc.) 38
Ver a nota anterior.

105
3.11 Infra-estruturas de telecomunicações

• a instalação de sistemas de cabos ou de de influência pelos serviços oferecidos


relés com vista a estender os serviços a pela nova estrutura.
áreas não cobertas;
• a cablagem de uma cidade, de um aglo- É igualmente útil especificar o seguinte:
merado, de uma área industrial, etc., para
fornecer redes mais rápidas e de maior • identificar a área de influência potencial
capacidade, que permitam o desenvolvi- que o projecto se destina a servir;
mento de novos serviços locais (por
• fornecer uma análise do mercado poten-
exemplo, as “bandas largas”);
cial;
• a construção ou modernização de unida-
• explicar as ligações funcionais e físicas
des de transferência de bandas recor-
entre a infra-estrutura do projecto e o
rendo a redes maiores (este tipo de pro-
sistema de telecomunicações existente;
jecto está frequentemente ligado ao tipo
anterior); • descrever as características técnicas da
• a colocação de cabos, a construção de infra-estrutura:
relés ou de estações satélite para ligar áre- • √ os dados funcionais de base: tipo de
as isoladas (ilhas, áreas montanhosas, infra-estrutura de comunicações,
etc.). volume e tipo de tráfego, velocidade
máxima de transmissão (em bauds),
Os projectos com objectivos a uma escala tipo de comunicação, protocolo, ban-
não local são os seguintes: das de frequência (GHz) e potência
(kW), tecnologias electrónicas de
• desenvolvimento de sistemas internacio- comutação e ligação, etc.;
nais de comunicações, com vista a • √ os dados físicos: comprimento dos
aumentar a capacidade, a potência e a cabos (em km) e área coberta pela rede
velocidade (por exemplo, lançando saté- (em km2), número e localização dos
lites de telecomunicações, construindo nós de comutação e de ligação, núme-
estações de rádio por satélite, colocando ro e localização das estações rádio e
cabos submarinos de longa distância, perímetro coberto (em km2);
etc.); • √ os dados técnicos de construção e as
• aumento da capacidade, da potência e da características técnicas das redes;
velocidade das redes inter-regionais de
• √ os dados técnicos de construção e as
comunicações;
características técnicas e concepção
• modernização tecnológica da rede, para
dos centros de comutação e de ligação
permitir a ligação a novos serviços (por
ou das estações rádio, incluindo os
exemplo, serviços multimédia, telefonia
planos;
móvel, televisão por cabo, redes urbanas,
museus virtuais, etc.). • √ os dados técnicos de construção e as
características técnicas e concepção
3.11.2 Identificação do projecto das instalações auxiliares (por exem-
É essencial explicar claramente os dois plo, fornecimento de electricidade,
aspectos seguintes, que são fortemente iluminação e televigilância);
interdependentes: • √ a área coberta (em m2) e a concepção
esquemática de eventuais construções
• a organização da gestão da intervenção, e de outras estruturas de serviços,
incluindo qualquer divisão possível em incluindo os planos e as secções;
sectores; • √ os elementos técnicos importantes:
• o programa de execução do projecto e o sistemas de transmissão/recepção por
plano proposto para a penetração da área satélite, cabos submarinos, etc.

106
3.11 Infra-estruturas de telecomunicações

3.11.3 Análise de viabilidade e opções dos cidadãos e, no sector empresarial, ao


Questão-chave: o volume do tráfego e as valor acrescentado médio.
tendências diárias, semanais e sazonais (a • Os novos serviços suplementares, que
capacidade óptima deve constituir um seriam impossíveis sem o projecto. Em
compromisso razoável entre os níveis mais certos casos, pode ser aplicado o método
elevados de tráfego e aquele que o sistema atrás referido para os quantificar e valo-
pode gerar). rizar (por exemplo, os serviços anagráficos
em linha podem representar quase 100%
Na análise das opções, a comparação deve ter de economia do tempo necessário para
em consideração eventuais soluções alterna- pedir e obter certificados); em outros
tivas no quadro da mesma infra-estrutura casos, a disposição do público para pagar o
(por exemplo, diferentes tipos de cabos, dife- serviço pode ser avaliada quantificando os
rentes protocolos de transmissão, diferentes custos que os utilizadores teriam para
tecnologias de comutação e de ligação, etc.), obter determinados tipos de dados (por
diferentes soluções de localização ou de esta- exemplo, pela aquisição de publicações
ções rádio-emissoras e eventuais alternativas especializadas).
globais para a infra-estrutura pretendida que
possam oferecer serviços similares, por 3.11.6 Outros elementos de avaliação
exemplo, uma transmissão por satélite ou Trataremos aqui do desenvolvimento dos
uma rede mista (ar-cabo), em vez de cabos novos serviços telemáticos e multimédia.
em fibra óptica. Neste caso, será conveniente sujeitar o pro-
jecto a um exame de flexibilidade, para saber
3.11.4 Análise financeira em que medida ele terá condições, em ter-
Entradas financeiras: pagamento dos ser- mos de tecnologia e construção, para satis-
viços, locação de serviços adicionais. No caso fazer as necessidades acrescidas criadas pelo
da telefonia, a existência de preços determi- desenvolvimento futuro.
nados pelo governo pode contribuir para a
previsão das dinâmicas de preços. 3.11.7 Análise de sensibilidade e risco
Factores essenciais: previsão da procura, cus-
Horizonte temporal: 10 anos, no mínimo, à tos de investimento elevados (por exemplo,
excepção das redes de cabos e dos cabos de no caso dos sistemas de satélite) e rápida evo-
longa distância (20 anos). lução tecnológica (por vezes, o investimento
torna-se total ou parcialmente obsoleto bas-
3.11.5 Análise económica tante antes do previsto).
É necessário quantificar os seguintes elemen-
tos: A análise de sensibilidade e de risco deve ter
em consideração, pelo menos, as seguintes
variáveis:
• O tempo economizado em cada comuni-
cação (tempo de espera, tempo de trans-
missão, etc.), quantificável por unidade • os custos de investimento, incluindo os
segundo o tipo de serviço (por exemplo, ligados ao desenvolvimento tecnológico;
chamada telefónica comercial, trans- • as previsões relativas aos ciclos de substi-
missão de um texto, transmissão de uma tuição (envelhecimento, obsolescência téc-
base de dados, transmissão de gráficos, nica) do equipamento instalado;
etc.); para efeitos de valorização, os utiliza- • as dinâmicas da procura (isto é, as taxas de
dores podem ser divididos em categorias: crescimento previsíveis da população e das
por exemplo, no sector residencial, pode empresas);
fazer-se referência ao rendimento médio • as dinâmicas de preços dos serviços.

107
3.12 Parques industriais e parques tecnológicos

• √ mobilidade interna (estradas e cami-


3.12 Parques nhos-de-ferro) e suas ligações aos sis-
industriais e parques temas externos, características de
eventuais portos, heliportos, etc.;
tecnológicos • √ redes e sistemas internos, por exem-
plo, os aquedutos, esgotos, depura-
3.12.1 Definição dos objectivos doras, estações eléctricas, iluminação,
Os objectivos podem ser repartidos entre as sistemas de telecomunicações, segu-
seguintes categorias: rança, etc., incluindo os dados e a con-
cepção;
• Criação de (uma) infra-estrutura(s) bási-
• √ número de edifícios públicos e respec-
ca(s) para a estabelecimento de zonas
(áreas) industriais, áreas de comércio e tiva área coberta (serviços imobiliá-
áreas de serviço. rios, laboratórios, logística, cantinas,
centros de telecomunicações, etc.);
• Criação de uma infra-estrutura básica
para a relocalização programada de equi- • √ elementos técnicos importantes: labo-
pamentos de produção de áreas excessi- ratórios especializados, centros de ser-
vamente congestionadas ou poluídas. viços multimédia, etc.
• Criação de centros que prestem serviços
a empresas numa área específica (conta- 3.12.3 Análise de viabilidade e opções
bilidade, informações financeiras,
comercialização, formação, etc.). Questões-chave: estimativa das empresas
existentes interessadas em relocalizar-se na
• Criação de centros que promovam a
área de influência, taxa de criação de novas
instalação de novas empresas e que
empresas, dinâmicas relativas à procura de
apoiem as empresas existentes (parques
serviços imobiliários, elementos ambien-
tecnológicos, centros de inovação comer-
tais.
cial, etc.).
• Uma combinação destas valências, desti-
nada, frequentemente, a apoiar empresas A análise das alternativas deve tomar em
de um segmento específico. consideração soluções globais, por exem-
plo, um aumento do financiamento directo
3.12.2 Identificação do projecto às empresas para o mesmo objectivo (pré-
Convirá incluir os seguintes aspectos: mios de relocalização, aquisição de serviços
imobiliários, inovações tecnológicas, novas
• identificação da área de influência (isto é, linhas de produção ou empresas criadas de
a área geográfica), a dimensão das novo, etc.).
empresas visadas (por exemplo, artesãos,
PME, grandes empresas) e os segmentos 3.12.4 Análise financeira
de produção;
• comunicação dos dados de base, como o • Receitas financeiras: do arrendamento
número, a dimensão e o tipo das empre- ou licença de utilização do terreno e dos
sas em questão, o tipo de serviços pres- entrepostos e tarifas dos serviços básicos
tados e a presença de laboratórios cientí- (água, electricidade, drenagem e purifi-
ficos/tecnológicos; cação, armazéns, logística, etc.) e dos ser-
• fornecimento dos seguintes dados técni- viços imobiliários.
cos:
• √ localização e superfície (em km2) da • Custos financeiros: custos dos bens e ser-
área equipada e sua decomposição em viços necessários ao funcionamento da
lotes; infra-estrutura e à produção do serviço
• √ número e área coberta (em m2) de imobiliário.
entrepostos, armazéns, escritórios,
locais de exposição, etc.; Horizonte temporal: 20 anos, pelo menos.

108
3.12 Parques industriais e parques tecnológicos

Taxa de rentabilidade* Infra-estrutura de função da perda para a sociedade decor-


financeira apoio à produção rente do desvio desses recursos de uma
Mínima 2,30 outra finalidade mais útil. Os custos de
Máxima 16,87 pessoal devem ser avaliados da mesma for-
Média 10,49
ma.
Desvio-padrão 5,28
* Amostra: 4 grandes projectos em 14 no sector incluídos na
• Os custos ambientais devem ser igual-
amostra de 400 projectos combinados. mente quantificados (poluição do solo, da
água e do ar, degradação da qualidade
3.12.5 Análise económica visual, ruídos, resíduos, etc.) tal como um
A análise deve tomar em consideração o eventual congestionamento urbano e de
seguinte: transportes provocado pela construção da
infra-estrutura. No entanto, é de referir
que, na medida em que os impactes se
• Os benefícios sociais: melhoria da posição
concentrarão na área envolvente da nova
de mercado das empresas existentes,
infra-estrutura, eles diminuirão na restan-
difusão de conhecimentos e de competên-
te área de influência. O efeito global, que
cias empresariais no seio das empresas
deve ser tomado em consideração na aná-
beneficiárias e, no exterior, a reciclagem do
lise, pode ser, portanto, positivo ou nega-
pessoal, os efeitos de diferentes factores de
tivo (por exemplo, os sistemas de controlo
produção no emprego e nos rendimentos,
de refluxos podem ser mais eficazes, etc.).
a criação de novas empresas de produção,
a criação de novas empresas privadas de
Taxa de rentabilidade* Infra-estrutura de
serviços, etc.
financeira apoio à produção
• A quantificação dos benefícios sociais:
Mínimo 9,10
uma abordagem que, por vezes, pode ser Máximo 36,00
adoptada é a que consiste em subdividir as Médio 18,89
Desvio-padrão 6,91
empresas beneficiárias potenciais da área
* Amostra: 12 grandes projectos em 14 no sector incluídos na
de influência segundo a dimensão e o sec- amostra de 400 projectos combinados.
tor de actividade. Em cada categoria é
então possível avaliar o benefício em 3.12.6 Outros elementos de avaliação
função, por exemplo, do aumento do valor Os custos sociais podem ser medidos por
acrescentado proporcionado por uma indicadores físicos directa ou indirectamente
localização mais vantajosa (por exemplo, ligados e pode ser calculada a sua relação cus-
economias nas despesas de transporte, to/eficácia.
maior penetração num mercado antes
dificilmente acessível, efeitos de eventuais 3.12.7 Análise de sensibilidade e risco
actividades promocionais nas novas áreas Factores essenciais: rigidez inicial, dificul-
de exposição, custos reduzidos dos ser- dade em prever a verdadeira taxa de pene-
viços básicos, etc.), ou pela disponibilidade tração na área de influência, tanto do ponto
de serviços imobiliários (por exemplo, de vista da relocalização das empresas39 como
melhor posicionamento graças aos ser- da criação de novas empresas.
viços de comercialização, melhor pene-
tração e maiores economias graças ao tele- A análise de sensibilidade e risco deve tomar
marketing, às melhorias tecnológicas de em consideração os seguintes elementos:
produção, competências profissionais
melhoradas graças à formação, etc.). • o custo do investimento;
• Os custos económicos das matérias-pri- • o grau de instalação na área;
mas e dos terrenos utilizados para a cons- 39
Em certos casos, a relocalização das empresas foi acelerada por
trução do projecto devem ser avaliados em políticas de ordenamento territorial apropriadas.

109
3.13 Indústrias e outros investimentos produtivos

• o custo de determinados factores de pro- • uma lista das quantidades anuais de facto-
dução essenciais (mão-de-obra, aquisição res de produção, nomeadamente, maté-
de bens e serviços para a produção dos ser- rias-primas, produtos semi-acabados, de
viços imobiliários); serviços, de mão-de-obra (repartida
• se foram quantificadas, as taxas de morta- segundo a categoria e a especialização),
lidade prematura e de nascimento de etc., antes e depois da intervenção;
novas empresas. • o volume de negócios, a margem bruta
operacional e o lucro bruto e líquido, o
cash-flow, o rácio de endividamento e de
3.13 Indústrias e outros outros indicadores de balanço, antes e
depois da intervenção;
investimentos produtivos • uma descrição do mercado coberto pela
empresa e o posicionamento desta antes e
3.13.1 Definição dos objectivos depois da intervenção (por exemplo, espe-
A intervenção pode ser classificada numa das cificando as quotas por produto e área
seguintes categorias: geográfica e suas respectivas dinâmicas);
• a estrutura das empresas (funções, depar-
• projectos que visem incentivar a industri- tamentos, procedimentos, sistemas de
alização de todos os sectores nas áreas rela- qualidade, sistemas de informação, etc.)
tivamente menos desenvolvidas, antes e depois da intervenção;
• projectos que possuam importância estra- • uma descrição dos instrumentos e do
tégica e que requeiram fundos significa- equipamento principal e auxiliar;
tivos (por exemplo, determinados seg-
mentos do sector energético); • uma descrição dos imóveis da empresa e
das áreas ligadas;
• projectos que visem incentivar o desenvol-
vimento tecnológico em sectores especí- • os pontos de descarga dos resíduos líqui-
ficos ou aplicar tecnologias mais promete- dos e/ou gasosos e uma descrição das
doras, que requeiram um investimento instalações de tratamento;
inicial elevado (por exemplo, o desenvolvi- • os resíduos (tipos e quantidades) e os sis-
mento de supercondutores eléctricos, a temas de recolha e tratamento.
aplicação de tecnologias para a utilização
de energia de fontes renováveis); 3.13.3 Análise de viabilidade e opções
• projectos destinados a criar novos empre- Questão-chave: os parâmetros são especí-
gos em áreas onde se verificou um declínio ficos e dependem de factores como o sector
das unidades de produção existentes; em que a empresa exerce a sua actividade, o
• projectos que visem incentivar a instalação tipo de produto ou as tecnologias de pro-
e desenvolvimento de novas empresas dução utilizadas.
(PME ou empresas artesanais).
A análise das alternativas deve tomar em
3.13.2 Identificação do projecto consideração diferentes métodos de financia-
Será útil fornecer uma descrição precisa da mento (por exemplo, o financiamento da
empresa (ou do grupo de empresas) que irá conta de juros, em vez da conta de capital, o
beneficiar da intervenção: financiamento por contratos de leasing ou de
outros métodos de financiamento), outras
• uma lista das categorias de bens ou ser- soluções técnicas ou tecnológicas para o pro-
viços produzidos pela empresa antes da jecto proposto, assim como alternativas glo-
intervenção e daqueles que irão resultar bais )por exemplo, o fornecimento de ser-
desta; viços imobiliários a custos inferiores).

110
3.13 Indústrias e outros investimentos produtivos

3.13.4 Análise financeira • o custo de qualquer congestionamento


A análise financeira pode ser efectuada urbano e de transportes eventualmente
comparando os cash-flows produzidos pela causado pela instalação de novas empresas
empresa (ou grupo de empresas) depois do ou pelo aumento da actividade das empre-
investimento com os que teriam sido gerados sas existentes, avaliável em termos de
sem as subvenções40. As várias rubricas de duração dos transportes mais longos
custos e de receitas devem ser avaliadas (mercadorias e passageiros) nas vias de
segundo os preços do mercado e deduzindo comunicação em questão41, bem como em
os cash-flows. termos da possível depreciação do imobi-
liário e dos terrenos circundantes.
Horizonte temporal: cerca de 10 anos.
3.13.6 Outros elementos de avaliação
Taxa de rentabilidade financeira* Indústria
Mínima 5,50
Além disso, e dadas as dificuldades inerentes
Máxima 70,00 à quantificação e valorização do conjunto
Média 19,59 dos benefícios sociais, será conveniente, para
Desvio-padrão 14,45
uma avaliação mais completa do projecto,
* Amostra: 64 grandes projectos em 107 no sector incluídos na
amostra de 400 projectos combinados. efectuar uma análise minuciosa destes bene-
fícios, mesmo que apenas em termos de indi-
3.13.5 Análise económica cadores físicos, de forma a permitir que
Devem ser tomadas em consideração exter- sejam medidos os efeitos directos e indi-
nalidades como: rectos.

• o benefício do rendimento acrescido gera-


do pelo crescimento do número de empre- Esta análise incluirá os efeitos no emprego,
sas ou pela criação de novas empresas no sendo o desenvolvimento ou a conservação
sector (produtor de bens e serviços) esti- de empregos um objectivo central de muitos
mulados pela empresa beneficiária ou pelo programas de incentivo do sector produtivo.
grupo de empresas beneficiárias;
• os custos económicos das matérias-primas 3.13.7 Análise de sensibilidade e risco
e dos terrenos utilizados no quadro da
construção do projecto, que devem ser Os factores essenciais são específicos a cada
avaliados em função da perda para a soci- tipo de intervenção (novas empresas, moder-
edade decorrente do seu desvio de uma nização ou expansão de empresas existentes)
outra finalidade mais útil; e a cada segmento de produção (segmentos
• os custos ambientais (poluição do solo, da
maduros ou pioneiros, competitividade ele-
água e do ar, impacte na qualidade visual, vada ou fraca, processos com impacte
ruídos, geração de resíduos, etc.), avali- ambiental considerável ou insignificante,
ados, no essencial, com base nos custos (a etc.).
preços do mercado sem distorções) das
acções necessárias para eliminar os efeitos A análise de sensibilidade e risco deve ter em
da poluição ou por outros métodos suge- consideração as seguintes variáveis:
ridos numa explicação anterior;
• o custo do investimento, no caso de pro-
40
Os cash-flows suplementares coincidem integralmente com os
cash-flows totais no caso de empresas recentemente criadas. Deve jectos com elevado risco tecnológico;
salientar-se que, em qualquer hipótese, é necessário tomar em
consideração duas opções possíveis: uma em que a empresa tives-
se efectuado o investimento (por exemplo, tivesse adquirido os
instrumentos) a um custo mais elevado, e a outra em que fosse
incapaz de adquirir os instrumentos sem as contribuições finan- 41
Para a quantificação e a valorização destes efeitos, ver a secção
ceiras. relativa às estradas.

111
3.13 Indústrias e outros investimentos produtivos

• a taxa de crescimento da procura, no caso • o custo dos factores de produção essen-


de bens e serviços produzidos para um ciais;
mercado específico; • o preço do produto.

112
Anexo A
Indicadores de desempenho
dos projectos

A presente secção expõe o cálculo e a utili- • a preferência pela utilidade actual em


zação dos principais indicadores de desem- relação à utilidade futura.
penho na análise de custos-benefícios: taxa
interna de rentabilidade (TIR), valor actual A agregação de dados heterogéneos é possí-
líquido (VAL) e relação custo-benefício. Estes vel utilizando o coeficiente específico. Este
indicadores são expressamente exigidos na coeficiente deve ter as seguintes caracterís-
análise financeira e económica e nos formu- ticas:
lários de candidatura aos Fundos estruturais.
A TIR e o VAL são incluídos nos principais • diminuir ao longo do tempo;
quadros da análise financeira e económica • medir a perda de valor do numerário ao
(ver quadros 5, 6 e 10, rubricas 5.4, 5.5, 6.4, longo do tempo.
6.5, 10.4 e 10.5).
Tal coeficiente constitui o factor de actuali-
Estes indicadores devem dar uma infor- zação financeira na seguinte situação: at =
mação concisa sobre o desempenho do pro- (1+i)-t, quando t é o horizonte temporal, i a
jecto e podem servir de base à sua classifi- taxa de juro e at o factor de actualização de
cação. um valor financeiro futuro para obter o seu
valor actual.

A.1 Valor actual líquido Assim, o valor actual líquido de um projecto


é definido do seguinte modo:
(VAL) n
VAL (S) = ∑ at St = S0 0 + S1 1 + Sn
(1+i) (1+i) (1+i)n
Os quadros económicos e financeiros são t=0
constituídos por entradas (I1, I2, I3), saídas quando St é o saldo de cash-flow no momen-
(O1, O2, O3) e saldos (S1, S2, S3 nas datas 1, to t e at é o factor de actualização financeiro
2, 3). O modelo é válido para um período escolhido para proceder como acima se des-
plurianual, o que pode ocasionar problemas creve.
no caso de se pretender adicionar S ao tempo
1 e S ao tempo 2, etc. Isto deve-se ao facto de Trata-se de um indicador de desempenho de
a utilidade marginal de um euro ser hoje investimento muito conciso. É a soma actual
mais elevada do que a sua utilidade marginal de todos os fluxos líquidos gerados pelo
de amanhã. O que se explica pelas seguintes investimento, expresso sob a forma de um
razões principais: valor único com a mesma unidade de medi-
da que é utilizada nos quadros contabilís-
• a aversão pelo risco inerente a aconteci- ticos.
mentos futuros;
• o facto de o rendimento monetário ser uma É importante referir que o saldo dos primei-
função crescente e a utilidade marginal para ros anos do investimento é geralmente nega-
o consumo diminuir com o tempo; tivo e que se torna positivo ao fim de alguns

113
A.1 Valor actual líquido (VAL)

Quadro dos factores de actualização


Anos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(1+5%)-n ,952 381 ,907 029 ,863 838 ,822 702 ,783 526 ,746 215 ,710 681 ,676 839 ,644 609 ,613 913
(1+10%)-n ,909 091 ,826 446 ,751 315 ,683 013 ,620 921 ,564 474 ,513 158 ,466 507 ,424 098 ,385 543
n: número de anos

anos. Ademais, os valores negativos dos pri- no gráfico 3. Neste caso, só a utilização de um
meiros anos são mais ponderados do que os valor i determinado permite uma escolha
valores positivos durante os últimos anos. Isto clara entre os projectos.
significa que a escolha do horizonte temporal
é essencial para determinar o VAL. Além dis- Com se refere no capítulo 2, o valor actual
so, a escolha do factor de actualização (isto é, líquido pode ser um VAL financeiro se for
da taxa de juro na fórmula at) influencia o cál- calculado na análise financeira com variáveis
culo do VAL (ver igualmente o gráfico 1). financeiras, ou um VAL económico se for
calculado na análise económica.
VAN

VAN

Projecto 1

Projecto 2
Gráfico 1 VAL como função de i.

Gráfico 2 Classificação de projectos segundo o seu VAL


Este indicador poderá ser um critério de
avaliação de um investimento muito simples
e preciso: VAL>0 significa que o projecto
gera um benefício líquido (a soma dos St VAN
ponderada é sempre positiva) e esta situação
é geralmente desejável. Por outras palavras, Projecto 1
esta pode ser uma boa medida do valor
acrescentado de um projecto, em termos
monetários, para a sociedade. É igualmente
útil classificar um projecto com base nestes
VAL e decidir qual é o melhor. Tal como no
gráfico 2, o projecto 1 é mais desejável do que
o projecto 2, uma vez que possui um VAL
mais elevado por cada valor i. i
Projecto 2
Por vezes, a comparação dos VAL de dois
projectos pode não chegar ao mesmo resul-
tado para todos os valores i, como acontece Gráfico 3 Um caso de VAL não determinantes

114
A.3 Relação custo-benefício

A.2 Taxa interna de investimento uma perda líquida em compa-


ração com uma outra utilização dos fundos.
rentabilidade42 A TIR pode ser, portanto, um critério de
A taxa interna de rentabilidade é definida avaliação de projecto: abaixo de um determi-
como a taxa de juro que anula o valor actual nado valor de TIR, considera-se o investi-
líquido do investimento, isto é, a taxa de juro mento inadequado.
resultante da seguinte equação:
n Tal como o VAL, a TIR pode ser igualmente
VAL (S) = ∑ St / (1+IRR) = 0 t utilizada como critério de avaliação da classi-
t=0 ficação dos projectos.
Todos os programas de gestão de dados
frequentemente utilizados automatizam o No entanto, é sempre conveniente considerar
cálculo do valor destes indicadores aplicando as grandezas VAL e TIR em simultâneo, dado
a função financeira apropriada. O resultado que podem surgir situações ambíguas (ver
do cálculo da TIR corresponde às taxas de gráficos 5 e 6).
juro indicadas no gráfico A abaixo.

VAN A.3 Relação


custo-benefício
A relação C/B é definida da seguinte forma:

B/C = VA(A)/VA(C)

B = benefícios; C = custos; VA = valor actual.

Se C/B>1, o projecto é desejável, porque os


i benefícios, medidos pelo valor actual de
todos os benefícios, são mais elevados do que
os custos, que são medidos pelo valor actual
de todos os custos.
Gráfico 4 Taxa interna de rentabilidade
Trata-se de um simples dado quantificado,
Tal como resulta claramente da definição da tal como a TIR, e é independente do mon-
TIR e da sua fórmula, não é necessária qual- tante do investimento. Além disso, por vezes
quer taxa de actualização para o cálculo des- é mais fácil de utilizar, porque não dá lugar à
te indicador. criação de uma situação ambígua como a
que foi referida em relação à TIR.
O avaliador utiliza principalmente a taxa de
rentabilidade financeira para avaliar o Por este motivo, num certo número de casos,
desempenho futuro do investimento. De fac- a relação C/B é muito interessante para clas-
to, se i é considerado como o custo de opor- sificar os projectos.
tunidade do fundo, a TIR constitui o valor
máximo que i pode atingir sem fazer do
42
Não fazemos aqui distinção entre a taxa interna de rentabilidade
financeira (quer seja calculada sobre o investimento total ou sobre
os fundos próprios) e a taxa interna de rentabilidade económica.
Para mais explicações, ver o capítulo 2.

115
A.3 Relação custo-benefício

VAN VAN

i i

VAN1>VAN2 mas TIR2>TIR1


TA: taxa de actualização Gráfico 5 e 6 Situações ambíguas

116
Anexo B
Escolha da taxa de
actualização

B.1 Taxa de
actualização financeira
Na literatura e na prática, encontram-se dife- vezes sugere-se que a verdadeira taxa de actu-
rentes pontos de vista quanto à taxa de actu- alização deve medir o custo do capital utili-
alização a considerar na análise financeira zado para o projecto específico. Consequen-
dos projectos de investimento. Existe uma temente, a referência para um projecto públi-
literatura académica substancial sobre a defi- co pode ser o rendimento real das obrigações
nição e o cálculo das taxas de actualização e de Estado (o custo marginal do défice públi-
não é necessário resumi-la aqui (ver a biblio- co) ou a taxa de juro real a longo prazo dos
grafia). No entanto, os empreendedores e os empréstimos comerciais (se o projecto preci-
avaliadores de projectos devem compreender sar de fundos privados). Este método e’ bas-
as noções básicas em que se fundamente a tante simples, mas pode dar resultados
escolha de uma taxa de actualização. distorcidos. Saliente-se que, no quadro desta
abordagem, utilizamos o custo actual do
Uma definição geral e pouco contestada da capital para determinar o custo de oportuni-
taxa de actualização financeira é o custo de dade deste último, e os dois conceitos são
oportunidade do capital. O custo de oportu- diferentes. Com efeito, a melhor opção alter-
nidade significa que, quando investimos nativa pode ter resultados muito mais eleva-
capital num projecto, renunciamos a obter dos do que a taxa actual interna sobre os
um rendimento no quadro de um outro pro- empréstimos públicos ou privados.
jecto. Procedendo a este investimento,
encontramos, portanto, um custo implícito: A segunda abordagem fixa um limite máxi-
a perda de rendimentos que um outro pro- mo para a taxa de actualização porque toma
jecto geraria. em consideração o rendimento (perdido)
que a melhor solução alternativa de investi-
Tendo presente esta definição geral, devemos mento teria permitido obter. Na prática, o
agora calcular de forma empírica o custo de custo de oportunidade do capital é calculado
oportunidade do capital para um determi- analisando o rendimento marginal de uma
nado projecto, num dado país e num dado carteira de títulos no mercado financeiro
momento. internacional, a longo prazo e com um risco
mínimo. Por outras palavras, a solução alter-
Fundamentalmente, existem três abordagens nativa ao rendimento do projecto não é a
que permitem identificar a taxa de actuali- compra de obrigações públicas ou privadas,
zação financeira apropriada e que passa- mas sim o rendimento de uma carteira
remos rapidamente em revista. financeira apropriada.

A primeira abordagem considera um custo No entanto, em especial no sector privado,


de oportunidade mínimo do capital. Por alguns investidores podem, com base em

117
B.2 Taxa de actualização social

Quadro 1. Alguns exemplos de taxas de actualização


financeiras em diferentes sectores e países*
Sector País Taxa de actualização
B.2 Taxa de
Transportes
Transportes
Transportes
Espanha
Espanha
Espanha
5
6
6
actualização social
Transportes Espanha 6
Transportes França 8 A taxa de actualização na análise económica
Ambiente Lituânia 3
Ambiente Polónia 5
dos projectos de investimento – a taxa de
Ambiente Polónia 5 actualização social – serve para reflectir o
Indústria Portugal 10 ponto de vista social sobre a forma como os
Energia Portugal 11
benefícios e custos futuros devem ser valori-
* Os dados referem-se aos projectos ISPA - FC e FEDER.
zados em relação aos benefícios e custos
actuais. Esta taxa pode divergir da taxa de
experiências anteriores nos mesmos projec-
rentabilidade financeira quando o mercado
tos, sentir-se capazes de obter do investi-
de capitais é imperfeito.
mento um rendimento ainda mais elevado.

A terceira abordagem consiste em deter- A literatura teórica e a prática internacional


minar uma taxa limite. Isto implica evitar mostram uma grande variedade de aborda-
proceder a uma análise detalhada do custo gens na interpretação e na escolha do valor
específico em capital de um dado projecto da taxa de actualização social a adoptar.
(como na primeira abordagem) ou ter em
conta carteiras específicas dos mercados A experiência internacional é muito vasta e
financeiros internacionais ou nos outros pro- involve diferentes países e diferentes organi-
jectos para o mesmo investidor (como na zações internacionais.
segunda abordagem) e recorrer a uma sim-
ples aproximação.
O Banco Mundial e, mais recentemente, o
BERD adoptaram uma taxa de rentabilidade
Tomemos uma taxa de juro específica ou
económica obrigatória de 10%. Considera-se
uma taxa de rendimento de um emissor bem
geralmente que esta é uma taxa limite bas-
estabelecido numa divisa largamente comer-
tante elevada e, segundo alguns críticos, isto
cializada e apliquemos um multiplicador a
pode reflectir uma espécie de triagem dos
esta referência mínima.
melhores projectos pelos fornecedores de
crédito.
No caso dos projectos co-financiados pela
União Europeia, uma referência mínima evi-
dente poderá ser a das obrigações a longo Geralmente, os governos nacionais fixam a
prazo emitidas em euros pelo Banco Europeu taxa de actualização social para os projectos
de Investimento. O rendimento real destas públicos a um nível inferior ao das institui-
obrigações pode ser estabelecido tomando ções financeiras internacionais.
em consideração a taxa de rendimento nomi-
nal menos a taxa de inflação na UE. No Reino Unido, o Green Book43 assimila o
custo de oportunidade social do capital ao
Na prática, estamos a sugerir que uma taxa de custo gerado pelo consumo e a produção pri-
actualização financeira real de 6% para 2001- vados deslocados. A taxa de preferência
2006 não estará muito longe do dobro do social e a taxa de rendimento privado são
valor do rendimento real das obrigações BEI, ambas fixadas em 6%, ainda que sejam
o que pode constituir uma taxa limite finan- concedidas algumas excepções.
ceira apropriada para projectos públicos, sal-
vo em circunstâncias especiais, que devem ser 43
HM Treasury (1997) Appraisal and Evaluation in Central
justificadas pelo promotor do projecto. Government. The Green Book.

118
B.2 Taxa de actualização social

Em Itália, nos termos das novas orientações 1 Uma concepção tradicional, segundo a
relativas aos estudos de viabilidade44, a taxa de qual o investimento público marginal deve
actualização está actualmente fixada em 5%. ter o mesmo rendimento que o investi-
mento privado, sendo os projectos inter-
Em Espanha, foram fixados diferentes valo- mutáveis.
res de taxas de actualização social segundo o
sector em causa: 6% em termos reais para os 2 Uma outra concepção que consiste em uti-
transportes45 e 4% para os projectos relativos lizar uma fórmula baseada na taxa a longo
aos recursos hídricos prazo do crescimento da economia. Uma
fórmula aproximativa é a seguinte:
Em França, a taxa de actualização fixada pelo
Commissariat Général du Plan é igual a 8% r = ng + p
em termos reais, ainda que esta taxa não ten-
ha sido actualizada desde 1984. em que r é a taxa de actualização social real
dos fundos públicos, expressa numa divisa
Nos Estados Unidos, o OMB (Office of
apropriada (por exemplo, o euro); g é a taxa
Management and Budget) propõe diversas
de crescimento das despesas públicas; n
taxas de actualização. Especificamente, na
representa a elasticidade do bem-estar social
presunção de que os investimentos públicos
em relação às despesas públicas e p é uma
(definidos como os projectos que geram
taxa de preferência intertemporal pura. Por
bem-estar social) deslocam o consumo pri-
exemplo, suponhamos que as despesas públi-
vado, a taxa de actualização a utilizar é de 7%
cas de assistência aos pobres (ou seja, as des-
em termos reais ou calculados por meio da
pesas mais valorizadas no plano social)
abordagem preço fictício capital, que permi-
aumentam a uma taxa real anual igual à
te deslocações tanto do consumo como da
média do consumo per capita, digamos 2%, e
produção.
que a elasticidade do bem-estar social em
Os investimentos internos do Governo (pro- relação a este tipo de despesas é de 1 a 2. Se a
jectos com impacte exclusivamente na dívida preferência intertemporal pura é de cerca de
do Estado) devem ser actualizados utilizando 1%, a taxa de actualização social real situar-
as taxas de empréstimo do Tesouro. O CBO se-á entre os 3 e os 5%.
(Congressional Budget Office) e o GAO
(General Accounting Office) prevêem que o Esta concepção conduz a valores de taxas de
investimento público pode ser actualizado actualização geralmente inferiores às da abor-
utilizando as taxas de empréstimo do dagem anterior, porque os mercados de capi-
Tesouro. tal são imperfeitos e funcionam num hori-
zonte temporal curto, e actualizam o futuro
Esta variedade de experiências internacionais de forma mais pesada. De facto, segundo uma
reflecte diferentes concepções teóricas e polí- concepção extrema, o Estado deveria ter um
ticas. valor zero para a preferência intertemporal,
uma vez que lhe incumbe proteger os inte-
As principais concepções relativamente à resses de todas as gerações vindouras.
estimativa da taxa de actualização social são
as seguintes: 3 Uma terceira solução consiste em tomar
por base uma referência padrão para a taxa
44
Conferenza dei Presidenti delle Regioni e delle Province Auto-
de actualização, tendo em conta que uma
nome (2001) Studi di fattibilità delle opere pubbliche. Guida per taxa de rentabilidade requerida reflecte um
la certificazione da parte dei Nuclei regionali di valutazione e veri-
fica degli investimenti pubblici. objectivo de crescimento real. Com efeito,
45
Ministerio de Transportes, Turismo y Comunicaciones (1991) a longo prazo, as taxas de juro reais e as
Manual de evaluación de inversiones en ferrocarriles de vía ancha.
Anexo 1. taxas de crescimento deverão convergir.

119
B.2 Taxa de actualização social

8
6
4 baseado na segunda concepção, talvez na
2 margem superior da série de valores razoá-
0 veis segundo os diferentes parâmetros.
-2 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
-4
-6 Por último, quando estão em causa regiões
-8 europeias menos desenvolvidas, um rendi-
-10
mento de 5% é compatível com a terceira
-12
concepção: pode reflectir a necessidade de
UE PAÍSES EM VIAS DE ADESÃO estas regiões investirem a uma taxa de rendi-
Fig. 1 Crescimento do PIB, preços constantes. Variação em % mento superior, para realizarem uma taxa de
crescimento superior à média comunitária
Com base na primeira abordagem, uma taxa (onde a taxa de crescimento real foi nos últi-
de actualização social de 5% para os projec- mos anos de 2,5% a 3%)
tos públicos corresponde a cerca de duas
vezes o rendimento real a longo prazo de Em conclusão, uma taxa de actualização
uma obrigação BEI em euros, o que, portan- social europeia de 5% pode ter justificações
to, não está longe de uma taxa de rentabili- diferentes e convergentes e poderá constituir
dade financeira razoável. Esta situa-se, talvez, uma referência padrão para os projectos co-
na margem inferior do custo de oportuni- financiados pela UE. No entanto, em casos
dade do capital para os investidores privados. específicos, os promotores de projectos
Mas uma taxa de actualização social de 5% podem pretender justificar um valor dife-
também não estará muito longe de um valor rente.

120
Anexo C
A determinação da taxa
de co-financiamento

A presente secção propõe um método práti- Quadro 1 Limites da taxa de co-financiamento


co que permita aplicar a modulação da taxa fixados na regulamentação
de co-financiamento exigida pelos regula- Fundos estruturais
mentos. Tipos de regiões/ Taxa máxima de co-financiamento
países % do custo total elegível
Obj. 1 75
Obj. 1 Região Fundo de Coesão 80
C.1 Quadro Obj. 1 Região Fundo de Coesão/
ultraperiférica 85
regulamentar Obj. 2 e 3
Taxa de co-financiamento mais elevada
50

% do custo total elegível


Os novos regulamentos, ao fixarem taxas Países Fundo de coesão 80-85
máximas (ver quadro 1) exigem explicita- ISPA
mente à Comissão que determine a taxa Países ISPA 75-85 em casos excepcionais
actual tomando em consideração diversas
circunstâncias, nomeadamente:
Quadro 2 Taxa de actualização e défice de
co-financiamento: um exemplo*
• a existência de receitas;
Dados de base do projecto
• o princípio do poluidor-pagador.
Custo total elegível 36.000.000 euros
Subvenção ISPA proposta 27.000.000 euros
Os regulamentos impõem à Comissão que Co-financiamento requerido 9.000.000 euros
declare a forma como determina a sua taxa Taxa de subvenção 75%
de co-financiamento, de maneira transpa- Escolha de uma taxa de actualização
rente e verificável. Cenário (TA) 6% 8% 11%
Défice de financiamento 47% 51% 11%
* Este exemplo baseia-se num projecto ambiental ISPA
A abordagem actualmente utilizada no qua-
dro do Fundo de Coesão (tal como no do
r= (C-R)/C e G= E*r
ISPA) é a do chamado “défice de capitais” ou
“défice de financiamento” (“financing gap”).

A ideia de base é a de colmatar o “défice de C.2 Regras para a


financiamento” por meio de ajudas comuni-
tárias. Isto significa que, se C é o valor actual
modulação
do custo total do investimento, R é o valor A regra do “défice de financiamento” deve ser
actual líquido das receitas líquidas geradas algo clarificada para poder ser aplicada de
pelo projecto, incluindo o seu valor residual, forma a melhor realizar os objectivos da
E o custo elegível e (C-R) o défice de finan- Comissão e segundo as regras da análise cus-
ciamento, enquanto que r é a taxa de co- tos-benefícios. Com efeito, a regra geral
financiamento e G a subvenção comunitária, expressa nas Orientações sobre o Fundo de
definida da seguinte forma: Coesão é a seguinte:

121
C.2 Regras para a modulação

A taxa será determinada tendo em conta as TRF/C, a TRF/K e a TRE. A lógica deste sis-
características do projecto e, nomeadamente, os tema é mostrada no seguinte diagrama.
resultados da análise económica (…).
C.2.1 Cálculo da taxa interna de
Isto significa que as taxas calculadas no qua- rentabilidade financeira com base no
dro da análise financeira e económica, como custo de investimento total (antes da
a TRF/C, a TRF/K e a TRE, podem ser utili- intervenção comunitária)
zadas para verificar a qualidade do projecto O promotor do projecto deve apresentar um
antes da determinação da taxa de co-finan- cálculo da taxa de rentabilidade financeira
ciamento. Isto torna-se possível quer pela (real) sobre o investimento total, a TRF/C,
harmonização das regras contabilísticas para isto é a taxa interna de rentabilidade quando
a análise financeira e económica (ver capí- são considerados os custos de investimento
tulo 2), quer por um sistema de triplo con- totais, os custos operacionais totais e as recei-
trolo baseado em referências fixas para a tas totais (sem ter em conta as ajudas, o capi-

Cálculo da TRF/C antes da ajuda comunitária

Determinação da subvenção comunitária G


pelo método do “défice de financiamento”

Custo elegível <T1 Custo elegível >T1

Apresentação da estrutura de financiamento


(subvenções, capital próprio, empréstimos, etc.)
Cálculo da TRF/C após a ajuda
Alteração de G
comunitária (C é diminuído do
montante da ajuda UE) Cálculo da TRF/K
Se TRF/K > T2 (VAL/K > 0)
Se TRF/K < T2 (VAL/K < 0)

Taxa de subvenção comunitária: Taxa de subvenção comunitária:


r= Min (G/E; taxa máxima) r= Min (G/C; taxa máxima)

TRF > 0% TRF < 0%


Apreciação da viabilidade
financeira
Apresentação do estrutura
de financiamento Não viável

Viável Rejeição do projecto ou alteração


da sua estrutura de financiamento

Cálculo da TRE

T1=50 milhões de euros, T2=6% a título de exemplo

122
C.2 Regras para a modulação

tal investido, os empréstimos e os juros), a da comunitária são totalmente cobertos pelo


fim de avaliar a rentabilidade financeira do capital próprio dos investidores (sem crédi-
projecto ou, como mais frequentemente é o tos nem juros).
caso, o custo líquido para as finanças públi-
cas quando as receitas geradas pelo projecto O promotor do projecto deve justificar a
são nulas ou insuficientes. estrutura financeira que propõe para o
mesmo (através de um simples plano de
Se a TRF/C for inferior a um determinado financiamento, como o quadro de viabili-
limiar, a Comissão pode solicitar ao candi- dade financeira 2.3 do capítulo 2), com
dato que demonstre de que modo o projecto base nas suas expectativas em matéria de
será viável a longo prazo, para além do hori- co-financiamentos comunitários (por
zonte temporal definido. Esta demonstração outras palavras, deve declarar qual é o capi-
incluirá um plano financeiro completo, com tal, incluindo os fundos públicos nacionais
a indicação de todos os recursos financeiros ou privados, bem como os créditos de ter-
(subvenções nacionais, empréstimos, capitais ceiros e respectivos juros, que está em
próprios, etc.). condições de investir). A rentabilidade
financeira interna sobre o capital próprio
C.2.2 Cálculo da taxa interna de nacional (TRF/K) não deve exceder, geral-
rentabilidade financeira sobre o capital mente, uma percentagem real de 6%47. Para
nacional (após a subvenção comunitária) os projectos com uma TRF/K>6%, poderá
Como se explica em detalhe no presente ser pedida uma maior contribuição em
manual, há duas maneiras de considerar a capital próprio e a TRF/K deverá ser calcu-
rentabilidade financeira. A TRF/C dá uma lada no quadro desta nova montagem
indicação da eficácia financeira global do financeira.
projecto, tomando em consideração o custo
do investimento e ignorando deliberada- C.2.3 Cálculo da taxa de rentabilidade
mente a forma como este é financiado. económica
O promotor do projecto deve calcular a TRE
No entanto, é importante ter igualmente em segundo os métodos descritos no presente
conta a rentabilidade financeira do capital manual. A diferença entre a TRE e a TRF
próprio dos investidores. Isto é, feito com consiste em que a primeira utiliza preços
base no capital investido pelos investidores, contabilísticos ou o custo de oportunidade
mais do que no investimento total: os fundos de bens e de serviços, em vez de preços de
desembolsados, o reembolso dos emprés- mercado imperfeitos, e que inclui na medida
timos e o pagamento de juros (incluindo dos do possível todas as externalidades sociais e
empréstimos do BEI e dos bancos comer- ambientais. Como as externalidades e os
ciais). Não devem incluir-se as ajudas comu- preços fictícios são então tidos em conta, a
nitárias. O mesmo se aplica ao cálculo da maior parte dos projectos caracterizados por
TRF “sem União Europeia”46, quando os cus- uma TRF/C fraca ou negativa apresentam
tos dos investimentos não cobertos pela aju- uma TRE positiva.

46
“Sem União Europeia” significa antes da intervenção comunitária:
é utilizado o custo total do projecto. “Com União Europeia” signi- 47
Este limiar é indicado a título indicativo e pode ser alterado pela
fica após a intervenção: é utilizado o custo total menos a ajuda Comissão; qualquer projecto que gere uma TRF/K superior pode
comunitária. ser considerado como solicitando uma ajuda excessiva.

123
Anexo D
Análise de sensibilidade
e risco

O carácter incerto das previsões baseadas na


600
análise custos-benefícios resulta de diversos
motivos. Como exemplos típicos, os gráficos 500
1, 2 e 3 mostram o resultado de inquéritos 400

L/dia
efectuados para determinar os valores a atri- 300
buir às três variáveis que devem ser utilizadas 200
na análise. Como podemos ver, ainda que 100
seja possível determinar um valor como sen- 0%
do o mais provável para os dados exami- 10 20 30
nados (por exemplo, a média), os parâmetros N° de amostra
indicam uma variabilidade dos valores.
Gráfico 3 Consumo per capita - (média: 230 litros/dia –
desvio-padrão: 96 litros/dia)

100
Uma vez que foram identificadas as variáveis
essenciais, é necessário, para efectuar a análi-
Casos observados

80 se dos riscos, associar a cada uma delas uma


60 distribuição de probabilidades, definida
numa escala precisa de valores em torno da
40 melhor estimativa, utilizada na hipótese de
20 base para calcular os índices de avaliação.
0
700- 800- 900- 1000- 1100- 1200- >1300 A distribuição de probabilidades para cada
800 900 1000 1100 1200 1300 variável pode decorrer de diversas fontes. A
Escala dos preços fonte mais comum é a dos resultados de
estudos efectuados para obter os valores
Gráfico 1 Distribuição dos preços dos produtos de base – média: 1 017 euros – desvio- experimentais pretendidos, em situações o
padrão: 164 euros
mais similares possível às do projecto. É
este o caso mostrado, a título de exemplo,
30% nos gráficos 1, 2 e 3 acima. Utilizando dife-
25% rentes métodos indicados na literatura
Frequência

20% especializada (inferência estatística), é pos-


15% sível, em quase todos os casos, obter uma
10% distribuição de probabilidades a partir dos
5% dados experimentais, que pode ser expressa
sob forma gráfica e/ou analítica. Quando
0%
< 30- 35- 40- 45- 50- 55- 60- 65- > não existem dados experimentais, podem
30 35 40 45 50 55 60 65 70 70 ser utilizadas as distribuições encontradas
Milhares de veículos na literatura, que são válidas para os casos
similares ao caso estudado.
Gráfico 2 Tráfego diário – média: 46 800 – desvio-padrão: 2 400

124
Análise de sensibilidade e risco

1,00 0,15
0,10
0,75
0,05

0,50 0,00
0 5 10 15 20 25
0,25
Gráfico 6 Distribuição triangular simétrica

0,00
0,20% 0,30% 0,40% 0,50% 0,60% 0,70%

na análise dos riscos associados aos projectos


Gráfico 4 Curva de Gauss
de investimento.

0,20 O gráfico 4 apresenta uma curva típica simé-


trica em forma de sino, ou curva de Gauss –
0,15
enquanto que o gráfico 5 representa uma
0,10
distribuição de probabilidades discretas em
0,05 valores constantes para intervalos definidos
0,00 da variável. Esta representação simplificada é
4 6 8 10 12 14 16
frequentemente utilizada, porque é fácil de
Gráfico 5 Probabilidade discreta
calcular. Pela mesma razão, as distribuições
triangulares, simétricas ou não, são igual-
Outra possibilidade (método Delphi) é con- mente utilizadas, como o indica a ilustração
sultar um painel de peritos, pedindo a cada dos gráficos 6 e 7. O gráfico 7 mostra uma
um deles que calcule a probabilidade a atri- distribuição em degraus (neste caso, com três
buir a intervalos definidos de valores – geral- valores), um resultado típico da aplicação do
mente, apenas um número limitado – do método de Delphi.
parâmetro em questão e, em seguida, combi-
nar os valores obtidos segundo as regras da Depois de determinada a distribuição de
estatística. probabilidades das variáveis essenciais, é pos-
sível proceder ao cálculo da distribuição de
Os gráficos 4 a 8 mostram algumas distribui- probabilidades da TIR ou do VAL do projec-
ções de probabilidades típicas frequente- to. Só nos casos mais simples é possível efec-
mente utilizadas na literatura e, em especial, tuar este cálculo utilizando métodos directos,

Quadro 1 Cálculo de probabilidades do VAL segundo diferentes valores de variáveis essenciais


Resultado das variáveis essenciais
Investimento Outros custos Benefícios VAL
Valor Valor Probabilidade Valor Probabilidade Valor Probabilidade

74,0 0,15 5,0 0,03


-13,0 0,20 77,7 0,30 8,7 0,06
81,6 0,40 12,6 0,08
85,7 0,15 16,7 0,03
74,0 0,15 2,4 0,08
-56,0 -15,6 0,50 77,7 0,30 6,1 0,15
81,6 0,40 10,0 0,20
85,7 0,15 14,1 0,08
74,0 0,15 -0,7 0,05
-18,7 0,30 77,7 0,30 3,0 0,09
81,6 0,40 6,9 0,12
85,7 0,15 10,9 0,05
Por ejemplo, existe un 3% de probabilidades (0,15*0,20) de que el VAN tenga valor 5.

125
Análise de sensibilidade e risco

60 50%
40%

Probabilidade
40 30%
20%
20
10%
0 0%
-2,00% -1,00% 0,00% 1,00% 2,00% 3,00% 65,0 67,5 70,0 72,5 75,0 77,5
Milhões de euros
Gráfico 7 Distribuição triangular assimétrica
Gráfico 8 Custo do projecto

segundo métodos analíticos de cálculo das De facto, com uma variação decrescente de
probabilidades compostas de um certo 56 dos custos de investimento e de 13 (com
número de acontecimentos independentes. uma probabilidade de 20%) dos outros cus-
O quadro seguinte mostra um processo de tos, os benefícios aumentam em 74 (com
cálculo possível, utilizando uma apresen- 15% de probabilidade). Substituindo estes
tação desenvolvida em estrutura de árvore novos valores na fórmula de cálculo do VAL,
das variáveis independentes. o resultado é 5.

Por exemplo, há 3% de probabilidade


(0.,15*0,20) de que o VAL tenha o valor de 5.

126
Anexo E
Avaliação monetária dos
serviços ambientais

E.1 Porque se avalia o E.2 Avaliação dos


ambiente? impactes ambientais
A avaliação económica do ambiente ajuda os
nos projectos de
decisores a integrarem no processo de desenvolvimento
decisão o valor dos serviços ambientais
fornecidos pelos ecossistemas. Os efeitos A maior parte dos projectos de infra-estru-
ambientais internos e externos produzidos turas públicas têm incidências negativas ou
pelos projectos económicos são calculados e
expressos em termos monetários48. A avali-
ação monetária é uma forma útil de exprimir
na mesma unidade diferentes custos e bene-
fícios socioeconómicos e é necessária para
Impactes ambientais e serviços
calcular um indicador homogéneo global ambientais nos projectos
dos benefícios líquidos. Os impactes ambientais relevantes nos principais projectos estão liga-
dos às seguintes dimensões ecológicas:
No contexto de grande incerteza e de irrever- • Água: água de superfície e disponibilidade e qualidade da água de
sibilidade quanto à disponibilidade futura nascente.
dos recursos ecológicos ou por razões éticas, • Poluição atmosférica: poluição urbana e emissões de gases com
podem ser aplicados outros métodos de efeito de estufa.
avaliação económica, como o estudo do • Poluição do solo: contaminação por produtos químicos e metais
impacte ambiental, a análise multicritérios os pesados.
as consultas públicas. Estes métodos evitam • Lixos: produção e tratamento dos lixos urbanos e industriais.
que se tenha de exprimir todos os impactes • Perda de biodiversidade.
ambientais e preferências individuais num • Degradação das paisagens.
numerário único. • Risco natural e tecnológico.
• Ruídos e saúde humana.
Impactes ambientais que afectem o fornecimento de serviços e bens
ambientais de que gozam os consumidores que são utilizados pelos
produtores. Exemplo de serviços ambientais directos e indirectos
fornecidos pelos ecossistemas:
• Produção directa de oxigénio, de água, de alimentos frescos, de
forragem e de fertilizantes, de recursos genéticos, de combustíveis
e de energia, de matérias-primas.
48
Um efeito interno pode ser directamente observado nos mercados • Serviços indirectos, como a regulação do ciclo hidrológico, captação
(através da variação dos preços e das quantidades) ou durante o
processo de tomada de decisão, enquanto um efeito externo é e reposição da água e da água de nascente, regulação do clima,
observado quando o comportamento económico de um indi-
víduo (ou de uma empresa) afecta o comportamento de um outro
armazenamento e reciclagem dos alimentos, produção de biomas-
indivíduo (ou empresa) sem compensação económica ou tran- sa, produção de terras aráveis, assimilação de resíduos, manu-
sacção entre os dois. Em economia, a poluição ou a afectação de
recursos são frequentemente analisados com a ajuda do conceito tenção da diversidade biológica, etc.
de externalidade.

127
E.2 Avaliação dos impactes ambientais nos projectos de desenvolvimento

Avaliação económica total


A medida monetária de uma alteração do bem-estar de um outros, e não está ligado a uma utilização actual ou futura. O
indivíduo devida a alterações da qualidade ambiental é desig- valor de património é o valor atribuído pela geração actual à
nada por valor económico total da alteração. O valor econó- preservação do ambiente para as gerações vindouras. Os valo-
mico total de um recursos pode ser dividido em valores de res de não utilização são menos tangíveis do que os valores
utilização e valores de não utilização. de utilização, uma vez que, frequentemente, não se referem a
Valor económico total = valores de utilização + valores de um consumo físico de bens ou serviços.
não utilização Os valores estão directamente ligados aos serviços ecoló-
Os valores de utilização incluem os benefícios resultantes da gicos produzidos pelos ecossistemas que os sustentam. Por
utilização física de recursos económicos como as actividades exemplo, a pesca depende da produtividade ecológica do
de recreio (pesca desportiva) ou as actividades produtivas ecossistema marinho e das terras irrigadas. A disponibilidade
(agricultura e silvicultura). O valor de oportunidade é classifi- de água está ligada à integralidade do ciclo hidrogeológico e
cado nesta categoria, mesmo que se refira apenas a utiliza- a qualidade da água de nascente depende da capacidade de
ções futuras. Isto resulta da combinação da incerteza do indi- filtragem do solo. Uma redução no fornecimento de recursos
víduo quanto à procura futura do recurso com a incerteza ecológicos (por exemplo, devido à poluição) depreciará,
relativa à disponibilidade do mesmo. Os valores de não utili- provavelmente, os valores atribuídos pelas pessoas à quali-
zação são relativos aos benefícios que os indivíduos podem dade do ambiente, tendo como resultado final uma redução
obter dos recursos ambientais sem directamente os utilizar. dos benefícios sociais que lhe estão associados.
Por exemplo, muitas pessoas apreciam os recursos ecológicos É importante compreender que o valor económico não mede a
tropicais sem directamente os consumir ou visitar. As compo- qualidade ambiental enquanto tal, mas reflecte as preferên-
nentes dos valores de não utilização são o valor de existência cias das pessoas por esta qualidade.
e o valor de património. O valor de existência mede a vontade A avaliação é “antropocêntrica”, na medida em que reflecte
de pagar por um recurso por motivos “morais”, altruístas ou as preferências dos indivíduos.

Valor económico total (VET)

Utilização Não utilização

Utilização Utilização Valor de Valor de património Valor de existência


directa indirecta oportunidade

Bens e Benefícios Utilizações futuras Consumo pela Valores fixos de


serviços funcionais geração futura não utilização
directamente correntes
consumidos

Tangibilidade

• Alimentos • Função de produção • Conservação das • Espécies e ecossistemas famosos


• Madeira e biomassa • Função ecológica funções • Alteração irreversível
• Lazer • Lazer ecológicas • Manutenção da vida
• Saúde • Função de regulação • Produção de
• Ensino biodiversidade
• Desporto • Manutenção das
paisagens
E.3 O que se faz ao medir os benefícios monetários?

positivas no ambiente local e global. Os


impactes ambientais típicos são os asso- E.3 O que se faz ao
ciados à qualidade do ar, às alterações medir os benefícios
climáticas, à qualidade da água, do solo e
das nascentes, à biodiversidade e à degra- monetários?
dação das paisagens, aos riscos tecnológicos Na prática, a avaliação económica serva para
e naturais. Estes impactes afectam o funcio- revelar (ou declarar) a vontade individual de
namento normal dos ecossistemas e redu- pagar (ou de receber) pelos benefícios asso-
zem (ou, em certos casos, aumentam) a ciados à utilização (consumo/fruição) de
qualidade dos serviços ecológicos forne- bens e serviços ambientais. O objectivo da
cidos pelos ecossistemas. A redução ou o avaliação é apreciar o valor económico total,
aumento de qualidade ou de quantidade tendo em conta a utilização explícita e implí-
dos bens e serviços ambientais produzirá cita de valores de não utilização. O conceito-
determinadas alterações, perdas ou ganhos, chave da metodologia é o do excedente dos
a par com os benefícios sociais associados consumidores (ou produtores).
ao seu consumo.
Quando estão disponíveis mercados de ser-
viços ambientais, a maneira mais fácil de
Por exemplo, uma infra-estrutura rodovi- medir o valor económico é utilizar o preço
ária deverá, normalmente, reduzir a super- do mercado pertinente. Por exemplo, quan-
fície de terras rurais utilizáveis, afectar as do a poluição marinha reduz as capturas de
paisagens rurais, aumentar a pressão sobre peixe, os valores do mercado para a pesca
a biodiversidade e reduzir a qualidade geral perdida observam-se facilmente nos merca-
do ar, em resultado do tráfego automóvel dos do peixe. Quando não existe um “merca-
na área. do”, o preço pode deduzir-se de processos de
avaliação não ligados ao mercado. É este o
caso, por exemplo, quando se mede o custo
Daqui resulta que cada um destes impactes social da poluição atmosférica urbana, não
reduzirá o fornecimento de serviços havendo qualquer mercado associado a esta
ambientais pelos ecossistemas e os benefí- poluição. No essencial, coexistem duas abor-
cios económicos, como a actividade agrí- dagens em matéria de avaliação, cada uma
cola, a fruição da paisagem e outras activi- delas assente em diferentes técnicas (ver grá-
dades de lazer associadas à utilização fico): a abordagem indirecta procura deduzir
económica da área. Por outro lado, os preferências das informações efectivamente
investimentos nas instalações de trata- observadas no mercado, enquanto que a
mento de resíduos reduzirão os impactes abordagem directa se baseia na simulação de
ambientais negativos no solo e na água e bens no mercado e recorre a métodos de
aumentarão os benefícios económicos liga- inquérito e de experimentação.
dos ao fornecimento de serviços de alta
qualidade ambiental aos agentes econó- E.3.1. Despesas de prevenção e custos
micos (consumidores e produtores). evitados
Quando se verificam alterações na qualidade
do ambiente, as reacções das empresas e das
Não tomar em consideração os impactes famílias podem ser observadas através do
ambientais, pelo cálculo das externali- montante gasto para atenuar os impactes.
dades, levaria a uma sobreavaliação ou a Assim, as despesas em matéria de isolamento
uma subavaliação dos benefícios sociais sonoro podem reflectir a opinião das famílias
do projecto e a decisões económicas sobre o ruído, e as despesas na renovação dos
incorrectas. edifícios podem reflectir o desejo de reduzir

129
E.3 O que se faz ao medir os benefícios monetários?

Conceitos e técnicas
de avaliação
Métodos directos Métodos indirectos

Mercados sub-rogados Mercados hipotéticos

Despesas Preços Custos de Avaliação Método


defensivas hedonistas deslocação contingente dose-efeito

a poluição atmosférica. As despesas defen-


sivas são utilizadas para avaliar a degradação Infra-estrutura
ambiental, e os custos evitados são utilizados
de preferência na avaliação das melhorias da
qualidade ambiental. Impactes ambientais na
água, no solo, no ar e na
A este método estão associados diversos pro- biodiversidade
blemas: Função de
prejuízo
• Os indivíduos ou as empresas podem Prejuízos nos materiais, nos
adoptar mais do que uma forma de edifícios, nas culturas e
comportamento defensivo em reacção a noutros receptores
qualquer alteração ambiental: em vez de Custo População
gastar dinheiro na renovação de edifícios, marginal (ou
os proprietários podem, por exemplo, pre- para atenuar receptores)
Os impactes Despesas defensivas totais total
ferir vendê-los e mudar de casa.
(euros/ abrangida
• O comportamento que visa evitar os unidade)
impactes pode ter outros efeitos positivos
que não são expressamente considerados. Benefícios associados à
Assim, por exemplo, o isolamento sonoro qualidade do ambiente
pode reduzir o desperdício de calor de
uma habitação.
• Muitas das despesas defensivas são não (os efeitos) e os impactes ambientais físicos
contínuas e constituem decisões irreversí- como a poluição (dose). A técnica é utilizada
veis, como a colocação de vidros duplos quando a relação entre a causa do prejuízo
que, uma vez instalados, ficaria caro reti- ambiental – como a poluição do ar e da água
rar. Neste contexto, pode ser difícil medir – e os efeitos – a morbilidade devida a esta
outras variações futuras da qualidade do poluição do ar ou da água contaminada por
ambiente. produtos químicos, por exemplo – está bem
definida. A técnica baseia-se em informações
Pelos motivos apontados, este método mui- de ciência natural sobre os efeitos físicos da
tas vezes sobreavalia ou subavalia os benefí- poluição e utiliza esta informação no quadro
cios associados às alterações da qualidade do de um modelo económico de avaliação. A
ambiente. avaliação económica será efectuada através
de estimativa, considerada como função de
E.3.2. Funções dose-efeito produção de utilidade, das variações nos
A técnica dose-efeito serve para estabelecer lucros das empresas ou das perdas ou ganhos
uma relação entre os impactes no ambiente dos indivíduos.

130
E.3 O que se faz ao medir os benefícios monetários?

As duas etapas do método são as seguintes:


Exemplo de utilização de
• cálculo da dose de poluição e da função de
recepção, preços hedonistas para uma
• avaliação económica pela escolha de um
avaliação económica do ruído
Após a ampliação de um aeroporto, os índices de
modelo económico.
ruído B na vizinhança aumentaram 10 pontos (de
forma que ∆B se presume igual a 10). Para um
Para apreciar os ganhos ou perdas monetá- número L de 15.000 habitações situadas nesta
rios devidos à variação da qualidade área, um valor médio V de 100.000 euros e para
ambiental, é necessário proceder à análise uma elasticidade do valor das habitações e igual a
de processos biológicos e físicos, das suas 0,5, o custo social do ruído pode ser calculado do
interacções com as decisões dos agentes seguinte modo:
económicos (consumidores ou produtores)
e do efeito final sobre o bem-estar social. C = ∆B x e x V x L

Os principais domínios de aplicação do


método são a avaliação das perdas (por
exemplo, nas culturas) devidas à poluição,
dos efeitos poluentes nos ecossistemas, na E.3.4. Método do custo do trajecto
vegetação e na erosão do solo e dos impac-
tes da poluição do ar nas cidades sobre a Esta abordagem pretende avaliar a dispo-
saúde, os materiais e os edifícios. sição dos indivíduos para pagar por um
bem ou serviço ambiental, com base nos
E.3.3. Método dos preços hedonistas custos requeridos para o consumir. O custo
de consumo inclui os custos de deslocação,
A técnica dos preços hedonistas analisa os
as tarifas de entrada, as despesas no local e
mercados existentes de bens e serviços
as despesas de equipamento necessárias
quando os factores ambientais têm uma
para o consumo. O seu método é geral-
influência nos preços. Este método é mais
mente utilizado para calcular o valor de
frequentemente utilizado para analisar o
actividades exteriores de lazer como a pes-
efeito da qualidade do ambiente sobre os
ca, a caça ou os passeios de barco ou na flo-
preços da habitação. Uma casa situada, por
resta. Assim, por exemplo, uma visita a um
exemplo, próximo de um aeroporto pode
parque natural implica uma perda de tem-
presumir-se menos cara do que uma outra
po (na deslocação), um preço de entrada, a
mais afastada, devido à poluição sonora. A
gasolina e outros custos de deslocação.
diferença de valor pode ser vista como o
Estes elementos são utilizados para avaliar
valor atribuído à diferença de qualidade
uma curva de procura de um bem ambien-
ambiental. Devido ao grande número de
tal baseada na relação entre os custos do
características que influenciam os preços,
trajecto e o número de visitantes.
são geralmente utilizadas técnicas econo-
métricas para isolar o valor de uma caracte-
rística individual. Como apenas de avaliam os custos verda-
deiramente ligados ao consumo directo dos
Este método de atribuição de preços foi serviços ambientais, o método não permite
aplicado à mão-de-obra e para medir os calcular os valores de não utilização (valor
benefícios ou custos associados a uma de oportunidade e valor de existência).
redução ou aumento dos acidentes de tra- Podem ser igualmente identificadas algu-
balho. mas outras limitações, como a avaliação do

131
E.3 O que se faz ao medir os benefícios monetários?

tempo de lazer ou certas dificuldades tal geral e à metodologia utilizada (em


econométricas específicas. especial ao método de pagamento).
• O entrevistador interroga sobre a dispo-
E.3.5. Métodos baseados em mercados sição para pagar ou para aceitar uma
hipotéticos: o método da avaliação indemnização.
contingente • São feitas perguntas sobre as caracterís-
Em estudos de avaliação contingente, pede- ticas socioeconómicas (rendimento,
se directamente às pessoas que exprimam a posição social, etc.) e demográficas (ida-
sua disposição para pagar por um benefício de, situação familiar, etc.), para obter
ou para evitar um custo ou para aceitar uma informação de contexto e facilitar a
uma indemnização por uma perda. O extrapolação da amostra para a popu-
método baseia-se na utilização de um ques- lação pertinente.
tionário, que pode ser apresentado por
correio electrónico, por telefone ou presen- O método contingente é, provavelmente, o
cialmente. Os interessados são convidados mais aplicado entre as técnicas de avaliação
a responder a questões como as seguintes económica e é o único a ser utilizado exten-
(no caso, por exemplo, de um questionário sivamente para o cálculo dos valores de não
sobre a redução da poluição atmosférica): utilização ou do valor de oportunidade. A
avaliação contingente pode suscitar poten-
ciais problemas decorrentes da estrutura do
“Quanto está disposto a pagar por uma
questionário e das numerosas fontes de
redução da poluição atmosférica na cidade
erro potenciais que lhe estão associadas,
ou quanto está disposto a aceitar como
nomeadamente em relação aos modos de
compensação por um nível medíocre de
pagamento (quando o método de paga-
qualidade do ar?”
mento afecta o valor calculado), a pontos
de partida falseados (quando os valores são
O questionário é estruturado de forma a sugeridos ao entrevistado e influenciam a
poder apreciar a disposição máxima do sua resposta), a cálculos distorcidos (quan-
interessado para pagar. Numa segunda fase, do o entrevistado não faz distinção entre a
são utilizadas técnicas econométricas para sua disposição para pagar pelo bem que é
deduzir um valor médio dos resultados do objecto da avaliação e a sua disposição total
inquérito. Seguidamente, numa terceira para pagar pelo ambiente em geral) e a
fase, este último valor é multiplicado pelo outras fontes de erro menores.
número de pessoas interessadas, para apu-
rar a disposição total da população em cau- E.3.6. Transferência de benefícios
sa para pagar o serviço ambiental. O mer- Quando os dados estão indisponíveis, a sua
cado é designado por contingente porque obtenção é cara, há falta de tempo ou por
se constrói um mercado hipotético por outras razões políticas, é de considerar a
meio de técnicas de cenário(s). possibilidade de transpor valores de dados
já disponíveis de outros estudos (sobre
Geralmente, o questionário é organizado outros locais) para o novo contexto de
em três partes distintas: avaliação. A este exercício chama-se “trans-
ferência de benefícios”. Não podem espe-
• Uma parte introdutória é dedicada à des- rar-se da transferência de benefícios esti-
crição do bem ou serviço ambiental que é mativas precisas, mas este método pode
objecto do inquérito (qualidade da água, contribuir para classificar diferentes opções
poluição do ar, contaminação do solo, políticas de redução dos impactes ambien-
redução da biodiversidade ou outros pro- tais. Esta transferência de benefícios é
blemas ambientais), ao contexto ambien- geralmente efectuada em três etapas:

132
E.3 O que se faz ao medir os benefícios monetários?

• compilação da literatura existente sobre Foram criadas algumas bases de dados com a
o tema em estudo (actividades de lazer, finalidade de facilitar as transferências de
saúde humana, poluição do ar e da água, benefícios. É o caso da base de dados EVRI,
etc.); desenvolvida pela Environment Canada e
• avaliação da comparabilidade dos estu- pela Environment Protection Agency. Na
dos seleccionados (similaridade dos ser- base de dados estão actualmente disponíveis
viços ambientais avaliados, diferenças de mais de 700 estudos, mas só uma minoria
rendimento, de instrução, de idade e de são de origem europeia, o que reduz a utili-
outras características socioeconómicas dade da base de dados num contexto euro-
que possam afectar a avaliação); peu de avaliação.
• cálculo dos valores e sua transposição para
o novo contexto de avaliação. À excepção, eventualmente, do método de
transferência de benefícios, a utilização dos
Quando existem vários estudos originais métodos acima referidos depende do contex-
disponíveis, é possível efectuar uma meta- to socioeconómico, do tipo de impacte
análise para associar os valores obtidos às ambientais estudados e de outras caracterís-
suas diferentes características ambientais ou ticas como o custo e o tempo necessário para
socioeconómicas. efectuar uma nova avaliação num novo local.

Há três técnicas que podem ser utilizadas A lista acima indica os principais tipos de
para a transferência de benefícios: custos e de benefícios que uma análise cus-
tos-benefícios deve apreciar. Percorrendo a
• a transferência da média de benefícios, lista, afigura-se cada vez mais difícil deduzir
quando se presume que a afectação ao estimativas credíveis do valor que as pessoas
bem-estar experimentada pela média dos atribuem a um bem e haverá, provavelmente,
indivíduos de um local é igual à esperada mais desacordo sobre a utilização de avalia-
no novo local; ções baseadas nas preferências do público.
• a transferência de valores ajustados, quan- Consequentemente, quanto mais se desce na
do a média é ajustada segundo diferentes lista, mais numerosos são os métodos de
critérios, como o das características socio- avaliação que tomam em consideração ele-
económicas dos indivíduos, a diferença de mentos éticos, como a consulta pública ou a
qualidades e de disponibilidade; análise multicritérios, que deverão ser facil-
• a transferência de funções de benefícios: a mente aceites pelos interessados, com um
relação existente é aplicada com os dados maior consenso do que no caso da análise em
relativos ao novo local. valores monetários.

Ordem Impactes Exemplos Técnicas de referências


1 Productos comercializados • Fornecimento de alimentos, de carburante, • Preços do mercado
de madeira e de peixe • Comportamento defensivo
2 Impactes nos bens não • Qualidade do ar ou existência de ruídos com • Preços hedonistas
comercializados cujo valor é reflexo no preço das casas
indirectamente reflectido
noutros bens
3 Serviços ambientais que os • Equipamentos de lazer, por exemplo, para • Preços hedonistas
indivíduos podem avaliar com a pesca, passeios de barco ou a pé • Custo do trajecto
relativa facilidade em termos • Numerosos serviços de parques nacionais • Avaliação contingente
monetários • Mirantes espectaculares • Comportamento defensivo
4 Impactes menos tangíveis • Impactes estéticos da poluição ou • Custos de protecção
sobre o bemestar humano paisagem degradada • Avaliação contingente
ainda não cobertos • Impactes nas funções ecológicas, como a
perda de biodiversidade ou a regulação
climática
5 Valores de não utilização • Certas funções ecológicas • Avaliação contingente
• Valor de oportunidades
• Valor de patrimonio ou de existência

133
E.4 As diferentes etapas de uma análise custos-benefícios

E.4 As diferentes os benefícios sociais decorrentes do seu


consumo. Nesta fase, deve ser elaborada
etapas de uma análise uma lista das pessoas em questão.
custos-benefícios 4. A escolha de um método de avaliação e de
validação do valor monetário calculado.
A análise monetária é geralmente dividida O método de avaliação mais satisfatório
em diferentes etapas, que são as seguintes: será escolhido em função do tipo de pro-
jecto, dos bens e serviços ambientais e do
1. A definição e descrição técnica das diver- contexto geral socioeconómico e político.
sas opções do projecto. Deverá ser junta No quadro de um processo de avaliação
aos estudos de viabilidade informação útil ideal, os interessados devem validar os
que permita formular o contexto técnico e valores calculados, para garantir um con-
socioeconómico do projecto. senso sobre a metodologia seleccionada.

2. A avaliação dos impactes ambientais e os 5. A escolha de uma taxa de actualização e a


prejuízos para o ecossistema e para a saú- estimativa dos benefícios ambientais
de humana associada aos diferentes cená- líquidos do projecto. A utilização de uma
rios disponíveis. No caso de projectos taxa de actualização pouco elevada é por
mais importantes, é normalmente exigida vezes justificada pelo facto de os impactes
uma análise de impacte ambiental que ambientais produzirem efeitos negativos a
contenha informações suficientes sobre os longo prazo. Algumas pessoas defendem
impactes locais mais significativos no ar, uma taxa de actualização igual a zero,
na água e na qualidade do solo. devido a considerações éticas relativas às
gerações vindouras. Em qualquer caso,
3. A descrição de efeitos externos e de agen- quando se produzem impactes ambien-
tes económicos afectados directa ou indi- tais significativos, deve ser escolhida uma
rectamente pelos impactes ambientais do taxa de actualização pouco elevada (cerca
projecto. Trata-se de descrever com maior de 3 a 5%), a fim de incluir determinados
precisão a relação entre o fornecimento de princípios éticos, como o princípio da
serviços ambientais pelos ecossistemas e precaução.

134
Anexo F
Capacidade para pagar e
avaliação do impacte distributivo

A capacidade dos consumidores para pagar preços virtuais. O euro contabilístico é


constitui uma questão importante na avali- ponderado para ter em conta efeitos distri-
ação dos projectos de investimento, especial- butivos sobre diferentes grupos sociais. A
mente em certos países. Os fluxos de receitas correcção é depois incluída na etapa seguinte
de um projecto tomarão, por exemplo, a for- da análise económica.
ma de tarifas pelos serviços ambientais como
o fornecimento de água ou o tratamento dos As preferências redistributivas públicas
resíduos. Uma análise da capacidade para exprimem-se neste caso ponderando49 o con-
pagar permitirá avaliar a aptidão dos consu- sumo global per capita (ou o rendimento)
midores para pagarem pelo menos uma par- para os diversos grupos de consumidores.
te das tarifas propostas e para contribuírem Quando existe uma desigualdade de rendi-
para as despesas de funcionamento e de mentos, um euro à margem não tem o mes-
manutenção, bem como os efeitos dos encar- mo valor para indivíduos com rendimentos
gos sobre a procura. Um estudo polaco ava- diferentes (por outras palavras, tem um peso
liou em 4% dos rendimentos das famílias o diferente na avaliação pública). Tomemos o
limite máximo possível, para os consumi- caso de uma sociedade composta por dois
dores, das tarifas de consumo da água. grupos de indivíduos, um grupo rico e um
grupo pobre, sendo o rendimento do grupo
Outra questão importante é a de tomar em pobre equivalente a metade do rendimento
consideração, na avaliação de um projecto de do grupo rico. Um aumento de um euro no
investimento, o efeito redistributivo, especi- preço de um bem de consumo (um numa
almente em determinadas regiões. taxa pela utilização de um serviço público),
não tem o mesmo efeito social para os dois
Quando a avaliação dos projectos é efectuada grupos. De facto, pode haver um impacte
do ponto de vista do sector público, a justiça duplo (do ponto de vista do bem-estar
distributiva poderá ser um dos factores do social) sobre o grupo pobre. O planificador
critério de bem-estar social susceptível de público exprime a sua intenção redistributiva
influenciar a escolha da intervenção pública. se tomar em consideração o facto de o con-
Por exemplo, uma intervenção tendente a sumo do grupo pobre ser mais importante
alterar o montante das taxas influencia os do que o do grupo rico. Se quisermos expri-
mecanismos distributivos. mir este efeito em termos monetários, a uni-
dade contabilística pode ser ponderada por
Para ter em conta os mecanismos distribu- coeficientes distributivos, considerando que,
tivos, existem dois métodos. no grupo pobre, cada euro corresponde a um
euro e, no grupo rico, cada euro corresponde
O primeiro consiste em atribuir coeficientes a meio euro. Aqui chegados, podemos recal-
de ponderação de bem-estar social (ver secção
sobre a análise multicritérios). Esta abor-
dagem permite incorporar certos objectivos 49
Esta ponderação não é comparável com a utilizada na análise
multicritérios, que exprime as preferências do organismo público
sociais dos planificadores públicos nos por objectivos sociais.

135
Capacidade para pagar e avaliação do impacte distributivo

cular os efeitos do projecto, incluindo estas Quadro 1 Exemplos de coeficientes de


considerações na análise económica. ponderação para o impacte distributivo
Cotação Peso Benefícios Impacte
O segundo método de avaliação do impacte (fc) distributivo
distributivo é a análise de impacte: tal como Rendimento elevado 0,5 1.200 600
no caso da avaliação ambiental, é efectuado Rendimento médio 0,7 1.000 700
Rendimento baixo 1 1.500 1.500
um estudo separado sobre a redistribuição Total 3.700 2.800
de rendimentos operada pelo projecto.
Define-se um indicador de desigualdade
social (por exemplo, um índex Gini50 da Quadro 2 Exemplo de análise de impacte
distributivo com o índex Gini
estrutura de consumo) e calcula-se se o pro-
Índex Gini Sem Com Impacte
jecto provoca um ganho ou uma perda em projecto projecto
termos de equidade. O resultado é seguida- Projecto A 0,6 0,7 +
mente utilizado como instrumento de análi- Projecto B 0,6 0,5 -
se multicritérios (ver 2.6).

50
O índex Gini incorpora informações muito detalhadas numa esta-
tística única que resume a dispersão de rendimentos de uma
população. Pode ser expresso sob a forma de proporção ou de
percentagem. É igual a 0 quando a distribuição é totalmente igua-
litária. Se o rendimento total da sociedade estiver concentrado
numa única família, deixando as outras sem qualquer rendi-
mento, então o índex Gini é igual a 1, isto é, a 100%.

136
Anexo G
Quadro sintético de um estudo
de viabilidade
A.1 Síntese

1.1 Promotores do projecto e autoridades 1.5 Descrição sucinta do relatório de avaliação


1.2 Objecto da análise 1.5.1 Autores do presente relatório
1.2.1 Designação do projecto 1.5.2 Âmbito do relatório, ligações com outros projectos
1.2.2 Descrição sucinta do projecto 1.5.3 Metodologia da análise do projecto
1.2.2.1 Sector 1.6 Principais resultados da análise
1.2.2.2 Localização 1.6.1 Rentabilidade financeira
1.2.2.3 Área afectada pelo projecto (regional, 1.6.2 Rentabilidade económica
nacional, internacional) 1.6.3 Impacte no emprego
1.3 Objectivos dos promotores 1.6.4 Impacte ambiental
1.4 Experiências anteriores com projectos similares 1.6.5 Outros resultados

A.2 Contexto socioeconómico

2.1 Elementos relevantes do contexto socioeconómico dades nacionais (governos centrais, regiões,
2.1.1 Aspectos territoriais e ambientais outras); pessoas privadas
2.1.2 Elementos demográficos 2.2.3 Cobertura financeira por parte das fontes acima
2.1.3 Elementos socioculturais referidas
2.1.4 Aspectos económicos 2.2.4 Obrigações administrativas e processuais; autori-
2.2 Aspectos institucionais e políticos dades decisoras do projecto; obrigações de
2.2.1 Perspectiva política geral programação territorial; licenças/autorizações;
2.2.2 Fontes de financiamento (especificar se se trata exigências para as licenças e incentivos
de empréstimos ou de subvenções); instrumentos 2.2.5 Tempos de espera para: licenças/autorizações;
comunitários (FEDER, BEI, FC, FSE, etc.); autori- licenças/incentivos a pagar

A.3 Oferta e procura dos produtos do projecto

3.1 Expectativas potenciais relativas à procura 3.3 Estratégia proposta


3.1.1 Necessidades encontradas pelo projecto durante 3.3.1 Produtos
um período determinado 3.3.2 Preços
3.1.2 Tendências actuais e futuras da procura 3.3.3 Promoção
3.1.3 Análise da procura por tipo de consumidores 3.3.4 Distribuição
3.1.4 Meios de aquisição ou de distribuição 3.3.5 Comercialização
3.1.5 Estudos específicos de mercado: resultados 3.4 Estimativa da percentagem de utilização potencial
3.2 Concorrência 3.4.1 Previsões de venda para o projecto
3.2.1 Características da oferta de produtos similares 3.4.2 Quotas de mercado, cobertura das quotas de dife-
3.2.2 Estrutura concorrencial, se existe ou se pode ser rentes necessidades
prevista Previsões de hipóteses e de técnicas
3.2.3 Factores de sucesso

A.4 Outras tecnologias e plano de produção

4.1 Descrição de opções tecnológicas significativas 4.8.1 Programação e saber-fazer


4.2 Selecção de uma tecnologia apropriada 4.8.2 Construções
4.3 Construções e instalações 4.8.3 Maquinaria
4.4 Factores físicos de produção 4.9 Programa de produção durante o horizonte temporal
4.5 Exigências em pessoal do projecto
4.6 Exigências em energia 4.10 Oferta combinada
4.7 Fornecedores de tecnologia 4.11 Organização da produção
4.8 Custos de investimento

A.5 Recursos humanos

5.1 Diagrama organizacional 5.3.1 Pessoal administrativo


5.2 Lista do pessoal e dos parâmetros salariais 5.3.2 Técnicos
5.2.1 Gestores 5.3.3 Outros
5.2.2 Trabalhadores administrativos 5.4 Processos de locação
5.2.3 Técnicos 5.5 Processos de formação
5.2.4 Trabalhadores manuais 5.6 Custos anuais (antes e depois do lançamento do
5.3 Serviços externos projecto)

137
Quadro sintético de um estudo de viabilidade

A.6 Localização

6.1 Critérios ideais para a localização 6.3.5 Gestão de resíduos


6.2 Diferentes alternativas 6.3.6 Regulamentações governamentais
6.3 Escolha do local e suas características 6.3.7 Políticas das autoridades locais
6.3.1 Condições climáticas, aspectos ambientais 6.3.8 Descrição do local pré-seleccionado
(se pertinente) (detalhes em anexo)
6.3.2 Local ou território 6.4 Custo do terreno e preparação do local
6.3.3 Transportes e comunicações 6.5 Disponibilidade do local
6.3.4 Fornecimento de água e electricidade 6.6 Exigências de infra-estrutura

A.7 Execução

7.1 Análise da duração da construção e do lançamento 7.1.7 Estrutura organizacional


(ciclo do projecto) 7.1.8 Recrutamento de pessoal
7.1.1 Selecção do grupo de gestão do projecto 7.1.9 Recrutamento e formação de pessoal
7.1.2 Definição do sistema de informação 7.1.10 Acordos de fornecimento
7.1.3 Negociações relativas à aquisição de saber-fazer 7.1.11 Acordos de distribuição
e de maquinaria 7.2 Diagrama de barras (ou diagrama PERT) das fases
7.1.4 Plano de construção e previsão de contrato(s) principais
7.1.5 Negociações financeiras 7.3 Principais informações sobre o tempo de execução a
7.1.6 Aquisição de terreno(s) e licenças ter em conta na análise financeira

A.8 Análise financeira

8.1 Pressupostos de base de análise financeira 8.8 Plano financeiro (quadro mostrando o cash-flow de
8.1.1 Horizonte temporal cada ano)
8.1.2 Preços dos factores de produção e dos produtos 8.9 Balanço (créditos e dívidas)
do projecto 8.10 Conta de perdas e lucros
8.1.3 Taxa real de actualização financeira 8.11 Determinação do cash-flow líquido
8.2 Investimentos fixos 8.11.1 Cash-flow líquido para calcular o rendimento total
8.3 Despesas antes de produção (goodwill) do investimento (investimentos no projecto)
8.4 Capital de trabalho 8.11.2 Cash-flow líquido para calcular o rendimento dos
8.5 Investimento total fundos ou do capital (público/privado) dos
8.6 Receitas e custos operacionais interessados
8.7 Fontes de financiamento 8.12 Valor actual líquido/taxa interna de rentabilidade

A.9 Análise socioeconómica

9.1 Unidade de conta e de actualização para a análise 9.3.5 Benefícios não monetários, incluindo os aspectos
custos-benefícios ambientais
9.2 Análise dos custos sociais 9.4 Taxa de rentabilidade económica ou valor actual
9.2.1 Distorções dos preços dos produtos líquido do projecto em termos monetários
9.2.2 Distorções dos salários 9.5 Critérios de avaliação adicionais
9.2.3 Aspectos fiscais 9.5.1 Apresentação dos resultados em termos de objec-
9.2.4 Custos externos tivos gerais das políticas comunitárias
9.2.5 Custos não monetários, incluindo os aspectos 9.5.2 Aumento do rendimento social comunitário
ambientais 9.5.3 Redução das disparidades do PNB por habitante
9.3 Análise das vantagens sociais entre regiões da UE
9.3.1 Distorções do preço dos produtos 9.5.4 Aumento da taxa de emprego
9.3.2 Benefícios sociais de uma melhoria do emprego 9.5.5 Melhoria da qualidade do ambiente
9.3.3 Aspectos fiscais 9.5.6 Outros objectivos da Comissão e das autoridades
9.3.4 Benefícios externos regionais e nacionais

A.10 Análise dos riscos

10.1 Definição das variáveis essenciais que contribuem 10.1.5 Varáveis financeiras
para a análise de sensibilidade 10.1.6 Variáveis económicas
10.1.1 Variáveis relativas à oferta e à procura 10.2 Cenário(s) de simulação, mais favorável e menos favo-
10.1.2 Variáveis relativas aos produtos rável
10.1.3 Recursos humanos 10.3 Análise de probabilidades
10.1.4 Duração e variáveis de execução

138
Glossário
Alguns termos chaves para
a análise dos projectos

Glossário básico Avaliação final: avaliação efectuada imedia-


tamente após a realização do projecto. Serve
para determinar se, e em que medida, os
Análise de projecto: exame de um projecto
resultados esperados foram atingidos e quais
para apreciar a sua pertinência através da
comparação entre os custos e benefícios que foram os factores de sucesso ou de insucesso.
lhe estão associados, a fim de determinar se,
segundo as diferentes opções consideradas, Avaliação in itinere (avaliação “de percur-
permitirá atingir correctamente os objectivos so”): avaliação efectuada de forma concomi-
fixados. tante à execução do projecto, para permitir
uma eventual reorientação. Incide, principal-
Período curto: período de tempo, no proces- mente, nas primeiras realizações e nos pri-
so de produção, durante o qual os factores meiros resultados que permitam um juízo
fixos de produção não podem ser alterados. inicial sobre a qualidade da execução.

Ciclo do projecto: série de actividades neces- Identificação: selecção de projectos possíveis


sárias e pré-definidas para cada projecto. no âmbito de um programa de intervenção,
Nela se distinguem diversas fases, como a que serão, em seguida, objecto de um estudo
programação, a identificação, a formulação, específico de pré-viabilidade.
o financiamento, a execução e a avaliação.
Período longo: período de tempo correspon-
Estudo de viabilidade: estudo de um projec- dente ao processo de produção, suficiente-
to proposto, para determinar se é suficiente- mente longo para que todas os factores de
mente interessante para justificar uma produção possam variar, mas não suficiente
preparação mais detalhada.
para mudar os processos tecnológicos de
base utilizados.
Avaliação ex ante: avaliação prévia, efectuada
para fundamentar a decisão de financia-
Execução: fase durante a qual é realizada a
mento. Serve para conceber o projecto da
intervenção e ficam inteiramente operacio-
forma mais coerente e pertinente possível,
fornece a base necessária para a fiscalização e nais as actividades previstas de produção ou
avaliações posteriores e permite assegurar, na de serviço. Durante esta fase, é necessário
medida do possível, que os objectivos sejam lançar a actividade de controlo e, se for caso
quantificados. disso, a avaliação in itinere.

Avaliação ex post: avaliação efectuada algum Controlo: exame sistemático ao estado de


tempo depois da realização do projecto. Tem adiantamento de um projecto, em função de
por objectivo verificar o impacte efectivo, por um calendário pré-estabelecido e com base
comparação com os objectivos globais ini- em indicadores significativos e representa-
ciais. tivos.

139
Análise financeira

Período contabilístico: intervalo entre as futuro, pela aplicação de uma taxa de actua-
entradas sucessivas numa conta. Na análise lização, por exemplo, multiplicando os valo-
do projecto, o período contabilístico é geral- res futuros por um coeficiente que diminui
mente o ano, mas pode ser qualquer outro com o tempo.
período de tempo adequado.
Análise financeira: análise que permite pre-
Programa: série coordenada de projectos dis- ver quais os recursos financeiros que
tintos em relação ao qual estão claramente cobrirão as despesas. Permite, nomeada-
definidos o quadro político, o objectivo, o mente, 1. verificar e garantir o equilíbrio de
orçamento e os prazos. tesouraria (verificação da viabilidade finan-
ceira); 2. calcular os índices de rentabilidade
Projecto: actividade de investimento na qual financeira do projecto de investimento com
são aplicados recursos (os custos) com vista a base nos fluxos de tesouraria líquidos actua-
criar activos que permitam produzir benefí- lizados, exclusivamente em relação à unidade
cios durante um período de tempo prolon- económica que gere o projecto (empresa,
gado e possuindo, logicamente, uma unidade organismo de gestão).
de programação, de financiamento e de exe-
cução. Um projecto constitui, portanto, uma Benefício líquido: montante que resta depois
actividade definida, com um ponto de parti- de todos os fluxos de saída serem subtraídos
da e um ponto de chegada específicos, desti- dos fluxos de entrada. Actualizando o bene-
nada a atingir um objectivo preciso. Pode ser fício líquido antes do financiamento, mede-
igualmente considerado como o mais peque- se o valor acrescentado do projecto em
no elemento operacional preparado e execu- relação a todos os recursos aplicados; actua-
tado como entidade distinta no interior de lizando o benefício líquido após o financia-
um plano ou programa nacional. Um projec- mento, mede-se o valor acrescentado do pro-
to pode produzir benefícios avaliáveis em jecto em relação aos fundos próprios apli-
termos monetários ou benefícios intangíveis. cados.

Projectos independentes: projectos que Contabilidade de caixa: método de registo


podem, em princípio, ser empreendidos ao das operações contabilísticas no momento
mesmo tempo. Devem distinguir-se de pro- em que se verificam os movimentos de caixa.
jectos mutuamente exclusivos. Distingue-se da contabilidade de exercício.

Projectos mutuamente exclusivas: projectos Contabilidade de exercício: método que


que, por natureza, se excluem, de forma que, regista nas contas financeiras as receitas e as
se um é seleccionado, o outro não pode sê-lo. despesas relativas ao período a que se refe-
rem, independentemente de a operação de
Unidade de conta: medida que permite caixa correspondente ter sido efectuado
adicionar ou subtrair elementos de naturezas antes ou depois.
diferentes. O euro pode ser a unidade de con-
Custo de oportunidade: valor de um recurso
ta para a avaliação de projectos financiados
na sua melhor utilização alternativa. Para a
pela UE.
análise financeira, o custo de oportunidade
de um factor de produção adquirido é sem-
pre o seu valor de mercado. Na análise
Análise financeira económica, o custo de oportunidade de um
factor de produção adquirido é o valor do
Actualização: processo de cálculo do valor seu produto marginal na sua melhor utili-
presente de um custo ou de um benefício zação alternativa, no caso de bens e serviços

140
Análise financeira

intermédios, e o seu valor de utilização Taxa de rentabilidade financeira: taxa inter-


(avaliado pela disponibilidade para pagar), na de rentabilidade calculada utilizando
no caso de bens e serviços finais. valores financeiros e que exprime a rentabili-
dade financeira de um projecto.
Cenários com e sem projecto: na análise do
projecto, a comparação pertinente a efectuar Taxa interna de rentabilidade: taxa de actua-
é entre o benefício líquido caso o projecto se lização pela qual um fluxo de custos e de
concretize e o benefício líquido na ausência benefícios tem um valor actual líquido igual
do projecto, para assim medir o benefício a zero. Fala-se de taxa de rentabilidade finan-
suplementar que pode ser atribuído ao pró- ceira (TRIF) quando os valores são calcu-
prio projecto. lados a preços de mercado, e de taxa de renta-
bilidade económica (TRIE) quando os valo-
Preços constantes: preços referidos a um res são calculados a preços fictícios. A taxa
ano, adoptados com a finalidade de excluir a interna de rentabilidade é comparada a um
inflação dos dados económicos. Podem ser valor de referência para avaliar o desem-
utilizados tanto em relação aos preços de penho do projecto proposto.
mercado como aos preços fictícios. Distin-
guem-se dos preços correntes. Taxa de actualização: taxa à qual são consi-
derados os valores futuros. As taxas de actua-
lização financeira e económica podem dife-
Preços correntes (preços nominais): preços
rir, tal como os preços de mercado podem
efectivamente observados num dado perío-
diferir dos preços fictícios.
do. Incluem os efeitos da inflação e distin-
guem-se dos preços constantes.
Taxa limite: taxa abaixo da qual um projecto
se considera não admissível. É frequente-
Preços fictícios: v. em “Análise económica”. mente considerada como sendo igual ao cus-
tos de oportunidade do capital. É a taxa
Preço de mercado: preço pelo qual um bem interna de rentabilidade mínima admissível
ou serviço é comercializado no mercado. É para um projecto ou a taxa de actualização
este que deve ser utilizado na análise finan- utilizada para calcular o valor actual líquido,
ceira. a relação benefícios líquidos/investimentos
ou a relação custo-benefício.
Preço relativo: valor de troca entre dois bens,
constituído pela relação entre os seus preços Taxa real: taxa deflacionada para excluir as
nominais. alterações do nível geral de preços (por
exemplo, as taxas de juro reais são as taxas de
Relação custo-benefício: valor presente da juro nominais menos a taxa de inflação).
soma dos benefícios dividido pelo valor pre-
sente da soma dos custos. É frequentemente Valor actual líquido (VAL): valor obtido
utilizado como critério de selecção: são quando ao valor actualizado dos custos futu-
admissíveis todos os projectos independentes ros se deduz o valor actualizado dos benefí-
que tenham uma relação benefício-custo, cios futuros. Distingue-se o valor actual
calculada com uma taxa de actualização líquido económico (VALE) e o valor actual
pertinente (frequentemente, o custo de opor- líquido financeiro (VALF).
tunidade do capital), igual ou superior à uni-
dade. Não pode ser utilizado para fazer uma Valor residual: valor actual líquido do activo
escolha entre alternativas mutuamente e do passivo no último ano do período selec-
exclusivas. cionado para a avaliação.

141
Análise económica

Análise económica tos privados na medida em que os preços de


mercado diferem dos preços fictícios (custo
social = custo privado + custo externo).
Análise custos-benefícios: abordagem teóri-
ca aplicada à avaliação sistemática quantita- Distorção: efeito pelo qual o preço efectivo
tiva de um projecto público ou privado, para de mercado de um bem se diferencia do
determinar se, ou em que medida, o projecto preço observado na ausência de políticas
é oportuno numa perspectiva pública ou públicas que criem esta diferença, ou de defi-
social. ciências do mercado como o regime de
monopólio, ou em presença de externali-
A análise custos-benefícios diferencia-se de dades, impostos indirectos, direitos, tarifas,
uma simples análise financeira pelo facto de etc.
considerar todos os ganhos e perdas, inde-
pendentemente da matéria a que se referem. Disponibilidade para pagar: soma que os
A ACB implica normalmente a utilização de consumidores estão dispostos a pagar por
preços fictícios. Os resultados podem ser um bem ou um serviço final. Se a disponibi-
expressos de várias maneiras, nomeada- lidade de um consumidor para pagar ultra-
mente a taxa interna de rentabilidade, o valor passa o preço de mercado, o consumidor
actual líquido e a relação custo-benefício. beneficia de um rendimento (avaliado pelo
excedente do consumidor).
Análise (socio)económica: análise efectuada
utilizando valores económicos (preços fictí- Externalidades: efeito do projecto verificado
cios) que exprimem o valor que a sociedade for do próprio projecto e, consequente-
está disposta a pagar por um bem ou serviço. mente, não incluído na análise financeira.
Geralmente, a análise económica avalia os Surge uma externalidade quando a produção
bens ou serviços pelo seu valor de utilização ou o consumo de um bem ou de um serviço
ou pelo seu custo de oportunidade para a por uma unidade económica tem um efeito
sociedade (trata-se, frequentemente, de um directo no bem-estar de outras unidades de
preço na fronteira, no caso das mercadorias produção ou de consumo, sem por isso haver
comercializáveis). Tem o mesmo sentido que compensações financeiras entre estas unida-
a análise custos-benefícios. des. As externalidades podem ser positivas ou
negativas.
Bens comercializáveis: bens que podem ser
comercializados internacionalmente, não Factor de conversão: número que pode ser
havendo políticas comerciais restritivas. multiplicado pelo preço de mercado naci-
onal ou pelo valor de utilização de um bem
Bens não comercializáveis: bens que não não comercializável para o converter em
podem ser importados ou exportados, por preço fictício.
exemplo, serviços locais. Na análise econó-
mica, os bens não comercializáveis são avali- Preço na fronteira: preço unitário de um
ados pelo valor do seu produto marginal, bem comercializável na fronteira de um país.
caso se trate de bens ou serviços intermédios, Para as exportações, é o preço FOB (franco a
ou segundo o critério da disponibilidade bordo) e para as importações o preço CIF
para pagar, caso se trate de bens ou serviços (custo, seguro, frete).
finais.
Preço fictício: custo de oportunidade dos
Custos e benefícios socioeconómicos: custos bens, geralmente diferente do preço de mer-
de oportunidade ou benefícios para a econo- cado e das tarifas regulamentadas. Deve ser
mia no seu conjunto. Podem diferir dos cus- utilizado na análise de projecto para melhor

142
Outros elementos de avaliação

reflectir o custo económico real dos factores Análise de sensibilidade: técnica analítica
de produção e os benefícios reais dos produ- que permite testar de forma sistemática o
tos para a sociedade (v. Análise económica). efeito nas variáveis de saída de um projecto
(como os rácios de rentabilidade VAL e TIR),
Taxa de actualização social: opõe-se à taxa de as variações das variáveis de entradas (facto-
actualização financeira. Procura reflectir o res de produção, preços, taxas de actuali-
ponto de vista social sobre a forma como zação, etc.). Trata-se de um método bastante
deverá ser avaliado o futuro em relação ao rudimentar para tratar a incerteza sobre
presente. valores e acontecimentos futuros. É efectu-
ada fazendo variar um elemento ou uma
Taxa (interna) de rentabilidade económica combinação de elementos e determinando o
(TRE): indicador da rentabilidade socioeco- efeito desta alteração sobre os resultados.
nómica de um projecto. Pode ser diferente da
taxa de rentabilidade financeira (TRF), devi- Análise de impacte: avaliação das alterações
do a distorções de preços no mercado. A ou dos efeitos a longo prazo na sociedade
determinação da TRE implica a utilização de ligados aos objectivos globais e que podem
preços contabilísticos e o cálculo da taxa de ser atribuídos à intervenção realizada. O
actualização torna os benefícios do projecto impacte deve ser expresso na unidade de
iguais aos custos actuais. Por outras palavras, medida adoptada para indicar os problemas
o valor actual líquido económico (VALE) é que se pretende resolver.
igual a zero.
Análise de risco: estudo das probabilidades
de um projecto obter uma taxa de rentabili-
Outros elementos de dade satisfatória e da variabilidade em
avaliação relação à melhor estimativa da taxa de renta-
bilidade. Embora a análise de risco forneça
uma melhor base do que a análise de sensibi-
Análise custo-eficácia: técnica de avaliação e
lidade para avaliar o risco de um projecto
controlo utilizada quando os benefícios não
individual ou o risco relativo de projectos
podem, razoavelmente, ser calculados em
alternativos, nada faz, por si só, para dimi-
termos monetários. Habitualmente, é efectu-
nuir os riscos.
ada calculando o custo por unidade de bene-
fício; implica uma avaliação dos benefícios,
mas não lhes atribui necessariamente um Análise multicritérios: metodologia de avali-
valor monetário ou económico. ação que tem em conta, simultânea ou
sequencialmente, diversos objectivos através
Análise de viabilidade financeira: análise da atribuição de um peso a cada objectivo
efectuada para verificar que os recursos mensurável.
financeiros são suficientes para cobrir todas
as saídas financeiras, ano por ano, dentro da Análise SWOT: análise que descreve de for-
totalidade do horizonte temporal do projec- ma sistemática as características intrínsecas
to. tanto do projecto como do contexto no qual
este é realizado. Permite comparar diferentes
Análise de impacte ambiental: análise que cenários. Põe em evidência os factores inter-
identifica os efeitos no ambiente de um pro- nos que podem servir de apoio (forças-
jecto de investimento. Compreende a pre- strengths) ou que devem ser compensados
visão de potenciais emissões poluentes na (fraquezas-weaknesses) e os factores externos
água, no ar e no solo, as perdas de biodiversi- favoráveis (oportunidades-opportunities) ou
dades e de valores paisagísticos. desfavoráveis (ameaças-threats).

143
Outros elementos de avaliação

Cronograma: técnica utilizada para efectuar Determina os nexos lógico-temporais entre


uma estimativa realista e verificável do tem- as diferentes partes do projecto e calcula o
po necessário à realização de um projecto, tempo necessário para a sua realização
pondo em evidência os pontos críticos. propriamente dita.

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150
Addendum

No quadro da preparação deste manual, completa das externalidades sem deixar de


foram consultados os representantes dos ter em conta as incidências no ambiente, é
Estados-Membros no Grupo Técnico “Avali- muitas vezes necessário considerar a
ação”, vários serviços da Comissão e os parti- dimensão territorial: a análise económica
cipantes de seminários internos organizados deve cobrir os efeitos de arrastamento, sem-
na DR REGIO. Os autores receberam com pre que estes se produzem (por exemplo,
muito apreço os comentários formulados e num concelho, numa região ou num Estado
estão abertos a qualquer outra sugestão rela- vizinho)
tiva ao posterior desenvolvimento do docu-
mento. A título de exemplo, podemos citar um estu-
do recente do Prof. Beutel, da Universidade
A maior parte dos comentários foram toma- de Constance, segundo o qual 24% dos
dos em consideração no texto principal ou recursos financeiros atribuídos ao Objectivo
nos anexos. Outras observações são referidas nº 1 nas seis regiões menos desenvolvidas
a seguir, em resposta às questões mais inte- têm efeitos positivos noutras regiões mais
ressantes que foram levantadas no âmbito do desenvolvidas da UE (ver igualmente:
processo de consultas.
http://europa.eu.int/comm/regional_policy/
sources/docgener/studies/study_en.htm).
DEFINIÇÕES GERAIS, Taxa interna de rentabilidade (TIR) por
CONTEXTO E oposição ao valor actual líquido (VAL)
QUESTÕES TÉCNICAS Estes dois critérios são geralmente equiva-
lentes mas, se o VAL é, em princípio, mais
(capítulo 2) fiável do que a TIR, tem a desvantagem de ter
de ser expresso por um valor monetário, em
Impacte territorial vez de por um simples número. No entanto
O presente manual não trata especificamente TIR e VAL dão a mesma ideia dos resultados
a dimensão territorial da análise dos projec- esperados do projecto, desde que a taxa de
tos. O que não significa que o presente estu- actualização utilizada para calcular o VAL
do não seja aplicável em determinados casos. seja idêntica à taxa de rentabilidade mínima
Por exemplo, um projecto realizado numa requerida, utilizada para determinar se uma
região pode ter repercussões noutras regiões. TIR é “elevada” ou “fraca”. V. 2.5.5 e Anexos A
Há medidas comunitárias específicas para e B.
tratar de problemas transfronteiriços, mas
pode acontecer que um projecto realizado Externalidades
numa região do Objectivo nº 1 tenha efeitos As externalidades, definidas no glossário
positivos ou negativos numa região do (Análise económica) e em 2.5.2, referem-se
Objectivo nº 2 e vice-versa. Para identificar aos efeitos reais que os projectos têm sobre
um projecto (v. 2.2.1) e efectuar uma análise terceiros e que não são objecto de qualquer

151
OBSERVAÇÕES SUPLEMENTARES SOBRE SECTORES ESPECÍFICOS

compensação. O exemplo típico de externali-


dade negativa é a poluição. Uma “externali- OBSERVAÇÕES
dade pecuniária” é por vezes definida como o SUPLEMENTARES
impacte indirecto de um projecto (ou de
uma política) sob a forma de alteração de SOBRE SECTORES
preços. O presente manual não recomenda ESPECÍFICOS
que se tenha em conta este tipo de efeitos na
ACB. Em certos casos, uma parte da pro- Tratamento de resíduos
dução do projecto tem um preço nulo, por
A lista de incidências possíveis sobre o ambi-
exemplo, as estradas. Propomo-nos, então,
ente dos projectos de tratamento de resíduos
utilizar preços fictícios do benefício directo
(3.1.6) é meramente indicativa. São nume-
produzido (por exemplo, o tempo poupado),
rosos os diferentes tipos de impactes asso-
como se se tratasse de uma externalidade
ciados às instalações de tratamento de resí-
positiva para o consumidor, como a polu-
duos, incineradoras e aterros, entre outras.
ição, que é uma externalidade negativa à qual
Estes impactes estão ligados às características
convém atribuir igualmente um preço fictí-
técnicas externas e internas da instalação, por
cio. É necessário evitar, evidentemente, a
exemplo, a sua situação geográfica, a sua
dupla contabilização destes benefícios direc-
dimensão e a técnica utilizada, o tipo de
tos e das receitas financeiras quando os
gestão do ambiente aplicada, etc.
preços não são nulos, mas positivos, ainda
que inferiores ao custo de oportunidade
(2.5.3). esta é uma maneira simplificada mas Impacte socioeconómico da poluição
(projectos no domínio da energia, dos
subtil de abordar uma questão complexa.
transportes, etc.)
Foram identificados outros tipos de externa-
lidades. Para uma história deste conceito, ver Uma fonte de informação útil é o projecto
Papandreou A., “Externalités et instituitions”, ExternE, uma tentativa global de utilizar um
Clarendon Press, Oxford, 1994. método coerente para avaliar os custos exter-
nos associados a toda uma série de ciclos do
Salários fictícios combustível. Mais de 30 equipas perten-
A Comissão não recomenda uma fórmula centes a institutos de investigação participam
específica para os salários fictícios (ver 2.5.3). no projecto, que permitiu: (1) criar um
Os salários fictícios devem reflectir o valor método “ascendente” eficaz; (2) avaliar de
real da mão-de-obra nos diferentes regimes forma coerente numerosos ciclos do
de desemprego. Geralmente, quanto mais combustível; (3) avaliar os custos marginais
elevado é o desemprego, mais fracos são os de forma fiável; (4) identificar as questões-
salários fictícios, porque está disponível um chave ligadas às externalidades. A avaliação
excedente de mão-de-obra, sejam quais das incidências faz-se segundo a “função dos
forem os salários oficiais (legais ou contra- prejuízos” ou o “método de rastreio das inci-
tuais). Assim, os salários fictícios podem dências”.
diferir de um país para outro ou de uma
região para outra. No entanto, no interior de Na sequência do projecto de investigação
cada Estado-Membro, convém utilizar fór- ExternE, muitas informações actualmente
mulas semelhantes para as diferentes regiões. disponíveis sobre as externalidades ambien-
Os resultados podem ser diferentes porque as tais são especialmente úteis no que se refere
condições económicas também diferem mas, aos transportes, à energia e à indústria e
em princípio, o método de cálculo deve ser podem ser claramente consideradas como
coerente. Vários dos manuais citados na ilustrações dos métodos apresentados no
bibliografia indicam técnicas de cálculo dos anexo E do manual intitulado “Avaliação
salários fictícios (1. Generalidades). monetária dos serviços ambientais”. Para

152
OBSERVAÇÕES SUPLEMENTARES SOBRE SECTORES ESPECÍFICOS

mais informações, consultar : generalizados, que incluem todos os custos


http://externe.jrs.es/overview.html percepcionados pelos consumidores, quer se
trate de custos monetários ou de custos em
Horizonte temporal dos projectos de tempo. A este respeito, acrescentaremos que a
transporte de energia e outros procura de transportes, mesmo sendo rígida,
Em 3.4.4, indica-se um período de 25 a 30 pode deslocar-se de um modo de transporte
anos como horizonte temporal apropriado para outro.
para realizar determinados projectos no
domínio da energia. No entanto, em relação O presente manual não se debruça sobre os
a certos aspectos do sistema, pode ser útil modelos de geração de tráfego, que é um
prever um horizonte mais longo. A indicação domínio de investigação bastante especiali-
de um horizonte temporal deve ser interpre- zado e difícil. Para uma análise mais aprofun-
tada como um mínimo e não como um dada da avaliação dos projectos no domínio
máximo. dos transportes, ver Transports: choix des
investissements et coût des nuisances,
Portos e aeroportos Commissariat général du Plan, Paris, Junho
O manual não aborda especificamente os de 2001.
efeitos da extensão de portos e aeroportos
sobre os modos e o sistema de transportes Projectos no domínio da água
que com eles se ligam. O texto refere-se ape- Os preços da água podem não ser elásticos a
nas à criação de ligações, mas o efeito do curto prazo e para determinados tipos de
crescimento do tráfego portuário ou aero- utilização, como o consumo de água potável,
portuário sobre os utilizadores das ligações já enquanto que, a mais longo prazo – quando
existentes pode constituir um elemento aumentam as disponibilidades de água e os
importante na análise deste tipo de projectos. rendimentos – os preços da água podem ser
mais elásticos para outras utilizações. Assim,
Infra-estruturas de formação na análise da procura, convém distinguir os
profissional diferentes tipos de utilização e os diferentes
O ponto 3.7.1 apresenta uma lista indicativa graus de elasticidade dos preços previstos (a
de objectivos específicos a ter em conside- mais longo prazo, por exemplo, os utiliza-
ração na avaliação dos projectos. Esta lista dores de água para irrigação podem passar a
deve ser considerada em ligação com a análi- formas de irrigação mais eficazes, como a
se que figura no ponto 3.5.5 do manual, onde irrigação gota-a-gota).
se indica que os benefícios socioeconómicos
finais dos projectos são função da aptidão Em certos casos, é igualmente importante
para o emprego e dos rendimentos poten- considerar a procura derivada, isto é, a pro-
ciais dos estagiários. Nenhum projecto cura de água associada à procura do produto
educativo pode ser justificado sem uma boa acabado ou do produto cultivado.
análise do seu impacte no segmento conside-
rado no mercado do trabalho. Na análise dos preços fictícios no domínio da
água, os custos marginais previstos a longo
Projectos no domínio dos transportes prazo (incluindo o funcionamento, a manu-
Na análise económica dos projectos no tenção, a gestão e uma remuneração normal
domínio dos transportes (3.3.5), analisamos do capital) constituem uma alternativa à
as alterações do excedente do consumidor. utilização da disposição para pagar.
Desejamos acrescentar a seguinte precisão:
nos projectos no domínio dos transportes, o Silvicultura – Repovoamento florestal
excedente do consumidor é geralmente Não recomendamos a utilização de uma taxa
medido em termos de custos de transporte de actualização específica para os projectos

153
BIBLIOGRAFIA

de repovoamento florestal, de silvicultura ou O horizonte temporal dos projectos de silvi-


outros projectos ligados ao ambiente. Nos cultura varia, incontestavelmente, em função
Estados-Membros da UE, algumas agências das espécies em causa e do seu tempo de
utilizam diferentes taxas de actualização rotação num ciclo sustentável.
segundo os sectores e aplicam uma taxa de
actualização mais baixa à silvicultura ou a Existe uma vasta documentação sobre a
outros projectos a longo prazo. Esta prática avaliação económica dos projectos de silvi-
constitui um último recurso, difícil de justi- cultura, realizados, nomeadamente, com o
ficar: a melhor fórmula consiste em tentar auxílio da FAO e do Banco Mundial. Os sítios
identificar todos os benefícios do projecto e Web que lhes são dedicados apresentam
incluí-los na análise de custos e benefícios, actualizações recentes da investigação neste
sem os fazer beneficiar do prémio implicita- sector (ver http://www.worldbank.org e
mente ligado a uma taxa de actualização http://www.fao.org/forestry/index.jsp ).
mais fraca.

A silvicultura e a reflorestação têm geral-


mente múltiplos objectivos. A lista que figu-
BIBLIOGRAFIA
A documentação sobre a análise custos-
ra em 3.10.1 é apenas indicativa. Em certos benefícios é muito vasta. As referências que
casos, a paisagem, o ensino e os cuidados de figuram no presente manual constituem ape-
saúde podem desempenhar um papel nas uma amostra e não são necessariamente
importante. Com efeito, os investimentos na representativas de todas as publicações rela-
silvicultura têm tendência a ter efeitos múlti- tivas à investigação e às experiências sobre
plos, incluindo os efeitos não comerciais liga- este tema, geralmente redigidas em inglês ou
dos aos ambientes e paisagens florestais, à francês. Os leitores que desejem obter infor-
biodiversidade e às actividades de recreio ao mações mais completas ou mais específicas
ar livre. Este último efeito é reforçado quan- podem consultar as bases de dados da docu-
do o projecto é realizado nas proximidades mentação económica, nomeadamente a
de uma cidade, porque as florestas podem EconLit.
atrair mais visitantes. No entanto, os efeitos
de deslocação de outras áreas de lazer devem
ser tidos em conta e o seu impacte líquido
avaliado.

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998
Studio Gatelli

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