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Resumo:Reduzida à disciplina escolar, a literatura é vista exclusivamente como obrigação curricular a ser
cumprida pelo aluno e como o estudo das escolas literárias e dos estilos de época. Na nossa compreensão,
o maior objetivo da aula de literatura deve ser convencer o aluno de que as experiências da vida podem
ser redimensionadas na preciosidade linguística e discursiva da literatura. A pesquisa analisa como o
trabalho docente contribui para a formação de um leitor crítico/proficiente, capaz de conferir sentido à
leitura literária e ao mundo. As bases teóricas que serviram de apoio para esta pesquisa foram os estudos
de Aguiar e Bordini (1993), Barthes (2010), Compagnon (2009), Geraldi (2001) e Kleiman (2008). A
pesquisa foi realizada em uma turma do ensino fundamental e em uma turma do ensino médio de duas
escolas públicas da Região Metropolitana de Recife (PE): uma escola da rede estadual, e um colégio de
Aplicação, somando 45 horas/aula observadas. Para a análise dos dados, fizemos uma relação entre a
prática das professoras, considerando a metodologia utilizada no ensino de literatura. A professora da
escola estadual priorizou atividades de leitura que focalizam a superfície textual, não se levando em conta
os aspectos discursivos. Já a professora do colégio de Aplicação promoveu ricos debates em torno da
importância da leitura literária na vida do homem. Concluímos que o professor que promove reflexões em
torno da importância da literatura, respeitando a experiência dos alunos, potencializa o desejo de ler e,
logo, a vontade de encontrar uma nova maneira de adensar experiências da vida.
1. INTRODUÇÃO
Para que os alunos encontrem sentido e prazer na leitura de textos literários, uma
boa conversa, sistematizada e embasada por textos teóricos e literários, sobre a
importância de reelaborar a vida através da literatura é um bom começo para despertar a
paixão pela leitura. O professor não estimula o aluno a ler baseado no argumento da
obrigação ou na insígnia da autoridade, e, por isso, antes de apresentar juízos rígidos de
valor sobre o que é alta literatura, para usar um termo de Moisés (2006), o educador
deve considerar as experiências de leitura que os alunos trazem consigo. É no diálogo
entre a maturidade literária do professor e os primeiros passos do educando no mundo
da leitura que se constrói as bases para a transformação de ledores em leitores.
Com relação à prática da leitura em sala de aula, Geraldi (2001b, p. 91) defende
que essa seja “um processo de interlocução entre leitor/autor mediado pelo texto”. Ao
invés de decifrar ou buscar o sentido do texto, é preciso que os alunos, com a ajuda da
interferência do professor, constatem sentidos no texto, reflitam coletivamente sobre
esses sentidos, relacionando-os com seus conhecimentos de mundo, com suas leituras já
realizadas, e que os transformem, posicionando-se diante dos discursos presentes no
texto (SILVA, 1991). Outro argumento para o ensino da leitura é apresentado por
Antunes (2002), pois, segundo a autora, a leitura comporta as dimensões informativa,
formativa e de fruição. Ou seja, através da leitura, os alunos têm acesso ao
conhecimento construído historicamente; se familiarizam com as particularidades da
escrita e com seu processo de construção; e vivenciam o prazer estético do
encantamento, da descoberta, das emoções que trazem os textos literários, sobretudo.
2. METODOLOGIA
O professor, juntamente com o projeto mais amplo da escola, dessa forma, não
incorre no erro da leitura sem objetivos e sem sentido apontado por Kleiman (2008), já
que seus alunos não leem “apenas porque o professor mandou e será cobrado,
desvirtuando efetivamente o caráter da leitura” (p. 18). O educando é um leitor em
formação e, como tal, deve conhecer a importância e a relevância de qualquer atividade
relacionada à leitura antes de empreendê-la. Portanto, não se deve apresentar livros e
autores sob a única justificativa da obrigação escolar e do fato de se tratarem de cânones
literários. Como afirma Kleiman (2008, p. 10), “para construir um contexto de
aprendizagem mediante a interação, o aluno deve conhecer a natureza da tarefa e deve
estar plenamente convencido de sua importância e relevância”.
Além disso,
Sabe-se, pelas pesquisas recentes, que é durante a interação que o
leitor mais inexperiente compreende o texto: não é durante a leitura
silenciosa, nem durante a leitura em voz alta, mas durante a conversa
sobre aspectos relevantes do texto. Muitos aspectos que o aluno sequer
percebeu ficam salientes na conversa, muitos pontos que ficaram
obscuros são iluminados na construção conjunta da compreensão. Não
é, contudo, qualquer conversa que serve de suporte temporário para
compreender o texto. (KLEIMAN, 2008, p. 24)
E mais:
Ocorre, portanto, uma descaracterização da leitura, pois o aluno não
percebe sua importância como coautor do texto, ou seja, não se
considera, na escola, a interação texto-leitor imprescindível para o ato
de ler. O desinteresse dos alunos ocorre devido à automatização da
leitura expressa nas questões. (SANTOS, 2010, p. 44)
4. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORDINI, Maria da Gloria; AGUIAR, Vera Teixeira de. Literatura formação do leitor:
alternativas metodológicas. 2.ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.
CAMENIETZKI, Eleonora Ziller. Pausa para um dedo de prosa. In: GENS, Rosa;
SANTOS, Leonor Werneck dos; MARTINS, Georgina (Orgs.). Literatura infantil e
juvenil na prática docente. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 2010.
COMPAGNON, Antoine. Literatura para quê? Belo Horizonte: editora UFMG, 2009.
FOUCAULT, Michael. Linguagem e Literatura. In MACHADO, Roberto. Foucault, a
filosofia e a literatura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura: teoria e prática. São Paulo: Pontes, 2008.
MOISÉS, Leila Perrone. Literatura para todos. Revista da USP: Literatura e Sociedade,
2006.
PRADO, M.; FREIRE, E.; RESENDE, K. Literatura em sala de aula: uma avaliação dos
processos de ensino. Revista de Educação, Linguagem e Literatura da UEG. ISSN
1984-6576. v.2, n.1, março de 2010, p. 101-120.
SANTOS, Leonor Werneck dos. Leitura na escola: textos literários e formação do leitor.
In: GENS, Rosa; SANTOS, Leonor Werneck dos; MARTINS, Georgina (Orgs.).
Literatura infantil e juvenil na prática docente. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 2010.
SOUSA, Maria Éster Vieira de. A leitura no livro didático: a reiteração do mesmo.
Disponível em:
http://www.gelne.org.br/Site/RevistaGelne/arquivos/artigos/art_4a6c6baecbd65785f962
f7e88c5c9896_74.pdf