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CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 17 (01): 1401.

1-5 2019

CALCULANDO O RAIO MÉDIO DA ELIPSE


CALCULATING THE MEAN RADIUS OF THE ELIPSE

Danilo de Souza, Joziel Lima Oliveira e Marcelo Nunes Coelho

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – Campus Mossoró

Neste trabalho desenvolvemos o conceito de média dos “raios” de uma elipse como sendo a média aritmética de todos
os “raios” de uma elipse. Definimos um raio como sendo qualquer segmento que ligue um dos focos à qualquer ponto
sobre a elipse. Demonstramos que essa média dos “raios” é matematicamente equivalente ao raio médio da elipse,
definido como sendo o semieixo maior da mesma.
Palavras-chave: raio médio da elipse; média dos “raios” da elipse; terceira lei de Kepler

In this work we develop the concept of the average “rays” of an ellipse as the arithmetic mean of all “rays” of an ellipse.
We define a radius as any segment that connects one of the foci to any point on the ellipse. We show that this average
of the “rays” is mathematically equivalente to the average radius of the ellipse, defined as the semi-major axis of the
ellipse.
Keywords: mean radius of the ellipse; average “rays” of the ellipse; Kepler´s third law

INTRODUÇÃO

Uma das mais importantes leis físicas, que descreve a cinemática do movimento dos astros, é a
Terceira Lei de Kepler, lecionada ainda na primeira série do ensino médio. Deduzida empiricamente, a
partir de dados de anos de observações e publicada em 1609, esta lei relaciona o tempo necessário para que
um astro complete uma volta em sua órbita (período 𝑇) com o raio médio dessa órbita (𝑅𝑀 ).
𝑇 2 = 𝑘𝑅𝑀
3

A constante de proporcionalidade 𝑘 independe do astro que orbita, sendo função, exclusivamente


do astro orbitado. Por exemplo, para todos os planetas que orbitam o Sol, o 𝑘 é o mesmo.
Contudo, como enunciado também por Kepler, em sua Primeira Lei, as órbitas dos astros são, em
geral, elipses com as mais variadas excentricidades. Assim sendo, há de se definir o que chamaremos de
raio médio.
No corpo da teoria de Kepler, o raio médio de uma órbita elíptica é simplesmente a medida do seu
semieixo maior. Portanto, 𝑅𝑀 = 𝑎 e, dadas duas órbitas 𝐶1 e 𝐶2 , distintas com semieixo de mesma medida,
como consequência da Terceira Lei, os astros que percorrem 𝐶1 e 𝐶2 o farão no mesmo tempo 𝑇.
Recentemente, a décima questão da prova de seleção do Mestrado Nacional Profissional em Ensino
de Física (MNPEF-2016) cobrou conhecimento acerca deste assunto (Figura 1).

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Figura 1. Destaque da décima questão do exame de seleção do MNPEF 2017.

Fonte: Disponível em:


http://www1.fisica.org.br/mnpef/sites/default/files/ProvaEscritaNacional_2017.pdf. Acessado em
30/10/2017.
Não deve ser novidade para um professor de Física o fato de que a Terceira Lei de Kepler considera
o raio médio da órbita como a medida do semieixo maior da elipse. Contudo surge um problema de caráter
matemático. Será que o raio médio da órbita (𝑅𝑀 ) tem a medida exata da média dos “raios” da órbita (𝑟𝑀 )?
Vamos colocar o problema da seguinte forma: Considere uma elipse de centro 𝐶(0,0), focos
𝐹1 (−𝑐, 0) e 𝐹2 (𝑐, 0), semieixo maior 𝑎 e semieixo menor 𝑏. Considere também 𝑛 pontos sobre a elipse.
Seja 𝑟𝑖 a medida do segmento que liga o foco 𝐹1 ao ponto 𝑃𝑖 (Figura 2).
Figura 2: n pontos distribuídos aleatoriamente sobre a elipse e os segmentos que ligam estes pontos ao
foco 𝐹1 .

Fonte: Do autor.

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A média da medida de todos os 𝑟𝑖 (para 𝑛 finito) pode ser obtida por


∑𝑛𝑖=1 𝑟𝑖
𝑟𝑀𝑛 =
𝑛
Consideremos agora infinitos 𝑟𝑖 (𝑛 → ∞). Qual será a medida de 𝑟𝑀 ? A média dos 𝑟𝑖 coincidirá com
o que definimos na Terceira Lei de Kepler como o raio médio (𝑅𝑀 )? Por questões óbvias, teremos que
∑𝑛𝑖=1 𝑟𝑖
𝑟𝑀 = lim 𝑟𝑀𝑛 = lim
𝑛→ ∞ 𝑛→ ∞ 𝑛

SOLUÇÃO

Iremos resolver este problema de duas formas:

i) Solução pela definição do lugar geométrico da elipse

Para resolvermos o problema, vamos considerar um ponto 𝑃𝑖 genérico sobre a elipse (Figura 3).
Da definição da elipse
𝑟𝑖 + 𝑟𝑖′ = 2𝑎
Assim sendo,
𝑛

∑ 𝑟𝑖 + 𝑟𝑖′ = 2𝑛𝑎
𝑖=1
𝑛

→ lim ∑ 𝑟𝑖 + 𝑟𝑖′ = lim 2𝑛𝑎


𝑛→ ∞ 𝑛→ ∞
𝑖=1
𝑛 𝑛

→ lim ∑ 𝑟𝑖 + lim ∑ 𝑟𝑖′ = lim 2𝑛𝑎


𝑛→ ∞ 𝑛→ ∞ 𝑛→ ∞
𝑖=1 𝑖=1

Por simetria da forma da elipse, sempre haverá dois pontos 𝑖 e 𝑗, tais que 𝑟𝑖 = 𝑟𝑗′ e 𝑟𝑗 = 𝑟𝑖′ . Com
isso, é evidente que
𝑛 𝑛

lim ∑ 𝑟𝑖 = lim ∑ 𝑟𝑖′


𝑛→ ∞ 𝑛→ ∞
𝑖=1 𝑖=1

Figura 3: Um ponto sobre a elipse e a definição dos segmentos 𝑟𝑖 e 𝑟𝑖′ que definem o lugar geométrico da
elipse.

Fonte: Do autor.

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Logo,
𝑛 𝑛 𝑛

→ lim ∑ 𝑟𝑖 + lim ∑ 𝑟𝑖′ = 2 lim ∑ 𝑟𝑖 = 2𝑎 lim 𝑛


𝑛→ ∞ 𝑛→ ∞ 𝑛→ ∞ 𝑛→ ∞
𝑖=1 𝑖=1 𝑖=1

Dos dois últimos termos da equação anterior, teremos


lim ∑𝑛𝑖=1 𝑟𝑖 ∑𝑛𝑖=1 𝑟𝑖
𝑎 = 𝑛→ ∞ = lim = 𝑟𝑀
lim 𝑛 𝑛→ ∞ 𝑛
𝑛→ ∞

Com isso, é possível concluir que a média de todos os “raios” da elipse tem, de fato, a mesma medida
do raio médio da elipse.

ii) Solução por uma integral

Para a próxima solução, considere dois pontos 𝑃1 e 𝑃2 próximos. Associe a esses dois pontos um
comprimento ∆𝑥𝑖 sobre o eixo maior da elipse (Figura 4). Se tomarmos vários pontos 𝑃𝑖 (todos sobre a
metade superior da elipse1) e a cada par associarmos um ∆𝑥𝑖 , a soma de todos os ∆𝑥𝑖 tem que ser igual a
2𝑎 (o comprimento do eixo maior).
𝑛

∑ ∆𝑥𝑖 = 2𝑎
𝑖=1

Se, além disso, considerarmos que todos os ∆𝑥𝑖 têm o mesmo tamanho, teremos:
𝑛∆𝑥𝑖 = 2𝑎
𝑛 = 2𝑎/∆𝑥𝑖
Figura 4: Dois pontos sobre a elipse, os segmentos que os ligam ao foco 𝐹1 e o elemento ∆𝑥𝑖 .

Fonte: Do autor.
Novamente, partiremos da definição de média dos raios:

1 Queremos calcular a média de todos os raios. Porém, como a parte superior é um espelho da parte
inferior, a média da parte de cima é igual a média da parte de baixo. Assim sendo, para saber a média dos
raios da elipse, basta calcular a média dos raios na parte superior ou inferior.

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∑𝑛𝑖=1 𝑟𝑖
𝑟𝑀 = lim 𝑟𝑀𝑛 = lim
𝑛→ ∞ 𝑛→ ∞ 𝑛
Inserindo 𝑛 como deduzimos acima, teremos,
∑𝑛𝑖=1 𝑟𝑖 ∆𝑥𝑖 𝑎
𝑟𝑑𝑥
𝑟𝑀 = lim = ∫
𝑛→ ∞ 2𝑎 −𝑎 2𝑎

onde 𝑟 é a distância de qualquer ponto 𝑃𝑖 até o foco. Partindo da equação de uma elipse em coordenadas
cartesianas com centro em (0,0), essa distância é
𝑥𝑐
𝑟=( + 𝑎)
𝑎
Com isso,
𝑟𝑀 = 𝑎

CONCLUSÃO

As duas soluções propostas mostram que, mesmo que não tenha demonstrado
detalhes desse fato em sua obra - Astronomia Nova - De Motibus Stellae Martis – Kepler
sabia de alguma forma que o raio médio da órbita dos astros era, de fato, a média dos
raios como calculamos acima.

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